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GESTÃO DE

SEGURANÇA UNIDADE IV
E SAÚDE DO
TRABALHO

CAPÍTULO 1
Sistema de Gestão de Segurança e
Saúde no Trabalho

Em consequência do significativo crescimento tecnológico ocorrido nas últimas


décadas, a introdução de novos produtos e técnicas de trabalho nos processos industriais
acarretou uma série de problemas para as pessoas e o meio ambiente. As estatísticas
mundiais de acidentes de trabalho e de grandes desastres levaram as organizações a
perceberem que a competitividade e o lucro não são suficientes para a sobrevivência
no mercado. As empresas precisam saber demonstrar atitudes éticas e responsáveis
quanto à segurança e saúde do trabalho. Para serem eficientes em seu gerenciamento,
devem desenvolver e implementar um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no
Trabalho – SGSST.

A aplicação do SGSST tem por base os critérios relevantes de SST, as normas e os


comportamentos. O seu objeto é possibilitar um método de avaliação e de melhoria
dos comportamentos relativos à prevenção de incidentes e de acidentes no local de
trabalho, por meio da gestão efetiva de riscos perigosos e de riscos no local de trabalho.

Sob essa ótica, trata-se de um método lógico e gradual de decidir o que é necessário
fazer, como fazer melhor, de acompanhar os progressos dos objetivos anteriormente
estabelecidos, de avaliar a forma como é feito e de identificar áreas que carecem
de aperfeiçoamento. O SGSST deve ser passível de adaptação às mudanças na
operacionalidade da organização e nas exigências legislativas.

Nas décadas de 1980 e 1990, foram desenvolvidos alguns modelos normativos para
gestão de SST, mas sempre restritos a países ou setores de atividades específicos.
Dentro do processo de desenvolvimento de normas, deve-se destacar a participação da
Grã-Bretanha, que, por intermédio de seu organismo normalizador British Standards,

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UNIDADE IV │ GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

sempre foi considerada o berço das normas de sistemas de gestão, uma vez que as
normas publicadas por essa organização foram precursoras das normas mundialmente
utilizadas, no que tange o contexto de sistema da qualidade, sistema de gestão ambiental
e sistema de gestão em segurança do trabalho.

Dentre as normas que tratam de Sistema de Gestão de Segurança e Saúde no Trabalho


– SGSST, destacam-se as normas BS 8800: 1996 e OHSAS 18001, comentadas a seguir.

BS 8800: 1996 – Guia para Sistemas de Gestão


da Segurança e Saúde Ocupacional
A norma BS 8800 foi criada em 1996 com o objetivo ser uma ferramenta para os
administradores, empregados e profissionais envolvidos com a Segurança do Trabalho
e outras especialidades, para que esses tivessem à sua disposição uma “bússola” para
seguir e direcionar suas ações. Dentre os objetivos da norma, destacam-se a valorização
do capital humano, a melhoria do rendimento do trabalho, a garantia do sucesso da
organização e a melhoria da imagem da organização frente à sociedade.

Trata-se de um guia que fornece orientações de como a gestão de SST pode ser integrada
ao gerenciamento do negócio. Essa incorporação ajuda a minimizar os riscos para os
funcionários e outros integrantes, melhora o desempenho dos negócios e estabelece
para a organização uma imagem responsável no ambiente em que atua.

A norma propõe uma série de elementos, descritos como requisitos, que devem
compor um SGSST, sem estabelecer critérios de desempenho, ou mesmo especificações
detalhadas de como projetar o sistema. Esses requisitos são apresentados no quadro a
seguir.

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Quadro 1. Requisitos da norma BS-8800.

