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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO AMAPÁ - PMAP

CENTRO DE FORMAÇÃO E APERFEIÇOAMENTO – CFA


CURSO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS - CFS
AL SGT ROSINELSON DE ALMEIDA GEMAQUE

“POLICIAIS: TORNIQUETES DA NAÇÃO: ATÉ QUANDO?”

Instrutores: 1º TEN QOPMA WILLIMAN


DO NASCIMENTO MARQUES; SD QPPMC
WEVERTON BACELAR MORAIS.

MACAPÁ – AP
2022
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública se baseia em informações
fornecidas pelas secretarias de segurança pública estaduais, pelas polícias
civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública. A
publicação é uma ferramenta importante para a promoção da transparência e
da prestação de contas na área, contribuindo para a melhoria da qualidade dos
dados. Além disso, produz conhecimento, incentiva a avaliação de políticas
públicas e promove o debate de novos temas na agenda do setor. Trata-se do
mais amplo retrato da segurança pública brasileira.
A violência contra policiais tem tanto uma dimensão “objetiva”, como as
mortes e lesões, como “subjetiva”, como preconceito, ameaça, assédio moral e
sexual. Profissionais de segurança são vítimas de ameaças (75,6% em serviço
e 53,1% fora de serviço), são vítimas de assédio moral ou humilhação no
ambiente de trabalho (63,5%) e foram discriminados por serem profissionais de
segurança pública (65,7% e 73,8% entre policiais militares).
Apesar de um quadro nacional de queda dos números de policiais
mortos, houve aumentos significativos em alguns Estados. São os casos de
Rio Grande do Norte (cinco casos em 2020 contra onze casos em 2021, todos
por lesões corporais), Rio Grande do Sul (que registrou seis casos contra
nenhum em 2020), Bahia, em relação aos policiais militares (um caso em 2020
contra cinco casos em 2021) e Rio de Janeiro (aumento de 45,5%, com 64
casos registrados em 2021 ante 44 em 2020). Sobre estes Estados – Bahia e
Rio de Janeiro – dedicaremos uma leitura mais atenta adiante. Apesar da
baixíssima relevância estatística, verifica-se aumentos importantes em Santa
Catarina, Paraíba e Rio Grande do Norte, com números superiores a 100%.
Por outro lado, houve redução das mortes de policiais em alguns
Estados, reproduzindo o quadro nacional. São os casos de Minas Gerais, que
em 2020, apresentou cinco casos, enquanto em 2021 não houve quaisquer
registros, e Rondônia, com uma queda de 60% (cinco casos em 2020 ante dois
casos em 2021), apenas para enfatizar alguns Estados de maior
representatividade estatística, ainda que outras unidades também tenha
exibido resultados positivos, como Goiás, Paraná, Sergipe, Mato Grosso do
Sul, Acre e Roraima. Em razão de o universo estatístico ser mais amplo que as
demais unidades federativas, pela significativa queda e pela atualidade da
discussão, importa discutir o caso de São Paulo.
Em 2022 a taxa de mortalidade em intervenções policiais caiu no país
pela primeira vez em oito anos, segundo dados do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública. A queda é puxada principalmente pela menor letalidade
entre brancos, que caiu 30,9% entre 2020 e 2021. Para a população negra,
porém, a estatística foi na contramão da tendência nacional: houve 5,8% mais
mortes de negros em intervenções policiais no ano passado.
Na comparação entre os estados, o Amapá tem a polícia mais letal do
país, uma liderança que se mantém desde 2019. Lá, houve 17 mortes a cada
100 mil habitantes em ações da polícia. O Amapá teve ainda um aumento na
taxa de letalidade policial, que cresceu 32%. O estado com a segunda maior
letalidade policial, Sergipe, teve 9 mortes a cada 100 mil habitantes no mesmo
tipo de situação. Goiás e Rio de Janeiro vêm em terceiro e quarto lugar, com
taxas de 8 e 7,8 mortes por 100 mil habitantes, respectivamente. No Distrito
Federal, em Minas Gerais e Rondônia estão as menores taxas de letalidade,
todas abaixo de 1 morte a cada 100 mil habitantes.
A redução no número de mortes em ações policiais foi de 5% e, em
números absolutos, foram 268 vítimas a menos — foram de 6.413 mortes em
2020 para um total de 6.145 no ano passado. Após oito anos de aumento nas
taxas de letalidade policial, o país ficou agora em patamar próximo ao ano de
2018. Os mortos são homens e jovens, em sua maioria. Mais de 43% têm entre
18 e 24 anos, e 99% são homens. Oito em cada dez vítimas fatais de
intervenções policiais são negros.
A taxa de mortalidade entre policiais civis e militares teve uma queda
ainda mais expressiva, de 12% na média do país. Os estados de Rondônia
(com uma redução de 58%), Paraná (49%) e São Paulo (47%) tiveram os
melhores resultados na redução de mortes em serviço. No caso de São Paulo
e Rondônia, isso coincide com a queda no número de mortos em confrontos. A
grande maioria das mortes violentas de policiais, no entanto, ocorre quando o
policial está fora de serviço: mais de 77% dos casos ocorrem fora do
expedieente, e apenas 22% durante a atividade policial.
Dados do anuário brasileiro de segurança comprovam que a grande
maioria das mortes de policiais estão diretamente relacionadas a sua função e
ao trabalho de cunho repressivo executado por eles. O homicídio de agentes
da lei, têm sido, disparadamente, o maior ceifador de vida desses profissionais.
Muito disso, deve-se a falta de aparato estatal a estes, principalmente quando
estão nos seus momentos de folga, que é quando ficam expostos a maior
vulnerabilidade.
Além disso as enfermidades psicológicas são cada vez mais comuns
entre policiais, e conforme o anuário, a segunda maior causa de morte destes.
Fato este, diretamente relacionado ao ambiente de trabalho sob pressão que
recai sobre estes profissionais. Não obstante, na maioria das vezes, a falta de
apoio adequado para tratamento, através de profissionais especializados
fornecidos pelo Estado corrobora diretamente no aumento do número de
mortes por essas doenças.
Se, quanto às mortes por causas externas, os dados de 2021
apresentam um cenário nacional favorável, o mesmo não se pode dizer quanto
aos suicídios no ano de 2022, que apresentou um aumento de 55,4%, com 121
vítimas. Esses dados referem-se somente aos policiais da ativa.
É preciso dizer que esse aumento no comparativo com 2020 se dá em
grande medida à entrada de dados de novos Estados no cômputo nacional,
dentre o principal São Paulo, que tem maior representatividade estatística com
23,7% dos casos nacionais, e que não apresentou dados para 2020. Ocorre
que, mesmo desagregando os dados desse Estado, o Brasil apresentou um
aumento de 18,5% das taxas de suicídios de policiais da ativa. Louve-se que,
de 2018 para cá, 11 novos Estados passaram a apresentar os números de
suicídio de suas forças policiais; na atual edição, apenas Ceará e Rio Grande
do Norte deixaram de informar tais dados. Não há dados para outras
corporações brasileiras (federais ou municipais).
Logo, percebe-se que a redução de mortes policias, passa diretamente
pelo maior envolvimento e atenção estatal a esses profissionais através da
criação de politícas públicas, não só voltadas à repressão de seus
assassinatos, como também ao tratamento, prevenção e apoio psicológico a
esses agentes garantidores da lei.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
In: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de
Segurança Pública: 2019. São Paulo: FBSP, 2019.

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