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Sistemas de Gestão Segurança e Sáude

no Trabalho
(e-Learning)

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ÍNDICE

1. introdução 04

1.1 Conceitos ISO 04

1.2 Desenvolvimento da norma ISO 45001 05

1.3 Linhas de tempo para a transição da OHSAS 18001 para a ISO 45001 05

2. Estrutura da norma 06

2.1 Ciclo PDCA 06

2.2 Mentalidade baseada no risco 07

2.3 Estrutura de alto nível 07

3. Alterações mais significativas em relação à norma OHSAS 18001 09

3.1 Conceito Saudável. Lugares seguros e saudáveis 09

3.2 Contexto da organização 10

3.3 Necessidades e expectativas dos trabalhadores e outras partes interessadas 10

3.4 Envolvimento da gestão. Liderança 10

3.5 Consulta e participação dos trabalhadores 10

3.6 Risco e Oportunidades 10

3.7 Processos 11

3.8 Menos requisitos de documentação 11

3.9 Comunicação 11

3.10 Processos de controlo de compras e subempreiteiros 11

4. Partes da norma 12

4.1 Objetivo e campo de aplicação 12

4.2 Referências normativas 13

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4.3 Termos e definições 13

4.4 Contexto da organização 15

4.5 Liderança 19

4.6 Planeamento 22

4.7 Suporte 29

4.8 Operacionalização 33

4.9 Avaliação do desempenho 40

4.10 Melhoria 43

5. Passos para a implantação correcta e certificação 46

6. Bibliografia 48

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1. INTRODUÇÃO

1.1 Conceitos ISO

A ISO é a "Organização Internacional de Normalização", uma federação mundial de


organismos nacionais de normalização, integrada actualmente por 164 países e cujo objectivo é
promover o desenvolvimento das normas internacionais.

O trabalho de desenvolvimento de normas internacionais é levado a cabo através dos


Comités Técnicos de Normalização (CTS), compostos por empresas, universidades e organizações
representativas de interesse de cada país.

A ISO 45001 "Sistema de Gestão de Segurança e saúde no trabalho" (adiante designado por
sistema de gestão SST), é o que especifica os requisitos, para permitir às organizações proporcionar
locais de trabalho seguros e saudáveis, prevenindo lesões e doenças relacionadas com o trabalho,
bem como melhorar proactivamente, o seu desempenho em matéria de segurança e saúde. Aplica-
se a qualquer tipo de empresa, com qualquer tipo de actividade e independentemente do número
de empregados e do tipo de riscos para a segurança e saúde na empresa.

Esta norma também permite às empresas a integração com outras normas tais como ISO
9001 (Sistemas de Gestão de Qualidade) ou ISO 14001 (Sistema de Gestão Ambiental), devido à
estrutura de alto nível desenvolvida.

Entre os benefícios da implementação de uma ISO 45001 pode ser mencionado:

- Assegura o cumprimento da legislação sobre prevenção de riscos profissionais, o que tornará


possível prevenir incidentes e sanções.

- Reduz o absentismo.

- Reduz o montante dos prémios de seguro.

- Permite uma revisão externa e independente da gestão da segurança e saúde no trabalho.

- Permite o alinhamento da gestão da segurança e saúde no trabalho, com a estratégia empresarial


da organização.

- Torna possível conhecer gerir eficazmente os perigos, riscos e oportunidades relacionados com a
segurança e saúde no trabalho.

- Estabelece controlos operacionais eficazes, que permitem eliminar ou minimizar os efeitos


potenciais de um risco ou mesmo eliminá-lo.

-Impõe a comunicação e a formação de todas as pessoas da organização.

- Estabelece uma cultura de segurança e saúde no trabalho.

-Assegura que os trabalhadores da organização desempenham um papel activo em relação ao


sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho.

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Caso a organização decida certificar-se, o processo consiste numa auditoria em duas fases:

- Auditoria de Fase 1: O objectivo da fase 1 é avaliar se o a empresa está em condições de obter a


certificação.

- Auditoria de Fase 2: O objectivo da fase 2 é avaliar a implementação e a eficácia do sistema de


gestão da segurança e a saúde no trabalho.

Esta fase 2 da auditoria é realizada "in situ".

A segurança e saúde no trabalho tornam-se assim aspetos centrais, o que exige um


compromisso constante da gestão de topo. Esta tem que demonstrar liderança e compromisso para
com as atividades da gestão de segurança e saúde no trabalho, integrando a proteção da saúde e da
segurança no local de trabalho da forma mais vincada nos processos e não apenas na gestão.

1.2 Desenvolvimento da norma ISO 45001

A norma ISO 45001 foi desenvolvida pela comissão do projecto ISO/PC 283 Sistemas de
gestão de segurança e saúde no trabalho e teve contribuições de mais de 70 países.

A norma foi adoptada em Março de 2018. Foram necessários 5 anos para a sua publicação,
embora este período de tempo possa parecer longo, deve ter-se em conta que nos diferentes países
os conceitos de "saúde" , "trabalho", "trabalhador", "local de trabalho", têm uma definição muito
diferente e foi necessário atingir um consenso de culturas e idiossincrasias...

1.3 Linhas de tempo para a transição da OHSAS 18001 para a ISO 45001

As organizações que têm um certificado OHSAS 18001 válido, podem iniciar a transição para
a nova norma, não excedendo o período de transição de 3 anos a partir da sua publicação (Março
2021) a partir do qual apenas a ISO 45001 estará em vigor.

Quando se fala de datas, é preciso compreender que todas as empresas cujo certificado
OHSAS expira depois de Março de 2021, têm de adiantar as auditorias para que, antes da data
indicada, a transição seja feita.

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2. ESTRUTURA DA NORMA
2.1 Ciclo PDCA

A ISO 45001 adoptou o ciclo PDCA para alcançar uma melhoria contínua. Esta é uma parte
inerente à abordagem sistemática para determinar soluções viáveis, avaliar os resultados, e
implementar as soluções que se provou funcionarem.

O ciclo PDCA pode ser aplicado não só aos sistemas de gestão no seu todo mas também a
cada elemento individual para proporcionar um enfoque contínuo na melhoria contínua. No coração
de cada etapa de "Gestão", é essencial garantir que o sistema de segurança e saúde no trabalho seja
gerido eficazmente.

Cada parte do ciclo PDCA:

- Planear: Compreender o contexto da organização, incluindo riscos e oportunidades, estabelecer


objectivos, processos e recursos necessários para a obtenção de resultados de acordo com a política
SST.

- Executar: Implementar os processos, incluindo: participação de trabalhadores, identificação de


perigos e preparação para emergências.

- Verificar: Monitorizar, medir e avaliar as actividades e processos do SGSST.

- Agir: Tomar medidas para melhorar continuamente, incluindo incidentes, não conformidades e
resultados de auditorias.

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2.2 Pensamento baseado no risco

Qualquer empresa que implemente um sistema de gestão SST deve assegurar a existência de
medidas eficazes para avaliar o desempenho de modo a permitir uma melhoria contínua.

O pensamento baseado no risco (RBM) é um princípio central da norma ISO 45001. O


pensamento baseado no risco exige que a equipa de gestão avalie os possíveis problemas que
afectam os aspectos SST da organização e assegurar a existência de objectivos, recursos e controlos
adequados. O pensamento baseado no risco permite mudanças dinâmicas nos objectivos,
assegurando ao mesmo tempo recursos para controlar mudanças e circunstâncias imprevistas. O
pensamento baseado no risco estende-se a áreas fora da organização que podem influenciar
Sistema SST.

A organização deve determinar a metodologia para o pensamento baseado no risco tendo


em conta as obrigações de conformidade e a participação dos trabalhadores. Para os aspectos
operacionais, a norma define claramente a hierarquia de controlo para a identificação de perigos e
redução de riscos com a participação dos trabalhadores.

2.3 Estrutura de alto nível

A ISO 45001 tem a Estrutura de Alto Nível (HLS) das normas do sistema de gestão ISO.

Esta estrutura facilita a integração de diferentes normas de sistemas de gestão, fornecendo


um quadro comum e facilitando, a integração com as normas ISO 9001 e 14001. Desta forma, pode
aumentar o seu valor acrescentado e facilitando a sua implementação.

As regras do sistema de gestão têm uma estrutura de referência, ou seja, um texto básico
idêntico, termos e definições comuns, que não podem ser alteradas, permitindo incluir textos
específicos de disciplina.

A estrutura de alto nível inclui 10 cláusulas principais

1. Objetivo e campo de aplicação

2. Referências normativas

3. Termos e definições

4. Contexto da organização

5. Liderança e participação dos trabalhadores

6. Planeamento

7. Suporte

8. Operacionalização

9. Avaliação do desempenho

10. Melhoria

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As três primeiras cláusulas fornecem informações úteis, incluindo termos e definições. A
lógica para o " Contexto da organização " (cláusula 4) é que o sistema deve centrar-se em processos
e requisitos necessários para alcançar os objectivos da organização. Isto é conseguido através do
compromisso da organização e do contexto em que esta opera. Esta cláusula estabelece os
requisitos para que a organização defina o "âmbito" do sistema e o planeamento sistema.

