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“Você vive hoje uma vida que gostaria de viver por toda a eternidade?”

(Friedrich Nietzsche)
LETALIDADE E VITIMIZAÇÃO
POLICIAL EM PAUTA
 As polícias do Brasil mataram um total de 6.430 pessoas durante o serviço ou em
horário de folga em 2022. O número representa 17 vítimas de policiais por dia. Os
dados são do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado nesta
quinta-feira (20) e que tem como base as estatísticas oficiais registradas pelas
secretarias de segurança pública dos 26 estados e do Distrito Federal.

 Com base no levantamento, policiais civis e militares foram responsáveis por 6.430
mortes decorrentes de intervenção policial -- nome técnico para quando se
envolvem em ações com mortes.
 A estatística indica tendência de estabilidade ao ser comparada com os registros
feitos em 2021, quando agentes de segurança pública mataram 6.524 pessoas -
redução de 1,4% em 12 meses.

 Entre os estados, São Paulo apresentou a maior queda em números absolutos: de


570 para 419, em 2022. Já a Bahia, a maior alta bruta, ao passar de 1.335 vítimas
da polícia em 2021 para 1.464 no ano passado.

 Juntos, Bahia e Rio de Janeiro (com 1.330 mortes) representam 43% de todas
as
mortes provocadas pelas polícias no Brasil.
 Dados da 17ª Edição do Anuário de Segurança Pública referentes às mortes
de policiais civis e militares em 2022 disponibilizados pelas secretarias estaduais
de segurança pública mostra um cenário já observado nos anos anteriores:
policiais morrendo mais em confronto ou por lesão não natural na folga
(homicídios, latrocínios e/ou lesão corporal seguida de morte), depois por suicídio
e, por último, em confronto em serviço.

 Em 2022 morreram 173 policiais assassinados e 82 por suicídio. Daqueles que


foram mortos, 7 em cada 10 morreram na folga. Foram 40 policiais a mais
assassinados em comparação com 2021.
 Os policiais militares que foram assassinados eram, em sua imensa maioria,
homens (98,4%) negros (67,3%) e principalmente na faixa entre 40 e 44 anos. O
que revela que os policiais experientes foram os mais vitimados.

 A Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolveu uma série de objetivos


ambiciosos no ano de 2015 por meio de um “Pacto Global”, que envolve os
seus 193 países membros. Ao todo, o projeto da ONU contempla 17 ODS, ou
seja, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

 O ODS 3: saúde e bem-estar. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-


estar para todos e em todas as idades; e o ODS 16: promover sociedades
pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à
justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em
todos os níveis, estão diretamente ligadas aos problemas enfrentados pela policia
no Brasil.
 O diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Antônio Fernando Souza Oliveira,
disse que a morte da menina Heloísa dos Santos, de 3 anos, atingida por tiros
durante abordagem de agentes da corporação, representa uma "dor" para a
PRF.

 O diretor-geral também disse que pretende implementar uma mudança


na
atuação da corporação, para evitar abordagens que terminem em mortes.

 "É uma dor institucional quando nós perdemos uma vida. Qualquer que seja o
fato gerador dessa perda. Quando vem de um equívoco nosso, logicamente, ela
ainda é maior", disse Oliveira em uma entrevista coletiva em Brasília.
 "Nós estamos fazendo não só um curso de reciclagem. Nós estamos fazendo um
estudo para mudança da doutrina de atuação da Polícia Rodoviária Federal.
Inclusive, já marcada para o próximo mês, uma audiência pública. Porque nós
queremos escutar a sociedade também, no redesenho dessa doutrina",
completou.
 O diretor-geral ressaltou que a corregedoria da PRF investiga a conduta de
agentes que estiveram no hospital em que Heloisa ficou internada por seis dias
antes de morrer.

 "Por conta do surgimento da notícia que um agente da PRF esteve no


hospital, à paisana, sem que fosse demandado para aquilo. Então, nós temos
sim procedimento aberto para se apurar o porquê que ele foi e com que
finalidade", disse Oliveira.

 Uma tia da garota prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) na


Baixada Fluminense e afirmou que 28 agentes da corporação estiveram no
hospital logo após o incidente — e que um deles a intimidou.
 A Justiça Federal negou, nesta segunda-feira (18), a prisão dos agentes
da Polícia Rodoviária Federal (PRF) envolvidos na morte da menina Heloísa dos
Santos Silva, de 3 anos, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.

