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CRIMES CONTRA O

SISTEMA FINANCEIRO
– ASPECTOS OPERACIONAIS
DA PREVENÇÃO E REPRESSÃO
A DELITOS CONTRA
INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS
Módulo - Crime
violento contra
o patrimônio

A história do
crime violento
no Brasil
Crimes contra instituições financeiras e os novos desafios da Segurança Pública

Lucélio Ferreira M. F. França1

Historicamente, o homem busca compreender os conflitos sociais a fim de mediá-los


pacificamente e promover a paz social. Isso pode ser observado mesmo quando o poder
punitivo ainda existia apenas na instância privada e o Estado não era organizado o suficiente
para avocar e criar suas leis.
Nesse contexto, submerso na imensidão seca e esquecida do sertão nordestino, nos
idos de 1500, coexistiam figuras como senhores de terras, pequenos agricultores e aqueles que
empunhavam armas em defesa própria, de um grupo ou de outros que os remunerassem.
Mesmo com todo o esforço do Estado em controlar as pessoas em seu território, naqueles
rincões, a distância e a pobreza ainda eram uma imensa barreira a ser superada. Prevalecendo,
assim, a lei do mais forte.
Com o passar de quase 500 anos, o Estado foi organizando-se e se fazendo mais
presente, em especial com sua legislação. Eis que temos os novos conflitos. Agora, pessoas,
que sempre foram a própria solução de seus problemas, haviam que recorrer ao Estado, em
algum lugar, sob pena de serem colocadas à margem da lei por ações corriqueiras de outrora.
E quem ganhava a vida empunhando armas e promovendo a justiça da conveniência passa de
caçador a caça.
Não foi diferente com Lampião após ter alguns membros da família mortos e, ao
revidar na mesma moeda, passa então para a condição de criminoso, o que não o exime dessa
condição. Como qualquer outro fora da lei, Virgulino Ferreira escolhe o caminho do antigo
valentão e se torna um ícone, mesmo porque essa era a cultura arraigada secularmente naquele
povo.
Tanto é verdade que não custou para se formarem grandes bandos de criminosos que
perambulavam pelo sertão vivendo de saques, de roubos, de pistolagens e até mesmo da
“reintegração de posse” a mando de grandes fazendeiros. Outro fato que vem corroborar com
a relevância tomada por suas ações foi a patente de Capitão concedida a Lampião, pelo
Estado, para que ele combatesse a Intentona Comunista em 1935.

1
Major da Polícia Militar de Mato Grosso, Bacharel e Especialista em Segurança Pública pela Academia de
Polícia Militar Costa Verde e trabalha com roubos a instituições financeiras desde 2009. Nessa trajetyria de
trabalho passou pelo BOPE, GAECO e ROTAM e atualmente labora no setor de planejamento da PMMT.

5
Nos tempos áureos de Lampião, entre 1920 a 1938, quando ele morreu, não era
comum ouvir falar em roubos a banco, até mesmo porque não havia tantas agências bancárias.
Entretanto, as ações comandadas por Virgulino possuíam a dimensão do “Domínio de
Cidades”, modalidade criminosa profetizada por Renato Júnior e Ferraço2 para o futuro
próximo.
Os autores de Guerra Federal preveem que chegará o momento em que os ataques, que
hoje acontecem simultaneamente contra os bancos e as poltcias, serão como quando
protagonizava Lampião, i.e., contra toda possível fonte de renda e concomitantemente contra
qualquer ameaça que houver na cidade. Tomando, dessa forma, todo o domínio sobre aquela
urbe durante o ataque. Fatos semelhantes são contados em um relatório produzido por um
gerente do Banco do Brasil da cidade de Mossoró – RN, referente ao primeiro semestre de
1927, o que nos habilita a dizer que o próprio Lampião inaugurou a modalidade criminosa que
Rodrigues3 denomina como “Domínio de Cidades”.

2
JÚNIOR, R.; FERRAÇO, L. Guerra federal ± retratos do combate a crimes violentos no Brasil. 2018, no
prelo.
3
RODRIGUES, R. M. Do Novo Cangaço ao Domínio de Cidades. 1º ed. Brasília – DF. 2018, no prelo.

6
Trecho do relatório da Agência Local do Bando do Brasil, datado do primeiro trimestre de 1927. O documento
traz relatos sobre o impacto negativo na econRmiD local em razão das ações de Virgulino Ferreira (Lampião).

A reação do Estado às ações desordeiras recebeu o nome de Volantes, verdadeiros


batalhões itinerantes que tinham como missão fazer frente às ações daqueles bandoleiros e
que pôs fim a essa saga criminosa com a morte de Lampião em 28 de junho de 1938, sendo
debelado completamente, como conta a história, em 1940 com a morte de Corisco, o Diabo
Loiro.
Avançando algumas décadas, deparamo-nos com um fato na economia brasileira
conhecido como “Milagre Econômico”, resultado de grandes investimentos no combate à seca
no sertão.

A atividade econômica da região Nordeste vem se mostrando mais dinâmica do que


a do país como um todo, a partir da década de 1970. Durante a fase do "milagre
econômico" (1970-80) o Produto Interno Bruto (PIB) nordestino apresentou a
expressiva média anual de crescimento de 8,7%, contra a de 8,6% obtida pelo Brasil,

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em razão, fundamentalmente, do volume de investimentos públicos (infraestrutura) e
privados (indústria) efetuados durante os anos 60 e 70 4.

A disponibilização desses recursos necessitaria de instituições financeiras mais


próximas do sertanejo para que ele pudesse ter acesso ao dinheiro disponibilizado pelo
Governo Federal. Motivo que leva agências bancárias a serem instaladas nas mais diversas
cidades do sertão nordestino. Esquecendo o governo, todavia, de proporcionar uma segurança
mínima àqueles numerários.
Ressurge pelo Brasil na década de 1970 uma pequena sequência de ataques a bancos
relacionados a questões políticas5, que viria a se tornar uma onda de ataques aV instituições
financeiras nas décadas seguintes naquele mesmo sertão de terra rachada. Dessa vez com algo
a mais, OS TEMPOS SÃO NOVOS E COM ELE NOVAS TECNOLOGIAS
APRESENTAM-SE, até mesmo para o crime.
As armas são melhores, os fuzis são automáticos, não se usa mais cavalos e sim carros
possantes da época. Preserva-se dos tempos de Lampião apenas o homizio na mata, a
brutalidade das ações e o hábito de subjugar as forças de segurança em busca do intento
criminoso. Passamos, então, a ouvir falar em novos cangaceiros que na sua maioria
pertenciam a famílias que fizeram fama por suas ações tidas como espetaculosas, a exemplo
dos Araquãs, Benvindos, Carneiros, Ricarte Viana, dentre outros.
O destaque está com a Família dos Carneiros que são apontados como aqueles que
reinauguraram a modalidade criminosa inventada por Lampião. A ação ocorreu em maio de
19826 e o alvo não foi um banco, e sim os malotes que continham os 94 milhões de Cruzados
que seriam destinados ao pagamento de trabalhadores das obras emergenciais de combate à
seca no Rio Grande do Norte.
A reação a esses novos ataques veio em forma de companhias especializadas dentro
das Polícias Militares Nordestinas: como a CIOSAC7 da PM de Pernambuco, criada
oficialmente 2004, mas que existia desde 1997 com outras denominações; as CIPE’s da PM
da Bahia que possuem sua origem de 2003. Essa repressão qualificada realizada no sertão

4
BRASIL, Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Desempenho Econômico da
Região Nordeste do Brasil 1960-97 (Síntese). 1999, p. 1. Disponível em:
http://www.sudene.gov.br/system/resources/BAhbBlsHOgZmSSI7MjAxMi8wNS8xMC8xN18xOV81MF8zN
DNfRGVzZW1wZW5ob19FY29ub21pY29fZG9fTkUucGRmBjoGRVQ/Desempenho%20Economico%20do
%20NE.pdf. Acesso em 01/07/2016.
5
Ataques a bancos durante o Regime Militar que ocorreram no Sudeste do país.
6
TRIBUNA DO NORTE. Vanzinho conta detalhes do roubo dos 94 milhões no RN. Homepage. 2016.
Disponível em: http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/vanzinho-conta-detalhes-do-roubo-dos-94-milhoes-
no-rn/239147. Acesso em: 28/07/2017.
7
Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga.

