Você está na página 1de 2

Roubo a embarcações no Pará: a rota do medo ou do progresso?

Arthur do Rosário Braga


Crimes de roubo a bordo de embarcações.
Caracterizar os crimes de roubo a bordo de embarcação ocorridos no estado
do Pará, no período de 2017 a 2020.
uma pesquisa documental, de natureza quantitativa, exploratória e descritiva

Foram analisados, por meio de estatística descritiva, dados dos registros de roubo a bordo de embarcações,
fornecidos pela Secretaria Adjunta de Análise Criminal do Pará, Grupamento Fluvial e pela Polícia Federal.

Resultados:
Foram registrados 621 boletins de roubo a bordo de embarcação no período de 2017 a 2020 no estado, sendo
Breves o município com maior incidência (19,36%).
A frequência mais acentuada foi sexta-feira (18,19%), das 04h às 06h e das 20h às 22h.

Ao relacionar o quantitativo de roubos à quantidade de municípios, constatou-se que 56 municípios tiveram


incidência deste tipo de delito, em 27 deles os policiais não possuem embarcação policial para o enfrentamento
da criminalidade nos rios.
Dos municípios que possuem essas embarcações disponíveis, 7 (12,5%) estão inoperantes.

Constatou-se que 60,71% dos municípios que apresentaram ocorrências de roubo a bordo de embarcações
não possuem estrutura fluvial mínima para o patrulhamento ostensivo ou investigação, mas conta com o
Grupamento Fluvial, situado em Belém.

Dos 144 municípios 73 são ligados por rios


o presente trabalho visa caracterizar o perfil dos crimes de roubo a bordo de embarcações no estado do Pará,
no período de 2017 a 2020.

Este estudo possui abordagem quantitativa. para Günther (2006),trata-se da combinação de técnicas
matemáticas para quantificar os dados relacionados ao objeto de estudo.
Quanto aos objetivos optou-se por uma pesquisa exploratória e descritiva, que busca dimensionar o objeto
estudado, bem como alcançar os objetivos propostos (GIL, 2008).
Os procedimentos técnicos são do tipo documental, que se utiliza de documentos originais, fontes primárias,
que não receberam nenhum tratamento analítico (GODOY, 1995).

As fontes são primárias, sendo planilhas contendo os registros de roubo a bordo de embarcação no Pará, no
período selecionado, e 623 boletins de ocorrência fornecidos
pela Secretaria Adjunta de Inteligência e Análise Criminal (SIAC), do Grupamento Fluvial de Segurança
Pública (GFLU) ambos ambos designados a SEGUP e Polícia Federal.

dados foram acessados de forma virtual, por planilha do Excel, que continha dados dos boletins de
ocorrência como: (i) município, (ii) local, (iii) mês da ocorrência, (iv) dia da semana, (v) horário do crime e
outros, e dados do Grupamento fluvial sobre a localização e condições operacionais das embarcações
policiais distribuídas pelo estado.

Foram solicitados, ainda, dados relacionados a registros de boletins de ocorrência policial de roubo a bordo
de embarcações que tenham ocorrido dentro do estado do Pará, no período de 2017 a 2020

Para esta pesquisa o material foi analisado à luz da técnica estatística de análise exploratória dos dados
(BUSSAB; MORETTIN, 2017).

Os 10 (dez) municípios com maiores ocorrências de crimes de roubo a bordo de embarcações do Pará, de
2017 a 2020, ou seja, Breves, Abaetetuba, Igarapé-Miri, Belém, Barcarena, Gurupá, Ponta de Pedras,
Cametá, Afuá e Colares, estão dentro das principais rotas de navegação com origem em Manaus, Macapá e
Itaituba até Belém e suas adjacências.

Breves (19,36%) é o município com a maior quantidade de registros de roubos a bordo de embarcações no
Pará, de 2017 a 2020, seguido de Igarapé-Miri (18,45%), Abaetetuba (17,08%).

A somatória dos 10 municípios com mais altos índices de criminalidade, representa 70,69% do total de
ocorrências de roubo a embarcações no estado do Pará, destacando-se o fato de que 4 municípios são da
região do Marajó, 4 do Baixo Tocantins, um da região Metropolitana e um do Salgado.

ressalta que Breves, o município que aparece com maior incidência de roubo a embarcações, está situado,
estrategicamente, na convergência das principais rotas de navegação do estado do Pará, tanto a que vem do
Amazonas, quanto a oriunda do Amapá e da região de Itaituba,
que recebe produtos oriundos do Mato Grosso e estados adjacentes.

Dentre as 10 cidades que apresentaram maiores índices de roubo à embarcação, constata-se que 5 delas
fazem parte do Ranking dos 20 maiores produtores de açaí do Brasil, inclusive Breves (BRASIL, 2017).
Quatro cidades que estão elencadas como maiores produtoras de açaí são Igarapé-Miri; Abaetetuba; Cametá
e Barcarena.

Constatou-se um baixo percentual de investigações de crimes de roubo a bordo de embarcações, com apenas
6,76% das ocorrências investigadas pela polícia civil e, grande
parte (29,47%) foram registradas na delegacia virtual, indicando dificuldade de acesso às delegacias físicas
ou falta de interesse da população pela procura das unidades de polícia judiciária.

Dos 56 municípios paraenses que apresentaram ocorrências de roubo a bordo de embarcações, 60,71% não
possuem estrutura fluvial mínima para proporcionar ao policial o patrulhamento ostensivo de prevenção ou
para investigação do crime.

Quanto ao crime em si, verificou-se que os 10 municípios com maior incidência representam 70,69% do
total das 621 ocorrências registradas no estado, que os mesmos estão situados nas
principais rotas de navegação interestadual, com destaque para o município de Breves que possui o maior
índice de roubo a bordo de embarcação.

Você também pode gostar