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FICHAMENTO

A PRODUÇÃO SOCIAL DO ESPAÇO URBANO (Mark Gottdiener,


2016)

*P. Localização de possíveis citações – Trechos destacados no livro.


Fonte vermelha – Comentários/Reflexões

1. INTRODUÇÃO

P.15 – Conceito de cidade por parte da sociologia

P.17 – Área de interesse do autor que maias se aproxima do meu projeto “Padrões
de organização social responsáveis pela produção do espaço”

CIDADE  ESPAÇO DE ASSENTAMENTO  FOPRÇAS SOCIAIS

P.22 – A região metropolitana polinucleada está relacionada ao fenômeno da


suburbanização. Onde se estabeleceu uma divisão ecológica, os subúrbios nos EUA
sendo ocupados majoritariamente por uma classe média branca e conservadora,
enquanto os pobres e as minorias passaram a ocupar a cidade central

P.28 – O planejamento urbano em toda sociedade é uma fachada para o poder

ESPÇAO – CONSTRUÇÃO SOCIAL – Novas relações sócio-espaciais –


Migrantes em Aparecida de Goiânia?

P. 34-35 – A concepção de ecologia urbana se baseia na ideia de que assim como


no caso de organismos vivos, o tamanho das cidades irá definir sua função.

2. ECOLOGIA, ECONOMIA E GEOGRAFIA URBANAS – ANÁLISE ESPACIAL DE


TRANSIÇÃO.

P. 39 – Concepções teóricas da escola de Chicago para o conceito de ecologia


urbana – vertente comportamental – ênfase na influência da competição econômica
entre os indivíduos para a organização do espaço.

P. 42 – A escola de Chicago preconizava o crescimento das cidades conforme o


modelo concêntrico de Burgess. Esse modelo implica que forças econômicas e
políticas necessitam de centralidade para organizar as atividades sociais.

P. 43 – A escola de Chicago negava a importância da dimensão cultural no que se


refere a organização social da cidade. A organização social nesse sentido era fruto
da competição entre os indivíduos.

P. 44 – As principais críticas a escola de Chicago, feitas entre outras por Castells


reside no seu reducionismo, a escola econômica é insuficiente para compreender o
crescimento das cidades. “uma teoria do espaço te, necessariamente, de escolher
entre uma ampla gama de fatores a fim de desenvolver conceitos.

P. 49 – Assim como no caso das ideias da escola de Chicago. As teorias sobre o


crescimento do espaço de assentamento da ecologia urbana contemporânea (pós II
Guerra Mundial) tem suas limitações, especialmente quando desconsidera a
importância dos conflitos e desigualdades sociais para entender o crescimento das
cidades.

P. 53 – O conceito de zonas concêntricas que surgem a partir do centro da cidade


não respondem mais a organização urbana atual, onde, na região metropolitana
existem várias centralidades. Não existe mais a predominância de um centro
histórico nas cidades.

P. 55 – A teoria urbana convencional não consegue explicar os problemas sociais, já


que ignora as patologias sociais.

P. 58 – A abordagem predominante na geografia urbana atualmente é a que


considera o sistema de cidades. Onde as mesmas, são nós em uma rede que une
espaços interdependentes em um plano sócio econômico espacial.

P. 59 – Crítica a teoria dos sistemas de cidades, de acordo com o autor, essa teoria
é uma espécie de fetichismo, ao considerar a cidade dentro do sistema como um “nó
sem espaço”.

P. 60 – Definição de uma abordagem alternativa do crescimento das cidades que


considera o papel desempenhado pelos atores sociais e suas relações de poder no
crescimento das cidades.

p. 66 – A proposta de Gottdiener procura enfatizar o crescimento do espaço de


assentamento a partir de forças oriunda do sistema de organização social.

Penso ser possível, a partir da análise, do levantamento dos tipos de emprego


(colarinho branco) nos EUA na década de 1960, é possível analisar o crescimento
urbano de Aparecida de Goiânia, a partir do levantamento e análise da composição
da força de trabalho dos moradores da cidade. Será possível cruzar informações e
relacionar a localização de empresas e órgãos do setor público na cidade a partir do
setor da economia em que os moradores estão empregados?

P. 69 – O espaço de assentamento é aqui compreendido a partir da interconexão de


forças nacionais e globais de organização social.

Outra questão relevante apontada pelo autor, no contexto do crescimento das


cidades dos EUA nas décadas de 1960 e 1970 que podemos relacionar com a
realidade brasileira e de Aparecida de Goiânia, é a “articulação entre o Estado e o
setor imobiliário, a qual constitui a linha de frente das transformações espaciais.” (p.
74). No caso de Aparecida, isso remete as irresponsáveis políticas de expansão
desordenada da malha urbana implementadas pelos irmãos Melo, que deram origem
a inúmeros loteamentos carentes de infraestruturas básicas.
P. 74 - As cidades e os subúrbios são alimentados por processos nacionais e
globais de industrialização avançada...

