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XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

ANÁLISE PRELIMINAR DA RBV (RESOURCE-BASED VIEW – VISÃO BASEADA


EM RECURSOS) NA PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO NA UNIVERSIDADE
DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE

Dênio Murilo de Aguiar


Victor Rafael Laurenciano Aguiar
Fabíola Possamai
Evandro Bittencourt
XX ENANGRAD Joinville / SC | 28 a 30 de outubro de 2009

Teoria Geral da Administração – TGA

ANÁLISE PRELIMINAR DA RBV (RESOURCE-BASED VIEW – VISÃO BASEADA


EM RECURSOS) NA PRÓ-REITORIA DE ADMINISTRAÇÃO NA UNIVERSIDADE
DA REGIÃO DE JOINVILLE – UNIVILLE.

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Resumo

O artigo descreve os aspectos fundamentais da Administração Estratégica e a


evolução do assunto em questão passando pelos modelos SCP ( Structure Conduct
Performance – Estrutura, Conduta e Performance) , RBV (Resource-Based View –
Visão Baseada em Recursos) e Capacidades Organizacionais (Organizational
Capabilities – OC). Com este embasamento teórico se faz uma análise empírica dos
recursos utilizados na Universidade da Região de Joinville - Univille, sob
responsabilidade da Pró-Reitoria de Administração, que podem lhe garantir
vantagem competitiva. Ressalta-se que exceto as universidades públicas, as demais
passam por uma forte concorrência e competição para buscar e reter acadêmicos.
Assim, diferenciais devem ser buscados constantemente. O objetivo desse artigo é
estudar, através de uma pesquisa qualitativa e estudo de caso, como as atividades
de suporte na Universidade (Marketing, Recursos Humanos, Finanças, Patrimônio e
Tecnologia da Informação) influenciam no tripé Ensino, Pesquisa e Extensão,
contribuindo na construção de diferenciais e na obtenção de vantagem competitiva
sustentável.

Palavras-chave: RBV(Resource-Based View), recursos, universidade

Abstract

The article describes the basic aspects of the Strategic Administration and the
evolution of the subject in question passing for models SCP (Structure Conduct
Performance), RBV (Resource-Based View) e Organizational Capabilities (OC). With
this theoretical basis it is made an empirical analysis of the resources used in the
University of the Joinville Region - Univille, under responsibility of the Pro-Rectory of
Administration, that can guarantee competitive advantage to it. It is stand out that
except the public universities, the others pass through a strong rivalry and
competition to search and to hold back academics. Thus, differentials must be
searched constantly. The objective of the article is to study, through a study case and
a qualitative research, how the activities of support in the University (Marketing,
Human resources, Finances, Patrimony and Technology of the Information) influence
the tripod Education, Research and Extension, contributing in the construction of
differentials and the attainment of sustainable competitive advantage.

Key-words: RBV (Resource-Based View), resource, university

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1. Introdução

Uma teoria emergente nos últimos anos na esfera da estratégia organizacional, a


RBV (Resource-Based View), dá suporte a uma análise dos recursos administrativos
na Universidade da Região de Joinville – Univille. Serão utilizados uma série de
modelos teóricos que estão relacionados com o foco principal de análise. Assim, não
se pode esquecer das contribuições de Porter (1980) com suas Forças Competitivas
da Indústria (determinismo ambiental) e da sua posterior Cadeia de Valores
(voluntarismo organizacional). Porter considerou a firma como um conjunto de
atividades, já a RBV como recursos. Autores como Barney (1991) e Peteraf (1993)
são defensores da Visão Baseada em Recursos. Segundo Bandeira-de-Melo e
Cunha (2006) observa-se uma extensão da perspectiva da Competição Baseada em
Recursos, ou seja, a perspectiva das Capacidades Organizacionais ou
Organizational Capabilities (DOSI, NELSON e WINTER, 2000), que vai contrapor-se
às perspectivas baseadas no paradigma estrutura-conduta-performance da
Economia Industrial lideradas por Porter (1980).
Percebe-se então uma agregação contínua de conteúdos, uma evolução das
análises que promovem um enriquecimento do corpo teórico, dando uma
sustentação mais firme para a análise empírica, principalmente em universidades
que apresentam uma natureza de atividades distintas da indústria e do comércio,
embora venham competindo progressivamente em um mercado de livre
concorrência, com dificuldades para preencher as vagas nos diversos cursos
oferecidos e também para manter o acadêmico até a finalização do curso
(formatura).
A profissionalização da gestão universitária surge como uma saída para os
desafios crescentes enfrentados pelas Instituições de Ensino Superior. Muitas
críticas têm surgido por parte de correntes pedagógicas que afirmam que a
educação sofre atualmente um processo de mercantilização. Em muitos casos
entende-se que realmente este fenômeno seja real principalmente em algumas
Instituições de Ensino Superior, como as faculdades particulares, mas que vem
sendo mais fiscalizadas pelo Ministério da Educação, atento a queda da qualidade
de ensino e ao despreparo profissional de muitos formandos. O Governo Federal
utiliza mecanismos de avaliação (como o Provão do MEC e atualmente o ENADE –
Exame Nacional do Desempenho dos Estudantes) além de Comissões do Conselho
Estadual de Educação para podar ou fazer evoluir os diversos cursos de graduação.
Em Santa Catarina há um sistema interessante na esfera do Ensino Superior. O
sistema federal é representado pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), o estadual através da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC),
as comunitárias ou municipais (UNIVILLE, UNIVALI, FURB, UNISUL, UNOESC,
UNIPLAC, UNC...) e as particulares que têm fins lucrativos. As Universidades
Federais e Estaduais não dependem de mensalidade pois são mantidas pelo
governo, investem muito mais em pesquisa e extensão e na maior parte de seus
cursos a procura é muito maior que a oferta de vagas. As particulares enfatizam o
ensino em cursos que geram retorno financeiro. As comunitárias ficam no entre
meio, já que precisam das mensalidades para se manter e são muito cobradas em
termos de cumprir seu papel social, o que significa que precisam investir em
pesquisa e extensão e competir no ensino com os demais grupos de universidades e
outras instituiçoes de ensino particular como as faculdades ou centros universitários,
com o apoio mínimo do poder público.
Neste contexto insere-se este estudo preliminar, com suas peculiaridades e

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particularidades expostas acima, procurando fazer uma confrontação da teoria


avançada na área estratégica com o gerenciamento de recursos na área
administrativa da UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville. A metodologia a
ser utilizada baseia-se na observação e experiência prática de um dos autores do
artigo, que trabalha há mais de 10 anos na referida universidade em diferentes
ocupações.

