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Leandro Resende
Rio de Janeiro - RJ
Em 14 de julho de 2013, o pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 43 anos, foi levado por policiais
da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha para uma “averiguação” e nunca mais foi
visto. O caso ocorreu após as manifestações de junho de 2013 e mobilizou a opinião pública.
Exatos quatro anos depois do desaparecimento, a Lupa voltou às manifestações feitas pelas
autoridades durante e após as investigações.
Falso
A promessa do então governador do Rio Sérgio Cabral não foi cumprida. Não há nenhuma
investigação em andamento e o corpo de Amarildo jamais foi encontrado. Em fevereiro de 2016,
a juíza Daniella Alvarez, da 35ª Vara Criminal do Rio, condenou 12 policiais militares pelos crimes
de tortura e ocultação de cadáver.
A sentença apontou o major Edson Raimundo dos Santos, então comandante da UPP da Rocinha,
como o responsável pelos choques elétricos, afogamentos e sessões de asfixia de Amarildo. Após
a morte de Amarildo, ocorrida dentro da unidade da UPP, o major deu instruções para ocultação
do corpo, que, segundo a Justiça, foi “envolvido em uma capa de motocicleta da Polícia Militar” e
levado “para local não apurado”.
Em junho do ano passado, o Estado do Rio foi condenado a pagar indenização à família de
Amarildo. Pela decisão, a viúva do pedreiro, Elizabete Gomes da Silva, e seis filhos dele
receberiam do estado R$ 500 mil cada. Além disso, receberiam também uma pensão de 2/3 do
salário mínimo – até os filhos completarem 25 anos, e até a viúva completar 68. O governo
recorreu e, desde o mês passado, o caso está pronto para ser julgado em segunda instância.
“Esses policiais, sem dúvida nenhuma, vão pagar pelo que fizeram”
Verdadeiro, mas...
A sentença da juíza Daniella Alvarez realmente condenou 12 policiais pelo envolvimento no caso
Amarildo. Juntos somam 126 anos e 6 meses de prisão. A mesma decisão também determinou
que todos fossem expulsos da Polícia Militar. Até o momento, no entanto, nem todos perderam a
farda. O major Edson Santos, por exemplo, foi condenado a 13 anos e sete meses de prisão.
Segundo sua advogada, Tatiana Fadul, ele ainda faz parte dos quadros da PM e responde a um
processo no Conselho de Justificação da instituição.
O major cumpre pena em regime semiaberto desde maio. De acordo com o Tribunal de Justiça,
ele pediu para trabalhar fora da cadeia, mas aguarda autorização judicial. Em nota, a PM
informou que sete policiais foram expulsos. Sobre o caso do major Edson, a corporação indicou
que já terminou o procedimento disciplinar, e que a decisão sobre a expulsão cabe a Justiça.
Falso
A juíza Daniella Alvarez considerou “fantasiosa” a tese de que o pedreiro era traficante. A
sentença descreveu que o delegado Ruchester Marreiros forjou a transcrição de uma escuta
telefônica para incriminar Amarildo e ocultar a responsabilidade dos policiais no crime.
“A gente sabe o quanto é importante a UPP (da Rocinha), acabando com o poder paralelo,
com bandido de fuzil”
_Sérgio Cabral, em 24/07/2013, no Youtube _
De olho
O Instituto de Segurança Pública (ISP) mostra que o número de homicídios dolosos
registrados na área da UPP da Rocinha aumentou após a instalação da unidade, em
setembro de 2012. Nos cinco anos anteriores à unidade, foram 18 mortes. Nos quatro anos
seguintes, 20.
Dados criminais da Rocinha
18 homicídios dolosos
Antes da UPP (2007 a set/2012)
28 desaparecimentos
10 mortos pela PM
20 homicídios dolosos
49 desaparecimentos
8 mortos pela PM
45 armas apreendidas
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Esta reportagem foi publicada na versão impressa do jornal Folha de S. Paulo em 14 de julho
de 2017.
Atualização feita às 11h do dia 14 de julho de 2017. Na versão original, a reportagem falava
em 16 mortes.
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Tags:
major, upp, Rocinha, sergio cabral, Amarildo, reportagem, policiais militares, edson santos,
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