 Heloísa estava internada desde o dia 7 de setembro, no Hospital Adão Pereira


Nunes, em Duque de Caxias, após ser atingida na cabeça por um tiro de fuzil
durante uma abordagem da PRF no Arco Metropolitano, em Seropédica, na
Região Metropolitana do Rio. Ela passou nove dias internada no Centro de
Terapia Intensiva (CTI).

 A 1ª Vara Federal determinou o cumprimento de medidas cautelares, como:


 Comparecimento mensal em juízo, através do balcão virtual, para comprovar
suas atividades;

 Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga, autorizada


a
saída de suas residências tão somente para o trabalho.

 Proibição de se aproximar do veículo da família;

 Proibição de manter qualquer espécie de contato com as vítimas do fato e de


seus
parentes;

 Uso de tornozeleira eletrônica;

 Afastamento imediato das funções policiais com o recolhimento das armas.


 De acordo com pedido de prisão formulado pelo Ministério Público Federal
(MPF), após a criança ser atingida, os agentes se dirigiram ao hospital e “ficaram
vasculhando e mexendo no carro durante certo tempo”, segundo a testemunha,
tia de Heloísa.

 Ainda de acordo com o documento, a tia de Heloísa relatou que um dos policiais
que não participou do ocorrido apontou-lhe um projétil, e disse que aquele
projétil teria atingido o veículo deles.

 O fato, segundo o procurador da República Eduardo Benones, representou uma


“tentativa inequívoca de intimidar a testemunha e incutir nela a versão sustentada
pelos policiais. Isto tudo ocorreu no ambiente hospitalar, quando a vítima Heloísa
recebia atendimento médico cirúrgico”.
 Quando Heloísa foi baleada, sua família voltava de carro para Petrópolis,
na
Região Serrana do Rio de Janeiro.

 O pai da criança disse que percebeu estar sendo seguido por uma viatura da
PRF e, quando estava quase parando o carro de maneira voluntária, os policiais
teriam começado uma série de disparos que atingiram Heloísa na cabeça.

 Os tiros foram efetuados pelo policial Fabiano Menacho, que afirmou


em
depoimento ter disparado após ouvir um som similar ao de um tiro.

 De acordo com a PRF, o carro em que a menina e a família se encontravam tinha


um registro de roubo realizado em agosto do ano passado. O motorista, pai da
criança, disse ter comprado o carro sem saber deste registro. “É comum pessoas
comprarem carros assim e não saberem, por motivos variados, até
 O ato que instituiu o colegiado foi publicado no dia 29 de agosto. De acordo
com a portaria, a comissão foi criada para elaborar um novo plano na formação
de policiais, que contará com a disciplina de Direitos Humanos, conforme a
determinação do Ministério da Justiça feita em decorrência da morte de
Genivaldo Santos, em Sergipe.

 A comissão será composta por 30 integrantes da PRF e deverá ser presidida pelo
diretor da Universidade da PRF, Fabrício Colombo.
 O Ministério dos Direitos Humanos e o Ministério Público Federal também serão
convidados para participar do grupo de trabalho. Há ainda a previsão da
realização de uma audiência pública para receber sugestões da sociedade.
 A Polícia Rodoviária Federal (PRF) concluiu o relatório disciplinar que apurava a
morte de Genivaldo de Jesus Santos, asfixiado por fumaça em uma viatura no
Sergipe, e recomendou a demissão dos policiais envolvidos no caso.

 O processo administrativo disciplinar (PAD) tem mais de 13 mil páginas e


foi
encaminhado ao Ministério da Justiça na noite de quarta-feira (2).

 No documento, a corregedoria da PRF recomenda a demissão dos três agentes


diretamente ligados à abordagem e morte de Genivaldo. Além disso, sugere a
suspensão de outros dois agentes, por 32 e 40 dias, por terem preenchido
boletim de ocorrência sem a devida transparência e informações relevantes
sobre o caso.
 Genivaldo, de 38 anos, morreu após uma abordagem de policiais rodoviários
federais no município de Umbaúba, no sul do estado de Sergipe, cerca de 100 km
de Aracaju. O caso aconteceu no dia 25 de maio deste ano.