As cláusulas 5 a 10 são comuns a todas as normas ISO. A ISO 45001 refere-se


especificamente a questões de segurança e saúde no trabalho. Embora haja algo em comum, há a
necessidade de estabelecer, implementar e manter processos SST que incluam a compreensão da
política, identificação de perigos, controlo e gestão de riscos e participação dos trabalhadores. A
inclusão da estrutura de alto nível permite um sistema de gestão integrado (IMS) que trata
simultaneamente dos requisitos das normas ISO 45001, ISO 9001 e ISO 14001. Isto incluiria um
processo harmonizado de informação documentada, aquisição, auditoria e revisão de gestão sem
necessidade de duplicação.

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3. ALTERAÇÕES MAIS SIGNIFICATIVAS EM RELAÇÃO A OSHAS 18001
As diferenças entre a ISO 45001 e a OHSAS 18001 são notáveis. As alterações podem ser
classificadas em dois tipos:

- Devido a alterações da estrutura de alto nível, válida para quaisquer normas, contexto de empresa,
liderança, etc.

- Alterações específicas que se aplicam no domínio da segurança e saúde no trabalho. O conceito de


risco é redefinido, local de trabalho e mudança na visão do processo de identificação dos perigos.

A partir daqui, pode dizer-se que as mudanças mais significativas da norma ISO 45001 em
relação à OHSAS 18001 são as seguintes:

- Inclui um conceito saudável. Lugares seguros e saudáveis;

- Inclui o contexto da organização;

- Inclui as necessidades e expectativas dos trabalhadores e outras partes interessadas;

- Envolvimento da gestão. Liderança;

- Consulta e participação dos trabalhadores;

- Riscos e oportunidades do sistema de SST;

- Processos;

-Sem requisitos de documentação;

- Comunicação;

- Processos de controlo de compras e entidades externas.

3.1 Conceito lugar seguro e saudável.

Lugares seguros e saudáveis, a ISO 45001 inclui locais de trabalho saudáveis, não apenas
seguro, ao contrário da OHSAS 18001. Também, estabelece que a Política de segurança e
saúde das organizações deve incluir o compromisso de proporcionar condições de trabalho
seguras e saudáveis.

O conceito de um lugar ou condição de trabalho saudável é mais amplo do que o de um local ou


condição de trabalho seguro para os trabalhadores.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde como "um estado de completo bem-
estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença" e define um local de trabalho
saudável "em que trabalhadores e pessoal sénior colaborem na implementação de um processo de
melhoria contínua para proteger e promover a saúde, a segurança e o bem-estar de todos
trabalhadores e a sustentabilidade do local de trabalho".

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3.2 Contexto da organização

A Norma ISO 45001 (e no resto de normas ISO sobre sistemas de gestão) estabelece que as
organizações devem analisar o contexto tanto interna como externamente em que operam e a partir
daí estabelecer o seu sistema de segurança e saúde no trabalho.

Tendo como base a análise do contexto, a empresa detectará oportunidades e ameaças,


uma vez que as questões internas e externas podem ser positivas ou negativas e incluir condições,
características ou circunstâncias que possam afectar o sistema de gestão de segurança e saúde no
trabalho.

3.3 Necessidades e expectativas dos trabalhadores e outras partes interessadas.

A ISO 45001 define parte interessada como "uma pessoa ou organização que pode afectar,
ser afectada por, ou ser afectada por uma decisão ou actividade".

Para além dos trabalhadores, as organizações devem determinar com quais intervenientes
interagem, devem determinar quais as suas expectativas e quais dessas expectativas devem ser
requisitos do sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho.

3.4 Envolvimento da gestão. Liderança

Na liderança e no envolvimento da gestão sénior, as mudanças são muito significativas,


afasta-se das "responsabilidades de gestão" da OHSAS 18001, que exigia que a direcção
estabelecesse a política de segurança e saúde e levasse a cabo a revisão do sistema à assunção de
liderança e responsabilidade em todos os aspectos de segurança e saúde na empresa.

3.5 Consulta e participação dos trabalhadores

Esta foi a mudança mais substancial da OHSAS 18001 para a ISO 45001 e ao mesmo tempo a
que mais debate produziu quando se tratou de aprovar a norma. A ISO 45001 exige a consulta e
participação de todos os trabalhadores em todos os aspectos de segurança e a saúde na empresa.

3.6 Riscos e oportunidades

Pela primeira vez, a ISO 45001 fala de oportunidades em segurança e saúde, toda a
legislação e regulamentos anteriores estavam centrados em perigos e riscos.

Por outro lado, a norma ISO 45001 contempla os riscos do sistema de gestão, e não apenas
os riscos associados aos trabalhadores.

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3.7 Processos

A ISO 45001 inclui a gestão de processos para as diferentes actividades a realizar na empresa
em relação à gestão da segurança e saúde no trabalho. Esta gestão por processos conduzirá a
melhorias na eficácia e eficiência destas actividades.

3.8 Menos requisitos de documentação

A ISO 45001 requer menos documentação do que a OHSAS 18001 e Os termos


"procedimento" e "registo" desaparecem e são substituídos pelo termo "informação documentada".

Será necessário que as empresas disponham de toda a documentação exigida pela legislação
portuguesa sobre a prevenção de riscos profissionais.

3.9 Comunicação

A ISO 45001 inclui que os processos devem ser estabelecidos para:

- Comunicação interna (a todos os trabalhadores da organização).

- E para comunicação externa (com subcontratados, fornecedores e outras partes interessadas)

3.10 Processos de controlo de compras e subcontratados

A ISO 45001 inclui controlos melhorados para a aquisição de produtos e serviços, bem como
fornecedores e subempreiteiros.

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4. SECÇÕES DA NORMA
Como já foi mencionado na secção 2, a ISO 45001 tem uma estrutura de alto nível.

A estrutura de alto nível inclui 10 cláusulas principais:

1. Objetivo e campo de aplicação

2. Referências normativas

3. Termos e definições

4. Contexto da organização

5. Liderança e participação dos trabalhadores

6. Planeamento

7. Suporte

8. Operacionalização

9. Avaliação do desempenho

10. Melhoria

Nesta secção tentaremos explicar cada uma das secções da norma, bem como as
orientações práticas para a sua implementação.

4.1 Objetivo e campo de aplicação

A obtenção da certificação requer a aplicação de todas as cláusulas de requisitos. Esta secção define
o objectivo e os parâmetros do sistema de gestão ISO 45001 para alcançar os resultados esperados.

O resultado esperado do sistema de gestão SST é que a organização:

- Proporcione um espaço de trabalho seguro e saudável.

- Prevena acidentes e doenças profissionais.

- Monitorize proactivamente e melhore o desempenho do SGSST.

- Eliminar os perigos e minimizar os riscos de SST (incluindo as deficiências do sistema).

- Aproveite as oportunidades de SST e elimine as não conformidades do sistema de gestão


associadas às suas actividades.

- Cumprir com os requisitos legais e outros requisitos.

- Atingir os objectivos de SST.

- Integrar outros aspectos de saúde e segurança, incluindo o bem-estar dos trabalhadores.

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Esta secção deixa claro que a norma não aborda questões tais como segurança dos
produtos, danos materiais ou impactos ambientais para além dos riscos colocados aos trabalhadores
e para outros intervenientes relevantes.

4.2 Referências normativas

A referência a outras normas é comum a todas as normas de sistemas de gestão, contudo, a


ISO 45001 não tem referências normativas.

Se corresponder a uma norma, as referências normativas são documentos essenciais


utilizados para a aplicação do documento.

Por outras palavras, o documento de referência é considerado essencial para a aplicação da


norma referenciada.

A ISO 45001 fornece uma bibliografia com mais informações, incluindo as normas de gestão
ISO associadas.

4.3 Termos e definições

As normas ISO estão escritas de tal forma que o seu significado pode estar aberto à
interpretação. Como com todas as regras, tal interpretação pode levar a confusão. Para ajudar o
utilizador, a secção 3 da norma fornece termos prescritivos e definições para evitar interpretações
erradas como por exemplo:

Trabalhador

Pessoa que executa trabalho ou atividades relacionadas com o trabalho que estão sob o
controlo da organização (3.1).

NOTA 1 à secção: Pessoas que executam trabalho ou atividades relacionadas com o trabalho sob
várias modalidades, remuneradas ou não, tais como regular ou temporariamente, de modo
intermitente ou sazonal, casualmente ou em regime de tempo parcial.

NOTA 2 à secção: Trabalhadores incluem a gestão de topo (3.12) e pessoas com e sem funções de
gestão.

NOTA 3 à secção: O trabalho ou atividades relacionadas com o trabalho desenvolvidos sob o


controlo da organização poderão ser desenvolvidos por trabalhadores empregados pela organização
ou por outras pessoas, incluindo os trabalhadores de fornecedores externos, prestadores de
serviços, individuais, trabalhadores temporários e por outras pessoas, na medida em que a
organização partilhe o controlo sobre o seu trabalho ou atividades relacionadas com o trabalho, de
acordo com o contexto da organização.

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Participação

Envolvimento na tomada de decisão NOTA 1 à secção: A participação inclui o envolvimento


de comissões de segurança e saúde e de representantes dos trabalhadores, quando existam.