4.0.1 Generalidades
4.0.2 Levantamento da situação inicial
4.1 Política de SSO (Segurança e Saúde Ocupacional)
4.2.1 Generalidades do Planejamento
4.2.2 Avaliação de Risco
4.2.3 Requisitos legais e outros
4.2.4 Providências para a gestão da SSO
4.3.1 Estrutura e Responsabilidade
4.3.2 Treinamento, conscientização e competência
4.3.3 Comunicações
4.3.4 Documentação do sistema de gestão da SSO
4.3.5 Controle de documentos
4.3.6 Controle operacional
4.3.7 Preparação e resposta a emergências
4.4.1 Monitoramento e medição
4.4.2 Ação corretiva
4.4.3 Registros
4.4.4 Auditoria
4.5 Levantamento gerencial

Fonte: arquivo pessoal da autora.

Essas condições foram criadas com caráter genérico para que pudessem ser aplicáveis
a todos os tipos de organizações. Assim, o modo e a extensão em que cada um desses
requisitos deve ser implementado depende de fatores como porte, natureza das
atividades, perigos existentes, cultura da organização e a complexidade das operações.

A BS 8800 foi criada com a intenção de proporcionar uma base e uma linguagem
comum para os sistemas de gestão de segurança e saúde ocupacional, auxiliando as
empresas a estabelecer uma plataforma universal para tratar e administrar questões de
risco, higiene no trabalho, comportamento e atitudes seguras em relação ao ambiente
onde se exercem alguma atividade.

Apesar disso, diferentemente das normas das séries ISO-9000 e ISO-14000, a BS-
8800 não permite que as empresas obtenham a certificação de seus SGSST por meio
de auditorias de organismos certificadores, pois é composta por um conjunto de
orientações e recomendações, não estabelecendo requisitos auditáveis.

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OSHAS 18001 – Sistemas de Gestão da


Segurança e Saúde Ocupacional
As diretrizes da Série de Avaliação da Segurança e Saúde no Trabalho - OHSAS e a
OHSAS 18001:2007 (Occupational Health and Safety Management Systems –
Specification) foram desenvolvidas em resposta à urgente necessidade mundial por uma
norma reconhecida para SGSST, na qual sejam baseadas as avaliações e certificações
das organizações. A série tem, como objetivo, dotar as organizações de requisitos de
gestão de SST eficaz, capaz de conviver passivelmente e de forma integrada com outros
requisitos de gestão exigidos por outros sistemas de gestão, de forma a complementá-
los e auxiliá-los a alcançar seus objetivos de SST. A Série OHSAS é compatível com as
Normas ISO 9001 (para Sistemas de Gestão da Qualidade – SGQ) e com a ISO 14001 (para
Sistemas de Gestão Ambiental – SGA), com o objetivo de facilitar para as organizações
a implementação de Sistemas Integrados de Gestão. Inclui a norma 18002, Diretrizes
para implementação da OHSAS 18001, e se aplica a qualquer organização que queira:

»» Estabelecer um sistema de gestão em saúde e segurança ocupacional.

»» Implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão


em Segurança e Saúde Ocupacional.

»» Assegurar-se de que está em conformidade com sua política de Segurança


e Saúde Ocupacional.

»» Demonstrar essa conformidade a terceiros.

»» Buscar a certificação de seu sistema de gestão em Segurança e Saúde


Ocupacional por uma organização externa.

»» Emitir uma autodeclaração de conformidade com esta norma, após


realizar uma autoavaliação.

No quadro a seguir, são descritos os requisitos essenciais apresentados na norma


OHSAS 18001:2007.

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Quadro 2. Requisitos da BSI OHSAS 18001:2007.

4.1 Requisitos Gerais


4.2 Política da SST
4.3 Planejamento
4.3.1 Identificação dos perigos, avaliação e controle de riscos
4.3.2 Requisitos legais e outros
4.3.3 Objetivos e programa(s)
4.4 Implementação e Operação
4.4.1 Recursos, funções, responsabilidades, prestações de contas e autoridades
4.4.2 Competência, treinamento e conscientização
4.4.3 Comunicação, participação e consulta
4.4.4 Documentação
4.4.5 Controle de documentos
4.4.6 Controle operacional
4.4.7 Preparação e resposta a emergências
4.5 Verificação
4.5.1 Monitoramento e medição do desempenho
4.5.2 Avaliação do atendimento a requisitos legais e outros
4.5.3 Investigação de incidente, não conformidade, ação corretiva e ação preventiva
4.5.4 Controle de registros
4.5.5 Auditoria interna
4.6 Revisão pela gestão

Fonte: arquivo pessoal da autora.