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obriga os criminosos a se dispersarem pelo país, levando essa modalidade criminosa a vários
estados, inclusive a Mato Grosso.
Mato Grosso começa a sentir os efeitos dessa diáspora de criminosos especializados na
década de 1990 com alguns eventos que deixaram marcas traumáticas no seio da PMMT e da
sociedade mato-grossense. O ano era 1998, em Rondonópolis, uma grande ação criminosa
contra o Banco do Brasil deixa uma pessoa morta. Em 2001, em Vila Rica, um ataque nos
mesmos moldes deixou um policial militar morto e outro ferido. Em 2006, o alvo foi
Guiratinga, onde mais um PM tombou nesse combate injusto. Campinápolis sofria sua
segunda ação em 2008, quando outro jovem policial militar, portando uma pistola Taurus,
encerra sua carreira na luta contra assaltantes armados de fuzis de calibres diversos.

Brevr do CIOSAC, da PM de Brevr da CIPE Caatinga, da PM Brevr do CPAR, da PM de Mato


Pernambuco. da Bahia. Grosso.

Essa sucessão de fatos desastrosos, de 1998 a 2008, levou o BOPE da PMMT a


desenvolver sua doutrina para fazer frente a essa modalidade criminosa, como fizeram as
poltcias nordestinas de outrora com suas Volantes e Companhias Especializadas. Em Mato
Grosso essa doutrina foi batizada de Curso de Patrulhamento em Ambiente Rural - CPAR.
Somado a isso, em 2011, a PMMT por meio do Batalhão de Operações Policiais Especiais
passou a atuar sistematicamente em parceria com o GAECO de MT com a orientação de
especialistas abnegados da PF, o que resultou em uma série de ocorrências bem-sucedidas.
Dessas ocorrências, podemos citar as mais relevantes: em 2011, a prisão de integrantes
da quadrilha chefiada por Lindomar Alves de Almeida (Nenenzão) que havia realizado várias
ações de roubo a instituições financeiras em MT, dentre elas o assalto ao Banco do Brasil em
Campo Novo do Parecis no mês de outubro daquele ano, o último praticado pela citada
quadrilha; em 2012, a cidade de Marcelândia foi o alvo da quadrilha de Clóvis da Silva Veiga
e 31 dias após o roubo, a ocorrência foi encerrada com todo o dinheiro e armas apreendidos e
os quatro assaltantes tombaram em confronto com a doutrina do CPAR; também em 2012, 37
dias após a ocorrência de roubo a banco praticada pelo bando de Josimar Ribeiro da Silva
(Parazinho), em Comodoro, as diligências foram encerradas com 2 fuzis AK 47 e mais de 1.1
milhões de reais aprendidos, nos confrontos restaram 8 assaltantes mortos e outros presos; por

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fim, a cidade de Vila Rica protagonizou um dos maiores assaltos a banco do estado, mais de
quinze criminosos atacaram, ao mesmo tempo, as agências do Banco do Brasil, Bradesco,
Sicredi e Correios, no oitavo dia uma equipe do BOPE encontrou os criminosos na mata e, em
confronto com a doutrina do CPAR, dois criminosos vieram a óbito, entre eles Antônio
Moura, um dos maiores líderes do “Novo Cangaço” contemporâneo e membro agregado da
mencionada Família dos Carneiros.
A resposta estatal em Mato Grosso foi dada e o “efeito GHVHMDGR”  assimilado  por
aqueles que integram essas quadrilhas. Tanto é verdade que, desde o fato em Vila Rica, Mato
Grosso acumulou apenas mais um assalto em dezembro daquele ano e outros dois na
modalidade “Novo Cangaço” em 2014, estando desde então sem registro de crimes contra
instituições financeiras com o aludido modus operandi. Outro efeito positivo foi que a citada
doutrina passou a ser adotada por várias unidades de Operações Especiais pelo Brasil e em
todos os estados brasileiros existem policiais formados no CPAR.
Nos últimos anos, com a repressão especializada aos assaltantes de bancos na
modalidade Novo Cangaço e carros fortes, os criminosos desenvolveram outras formas de
acessar o dinheiro no interior das agências, diminuindo os riscos de confrontos com a polícia.
Popularizando, portanto, os ataques a terminais de autoatendimento (TAA) das agências
bancárias, os caixas eletrônicos. Contra esses aparelhos, os criminosos passaram a utilizar
desde computadores com os ataques lógicos8, até maçaricos9 e explosivos. Os grandes
problemas vieram com disseminação dos explosivos que possibilitaram ações mais rápidas
contra cofres cada vez mais resistentes.
Para minimizar essas ações, os bancos passaram a operar com um volume de dinheiro
menor nos TAA e agências, enviando sempre que possível o excedente para as empresas de
custódia e transporte de valores, as bases de valores. Por sua vez, essas empresas passaram a
transportar remessas menores por viagem, na tentativa de deixar os carros fortes menos
atrativos para as ações criminosas.
Essa série de medidas resultou em empresas de custódia e transporte recheadas com
grandes numerários e, em novembro de 2015, os criminosos inauguram os ataques às bases de
valores com o uso de explosivos. O alvo foi Campinas, a terceira maior cidade do Estado de
São Paulo. Neste caso, a inovação tecnológica é o explosivo, uma vez que as bases de valores
já vinham sendo atacadas por assaltantes utilizando túneis e sequestros de gerentes e

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Nesse ataque, os criminosos conectam fios entre computadores e os caixas eletrônicos e provocam uma pane no
sistema, o que faz com o TAA coloque todo dinheiro para fora, como se fosse um saque.
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Aparelho utilizado para cortar chapaV de aço, utilizado por criminosos para abrir os cofres dos TAA.

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tesoureiros. O maior exemplo de túnel no Brasil foi o do Banco Central de Fortaleza, em
agosto de 2005, seguido de mais de dez outros túneis pelo Brasil e inclusive Paraguai.
Nos ataques a bases de valores, como o que ocorreu em Campinas/SP, a tecnologia
utilizada pelos assaltantes perpassa por fuzis automáticos de diversos calibres, dentre eles
7,62 e .50, este com capacidade de furar a blindagem de carros fortes e das guaritas das
empresas. A chave dos grandes cofres passa a ser cargas extraordinárias de explosivos em
repetidas detonações, bem como o conhecimento especializado para manuseá-los. E, por fim,
a alta capacidade de planejamento operativo, com ações cronometradas e divisão de tarefas
para mais de cinquenta assaltantes, tudo isso simultaneamente.

Imagens ilustrativas da destruição resultado de ataques a base de valores e a carros fortes.

O que permanece é a grande incógnita de como contrapor essas ações e seus recursos
abundantes, mesmo porque já restou claro que não há cidade com efetivo policial capaz de
fazer frente a essas ações sem que algo novo seja planejado e implementado no âmbito da
Segurança Pública. Digo isso porque as mencionadas ações já subjugaram as forças de
segurança de Campinas, Santos, Ribeirão Preto e Santo André, todas entre as dez maiores
cidades de São Paulo.
Em Pernambuco, o alvo foi a própria Recife. Por sua vez, no Paraguai, a ação foi
contra a segunda maior e mais importante cidade daquele país. E se engana aquele que pensa
que as cidades menores estão livres, o que importa para esses criminosos é o dinheiro e, onde
ele estiver, esses criminosos estão dispostos a buscá-lo.
Para ilustrar, citamos as ações semelhantes ocorridas em Marabá (271.594 habitantes)
e Redenção (75.556 habitantes), ambas no Pará. Tomando como base apenas essas
ocorrências fica fácil inferir que não há em Mato Grosso uma cidade que possa ser
considerada segura e imune a essa nova modalidade criminosa, e que, segundo
Rodrigues10, deverá evoluir em breve para o ³'RPtQLRGH&LGDGHs´.

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RODRIGUES, 2017.