2. A criação de vantagens competitivas


D’ Aveni (1995), aborda um modelo para as circunstâncias emergentes da
competição em ambientes intensos e dinâmicos, a que chama de “hipercompetição”.
Para o autor, tecnologia revolucionária, globalização, novos métodos comerciais,
técnicas radicalmente novas de comunicação e processamento de informações e
equipamentos industriais flexíveis afetam o mundo e as organizações. A
hipercompetição é um ambiente de intensas mudanças, aonde concorrentes
flexíveis, agressivos e inovadores invadem mercados erodindo, fácil e rapidamente,
a vantagem de protagonistas grandes e com bom market share.
Uma questão fundamental para a sobrevivência organizacional em um ambiente
competitivo é a criação de uma vantagem competitiva, o que Prahalad (1998) chama
de competência essencial, ou seja, uma qualificação obtida e que seja difícil de
imitar, pelo menos a curto e em médio prazo. A educação continuada torna-se fator
crucial nesta busca de agregação de valor, a incessante perseguição do ser
diferente e melhor. Mas como superar as limitações e ter um lugar de destaque num
cenário de recursos escassos e de acirramento da concorrência?
Pode-se responder: com inovação, através da criatividade. Parece simples,
porém torna-se complexo na medida em que as pessoas tangenciam a busca da
inovação e da criatividade. Alguns podem imaginar que a criatividade surge
simplesmente do acaso, em um momento iluminado de devaneio e sonho. Mas a
verdade é que inovar exige preparação, observação, percepção, estudo, análise e
síntese (AGUIAR, POSSAMAI & AGUIAR, 2003).
Neste sentido, pode-se perguntar a respeito da responsabilidade por esta
renovação do produto, do serviço. O computador, a máquina, o robô, a tecnologia
inovam? As reflexões levam ao centro da charada: quem inova é o ser humano.
Pessoas pensam, raciocinam e criam o novo, promovem a evolução, modificam,
fazem a diferença.
Para construir a organização inteligente, Pinchot (1994) propõe liberdade de
escolha e responsabilidade pelo todo. O título da sua obra aponta o centro da
inteligência organizacional: “O poder das pessoas”. Senge (1992) baseia a sua
chamada organização de aprendizagem em cinco disciplinas: domínio pessoal,
modelos mentais, trabalho em equipe, objetivo comum e raciocínio sistêmico.
Observa-se que estas disciplinas são levadas a efeito pelo potencial dos seres
humanos que compõem a instituição.
Segundo comportamentalistas a necessidade é um estado de carência, algo que
faz falta para alguém e que precisa ser suprido. A demanda social expressa esta
necessidade. Conforme Drucker (1995), vive-se em uma sociedade de
organizações, então nada melhor do que perceber as lacunas a serem preenchidas
na construção, sobrevivência e expansão organizacional para suprirmos as
necessidades da comunidade como um todo.
Sem dúvida, as marcas dos tempos contemporâneos são inconfundíveis pela
velocidade com qual os recursos tecnológicos e científicos são utilizados não só pelo

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setor produtivo como também pela sociedade, de um modo geral. A dinamicidade na


criação e uso de novos recursos modificou o modo de produção, a distribuição da
força de trabalho e a qualificação dos trabalhadores. Também é evidente que a
concorrência no mercado interno e mundial exige que os países desenvolvam forte
capacidade inovadora em produtos e serviços (AGUIAR, POSSAMAI & AGUIAR,
2003)
A educação, passa a ser vista como forte diferencial competitivo capaz de
alavancar o desenvolvimento dos países. Mas que tipo de educação seria capaz de
favorecer o desenvolvimento social e econômico de um país? No Brasil, o Ministério
da Educação e Cultura (2007), entende que

a agilidade e a qualidade na formação de graduados da


educação profissional, ligados diretamente ao mundo do
trabalho, viabilizará o aporte de recursos humanos necessários
à competitividade do setor produtivo ao mesmo tempo em que
amplia as oportunidades de novos empreendimentos.

Percebe-se a criação de uma vantagem competitiva para a universidade e para


as empresas. A universidade melhora a sua imagem em virtude da necessidade
social, diferenciando-se ou procurando se diferenciar pela qualidade de ensino,
obtida através de seus recursos mercadológicos, humanos, financeiros, patrimoniais
e de informatização, fornecendo uma heterogeneidade em relação à concorrência.
Porter (1989) alerta para várias forças competitivas que tornam a sobrevivência
organizacional extremamente dependente do potencial humano. São elas: poder de
barganha do fornecedor, poder de barganha do consumidor, rivalidade entre os
concorrentes, entrantes em potencial (novos concorrentes) e produtos substitutos
(novas tecnologias que podem substituir os atuais produtos existentes no mercado).
A seguir analisar-se-á a adaptação estratégica com a visão determinista e
voluntarista para na seqüência enfatizar a RBV (Resource Based-View) como fonte
na busca da vantagem competitiva em termos teóricos e práticos na Universidade da
Região de Joinville (UNIVILLE).