Consulta

Procura de pontos de vista antes de tomar uma decisão NOTA 1 à secção: A consulta inclui o
envolvimento de comissões de segurança e saúde e de representantes dos trabalhadores, quando
existam.

Apresentam-se outros exemplos na tabela seguinte:

Cada termo é listado de acordo com a hierarquia de conceitos que reflecte a sequência da
introdução da norma.

Para além do termo ou definição, as notas podem fornecer mais informação e clareza.

Se tiver adquirido uma versão electrónica da norma, verá que definições estão ligadas a
outras definições para que se possa ver as suas inter-relações.

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O Anexo A da norma fornece esclarecimento de conceitos SST para evitar confusão. Os
conceitos incluem:

- Continuidade

- Garantia

- Interessado

- Informação documentada

Se a organização exigir a utilização de termos específicos da indústria e os seus significados


em relação ao sistema SST, estes podem ser utilizados, mas devem estar em conformidade com o
documento ISO 45001.

4.4 Contexto da organização

A razão para esta cláusula é centrar o sistema nos processos e requisitos necessários para
alcançar os objectivos da política de SST. Isto pode ser conseguido através do compromisso da
organização e do seu contexto. A cláusula 4 também estabelece os requisitos para o "Âmbito" e o
sistema a definir, e o subsequente planeamento de sistema para alcançar os objectivos.

A compreensão do contexto da organização é levada a cabo pela direcção com informações


sobre o negócio e a todos os níveis da organização. Os pontos de discussão centram-se em questões
internas e externas que têm impacto sobre o Sistema SST.

A cláusula 4 tem quatro subcláusulas que estabelecem os elementos necessários para definir
o contexto da organização e para conceber o sistema de gestão SST

Estas 4 subcláusulas são:

4.1 Compreensão da organização e do seu contexto

4.2 Compreender as necessidades e expectativas dos trabalhadores e das partes interessadas.

4.3 Determinação do âmbito do sistema de gestão SST.

4.4 Sistema de gestão SST.

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4.4.1 Cláusula 4.1 Compreender a organização e o seu contexto

A cláusula 4.1 requer uma compreensão de alto nível das questões-chave que podem afectar
a SST, tanto positiva como negativamente. A utilização desta informação ajudará a desenvolver uma
melhor compreensão dos problemas internos e externos e da interacção de actividades para ajudar
a planear e desenvolver controlos no âmbito do sistema.

Estas questões-chave são circunstâncias, características e mudanças que podem influenciar


positiva e negativamente o sistema de gestão SST. Normalmente, em resposta a esta cláusula, as
organizações utilizam a ferramenta SWOT. A figura seguinte mostra pode observar a utilização desta
ferramenta.

Abaixo está um exemplo de um registo de "compreensão da organização e do seu contexto"


que inclui análise externa e interna e conclusão da SWOT.

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4.4.2 Cláusula 4.2 Compreender as necessidades e as expectativas dos trabalhadores e outras partes
interessadas

"Interessados" é o termo introduzido pela Norma ISO. Ao contrário de outras normas


comuns, esta cláusula introduz o termo "trabalhadores", que é um termo amplo como é descrito na
secção 3 "Termos e definições".

Esta secção requer a identificação, para além dos empregados, dos intervenientes que
podem influenciar positiva e negativamente a SST. Uma vez decidido quais as partes interessadas
relevantes e significativas, as suas necessidades devem ser satisfeitas e expectativas no âmbito do
sistema de gestão SST.

Lembre-se que, ao considerar as partes interessadas, algumas necessidades e expectativas


são obrigatórias por lei e devem, portanto considerar-se nos requisitos legais.

Uma vez definidas as partes interessadas, a ISO 45001 exige determinar os seus efeitos
potenciais e reais.

As partes interessadas devem ser documentadas num mapa.

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4.4.3 Cláusula 4.3 Determinar o âmbito do sistema de gestão SST

Com base na informação de base em 4.1 e no entendimento das necessidades e expectativas


dos trabalhadores e das partes interessadas em 4.2, o "âmbito" pode ser desenvolvido.

O âmbito define as áreas de negócio a serem geridas no sistema de gestão SST. Deverá
incluir os principais processos e actividades que são dedicados ao serviço ou produção de bens,
incluindo qualquer actividade que seja de um cliente ao trabalho de garantia pós-entrega.

Quando uma organização é complexa, o âmbito é utilizado para limitar as actividades ou


locais onde o sistema é aplicado, estes são "limites de aplicabilidade". No entanto, as áreas de
negócio não podem excluir-se do âmbito para evitar processos SST ou para evitar a conformidade
legal.

4.4.4 Cláusula 4.4 Sistema de gestão SST

Com base nas informações recolhidas em 4.1, 4.2 e 4.3, o sistema requer a concepção e
integração de processos dentro da gestão para cumprir os requisitos da norma ISO 45001. Isto pode
incluir processos tais como concepção e desenvolvimento, aquisição, marketing e fabrico.

Especificamente, na ISO 45001:2018, os processos expressamente exigidos, e para os quais são


estabelecidos requisitos, são estes (citados literalmente):

 Processo de melhoria contínua PDCA;


 Processos de consulta e participação
 Processos de planeamento para avaliar riscos e oportunidades;
 Processos de identificação contínua e pró-activa de perigos;
 Processos para a avaliação dos riscos de SST decorrentes de perigos;
 Processos de identificação e avaliação de outros riscos...;
 Processos de avaliação de oportunidades...;
 Processos de avaliação de outras oportunidades...;
 Processos de determinação e acesso aos requisitos ...;
 Processos de avaliação de outras oportunidades ...;
 Processos de determinação e acesso aos requisitos ...;
 Processos de determinação e acesso aos requisitos ...;
 Processos de avaliação de outras oportunidades ...;
 Processos para determinar e aceder aos requisitos legais e outros ... comunicá-los ... tê-los
em conta;
 Processos necessários para as comunicações internas;
 Processos para a comunicação;
 Processos necessários para cumprir os requisitos do sistema de gestão e para implementar
as acções...". (Este requisito está dentro do capítulo "operação", ou seja, o antigo "controlo
operacional");
 Processos para a eliminação dos perigos e o estabelecimento à abordagem de "controlo"
(isto é, planeamento preventivo);
 Processos de implementação e gestão da mudança;

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 Processos para controlar a compra de produtos e serviços;
 Controlar os processos subcontratados;
 Processos de preparação e resposta a potencial emergência;
 Processos de monitorização e medição da análise de desempenho
 Processos de avaliação da conformidade com os requisitos do País e outros requisitos;
 Processo de auditoria interna;
 Processos de determinação e gestão de acidentes e não conformidades;
 Um processo para gerir a formação do pessoal é exigido através de uma cláusula o, mesmo
que a palavra "processo;
 Outros processos, não explicitamente citados pela norma, mas que derivam da
conformidade regulamentar e da aplicação de controlo operacional para implementar o
planeamento

Todos estes processos são os mínimos a serem considerados num sistema de gestão SST que
cumpre a norma ISSO 45001:2018.

Por outro lado, a norma, tal como a legislação Portuguesa (Lei 3/2014 dede 28 de janeiro ) exige:

 A integração da SST nos processos empresariais da organização;

A norma define estes processos empresariais como aqueles que são essenciais para a existência
da organização.

A norma refere-se, quando se citam os processos empresariais, a processos que historicamente


chamámos "processos-chave" (gestão comercial, concepção, facturação, logística, fabrico, etc.) e
estes processos empresariais não são processos do sistema de gestão SST, mesmo que um tal
sistema tenha de ser "integrado", por outras palavras, serem "implantados" dentro desses processos
empresariais.

4.5 Liderança e participação dos trabalhadores

O compromisso de liderança e gestão é vital para o sucesso do sistema de gestão SST. A


expectativa dos líderes dentro de uma organização deve ser a de se tornarem um líder no sistema e
fornecer os recursos necessários para proteger os trabalhadores de danos.

Esta secção fornece o tom e as expectativas sobre liderança de gestão para participar
activamente no sistema SST e gerar uma cultura positiva de segurança e saúde na organização.

Esta secção é constituída pelas seguintes subcláusulas:

5.1 Liderança e compromisso

5.2 Política de SST

5.3 Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais

5.4 Consulta e participação dos trabalhadores

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ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO

4.5.1 Cláusula 5.1 Liderança e compromisso

Abaixo estão exemplos de demonstração de liderança dentro do sistema SST:

- Assumir a responsabilidade pela prevenção de lesões/doenças no local de trabalho e pela criação


de um ambiente de trabalho seguro e saudável;

- Promover a cultura preventiva e a melhoria contínua;

- Assegurar que o sistema SST seja integrado nos processos da organização;

- Promover a comunicação interna e externa e a todos os níveis, a começar pela gestão;

- Proteger os trabalhadores de represálias quando denunciam incidentes, perigos, riscos e


oportunidades;

- Promoção e apoio de comités de segurança.

Para uma auditoria externa, a expectativa é que a liderança seja o centro do sistema de
gestão SST e exista uma demonstração e compreensão clara do sistema.

4.5.2 Cláusula 5.2 Política SST

A política SST é uma "declaração de missão"que estabelece o quadro para a administração


do sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho. A política SST deve ser aprovada pela gestão
de topo, que promoverá os controlos e acções existentes para uma melhoria continua.