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Consultor
Lucélio França
Direitos Autorais
Lucélio França
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Evolução do Crime
Contra o Patrimônio
Começo das
Pequenos Quadrilhas
Roubos Modernas
Roubo ao Patrimônio, muitas vezes
executado por um só individuo e que Pequenos grupos de criminosos
pretendia subtrair residências ou violentos que fizeram pouco mais
Evolução comércios. Existiam poucas agências
bancárias nesta época, a grande
de duas dezenas de ações na
região Sudeste até o início da luta

do crime maioria nas capitais do Sudeste. armada.

violento
contra o Cangaço Roubos com
Clássico Motivação
patrimônio Banditismo clássico, ocorrido no Política
Nordeste, caracterizado por cometer
o primeiro roubo a banco do Brasil, Durante os governos militares com a
na cidade de Mossoró em 1927. panaceia de financiar a luta armada.
Nesta época aconteceu o primeiro
roubo de carro forte no país.

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Modais Caixas
Aéreos Eletrônicos
Modalidade que atinge o setor de No começo, utilizavam-se de furtos
Evolução transporte aéreo, com início na
década de noventa e atingindo os
com emprego de ferramentas e,
posteriormente, o uso de explosivos

do crime grandes a partir de 1996. e retenção.

violento
contra o Bases Túneis
patrimônio de Valores Começam para fuga de presos, sendo
depois utilizados em furtos. Porém,
Modalidade cujo crime violento é feito caso algo aconteça no momento do
contra os depósitos de dinheiro, transporte do numerário geralmente
podem ser feitos através de usam contenção.
sequestros, explosões e domínios de
cidades.

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Evolução Domínio
do crime de Cidades
Fenômeno criminal tipicamente brasileiro, caracterizado pela
violento utilização de veículos blindados, a utilização maciça de explosivos,
muitas das vezes com acionamento remoto, divisão de tarefas,
contra o atiradores designados, utilização de armas com calibre .50 e grupos

patrimônio nunca inferiores a 40 membros.

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Formação
das Quadrilhas
O estado do Rio de Janeiro, é o maior exponencializador,
juntamente com o estado de São Paulo, do fenômeno criminoso.

Pesquisas realizadas em jornais da época, demonstram que os


roubos a carros e trens pagadores eram muito comuns,
principalmente por ser a capital federal e uma das cidades do país
com maiores bancos.

Nas décadas de 50 e 60 já existem registros de presos por roubo a


bancos, muitos deles formavam a Falange Vermelha, que deu
origem à organização criminosa com o mesmo nome.
Com a liberdade, muitos deles migraram para assaltos mais
ousados, como o descrito no livro e filme de mesmo nome: 400
contra 1.
das Quadrilhas Posteriormente são responsáveis por disseminar a prática criminosa
para alguns estados do país.

Rio de Janeiro

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Não podemos afirmar onde efetivamente iniciou a modalidade de crimes violentos contra patrimônio
no País, mas São Paulo era a maior metrópole da América do Sul no início do Fenômeno
Criminoso. Apesar de encontrarmos registros esparsos de crimes da década de 50, é na década de
60 que se encontram arquivos mais robustos, como o “assalto dos gregos” em 1965.

O que podemos afirmar é que até o final dos anos 90, existiam muitas quadrilhas com intercâmbio
de paulistas e cariocas, que após os anos 2000, se tornou cada vez mais difícil de ocorrer.

Ainda na década de 80, se tornou um dos maiores difusores do fenômeno para o país, sendo hoje
o maior berço de criminosos da modalidade no país. É difícil encontrar uma ação que não tenha um
criminoso advindo do estado.

das Quadrilhas
São Paulo

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Considera-se a primeira ação de “Novo Cangaço” em 1982.

Uma das maiores quadrilhas se formou na década de 80


na cidade de Caraúbas e na época contava com membros
das famílias Benevides Carneiro e Fernandes. Tinha como
propósito roubar o dinheiro da “emergência”, para financiar a
Campanha Política de um membro dos Fernandes.

Houve desentendimento posterior e começaram as brigas.

Destas brigas e com o intuito se defenderem, surgiu uma das


maiores quadrilhas do nordeste - os “Carneiros” que teve seu
membro mais contemporâneo o: “Valdetário Carneiro”.

das Quadrilhas Um fato curioso do dinheiro da


emergência é que, para o roubo trouxeram
mão de obra carioca, que voltam à cidade
Rio Grande do Norte posteriormente para cobrar mais dinheiro
juntamente com uma criança de colo e todos
foram mortos.

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A origem das quadrilhas no estado vem de encontro com o plantio de maconha, na
região do polígono, uma região compreendida entre Pernambuco e Bahia, em ilhas situadas
no Rio São Francisco. A disputa acontece entre várias famílias, porém duas são mais
importantes: os Araquans e os Bem-vindos. O que antes eram disputas políticas e pelas
áreas de cultivo de maconha, com as frequentes operações para diminuir as áreas de cultivo
por parte da Polícia Federal, fez com que estas quadrilhas migrassem para o crime violento
contra o patrimônio, formando algumas das quadrilhas mais violentas do país.

Um dos eventos mais recentes se trata do envolvimento dos membros de uma tribo indígena
chamada Truká, que eram ligados aos Araquans. Tal evento culminou com a morte de dois
irmãos Trukas, um em Aragarças no Goiás e outro em Grão Mogol, Minas Gerais.

das Quadrilhas
Pernambuco

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Como pesquisa sabemos que uma das primeiras
quadrilhas de assaltantes de bancos da região
Sul é a família Oliveira, que fora formada na
década de 70, tendo migrado do Paraná ao estado
de São Paulo e que protagonizou o sequestro
de Wellington Camargo, irmão da dupla
Sertaneja Zezé de Camargo e Luciano.

Paraná
Porém, devemos levar em conta estados como o
Rio Grande do Sul, que tiveram quadrilhas
especializadas em roubo a carro forte e
realizaram ações em todos os estados do Sul,
Santa Catarina
em alguns do Sudeste e Santa Catarina, que

das Quadrilhas expandiu o fenômeno do arrombamento de caixas


eletrônicos praticamente para todos os estados do
país.
Ao contrário do que alguns pesquisadores relatam, Rio Grande
do Sul
Região Sul o sul do país tem eventos de crime violento
contra patrimônio há muito tempo.

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Contextualização

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Context
ualização
histórica
As gerações
Cangaço
Clássico
O cangaço foi um fenômeno do banditismo, crimes e violência ocorridos em
quase todo o Sertão do Nordeste do Brasil, entre os séculos XIX e meados do
século XX. Seus membros vagavam em grupos, atravessando estados e
atacando cidades, onde cometiam pilhagens, assassinatos e estupros.

Contextu-
Pequenas
Quadrilhas
Gerações Modalidade ocorrida entre as décadas de 40 e 50 e início da década de 60,
quadrilhas formadas em sua maioria por 3 a 5 membros, com diversas ações na
região Sudeste, tendo o primeiro registro histórico no ano de 1947, no estado de
Minas Gerais. Encontra-se ainda em acervos, alguns casos ocorridos em trens
pagadores e bancos, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro.

4
Roubos Motivados
Politicamente
Modalidade ocorrida nas décadas de 60 e 70, sob o pretexto do financiamento
da luta armada, foram dezenas de ocorrências entre os anos de 1967 até o ano
de 1971, com a implementação da Operação Bandeirantes e com a integração
da inteligência de defesa com a de segurança pública, onde muitos foram presos
e as ocorrências quase extintas.

Contextu-
Grandes
Quadrilhas
Gerações
Com a Anistia houve a liberação de muitos criminosos violentos contra o patrimônio
o que aparelhou as quadrilhas e fez aumentar os roubos a bancos, disseminando
por todo país essa modalidade criminosa.

5
Roubos de
Carros Fortes
Tem seu início da década de 70, mais especificamente no ano de 1971, quando um carro
forte da Brinks , foi assaltado, registrando-se aumento exponencial nos anos 90.
Com a melhoria das blindagens, os perpetradores começaram a utilizar armas de alto
poder de fogo, como os calibres .30 e .50, que posteriormente serão usadas em outras
modalidades.