3. ECONOMIA POLÍTICA MARXISTA.

P. 80 – A importância do fator trabalho na abordagem marxista da cidade, a partir da


concepção e conflito de classes.

P. 82 – Relação entre o desenvolvimento do capitalismo e as formas e funções da


cidade.

P. 83 – Um primeiro problema da análise marxista da cidade está na questão de se


construir meios para relacionar a estrutura social e a estrutura espacial.

P. 88 – Capacidade da análise marxista de melhor considerar as mudanças na


sociedade e seus impactos espaciais urbanos.

ABORDAGEM MARXISTA X CIÊNCIA URBANA CONVENCIONAL

P. 93 – A relação entre o processo de acumulação de capital e a urbanização,


partindo da premissa que o processo de acumulação é o motor da sociedade
capitalista.

TEORIA DIALÉTICA DAS RELAÇÕES SÓCIO-ESPACIAIS – Enfoque central da


obra de Gottdiener.

P. 98 – A intervenção do capital no ambiente construído por meio da ação do Estado


segundo Harvey.

P. 99 – A posse da casa própria pela classe trabalhadora é um instrumento de


controle social fundamental à sobrevivência do capitalismo.

P. 100 – Considerações de Harvey sobre como o capitalismo financeiro alterou o


meio ambiente urbano.

P. 104 – Uma teoria do espaço requer um entendimento detalhado da relação entre


Estado e sociedade. Para Gottdiener apenas Castells e Lefebvre construíram essa
conexão.

P. 113 – Comparação entre a abordagem econômica convencional e a visão


marxista no que tange ao crescimento das cidades. Nessa abordagem a localização
dos meios de produção em escala local estão diretamente relacionados a divisão
internacional do trabalho.

P. 114 – Fatores fundamentais para a economia política marxista: Estado, luta de


classes, acumulação de capital, desigualdade de desenvolvimento, etc.
4. PARADIGMAS FLUTUANTES – O DEBATE SOBRE A TEORIA DO ESPAÇO.

P. 120 – A teoria do espaço consiste em uma especificação de um teoria geral da


organização social na medida em que ela se articula com o espaço.

P. 123 – Para Castells o urbano é uma unidade espacial de reprodução da força de


trabalho. A produção do ambiente construído ocorre através de processos pelos
quais todo o conjunto EPI (Economia, política e ideologia) se articula com essa
unidade espacial.

P. 125 – Para os marxistas, a análise espacial deve estar vinculada diretamente às


transformações da sociedade produzidas pelo esforço de acumulação de capital e
pela luta de classes.

P. 126 – Para Lefebvre, a transformação da sociedade moderna em sociedade


humanista deve ocorrer na forma de uma revolução urbana – na forma de uma
revolução no design espacial em torno da vida cotidiana desalienada.

P. 127 – Como propriedade, as relações sociais podem ser consideradas parte das
relações sociais de produção (...).

LEFEBVRE CONSIDERA O ESPAÇO COMO UMA DAS FORÇA DE PRODUÇÃO.

P. 128 – “é em parte por meio do espaço que a sociedade se reproduz”

P. 129 – Lefebvre observa que, além de haver um espaço de consumo ou, quanto a
isso, um espaço como área de impacto para o consumo coletivo, há também o
consumo de espaço, ou o próprio espaço como objeto de consumo.

P. 130 – Relação entre Estado e espaço segundo Lefebvre: “A organização espacial,


portanto, representa a hierarquia do poder (...).

P. 130 – A partir do pensamento de Lefebvre que vê o conflito de classes como se


se desenvolvesse no espaço e ainda da concepção de que a economia e o Estado
reduziram o espaço a um abstração em resposta, “reafirma-se a singularidade do
espaço personalizado e coletivizado, e surgem conceitos orgânicos de integração
espacial como espaço pessoal, espaço social, a imagem do espaço, espaço
residencial e mesmo espaço global.

P. 132 – A necessidade de se buscar formas de se superar a dominação política e


econômica do espaço em nome de práticas socioespaciais libertadoras.

P. 133 – O parágrafo aborda a ideia de que o espaço é ao mesmo tempo mercadoria


e meio de reprodução de relações sociais.

P. 139 – Para Castells a cidade e produto tanto da economia quanto do Estado


interventor.
Refletindo sobre a relação entre capital privado e intervenção estatal no contexto
urbano de acordo com Castells, no que tange aos meios de consumo coletivo,
podemos considerar as parcerias entre a prefeitura, construtoras e incorporadoras
quando essas constroem praças em contrapartida por exemplo, na RMG?

P. 141 – O papel do estado em um contexto urbano ao assumir a responsabilidade


pela qualidade de vida dos cidadãos.

