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Esse artigo tem como objetivo apresentar a dinâmica geográfica e modo de operação de
ilícitos transnacionais com ênfase nos tráficos de drogas e armas pelas Águas
Jurisdicionais Brasileiras, além de outras características-chaves dos atores que participam
dessa atividade; tendo como foco a comparação entre a forma como essas atividades
ocorrem nos portos da Amazônia e do centro-sul brasileiros. Valendo-se de pesquisas, e
do método dessas, ocorridas nos últimos 25 anos por autores como Lia Machado; Rebeca
Steiman e Aiala Couto e respaldados por dados de plataformas policiais (Polícias
Federais); jurídicas (Ministério Público Federal); econômica (base de dados da Receita
Federal), além de outros relatórios como o Perspectives on Drugs Cocaine trafficking to
Europe de 2016, estabeleceremos amostras de eventos e indicadores que diferenciam e,
portanto, caracterizam rotas e outros comportamentos influentes nessa dinâmica de
tráfico ilícito dentro do território brasileiro.
Palavras-chave: Ilícitos transnacionais, Portos, Águas Jurisdicionais Brasileiras.
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Pesquisa em andamento. Etapa de mapeamento de base/dados para evoluções do grupo de Tendências de Impacto Marítimo e
Naval (TIMAN) do Laboratório de Simulações e Cenários (LSC) – Escola de Guerra Naval – Marinha do Brasil.
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Analista de Relações Institucionais da AMAZUL, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos (PPGEM) e
Líder de Pesquisa no TIMAN - LSC.
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Graduado em Defesa e Gestão Estratégica Internacional – UFRJ e pesquisador do TIMAN - LSC.
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Graduanda do curso de Defesa e Gestão Estratégica Internacional – UFRJ e Pesquisadora do TIMAN - LSC.
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INTRODUÇÃO
De acordo com os dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes
(UNODC)5 de 2017, no Brasil ocorre cerca de 4% do total de apreensões de cocaína do
mundo. Em 2014, a mesma organização, revelou que os Estados Unidos; grande parte dos
países da Europa; Brasil e África do Sul, são os maiores consumidores de cocaína do
mundo.
O Relatório Mundial sobre Drogas6 de 2008 e 2015, apontou o Brasil como sendo
o segundo maior corredor de exportação de cocaína na costa atlântica da América do Sul
rumo à África e Europa, estando atrás apenas da Venezuela. No entanto, a partir de 2009,
o Brasil assumiu o protagonismo dessa atividade.
O narcotráfico, é atualmente a atividade ilícita mais rentável do mundo, com um
lucro anual estimado em 322 bilhões de dólares, além de se manter ativo em 88% dos
países (UNODC, 2017). No Brasil, segundo o Livro Branco de Defesa Nacional (2012,
p. 259), o narcotráfico é uma atividade do campo de “crimes contra a pessoa” que, junto
com os “crimes financeiros” e do “crime cibernético”, configuram o grupo de atividades
enquadradas como “Ilícitos transnacionais”.
Essa pesquisa fará um breve resumo da evolução dessas atividades ilícitas nas
regiões recortadas a partir das pesquisas de Lia Machado (2009), Rebeca Steiman (1995)
e Aiala Couto (2017); respaldados por dados das forças policiais responsáveis pelo
controle dessas atividades ilícitas, principalmente notícias da Polícia Federal, Receita
Federal e Ministério Público; além de dados de outras organizações nacionais e
internacionais.
5
Sigla usual em inglês da organização: United Nations Office on Drugs and Crimes.
6
Do original em inglês: World Drugs Report.
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De acordo com a Política Nacional de Defesa (2012, p. 12) o conceito de
“Segurança” se dá pela “condição que permite ao País preservar sua soberania e
integridade territorial, promover seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças, e
garantir aos cidadãos o exercício de seus direitos e deveres constitucionais”. Seguindo
por esse caminho, a Estratégia Nacional de Defesa (2012, p. 134) pontua “todas as
instâncias do Estado deverão contribuir para o incremento do nível de Segurança
Nacional, com particular ênfase sobre: [...] as ações de segurança pública, a cargo do
Ministério da Justiça e dos órgãos de segurança pública estaduais”. Por sua vez, as ações
de segurança pública, como prevê o artigo 144 da Constituição Federal de 1988, são
“dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, ficando responsáveis pelo
controle direto aos crimes contra a pessoa estabelecido no conceito de “ilícitos
transnacionais”.
Rebeca Steiman (1995); Lia Machado (2009) e Aiala Couto (2017), em suas
pesquisas, apresentaram levantamentos de informações sobre ilícitos transnacionais e seu
comportamento dentro do território. Os principais países produtores de cocaína do mundo
são, Colômbia, Peru e Bolívia. Paraguai era um grande produtor de maconha e, de todos
eles, o crime organizado do Brasil importava drogas, além de comercializar outros
produtos ilícitos, tais como, madeira; ouro, contrabando diverso, e armas. (STEIMAN,
1995, pp. 26, 27 e 33). Devido a inserção geográfica de três desses quatro Estados na
bacia amazônica, o comércio de cocaína direto e mais eficiente do Brasil ocorre
principalmente utilizando os rios da região ou pequenos aviões (STEIMAN, 1995, pp.
28). As características do narcotráfico na Amazônia são, basicamente, definidas pela
concentração de um mercado varejista nos grandes centros regionais (Manaus, Belém e
outras cidades ao longo desse eixo) e utilização dos portos e aeroportos da região
(principalmente Manaus) para distribuição da droga para o resto do país e para o exterior.