Contextu-
Caixas
Eletrônicos
Gerações Duas fases: na década de 90 na modalidade de furto, as ações foram disseminadas por
criminosos de Santa Catarina e ocorriam com a utilização de ferramentas. Após os anos
2000 começam a utilizar contenção, por conta de Know How adquirido em ambiente
prisional.

Na segunda metade dos anos 2000, começam a utilizar explosivos. Com a diminuição do
numerário e novas características construtivas dos caixas, partem para os cofres centrais
das agências.
6
Domínio
de Cidades
Domínio de cidades pode ser conceituado como uma nova modalidade de conflito
não-convencional, tipicamente brasileiro e advindo da evolução de crimes violentos
Contextu- contra o patrimônio (novo cangaço), na qual grupos articulados compostos por
diversos criminosos, divididos em tarefas específicas, subjugam a ação do poder
público por meio do planejamento e execução de roubos majorados para subtrair o
máximo possível de valores em espécie e/ou objetos valiosos ou o resgate de
detentos de estabelecimentos prisionais, utilizando ponto de apoio para
concentração dos criminosos, artefatos explosivos, armas portáteis de cano longo e
Gerações
calibre restrito, veículos potentes e blindados, rotas de fuga predeterminadas,
miguelitos, bloqueio de estradas, vias e rodovias com automóveis em chamas, além
da colaboração de olheiros.

7
CRIMES CONTRA O
SISTEMA FINANCEIRO
– ASPECTOS OPERACIONAIS
DA PREVENÇÃO E REPRESSÃO
A DELITOS CONTRA
INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS
Módulo - Crime
violento contra
o patrimônio

Medidas para
eventos: Pré, Pro
e Pós os eventos
Lucélio Ferreira Martins Faria França
Tenente Coronel da Polícia Militar do Mato Grosso, Bacharel e especialista em
Segurança Pública pela Academia de Polícia Militar Costa Verde e trabalha
com roubos a instituições financeiras desde 2009. Nessa trajetória de trabalho
passou pelo BOPE, GAECO e ROTAM e atualmente labora no setor de
planejamento da PMMT

Medidas para eventos para Crimes Violentos Contra o Patrimônio


PLANO DE DEFESA
Antes do roubo – confecção de um Planejamento de Defesa
É uma forma de orquestrar ações desempenhadas por policiais e
colaboradores de forma segura e agiu;
Um Plano de Defesa deve conter uma REDE de “sensores” entre os quais
deverá haver uma comunicação fluida e limpa, sem ruídos, com a finalidade de
detectar possíveis suspeitos e desencadear uma sequência de ações em casos
específicos;
Os “sensores” podem ser policiais ou cidadãos (colaboradores discretos) que
sempre estão em lugares estratégicos em razão do trabalho ou da residência.
OBS: o “sensor”, policial ou um cidadão colaborador, tem sua inclusão
condicionada a uma validação do serviço de inteligência como estabelece a
DNISP nos casos de colaborador e informante, mas isso é conteúdo para outro
curso.
Esse “sensor” seja um policial ou um colaborador precisa ter clareza da sua
missão (do que deve observar e do que precisa relatar ou fazer) esses detalhes
pormenorizados devem ser assentados nos Procedimentos Operacionais
Padrão de acordo com cada instituição policial que confecciona o Plano;
A REDE de “sensores” citada deve ter subdivisões adequando as tarefas por
equipes:
1. Equipe de Monitoramento e acionamento;
2. Equipe de confecção dos Bloqueios;
3. Equipe de confecção das barreiras;
4. Equipe de Atiradores Designados;
5. Equipe de Planejamento e Gestão da crise dinâmica etc. (podendo ter
mais equipes a depender da peculiaridade da cidade e da instituição que
planeja);
Cada equipe deve possuir uma gestão escolhida por habilidades especificas
atinente a cada função/tarefa, que vai desde a facilidade de relacionar com as
pessoas, como no caso das equipes de monitoramento e acionamento,

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passando por parâmetros altamente técnicos como a equipe de Atiradores
designados, ou de planejamento como no caso da equipe de Gestão;
PLANO DE DEFESA E INTELIGÊNCIA (sustentada por uma rede
articulada)
O Plano de Defesa é confeccionado com o suporte direto das agências de
inteligência, que farão toda a gestão das informações, qualificação para
inclusão de policiais e colaboradores, bem como a análise e avaliação de
eventuais informações coletadas;
A rede de “sensores” deve estar presente em:
1. Todas as forças de segurança local;
2. Forças de Segurança das cidades vizinhas;
3. Poderes constituídos;
4. Hotéis;
5. Postos de combustíveis;
6. Sítios, fazendas e empreendimentos rurais etc.;
OBS: a metodologia e a dinâmica de confecção serão matéria para outro curso.
Após a confecção de todo o Plano de Defesa o grande desafio será deixar
claro para cada integrante qual é a sua missão/tarefa/função, para tanto,
ensaios e treinamento constantes deverão ser realizados.
Os ensaios ou treinamentos deverão ser realizados de duas formas:
1. com os membros das equipes tendo ciência previa que haverá o
treinamento, para que se preparem e
2. sem aviso prévio, dando apenas ciência de que em determinado momento
está se iniciando um treinamento. Isso tem como objetivo deixar os
colaboradores preparados para serem acionados a qualquer momento.
IMPORTANTE: para efeito de prestação de contas para a comunidade nada
impede que os gestores comentem com a imprensa que a segurança pública
da cidade está se preparando para eventos de Domínio de Cidades ou Novo
Cangaço, porém, é imperioso eu os desdobramentos dos ensaios/treinamentos
sejam de caráter reservado apenas aos membros e a quem seja inevitável
informar.
Cronologia da Estratégia
Antes do roubo – confecção de um planejamento de defesa;
Durante o roubo – foco na execução do planejamento.
OBS: como a execução do Plano de Defesa está intimamente ligado à sua
metodologia também será tema de outro curso.

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O que podemos ressaltar é que o sucesso do Plano de Defesa depende dos
seguintes fatores:
1. da sua riqueza de detalhes
2. do treinamento exaustivo das ações planejadas pelos seus membros.
Depois da fuga – foco na manutenção do planejamento e preservação dos
vestígios.
OBS: As ações previstas pela metodologia para após os criminosos saírem da
agência bancaria e a preservação de vestígios serão abordados em conteúdo
técnico apropriado em outro curso;
A preservação eficaz dos vestígios deixados pelos criminosos, seja na agência,
nos veículos queimados, abandonados ou nos locais de entrada na mata, todos
subsidiarão uma busca imediata dos criminosos e, posteriormente, uma vasta
produção de provas técnicas no bojo da investigação;
É imperioso que as forças policiais que trabalharão nas buscam após o roubo
tenham uma interação pelo menos uma vez ao dia para compartilhar
informações. Isso evita um grande retrabalho como buscas em lugares
repetidos, entrevistas de pessoas etc., além de formar uma consciência
situacional em todos os atores, o que otimiza da produtividade das ações
policiais.