Os requisitos estabelecidos pela norma BSI-OHSAS-18001 devem ser entendidos como


boas práticas de administração voltadas para a melhoria de desempenho em SST.
Assim, cada requisito prescrito deve ser visto como algo que, segundo a experiência
internacional de diversos especialistas, é uma boa prática que traz resultados positivos
para as empresas.

Deve-se destacar que a norma BSI-OHSAS-18001 de maneira análoga às normas


relativas aos SGQ e SGA não definem padrões de desempenho, ou como devem ser
desenvolvidos cada um dos elementos do SGSST. Eles apenas apresentam quais são os
requisitos básicos que devem ser atendidos pelo SGSST, sem estabelecer como concebê-
los, ou quais os resultados mínimos que devem ser obtidos, ficando estes a critério das
próprias empresas.

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Sistemas de Gestão da Segurança


O sistema de gestão da SST é parte integrante de um sistema de gestão de toda e
qualquer organização, que proporciona um conjunto de ferramentas que potenciam a
melhoria da eficiência da gestão de riscos da SST, relacionados com todas as atividades
da organização.

Um SGSST é uma ferramenta lógica, flexível, podendo ser adequada à dimensão e à


atividade da organização, centrando-se em perigos e riscos genéricos e específicos,
associados à determinada atividade.

Cada organização deve refletir, a partir de seu porte e da natureza de seus riscos, e
adequar os aspectos referidos, em face de suas características e especialidades, com o
propósito de definir, tornar efetiva, rever e manter a política da SST da organização,
com base que poderá definir e estabelecer: a estrutura operacional; as atividades de
planejamento; as responsabilidades; as práticas; os procedimentos; os processos; os
recursos.

Definida a política da SST, a organização deve desenhar um sistema de gestão que


englobe desde a estrutura operacional até a disponibilização dos recursos, passando pelo
planejamento, pela definição de responsabilidades, pelas práticas, pelos procedimentos
e processos, aspectos decorrentes da gestão e que atravesse horizontalmente toda a
organização.

O sistema deve ser orientado para a gestão de riscos, devendo assegurar a identificação
de perigos, a avaliação e o controle de riscos.

Durante a implantação de sistemas de gestão de SST, a organização deve atentar para


quatro atividades básicas: o planejamento, a implementação e operação, a verificação e
as ações corretivas. Esses quatro blocos de atividades são baseados na metodologia do
ciclo PDCA.

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Figura 14. Ciclo PDCA para melhoria contínua.

Fonte: Duarte (2013).

Quando aplicado a SST, o PDCA envolve os seguintes eventos:

»» PLAN – estabelecimento de política de SST, incluindo definição de


recursos, aquisição de competências e organização do sistema, e a
identificação de perigos e avaliação de riscos.

»» DO – implementação e operacionalização do programa desenvolvido


para SST.

»» CHECK – verificar a eficácia anterior e posterior ao programa do SST.

»» ACT – análise do sistema no âmbito de uma melhoria contínua e do


aprimoramento do sistema para o ciclo seguinte.

A grande vantagem da utilização da metodologia PDCA está no sentido de promover


a melhoria contínua. Na figura a seguir, é apresentada uma visão geral do sistema de
gestão conforme a norma OHSAS 18001:2007.

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Figura 15. Modelo de Sistema de Gerenciamento para a Norma OHSAS.

Fonte: OHSAS 18001:2007 apud Lima (2006).

Dessa forma, a implantação de um SGSST garante que:

»» Medidas de prevenção e de proteção sejam implementadas de um modo


eficaz e coerente.

»» Sejam estabelecidas políticas pertinentes.

»» Sejam assumidos compromissos.