(MACHADO, 2009, pp. 125 e 134). Os grandes centros da Amazônia como Manaus e
Belém do Pará, são para essa dinâmica de crimes algo parecido com os grandes centros
nacionais como São Paulo e Rio de Janeiro em menores proporções: plataformas de
exportação e centros de consumo com presença de grandes organizações criminosas.
(COUTO, 2009, pp. 59 e 60)
Quando analisado o centro-sul, a autora destaca um movimento muito maior de
atividades ilícitas principalmente na fronteira com o Paraguai pelos estados do Mato
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Grosso do Sul e Paraná. A proximidade geográfica do Paraguai com portos de grande
volume de cargas, como o de Santos, também torna a região interessante aos traficantes
para a exportação de produtos. (STEIMAN, 1995, pp. 31 e 33) Informações também
apresentadas por Lia Osório Machado (2009, pp. 134).
Figura 1 Editado por Lucas Barreto a partir das informações apresentadas anteriormente.
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Mapa 2: Redes e fluxos de armas de fogo ilícitas na América do Sul centrado no Brasil
(1994 - 2019).
Figura 2 Editado por Lucas Barreto a partir das informações apresentadas anteriormente.
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dos navios. No local de destino, membros da organização criminosa rompiam os lacres,
recuperavam a cocaína e colocavam os lacres clonados, para não gerarem suspeitas”.
Por ser uma região que, majoritariamente, a logística de longas distâncias se faz
pelas hidrovias, o volume de apreensões de drogas em trânsito também ocorre, em sua
maioria, nos rios da região. Em 2018, por exemplo, ao analisar as ocorrências de tráfico
de drogas ao longo da hidrovia Amazonas, pode-se perceber que mais de 60% das
apreensões ocorre nas periferias das cidades em pontos caracteristicamente destinados à
venda local da droga, no entanto, as apreensões de grande volume (superiores a 100 kg
de droga) que configuram pacotes de exportação ou distribuição para outros pontos do
país, ocorreram em águas nos arredores de duas grandes cidades (Manaus e Santarém).
(RODRIGUES, 2019, pp. 83 a 85).
Quando observamos apenas a dinâmica das armas de fogo ilegais dentro do país,
de acordo com levantamento de informações realizado a partir de dados das Secretarias
de Segurança Pública dos estados (2014, pp. 8 a 11), a maior parte das armas apreendidas
no sudeste (região que concentra o maior número de armas de fogo ilegais) brasileiro são
de origem nacional (60,9%). Restringindo às importações ilegais, percebemos que a
maior parte das armas que entram no Brasil ainda vem pela fronteira sul do País, em
especial, a partir da fronteira com o Paraguai e, escondida em cargas legais pelos portos
do sudeste. Embora haja esse destaque para o centro-sul do país, há casos de armas
encontradas em cargas em outros portos do nordeste e norte também, assim como o
trânsito de armas pela fronteira da Amazônia, também se faz paralelamente ou de maneira
similar ao da droga.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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Peru que ingressam em território brasileiro pelos rios da Amazônia, sendo essa droga,
majoritariamente destinada a distribuição interna para o mercado a varejo na Amazônia e
no restante do país.
Quando comparamos o volume de drogas que passou pelos dois portos, refletido
no volume de apreensões das forças policiais, notamos a diferença na utilização dessas
plataformas. Enquanto em Manaus ocorreu a apreensão de pouco mais de cinco toneladas
de cocaína em 2018, Santos atingiu mais de vinte e três toneladas; números que, embora
dispares, apresentam a importância desses portos para os criminosos quando comparados
a outros grandes portos da região em volume de apreensões (como é o caso dos terminais
em Belém e Rio de Janeiro).
Comparando esse número ao volume de apreensões já ocorridas em 2019 (entre
janeiro e setembro), é possível notar também uma grande elevação no número de
apreensões total. fazendo destaque a outros portos do país que, por regras estabelecidas
nas tendências de apreensões, não possuíam volumes expressivos. Esses são os casos de
Paranaguá – PR que, em setembro desse ano, já havia dobrado o volume total de
apreensões do ano anterior; e Natal – RN que, não havia registrado apreensões de drogas
em seus terminais no ano de 2018 e, esse ano, já ultrapassa a marca das quatro toneladas.
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
SEM DADOS DE 2019
15.000
10.000
5.000
0
Belém PA Manaus AM Natal RN Paranaguá PRRio de Janeiro Santos SP Total
RJ
Gráfico 1 Fonte: Informações publicadas nos portais de notícias das Polícia Federal e Receita Federal (2018 e 2019)
Vale destacar também que, o reflexo da importância desses portos para as suas
regiões no tocante a essa modalidade de crime se reflete em outras estruturas, mesmo que
em menor volume, os aeroportos internacionais de Guarulhos – SP e Manaus – AM
possuem dinâmicas comparáveis às dos portos, sendo responsáveis pelas duas maiores
apreensões de drogas em aeroportos no ano de 2018.
No caso do tráfico de armas, não foi possível tabular dados precisos sobre volume
de apreensões de armas de fogo ilegais nos portos do estudo de caso. No entanto, embora
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haja ciência da utilização deles para esse tipo de atividade, a importação ou trânsito de
armas de fogo irregulares no Brasil permanece sendo uma atividade “de fronteira” mais
do que “do litoral”.
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REFERÊNCIAS
MACHADO, Lia Osorio. Tráfico de drogas ilícitas e território: o caso do Brasil. In.
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9
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STEIMAN, Rebecca. O Mapa da Droga (Monografia). Profa. Dra. Lia Osório Machado
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