Assalto ao Banco do Brasil e Bradesco de COMODORO - MT


dia 30 DE outubro de 2012

Enquanto os criminosos realizavam o assalto nas agências do Banco do Brasil


e Bradesco, a polícia local, ao invés de ir para a frente das agências bancárias,
decidiram por colocar em prática o Plano de Defesa e realizou três bloqueios
nas saídas da cidade, fora do perímetro urbano;
Os criminosos quando terminaram de pegar o dinheiro das agências seguiram
com vários reféns para a saída que dá acesso à cidade de Nova Lacerda,
contudo, se depararam com um bloqueio, havia um caminhão atravessado
interditando a BR 174;
Ainda na BR 174 e com os reféns, os criminosos seguiram na direção da
cidade de Vilhena - RO, alguns quilômetros após deixar a cidade de Comodoro
eles encontraram outro bloqueio, havia mais um caminhão bloqueando a
rodovia;
Como terceira e última opção, os criminosos seguiram pela BR 364, que dá
acesso à cidade de Campos de Júlio – MT e assim que deixaram o perímetro
urbano da cidade de Comodoro eles depararam-se com mais um bloqueio que
impediu sua fuga como planejada;

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Agora sem opção, os criminosos investiram uma das camionetes que estavam
usando contra uma porteira que estava trancada até quebrar o cadeado, logo
após, atearam fogo na camionete, abandonaram os reféns e seguiram apenas
com um veículo.
Ocorre que, ao seguirem na estrada vicinal cuja porteira haviam quebrado, dois
quilômetros adiante chegaram ao fim da estrada e foram obrigados a
abandonar o veículo e ENTRARAM NA MATA EM UM LOCAL TOTALMENTE
DESCONHECIDO E FORA DO SEU PLANEJAMENTO;
OBS: É importante destacar que os criminosos mantiveram as pessoas como
reféns até o momento de entrarem na mata, liberando-os sem qualquer
agressão;
Em outra ocorrência, os criminosos também liberaram os reféns sem qualquer
agressão após o roubo a banco na cidade de Campos de Júlio – MT, em
agosto de 2012, município vizinho de Comodoro. Oportunidade em que os
criminosos ao se depararem com a movimentação da polícia que estava
fazendo os bloqueios do Plano de Defesa, saíram da sua rota de fuga,
tentando fugir por outra estrada, e atolaram o veículo na areia. Os criminosos
então liberaram os reféns e entraram na mata em local fora do planejamento
deles.
No dia seguinte, o BOPE entrou na mata seguindo os vestígios deixados e
houve confrontou com os criminosos. Essa ocorrência teve como resultado a
morte de todos os participantes do roubo, o dinheiro recuperado e as armas
apreendidas;

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CRONOLOGIA DOS FATOS:
No dia 30 de outubro de 2012 ocorreu o roubo na modalidade “Novo Cangaço
Diurno” uma das modalidades apresentadas pelo livro Alpha Bravo Brasil
(2020) como um tipo de Crime Violento contra o Patrimônio;
Ainda no dia 30, parte da equipe do BOPE-MT chegou a Comodoro – MT, 630
km de Cuiabá – MT, com o apoio da aeronave do Centro Integrado Operações
Aeres – CIOPAER;
Ao chegar em Comodoro, no meio da tarde do dia 30, a equipe do BOPE fez
um levantamento prévio de informações e se preparou para iniciar as
diligências na mata no dia seguinte após a chegada dos demais membros da
equipe;
No dia 31 de outubro, adotando as técnicas de busca e captura de criminosos
homiziados na mata (CPAR), o BOPE-MT ingressou na mata buscando
identificar vestígios que pudessem levar aos criminosos.
No dia 02 de novembro de 2012, durante mais um dia de buscas, a equipe do
BOPE encontrou um carregador de pistola ponto 40 contendo sete munições e
muitas evidências de que várias pessoas estiveram naquele local dentro da
mata;
No dia 03 de novembro, a patrulha do BOPE, seguindo os rastos deixados
pelos assaltantes, encontrou munições de calibre 9 milímetros, uma faca de
selva, um cartucho deflagrado Gauge 12, uma mola de carregador de pistola e
outras tantas evidências deixadas na vegetação;
Em continuidade a operação, após uma semana de busca na marta, a equipe
do BOPE encontrou um revólver Taurus com cinco munições, provavelmente
levado do segurança do Banco Bradesco, com as escritas da empresa Sebival
e UM APARELHO CELULAR QUE FOI O PONTO DE INFLEXÃO DA BUSCA
AOS CRIMINOSOS.
A equipe do BOPE confeccionou um Boletim de Ocorrência relatando as
circunstâncias em que havia encontrado os materiais elencados e
COMPARTILHOU com uma equipe do GAECO-MT, especializada em roubos a
banco;
Rapidamente a equipe do GAECO, após minuciosa avaliação das informações
colhidas pela equipe de campo, com o incremento de outras informações
disponíveis nos meios de consulta, finalizou o relatório levando ao
conhecimento do judiciário que autorizou a adoção de medidas investigativas
para a produção de provas;
Enquanto essa parte burocrática se desdobrava, as equipes do BOPE
continuavam a fazer incursões na mata em busca dos criminosos ou de mais
vestígios deixados por eles;
É imperioso destacar que desde o primeiro dia, quando ocorreu o roubo, até o
último dia de operação, a Polícia Militar local, com apoio de policiais de outras

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cidades e da Polícia Rodoviária Federal realizaram um cerco com barreiras em
todas as rodovias de acesso a Comodoro durante 24 horas por dia, fazendo
uma fiscalização minuciosa de todos os veículos que chegavam e saiam de
Comodoro;
OBS: particularmente, considero extremamente essencial para o sucesso de
toda ocorrência de grande complexidade de busca e captura de criminosos.
Durante a segunda semana, após o roubo, as diligências do BOPE já não
traziam mais resultados e os policiais empregados nas diversas funções já
apresentavam sinais de cansaço extremo;
No fim da segunda semana de operação as diligências investigativas por meio
de interceptação telefônica de comparsas identificados no aparelho encontrado
pelo BOPE no meio da mata começaram a surtir efeito;
Quando que no 11º dia de operação, por volta das 22 horas, uma ligação deu
conta de um apoio dos criminosos que estava indo de Cuiabá para resgatá-los,
iniciando uma grande mobilização policial;
O grande problema era que não sabíamos qual veículo estava sendo usado
pelo apoio e nem qual seria o local do resgate;
Graças a equipe excepcional de HERÓIS ANÔNIMOS, os analistas que
tínhamos trabalhando nesta operação, que passaram mais uma madrugada em
claro fazendo cruzamento de dados telemáticos e de áudios.
Por volta de 1 hora da manhã do dia seguinte, 12º dia de operação, uma
madrugada de domingo, quando um analista me ligou afirmando que identificou
uma motivação dos telefones monitoras na cidade de Nova Lacerda – MT que
fica a 97 km de Comodoro. Direção que os criminosos haviam tomando logo
após o roubo como rota principal de fuga.

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Imediatamente iniciou um deslocamento policial para a cidade de Nova
Lacerda, contudo, alguns minutos após esse deslocamento os analistas
identificaram que os criminosos estiveram de passagem por Nova Lacerda e já
não estavam mais naquela cidade;
Esperava-se que eles seguissem sentido Cuiabá, mas não imaginávamos por
qual rodovia;
A esperança agora era interceptá-los em Pontes e Lacerda – MT, uma cidade
que ficava 100 km após Nova Lacerda e contava com um efetivo policial
razoável;
Fizemos os contatos com a PM de Pontes e Lacerda e com a PRF, porém,
quando eles conseguiram mobilizar uma barreira na BR 174, os criminosos já
haviam passado, perdemos mais essa oportunidade;
A esperança agora era conseguir abordá-los em Cáceres – MT, a 227 km após
Pontes e Lacerda e uma cidade com efetivo policial satisfatório, que conta com
um grande contingente de policiais militares, Força Tática, PFR, Polícia
Federal e Policia Civil, mas infelizmente em razão do horário e da
intempestividade, não estava sendo fácil a mobilização desses policiais em
uma barreira;
Quando conseguimos montar uma barreira com efetivo adequando para fazer
uma abordagem, infelizmente já era tarde e mais uma vez os criminosos já
passaram pela cidade;
A próxima cidade com possibilidade de fazer um bloqueio policial seria Cuiabá,
a 220 km de Cáceres, nossa última chance e com um complicador que era a
quantidade de rodovias de acesso, mas tínhamos que escolher uma e lançar
nossa sorte;

