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LIMITES

# fiqueemcasa

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Limites
Introdução - Noção Intuitiva

Vamos analisar as sequências de números:


1,2,3,4,5,...
Neste caso, temos que: x → ∞ (x tende a ∞)
1/2, 2/3, 3/4, 4/5, 5/6, 6/7, ...
Neste caso, temos que: x → 1 (x tende a 1)
1,0,-1,-2,-3,-4,...
Neste caso, temos que x → −∞ (x tende a −∞)
1, 3/2, 3, 5/4, 5, 7/6, 7, ...
Os termos dessa sucessão oscilam sem tender para um limite.

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Limite de uma Função: Noção Intuitiva

Exemplo 1
f (x) = 21 x + 3

x 3 3,5 3,99 3,9999


f(x) 4,5 4,75 4,995 4,99995

x 4,5 4,01 4,001


f(x) 5,25 5,005 5,00005

Temos que f (x) → 5 quando x → 4 (tanto à direita quanto à esquerda).


Ou seja,
1
lim x +3=5
x→4 2
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Exemplo 2 - O problema da tangente
Encontre uma equação da reta tangente à parábola y = x 2 no ponto (1,1).

Se soubermos como encontrar a inclinação m da reta tangente t, seremos


capazes de encontrar uma equação desta reta. A dificuldade está no fato
de termos somente um ponto P sobre t, enquanto que para calcular uma
inclinação são necessários dois pontos. Porém, podemos calcular uma apro-
ximação de m, escolhendo um ponto próximo Q(x, x 2 ) sobre a parábola
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e calculando a inclinação mPQ da reta secante (que toca dois pontos) PQ.
Escolhemos, então, x 6= 1 de tal forma que Q 6= P. Assim,
x2 − 1
mPQ =
x −1

Tabela com valores de mPQ para valores de x próximos de 1

Como verificamos na tabela, quanto mais próximo Q estiver de P, mais


próximo x estará de 1, e mPQ estará mais próximo de 2, o que sugere que
a inclinação da reta tangente t deva ser m = 2.
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Dizemos que a inclinação da reta tangente é o limite das inclinações das
retas secantes, e expressamos isto simbolicamente escrevendo:

lim mPQ = m
Q→P

e
x2 − 1
lim =2
x→1 x − 1

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Exemplo 3 - O problema da velocidade
Suponhamos que uma bola é solta a partir do ponto de observação no alto
de uma torre, 450m acima do solo. Encontre a velocidade da bola após 5
segundos.

Solução: Galileu descobriu por meio de experimentos que


s(t) = 4, 9.t 2
|{z}
dist. percorrida após t segundos
A dificuldade em encontrar a velocidade após 5 segundos está em tratarmos
de um único instante de tempo (t = 5), ou seja, não temos um intervalo
de tempo. Porém, podemos aproximar a quantidade desejada calculando a
velocidade média sobre o breve intervalo de tempo de t = 5 até t = 5, 1:

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dist.perc. s(5, 1) − s(5)
velocidade média = = =
tempo decorrido 0, 1
4.9(5.1)2 − 4.9(5)2
= = 49, 49 m/s
0, 1
Fazendo uma tabela:

(à medida que encurtamos o perı́odo de tempo, a velocidade média fica


cada vez mais próxima de 49 m/s)

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A velocidade instantânea quando t = 5 é definida como sendo o valor
limite destas velocidades médias em perı́odos cada vez menores, começan-
do com t = 5. Assim, a velocidade instantânea após 5 segundos é

v = 49 m/s.

E escrevemos
lim vm = 49m/s
|t→5
{z }
veloc.instant.

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Estes exemplos mostram que, para resolver os problemas da velocidade e da
tangente, devemos encontrar limites.
Vamos então estudar limites em geral e métodos para calculá-los.
Mais um exemplo para ajudar
Vamos investigar o comportamento da função f definida por

x 3 − 2x 2
f (x) = , D(f ) = IR − {2}.
3x − 6
para valores de x próximos de 2.