 Ele foi abordado pelos agentes William de Barros Noia, Kleber Nascimento
Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento por não usar capacete enquanto
dirigia uma motocicleta.
 Horas após dois policiais militares serem assassinados em um tiroteio em
Camaragibe, no Grande Recife, cinco pessoas de uma mesma família foram
mortas: o suspeito do crime, a mãe, a esposa e três irmãos dele
 O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) anunciou que vai apurar como se
deram os assassinatos dos dois policiais militares e de outras seis pessoas, todas da
mesma família, em Camaragibe, no Grande Recife, e Paudalho, na Zona da Mata.
Uma das vítimas transmitiu a própria morte ao vivo pelas redes sociais, enquanto
homens encapuzados atiravam nela e em dois irmãos.
 O primeiro crime ocorreu por volta das 21h da quinta-feira (14). Segundo a
Secretaria de Defesa Social (SDS), a Polícia Militar recebeu um chamado do
disque-denúncia de que haveria pessoas armadas em cima de uma laje, no
bairro de Tabatinga, em Camaragibe.
Após chegar no local, dois policiais foram baleados na cabeça e morreram:

 Eduardo Roque Barbosa de Santana, de 33 anos: soldado do 20º Batalhão


da
Polícia Militar;

 Rodolfo José da Silva, de 38 anos: cabo do 20º Batalhão da PM.

 Uma grávida e um adolescente também foram atingidos no tiroteio. Ambos foram


socorridos para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, no Recife, e
seguiam internados até a sexta-feira (14).
 Alex da Silva Barbosa, de 33 anos, foi apontado pela polícia como o suspeito de
matar os dois policiais. Ele não tinha antecedentes criminais, era registrado como
CAC (Colecionador, Atirador e Caçador) e portava uma arma registrada de tiro
esportivo
Por volta das 2h da sexta, homens encapuzados atiraram em três irmãos de Alex,
também no bairro de Tabatinga:

 Agata Ayanne da Silva, de 30 anos, que transmitiu o crime pelo Instagram;

 Amerson Juliano da Silva, de 25 anos;

 e Apuynã Lucas da Silva, de 25 anos.

 Agata e Amerson faleceram no local do crime. Apuynã foi levado para o


Hospital
da Restauração, mas também morreu.
 Na manhã da sexta, a mãe de Alex, Maria José Pereira da Silva, e a companheira
dele, Maria Nathalia Campelo do Nascimento, 27 anos, foram encontradas
mortas em um canavial na cidade de Paudalho, município da Zona da Mata
Norte.

 Às 11h do mesmo dia, Alex foi localizado em Tabatinga pela Polícia Militar. Ele
trocou tiros com o efetivo e foi morto. Dois policiais ficaram feridos, um no
pescoço e o outro, no braço.
 O operação começou na sexta-feira (15), na região de Valéria, também na
capital, quando o policial federal Lucas Caribé e quatro suspeitos morreram em
confronto. Outros dois agentes (um da Polícia Federal e outro da Civil) ficaram
feridos.

 O policial Lucas Caribé chegou a ser socorrido com os outros dois agentes
para o Hospital Geraldo Estado (HGE), na capital baiana, mas chegou à unidade
sem vida. Um dos policiais feridos passou por cirurgia no olho.

 De acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), os quatro


homens que morreram na sexta-feira são suspeitos de fazer parte do grupo
criminoso que trocou tiros com os policiais. Dois morreram no momento do
tiroteio, e os outros, horas depois, em uma região de matagal, entre os bairros
de Valéria e Rio Sena, durante a fuga.
 A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e a Polícia Federal se
reuniram no sábado (16), para discutirem ações de combate ao crime organizado e
ampliação de esforços para que sejam encontrados todos os suspeitos
de envolvimento no confronto que resultou na morte do policial federal Lucas
Caribé.

 Desde agosto, a Polícia Federal participa de operações na Bahia como parte de


um acordo de cooperação entre o governo estadual e federal para reprimir a
criminalidade no estado.

 O grupo criminoso se escondeu em uma região de mata fechada, do


bairro
periférico da capital baiana, de acordo com a secretaria da segurança da Bahia.
 Valéria fica em um ponto considerado estratégico para o tráfico de drogas e é
palco de constantes confrontos entre facções criminosas de atuação local e
nacional.

 A região margeia duas rodovias, a BR-324 e a BA-528, conhecida como Estrada


do Derba, onde ocorreu a operação. A localidade está em um dos limites de
Salvador, próximo ao município de Simões Filho, e tem extenso matagal.
 Três viaturas blindadas da Polícia Federal foram enviadas à Bahia nesta segunda-
feira (18), para reforçar o combate ao crime organizado. Os veículos foram
embarcados em um navio da Marinha, no porto do Rio de Janeiro, e devem
chegar entre quarta (20) e quinta-feira (21) à capital baiana.