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Outro complicador era não saber quais veículos estavam sendo usados pelos
assaltantes. Os analistas identificavam a passagem dos criminosos pelas
cidades apenas pelas antenas telefônicas, as famosas ERBs;
Para a nossa sorte os criminosos já estavam com a sensação de missão
cumprida e falavam bastante no celular, inclusive deixaram escapar que o carro
tinha o vidro muito escuro e que não dava para ver nada dentro;
E então um sargento que estava na minha equipe desde o início nessa
operação, diga-se de passagem, era meu parceiro de tantas outras operações,
deu a seguinte ideia: “vamos fazer um martelo e bigorna, colocamos uma
equipe policial ostensiva na pista e quando os criminosos visualizarem essa
equipe podem retornar o que nos permitirá identificar os criminosos”. Ideia
acatada com vibração!
Nesse ínterim, já havíamos acionado o BOPE, ROTAM e PRF. O BOPE estava
com um efetivo reduzido pois estava com duas equipes em Comodoro e outras
duas equipes em Marcelândia – MT, outra cidade que sofreu roubo a banco na
mesma semana que Comodoro. Nessa época MT sofria muito com essas
ações, mas aprendemos a lidar com elas.
Então vamos a estratégia idealizada pelo sargento. Durante o deslocamento da
equipe do BOPE falei com o tenente que estava no comando e então expliquei
para ele como seria. A vantagem de trabalhar com uma equipe altamente
doutrinada é que eles entendem com facilidade as instruções e executam na
íntegra as instruções repassadas.
Quando a equipe do BOPE se posicionou na rodovia o tenente me ligou e deu
o pronto, confirmando que estávamos a margem da pista, fora do visual de
quem passa e que teriam avançado a van do BOPE para ficar ostensivamente
2 km a frente. Enquanto falava com ele ao telefone outro membro da equipe
gritou “voltou... voltou... O gol vermelho com vidro escuro está voltando”.
O sargento “ANTIGÃO” estava certo, o tenente desligou o telefone e foi para
pista abordar o recém-descoberto gol vermelho de vidro escuro.
Passei os 5 minutos mais longos da minha vida, quando um membro da equipe
do BOPE me retornou a ligação a pedido do tenente que estava na mata as
margem da rodovia atrás dos criminosos que conseguiram fugir, então ele
disse: “está na mão caveira!!! Dois assaltantes alvejados, um fuzil, outros
armamentos e muito dinheiro”.
Resultado do confronto no trevo do Lagarto em 11/11/2012:
• 01 (UM) FUZIL AK-47,
• 01 (UMA) PISTOLA E
• 01 (UM) REVOLVER
• QUANTIA DE R$1.109.655,00 RECUPERADOS.

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Após esse confronto no Trevo do Lagarto, chegando em Cuiabá, o restante da
quadrilha se homiziou em uma região rural próximo ao lago do Manso, distante
aproximadamente 100 km de Cuiabá;
Região de difícil acesso e com apenas uma torre telefônica, que não
possibilitava aos analistas uma delimitação mais precisa do local onde se
encontravam os criminosos;
Após um extenuante período de diligências, vigilância e cruzamento de
escassas informações chegamos a uma região de provável homizio dos
criminosos;
Iniciamos então uma sequência de incursões com a finalidade de delimitar a
área das buscas, até que encontramos um veículo escondido, coberto por
galhos de árvores, próximo a um sítio abandonado que poderia ser o
esconderijo;

Então montamos duas equipes mescladas com integrantes do BOPE e agentes


de inteligência do GAECO. Uma ficou responsável por monitorar o sítio e outra
o carro.
Após três dias nessa vigilância, já estava no fim do dia, quando nossa equipe
que estava no carro, ouviu um disparo. Em seguida ouvimos um colega da
outra equipe chamar pelo rádio e dizendo que havia abatido um criminoso;
Esse assaltante abatido, como a maioria dos assaltantes de banco, possuem
um bom conhecimento de mata e desconfiou do local onde a equipe do BOPE
estava escondida e começou a aproximar para verificar o que era. Quando
ele aproximou muito da equipe, o atirador de precisão efetuou um disparo,
uma vez que ele estava com arma na mão e apontando na direção da equipe;
A equipe visualizou um segundo criminoso correndo e pelas características
seria o líder do bando que realizou o roubo em Comodoro – MT no dia 30 de
outubro de 2012, conhecido como PARAZINHO;
No dia 29/11/2012 completou 30 dias do roubo a banco em Comodoro e em
razão desse desfecho foi apreendida 01 (uma) pistola Bersa 9mm, 02 (dois)
carregadores, 33 (trinta e três) munições e quantia de R$10.881,00 (dez mil
oitocentos e oitenta e um reais).
Após esse último confronto que resultou na morte de mais um criminoso, esse
suposto líder que ainda estava foragido, iniciou uma campanha para pagar
outros comparsas para buscar ele, oportunidade em que deixou escapar que
ainda estava com um AK-47 e que não iria se render;
PARAZINHO abandonou o sítio e passou a ficar só na mata, fazia
racionamento de comida e bateria dos celulares. Ele tinha grande
conhecimento de mata, mas para fugir da região onde ele estava teria que
passar por duas pontes, uma de um córrego pequeno e outra do rio Cuiabá,
este bem caudaloso;

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Dois dias após a morte do seu comparsa, PARAZINHO que sempre usava o
telefone para falar com o irmão que estava preso, deu a notícia que já tinha
passado a “pequenininha” se referindo a ponte sobre o córrego;
OBS: o irmão do PARAZINHO estava preso em razão de um roubo que
participou na cidade de Comodoro – MT em 2008, oportunidade em que
PARAZINHO havia prometido voltar e roubar o banco em Comodoro
novamente. E cumpriu sua promessa;
Como monitorávamos 24 horas a ponte sobre o Rio Cuiabá e tínhamos o
conhecimento de que ele precisava passar por lá, nos restou esperar;
Contudo, PARAZINHO apresentava muita resistência em atravessar a ponto,
ele comentava com seu irmão, que não seria fácil atravessar a “grandona”, se
referindo a ponto sobre o Rio Cuiabá;
Sempre que falava com o irmão, PARAZINHO perguntava sobre as novidades,
uma vez que seu irmão assistia todo o noticiário da televisão local, em especial
um programa policial de nome Cadeia Neles;
Como PARAZINHO não estava conseguindo uma equipe resgatá-lo, começou
a oferecer 5 mil reais para cada um que estivesse no carro que fosse buscá-lo;
Não demorou apareceram vários voluntários, mas ele deu preferência a dois
comparsas do roubo em Comodoro que conseguiram fugir do cerco no Trevo
do Lagarto, para a nossa felicidade;
A insistência de PARAZINHO em saber das notícias sobre a polícia por meio
do que seu irmão assistia na TV me deu uma ideia e no dia 05 de dezembro
2012 tomei a seguinte decisão, usar uma contrainformação;
Liguei para um colega que conhecia o apresentador do programa Cadeia Neles
e ele me colocou para falar com o apresentador no intervalo da programação,
pois o programa estava ocorrendo ao vivo;
Expliquei para o apresentador que a polícia estava desmobilizando todo o seu
efetivo e que estava satisfeita com o resultado, que todo o dinheiro havia sido
recuperado, que várias armas foram apreendidas etc.;
O apresentador desligou o telefone e entrou ao vivo no programa e disse tudo
o que havia pedido, inclusive teceu alguns elogios as polícias;
Quando PARAZINHO ligou a tarde para seu irmão eis que a contrainformação
chegou até ele. Irmão de PARAZINHO ainda enfatizou que aquele dia ele tinha
que sair de lá antes que polícia mudasse de ideia. Perfeito! Assim fizeram;
Como a equipe de resgate já estava pronta, PARAZINHO deu a ordem, e então
estava lançada a sorte;
Por volta das 21 horas iniciou a movimentação das pessoas que buscariam
PARAZINHO e em pouco mais de 1 hora eles chegaram na região;

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Ouvimos atentamente as orientações passadas por PARAZINHO aos seus
comparsas e montamos a nossa estratégia. Agentes de inteligência espalhados
por toda parte e a equipe do BOPE esperando escondida o sinal para abordar;
PARAZINHO fez o carro do seu resgate passar por ele três vezes, sempre ele
dizia “já estou te vendo, vai na frente e faz o balão”. Os agentes de inteligência
estavam no visual do veículo, um Celta branco, mas nada do fugitivo;
Após a terceira passada, PARAZINHO mandou o carro encostar, quando o
carro parou, ele saiu do mato e rapidamente entrou no carro. Foi quando o
Sargento “antigão”, o mesmo que sugeriu a estratégia do Trevo do Lagarto
disse: “estão todos no Celta branco indo no sentido da grandona”. Todos
sabiam que a grandona era a ponte;
Quando o veículo atravessou a ponte e reduziu para passar em um quebra-
molas a equipe do BOPE saiu do mato para a pista e foi recebida a tiros e
revidaram a injusta agressão;
O resultado dessa ação foi que todos as 5 pessoas que estavam no veículo
morreram. Eles portavam além do AK-47 que estava com PARAZINHO outras
duas armas curtas, uma pistola e dois revólveres;
Essa operação iniciou no dia roubo em Comodoro, 30 de outubro de 2012 e
terminou no dia 06 de dezembro de 2012, após o cumprimento de medidas
judiciais contra membros da quadrilha, somando um total de 37 dias
ininterruptos de busca dos criminosos.

