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Unidade 03

Instrumentos
de Medição

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3.1 Higiene Ocupacional

De acordo com American Conference of Go-


vernamental Industrial Hygienists – ACGIH, Higiene
Ocupacional tem a seguinte definição:

Ciência e arte do reconhecimento, avaliação e con-


trole de fatores ou tensões ambientais originados do,
ou no, local de trabalho e que podem causar doenças,
prejuízos para a saúde e bem-estar, desconforto e inefi-
ciência significativos entre os trabalhadores ou entre os
cidadãos da comunidade. (FUNDACENTRO, 2001).

Higiene Ocupacional caracteriza-se pelo reconhe-


cimento, avaliação e determinação de controles para
prevenir danos à saúde do trabalhador que sejam de-
correntes das condições de trabalho.
Nas Normas Regulamentadoras, a NR9 – Progra-
ma de Prevenção de Riscos Ambientais estabelece que
este programa deve preservar a saúde do trabalhador
por meio da antecipação, reconhecimento, avaliação e
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes
ou que possam vir a existir no ambiente de trabalho,
considerando a proteção do meio ambiente e dos re-
cursos naturais.
A Higiene Ocupacional interage com a Medicina
do Trabalho e com a Engenharia de Segurança em vir-
tude da interdisciplinaridade, para que as medidas de
controle sejam desenvolvidas e implementadas. Apre-
senta interação com o ambiente de trabalho, com a

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comunidade, pois os agentes gerados no ambiente de
trabalho podem ultrapassar tais limites, e com a Ergo-
nomia, pois determinados agentes podem tanto gerar
risco sob a ótica da Higiene Ocupacional como causa-
rem desconforto quando na ótica da Ergonomia e da
avaliação efetuada.
Assim, os agentes de riscos considerados pela Hi-
giene Ocupacional devem ser avaliados quantitativa-
mente para a identificação da concentração, intensidade
e tempo de exposição, sendo estes os Agentes Físicos,
Químicos e Biológicos.
A avaliação quantitativa permite que sejam iden-
tificados quantitativamente os agentes ambientais por
meio de métodos padronizados, sendo os objetivos
desta prática, os seguintes:
I – verificação do nível de exposição do trabalha-
dor para comparação com os critérios técnicos ou legais
vigentes e comparação com os limites de Tolerância es-
tabelecidos pela Norma Regulamentadora 15 - Ativida-
des e Operações Insalubres;
II – desenvolvimento de estudos e pesquisas epi-
demiológicas que procuram relacionar a ocorrência de
males à saúde, resultantes de exposição aos agentes am-
bientais, com a concentração ou intensidade com que
estes se apresentam no ambiente de trabalho;
III – verificação da necessidade de medidas pre-
ventivas ou de controle dos agentes ambientais, ado-
ção de medidas necessárias e confirmação da sua efi-
cácia, através do monitoramento clinico e controle
biológico da equipe, conforme previsto no Programa

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de Controle Médico e de Saúde Ocupacional, estabe-
lecido pela NR7.

3.2 Aparelhos de medição

Para a avaliação quantitativa dos agentes de risco


a cautela torna-se extremamente necessária para que
os resultados expressem com fidelidade a exposição do
trabalhador a determinado agente. Devem ser conside-
rados os seguintes principais fatores:
○ aparelhagem e método a ser adotado;
○ local da avaliação e medição;
○ duração da medição e número de medições ne-
cessárias.
A escolha de um determinado instrumento de me-
dição depende de fatores como a natureza do agente a
ser avaliado, a precisão, a eficiência e portabilidade do
equipamento, o tipo de análise posterior necessária, o
grau de confiança no método e de fatores pessoais ba-
seados em experiências anteriores.
Seguem os instrumentos portáteis e suas aplica-
ções relacionadas à Higiene do trabalho:

3.2.1 Anemômetro

Instrumento que determina a direção e a velocida-


de do ar. Em Higiene Ocupacional é frequentemente
utilizado anemômetro eletrônico que fornece leitura di-

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gital direta da velocidade do ar ou aquele que fornece
também a vazão, fluxo de ar.
Este tipo de aparelho é empregado para realizar
a leitura da velocidade do ar nos ambientes de traba-
lho ou na entrada e saída em sistemas de aquecimento,
ventilação, aparelhos de ar condicionado; para avaliar a
velocidade de extração em capelas de fluxo laminar uti-
lizadas em laboratórios farmacêuticos; para verificar a
exaustão em cabines de pintura, como monitoramento
das mesmas.
Existem modelos eletrônicos deste instrumento
que são geralmente alimentados por baterias e podem
dispensar cronômetro ou “timer” para controle do tem-
po de medição. Dependendo do modelo e fornecedor
o instrumento oferece a opção de leitura da velocidade
em metros por segundo, pés por minuto, nós marítimos,
quilômetros por hora ou milhas por hora, apresentando
também capacidade de arquivamento de várias leituras.
Este tipo de instrumento pode ser oferecido com
outras funções acopladas como indicador de tempera-
tura nas escalas Celsius ou Fahrenheit.