Vamos observar as tabelas:

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x f (x)
1,9 1,20333
1,99 1,32003
1,999 1,33200
x 3 − 2x 2 4
1,9999 1,33320 Denotamos: lim =
− 3x − 6 3
x| →{z2 }
1,99999 1,33332
pela esquerda
.. ..
. .
↓ ↓
2 4/3

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x f (x)
2,1 1,47000
2,01 1,34670
2,001 1,33466
2,0001 1,33346
2,00001 1,33334
.. ..
. .
↓ ↓
2 4/3

x 3 − 2x 2 4
Denotamos: lim =
+ 3x − 6 3
x| →{z2 }
pela direita

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Pelo gráfico,

Quando x → 2, o ponto (x, f (x)) → (2, 4/3).


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Definição (1) “Informal”
Escrevemos
lim f (x) = L
x→a

e dizemos “o limite de f (x), quando x tende a a, é igual a L”, se


pudermos tornar os valores de f (x) arbitrariamente próximos de L (tão
próximos quanto quisermos), tornando x suficientemente próximo de a,
mas não igual a a.

Isto significa que os valores de f (x) ficam cada vez mais próximos do
número L à medida que x tende ao número a (por qualquer lado de a),
mas x 6= a.

Logo daremos uma definição mais precisa.

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Notação alternativa: f (x) → L quando x → a (lê-se “f (x) tende a L quando
x tende a a.”)

Observação:
Prestem bastante atenção na frase “mas x 6= a” na definição de limite.
Isto significa que ao procurarmos o limite de f (x) quando x tende a a
nunca consideramos x = a. Na realidade, f (x) não precisa sequer estar
definida quando x = a. A única coisa que importa é como f está definida
próximo de a.

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Exemplo:
x −1
Encontre o valor de lim .
x→1 x 2 − 1

x−1
Solução: Observemos que a função f (x) = x 2 −1
não está definida quando
x = 1. Mas, isto não importa, pois a definição de lim f (x) diz que devemos
x→a
considerar valores de x que estão próximos de a, mas não são iguais a a.

As tabelas dão os valores de f (x) para valores de x que tendem a 1, mas


não são iguais a 1.

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x −1
⇒ lim = 0, 5
x→1 x2 − 1

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 x − 1 , se x =

6 1
E se definirmos g (x) = x2 − 1
 2, se x = 1
Qual lim g (x)?
x→1
O mesmo!!!

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Exemplo:
sen(x)
Faça uma estimativa para lim .
x→0 x
sen(x)
Solução: Novamente a função f (x) = não está definida quando
x
x = 0.
Usando uma calculadora, construı́mos a tabela a seguir, para valores próximos
de 0:

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sen(x)
Logo, lim = 1. (provaremos precisamente mais tarde)
x→0 x

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Exemplo:
π
Encontre lim sen( ).
x→0 x

Solução: Mais uma vez, a função f (x) = sen( πx ) não está definida em 0.
Obtendo a função para alguns valores pequenos de x, temos:

Da mesma forma, f (0, 001) = f (0, 0001) = 0.


Com base nestas informações poderı́amos ser tentados a conjecturar que
π
lim sen( ) = 0. Desta vez, no entanto, nossa conjectura está errada.
x→0 x

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Observe que, embora f (1/n) = sen(nπ) = 0, para todo número inteiro n,
é também verdadeiro que f (x) = 1 para infinitos valores de x que tendem
a zero. (De fato, sen( πx ) = 1 quando π
x = π
2 + 2nπ e, resolvendo para x,
2
obtemos x = 4n+1 , ou seja, existe uma sequência de valores próximos de 0
para os quais sen( πx ) = 1).

(os valores de f (x) oscilam entre 1 e -1 infinitas vezes quando x → 0)


π
Logo, @ lim sen( ).
x→0 x
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Obs:
O exemplo anterior ilusta algumas das armadilhas na conjectura sobre o
valor de um limite através das tabelas. É fácil conjecturar um valor falso
se usarmos os valores não apropriados de x, mas é difı́cl também saber
quando parar de calcular valores. Por isto precisamos de métodos infalı́veis
no cálculo de limites.

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Exemplo:
(
0, se t < 0
Seja H uma função definida por H(t) =
1, se t ≥ 0
Verifique se existe lim H(t).
t→0

Solução: Vamos observar o gráfico de H:

Quanto t → 0 pela esquerda (valores de t menores que 0), H(t) → 0.