P. 146 – Para Lefebvre o Estado é uma estrutura para o exercício do poder.

TERMO IMPORTANTE QUE NECESSITA MELHOR COMPREENSÃO: “Sistema


de Consumo Coletivo”

P. 148 – Considerações de Lefebvre sobre o papel contraditório do Estado no


contexto social urbano.

P. 149 – Para Lefebvre “a atividade radical (...) deve estar preocupada,


principalmente, com resgatar a vida cotidiana da dominação, pelo espaço abstrato,
da atividade econômica e estatal do capitalismo tardio”.

P. 152 – Apontamentos de Gottdiener em relação ao posicionamento de Lefebvre


sobre a passividade da sociedade frente a desigualdade social, onde alguns ganham
e outros são vítimas do sistema.

P. 154 – “Lefebvre definiu o aspecto ativo e revolucionário do urbano como direito à


cidade, como o confisco do espaço pela ação que se libertou da repressão e que já
é parte de uma práxis revolucionária.”

P. 155 - “No espaço da modernidade todos os grupos perdem seus pontos de


referência. Eles se dissolvem ou se desintegram”.

PRÁXIS SÓCIO-ESPACIAL (P.157)

P. 157 – “A importância do espaço comunal para a vida cotidiana não pode, como
afirmam muitos marxistas, ser reduzida a uma categoria da economia política. Nem
o consumo coletivo nem o valor de troca são suficientes (...)”

P. 157 – “(...) em última análise, o estudo da política urbana focaliza a relação entre
a intervenção do Estado e os usuários do espaço – seus habitantes”.

P. 157 – “Lefebvre entende a problemática concernente aos usuários do espaço


como alguma articulação complexa entre forças econômicas, políticas e culturais,
mais do que como algo que emerge unicamente do domínio público”.

5. ALÉM DA ECONOMIA POLÍTICA MARXISTA – A FÓRMULA DA TRINDADE E


A ANÁLISE DO ESPAÇO.

P. 162 – Fórmula da trindade: capital, trabalho e terra (...)


P. 164 – Relação entre a propriedade da terra e a divisão e conflitos de classe.
P. 165 – Tese básica de Lefebvre – “distinção ente valor de uso e valor de troca”

P. 166 – Definição de espaço social – sendo esse mais definido pela cultura e pela
política e menos pela economia.

P. 179 – “(...) somente através de uma análise da interação entre frações de classes
e agrupamentos de raça, gênero, etnia e consumo é que se pode entender as novas
divisões sócio-espaciais”.
Nesse ponto do texto Gottdiener faz uma análise dos posicionamentos de Saunders,
Cox e Dunleavy a cerca da existência ou não de uma fragmentação da estrutura de
classes sociais, haja vista termos dentro da classe trabalhadora de uma lado, donos
de imóveis e de outro inquilinos. Essa problemática pode ser transportada para
Aparecia de Goiânia, haja visa que temos muitos donos de imóveis que lucram
alugando suas propriedades, construindo “barracões”, kit nets, várias unidades em
um mesmo lote para maximizar o lucro, complementar sua renda, haja vista que,
assim como seus inquilinos, grande parte dos mesmos, continua a fazer parte da
classe trabalhadora.

P. 172 – “Pode surgir, dentro da comunidades, e vinculado ao território, um conflito


em torno das diferenças de estilo de vida (Hannerz, 1969), e entre comunidades,
uma disputa pelo próprio espaço. (Thrasher, 1963)”.

P. 172 – “(...) é não obstante verdadeiro que existe um domínio de interesses


baseados no território que não podem ser reduzidos a comunidades de valores de
troca(...) – Nesse ponto o autor continua com uma reflexão a cerca dos conceitos de
território – espaço social e ação política.

P. 172 – “As necessidades comuns geradas pela educação infantil, participação


religiosa, prevenção de crimes e recreação são apenas algumas das maneiras pelas
quais se pode avaliar e medir as qualidades do espaço social comunal.”

P. 173 – Um enfoque da relação entre espaço social como comunidade e a


qualidade de vida atua, então, no sentido de isolar interesses baseados no território,
que transcendem a classe, ultrapassando desse modo a relevância da economia
política”.

P. 174 – “(...) um exame realista do que podemos chamar de questão urbana


consideraria a qualidade de vida comunal em geral a área central da análise (“a vida
cotidiana” de Lefebvre), estabelecida dentro de um meio específico produzido pelos
padrões de desenvolvimento social”.

P. 176 – Concepção de renda absoluta e renda de monopólio no contexto do valor


da terra segundo Marx.