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Anotações

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Consultor
Lucélio França
Direitos Autorais
Lucélio França
A Formação das Organizações Criminosas no País e sua Conexão com o Crime
Violento Contra o Patrimônio, uma análise de como isso se Comunica Atualmente
em Eventos Locais, Interestaduais E Transnacionais

Cap PMPR Gilberto Kummer Junior

“Em um mundo de redes criminais descentralizadas e flexíveis, o


tempo disponível entre a análise (descobrir o que está
acontecendo) e as operações (combater o problema) é cada vez
menor.”

Moisés Naim

Historicamente as organizações criminosas formadas dentro de unidades


prisionais, se iniciam da união de grupos criminosos violentos, formados
principalmente por assaltantes de banco, que gozam de prestígio em meio a
massa carcerária.

É errôneo atribuir que a formação de tais organizações se deu da união


de presos políticos e assaltantes de bancos, que na época eram enquadrados
na Lei de Segurança Nacional (LSN) de 1969. O que se pode afirmar é que na
primeira metade da década de 60, começaram a surgir quadrilhas articuladas,
principalmente nas capitais da região sudeste. Estas quadrilhas, depois de
encarceradas, se tornaram o embrião destas organizações criminosas.

Estes pequenos grupos antes do cárcere, realizaram algumas ações


exitosas e de grande repercussão na mídia, como: assaltos a bancos, a trens e
carros pagadores. A união de presos políticos, com assaltantes de bancos nos
estados de São Paulo e Rio de Janeiro, se deu a priori por estarem confinados
em um mesmo espaço, e não como vem sendo retratado pela mídia ao longo de
vários anos.

As uniões eram formadas sobre o pretexto de diminuir desigualdades,


injustiças e opressões sofridas pela massa carcerária. A união se dava por um
mesmo espaço físico, mas o mote da luta guerrilheira e política confluía em
termos de ideologia com a luta por melhorias no próprio cárcere.
A recusa do Regime Militar em admitir a existência entre os presos
comuns, de presos políticos e integrantes da luta armada, todos com
características políticas e sociais distintas, fez com que criminosos violentos, os
guerrilheiros e os presos políticos, fossem enquadrados na mesma lei.

Com isto alguns bandidos condenados na LSN, foram anistiados por


conta de remendos feitos na Lei de Segurança Nacional orientada para dirimir
os embaraços causados pelo enrijecimento desta lei, feita no ápice dos
problemas ocasionados pela luta armada.

Desta forma guerrilheiros e criminosos comuns, principalmente os ligados


a crimes violentos contra patrimônio, foram colocados pela égide dos presos
políticos recebendo benefícios, como exemplo: o preso José Adilson Tognasca,
assaltante de banco violento com mérito em meio a massa carcerária, que foi o
tutor de Luciano Castro Oliveira, o “Zequinha”, um dos elencados no Projeto
Procurados – Lista de Procurados Nacional do Ministério da Justiça e Segurança
Pública, atualmente preso.

A linha destas organizações criminosas, formadas dentro de unidades


prisionais, fora dividida por peculiaridades em três períodos distintos da história
contemporânea:

• Regime Militar – No final da década de 60 e início da década de 70,


ocorreram diversas ações violentas no país, que culminaram com o
endurecimento das leis e o início da Operação Bandeirantes. Os presos
da luta armada, os presos políticos e os criminosos violentos enquadrados
na Lei de Segurança Nacional, foram colocados no mesmo ambiente. A
inserção no mesmo ambiente disseminou a cultura política das
desigualdades sociais, iniciando uma guerra informacional sobre direitos
e desigualdades, influenciando diretamente o ambiente prisional. Muitos
criminosos desta fase, foram doutrinados sobre linhas políticas
extremistas, potencializando muitos dos criminosos comuns. O ápice de
tais crimes, é relatado no livro “Quatrocentos Contra Um”, de Willian da
Silva Lima, que foi um criminoso comum de roubo a bancos, enquadrado
na Lei de Segurança Nacional, e comparado como os presos políticos e
de luta armada. Surge ainda nesta época a cultura de que o Comando
Vermelho, era mera obra ficcional, fruto da imprensa e não de um grupo
que resolveu estruturá-lo. Sabe-se que os embriões de tais grupos
criminosos, foram articulados muito antes do regime cívico-militar de
1964. Os movimentos políticos à reformulação de LSN e o início de uma
nova ordem política com o relaxamento deste regime, leva a segunda
fase.
• Politicas de Humanização de Presos – Nos governos de André Franco
Montoro, em São Paulo, e de Leonel Brizola, no Rio de Janeiro, iniciam-
se tratativas sobre políticas de humanização de presos. Os estados
passaram a disseminar políticas sobre a mudança do bem-estar dos
presidiários, em que prevalecia como alicerce do sistema penal e de
controle social, uma política criminal inspirada nos princípios de
humanidade, utilidade e legalidade, e incorporação social. Os eternos
embates entre presos e autoridades, fizeram com que organizações
criminosas como as “Serpentes Negras” e o “Comando Vermelho”, que
tinham a sustentação de suas criações exacerbadas pela mídia e
defendidas pelos integrantes das forças de segurança, fossem encaradas
de forma diferente por defensores das políticas de humanização e
políticos, que diziam desconhecer tais grupos criminosos articulados.
Muitas das vezes, estes grupos eram encarados como guerras
informacionais, como meras obras de ficção, fruto das disputas entre o
meio político e os agentes das forças de segurança. Nesta fase também
ocorre a migração de grande parte dos criminosos do Comando Vermelho
para o tráfico de drogas, sendo um dos primeiros expoentes, um bicheiro
de pouca expressão de nome, Antônio José Nicolau, o “Toninho Turco”,
morto em uma operação contra o tráfico de drogas em 1988. Por conta da
guerra informacional da época e da negação das autoridades e eventos
políticos relevantes no cenário nacional, a discussão não ganha
repercussão na mídia, até a rebelião do Carandiru.
• Rebelião de 02 de outubro de 1992, no Carandiru – tendo sido citada
como o motivo para a criação da maior organização criminosa do país e
como um divisor de águas, no que viria a se tornar o sistema penitenciário
brasileiro; o Primeiro Comando da Capital (PCC), nasce do que era o
“Serpentes Negras”, grupo criminoso articulado, no qual fizeram parte
Francisco Teotônio da Silva Pasqualini, um dos assaltantes do ouro de
Guarulhos, e elencados no Projeto Procurados, do Ministério da Justiça
e Segurança Pública, que está preso, e Airton Ferreira da Silva, membro
do segundo escalão do PCC, atualmente recolhido em um presídio
federal, sendo este um dos transferidos e isolados em fevereiro de 2019.
O PCC foi criado com o discurso de combater a opressão do estado e
garantir direitos individuais e coletivos dos detentos paulistas, na
mesma esfera do que se pregava com as políticas de humanização de
presos. Assim como no Rio de Janeiro, as autoridades de segurança
pública do Estado de São Paulo, custaram a revelar a existência
de tal organização criminosa. No ano de 1997, algumas rebeliões
violentas ocasionaram a transferência de presos considerados de
grande prestígio em várias unidades prisionais espalhadas pelo país.
O desconhecimento ou falta de memória institucional, fez com que
alguns estados aceitassem as transferências sem a devida
atenção, potencializando o problema carcerário nos estados
envolvidos. Problemas, que antes estavam restritos a São Paulo e
Rio de Janeiro foram disseminados para outros estados brasileiros,
propagando a filosofia destes encarcerados. A transferência de
criminosos ligados ao PCC para o Paraná, Mato Grosso do Sul, Rio
Grande do Sul e Bahia, culminou com a formação de outros grupos
criminosos prisionais, que se fundiram ou não com o PCC. Tal
equívoco fortaleceu o PCC e disseminou por outros estados a filosofia
de se unirem, para terem direitos e serem escutados. Com a rebelião
de fevereiro de 2001, ocorre uma estruturação e a liderança que antes
era exercida por César Augusto Roriz, o “Cesinha” e José Márcio
Felício, o “Geleião”, passa a ser exercida por Marcos Willians Herbas
Camacho, o “Marcola”, preso em Brasília. Após a rebelião houve a
transferência em massa de presos para cadeias do interior de São
Paulo, sobre a pretensa de enrijecerem o regime e cortar a comunicação
entre os detentos. Nestes presídios, criminosos violentos passaram
a conviver com grandes traficantes de drogas, sendo atraídos pela
alta lucratividade que o crime propiciava, sem o risco de serem mortos
em ações mais violentas. O ciclo se repete como no Rio de Janeiro
indicando novamente a falta de memória institucional, ou seja,
entender o problema para apresentar a
solução. O dinheiro que antes vinha das mensalidades e do percentual
de lucros ligado as atividades criminosas individuais ou de
pequenas quadrilhas como o roubo e o micro tráfico, passou a se
exponencializar para o macro tráfico e o tráfico internacional de cocaína.
Convém salientar que o tráfico internacional, pertence de forma
singular há alguns indivíduos ligados a estes grupos criminosos
articulados, e o varejo do tráfico de drogas, as organizações. Este
cenário de tais grupos, organizados como forma de redes complexas,
muitas delas com atuação local, vem aumentando em razão da disputa
por poder, ou por pontos de venda de drogas, e visto como o maior
fomentador dos índices de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI),
sendo a redução destes crimes, alicerçada com o combate as
organizações criminosas e a sua descapitalização, os maiores eixos
a serem alcançados.
A ciclicidade da formação destes embriões que ousamos chamar de
grupos criminosos articulados, ou facções, são gerados em sua maioria pela
união de indivíduos reconhecidos e respeitados no meio criminal. Estes são
articulados, têm mérito por seus feitos criminosos, muitos destes exaustivamente
explorados pela mídia, que cria grandes “monstros” do crime, seja por ações
violentas contra o patrimônio, seja pelo volume de tráfico de drogas. Criminosos
como estes, devem ser acompanhados no início de sua gênese. Nota-se através
da história que as grandes organizações criminosas do país foram formadas da
união de transgressores, a priori, oriundos dos crimes violentos contra
patrimônio, que depois tendem a migrar do crime inicial para o tráfico de drogas.
Assim como aconteceu com as maiores organizações criminosas do país, sendo
estas o “Comando Vermelho”, o “Primeiro Comando da Capital” e a “Família do
Norte”. É necessário realizar um estudo sistemático destas organizações, de
maneira a atualizar a Memória Institucional sobre as organizações criminosas e
os grupos criminosos organizados, como forma de agir proativamente no
combate as organizações criminosas existentes e que venham a se formar.