 De acordo com a Polícia Federal, os blindados serão utilizados por equipes do


Comando de Operações Táticas (COT) e do Grupo de Pronta Intervenção (GPI). O
envio dos veículos, que são utilizados por outras superintendências regionais,
estava na programação da instituição.
Onda de
violência
A Bahia vive uma onda de violência entre julho e setembro. Veja o histórico abaixo:

 30 mortes em confrontos em uma semana


 👉 Em uma semana, entre 28 de julho e 4 de agosto, 30 mortes em
diferentes confrontos com policiais militares foram registrados na Bahia;
 👉 Por causa das mortes, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC),
Silvio Almeida, disse que acionou a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos
para acompanhar os casos.
 👉 Em Salvador, diversas trocas de tiros e ações com 17 reféns liberados fizeram
moradores do bairro do Alto das Pombas deixarem suas casas em agosto;

 👉 No dia 3 de setembro, 11 pessoas foram mortas em confronto com a Polícia


Militar e oito foram presas no Alto das Pombas e Calabar, bairro vizinho. Mais de
15 armas foram apreendidas;

 👉 A madrugada do dia 6 de setembro foi marcada por tiroteios em outros dois


bairros da capital baiana: Engenho Velho de Brotas e Nordeste de Amaralina.
 Além de Jequié, Santo Antônio de Jesus, Simões Filho e Camaçari, a Bahia
aparece na lista das 50 cidades mais violentas outras oito vezes: Feira de
Santana, Juazeiro, Teixeira de Freitas, Salvador, Ilhéus, Luís Eduardo Magalhães,
Eunápolis e Alagoinhas.
 Jequié tem a 11ª maior população da Bahia, com 158.812 habitantes recenseados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2022 – ano em que
foi feita a apuração que a colocou como líder na violência no país.

 Em comparação com 2021, a "cidade sol" teve 57% de aumento no número de


mortes violentas, saindo de 69 para 93 casos. A expectativa é de que haja redução
no número de crimes, já que o primeiro semestre deste ano foi 12,5% menos
violento que o de 2022.

 A escalada da criminalidade foi alimentada pela disputa pelo tráfico de drogas e


pela atuação de facções dentro do Conjunto Penal de Jequié. A cidade é cortada
pela maior rodovia federal do país, a BR-116, além da BR-330 e da BA-130, o que
facilita a entrada e a fuga de bandidos.
 Considerada a capital do Recôncavo Baiano, Santo Antônio de Jesus tem a 18ª
maior população do estado, com 103.055 moradores. O maior polo comercial da
região fica no município, que também tem como cultura a agropecuária e a
produção de alimentos, como amendoim, limão e laranja.

 A cidade tem ainda indústrias de colchões, aves, vidro, artigos de plásticos e


embalagens, além de ser produtora de argila e areia. Santo Antônio de Jesus é
cortada pela 2ª principal rodovia federal do Brasil, a BR-101 e também pela BA-
026 e a BA-046.
 Pertencente à Região Metropolitana de Salvador, Simões filho é a 7ª maior
economia e 14ª população da Bahia. Com 114.441 habitantes, é um dos mais
fortes polos industriais da Bahia, com quase 200 indústrias de diversos
seguimento.

 O porto natural protegido a baía de Aratu torna a cidade uma importante via de
escoamento de produção das indústrias locais. Simões Filho é cortada pela BR-
324 e BA-093, além de margeada pelas rodovias baianas BA-526 e BA-535.

 A proximidade com as rodovias e a extensa área de matagal que o


município
possui o tornam um ponto estratégico para o tráfico de drogas.
 Camaçari tem o 2º maior Produto Interno Bruto (PIB) da Bahia, atrás apenas de
Salvador e abriga o Polo Industrial que é o maior do complexo do hemisfério Sul,
onde fica o primeiro com plexo petroquímico planejado do Brasil.

 Além de ser uma cidade industrial, Camaçari abriga famosas praias do Litoral
Norte da Bahia como Guarajuba, Arembepe, Jauá e Itacimirim, locais que
possuem casas de veraneio, mas também contam com fortalecimento do turismo
e redes hoteleiras.

 Com 299.579 moradores, o município tem a 4ª maior população do estado e é


cortada por três rodovias estaduais: as BAs-093, 512, 535 e 531. Assim como
Simões Filho, Camaçari também é cortada pela BR-324, o que favorece o tráfico
de drogas.
 As últimas semanas foram marcadas pela violência e medo para quem vive na
Bahia. Entre os dias 28 de julho e 4 de agosto, uma série de operações policiais
na periferia de Salvador e em cidades da região metropolitana deixaram um
saldo de mais de 30 mortos.