P. 177 – A renda de monopólio é a mais útil para a análise urbana (...) “na cidade o
valor da terra está associado a sua localização e não a seu valor intrínseco”.
P. 178 – “(...) é importante mostrar como a lei do valor do espaço é estruturada e
manipulada pela classe capitalista e suas relações sociais, para produzir renda
absoluta e renda de monopólio dentro da metrópole.”

P. 178 – “O preço da terra e a renda têm um forte efeitos sobre a forma urbana.” Na
sequencia o autor chama a atenção para a necessidade de diferenciar os
capitalistas que desejam investir no setor de comércio e serviços daqueles cujo o
objetivo é tão somente especular e comercializar a terra como uma mercadoria
qualquer – a segunda categoria de capitalistas teve grande atuação na região
metropolitana de Goiânia, haja vista o histórico de inúmeros loteamentos em
Aparecida de Goiânia e as recentes discussões do novo plano diretor de Goiânia,
que, por influência do setor empresarial deseja expandir ainda mais a mancha
urbana da capital como a liberação de novos loteamentos, sendo que, na atualidade
existem muitas áreas que se encontram em situação de ociosidade.

P. 179 – Análise da terra como bem imóvel, conceituado pelo autor como “meio
ambiente espacial – constituído de terra desenvolvida e não desenvolvida”.

P. 181 – “(...) para que as relações sociais capitalistas sejam formadas e


reproduzidas na sociedade capitalista de tal maneira que essas relações dominem
modos anteriores, era necessário que se criasse um certo espaço - um espaço que
fosse negado às pessoas acesso ao recurso terra a não ser como trabalhadores
assalariados.” Na minha visão a negação do acesso à Terra as pessoas a não ser
na condição de trabalhadores assalariados vai te encontro as necessidades do
capital monopolista que cria necessidades artificiais em busca de maior lucratividade
no contexto da cidade.

P. 181 – “A essência da Moderna propriedade fundiária como uma pré-condição


para o capitalismo é que ela constitui uma mercadoria negociada no mercado
imobiliário – e consequentemente é cara”.

P. 183 – “(...) conforme Edel assinalou (1972:2), sob as relações capitalistas de


produção, a moradia tem sido, historicamente, um pouco cara, apesar das
flutuações do mercado imobiliário. Isso pressionou o salários para cima, agravando
ainda mais os antagonismos entre capitalistas e trabalhadores. Consequentemente,
a “barganha faustiana” de Harvey entre o trabalho e o capital em torno dos planos de
vida deve ser encarada sob uma nova luz, uma luz em que a dependência do
trabalho com relação a uma mercadoria cara obriga o capital a depender do Estado
para controlar os efeitos, na sociedade, da oposição entre capital industrial, trabalho
em investimento por todos os segmentos no setor imobiliário.” – Novamente
podemos contextualizar a dependência do setor imobiliário com estado com as
recentes discussões do plano diretor de Goiânia no sentido de que o setor
empresarial deseja expandir a mancha urbana dessa cidade. Podemos ainda citar
uma outra relação de dependência entre o setor imobiliário e o Estado na questão
dos financiamentos e programas de moradia como o “Minha Casa Minha Vida”.
Afinal, como destacado pelo autor, os imóveis são bens caros que, sem uma linha
de financiamento bancário intermediada pelo Estado seria inacessível (como ainda
é) a maior parte dos trabalhadores. Nesse sentido a parcela da classe trabalhadora
que obtém êxito em adquirir um imóvel próprio, geralmente, passará a maior parte
de sua vida economicamente ativa pagando as parcelas do mesmo para o sistema
bancário.

P. 184 – “o importante no caso do valor da terra não é como determinar seu preço
por uma análise econômica, mas como avaliar que, sob a natureza contraditória das
relações capitalistas de produção, o valor da terra urbana é desnecessariamente alto
e é produzido socialmente.”

P. 185 – “Identificar o papel do circuito secundário do capital é importante porque ele


introduz, explicitamente, uma abordagem espacial da acumulação de capital. Isto é,
leva a análise da economia para fora das fábricas e das salas de contabilidade da
indústria e a introduz no espaço do ambiente construído, que contém todas essas
estruturas e suas relações sociais”. O circuito secundário é paralelo ao setor
industrial no contexto da reprodução do capitalismo nas cidades, é o espaço da
especulação imobiliária da venda do solo urbano como mercadoria.

P. 186 – “Para Marx, a tecnologia dos transportes e das comunicações é distinta do


processo de circulação de capital per se no caso de transporte para o mercado. Em
tal instância, ele os incluiu como parte dos próprios custos de produção. Isso ocorre
porque, para Marx, os produtos do trabalho se convertem em mercadorias somente
quando alcançam o mercado e são distribuídos.” (...) “o espaço faz parte das
condições gerais de produção e não apenas de circulação (...)”.