A norma exige especificamente que a política SST inclua compromissos para:

- Fornecer um quadro para a definição de objectivos;

- Proporcionar condições de trabalho seguras para a prevenção de lesões e/ou doenças


profissionais;

- Eliminar os perigos e reduzir os riscos do SST:

- Melhoria contínua do sistema SST:

- Consulta e participação dos trabalhadores e seus representantes;

- Cumprimento de requisitos legais e outros;

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Uma vez aprovada a política SST, esta deve ser comunicada às partes interessadas, incluindo
os funcionários. Deve estar à disposição das partes interessadas, incluindo clientes e fornecedores
externos.

Além disso, a política SST deve ser revista periodicamente pela gestão para garantir que
continua a ser aplicável à organização.

4.5.3 Cláusula 5.3 Funções, responsabilidades e autoridades organizacionais

Esta secção exige que a organização defina papéis, responsabilidades e autoridades claras
em toda a organização. Reconhece que a responsabilidade global pelo sistema de gestão SST é na
gestão, contudo, as pessoas devem ter em conta a sua própria segurança e saúde e a dos outros.

Documentar os papéis, responsabilidades e autoridades dentro de organogramas. As


Políticas e instruções de trabalho também podem incluir responsabilidade e autoridade.

4.5.4 Cláusula 5.4 Consulta e participação dos trabalhadores

Um factor chave para o sucesso do sistema SST é assegurar que haja linhas claras de
comunicação, consulta e participação dos trabalhadores com atribuição suficiente de tempo e
recursos. Esta secção requer o desenvolvimento de processos para assegurar que a informação que
afecta a SST é comunicada a todos os níveis da organização.

Isto pode ser conseguido de várias maneiras, dependendo do âmbito e da escala da


organização.

Exemplos de medidas para promover a consulta e a participação de trabalhadores podem ser:

- Reuniões regulares com a direcção para discutir processos incluindo as questões SST;

- Comité de segurança com representantes dos trabalhadores (quando necessário);

- Identificação e eliminação dos perigos (avaliação de risco);

- Desenvolvimento de conversações e apresentações sobre formação (incluindo trabalhadores fora


da sua organização, tais como empreiteiros ou visitantes);

- Desenvolvimento de sistemas e instruções de trabalho seguros;

- Comunicação cruzada dentro da organização;

- Esquemas de registo de potenciais falhas com acções de monitorização incluindo análise da causa
raiz;

- Visitas ao local de trabalho;

- Política de porta aberta para falar com os sindicatos;

- Caixa de sugestões SST

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- Comunicação: boletins, boletins informativos, emails, blogs, campanhas de promoção da saúde...

Após ter escolhido uma selecção de métodos de consulta e participação dos trabalhadores,
considere documentar as metodologias dentro de um processo. Isto permitirá à organização
verificar periodicamente o processo no âmbito do seu programa de auditorias e assegurar o
cumprimento dos requisitos.

4.6 Planeamento

O planeamento é um dos componentes chave de qualquer sistema de gestão. A ISO 45001


baseia-se no ciclo "Plan-Do-Check-Act", onde o planeamento é utilizado para colocar as acções
operacionais do sistema.

O planeamento ocorre em vários pontos no âmbito do Gestão SST. Para estabelecer o


sistema de gestão, o planeamento exige a utilização da informação recolhida na cláusula 4. Em
vários momentos haverá a necessidade de 'planear' novamente. Isto inclui o planeamento periódico
para alcançar os objectivos estabelecidos e revistos. Também no caso de alterações devidas a
eventos planeados ou não planeados.

Esta secção é constituída pelas seguintes subcláusulas:

6.1 Acções para tratar riscos e oportunidades

6.2 Objectivos de SST e planeamento para os atingir

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO

Os requisitos para cumprir este pontos são:

- Planear acções baseadas na avaliação de risco para gerir os riscos e oportunidades na prevenção
dos efeitos não desejados (lesão ou doença);

- Gerir eventos e determinar continuamente os riscos e oportunidades para os trabalhadores e o


sistema SST;

- Definir e gerir objectivos;

- Planear e gerir alterações do sistema e reavaliá-las uma vez feitas;

- Considerar as relações e interacções entre as actividades;

- Definir uma metodologia para a identificação de perigos;

22
- Definir metodologia para a identificação e gestão dos perigos requisitos legais e outros;

- Considerar o conhecimento organizacional a gerir actividades em segurança;

4.6.1 Cláusula 6.1 Acções para tratar riscos e oportunidades

Subsecção 6.1.1 Generalidades

A norma ISO 45001 afirma que:

"Ao planear o sistema de gestão de segurança e saúde no trabalho, a organização deve considerar as
questões referidas no secção 4.1. (contexto) e os requisitos referidos no parágrafo 4.2. (partes
interessadas), e 4.3. (o âmbito do sistema de saúde e segurança no trabalho) e identificar os riscos e
oportunidades que precisam de ser abordados a fim de:

1. Assegurar que o sistema de gestão de saúde e segurança no trabalho pode alcançar os seus
resultados esperados;

2. Prevenir ou reduzir os efeitos indesejados;

3. Atingir a melhoria contínua;

Os riscos e oportunidades do sistema de gestão da segurança e a saúde no trabalho são


determinadas na análise do contexto e as partes interessadas, de acordo com a imagem seguinte:

23
Alguns exemplos de riscos do sistema de gestão de segurança e saúde podem ser:

- Risco reputacional;

- Perda de licenças/concessões;

- Perda de talento/pessoas;

- Reclamação dos trabalhadores;

- Greves;

- Não cumprimento de procedimentos;

- Absentísmo;

- Incumprimento dos requisitos legais;

- Perda da certificação;

E, como exemplo de oportunidades, poderíamos incluir o seguinte:

- Desenvolver hábitos saudáveis de trabalhadores;

- Melhoria da reputação da empresa;

- Melhoria da cultura de SST na empresa;

- Melhorar a formação em SST dos trabalhadores;

É aconselhável ter uma ficha de procedimento/processo no sistema de gestão que garanta a


correcta identificação e avaliação dos riscos e oportunidades.

24
Subsecção 6.1.2 Identificação de perigos e avaliação de riscos e oportunidades

Nesta secção, a norma de referência menciona a identificação dos perigos.

A identificação dos perigos é fundamental no processo de planeamento de acções


prioritárias para enfrentar os riscos e oportunidades. A utilização da "hierarquia de controlo" exige
que a a organização efectue uma avaliação de risco baseada em actividades internas e externas. A
identificação dos perigos permitirá à organização reconhecer e compreender os perigos no local de
trabalho.

Também permitirá aos trabalhadores avaliar, hierarquizar e eliminar perigos ou reduzir os


riscos de SST que podem surgir em muitas circunstâncias, incluindo circunstâncias físicas, químicas,
biológicas, psicossociais, fisiológicas, mecânicas, eléctricas ou baseadas no movimento e energia.

Todos os tipos de actividade devem ser consideradas, incluindo:

- Grupos de trabalhadores expostos ao perigo;

- Trabalho por turnos ou isolado, horas de actividade e supervisão.;

- Factores humanos, incluindo actividades físicas exigentes;

- Concepção do local de trabalho, por exemplo, segregação do tráfego e percursos pedonais;

- Mudanças no padrão de trabalho, incluindo aumento ou diminuição da produtividade;

- Ruído, frio, calor;

- Requisitos legais e mecanismo de adaptação às mudanças no mesmo;

- Como será comunicada a avaliação do risco e subsequente formação sobre medidas de controlo;

- Situações de emergência, tais como eventos não planeados, incluindo incêndios e perdas de
energia;

- Os recursos para assegurar a hierarquia de controlo podem ser aplicados aos resultados da
avaliação dos riscos.

Utilizando a hierarquia de controlo, a organização terá de determinar a metodologia para


registar os resultados como informação documentada e comunicá-los aos trabalhadores e partes
interessadas.

A pessoa competente realizará uma avaliação de risco e classificará os resultados de acordo


com a sua probabilidade e a gravidade do danos. Esta metodologia deve ser aplicada de forma
consistente e baseada nos requisitos legais/regulamentares, o tipo e as circunstâncias da actividade
(ruído, fogo, vibração, risco de altura...).

25
Recomenda-se que a avaliação dos riscos comece na concepção de qualquer actividade e
envolva trabalhadores que estão ou estarão directamente envolvidos no processo.

Subsecção 6.1.3 Determinação dos requisitos legais e outros requisitos

A organização necessita de assegurar que durante o processo de avaliação de risco associa


os requisitos legais mais recentes e outros requisitos aplicáveis. O processo de avaliação dos
requisitos legais e de outros tipos variará dependendo da complexidade da atividade.

As fontes de informação podem incluir:

- Assinaturas de newsletters legais de editora;

-Membro de associações comerciais;

- Investigação através de websites governamentais;

-Utilização de consultores competentes;

-Assistência dos trabalhadores a cursos de formação em segurança e saúde no trabalho.

Após a avaliação inicial das obrigações de conformidade, a organização pode considerar a colocação
da informação relevante num documento, como uma folha de cálculo.

