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INTRODUÇÃO

Os conflitos gerados por pretextos religiosos são grandes problemas da


nossa sociedade. Não é exclusividade dos dias atuais as guerras em nome da
religião. Desde as civilizações mais antigas, esses conflitos têm causado
inúmeras mortes e dividido os povos ao redor do mundo. Com o aumento das
tensões políticas e das crises econômicas mundiais, os conflitos religiosos
ficaram ainda mais efervescentes, ameaçando inclusive a sobrevivência da
humanidade. No presente trabalho, nos apegamos em tratar sobre os Conflitos
religiosos.

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CONFLITOS RELIGIOSOS

De acordo com o dicionário, uma das definições da palavra conflito é


“profunda falta de entendimento entre duas partes ou mais”. Quando se trata
de conflitos religiosos, temos como causa do desentendimento entre as partes
questões ou divergências religiosas. Essa divergência pode resultar em
combates ou até mesmo atos de violência.

Debates históricos, guerras, lutas e disputas internas definiram os


mapas contemporâneos do mundo. E a forma com que isso aconteceu fez com
que poucos se dessem conta. Por exemplo, a União Europeia “cristã” surgiu da
vivência das invasões muçulmanas dos séculos 14 a 17 e da ocupação de
parte da Europa Oriental pelo islã até o século 20.

As Cruzadas, por exemplo, aconteceram do século 6 ao 8 e tinham


como objetivo impor o cristianismo na Terra Santa (Palestina). Já os violentos
conflitos no Iraque têm raízes na dissidência entre muçulmanos sunitas e xiitas,
no século 7, e lutas em certas áreas no Sudão, Etiópia e Nigéria remontam ao
século 10.

IDEOLOGIAS X RELIGIÃO

Mesmo após a queda da antiga União Soviética, a religião permaneceu nos


países da Ásia Central

A religião é frequentemente criticada sob o argumento de que a maioria


das guerras surge a partir de conflitos religiosos, tensões e discordâncias
confessionais. Isso pode ter sido verdade nos séculos passados (embora tal
afirmação seja extremamente discutível), mas certamente não foi o caso no

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último século, quando a religião passou a ser violentamente perseguida por
ideologias temporais.
O Comunismo, fascismo, socialismo e nacionalismo encararam a religião
como a maior ameaça ao projeto de criar novas sociedades. Em muitos casos,
a religião era um importante acessório do regime que os revolucionários
desejavam derrubar. A partir disso, teve início uma investida sem precedentes
contra edifícios religiosos, clérigos e fiéis.
Com o colapso das ideologias e a recuperação de muitas religiões em
várias partes do mundo, houve um grande aumento na violência, ataques e
guerras por motivação religiosa. O marxismo afirma que, com o advento do
socialismo e do comunismo, “a religião definharia e morreria”. Na realidade, o
que ocorreu foi o inverso: as ideologias definharam, ainda que ao custo de
dezenas de milhões de vidas. A religião sobreviveu e constituiu a inspiração
para muitos movimentos de resistência que ajudaram a derrubar tais
ideologias.
Da Igreja Católica na Polônia aos budistas no Camboja, passando por
muçulmanos na Ásia Central e luteranos na Alemanha Oriental, a religião
permaneceu mesmo após a queda de regimes coercitivos. Em muitos países,
embora não tenha mais o mesmo papel que antes da perseguição e mudanças
sociais, a religião voltou ao centro do palco para tentar desempenhar
novamente um papel na construção e manutenção das nações, povos e
culturas.

PERSEGUIÇÃO SEM PRECEDENTES


A violência experimentada pelos cristãos, contudo, não vem apenas por
conta de conflitos religiosos. Nos últimos 100 anos, as principais religiões foram
mais perseguidas do que em qualquer outro período histórico. Na maioria dos
casos, não se trata apenas de uma religião perseguindo a outra, mas de uma
ideologia que persegue uma religião.
Isso abrange desde as investidas da revolução socialista de 1924
no México contra o poder, as terras, o clero e os edifícios da Igreja Católica, até
as agressões aos bahaístas no Irã, a partir da década de 1970. Também
podemos ver isso na repressão a todas as religiões na URSS, o extermínio dos
judeus no nazismo e a agressão maciça a toda religiosidade na China da
Revolução Cultural.