»» A atenção em todos os elementos do local de trabalho para avaliar riscos


profissionais.

»» O envolvimento da alta direção e dos trabalhadores no processo, cada um


ao seu nível de responsabilidade.

Requisitos do Sistema de Gestão da SST


Os requisitos da OHSAS 18001 são apresentados resumidamente a seguir, sendo
relacionados com cada etapa do ciclo PDCA.

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Figura 16. Descrição dos requisitos da OHSAS 18001:2007.

PDCA Requisitos OHSAS 18001:2007


4.2. Política de SST
A política de SST é uma carta de intenções, autorizada pela alta administração da organização, que estabelece os objetivos globais de
segurança e saúde e o comprometimento para melhorar o desempenho da SST, porém, não estabelece metas passíveis de quantificação.
A política deve incluir comprometimento com: a prevenção de doenças, a melhoria contínua da gestão e desempenho de SST, a
atendimento aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos subscritos pela organização que se relacionem aos seus perigos de SST.
A política de SST deve ser comunicada a todos os trabalhadores e ser disponibilizada para as partes interessadas com o objetivo de torná-
las conscientes de suas obrigações individuais em relação à SST. Deve haver consistência entre as ações desenvolvidas pela empresa e a
política e os objetivos de SST, a fim de garantir a credibilidade do sistema de gestão e manter todos os colaboradores motivados.

4.3. Planejamento
Identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de controles
Planejar (Plan)

Os procedimentos para a identificação de perigos e para a avaliação de risco devem considerar:


»» As atividades de rotina e não rotineiras de todas as pessoas que tenham acesso aos locais de trabalho.
»» A identificação de perigos originados fora dos locais de trabalho.
»» A infraestrutura, os equipamentos e materiais no local de trabalho.
»» As mudanças na organização, em suas atividades ou materiais.
»» As modificações no sistema de gestão da SST.
»» Qualquer obrigação legal aplicável relacionada à avaliação de riscos e implementação dos controles necessários.
»» A disposição das áreas de trabalho, processos, instalações, máquinas e equipamentos, procedimentos operacionais e organização do
trabalho.
A metodologia da organização para a identificação de perigos e para a avaliação de risco deve fornecer subsídios para a identificação,
priorização e documentação dos riscos, bem como para a aplicação dos controles, conforme apropriado.
A organização deve assegurar que os resultados dessas avaliações sejam levados em consideração quando da determinação dos
controles.
A organização deve documentar e manter atualizados os resultados da identificação de perigo, da avaliação de riscos e dos controles
determinados.

Requisitos legais e outros requisitos


A organização deve identificar os requisitos legais aplicáveis e outros eventualmente subscritos, relacionados com a SST. Estes requisitos
devem ser levados em consideração no estabelecimento, implementação e manutenção do seu sistema de gestão de SST.
Planejar (Plan)

A organização deve comunicar as informações sobre estes requisitos legais às pessoas que trabalham sob seu controle e às outras partes
interessadas pertinentes.

Objetivos e Programa(s)
A organização deve implementar objetivos de SST documentados, nas funções e níveis pertinentes da organização.
Os objetivos devem ser mensuráveis, sempre que possível, e consistentes com a política de SST.
A organização deve implementar programas para atingir seus objetivos. Estes devem incluir a atribuição de responsabilidade, os meios e o
prazo para os objetivos serem atingidos.

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PDCA Requisitos OHSAS 18001:2007