O documento pode incluir as seguintes informações e ser referenciado em avaliações de risco


individuais:

- Nome e número de referência do regulamento/requisito;

- Estado da revisão;

- Data da última revisão do regulamento;

- Pessoa competente responsável pela revisão do requisito;

26
- Área afectada pela exigência, incluindo uma breve descrição da actividade e informação
documentada associada;

- Um hiperlink ou descrição da fonte de informação;

- Nome e dados de contacto do cliente/fornecedor se forem relevantes para outro requisito;

- Próxima data de revisão.

Subsecção 6.1.4 Planeamento de acções

Após o processo de identificação de perigos, é necessário planear acções por ordem de


prioridade para reduzir os riscos.

Devem considerar-se as consequências destas acções antes de que as acções sejam


introduzidas. As acções de planeamento e mesmo a introdução de medidas de controlo devem estar
no âmbito do quadro do sistema de gestão SST.

As medidas de controlo podem ser integradas no trabalho do sistema existente ou ser


baseadas no risco e ser desenvolvido em um sistema de trabalho seguro. As tarefas podem ser
delegadas pela gestão individual ou colectiva. As tarefas serão atribuídas a pessoas de acordo com a
sua competência, tendo em conta a formação dos trabalhadores que será proporcionada.

27
4.6.2 Cláusula 6.2 Objectivos de SST e planeamento para os atingir

É um requisito da norma estabelecer objectivos atingíveis para SST com os meios para medir
periodicamente o progresso, demonstrando uma melhoria contínua. Os objectivos são
frequentemente estabelecidos e revistos na revisão pela gestão (cláusula 9.3) ou em reuniões de
departamento. Uma vez estabelecido, deve haver meios para comunicar os objectivos a toda a
organização para gerar Cultura SST.

Se tiverem sido identificados muitos requisitos, a organização pode considerar o


desenvolvimento de um plano estratégico documentado para o SGSST. O plano deve ser acordado
pela direcção e incluir tarefas de qualificação de risco, por ordem de prioridade, e alinhamento com
a direcção responsável pela supervisão da tarefa.

Um plano estratégico SST é um documento em dinamico e deve ser revisto periodicamente


para monitorizar o progresso no sentido de alcançar os objectivos e a melhoria contínua.

Os documentos podem incluir:

- Questões estratégicas prioritárias;

- Acções, tais como a realização de avaliações de acordo com as obrigações de conformidade;

- Método para a realização da acção;

- Recursos necessários para a realização de acções. Por exemplo: humanos, equipamento,


fornecedores, financeiros e externos;

- O indicador-chave de desempenho para demonstrar a realização da acção;

- Responsabilidade geral;

- Responsabilidade da gestão;

- Calendário;

- Classificação de risco;

Os tipos de objectivos que podem ser estabelecidos são os seguintes:

-Objectivos para aumentar ou diminuir algo especificado por um valor numérico (por exemplo, para
reduzir em 20% os incidentes no manuseamento de cargas);

-Objectivos para eliminar os perigos (por exemplo, para reduzir ruído num local de trabalho);

-Objectivos para introduzir materiais menos perigosos em certos produtos;

-Objectivos para aumentar a satisfação dos trabalhadores com respeito à SST (por exemplo,
parareduzir o stress na do trabalho).

28
4.7 Suporte

Esta secção discute os requisitos que sustentam o gestão do SST para assegurar o seu
funcionamento eficaz.

Esta secção é constituída pelas seguintes subcláusulas:

7.1 Recursos

7.2 Concurso

7.3 Conscencialização

7.4 Comunicação

7.5 Informação documentada

ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO

4.7.1 Cláusula 7.1 Recursos

Serão necessários recursos para satisfazer os requisitos identificados durante as fases de


planeamento do sistema para manter a melhoria contínua. Estes incluem recursos humanos,
naturais, infra-estruturais, tecnológicos e financeiros.

A atribuição de recursos deve ser apoiada pela direcção, de acordo com os requisitos da
cláusula 5, para incentivar a manutenção de um ambiente de trabalho seguro e saudável. Como
parte da identificação dos recursos, a organização deve considerar a informação na secção 6 para
reconhecer o risco, as oportunidades e objectivos. Terá então de atribuir recursos suficientes para os
mitigar ou gerir.

4.7.2 Cláusula 7.2 Competencias

Uma organização eficaz e eficiente deve ter trabalhadores competentes. Em termos de SST,
é essencial que os trabalhadores tenham acesso à informação e que tenham recebido formação
adequada para evitar acidentes ou doenças. As competencias podem incluir:

- Capacidade de desempenhar funções de trabalho definidas e compreender os aspectos do SST


necessários;

- Definição de métodos de recrutamento com consideração para trabalhadores temporários;

- Sensibilização para os riscos ambientais e processos;

- Requisitos legais;

- Capacidades individuais, incluindo experiência, competências linguísticas, alfabetização e


diversidade;

29
A diversidade de actividades no seio da organização determinará o nível de formação
necessário para satisfazer a competência. As deficiências de formação são identificadas com o
desenvolvimento de novos processos, por exemplo, a introdução de novas máquinas ou o
cumprimento de requisitos regulamentares.

Independentemente da dimensão da organização, os registos de formação são essenciais


como referência e prova de conformidade. Deve considerar uma matriz de formação geral que
identifica as deficiências, incluindo as datas de actualização de formação. Além de, considerar
também os registos individuais de formação com prova da assinatura do trabalhador para
reconhecer a conclusão e compreensão da formação, incluindo a consciência dos perigos.

Portanto, a fim de assegurar que os trabalhadores tenham a competência necessária em


matéria de segurança e saúde no trabalho, um processo com a próximas fases é relevante:

1. Determinar as competências por posto de trabalho. Pode estabelecer os "perfis profissionais".

2. Verificar as competências do trabalhador. Antes de atribuir funções a um trabalhador será


necessário verificar se tem as competências necessárias para as realizar em condições de segurança
e saúde.

3. O empregador deve estabelecer um plano ou programa para assegurar que o empregado


mantêm essas competências.

Desenvolver o plano de formação: Na empresa, de acordo com as necessidades de melhoria


de competências, será elaborado um programa ou plano de formação, que, após consulta com os
representantes dos trabalalhadores deve ser aprovado e implementados.

4. Avaliar a eficácia das acções de formação: Será necessário avaliar a eficácia das acções
empreendidas para melhorar a competência dos trabalhadores no domínio da segurança e saúde no
trabalho.

Seja interna ou externamente, a gestão deve garantir que existem mecanismos para
proporcionar aos trabalhadores uma formação adequada e suficiente com base na competência SST.

30
4.7.3 Cláusula 7.3 Conscencialização

O conhecimento dos requisitos do sistema SST é fundamental para os trabalhadores internos


e externos. Deve haver um entendimento claro da política, incluindo a exigência de que as pessoas
se protejam-se a si próprios e aos outros do perigo. A sensibilização começa antes do início dos
trabalhos para os trabalhadores internos e externos e pode incluir:

- Política e requisitos SST;

- Perigos associados a prevenção de riscos e aos processos;

-Meios de comunicar incidentes e receber informações após a sua investigação;

-Medidas para a comunicação de falhas ou defeitos potenciais ou críticos;

- Estrutura de supervisão;

- Fornecimento de informações, incluindo sistemas de trabalho seguros ou instruções de trabalho;

- Compreensão clara de que não há recriminações para a denúncia sobre os perigos. Isto deve ser
activamente encorajado como parte de uma cultura de segurança positiva.

4.7.4 Cláusula 7.4 Comunicação

Dentro de uma organização deve ser considerado que a comunicação pode ser interna ou
externa, dependendo se é feita para o pessoal da empresa ou fora da empresa.

Os canais de comunicação definidos são a chave para o sucesso do Sistema de gestão SST.
Recomenda-se a existência de uma política clara sobre a comunicação apoiada pela gestão que
identifica o processo de comunicação.

31
4.7.5 Cláusula 7.5 Informação documentada

O âmbito da informação documentada variará de acordo com o tamanho, âmbito e


complexidade dos processos dentro da organização A abordagem prática ao desenvolvimento e
controlo de informação documentada ajudará na protecção da empresa e fornecerá fontes de
informação aos trabalhadores relacionada com a identificação de perigos. Deve-se considerar uma
abordagem baseada no risco ao nível de informação documentada necessária, incluindo a
consideração da alfabetização e da língua. A informação documentada pode estar disponível em
formato impresso ou electrónico.

A norma ISO 45001 afirma que:

"O sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho da organização deve incluir:

a). A informação documentada exigida pela norma ISO 45001

b). A informação documentada que a organização determina como necessária para a eficácia do
sistema de gestão da segurança e a saúde no trabalho.

A abordagem da ISO 45001 indica a utilização de informação documentada em conjunto com


uma avaliação da própria norma, com objectivo de assegurar a conformidade e o cumprimento de
todos os requisitos da norma ISO 45001.

Este requisito pode ser entendido como uma possibilidade de dispensar o formato
tradicional do documento, no entanto, obriga-nos a escolher o formato e a estrutura da
documentação que melhor se adapte a cada organização.