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Infelizmente, as zonas de tensão se mantêm. A medida que as religiões
se recuperam da perseguição, alguns reiniciam suas próprias perseguições.
Entretanto, o tempo e a vivência dos últimos 100 anos somados ao impacto
dos movimentos ecumênicos e multiconfessionais, deram início a mudança em
muitos grupos religiosos. Nesses casos, as velhas divisões e inimizades
acabaram.
Divisões históricas, várias delas com séculos de existência, criadas por
diferenças na crença e prática religiosa, são a origem de muitas tensões e
conflitos religiosos atuais. A tensa linha divisória entre o islã e o cristianismo na
Europa Oriental e Cáucaso é ilustrada pela controversa candidatura turca à
União Europeia. E a cisão entre católicos, luteranos e russo-ortodoxos ainda
repercute na Europa e na Rússia.
Algumas linhas divisórias, como o litoral suaíli (África Oriental), se
tornaram mais regiões de diferença cultural que fontes de tensão. Já outros
choques, muito antigos, como entre cristãos, hindus e muçulmanos na
Indonésia, ressurgiram onde, poucos anos atrás, essas comunidades viviam
lado a lado.

PRINCIPAIS CONFLITOS RELIGIOSOS MUNDIAIS

Afeganistão

Há centenas de anos que o território do Afeganistão sofre com guerras


por motivações religiosas. Atualmente, o conflito maior é entre o Regime do
Talibã, formado por fundamentalistas muçulmanos, e a Aliança do Norte,
formado por pessoas que querem combater muçulmanos radicais.
Nigéria

O continente africano é marcado por uma diversificação cultural ampla.


São vários povos com tradições e religiões específicas. Isso faz com que o
território nigeriano seja alvo constante de disputas entre esses diversos povos,
que recebem apoio e incentivo de empresas de armamento que querem lucrar
com os conflitos. As principais disputas se dão entre os cristãos do país e os
seguidores do Islamismo.
Iraque

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Mesmo após a retirada das tropas americanas do solo iraquiano, os
conflitos internos do país não cessaram. As organizações se dividem entre
xiitas e sunitas, que são seitas distintas dentro do Islamismo. Os conflitos
armados das milícias do país matam centenas de pessoas anualmente.
Israel – Palestina
O conflito religioso mais emblemático do mundo acontece entre Israel e
Palestina. A guerra é fruto da disputa pela Terra Prometida, onde hoje é
Jerusalém. Nenhum dos dois Estados abre mão de ter o controle sobre o
território. Acontece que a guerra, além de religiosa, movimenta muito dinheiro e
está estritamente relacionada a interesses geopolíticos de nações do mundo
todo.
Sudão

A tensão entre muçulmanos e não-muçulmanos no Sudão já se prolonga


em uma Guerra Civil de mais de 50 anos. Essa é uma das piores crises
humanitárias do mundo, que já levou milhares de pessoas ao óbito.

GERAÇÕES QUE NÃO CONHECEM A VIDA SEM GUERRA

Por mais que as consequências das guerras e dos conflitos possam


parecer claras, é difícil conseguir vislumbrar de fato o impacto dessas questões
na vida dos moradores desses territórios.
É difícil para nós brasileiros entender o que é crescer em um ambiente
de guerra e não conhecer outra possibilidade. Ou seja, não conhecer a paz.
Os conflitos armados na Síria, no Afeganistão e entre Israel/Palestina já duram
anos e existem gerações que não conhecem uma realidade para além da
guerra.
Imagine agora a consequência disso na vida dessas gerações.

A vida é muito efêmera, pode acabar a qualquer momento devido a um


ataque, mesmo que você não seja parte ativa de nenhuma das partes do
conflito. Esse ambiente cria um estado de tensão e ansiedade constante, sem
falar na tristeza e na desesperança.