3- Adaptação Estratégica
A Escola da Administração Científica (Taylor, 1911 e seguidores) e a Burocracia
( Weber, 1947) consideravam que o sucesso das organizações estava relacionado
somente com a capacidade de organizar suas estruturas da maneira mais eficiente
para cumprir os objetivos organizacionais, que não levavam em consideração
aspectos do ambiente externo.
Com a evolução da Teoria da Administração, passou-se a admitir que as pessoas
e os grupos dependiam de um ambiente mais amplo, para ter suas necessidades
satisfeitas. Isso fez surgir o enfoque sistêmico. Na Teoria dos Sistemas (KATZ e
KAHN, 1966), as organizações são vistas como sistemas abertos, em constante
interação com seu ambiente.
O foco no ambiente e a tentativa de buscar equilíbrio entre a organização e o
ambiente ganha força com a Teoria Contigencial (LAWRENCE e LORSH, 1967)
desenvolvida a partir dos resultados de Burns e Stalker (1961). Os contingencialistas
se esforçavam no sentido de descobrir o tipo ideal de estrutura para cada ambiente.
As teorias do processo adaptativo procuram explicar como ocorre o
relacionamento entre ambiente e organização. A classificação de Astley e Van de
Vem (1983 ) utiliza o critério do poder de influência entre organização e ambiente.

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Segundo os autores, as perspectivas teóricas contemporâneas sobre adaptação


estratégica podem ser posicionadas ao longo de um continuum situado entre dois
extremos mutuamente excludentes:
a) determinismo ambiental: o ambiente impõe restrições às organizações e
determina as ações mais eficazes; e
b) voluntarismo organizacional: as organizações conseguem modificar o
ambiente em proveito próprio.
As perspectivas deterministas – tais como, a Ecologia das Populações ou
Seleção Natural e a Perspectiva Institucional – atribuem grande valor ao ambiente
organizacional, que exerce influência sobre a efetividade das organizações. Os
executivos e tomadores de decisão das organizações não teriam a capacidade de
atenuar o poder do ambiente, apenas de tentar descobrir o que seria aceito e
selecionado pelo mercado.
Já as perspectivas voluntaristas – tais como, a Seleção Racional, a Dependência
de Recursos e a Escolha Estratégica – consideram que as organizações exercem
livremente suas escolhas estratégicas, pois seus dirigentes têm a capacidade de
intervir, ou influenciá-lo em proveito próprio.
A classificação de Hrebiniak e Joyce (1985) admite que voluntarismo e
determinismo ambiental podem coexistir independentemente um do outro. A
adaptação é vista como um processo dinâmico resultante do nível de poder da
organização para influenciar o ambiente e do nível de determinismo ambiental.
Finalmente, Lewin e Volberda (1999) reúnem teorias de diversas origens que
contribuem para a explicação do processo de adaptação estratégica das
organizações. As teorias são classificadas em função de sua origem na Sociologia,
na Economia e na Teoria da Estratégia e Desenho Organizacional, conforme suas
contribuições para o debate entre voluntarismo organizacional e determinismo
ambiental.
De uma forma geral, é evidente que a discussão gira em torno da questão do
determinismo ambiental e do voluntarismo das organizações (HALL, 1990). Em
termos de gestão universitária, principalmente nas comunitárias (caso da Univille), o
ambiente organizacional (fornecedores, concorrentes, “clientes”, entidades
reguladoras, variáveis sociais, políticas, econômicas e tecnológicas) ganha força
extraordinária nos últimos anos. O crescimento das faculdades particulares leva a
uma competição cada vez mais acirrada. Para enfrentar esta turbulência externa,
considera-se fundamental desenvolver as áreas e recursos internos (voluntarismo
organizacional) como fonte de adaptação estratégica e vantagem competitiva.

3.1 - A visão determinista

3.1.1 - Perspectiva da Ecologia das Populações ou Seleção Natural


A Teoria Contingencial não considera questões importantes como a escassez de
recursos e a relação de poder entre organização e ambiente. Para corrigir esse
problema, desenvolveu-se a perspectiva da Ecologia das Populações (MORGAN,
1996).
Em sua tese de Doutorado, Bandeira-de-Mello (2002), afirma que essa
perspectiva foi desenvolvida inicialmente por Aldrich e Pfeffer (1976) e Hannan e
Freeman (1977). A Ecologia das Populações é uma teoria do comportamento macro-

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organizacional com raízes na Sociologia (LEWIN; VOLBERDA, 1999) que enfatiza o


determinismo ambiental. Continua o mesmo autor, “ ela considera que o ambiente
tem poder para selecionar quais estratégias e formas organizacionais são mais
adequadas , sendo as organizações incapazes de intervir na seleção ou de se
adaptarem, ficando à mercê do ambiente.

3.1.2 - Perspectiva Institucional


A Perspectiva Institucional, a exemplo da Ecologia das Populações, é uma teoria
de comportamento macro-organizacional, com raízes na Sociologia, que considera
forças externas à organização como determinantes no processo que conduz ao
surgimento de formas organizacionais semelhantes.
Pressupõe que a influência sobre as organizações é exercida por grupos ou
normas sociais, tanto internas quanto externas ( Zucker, 1987). Para Ogawa ( 1994)
essa perspectiva considera que o comportamento dos atores, tanto individuais
quanto coletivos, resulta da influência de instituições tais como regras sociais que
acabam formando as teorias culturais, as ideologias dominantes e as prescrições
sociais. Para Alperstedt, 2000, as pressões exercidas para que a organização se
conforme a essas regras e normas, acabam guiando seus comportamentos, os quais
tenderão a ser compatíveis às forças institucionais. A preocupação em se conformar
as regras e normas ditadas pelo ambiente, originam, assim, uma uniformidade nas
organizações. Essa tendência a igualdade de forma e estrutura em relação ao
ambiente organizacional é denominada isomorfismo.