P. 188 – “Naturalmente, o valor da terra sempre é um produto social, sua


capacidade de ser transferida com lucro continua sendo uma função do clima geral
dos negócios. (...) Além disso, o mercado imobiliário possui articulações
institucionais estatais que em alguns pontos, são semelhantes às dos mercados de
outras mercadorias, mas, em outros, como no caso dos subsídios do governo para a
moradia, diferenciam essa mercadoria de outros bens de consumo.”

P. 189-190 – Há, pelo menos, 5 categorias amplas de usuários envolvidos na


transferência da Terra por lucro: proprietários lugares de Terra não desenvolvida,
especuladores de terras, empreendedores, construtores e proprietários de terra
desenvolvida. Dentro de cada categoria, existem vários tipos diferentes, e o mesmo
indivíduo pode participar das cinco ou se especializar em apenas uma delas. (...)
além desses atores espaciais diretos há uma admirável infraestrutura organizada em
torno das atividades do circuito secundário, especialmente agentes financeiros como
banqueiros, empregados de companhias fiduciárias de empréstimos independentes
e companhias de seguros, agentes do setor imobiliário, funcionários públicos locais,
planificadores etc.

P. 190 – “(...) a natureza competitiva do mercado da terra no tocante a oferta, em


áreas urbanas, contribui para seu alto preço e para as dificuldades cíclicas na
realização de lucros.”

NESSE PONTO O AUTOR CHAMA ATENÇÃO PARA A NECESSIDADE DE SE


COMPREENDER O PAPEL DO ESPAÇO NA FORMAÇÃO DE CAPITAL (P. 191)

P. 192 – “(...) o circuito secundário de investimento imobiliário desempenha um


papel muito contraditório na acumulação de capital, às vezes ajudando esse
processo e outras obstruindo-o: e a produção do espaço de assentamento é mais
bem entendido como um processo contingente, amar Tico, que não é
necessariamente funcional para as necessidades do capital, ou é explicada pelo
abandono dessa relação contraditória em favor de alguma teoria funcionalista da
desvalorização.”

6 – ESTRUTURA E AÇÃO NA PRODUÇÃO DO ESPAÇO

P. 195 – “(...) a promessa inicial da ciência urbana (...) é, revelar o segredo da


organização social pelo estudo de suas formas materiais”

P. 196 – “Não pode haver uma análise econômica que seja marxista a menos que
expliquemos a natureza social do capitalismo. Isso requer o emprego do raciocínio
dialético e uma avaliação da maneira simultânea pela qual as categorias marxistas
são ao mesmo tempo sociais e políticas, e econômicas.”

P. 196 – A perspectiva proposta entende a organização sócio espacial não como


uma estrutura conceitual ultrapassada das formas espaciais baseadas na cidade,
mas como uma consequência direta das relações entre processos econômicos,
políticos e culturais, na medida em que se vinculam a geografia regional de áreas
metropolitanas.”

P. 198 – “(...) uma visão sintética da produção de espaço requer um entendimento


integrado tanto da natureza tridimensional* da organização sócio espacial na medida
em que se desenvolve ligações hierárquicas com lugares, quanto das relações
contextuais ou interativas como as que promovem a aglomeração.”
*Cultura, política e economia

P. 198 – “o cotidiano é ao mesmo tempo particularizado e afetado por relações de


produção que se estendem por todo o globo; é fragmentado e hierarquicamente
organizado, atomizado e estruturado”.

P. 199 – Para Gottdiener, a produção do espaço é o resultado da relação dialética


entre ação e estrutura.

P. 201 – Refletindo sobre a vasta literatura a cerca do surgimento e das implicações


do surgimento e fortalecimento das empresas multinacionais Gottdiener afirma: “Em
suma, a implicação de todos esses esforços de pesquisa para uma ciência do
espaço de assentamento é que o ambiente construído deve ser encarado como se
estivesse embutido dentro de uma matriz complexa de organização sócio-
econômica, envolvendo uma estrutura burocrática de corporação para a acumulação
de capital numa escala mundial”.

P. 206 – “(...) quando levamos em conta o espaço, não se pode especificar


fenômenos sócio-espaciais integralmente pelo raciocínio marxista. Assim, um novo
modo de pensamento crítico, que mantenha a dialética marxista, mas que vá além
de sua política econômica. (...) é necessário redefinir o que os marxistas entendem
por relações de produção e ver que elas são ao mesmo tempo econômicas, políticas
e culturais.”
P. 207 – “A ciência urbana deve ser capaz de penetrar através da aparência ou
forma para descobrir as forças que produzem espaço”.

P. 213 – “O processo de desenvolvimento capitalista produz custos externos que


toda a comunidade tem de suportar. Alguns deles – como poluição,
congestionamento de tráfego, degradação e crise – afetam qualquer área que esteja
passando por um crescimento rápido, desordenado.”

