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Revue franco-brésilienne de géographie / Revista franco-brasilera de geografia
37 | 2018 :
Número 37
Imagens comentadas
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Index de mots-clés : banques, nouveau cangaço, sécurité
Index by keywords : banks, new cangaço, security
Índice geográfico : Maranhão
Índice de palavras-chaves : bancos, novo cangaço, segurança
Texto integral
1 No cinema os roubos a bancos têm sido romantizados, a ponto de muitas vezes criar
paradoxos na postura dos telespectadores, que se envolvem nos enredos e passam a
torcer e apoiar as motivações e ações dos criminosos. No Brasil, não distante da ficção,
essa modalidade de crime tem assumido dimensões cinematográficas e espalhado
terror e transtornos em pequenas e médias cidades. Muito além dos prejuízos
financeiros, esses eventos são marcados pelo uso de diversas formas de violência e pelos
transtornos causados no seu entorno, que remetem a um Brasil do passado.
2 Entre meados do século XIX e início do século XX, as questões sociais e fundiárias do
Nordeste do Brasil, levaram ao surgimento de um poder paralelo de enfrentamento
através da prática de crimes diversos, principalmente sobre os mais ricos. O fenômeno
de banditismo social conhecido como cangaço, instaurou a desordem na região e
alimentou o imaginário popular. Na atualidade, outras práticas criminosas, dão
significado a um “novo tipo de cangaço”, que se caracteriza pela atuação de grupos
fortemente armados que praticam furtos ou roubos a numerários.
3 Diferente do bando de Lampião, o novo cangaço assume uma nova geografia que
ultrapassa as entranhas do sertão nordestino e se faz presente em todo o país. O grau de
especialização dos criminosos chega a contar com explosivos e armas utilizadas em
guerras. Segundo Costa (2016) o tamanho dos grupos se assemelha aos do velho
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cangaço, que contavam com números entre dez e quinze pessoas, intrinsecamente
motivadas por razões político pessoal, levando em consideração vinganças e a
subversão da ordem estatal.
4 Os cangaceiros contemporâneos não são liderados por um homem, mas por vários.
Suas finalidades com os assaltos a instituições bancárias, públicas e privadas também
se distingue. A grande maioria das quadrilhas encontram nos arrombamentos e
explosões a caixas eletrônicos a oportunidade de capitalizar recursos para outras
atividades, tais como: agiotagem, lavagem de dinheiro, financiamento de campanhas
eleitorais, tráfico de drogas e armas.
5 A atuação das quadrilhas é marcada pelo uso de violências e pela instalação de um
estado de pânico nas cidades. Geralmente a atuação dos criminosos é marcada pela
tomada do poder, a partir do bloqueio de vias, com a rendição das forças de segurança
públicas e privadas e com a utilização de reféns para dar facilidade nas fugas.
Dependendo das condições, em que pese principalmente o efetivo de segurança, os
grupos realizam arrombamentos ou explosões dos caixas eletrônicos.
6 A frequência com que esses crimes ocorrem é relativamente recente, o que explica a
ausência e/ou organização sistemática das estatísticas sobre os crimes praticados na
modalidade “novo cangaço” em todo país. O Sindicato dos Bancários do Maranhão,
desde 2011 realiza mensalmente o levantamento dessas informações no estado. Ainda
que a instituição agrupe explosões e arrombamentos, ela é a principal fonte de dados
sobre esses crimes no estado do Maranhão.
7 Em sete anos foram registrados 280 casos de arrombamentos e explosões de caixas
eletrônicos no estado, o que representa uma média de 40 casos anuais. Seguindo a
tendência de crescimento do ano anterior, em 2015 as ações das quadrilhas atingiram
os números máximos, 61 ataques. Por outro lado, 2017 é o ano de menor atuação dos
criminosos, 12 casos foram registrados.
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10 A ação dos novos cangaceiros esteve restrita a apenas seis bancos, o Bradesco foi alvo
de 140 investidas e o Banco do Brasil, 129. A distribuição desses bancos no estado
maranhense ajuda a compreender porque são eles os que mais sofrem arrombamentos
e explosões, juntos, os dois possuem 785 postos e 220 agências. O Bradesco conta com
455 postos e 100 agências, esses números em muito se dão em razão da aquisição no
ano de 2003 do Banco do Estado do Maranhão (BEM). O Banco do Brasil, maior banco
da América Latina e principal agente financeiro do governo federal, possui 330 postos e
110 agências em todo o Maranhão.
11 Os postos e agências bancárias seguem geografia semelhante de distribuição e
aparecem como elementos que indicam hierarquia urbana, pois quanto maiores a
população e o Produto Interno Bruto (PIB) das cidades maiores também serão os
números de postos e agências bancárias.
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12 Uma outra visão dos crimes praticados pelo Novo Cangaço no Maranhão é dada com
a relação arrombamento/número de agências e postos. Nela, é possível analisar a
frequência de arrombamentos e explosões naqueles municípios com um baixo número
de unidades bancárias. Chama atenção o caso do município de Lago Verde, no centro
do estado, onde o único posto bancário sofreu nos últimos seis anos, três explosões.
Nota-se também uma repetição de casos na Região Tocantina. Além das instituições
financeiras, eventuais e terceiros também sofrem os prejuízos monetários de uma
explosão, principalmente, aqueles que residem próximos a essas instituições, mas
também o comércio. Um arrombamento ou explosão a um banco em uma pequena
cidade, gera transtornos também as cidades vizinhas, uma vez que às sobrecarrega com
o número de usuários do sistema bancário.
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Carro da polícia crivado de balas em São Luís Gonzaga do Maranhão (setembro de 2018)
(Divulgação)
15 De acordo com informações divulgadas pela imprensa, em 4 cidades (Zé Doca,
Senador Alexandre Costa, Dom Pedro e Buriticupu) houve troca de tiros entre policiais
e criminosos. Em outras duas (Aldeias Altas e Buriticupu) houve ainda reféns que
serviram de escudos durante as explosões. Em Aldeias Altas, após perseguição, dois
criminosos foram mortos pela polícia.
16 Ainda segundo a imprensa, foram apreendidos 26 criminosos: Zé Doca (7), Dom
Pedro (5), Buriticupu (5) São Luís Gonzaga do Maranhão (9). Da explosão ocorrida em
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Zé Doca, entre os presos está um policial; em Dom Pedro, dos cinco apreendidos um
era advogado; em São Luís Gonzaga um ex. sargento do exército fazia parte do grupo.
Esses casos demonstram o grau de preparação e de articulação dos cangaceiros.
17 É importante ainda notar que na maioria dos casos as quadrilhas foram apreendidas
em municípios vizinhos ao local da prática criminosa, o estado do Pará também tem
sido rota desses grupos.
Bibliografia
COSTA, Carlos Viana da. Novo Cangaço no Pará: a regionalização dos assaltos e seus fatores
de incidência. 66 f. Dissertação (Mestrado em Segurança Pública). – Programa de Pós-Graduação
em Segurança Pública. Universidade Federal do Pará. Belém, 2016.
Sites consultados:
www.bancariosma.org.br/
g1.globo.com/ma
www.ma10.com.br/
https://journals.openedition.org/confins/15811 8/10
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imirante.com/
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Título Carro da polícia crivado de balas em São Luís Gonzaga do Maranhão
(setembro de 2018)
Créditos (Divulgação)
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Autor
Ronaldo Barros Sodré
Doutorando na Universidade Federal do Pará, ronaldo-sodr@hotmail.com
Direitos de autor
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