Uma estrutura recomendada para pequenas e médias empresas poderia ser:

-Um documento geral a incluir:

 O âmbito do sistema de SST


 Os métodos e processos utilizados para abordar as oportunidades e os riscos
 Planeamento e controlos operacionais
 Requisitos de liderança e comunicação,
 Uma descrição de como a organização se está a preparar para situações de emergência.
 Uma menção da necessidade de documentar processos a serem incorporados na
organização

- Processos de revisão administrativa

-Auditorias internas

-Acções correctivas e não conformidades

-Um documento de trabalho como uma matriz de resultados em questões de segurança e saúde
que:

 Permite registar os resultados dos processos


 Ser utilizado para avaliação, análise e melhoria
 Permitir o estabelecimento de objectivos de melhoria

32
- Aqueles que são cumprirmento legal obrigatório relacionado com o controlo operacional

A regra exige também o controlo da documentação. É necessário procurar o método de


controlo da informação documentada mais robusto e simples para cada organização. Isto assegurará
que os trabalhadores estão sempre conscientes dos últimos requisitos relativos a SST. Para apoiar a
última revisão da informação documentada, deve haver um meio de comunicar as últimas políticas,
práticas e instruções de trabalho. A informação documentada virá de fontes internas e externas. Os
meios que se seguem são sugeridos para controlar a informação documentada.

Estagiários:

- Desenvolver um sistema de referência dentro do cabeçalho ou rodapé. Exemplo: Procedimento de


manutenção nº 1 MP01, Formulário de manutenção 01 MF01, etc.

- Identificar o estado de revisão, data de revisão e autor dentro do rodapé do documento.

-Utilizar a mesma metodologia de controlo de documentos para documentos e dados electrónicos.

-Desenvolver uma folha de cálculo que identifique as razões porque foram actualizadas as revisões
anteriores.

-Determinar o método de emissão de informação documentada, incluindo a recuperação e


comunicação de informação documentada previamente modificada.

-Determinar e identificar numa folha de cálculo a escala de tempo de retenção dos documentos. Isto
pode ser baseado em requisitos legais, tais como documentação de seguros.

Exterior:

-Determinar o que deve ser comunicado e retido de acordo com o risco

- Considerar a digitalização para reduzir a dependência do papel.

-Mantenha a integridade da informação documentada.

Criar um sistema simples para que todos compreendam e acessível. Pode considerar apoiar o
método escolhido com um procedimento instrucional e formação na sua utilização.

4.8 Operação

Uma vez identificados os processos dentro da organização (ver cláusula 4.4), bem como o
método de funcionamento da empresa (ver cláusula 6.0), a empresa terá de planear e controlar cada
processo dentro do sistema de gestão SST.

Esta secção é composta pelas seguintes subcláusulas:

8.1 Planeamento e controlo operacional

8.2 Preparação e resposta de emergência

33
ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO

4.8.1 Cláusula 8.1 Planeamento e controlo operacional

Subsecção 8.1.1 Generalidades

O planeamento e controlo operacional é o método pelo qual a organização determina o que


é necessário para cada processo e o método para assegurar que os trabalhadores estejam
protegidos de danos. O planeamento e controlo operacional é alcançado através da identificação de
critérios para cada processo, que podem incluir:

- Os limites de cada processo e a forma como eles interagem.

- Recursos necessários para gerir o processo, incluindo liderança, equipa, tempo, humano (aspectos
de competência e formação) e financeira.

- Informação documentada necessária para a gestão do processo, incluindo procedimentos e


sistemas de trabalho seguros.

- O método de planeamento e controlo de alterações nos processos, incluindo eventos indesejados.

-Aplicação de requisitos legais e outros requisitos ou instruções do fabricante para o equipamento.

- Controlos de engenharia, por exemplo, guardas de interbloqueio e sistemas de escape

A organização deve também considerar a adaptação do ambiente de trabalho para assegurar


a sua adequação aos trabalhadores. A adaptação pode incluir a formação de novos trabalhadores ou
a modificação ergonómica de processos para proteger os trabalhadores de danos e melhorar a
eficiência do processo.

Subsecção 8.1.2 Eliminar os perigos e reduzir os riscos para a SST

Uma vez escolhida a metodologia de avaliação de risco determinada na cláusula 6.0, a


organização utilizará a "hierarquia de controlo" para eliminar ou reduzir os perigos ao menor risco
possível.

É essencial que, ao realizar a avaliação dos riscos, os trabalhadores e fornecedores externos,


sejam considerados. Os resultados da avaliação dos riscos devem ser comunicados aos
trabalhadores directamente afectados, para ajudar a desenvolver medidas de controlo. Os
trabalhadores devem ser incluídos no processo de avaliação e outros elementos do sistema.

O controlo operacional tem como objectivo eliminar perigos ou fontes com potencial para
causar lesões e deterioração da saúde.

Se o risco não puder ser eliminado na fonte, deve ser reduzido para que o seu nível seja
aceitável para a organização.

34
As actividades de controlo operacional têm de ser implementadas e avaliadas de forma
regular e contínua, a fim de verificar a sua eficácia e integração no sistema de gestão da segurança e
saúde no trabalho.

Alguns dos controlos operacionais podem ser os seguintes:

CONTROLO OPERACIONAL NO DESENVOLVIMENTO DE ACTIVIDADES PERIGOSAS:

-Utilização de procedimentos ou instruções operacionais de trabalho estabelecido:

 Zonas ATEX.
 Radiações ionizantes.
 Trabalhos em altura.
 Espaços confinados.
 Trabalhos eléctricos.

- Utilização de equipamento apropriado.

- Qualificação do pessoal contratado ou formação do pessoal que executa tarefas perigosas.

- Autorizações de trabalho e qualificações necessárias.

- Controlo de acesso a áreas perigosas.

- Exames de saúde, como complemento para poder realizar tarefas perigosas.

CONTROLO OPERACIONAL NA UTILIZAÇÃO DE MATERIAIS PERIGOSOS

- Níveis de inventário dos produtos utilizados, locais e condições de armazenamento.

- Limitação de áreas onde podem ser utilizados materiais perigosos.

- Armazenamento de alto risco.

- Blindagem de fontes de radiação.

- Isolamento de contaminantes biológicos.

- Condições de utilização de materiais perigosos.

- Conhecimento da utilização e da disponibilidade do emergência.

CONTROLO OPERACIONAL EM INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS

- Manutenção e reparação de instalações, maquinaria e equipamento.

- Fornecimento, controlo e manutenção de Equipamento de Protecção Individual.

- Manutenção da ordem e limpeza em áreas de circulação.

35
- Inspecção e ensaio de equipamento de segurança e saúde no trabalho:

 Protecção contra quedas.


 Resgate.
 Incêndios.

- Inspecção e ensaio de equipamento de manuseamento de materiais:

 Gruas (ponte, empilhamento, etc.).


 Transportadores (conduta, rodas, rolos, tapetes...).
 Empilhadores (empilhadores contrapeso, não contrabalançados, pórtico/ empilhador,
basculante e lança telescópica, etc.) ou plataformas elevatórias.

CONTROLO OPERACIONAL NA COMPRA DE BENS, EQUIPAMENTO E SERVIÇOS E EM


SUBCONTRATAÇÃO

- Estabelecimento de requisitos de segurança e saúde no trabalho necessário para a aquisição de


bens, equipamentos e serviços.

- Requisitos para a pré-aprovação da compra ou transporte/transferência de produtos químicos,


materiais e substâncias perigosas.

- Comunicação aos fornecedores das normas de segurança e saúde no trabalho estabelecidas na


organização.

- Selecção e controlo de fornecedores.

- Requisitos e especificações de pré-aprovação para o compra de nova maquinaria e equipamento.

- Procedimentos para a correcta utilização de maquinaria, equipamento ou para o manuseamento


seguro de materiais.

- Inspecção de bens, equipamentos e serviços solicitadis e verificação (periódica) do seu


desempenho em matéria de segurança e saúde o trabalho.

-Aprovação do projecto de disposições de segurança e saúde no local de trabalho para a nova


instalação.

- Selecção de empreiteiros.

-Desenvolvimento da Coordenação de Actividades Empresariais.

- Avaliação, monitorização e reavaliação periódica da aplicação da segurança e saúde no trabalho


dos empreiteiros.

- Controlos de acesso.

- Verificação dos conhecimentos e capacidades dos visitantes ou do pessoal externo antes de


consentir a utilização de equipamentos.

- Sinalização de avisos e controlos administrativos.

36
-Métodos para monitorizar o comportamento dos visitantes e supervisionar as suas actividades.

Uma ausência de critérios operacionais na organização pode supor um desvio em relação à


política e objectivos de segurança e saúde no trabalho. É portanto necessário que estes sejam
específicos da organização, das suas operações e actividades, e que todos eles estejam relacionados
com a segurança e os próprios riscos para a segurança e saúde no trabalho.

Estes controlos operacionais devem ser revistos de forma periodica para avaliar a sua
adequação e eficácia e implementar quaisquer alterações necessárias. Em caso de mudanças, a
organização deve avaliar a necessidade de realizar novas acções de formação ou modificar as
actuais.