Quanto t → 0 pela direita (valores de t maiores que 0), H(t) → 1.

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Indicamos esta situação por

lim H(t) = 0 e lim H(t) = 1


t→0− t→0+

Não há um número único para o qual H(t) tende quando t tende a 0.
Portanto,
@ lim H(t)
t→0

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Limites Laterais

Definição
Escrevemos lim f (x) = L e dizemos que o limite esquerdo de f (x)
x→a−
quando x tende a a (ou limite de f (x) quando x tende a a pela
esquerda) é igual a L se pudermos tornar os valores de f (x) arbitra-
riamente próximos de L, tornando-se x suficientemente próximo de a e x
menor do que a.

Analogamente, se for exigido que x seja maior do que a, obteremos


“o limite direito de f (x) quando x tende a a como sendo igual a L” e
escrevemos lim f (x) = L
x→a+

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Exemplo:
Consideremos o gráfico de uma função g :

Determine: (a) lim g (x) (b) lim+ g (x) (c) lim g (x)
x→2− x→2 x→2

(d) lim g (x) (e) lim+ g (x) (f) lim g (x)


x→5− x→5 x→5

Respostas: (a)3 (b) 1 (c) @ (d) 2 (e) 2 (f) 2


(observe que g (5) 6= 2)
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Limites Infinitos

Exemplo ilustrativo:
1
Encontre, se existir, o lim .
x→0 x2

Solução: Observe a tabela de valores:

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E o gráfico:

A função torna-se arbitrariamente grande ao tomarmos valores de x próximos


de 0. Assim, os valores de f (x) não tendem a um número e não existe o
1
lim .
x→0 x 2
Denotamos um caso assim por
1
lim =∞
x→0 x2
(não significa considerar como um número ou que ele exista, é uma forma
de expressar)
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Definição
Seja f uma função definida em ambos os lados de a, exceto possivelmente
em a. Então,
lim f (x) = ∞
x→a

significa que podemos fazer os valores de f (x) ficarem arbitrariamente


grandes tomando x suficientemente próximo de a, mas não igual a a.

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Um tipo análogo de limite, que ocorre quando a função torna-se grande em valor absoluto,
porém é negativa qdo x se aproxima de a, é definido da seguinte forma:

Definição
Seja f uma função definida em ambos os lados de a, exceto possivelmente
em a. Então,
lim f (x) = −∞
x→a

significa que os valores de f (x) podem ser arbitrariamente grandes, porém


negativos, tomando x suficientemente próximo de a, mas não igual a a.

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Exemplo
−1
lim = −∞
x→0 x 2

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Definições similares são dadas no caso de limites laterais:
lim f (x) = ∞
x→a−
lim f (x) = ∞
x→a+
lim f (x) = −∞
x→a−
lim f (x) = −∞
x→a+

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Assı́ntota Vertical
A reta x = a é chamada assı́ntota vertical da curva y = f (x) se pelo
menos uma das seguintes condições estiver satisfeita:
lim f (x) = ∞, lim f (x) = ∞, lim f (x) = ∞,
x→a x→a− x→a+
lim f (x) = −∞, lim f (x) = −∞, lim f (x) = −∞.
x→a x→a− x→a+

Em geral, o conhecimento de assı́ntotas verticais é muito útil no esboço de


gráficos.

Exemplo
1 1
O eixo-y é uma assı́ntota vertical da curva y = x2
, pois lim = ∞.
x→0 x2

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Exemplo
A função tg (x) possui várias assı́ntotas verticais.

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Exemplo
2 2
Encontre lim+ e lim
x→3 x − 3 x→3− x − 3

Solução: Para valores de x maiores, porém próximos, de 3, o denominador


2
x − 3 é um número positivo pequeno, e é um número positivo grande.
x−3
2
Então, intuitivamente, temos que lim+ = ∞.
x→3 x − 3

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Da mesma forma, para valores de x menores, porém próximos, de 3, x − 3
2
é um número com pequeno valor absoluto, mas negativo e, portanto, x−3 é
um número com valor absoluto grande e negativo. Então,
2
lim = −∞.
x→3− x − 3

A reta x = 3 é uma assı́ntota vertical.

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