 A situação reflete um crescimento apontado desde 2015, quando o estado


registrou 354 mortes vítimas de intervenção policial. O ápice desse cenário
aconteceu no ano passado. Segundo informações do Fórum de Segurança
Pública, o número de mortes saltou para 1.464. O estado assumiu a liderança do
ranking no quesito, ultrapassando o Rio de Janeiro.
 Questionada pela DW Brasil, a Secretaria de Segurança Pública afirmou em nota
que os casos de intervenção policial com resultado morte na Bahia apresentaram
redução de 5,8% no primeiro semestre de 2023 e destacou que 19 armas foram
apreendidas durante os confrontos. "A SSP ressalta ainda que são constantes os
investimentos em capacitação, tecnologia e inteligência para as forças de
segurança do Estado, buscando sempre, como principal objetivo, a preservação
de vidas, bem como a legalidade das ações policiais."
 Em janeiro deste ano, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou que as
apreensões d e cocaína no estado aumentaram quase 150% em 2022 - de 870
quilos em 2021 para 2.160 quilos no ano passado.

 Em maio, uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que uma facção
regional, a Bonde do Maluco (BDM), estava aliada ao Primeiro Comando da
Capital (PCC) e havia transformado uma ilha na Baía de Todos os Santos em um
ponto de logística de transporte, fornecimento e exportação de drogas e armas.
 A empresa que ficaria responsável pelas câmeras do fardamento dos policiais da
Bahia foi desclassificada pela Secretaria de Segurança Pública do estado (SSP-
BA). A informação foi divulgada nesta terça-feira (12).

 O empreendimento foi o segundo colocado no certame e teve os equipamentos


analisados após a desclassificação da primeira empresa. Com isso, o terceiro
colocado terá os documentos analisados pela secretaria.

 Os testes das câmeras de segurança no fardamento de policiais na Bahia,


realizados em agosto, foram reprovados, segundo informações da Secretaria de
Segurança Pública do estado (SSP-BA), nesta terça-feira (12). O órgão informou
que passou a analisar documentos da 3ª colocada na licitação.
 Os pontos avaliados, de acordo com a SSP-BA, serão: qualidade das imagens e
dos áudios captados durante atividades preventivas e ostensivas, autonomia da
bateria, resistência, transmissão e armazenamento de imagens.

 Em maio de 2023, a SSP cancelou a licitação para a aquisição dos serviços de


câmeras corporais depois que empresas da área de tecnologia pediram
esclarecimentos e impugnações. A suspensão aconteceu no mesmo dia em que
deveria ocorrer o pregão eletrônico para registro de preço e contratação da
ferramenta.
 A ferramenta de reconhecimento facial, que já prendeu 1.011 pessoas na Bahia,
levou vários inocentes à cadeia desde a implementação, em 2018. Especialistas
dizem que o sistema, que tem investimento de R$ 665 milhões do estado, usa
catálogos informais e é fundamentado no "racismo algorítmico".

 Na segunda quinzena de agosto, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia


(SSP-BA) divulgou o balanço dos mais de mil detidos. A justificativa do estado é
de que as pessoas encontradas pelo sistema estão inseridas no banco de
mandados de prisão.
 No entanto, pesquisadores apontam que, mesmo inserido no banco de mandados
de prisão, não há garantia legal de que o suspeito tenha cometido o crime ao
qual responde, o que fere a chamada presunção da inocência – popularmente
conhecida pelo jargão: "todos são inocentes, até que se prove o contrário".

 Após passar a marca de mil prisões com auxílio da ferramenta, o secretário de


SSP-BA, Marcelo Werner, disse que a Bahia é "referência mundial no uso deste
equipamento".
 Um desses casos ocorreu durante a festa junina de 2022, em Salvador. Um homem
negro foi preso enquanto chegava no Parque de Exposições da capital com a
esposa e o filho, para aproveitar o evento. Ele, que é vigilante, foi detido e ficou
preso por 26 dias, por roubo, injustamente.

 O crime que levou o trabalhador à prisão foi cometido em 2012, por outra pessoa.
O verdadeiro criminoso foi preso em flagrante e usou o nome do vigilante e as
próprias digitais para se identificar. Este homem foi solto em 2013, e depois
condenado a cinco anos e quatro meses de prisão.
 Com isso, um mandado de prisão foi inserido no sistema, com o nome do
trabalhador. Na época em que o vigilante foi preso, a SSP-BA disse que as
câmeras constataram 95% de similaridade entre ele e a pessoa que deveria ser
presa.