Figura 01 - Anemômetros Digitais Portáteis


– Modelos AVM–05 e AVM–07 – Hygro-therm
Fonte: www.hygro-therm.com.br

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3.2.2 Conjunto convencional para
determinação do IBUTG

Trata-se de equipamento composto por termô-


metro de globo, termômetro de bulbo úmido natural
e termômetro de bulbo seco, propiciando a leitura da
temperatura de globo, da temperatura de bulbo seco e
da temperatura de bulbo úmido natural.
A temperatura do ar é medida por termômetro de
mercúrio comum que permita a leitura em décimo de
grau Celsius. O termômetro deverá estar estabilizado
para que a leitura seja efetuada.
A temperatura de bulbo úmido natural vai ser ava-
liada pelo dispositivo composto por termômetro de
mercúrio, erlenmeyer de 125 ml, com água destilada e
um pavio tubular de tecido que revestirá o bulbo do
termômetro, conforme figura abaixo:

Figura 02 – Termômetro de Bulbo Úmido Natural


Fonte: FUNDACENTRO, NHO – 06, p.21

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O dispositivo para determinar temperatura de globo é
composto por termômetro de globo que é composto por
esfera oca de cobre com diâmetro aproximado de 15 cm,
com 1 mm de espessura e pintada com a cor preta fosca em
seu lado externo e o termômetro deve ter seu bulbo locali-
zado no centro da esfera. O aparelho deve ser montado no
local da medição, sem haver contato direto com o suporte,
para não ocorrer perda de calor por condução. A leitura
deve ser efetuada depois de 25 minutos de estabilização.

Figura 03 – Termômetro de Globo


Fonte: FUNDACENTRO, NHO – 06, p.21

Figura 04 – Conjunto Convencional para avaliação do IBUTG


Fonte: FUNDACENTRO, NHO – 06, p.27

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Os termômetros devem ser montados num tripé
telescópico, no qual, por meio de garras e mufas, serão
fixados os termômetros.
Para a avaliação deverá ser utilizado cronômetro
que registrará a duração de cada atividade física e a per-
manência nas diferentes situações térmicas. Os termô-
metros devem ser calibrados periodicamente.
As exigências para montagem do conjunto são
apresentadas no documento Norma de Higiene Ocu-
pacional – Procedimento Técnico – Avaliação da Expo-
sição Ocupacional ao Calor NHO 06 da FUNDACEN-
TO (Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho).
Segundo a Norma de Higiene Ocupacional – Ava-
liação da Exposição Ocupacional ao Calor – NHO 06,
a determinação do IBUTG por meio de equipamento
eletrônico pode ser realizada, considerando-se que os
resultados apresentados por tal equipamento sejam
equivalentes aos obtidos quando utilizado o conjunto
convencional, apresentando a mesma exatidão que os
termômetros de mercúrio do conjunto convencional.

3.2.3 Medidor de Nível de Pressão Sonora

Este instrumento é usualmente conhecido como


decibelímetro. Deve apresentar características que o
classifiquem como classe 2 ou superior (0 e1) de acor-
do com as normas IEC 60651 (651) ou ANSI S 1.4 (e
outras da série S).

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Este instrumento efetua os registros pontuais dos
níveis de pressão sonora para o ruído contínuo, o inter-
mitente e o de impacto, sendo que os registros são efe-
tuados em decibel (dB). O medidor de nível de pressão
sonora apresenta circuitos de compensação ”A” e “C” e
tempo de resposta “Slow” e “Fast”.
Para a perfeita avaliação do nível de pressão so-
nora são necessários o calibrador acústico e o protetor
de vento e poeira. A calibração efetuada com o cali-
brador acústico é aquela que deve ser realizada antes
do uso do instrumento. O protetor de vento e poeira
deve ser instalado no microfone para protegê-lo de
correntes de vento e poeiras que podem causar ruídos
adicionais. Os medidores de nível de pressão sonora
funcionam com bateria. Dependendo do modelo e fa-
bricante pode ser oferecida a função de congelamento
da leitura.
O tipo de avaliação efetuada ponto a ponto é indi-
cada para levantamento de ruído ambiental, com medi-
ções instantâneas.
Para o levantamento dos níveis de ruído, o instru-
mento deve ser mantido na altura da região auditiva,
1,50 m acima do solo, e havendo pontos no ambiente
onde a variabilidade seja grande, deverão ser realiza-
das mais medições. Durante as avaliações, devem ser
evitadas reflexões e para tanto o operador deve per-
manecer em torno de 0,5m distante do aparelho. Tam-
bém deve ser observado que as medições não sejam
efetuadas muito próximas às máquinas, no chamado
campo próximo.

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Como recomendação, o medidor deve ser aferido
também ao final das medições para que seja verificado
se o instrumento não saiu de calibre.
Este equipamento deve apresentar Certificado de
Calibração, para o qual recomenda-se renovação anual.

Figura 05 – Medidor de Nível de Pressão Sonora


Fonte: www.instrutherm.com.br

3.2.4 Dosímetro de Ruído

Este instrumento é um medidor integrador de


uso pessoal, também denominado audiodosímetro,
sendo utilizado para avaliar a exposição do trabalha-
dor ao ruído contínuo ou intermitente por meio de
dose diária, que é igual a 100%. Esta avaliação chama-
-se dosimetria de ruído.
É um instrumento portátil, que é fixado no traba-
lhador, sendo que o microfone é instalado próximo à
zona auditiva deste. A exemplo do medidor de nível de
pressão sonora, deve ser de classe 2 ou superior (0 e1)

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segundo as normas IEC 60651 (651) ou ANSI S 1.4 (e
outras da série S).
Este equipamento deve apresentar Certificado de
Calibração, para o qual se recomenda renovação anual.
Dependendo do modelo e fornecedor, pode arqui-
var uma determinada quantidade de dados, pode apre-
sentar armazenamento de eventos separadamente, com
intervalos de amostragem configuráveis, emitir relató-
rio e gráfico.

Figura 06 – Dosímetro de ruído


Fonte: www.instrutherm.com.br

3.2.5 Dosímetro para radiação

É um monitor que mede grandeza radiológica ou


operacional apresentando resultados relacionados ao
corpo inteiro, órgão ou ao tecido humano. Deve apre-
sentar resultados de dose absorvida ou dose equivalente.
Existem monitores individuais, monitores de área
e monitores ambientais. Para os monitores individu-

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