4.4. Implementação e Operação
Recursos, atribuições, responsabilidade, obrigações e autoridade
A alta direção deve assumir a responsabilidade final pela SST e pelo sistema de gestão. Ela deve garantir os recursos essenciais para a sua
implementação.
A alta direção deve definir as funções, alocar responsabilidade e delegar autoridades, a fim de facilitar a gestão eficaz da SST.
O representante da alta direção deve assegurar que o sistema de gestão da SST esteja em conformidade com a OHSAS 18001:2007 e
assegurar que os relatórios sobre o desempenho do sistema de gestão, após uma análise crítica da direção, sejam utilizados como base
para a melhoria do SST.
Qualificação, treinamento e conscientização
A organização deve identificar as necessidades de treinamento associadas aos seus riscos de SST e ao seu sistema de gestão da
segurança do trabalho. Ela deve fornecer treinamento para atender a essas necessidades, avaliando a eficácia do mesmo.
Os procedimentos de treinamento devem levar em consideração os vários níveis de responsabilidades, qualificação, instrução e os diferentes
tipos de riscos.
Comunicação, participação e consulta
A organização deve estabelecer procedimentos para a comunicação interna entre os vários níveis e, também, com terceirizados e outros
Fazer (Do)

visitantes no local de trabalho, além do tratamento das solicitações oriundas de partes interessadas externas.
A organização deve estabelecer procedimentos para a participação dos trabalhadores por meio do seu envolvimento no desenvolvimento e
análise crítica das políticas e objetivos e de SSO.

Documentação
A documentação do sistema de gestão da SST deve conter a política e os objetivos, o escopo do sistema da SST, a descrição dos
principais elementos do sistema de gestão e sua interação e referência com documentos associados. Além disso, os documentos devem
incluir registros exigidos pela norma OHSAS e/ou os determinados pela organização como sendo necessários.

Controle dos documentos


A organização deve identificar as operações e atividades que estão associados aos perigos identificados, nos quais a implementação de
controles seja necessária para gerenciar os riscos de SST.
Devem ser implementados e mantidos critérios operacionais, controles e procedimentos.

Preparação e resposta de emergências


A organização deve implementar procedimentos para a identificação de potenciais situações de emergência e garantir a sua pronta
resposta.
A organização deve periodicamente analisar criticamente e, quando necessário, revisar seus procedimentos de preparação e resposta a
emergências, em particular após o teste periódico e após a ocorrência deste tipo de situação.

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PDCA Requisitos OHSAS 18001:2007


4.5. Verificação
Monitoramento e medição do desempenho
A organização deve estabelecer procedimentos para monitorar e medir regularmente o desempenho da SST. Esses procedimentos devem
monitorar o grau de atendimento aos objetivos de SST da organização.
Os procedimentos devem fornecer indicadores reativos de desempenho que monitorem doenças ocupacionais, incidentes (incluindo
acidentes, quase acidentes etc.) e outras evidências históricas de deficiências no desempenho da SST.
Deve existir registro de dados e resultados do monitoramento e medição suficientes para facilitar a subsequente análise de ações corretivas
e ações preventivas.

Avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros requisitos


A organização deve implementar procedimentos para avaliar periodicamente o atendimento aos requisitos legais aplicáveis e manter
Verificar (Check)

registros dos resultados das avaliações periódicas.


Investigação de incidentes, não conformidades e ação corretiva e preventiva.
A organização deve estabelecer procedimentos para registrar, investigar e analisar incidentes. Os resultados das investigações de incidentes
devem ser documentados e mantidos.
A organização deve implementar procedimentos para tratar as não conformidades reais e potenciais e para executar as ações corretivas e
preventivas.
Qualquer ação corretiva ou preventiva destinada a eliminar as causas das não conformidades reais ou potenciais deve ser adequada à
magnitude dos problemas e proporcional aos riscos para a SST encontrados.

Controle de registros
A organização deve estabelecer e manter registro, conforme necessário, para demonstrar a conformidade com os requisitos do seu
sistema de gestão da SST e com a OHSAS 18001, bem como os resultados obtidos.

Auditoria interna
A organização deve assegurar que as auditorias internas do sistema de gestão da SST sejam realizadas em intervalos planejados a fim de
determinar a conformidade do sistema de gestão de SST com o que foi planejado, incluído os requisitos da Norma OHSAS.
Os procedimentos de auditoria devem considerar as responsabilidades, competências e os requisitos para o seu planejamento e a sua
realização. Estes procedimentos devem relatar os resultados e realizar a manutenção dos registros.