 A secretaria nunca explicou como a imagem dele foi parar no banco de dados
do
reconhecimento facial, já que o vigilante nunca havia cometido um crime.
 O vigilante foi preso na frente do filho e da esposa. A Defensoria Pública da
Bahia (DPE-BA), que atuou no caso, destacou a falta de identificação pessoal do
homem preso em 2012, o que gerou a prisão injusta por meio do
reconhecimento facial, e a violação dos direitos do trabalhador.

 A DPE-BA também precisou solicitar perícia das digitais do homem preso em


2012 e a do trabalhador, para provar que não se tratava da mesma
pessoa. Além do constrangimento pela prisão injusta, o vigilante perdeu o
emprego: ele começaria a trabalhar em uma nova empresa três dias após a
prisão.
 A descrição feita por Ana Gabriela Ferreira faz parte do conceito de racismo
algorítmico. No livro "Racismo Algorítmico: inteligência artificial e discriminação
nas redes digitais", o pesquisador baiano, mestre em Comunicação e doutorando
em Ciências Humanas e Sociais, Tarcízio Silva, escreveu:

"Se a tecnologia é erroneamente enquadrada e percebida como neutra, a tal


equívoco se soma a negação do racismo como fundante de relações e hierarquias
sociais em países como o Brasil".
 "O número de casos errados é gritante. Um exemplo de outro estado parecido
mostra bem: o Maracanã utilizou câmeras de reconhecimento facial como teste.
Prendeu 11 pessoas, sete delas erradas. É uma margem de quase 70% de erros",
questiona a advogada e pesquisadora Ana Gabriela Ferreira.

 A advogada destaca ainda que uma cidade como Salvador, que é a capital
brasileira com a maior população negra, pode ter um percentual de erro ainda
maior, e acentua que a falta de transparência e divulgação destes números.
 As ações policiais nas favelas do Rio de Janeiro causam um prejuízo de pelo menos
R$ 14 milhões por ano aos moradores dessas comunidades. Eles relatam que, com
as ações, ficam muitas vezes impedidos de ir ao trabalho ou precisam fechar os
comércios locais, além de terem os estabelecimentos e produtos danificados em
trocas de tiros e interrupções de fornecimento de serviços essenciais como
eletricidade e água.

 As informações são da pesquisa, inédita, Favelas na Mira do Tiro: Impacto da


Guerra às Drogas na Economia dos Territórios, lançada nesta segunda-feira (18)
pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC).
 Os dados mostram que 60,4% dos moradores dos complexos da Penha e de
Manguinhos, que exerciam atividades remuneradas, ficaram impedidos de
trabalhar por causa de operações policiais que ocorreram ao longo do ano que
antecedeu a pesquisa. Eles relatam que perderam, em média, 7,5 dias de trabalho,
o equivalente a uma semana e meia ou 2,8% de um ano com 264 dias úteis.

 Considerando que renda média da população acima de 18 anos de idade nesses


territórios é R$ 1.652 por mês, o trabalho que deixa de ser realizado por causa das
ações policiais gera uma perda anual de R$ 9,4 milhões. Esse valor é somado aos
prejuízos decorrentes da reposição ou reparo de bens danificados pelas ações
violentas, que chegam a R$ 4,7 milhões por ano nos dois complexos.
 A pesquisa mostra ainda que 56,6% dos moradores relataram ficar impedidos de
utilizar os meios de transporte; 42,8% de realizar atividades de lazer; 33,3% de
receber encomendas; 32,3% não conseguiram comparecer a consultas médicas, e
26% não puderam estudar.
 A Polícia Militar, que tem papel ostensivo na sociedade e é a que mais faz
incursões em favelas, também não oferece cursos e workshops sobre direitos
humanos e práticas antirracistas para seus agentes.

 A corporação informou que os temas “são trabalhados” nas escolas de formação,


mas não detalhou a carga horária que os policiais recebem sobre direitos
humanos e práticas antirracistas.

 Já a Polícia Civil do Rio de Janeiro informou, via LAI, que todo ano são
promovidas duas ações educacionais sobre racismo e direitos humanos e que os
agentes recebem 12 horas de aulas sobre práticas antirracistas e em defesa dos
direitos humanos.

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