Sub-secção 8.1.3 Gestão de alterações

É sabido que podem ocorrer acidentes quando os ocorrem desvios nas medidas de controlo
estabelecidas. Isto pode incluir alterações na supervisão, trabalhadores ou a introdução de novos
materiais, maquinaria e processos.

A organização deve definir e implementar um processo que considere a mudança. Esta pode
ser uma política escrita que explica os diferentes cenários com base no risco e na oportunidade.

O processo de alteração pode ser apoiado por um sistema documentado de aviso de


recepção e notificação para assegurar a comunicação e compreenção de uns com os outros. A
notificação de mudanças pode ser apoiada por requisitos de formação e competência. O processo de
mudança poderia incorporar um mecanismo para avaliar e impedir a introdução de novos perigos.
Este processo pode ser como o seguinte:

Exemplos de eventos em que a gestão da mudança pode ser necessária:

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Subsecção 8.1.4 Compras

A compra de bens e serviços é um requisito para o funcionamento de qualquer negócio. A


norma exige que a organização estabeleça controlos para assegurar que os bens e serviços
adquiridos não apresentam riscos e não exponham os trabalhadores a danos, incluindo entidades
externa.

Em relação ao processo de contratação, se for robusto, é essencial controlar o fluxo de


produtos e serviços para a organização. As entradas podem incluir matérias primas para produtos,
equipamento incluindo maquinaria, consumíveis tais como produtos de limpeza e trabalhadores de
manutenção. A organização é obrigada a desenvolver um processo que inclua uma avaliação do
impacto na segurança dos produtos e serviços antes da compra. Isto requer dados de segurança do
produto ou material do fornecedor ou realizar uma avaliação de risco. A avaliação identificaria
potenciais perigos e medidas de controlo para proteger os trabalhadores de organização, bem como
entidades externas.

Considerar a entrega de produtos dentro do processo, para assegurar que sejam


inspeccionados de acordo com os requisitos especificados. Servirá também para garantir que tais
produtos e os serviços estão em conformidade com a lei. Isto pode ser feito através da avaliação de
fichas de dados de segurança, declarações de conformidade ou registos com associações comerciais.
O pessoal responsável pela aquisição deve assegurar que sejam “utilizados” trabalhadores
competentes para ajudar nas avaliações e comunicar informações sobre produtos ou serviços. Tais
informações podem incluir fichas de dados de segurança, formação, competência e instruções de
utilização.

No que diz respeito a empreiteiros e outsourcing, muitas empresas utilizão os seus serviços
para cobrir determinados processos. A norma requer que a organização conduza uma avaliação
desses contratantes, incluindo verificações de eficiência. A organização pode considerar a utilização
de critérios de selecção de contratantes para assegurar que os serviços estão ao alcance desejado. A
organização deve estar convencida de que existe um processo para proteger os empreiteiros e
trabalhadores que possam estar expostos aos riscos devidos às suas actividades. Durante o processo
de contratação, pode estabelecer acordos escritos entre a organização e o empreiteiro
especificando as regras da organização. Isto pode ser apoiado por avaliações de risco e declarações
de método realizado por ambas as partes e com comunicação de resultados.

É vital realizar as verificações necessárias para assegurar que os empreiteiros são


competentes e que os requisitos legais são cumpridos.

Por exemplo, solicitar a certificação para trabalhar num interruptor eléctrico ou para
trabalhar numa caldeira a gás.

Uma vez concluído o processo de contratação, necessitará de implementar um programa de


formação. Isto proporcionará aos empreiteiros uma compreensão das regras e requisitos
específicos, por exemplo, riscos do local, áreas autorizadas, processos de comunicação de falhas,
planos de acção de emergência, monitorização e as licenças necessárias para trabalhar.

38
4.8.2 Cláusula 8.2 Preparação e Resposta de Emergência

O planeamento de eventos inesperados é uma boa disciplina organizacional. O processo de


avaliação de risco de acordo com a norma ISO 45001 pode ter evidenciado possíveis situações de
emergência com consequências potencialmente catastróficas. É portanto necessário estabelecer
medidas de controlo para as atenuar.

Uma vez identificadas as situações de emergência, que podem colocar em risco os


trabalhadores a todos os níveis, será necessário formular um plano e prová-lo. Verificar a preparação
e resposta de emergência no âmbito do plano de auditoria interna ou realizar algum tipo de
simulação

O teste dos planos de resposta de emergência é fundamental para aumentar a sensibilização


para possíveis eventos e para assegurar o funcionamento das medidas de controlo, incluindo a
supervisão, responsabilidades, formação e comunicação.

Alguns exemplos de possíveis situações de emergência são:

- Fogo.

- Inundações.

- Fuga de gás.

- Falha de energia.

- Terramoto.

- Ataque.

39
Os procedimentos a serem seguidos em caso de emergência devem ser claros e concretos
para assegurar uma rápida utilização e implementação.

4.9 Avaliação do desempenho

A avaliação do desempenho é um processo construtivo que visa melhorar o funcionamento


da organização e é crucial para o modelo PDCA prescrito pela norma ISO 45001. Estes processos
devem ajudar a alcançar e apoiar a estratégia e os objectivos da organização.

Esta secção é constituída pelas seguintes subcláusulas:

9.1 Monitorização, medição, análise e avaliação do desempenho

9.2 Auditoria interna

9.3 Revisão pela gestão

4.9.1 Cláusula 9.1 Monitorização, medição, análise e avaliação desempenho

A organização deve verificar, rever, inspeccionar e observar as suas actividades planeadas


para assegurar que elas ocorram como previsto. Deve também assegurar-se de que determinou os
processos adequados, para avaliar o desempenho contra o risco e as oportunidades. Geralmente, a
monitorização indica os processos que deve verificar se algo está a acontecer como planeado.

Para cumprir este requisito, as empresas podem estabelecer um sistema de indicadores de


segurança e saúde no trabalho. Isto é o que é normalmente efetuado. Para definir um indicador tem
de ter em conta conta aspectos tais como:

- Indicador proposto.

- Fórmula de cálculo e fiabilidade dos dados.

- Frequência de medição.

- Responsável pela realização da medição.

- Desenvolvimento razoável ao longo do tempo, no contexto da situação da empresa

40
Nesta cláusula há também um requisito relacionado com a Avaliação da conformidade com
os requisitos legais. A fim de cumprir este requisito, deve ser estabelecido um processo que
especifique os seguintes aspectos:

- Quem é responsável pela avaliação da conformidade com os requisitos legais.

- Com que frequência é feita a avaliação.

- Quem será informado sobre os resultados da avaliação

- Quem é responsável pela tomada de medidas no caso de incumprimento.

- Onde são registados os resultados.

4.9.2 Cláusula 9.2 Auditoria Interna

Uma auditoria interna é um método sistemático de verificação dos processos e requisitos da


organização, bem como os detalhes da norma ISO 45001. Isto assegurará que os processos sejam
eficazes e que os procedimentos são seguidos. O programa de auditoria interna ajudará a
organização a alcançar os objectivos e metas de SST.

Ajuda com:

- Controlo da política e do cumprimento dos objectivos.

- Fornecer evidencias de todos os controlos necessários.

- Assegurar o cumprimento dos requisitos legislativos e outros.

- Avaliar a eficácia da gestão do risco.

- Compromisso dos trabalhadores com a cultura de segurança.

- Identificar melhorias para rever um processo a partir de outro ângulo.

-Ajuda na melhoria contínua.

As auditorias internas devem ser conduzidas por pessoa competente com imparcialidade na
área a ser auditada. Pode aplicar uma abordagem baseada no risco às áreas a serem auditadas com
um maior enfoque em actividades de maior risco. As auditorias internas devem ser planeadas para
serem efetuadas em intervalos regulares.

Além disso, podem ser realizadas auditorias não planeadas em áreas problematicas,
relatórios de possíveis falhas ou dados de incidentes como foco na prevenção de acidentes.

É benéfico comunicar os resultados da auditoria às partes e estabelecer datas de conclusão


realistas para "oportunidades de melhoria" ou "não-conformidades" identificadas. A gestão deve
estar consciente das deficiências do sistema para garantir que podem ser atribuídos recursos para
mitigar os resultados. Os resultados da auditoria serão revistos na revisão pela gestão.

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4.9.3 Cláusula 9.3 Revisão pela Gestão

A revisão da gestão é um elemento essencial do sistema de Gestão SST. O objectivo da


revisão é que a direcção avalie o desempenho do sistema de gestão para garantir que este tenha
sido eficaz e adequado às necessidades da empresa, evitando, em última análise, lesões ou danos
aos trabalhadores. É também um actividade planeada para rever objectivos, incluindo o
cumprimento, e para estabelecer novas metas.

As reuniões de revisão pela gestão são geralmente realizadas anualmente, no entanto,


muitas organizações realizam revisões de seis em seis meses para acompanhar o desempenho do
sistema. Se as reuniões forem realizadas com mais frequência, a ordem de trabalhos da reunião será
reduzida.

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No final da reunião de revisão pela gestão, a organização deve decidir o que é necessário
para melhorar continuamente o SGSST e cumprir a norma. Os seguintes pontos resumem os
requisitos de saída da reunião de revisão da gestão:

- Proporcionar uma ampla conclusão da estabilidade contínua, adequação e eficácia na obtenção dos
resultados pretendidos.