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Além disso, essas são gerações que estão lidando com perdas
frequentemente. São incontáveis vidas perdidas diariamente. Famílias
destruídas e amizades interrompidas são realidades, infelizmente, comuns.

AUMENTO DA INTOLERÂNCIA

As consequências dos conflitos não são só mortes e perdas, mas


também o aumento da intolerância, do preconceito e da violência simbólica.
Em um primeiro momento, a intolerância se instala no âmbito dessas guerras.
Isso quer dizer que a guerra divide os povos de um território, cria rupturas e
rivalidades. Os adversários se atacam física e simbolicamente, julgando e
tentando destruir a tradição e a crença do outro. É como se uma pessoa não
pudesse viver com uma religião enquanto outra vivesse com uma crença
distinta.
A situação se agrava porque essa intolerância se espalha em nível
global e pessoas de outros lugares que não têm, a princípio, nada a ver com o
conflito compram a briga. O exemplo claro é a intolerância dos países europeus
aos muçulmanos e demais povos árabes. O mesmo acontece nos Estados
Unidos em relação a esses povos.
E o Brasil não fica imune. Embora não sejam geradas grandes guerras,
a intolerância aparece, principalmente, quando o assunto é religiões de matriz
africana. O preconceito em relação aos seus praticantes culmina em violências
físicas e simbólicas.
Acontece que são criados vários estereótipos sobre as religiões que
aumentam essa intolerância. É a partir daí que nascem o imaginário de que
todo árabe é terrorista, que todo palestino é um homem-bomba ou que
Candomblé é coisa do demônio. Esses preconceitos só aceleram e contribuem
para o fortalecimento das violências entre os povos, principalmente em épocas
de crises políticas e partidárias.

CONFLITOS SÃO REALMENTE GERADOS PELA RELIGIÃO?


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Por mais que a religião seja um dos motivos geradores dos conflitos, as
guerras começam e se mantém devido a outros fatores bem mais complicados.
O território asiático, principalmente o Oriente Médio, é rico em petróleo. Não é
interessante que inúmeros conflitos dessa região se prolonguem por anos e
que sejam fomentados e abastecidos por governos e empresas do mundo
todo? Existem vários interesses, principalmente econômicos por trás dessas
guerras. O petróleo é um deles.

CONCLUSÃO
Realizada a pesquisa baseando-se ao tema que nos foi orientado, concluímos
que os conflitos religiosos atravessam continentes, e ainda hoje influenciam a
política, a economia e as comunidades. As diferenças culturais, raciais e
étnicas também influenciam muito no desenrolar desses conflitos. A dificuldade
de conviver e de respeitar os costumes e tradições de outros povos acaba
endossando o movimento de intolerância religiosa. Assim, o que fica claro é
que esses conflitos fazem parte de um jogo geopolítico que envolve interesses
políticos e econômicos mundiais, assim como uma dificuldade humana muito
grande em tolerar e respeitar as diferenças. É importante lembrar que a maioria
das religiões estão assentadas em dogmas e preceitos que prezam pelo
aprimoramento de cada um e de toda a sociedade. A fé deveria, portanto, ser
utilizada como forma de desenvolvimento harmônico da humanidade e não
como pretexto de acabar com o outro.

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REFERÊNCIAS

↑ Fantini, João Angelo, coordinator. Dunker, Christian Ingo Lenz,


author. Raízes da intolerância. [S.l.: s.n.] OCLC 910881164

↑ «Why Did the Nazis Discriminate Against the Jews?». History Hit (em inglês).
Consultado em 24 de fevereiro de 2020 ↑ Syria’s Crumbling Pluralism The New
York Times, Kapil Komireddi, 3 de agosto de 2012

↑ «Are christians facing extinction in arab street?» (em inglês). The Guardian.


1.º de novembro de 2011. Consultado em 15 de novembro de 2018. Cópia
arquivada em 28 de fevereiro de 2018

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