3.2 - A visão voluntarista

3.2.1 - Abordagem da Seleção Racional

Esta abordagem pressupõe que, dada as condições ambientais, os


administradores das organizações eficientes possuem a capacidade e a habilidade
racional para selecionar as estruturas e os processos que melhor se adequam ao
ambiente considerado (MILES e SNOW, 1978). A habilidade racional, neste caso,
refere-se a adequação dos meios aos fins buscando atingir a eficiência máxima da
organização (ALPERSTEDT, 2000).
A Seleção Racional representa um avanço em relação à Seleção Natural através
da atribuição da capacidade de decisão aos membros da organização. Recebe
críticas no que tange à “racionalidade limitada” de Simon (1979), segundo a qual é
impossível a um tomador de decisão levantar o total de alternativas possíveis dentro
de uma certa situação, assim como é impossível a organização atingir a eficiência
máxima.

3.2.2 - Perspectiva da Dependência de Recursos


Pfeffer e Salanick (1978) sugeriram a Perspectiva da Dependência de Recursos,
ressaltando a posse de recursos críticos pela empresa como a base para o exercício
do seu poder interorganizacional.
Nesta Perspectiva, o ambiente continua sendo determinante na adaptação, na
medida em que os recursos necessários para a operação da organização estão
contidos nele, tais como energia, recursos financeiros, materiais e tecnológicos.

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Porém a característica voluntarista de Dependência de Recursos, admite que a


organização tenta intervir no ambiente, modificando-o em função de seus interesses
estratégicos e possibilitando a implementação de escolhas estratégicas pela
gerência (BANDEIRA-DE-MELLO, 2002).
O modelo da dependência de recursos pressupõe que as organizações não são
capazes de gerar todos os recursos que necessitam para sua sobrevivência. Da
mesma forma, nem todas as atividades de que uma organização necessita podem
ser por elas desempenhadas de forma a torná-la auto-suficiente (HALL, 1984).
Essas condições significam que as organizações dependem de seu ambiente
externo para obtenção de recursos ou atividades necessárias ao seu funcionamento
(capital, matérias-primas, pessoas, informações, tecnologias, operações de
serviços, entre outros recursos).
Assim, no modelo de dependência de recursos, o ambiente é considerado como
um grande depósito de recursos (CUNHA, 1996). Segundo Alperstedt (2000),
baseado na abordagem da economia política (HALL, 1984), o modelo mostra o fato
de que, embora as necessidades organizacionais sejam crescentes e ilimitadas, os
recursos disponíveis no ambiente são limitados.

3.2.3 - Abordagem da Escolha Estratégica


A abordagem da escolha estratégica defende que as pessoas responsáveis pela
tomada de decisão organizacional (líderes ou coalizões) não só adaptam a estrutura
e os processos organizacionais às demandas ambientais, mas também são
responsáveis por manipular o ambiente no sentido de fazer com que este entre em
conformidade com os objetivos organizacionais (MILES e SNOW, 1978; MILES e
CAMERON, 1982). Para Alpertedt (2000) essa consideração de atribuir à
organização a capacidade de manipular o ambiente a seu favor constitui-se um
passo adiante dentro da teoria organizacional.

4. A RBV e as Instituições de Ensino Superior


Segundo Bandeira-de-Mello e Padilha (2007, p. 6), “a RBV tem ganhado bastante
espaço entre os pesquisadores do Brasil e o volume de pesquisas e publicações
utilizando a RBV como perspectiva teórica tem sido expressivo nestes primeiros
anos da década de 2000.” Assim considera-se importante fazer relações entre esta
teoria e a realidade da gestão universitária, principalmente no caso de Universidades
que competem no “livre mercado”. Assim, pode ser encontrada na análise dos
recursos universitário uma forma diferente de se encarar a gestão universitária, cuja
deficiência é flagrante em diversas Instituições de Ensino no Brasil.
Para Barney (1991, p. 101 e 102) três conceitos são fundamentais para a RBV: a)
recursos da empresa: todos os ativos, capacidades, processos organizacionais,
atributos da empresa, informações e conhecimentos controlados pela empresa e que
a permite conceber e implementar estratégias que melhore a sua eficiência e
efetividade; b) vantagem competitiva: pode-se dizer que uma empresa tem uma
vantagem competitiva quando ela implementa uma estratégia de criação de valor
que não é implementada simultaneamente por nenhuma outra empresa concorrente
e c) vantagem competitiva sustentada: ocorre quando os benefícios da vantagem
competitiva da empresa não podem ser obtidos por um concorrente, pela
impossibilidade de implementar a mesma estratégia que os produziu.

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Quanto à natureza, os recursos podem ser: a) recursos de capital físico (tecnologia


física utilizada na empresa, planta da empresa e os equipamentos; sua localização
geográfica; acesso à matéria-prima); b) recursos de capital humano (intangíveis)
(treinamento, experiência; julgamento; inteligência; relacionamentos; insights
individuais dos gerentes e dos trabalhadores da empresa) e c) recursos de capital
organizacional (organograma – firm’s formal reporting structure; planejamento formal
e informal; controle; sistema de coordenação; relações informais entre grupos da
empresa e entre a empresa e as outras no seu ambiente). (BARNEY, 1991, p. 101)
Neste item discorda-se de Barney (1991) no sentido de adaptar a concepção de
recursos a realidade universitária, e mais especificamente a Univille. Será, portanto,
utilizada a seguinte classificação de recursos: mercadológicos (serviços, preço,
propaganda, folders, out doors, banners, sinalizações, localização...), patrimoniais e
materiais (instalações, computadores, biblioteca, laboratórios, estacionamento, salas
de aula, restaurante universitário, centro de convivência, secretaria acadêmica...),
humanos (professores, funcionários, estagiários, treinamento, remuneração,
avaliação de desempenho, clima organizacional, capital intelectual), financeiros
(balanço patrimonial, receitas, despesas, fluxo de caixa, mensalidades, ativo,
passivo, patrimônio líquido) e recursos de tecnologia da informação (hardware,
software, internet, EaD – Educação à Distância, redes, bancos de dados, intranet,
comunicações internas). Justifica-se pela adequação à própria estrutura atual da
Pró-Reitoria de Administração da Univille.
Alguns recursos tem potencial de sustentar vantagens competitivas, outros não.
Segundo Barney (1991) para ter este potencial o recurso deve ser valioso, raro,
insubstituível e imperfeitamente imitável. Peteraf (1993, p. 186) apresenta quatro
condições para a sustentação da vantagem competitiva: heterogeneidade,
mobilidade imperfeita, limites ex-ante e ex-post à competição.