4.6. Análise crítica pela alta administração


A alta administração deve rever o sistema de gestão da SST da organização, em intervalos planejados, para assegurar sua contínua
Agir (Act)

adequação, pertinência e eficácia. Estas revisões devem incluir a avaliação de oportunidades de melhoria e a necessidade de alterações
no sistema de gestão da SST, incluindo a política de SST e os seus objetivos. Os registros das revisões realizadas pela alta administração
devem ser mantidos.
A análise crítica realizada pela direção deve ser coerente com o comprometimento da organização com a melhoria contínua e deve incluir
quaisquer decisões e ações relacionadas a possíveis mudanças no desempenho, nos recursos, nos objetivos e na política da SST.

Fonte: arquivo pessoal da autora.

Cada país mantém uma estrutura legal para reconhecer e validar as avaliações de
conformidade dos sistemas de gestão. A certificação de um sistema de gestão ocorre
por meio de um organismo de Certificação (OC). A acreditação das OCs garante o
reconhecimento e a confiabilidade do certificado. No Brasil a acreditação dos organismos
certificadores e realizada pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
– INMETRO. Entretanto, ainda não existe entidade responsável pela acreditação de
OCs para avaliação da OHSAS 18001.

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UNIDADE IV │ GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

Aspectos positivos e negativos de um SGSST


É indiscutível que a abordagem dos Sistemas de Gestão traz ganhos significativos na
implementação da Segurança e Saúde do Trabalho. Dentre esses benefícios, destacam-
se:

»» A sistematização arraigada no SGSST ajusta o programa genérico de


segurança e saúde ao longo do tempo, permitindo o aperfeiçoamento das
decisões sobre o controle e redução de riscos.

»» A integração das exigências de SST e dos sistemas empresariais, alinhando


os objetivos, tendo como resultado a consciencialização dos custos de
implementação relacionados ao controle de processos e equipamentos,
competências, formação profissional, dentre outros.

»» A harmonização das necessidades de SST a outras necessidades


associadas, como as que se referem à qualidade e ao ambiente.

»» A instauração de um enquadramento que contribui na construção de uma


cultura preventiva de segurança e saúde.

»» O fortalecimento do diálogo social.

»» A distribuição de responsabilidades de SST em todos os níveis da


hierarquia: gestores, empregadores e trabalhadores.

No entanto, há muitas armadilhas na implantação e no gerenciamento de um SGSST


que, se não evitadas, podem impedir a eficácia do sistema, como por exemplo:

»» A geração dos documentos e registos necessita ser controlada de forma


a evitar a inibição do objetivo do sistema, sem incumbir informação
excessiva.
»» Impedir que a ênfase maior seja dada aos procedimentos administrativos
do que às pessoas, sob a pena de perda da importância do fator humano.
»» Evitar desequilíbrios entre os processos de gestão (qualidade, SST e
ambiente) para que as exigências e as prioridades não sejam enfraquecidas.
»» Evitar um plano de comunicação anterior à introdução de um programa
de SGSST mal feito, que pode gerar suspeitas e resistência à mudança.
»» Realizar uma estimativa realista de custos para a implantação do sistema,
pois, dependendo da dimensão da organização, os recursos necessários à
implementação de um SGSST podem ser significativos e pode inviabilizar
a aprovação da implantação do sistema de gestão.

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CAPÍTULO 2
Sistema integrado de gestão

Atualmente, a tendência quanto à implantação de sistemas de gestão em diversos tipos


de organizações empresariais é a “unificação” das diferentes áreas de gerenciamento
em sistemas de estão integrados.

O Sistema de Gestão Integrado – SGI permite integrar os processos de qualidade com


os de saúde e segurança, gestão ambiental e responsabilidade social. O SGI é focalizado
na satisfação de um conjunto de interesses, pois procura simultaneamente: a satisfação
dos clientes, a proteção do meio ambiente, a segurança e saúde das pessoas em seus
postos de trabalho e o controle dos impactos sociais das organizações. Entretanto, a
gestão se torna complexa à medida que a organização tem diversos processos.