- Identificar oportunidades de melhoria contínua.

- Identificar quaisquer alterações necessárias ao sistema de gestão SST.

- Identificar os recursos necessários.

- Identificar as acções necessárias.

- Identificar quaisquer melhorias de integração com outros processos. Isto pode incluir um melhor
alinhamento com Sistemas de gestão ISO 9001 ou ISO 14001.

Qualquer implicação para a gestão estratégica do negócio.

Este é um requisito abrangente para captar qualquer problema para melhorar o sistema de
gestão SST.

A organização deve registar a acta da reunião na informação documentada. Esta informação


deve ser comunicada às partes interessadas relevantes e, quando apropriado, representantes dos
trabalhadores.

Recomenda-se que os objectivos da revisão pela gestão sejam transferidos para um


documento separado com indicadores-chave de desempenho, prazos identificados, prazos previstos
e responsabilidades delegadas. Estes objectivos podem ser comunicados através do correio
electrónico da organização ou afixados em quadros de avisos.

4.10 Melhoria

A cláusula 10, simplesmente intitulada Improvement, contém todos os requisitos


relacionados com os incidentes, incumprimento e acção correctiva, juntamente com uma melhoria
contínua. Esta secção é composta pelas seguintes subcláusulas:

10.1 Generalidades

10.2 Incidentes, não conformidades e acções correctivas

10.3 Melhoria Contínua

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ORIENTAÇÕES PRÁTICAS PARA A SUA IMPLEMENTAÇÃO

4.10.1 Cláusula 10.1 Geralidades

De que se trata este dispositivo de melhoria?

- Resultados discutidos na Secção 9 (Revisão pela gestão), incluindo análise e avaliação do


desempenho do SST, auditoria interna e feedback sobre o compromisso dos trabalhadores

- Incumprimento e acção correctiva

- Investigação de incidentes e acção correctiva

- Investigação de acidentes e acção correctiva

- Obrigações de cumprimento, incluindo os resultados da introdução de um novo regulamento.

Vários métodos podem ser concebidos para capturar oportunidades de melhoria no sistema,
dependendo da estrutura, actividades e risco dentro da organização. Os métodos escolhidos devem
considerar o seguinte:

- Meios de notificação, incluindo incidentes envolvendo trabalhadores e partes interessadas.

- Tempo para a comunicação.

- Como será registada a informação documentada, por exemplo relatórios de acidentes.

- Relatórios de defeitos, relatórios de gestão...

- Participação de trabalhadores em investigações para a análise da causa raiz.

- Sistema estruturado para prevenir a recorrência.

- Hierarquia de medidas de controlo para reduzir os riscos.

- Avaliação dos riscos SST antes da introdução de uma acção correctiva para evitar a introdução de
novos perigos.

- Formação e competência dos trabalhadores e das partes interessadas

A empresa está também interessada nos meios de comunicação de riscos, incidentes e


oportunidades de melhoria no SST.

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4.10.2 Cláusula 10.2 Incidentes, Não Conformidades e Acções Correctivas

Ao contrário dos sistemas de gestão ISO 9001 e ISO 14001, a ISO 45001 apresenta o
"incidente" juntamente com a não-conformidade e a acção correctiva. A cláusula 3 "Termos e
definições" fornece os parâmetros dentro dos quais um "incidente" pode ser interpretado e
relatado. Um "incidente" é um evento que não resulta num ferimento e/ou doença. Por
conseguinte, a organização deve implementar um sistema de relatórios que recolha os eventos que
não tenham sido previstos nos processos do sistema de gestão. Estes são frequentemente referidos
como "potenciais incidentes". Quando um potencial incidente é relatado, pode haver um processo
em que são registados no âmbito de um relatório de não-conformidade, enquanto os resultados
estão a ser investigados.

Para a correcta gestão desta secção nas empresas, é aconselhável documentar um


procedimento ou uma ficha de processo para assegurar a sua correcta gestão.

Os incidentes podem ser transformados em acidentes. Há que conduzir a sua investigação


em todos os casos.

Os objectivos de uma investigação de acidente são duplos:

- Directo:

 Conhecer os factos do que aconteceu.


 Deduzir as causas que as produziram.

- Preventivo:

 Eliminar as causas para evitar casos semelhantes.


 Tirar partido da experiência para a prevenção.

A formação na investigação das causas dos acidentes de trabalho promove uma cultura de
prevenção: serve para erradicar o conceito de "acto inseguro" como causa determinante dos
acidentes de trabalho.

4.10.3 Cláusula 10.3 Melhoria Contínua

A fim de evidenciar este requisito, as empresas devem estabelecer um processo como o que
se segue:

- Identificar fontes de melhoria contínua (Resultados de inspecções, resultados de auditoria, entrada


da trabalhadores, contribuições de outras partes interessadas).

- Estabelecer canais de comunicação para uma melhoria contínua.

- Estabelecer as responsabilidades para a revisão e aprovação das acções de melhoria.

- Promover a melhoria contínua.

-Disseminar os resultados da melhoria contínua.

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-Documentar os resultados e benefícios das acções de melhoria contínua

5. PASSOS PARA A CORRECTA IMPLEMENTAÇÃO E CERTIFICAÇÃO


Em seguida apresentam-se os 10 passos possíveis necessários para levar a cabo a
implementação correcta e alcançar, se for o caso, a certificação do sistema ISO 45001.

- PASSO 1: SENSIBILIZAÇÃO

 A organização que pretende implementar a ISO 45001 deve aumentar a sensibilização para
as várias normas do sistema.
 Reuniões de formação para os diferentes níveis de gestão, o que ajudará a criar um
ambiente motivador, pronto para implementação.

- ETAPA 2: POLÍTICA E OBJECTIVOS

 A organização deve desenvolver uma política SST e objectivos relevantes para ajudar a
satisfazer os requisitos.
 Quando se trabalha com a direcção, a empresa deve realizar workshops a todos os níveis do
pessoal de gestão para delinear objectivos.

- ETAPA 3: ANÁLISE INTERNA

 A organização deve identificar e comparar o nível de conformidade com os requisitos da


nova norma a ser implementada.
 Todo o pessoal relevante deve compreender as operações da organização para desenvolver
e implementar um mapa do processo.

- ETAPA 4: DOCUMENTAÇÃO

 A organização deve criar a documentação necessária para cumprir a norma ISO e facilitar o
seu cumprimento.
 Os procedimentos ou fichas de processo, instruções de trabalho... devem ser escritos e
aprovados de acordo com o estabelecido.

- ETAPA 5: IMPLEMENTAÇÃO

 Os processos e documentos desenvolvidos na etapa 4 devem ser implementados em toda a


organização e abranger todos áreas e actividades.
 Serão tidas em conta as directrizes estabelecidas no n.º 4 deste manual.

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- ETAPA 6: AUDITORIA INTERNA

 Um sistema robusto de auditoria interna é essencial. É recomendada a formação da equipa


para a organização da auditoria.
 É importante implementar acções correctivas para as melhorias identificadas durante a
auditoria, a fim de colmatar as deficiências e assegurar a eficácia do sistema de gestão.

- PASSO 7: REVISÃO DA GESTÃO

 A gestão deve rever vários aspectos exigidos por padrão na organização, que são relevantes
para a implementação.
 A política, os objectivos, os resultados da auditoria interna, os resultados do desempenho do
processo, os resultados das queixas, conformidade legal, resultados da avaliação do
risco/incidente e desenvolver uma acção e um registo de revisão.

- ETAPA 8: ANÁLISE DE LACUNAS

 Tem de realizar uma análise de lacunas para avaliar a eficácia e conformidade da


implementação do sistema na organização.
 Esta análise de lacunas irá preparar a organização para a auditoria final de certificação.

- ETAPA 9: ACÇÕES CORRECTIVAS

 A organização estará pronta para a auditoria de certificação final, desde que a análise das
lacunas e todas as não conformidades (NC) tenham sido corrigidas.
 Verificar que todas as NCs significativas estão fechadas e que a organização está pronta para
a auditoria final de certificação.

- ETAPA 10: CERTIFICAÇÃO

 Se a auditoria tiver sido concluída satisfatoriamente com uma empresa acreditada que
garante a validade do processo, a organização receberá o certificado.

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6. BIBLIOGRAFIA

Abrahanson, S., Hansson, J., & Isaksson, R. (2010). Integrated management systems : advantages,
problems and possibilities . In 13th Toulon-Verona. Coimbra, Portugal.

APCER. (2010). Associação Portuguesa de Certificação. Guia Interpretativo ISO 45001:2018 Portugal:
Leça da Palmeira.

Azevedo, R. (2009). Sistemas Integrados de Gestão da Qualidade, Ambiente e Segurança. Obtido de


http://naturlink.sapo.pt/Natureza-eAmbiente/Gestao-Ambiental/content/Sistemas-Integrados-
deGestão-da-Qualidade Ambiente-e-Segurança

Corrêa, A. A. (2004). Avaliação de um sistema integrado de gestão: um estudo na indústria


automotiva (Dissertação de mestrado). Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Implementação ISO 45001:2018 na Aveleda S.A. , Sara Raquel Nunes Pacheco, 2019 Universidade do
Porto

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