5. A perspectiva das Capacidades Organizacionais (OC) e a Universidade


Segundo Cunha e Mello (2001, p.5), “A perspectiva das Capacidades
Organizacionais – OC possui pressupostos semelhantes aos da escola processual
da RBV. Mais especificamente, preocupa-se em como diferentes formas de
conhecimento são utilizadas pela empresa em sua operação, combinando os
recursos existentes para criar, manter e renovar capacidades, e como conseqüência,
usufruir-se de rendas e retorno acima da média. Para a OC, o que torna a empresa
heterogênea são suas capacidades, únicas e impossíveis de imitação, as quais
constituem-se nas verdadeiras fontes de vantagem competitiva.” Dosi, Nelson e
Winter (2000) reúnem os trabalhos mais importantes sobre a OC.
Percebe-se uma interação entre as Capacidades Organizacionais (DOSI, NELSON
E WINTER, 2000) e a Organização de Aprendizagem ou Learning Organization
(SENGE, 1990), descrita através das cinco disciplinas (domínio pessoal, modelos
mentais, objetivos comum, trabalho em equipe e raciocínio sistêmico). Também,
pode-se relacionar com a Organização Inteligente (PINCHOT, 1994) baseada na
liberdade de escolha, responsabilidade pelo todo e governo central limitado em seu
livro “O poder das pessoas”.
Uma universidade precisa caminhar em direção da aprendizagem e inteligência
organizacional, tão bem como basear sua vantagem competitiva no conhecimento e
capacidades organizacionais, já que o centro de sua atuação está no ensino, na
pesquisa e na extensão. “As capacidades organizacionais referem-se diretamente ao
conhecimento adquirido e aculturado em rotinas, as quais utilizam os ativos e

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habilidades individuais, recursos da empresa, para concretizarem as capacidades


em “fazer as coisas”, ou seja, seu know-how.” (CUNHA E BANDEIRA-DE-MELLO,
2001, p.7).

6. Metodologia
A metodologia utilizada para a análise foi baseada na experiência, em dados
institucionais e observações de um dos autores do artigo na Univille (Universidade
da Região de Joinville) , relacionando com a teoria estudada na disciplina
“Fundamentos de Administração Estratégica”, no Doutorado em Administração e
Turismo da Univali (Universidade do Vale do Itajaí). Essa experiência é baseada em
12 anos trabalhando na Univille como professor das disciplinas Fundamentos de
Administração, Teorias de Administração, Administração Mercadológica,
Administração de Recursos Humanos e Planejamento Estratégico na graduação e
pós-graduação a nível de especialização. Na área administrativa há mais de cinco
anos como Coordenador do Curso de Administração e entre 2007 e fevereiro de
2008 como Assessor da Pró-Reitoria de Administração.
A Univille é uma Universidade jovem, que tem cerca de 12.000 alunos nos cursos
de graduação e pós-graduação com campi em Joiville – SC (Bairro Bom Retiro e
Unidade Centro), São Bento do Sul - SC e São Francisco do Sul - SC . Possui como
missão “Promover a formação de cidadãos comprometidos com a sociedade e
contribuir para o desenvolvimento sustentável, atuando em ensino, pesquisa e
extensão” e como visão “Queremos ser referência como universidade inovadora,
sustentável, acessível e comprometida com a sociedade, tendo como foco o ensino,
a pesquisa e a extensão.”
Portanto, consiste em um estudo de caso, focado em uma universidade
comunitária. Caracteriza-se por ser uma pesquisa qualitativa, baseada em
descrições de dados, fatos e situações vivenciadas no cotidiano da instituição em
estudo. Neste tipo de pesquisa, o pesquisador faz o contato com os pesquisados em
seu ambiente de trabalho, tendo como resultado, a descrição dos fatos a partir da
perspectiva dos pesquisados.
Os objetivos do trabalho consistem em fazer uma análise dos recursos da Univille
sob a ótica da Visão Baseada em Recursos (RBV), propor uma síntese das
potencialidades e fragilidades da instituição em relação à gestão de seus recursos,
instigar a continuidade da pesquisa devido a amplitude do tema e fazer indagações
a serem respondidas em estudos futuros.

7. Análise dos Recursos Administrativos na Univille

7.1 Recursos Mercadológicos


Em primeiro lugar cabe analisar os recursos mercadológicos. A Univille possui
um setor de Marketing subordinado hoje ao Pró-Reitor de Administração. Possui
uma sala pequena equipada com computadores que abriga jornalistas,
comunicadores e estagiários além da área comercial que é responsável pelas
relações com as empresas e comunidade. Em termos de estrutura pode-se afirmar
que os recursos são limitados e gastos principalmente em campanhas para atrair
candidatos para o Vestibular, divulgando a universidade o ano inteiro, porém de
maneira mais enfática nas épocas dos concursos de verão e inverno.
Abordar marketing na Universidade não deixa de ser problemático. Primeiro, que
existem diversos cursos em áreas diferentes: área das ciências sociais aplicadas