Os processos produtivos geram produtos desejáveis (aquilo desejado pelo cliente) e


os não desejáveis (poluentes, resíduos, condições inseguras etc.), que podem impactar
negativamente no ambiente, na sociedade, na saúde e na segurança dos empregados. O
gerenciamento desses dois aspectos do processo produtivo será extremamente facilitado
se o gestor dispuser de um sistema de gestão único, que trate de questões relativas à
qualidade, ao meio ambiente, à segurança e à responsabilidade social do seu processo.

A integração dos sistemas apresenta os seguintes benefícios:

»» Redução de custos ao evitar a duplicação de auditorias, controle de


documentos, treinamentos, ações gerenciais etc.

»» Diminuição de duplicidade e burocracia quando os empregados


envolvidos diretamente com a produção recebem um único documento
orientando o modo correto de realização do seu trabalho.

»» Queda nos conflitos dos sistemas, ao evitar feudos específicos,


minimizando-se conflitos entre documentos e prioridades.

»» Economia de tempo da alta direção ao permitir a realização de uma única


análise crítica.

»» Abordagem holística para o gerenciamento dos riscos organizacionais ao


assegurar que todas as consequências de uma determinada ação sejam
consideradas.

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UNIDADE IV │ GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

»» Melhoria na comunicação ao utilizar um único conjunto de objetivos e


uma abordagem integrada.

»» Melhoria no desempenho organizacional ao estabelecer uma única


estrutura para aperfeiçoar a qualidade, o meio ambiente, a responsabilidade
social e a saúde e segurança, ligada aos objetivos corporativos.

O SIG integra de uma só vez operações do dia a dia relacionados aos aspectos e objetivos
a seguir:

Qualidade: sinônimo de melhoria contínua, conformidade com os requisitos e a


adequação ao uso, observados critérios como custos, controles internos e prazos, dentre
outros.

»» Melhoria de qualidade de produtos e serviços.

»» Realização de objetivos e metas da empresa.

»» Economia de tempo e custos.

»» Fortalecimento da imagem da empresa e a participação no mercado.

»» Satisfação de clientes, funcionários e acionistas.

»» Aumento da competitividade.

Desempenho ambiental: resultado da medição do impacto negativo das atividades


produtivas sobre o meio ambiente, por meio de indicadores especificamente elencados
para tal.

»» Maior controle dos riscos de acidentes ambientais.

»» Assegurar às partes interessadas o comprometimento com uma gestão


ambiental demonstrável.

»» Redução e controle de custos ambientais.

»» Oportunidades para conservação de recursos e energia.

Segurança e saúde ocupacional: segurança é a sensação de estar protegido de riscos,


perigos ou perdas; a “Saúde Ocupacional” é o cuidado e a prevenção no tratamento de
moléstias ocasionadas pelo trabalho.

»» Prevenção de falhas ao invés de suas correções.

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GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO │ UNIDADE IV

»» Redução dos custos de reparação de impactos.

Responsabilidade social: “[...] a atitude ética da empresa em todas as suas


atividades. Diz respeito às interações da empresa com funcionários, fornecedores,
clientes, acionistas, governo, concorrentes, meio ambiente e comunidade. Os preceitos
da responsabilidade social podem balizar, inclusive, todas as atividades políticas
empresariais” (GRAJEW; INSTITUTO ETHOS, 2001).

»» Transparência dos processos internos.

»» Melhoria do relacionamento com todas as partes interessadas (clientes,


acionistas, ONG’s, fornecedores, governo e funcionários).

A Brithish Standart (BS) desenvolveu a primeira especificação do mundo de requisitos


comuns de Sistemas Integrados de Gestão – a PAS 99:2006. O principal objetivo da
PAS 99 é simplificar a implementação de múltiplos sistemas e sua respectiva avaliação
de conformidade, fornecendo um modelo para as organizações integrarem em uma
única estrutura todas as normas e especificações dos sistemas de gestão que adotam.

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