P. 216 – “Dentro de um contexto local, a desigualdade de desenvolvimento e suas


contratendências acontecem devido a forma qualitativamente diferente pela qual as
frações de capital desapropriam o espaço, criando conflitos entre, de um lado,
interesses monopolistas multinacionais e, de outro, interesses comerciais de base
local.”

P. 217 – Em resumo, o desenvolvimento desigual na sociedade capitalista (na


medida em que se oponha a sua forma em outros modos) representa tanto um
processo de acumulação de capital quanto uma relação competitiva entre diferentes
frações de capital. Inerente às relações de produção num sentido profundo e
multimanifesto. Essas relações interagem com a estrutura complexa da ordem social
capitalista tardia para produzir as contradições antagônicas que, a seguir, se
desdobram no espaço.”

P. 219 – “(...) qualquer indivíduo, independentemente de classe, pode


potencialmente participar das atividades do setor da propriedade, pois a terra é uma
mercadoria que pode ser convertida em muitas formas de valor de troca e, em
contraste com quase qualquer outra mercadoria, com o tempo tem seu valor de
troca elevado porque as relações capitalistas exigem que a terra seja cara.”

P. 223 – “A oposição entre frações pró-crescimento e de não-crescimento


representa uma luta ideológica profundamente arraigada pelos usos do espaço. Por
esse motivo, as redes de crescimento possuem dimensões tanto ideológicas quanto
políticas e econômicas. Da mesma forma que essa oposição organizada pode ser ao
mesmo tempo política econômica pode também atacar através da ideologia do não-
crescimento.
É possível perceber essa realidade em Aparecida de Goiânia? Será que existe uma
organização política que luta pelo não-crescimento da cidade? Penso que não,
afinal, as desigualdades socioeconômicas e os perenes fluxos migratórios para essa
cidade nas últimas décadas (o crescimento econômico é um forte fator de atração
populacional) levaram a exaltação do crescimento econômico que contribuiu para a
configuração socioespacial do ambiente construído aparecidense.

P. 223-224 – “A ideologia pró crescimento prega que mais moradia e


desenvolvimento comercial resultarão em mais pessoas e mais vendas, que por sua
vez produzirão mais receitas de impostos locais e mais empregos devido a maior
gasto local. Assim, todos se beneficiam, mesmo aqueles que não precisam de
emprego, mas que gostam de impostos mais baixos.”

P. 234 – “A ideologia do não-crescimento enfatiza uma perspectiva diferente. O


desenvolvimento traz para uma área mais pessoas do que as instituições locais,
como escolas e hospitais, podem atender. Assim, a pressão para baixo nos
impostos é, na maioria das vezes, superada, nos estágios posteriores do
crescimento, pela necessidade de maiores gastos fiscais. Além disso, um aumento
no desenvolvimento da terra produz poluição, congestionamento de tráfego e, em
última análise, taxas mais altas de criminalidade.” – A descrição da ideologia do não-
crescimento é um retrato do que vem ocorrendo em Aparecida de Goiânia e região –
o crescimento econômico não reflete necessariamente uma melhor qualidade de
vida para a maior parte dos cidadãos.

P. 226 – “Padrões sócio-espaciais de desenvolvimento são explicados pelas


atuações das coligações e redes de crescimento junto com as negociações e
conflitos que envolvem aqueles grupos e outras frações de classe. Isso muitas vezes
termina num conflito entre ideologias pró-crescimento e de não-crescimento; todavia,
na maior parte das vezes, o setor da propriedade sem oposição – e por esse motivo
constitui a linha de frente da produção de espaço típica do capitalismo tardio.”

P. 226 – Para Gottdiener “as formas do espaço são produzidas pela articulação
entre estruturas capitalistas tardias e as ações do setor da propriedade,
especialmente os efeitos de grupos escolhidos pelo Estado na canalização do fluxo
de desenvolvimento social para lugares e modelos específicos.”

7. A REESTRUTURAÇÃO DO ESPAÇO DE ASSENTAMENTO

P. 229 – Relação entre tecnologia, novas relações sócio-espaciais e


desenvolvimento metropolitano.

P. 230 – “Se o momento atual possui uma forma fenomenal de capital – a


corporação multinacional – , então a forma fenomenal de espaço correlata do
capitalismo tardio é a metrópole desconcentrada”.

P. 230 – “A posição epistemológica defendida pela perspectiva produção de espaço


afirma que os fenômenos sócio espaciais são ao mesmo tempo produtos e
produtores. A desconcentração é tanto um produto de mudanças contemporâneas
quanto um processo de organização sócio-espacial que reage contra outros
processos.”

P. 235 – Nesse ponto, o autor compara a abordagem marxista com sua proposta de
análise das mudanças sócio-espaciais que para ele é: “um resultado dialético de
fatores políticos, culturais e econômicos que se manifestam através da linha de
frente dos padrões de desenvolvimento imobiliário que congregam a intervenção do
Estado, formas de acumulação de capital e a manipulação dos mercados de terra.”