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(administração, contabilidade, economia), ciências da saúde (odontologia, medicina),


ciências exatas (engenharias, matemática), ciências humanas (geografia, história,
pedagogia, letras), entre outros, e cada um querendo se sobressair, procurando uma
divulgação maior, achando-se mais importante que os demais. Segundo, que para
muitos docentes a Universidade “não precisa de marketing”, “educação não é
mercadoria” e assim por diante.
Os serviços a serem divulgados pela área mercadológica são principalmente os
cursos de graduação, seguidos pelos de pós-graduação, pesquisa e extensão,
atividades fins da Universidade. Os preços das mensalidades são calculados pela
área financeira. Hoje um atrativo tem sido as bolsas de estudo com recursos
próprios ou do governo que vem alavancando as matrículas. A logística, ou seja, a
localização da Univille não favorece o marketing por estar em uma região distante do
centro da cidade e dos principais bairros. O deslocamento torna-se mais um gasto
importante para os estudantes da Universidade.
O composto promocional envolve os principais recursos nesta área. A
contratação de agências de publicidade para conduzirem uma determinada
campanha é bastante comum. Os recursos destas agências são mais específicos,
modernos, com filmadoras, computadores, edição gráfica, contatos com redes de
televisão e rádio, entre outros, como sendo o foco central do seu negócio, podendo
assim oferecer um serviço especializado e de mais alta qualidade. A Univille conta
com o curso de design e seu laboratório que auxilia em termos de folders, cartazes,
fotografias, revistas, jornais, além de contar com o apoio da Editora própria da
Universidade, que consiste em um recurso valioso principalmente na divulgação de
obras e trabalhos dos professores e técnico-administrativos da Instituição.
Os recursos mercadológicos vêm evoluindo continuamente na Universidade. Um
sonho antigo consiste em um prédio que abrigue o marketing e o design em um
espaço único e adequado, com mais equipamentos, instalações modernas, com
integração e trabalho conjunto. A contratação de agências muitas vezes encarece as
campanhas mercadológicas universitárias. O projeto de sinalização interna, por
exemplo, foi uma parceria entre o Marketing e o Departamento/ Laboratório de
Design. Existem profissionais altamente capacitados (recursos humanos), porém
falta integração e entendimento. Espera-se que o Marketing pode ser uma forte fonte
de vantagem competitiva para a Univille, na medida em que existem muitos
trabalhos e recursos que precisam ser divulgados e chegarem até a comunidade
como será demonstrado a seguir.

7.2 - Recursos Materiais e Patrimoniais


Quanto aos recursos materiais e patrimoniais a Univille conta com uma estrutura
diferenciada. Todas as salas de aula possuem climatização, computador, data show
e internet. O diário eletrônico permite chamada informatizada na própria sala de aula
garantindo transparência, economizando tempo do professor e trabalho na
Secretaria Acadêmica. As salas são amplas, cadeiras estofadas, bem iluminadas,
com recursos multi mídia possibilitando passar filmes, DVDs... Os acessos possuem
rampas, escadas e elevadores denotando a preocupação com a responsabilidade
social.
A biblioteca é nova, ampla, possui quatro andares, sendo uma das mais
modernas do Brasil. Completamente climatizada e informatizada, possui livros e
periódicos atuais nas mais diversas áreas do conhecimento. Tem auditório, salas de
estudo individuais e coletivas e no último piso possui centenas de computadores a

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disposição da comunidade acadêmica com acesso irrestrito a internet, auxiliando em


pesquisas e trabalhos docentes e discentes. Exaltada pelas Comissões de Avaliação
de Curso que visitam a Univille, os recursos da Biblioteca Universitária propiciam um
diferencial, uma agregação de valor para seus estudantes em relação a
concorrência, fato reconhecido até por estes concorrentes cujas Bibliotecas são
muito inferiores em termos de qualidade e quantidade de acervo bibliográfico.
Os laboratórios apresentam computadores e softwares avançados, possibilitando
aulas práticas de excelente qualidade. Os cursos de Odontologia e Medicina
possuem Clínicas modernas, fruto de benchamarking com as mais avançadas
Universidades do Brasil. Realmente as instalações físicas são recursos que
conferem uma reputação muito positiva aos referidos cursos. Percebe-se claramente
que a Univille priorizou ao longo dos últimos anos investimento em qualidade de
ensino em detrimento da expansão em termos de quantidade e aumento do número
de campi universitários, o que só agora começa a ocorrer, com a inauguração da
Unidade Centro e São Francisco do Sul.
O Restaurante Universitário foi uma conquista no ano de 2007, tão bem como, o
espaço de integração para professores e funcionários. A Reitoria vem priorizando
qualidade de vida para os colaboradores da Universidade, reconhecendo que eles
são o recurso mais valioso da Instituição. São construções modernas, de design
arrojado, e que vêm se constituindo em espaço de lazer e convivência.
Em 2008 foi concluído o fechamento do Campus Universitário. Criticado por
muitos por ser a Universidade espaço comunitário que deve ser aberto, tornou-se
uma necessidade em virtude dos problemas ocasionados pela falta de segurança.
Toda área do campus recebeu delimitadores de passagem/cercas na cor verde,
como uma menção a sua missão, relacionada ao meio ambiente. Construídas em
forma de portais modernos, as entradas serão controladas por uma empresa
terceirizada e o estacionamento será gratuito para a comunidade acadêmica.
Estacionamento grátis e seguro também pode se tornar um recurso valioso e raro
em termos de ensino superior na região.
Com a aquisição da recreativa do SESI (Serviço Social da Indústria) que
funcionava em área vizinha a Univille, a possibilidade de expansão em termos de
auditório, pós-graduação, tecnologia, pesquisa e extensão ganhou uma base ainda
maior em termos de recursos e espaço físico.

7.3 - Recursos Financeiros


Em termos de Finanças, embora a procura pelos cursos tenha sofrido constantes
ataques por parte de Instituições de Ensino Superior concorrentes, a Univille
apresenta uma saúde financeira invejável, fruto de sua política de “pés no chão”,
investindo conforme suas possibilidades, priorizando a folha de pagamento de
professores e funcionários que é paga rigorosamente em dia. Entende-se que a boa
gestão em termos de recursos financeiros têm influência significativa na atitude
diária dos colaboradores, na sua satisfação e forma como se relaciona com seu
público-alvo.
Os investimentos em termos de pesquisa e extensão são menores em relação as
Federais e Estaduais, porém maiores se comparada às particulares. Logicamente
que, em virtude da necessidade de sustentação financeira através das mensalidades
pagas pelos acadêmicos (principal fonte de recursos), os investimentos maiores são
em ensino, salas de aula, professores e estrutura administrativa. Afinal, o retorno do
investimento em pesquisa é de longo prazo, embora seja indiscutivelmente

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necessário para a formação de uma Universidade de qualidade, com reflexos na


sala de aula, ou seja, no ensino.
Apresenta-se aqui um verdadeiro dilema da universidade municipal comunitária,
pública de direito privado. Embora que se preconize o equilíbrio do tripé ensino,
pesquisa e extensão em termos de alocação de recursos na construção de uma
universidade diferenciada, na prática é necessário priorizar recursos para o ensino
em detrimento de pesquisa e extensão, buscando-se alternativas como parcerias
para viabilizar as duas últimas áreas.
Embora haja críticos de plantão no ambiente interno da universidade, esta
conjuntura explica a priorização de recursos e investimentos em prédios, salas de
aula, bibliotecas e laboratórios utilizados principalmente pelos diversos cursos de
graduação. Estes recursos inegavelmente são importantes no processo de
aprendizagem e se torna um atrativo para alunos do Ensino Médio que estão prestes
a ingressar na Universidade.
As despesas de manutenção da estrutura são relevantes (água, luz, telefone,
internet, limpeza, segurança, entre outros) e vem sendo racionalizadas pela Univille
através de estudos e comissões que propõem soluções para economizar. Isto vai ao
encontro a um dos ícones da publicidade, ou seja, ser reconhecida pela sua
responsabilidade social e ambiental. Aliás, o símbolo da Universidade (folhas de
árvore e livro/ caderno), a cor (verde), o slogan (universidade para a vida), sua
missão e visão procuram sempre reforçar esta concepção.

7.4 – Recursos Humanos


A gestão de pessoas se apresenta como um fator chave de sucesso fundamental
em uma instituição prestadora de serviços educacionais. É um recurso que pode
alavancar as Capacidades Organizacionais (DOSI, WINTER e NELSON, 2000) e
colaborar efetivamente para a construção da organização inteligente (SENGE, 1992
e PINCHOT, 1994). Em termos de qualificação atualmente a universidade tem no
quadro docente uma grande quantidade de mestres e doutores, cuja capacitação
docente vem sendo incentivada pela Univille, o que pode representar um diferencial
no ensino. Tem-se um plano de carreira e avaliação de desempenho por parte dos
acadêmicos em relação aos professores, tão bem como a auto-avaliação. Em
recente pesquisa de clima organizacional a maioria dos funcionários e professores
manifestou a satisfação em trabalhar na Universidade.
Em se tratando de docentes, a Univille tem em seu quadro os professores de
carreira (concursados para determinadas disciplinas) e os colaboradores. Os
professores de carreira têm certas garantias, que às vezes pode levar a apatia, ao
desinteresse em relação ao seu trabalho como docente por parte dos
colaboradores. Muitos colaboradores procuram “mostrar serviço” até serem
efetivados já que seus contratos são temporários (renovados anualmente conforme
a necessidade) e depois se sentem mais “seguros”, podendo entrar em uma área de
conforto, devido as garantias conquistadas. Existe também o professor que encara a
Universidade como “bico”, ou seja, trabalha de dia em uma empresa e à noite
leciona. Tem a vantagem de poder fazer uma relação mais estreita entre a teoria e a
prática, mas muitas vezes não tem o comprometimento suficiente. Por sua vez, o
professor em tempo integral ou até parcial, não raro se distancia da prática e sofre
cobrança por parte do aluno.
Apesar dos problemas citados, no geral o corpo docente da Univille é um recurso
valioso, raro e que tem sido um diferencial perante a concorrência. A Universidade

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tem incentivado o professor de tempo parcial e integral, a capacitação como já


enfatizado (Mestrado e Doutorado), a evolução e atualização das práticas
pedagógicas e a convivência e confraternização (celebrações, encontros,
seminários, discussões, palestras...). A pró-reitoria mantém um programa
permanente de qualificação da ação docente, abordando temas inovadores e
fundamentais para fortalecer a identidade da Univille expressa em sua missão e
visão.
O corpo técnico-administrativo e estagiários ainda é um ponto a ser melhorado,
principalmente nas áreas de atendimento aos acadêmicos (secretaria acadêmica,
financeiro, apoio ao estudante, secretárias dos departamentos, recursos humanos,
laboratórios...). Há muito amadorismo por parte de alguns profissionais, talvez por
falta de treinamento, insuficiência na remuneração e ausência de perspectiva de
evolução. O que poderia ser um diferencial hoje é fonte de reclamações. Agregue-se
a isso a falta de qualidade de alguns serviços terceirizados (segurança e fotocópias,
por exemplo), constituindo um ponto nevrálgico, reforçado por problemas de
comunicação e falta de integração entre os diversos setores. Este aspecto negativo
vem sendo cuidadosamente trabalhado pela gestão da Universidade, no sentido de
minimizá-lo até sua extinção.