P. 240 – “Para promover uma explicação total da desconcentração, é necessário


ligar a característica estrutural do modo de produção a aspectos contemporâneos da
forma sócio-espacial”.

P. 241 – (...) “a produção de espaço ocorreu, no geral, não por causa apenas dos
processos econômicos, porém, mais especificamente, por causa de uma articulação
conjunta Estado-setor imobiliário, que forma a vanguarda das transformações
espaciais.”
SEGUNDO LEFEBVRE O CIRCUITO SECUNDÁRIO DA ACUMULAÇÃO DE
CAPITAL É O SETOR IMOBILIÁRIO (P. 243)

P. 245 – “Como assinalou Lefebvre, o circuito secundário, longe de ser um meio


“acidental” pelo qual o capital decidiu solucionar seus problemas de acumulação,
passou a ser um modo “essencial” de atividades de investimento para a economia
capitalista tardia.”

P. 246 – Nesse ponto o autor cita o fato de que os especuladores constituem a


vanguarda da expansão metropolitana. Esses atores adquirem terra agrícola com
décadas de antecedência ao desenvolvimento – em um segundo momento temos os
empreendedores – aqueles que, de fato, investem e constroem nessa terra que
passa pelo processo de especulação. Novamente, por analogia, é possível
compreender Aparecida de Goiânia por essa ótica. A especulação imobiliária, o
grande número de lançamentos de novos empreendimentos (loteamentos,
condomínios, etc.) é uma constante.

P. 246 – “(...) existem divisões de trabalho e distinções geográficas entre empresas


empreendedores. Aqueles oriundos da área externa tendem a construir grandes
projetos, como shoppings centers. Alguns se especializam em projetos residenciais
extensivos, enquanto outros constroem apartamentos e edifícios de escritório. Os
locais*, ao contrário, tendem a atuar em escala menor, dependendo de seu acesso
aos recursos financeiros. Um tipo particular de empreendedor local com grande
impacto é o construtor eventual, isto é, um construtor de casas individuais que se
aproveita das economias de escala criadas por projetos residenciais maiores.
Um tipo de empreendedor local, comum na RME de Goiânia, são aqueles que se
especializaram em adquirir um terreno e ali, construir duas ou mais unidades
habitacionais, popularmente conhecidas como “casas da caixa”, por ser esse banco
público a principal fonte de financiamento desses empreendimentos.”

P. 248 – “O total das ações organizadas dentro da estrutura de desenvolvimento


capitalista descobre que a forma espacial é produzida por essa interseção entre o
Estado local e o circuito secundário da atividade imobiliária. A esse nível local, com
efeito, há pouca diferença entre interesses políticos e econômicos – são ambos
articulados sobre o signo do crescimento”. (continua...)

P. 252 – “Podemos ilustrar melhor a articulação entre governo local e setor


imobiliário, responsável pelo fornecimento do componente de desconcentração
metropolitana ligada à oferta, com o exemplo dos parques industriais.” Apesar de se
tratar da realidade dos EUA nas décadas de 1960 e 1970, o papel dos parques
industriais no processo de desconcentração industrial teve seu correspondente na
RME Goiânia, com a criação do Polo Industrial de Aparecida de Goiânia e do DAIA
em Anápolis por exemplo.

P. 259 – “O processo contemporâneo da produção de espaço mescla uns poucos


ganhadores grandes com muitos perdedores pequenos. A reestruturação espacial é
desordenada naqueles níveis necessários para tornar mais justo esse resultado;
consequentemente, a maioria dos cidadãos são compelidos a viver em ambientes
que se beneficiariam de um crescimento coordenado. No entanto, a sociedade não
pode planejar o desenvolvimento de modo adequado, pois as relações de produção
existentes impedem qualquer tentativa de alterar autonomia dos interesses privados
no controle da terra.”

P. 260 – “Para o setor da propriedade, esse processo (crescimento) envolve uma


busca implacável de investimento lucrativo através da transferência da terra. Em
alguns casos, isso se manifesta na forma de projetos maciços, como grandes
empreendimentos residenciais ou torres de escritórios gigantescos, construídos por
aqueles elementos do setor da propriedade que têm acesso a grandes somas de
dinheiro, especialmente elementos do capital financeiro e conglomerados ligados
setor energético. Em outros casos, as atividades do setor da propriedade se revelam
ao aumentarmos a intensidade com que as estruturas existentes são transformadas
em novas fontes de valor de troca. Isso pode ocorrer, por exemplo, através da
conversão de apartamentos em condomínios e cooperativas, da demolição de
edifícios com baixa densidade e da construção de edifícios mais lucrativos e da
conversão do espaço em aglomerações comerciais, como salões de convenção,
arena de esporte, shoppings centers e ruas de lojas. Em todos os casos, as
atividades do setor da propriedade avançam com a ajuda do Estado”.

8. COMUNIDADE, LIBERAÇÃO E VIDA COTIDIANA

P. 263 – “A vida insular da cidade de empresa com um mercado seguro para seus
produtos, foi substituída por um mundo inseguro de competição internacional, por
uma reorganização impiedosa do trabalho e uma administração montada em
ambientes voláteis de insumo e rendimento”. – O contexto de mudanças espaciais
das cidades norte americanas durante o século XX, também se aplica ao Brasil. O
processo de desconcentração industrial impactou o cotidiano dos habitantes da RME
de Goiânia, a necessidade de criação de uma rede integrada de transporte coletivo
para atender uma crescente demanda de deslocamentos diários entre as cidades
circunvizinhas e a capital é um exemplo desse impacto, haja vista o aumento da
migração pendular, fruto do esvaziamento populacional do centro de Goiânia por
parte da classe trabalhadora, o surgimento de polos industriais e empresariais
distantes dos lugares de moradia dessa população.

P. 265 – “Lugares e formas não fazem nada e não produzem nada por si mesmos –
somente as pessoas dentro das redes de organização social é que possuem esse
poder.”

P. 266 – “A avaliação do bem-estar a partir de uma perspectiva tecnologicamente


reducionista negligencia as outras forças sócio-estruturais que transformam as
vantagens comparativas do lugar, especialmente a nova divisão internacional do
trabalho, as atividades das grandes firmas e multinacionais, a intervenção do Estado
e as ações do setor imobiliário.”

Paradigma alternativo defendido por Gottdiener:


“PERSPECTIVA DE PRODUÇÃO DE ESPAÇO”

P. 267 – “1. Entende-se os padrões do espaço


de assentamento como se fossem produzidos
pelo sistema social, que é estruturado tanto
vertical quanto horizontalmente. Esse
processo envolve forças econômicas, políticas
P. 267 – “2. Rotular de “capitalista” o motivo
produtor de espaço não significa
necessariamente, como afirmam alguns
marxistas, que as relações capitalistas se
refletem diretamente em formas urbanas.”

P. 268 – “3. O setor imobiliário, P. 268 – “4. O paradigma convencional


inclusive a fração do setor financeiro explica o desenvolvimento urbano como
organizada em torno dos investimentos se o Estado não existisse. Como vimos, o
na terra, é a linha de frente da desenvolvimento sócio-espacial é tanto
materialização desse processo de um produto do Estado quanto do setor
desenvolvimento capitalista tardio no privado.”
espaço.”

P. 270 – “5. Além das considerações econômicas e políticas, a


produção de espaço se realiza através do desdobramento da
ideologia, especificamente através da fixação cultural no
crescimento econômico como principal objetivos de áreas locais. A
ideologia pró-crescimento equipara o bem estar do lugar a sua
capacidade de promover desenvolvimento econômico.”

P. 271 – “6. O produto final dos processos P. 271 – “7. Recentes


capitalistas tardios de crescimento é a transformações na matriz
desigualdade de desenvolvimento, como uma espaço-tempo da organização
diferença cada vez maior entre rico e pobre e social alteraram,
com a exteriorização dos custos de fundamentalmente, as
crescimento para a comunidade em condições de vida da
conjunto”. comunidade local.” (o principal
aspecto é a segregação sócio-
espacial)

P. 272-273 – “(...) em vez de uma estreita fixação em seguir as diminutas diferenças


entre habitantes de lugares e suas respectivas redes pessoais, precisamos discutir
as questões mais importantes da modernidade – casamento, divórcio, educação dos
filhos, envelhecimento, a natureza do trabalho, auxílio mútuo -, isto é, as novas
relações sociais que abrangem experiências diárias dentro do meio ambiente
metropolitano desconcentrado.”

P. 280 – “Todo o globo, países adiantados e suas coortes subdesenvolvidas, é


jogado num carrossel de ciclos permanentes de altos e baixos que destroem os
recursos do globo a uma rapidez alarmante e empurram gerações futuras para um
processo de crescimento financiado por uma dívida que nunca poderá ser paga.”
P. 286 – A crença nos benefícios da expansão tornou-se um mecanismo de controle
social, personificado talvez pela aceitação, por parte do trabalhador, do longo trajeto
para a casa por entre congestionamento, barulho e fumaça.

P. 290 – “O momento atual é aquele em que o espaço absoluto de dominação


política e econômica reina hegemonicamente sobre o espaço social da vida
cotidiana. Em toda parte, o ambiente construído significa a natureza instrumental e
funcional da construção, embora os valores de uso do espaço, tanto comunal quanto
pessoal, se afastem cada vez mais da experiência pública.”

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