8. Conclusões, Limitações e Sugestões para Novos Estudos


Ao descrever os recursos principais da Univille , procurou-se, primeiramente,
desenhar o cenário atual em que a criação de vantagens competitivas é essencial
para a sobrevivência das organizações. Deste aspecto pode-se ponderar que o
conhecimento e a inovação é a resposta mais adequada às organizações e, por
conseguinte, que a educação continuada agrega valor.
O Brasil apresenta crescimento vertiginoso nos números da expansão de vagas
do ensino superior e, ao mesmo tempo, uma necessidade em profissionalizar
pessoas, dadas as características de mudanças e imprevisibilidades atuais em todos
os setores da produção humana. No entanto, para criar um diferencial competitivo,
as organizações e, neste caso, a universidade precisa fazer uso adequado de seus
recursos, para satisfazer as expectativas dos futuros acadêmicos e profissionais,
oferecendo ensino, pesquisa e extensão adequados. A seguir, apresenta-se um
quadro resumo com os recursos que podem oferecer um diferencial para a Univille
(alguns já são diferenciais conforme análise acima, outros precisam ser
aperfeiçoados, sem deixar de enfatizar que não se pode ser o melhor em tudo, é
preciso priorização e posicionamento estratégico consciente).
Fazendo relação entre a RBV e os Recursos da Univille, percebe-se que existe
potencial para utilização de suas potencialidades internas para se diferenciar e
vencer a concorrência externa. Alguns pontos fortes se destacam na atualidade da
Universidade: a) o ser universidade, algo bastante enfatizado na utilização de
recursos mercadológicos e de comunicação, representando a ampliação do universo
de ensino através da ênfase em pesquisa e extensão; b) salas de aula climatizadas,
com computador, data show e internet (todas as salas); c) biblioteca ampla,
moderna, com grande número de títulos; d) professores capacitados, com
crescimento contínuo de mestres e doutores; e) ampliação das possibilidades de
bolsas de estudo e f) restaurante universitário e estacionamento seguro. Por outro
lado existem pontos que precisam ser aperfeiçoados: a) treinamento e plano de
carreira para os funcionários técnico-administrativos; b) integração com a
comunidade externa, principalmente com empresas da região e associações (ACIJ –

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Associação Empresarial de Joinville, AJORPEME – Associação de Joinville e Região


da Pequena e Média Empresa, CDL – Clube de Dirigentes Lojistas, SEBRAE -
Serviço Brasileiro de Apoio a Pequena e Micro Empresa, SENAI – Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial, SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem
Comercial, entre outros); c) comunicação entre os diversos setores e confiabilidade
dos bancos de dados e d) investimentos em pesquisa e extensão.

Quadro 1: Os Recursos na Univille


Mercadológicos Materiais e Financeiros Humanos Tecnologia da
Patrimoniais Informação
Serviços Biblioteca Solidez Professores Disco Virtual,
educacionais de ampla, financeira capacitados rede interna,
qualidade moderna, (Esp., Mestres comunicações
informatizada e Doutores.)
Composto Salas de aula Boa política de Plano de Laboratórios
Promocional com data show, investimentos carreira (hardware e
(propaganda, internet e em estrutura e priorizando software)
folders...) climatização tecnologia formação e
produção cient.
Bolsas de Laboratórios Salários em dia Bons salários EaD
Estudo
Opções de curso Segurança no Controle do Treinamento Internet e
estacionamento fluxo de caixa contínuo Intranet
Ser Restaurante Racionalização Colaboradores Suporte, diário
Universidade universitário de despesas comprometidos eletrônico
Fonte: Primária, 2009
O futuro da pesquisa em termos de gestão e recursos universitários precisa dar
resposta a muitos questionamentos. Sugere-se o aperfeiçoamento deste estudo
preliminar, aprofundando-se o conteúdo e evoluindo na metodologia (entrevistas,
análise de documentos, utilização de dados estatísticos, análise de conteúdo,
pesquisa de clima organizacional e com alunos/ comunidade...). Alguns temas de
investigações futuras são propostos:
- Qual é o verdadeiro papel do marketing e seus recursos em uma instituição
universitária? Quais são as prioridades em termos de comunicação com a
comunidade interna e externa?
- Como transformar a área de Recursos Humanos na Universidade em Gestão
de Pessoas? Não é salutar integrar os professores do curso de Administração
(por exemplo) na utilização dos recursos desta área? Como incentivar os
funcionários em termos de treinamento, remuneração, avaliação de
desempenho e plano de carreira? Como resolver o problema da dualidade
professores de carreira x colaboradores? Como aumentar o número de
professores com tempo integral, dando ênfase a pesquisa e extensão?
- De que forma melhorar a confiabilidade dos bancos de dados? Como investir
racionalmente em Tecnologia da Informação em virtude da velocidade das
mudanças e evoluções nesta área? Como tornar eficiente os recursos de
comunicação interna e a integração entre as áreas?

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- Como racionalizar custos e despesas (principalmente nas mais significativas


como energia elétrica, telefone e fotocópias)? Como garantir o nível adequado
de investimentos em estrutura, ensino, pesquisa e extensão? De que forma
aumentar de maneira sustentável as receitas?
- É salutar investir na expansão de recursos em outros campi universitários?
Qual o número adequado de acadêmicos por curso em razão da estrutura
existente? Qual a vocação da Univille em função das peculiaridades da região
norte de Santa Catarina? Que cursos levar para a Unidade Centro? Como
melhorar continuamente os recursos e a estrutura do Campus Universitário do
Bom Retiro (campus principal da Univille)? Como integrar, expandir e
aperfeiçoar os recursos no Campus da cidade de São Bento do Sul, na
Unidade de São Francisco do Sul e na Unidade Centro?
São perguntas, fontes de pesquisa que a Univille precisa responder para
balizar sua evolução e diferenciação em termos de recursos, garantindo a
vantagem competitiva para sobreviver a longo prazo. Este trabalho tem uma
contribuição inicial e preliminar, servindo como reflexão e questionamento,
enfatizando os recursos como fonte de análise. Logicamente que se espera pela
continuidade das pesquisas que podem ser muito úteis para a Univille.

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