Estas três organizações, PCC, CV e FDN, praticamente são as


causadoras da elevação dos índices de Crimes Violentos Letais Intencionais
(CVLI). Verifica-se que este aumento está intrinsicamente ligado a disputa
pelas áreas de tráfico, nos municípios que apresentam grandes índices. Estas
disputas
muitas vezes são entre duas organizações rivais, ou por grupos criminosos locais
de menor expressão no cenário brasileiro em disputa, por uma ou outra das
maiores facções.

Como forma de reduzir homicídios, observa-se que o mapeamento de


organizações criminosas, as disputas por áreas de tráfico e os crimes
violentos contra patrimônio, devem ser feitas sistematicamente. Para que isso
seja efetivo, deve-se capacitar os envolvidos no processo de redução de
índices, na análise de redes e na retroalimentação de sistemas de banco de
dados, de forma a priorizar, alvos chave, pontuando quem são as pessoas
chave de cada grupo criminoso organizado na área afetada, realizando a
neutralização e o isolamento destes alvos chave. Tais operações devem
atingir de forma homogênea as organizações criminosas em conflito, para
que a atuação não sofra efeitos potencializadores aos índices.

Este monitoramento sistemático de alvos, pode ser comparado de forma


macro com o “Projeto Procurados” do Ministério da Justiça e Segurança Pública,
sendo replicado aos estados e municípios de forma micro.

Outro fator a ser levantado é a criação e atualização de uma memória


institucional que deve ser organizada com dados fidedignos e recentes de
organizações criminosas, criminosos, lideranças, disputas internas, disputas
territoriais, de forma a mapear os problemas que fomentam os altos índices de
homicídios, para o aumento da assertividade dos sistemas de banco de dados,
partindo do princípio de que todo elemento envolvido na segurança pública é um
sensor.

Com a formação de tal memória institucional, cuja plataforma é orientada


a relacionamentos e a retroalimentação integrada, pode-se realizar pesquisas
em rede, utilizando métricas no sentido de saber quais indivíduos ou
organizações devem ser elencadas para o monitoramento sistemático.

Quando se pontuam estes indivíduos de grande poder nos grupos


organizados articulados, as vezes, pelo seu alto grau de ligação (grandes
criminosos) ou até por sua especialização (doleiros ou explosivistas), estes
devem ser isolados, de forma a mitigar a comunicação entre membros destas
organizações, utilizando a máxima de dividir para conquistar. Isto pode ser feito
sugerindo aos estados vagas em presídios federais, cuja a estrutura propicia de
forma efetiva o isolamento destas lideranças, atingindo as redes criminais e
atenuando índices de CVLI.

Entende-se que a partir da descapitalização das organizações


criminosas e dos indivíduos chave, haverá o retrocesso no sentido de realizar
procedimentos de lavagem de dinheiro, que deixaram de ser realizados devido
à ausência de pessoal e de capacitação.

O Crime de Fronteiras e o de Divisas

Entre os crimes de divisas e fronteiras, cabe separá-los em locais,


regionais e interestaduais, ou seja, sobre a área de atuação de determinadas
quadrilhas ou organizações criminosas, cujos exemplos podem assim ser
elencados:

Crime Local – Aquele em que os indivíduos pertencem somente a uma


localidade e não se aventuram a sair de sua área de atuação. Com os avanços
do tecnologias de informação e comunicação e a falta de isolamento das
cadeias, isto tem se tornado uma exceção à regra, a exemplo: o varejo de drogas
e o furto de veículos.

Crime Regional – Neste os indivíduos extrapolam divisas municipais, as


vezes interferem em uma região metropolitana, mas não interferem em outros
estados. São geralmente praticados por criminosos que ainda não tiveram
encarcerados e não têm uma grande rede criminal, a exemplo: quadrilhas de
roubo de veículos e de propriedades rurais.

Crime Estadual – Tipo de atuação que já envolve criminosos mais


experientes e com redes criminais mais estruturadas. Tais indivíduos geralmente
já estiveram presos junto a presídios de outros estados e têm uma atuação mais
descentralizada, geralmente por conhecer diversos criminosos de diferentes
estados, a exemplo do roubo de cargas e do novo cangaço. Representa um
grande desafio de integração para as forças estaduais, atuar de forma sistêmica
nestes casos.
Crime Transnacional – Um fenômeno muito difícil de ser detectado,
haja vista a junção de várias redes criminais difusas e da participação randômica
de pessoas. Estes indivíduos são oriundos de uma vida extensa de crimes e com
uma influência meritocrática sobre outros membros de seus grupos. Ademais,
possuem uma capacidade enorme de se organizar, têm redundância de técnicos
e capacidade logística diferenciada, a exemplo: o domínio de cidades e o tráfico
internacional de drogas.

Quando vemos estes fenômenos de migração do crime, temos como


principal exponenciador os presídios, que são verdadeiros polinizadores de
redes criminosas difusas e articuladas. Tendo o criminoso violento contra o
patrimônio grande participação na criação das organizações criminosas e sua
influência pela massa carcerária, encarcerada por uma gama de crimes. A
junção de estelionatários com criminosos violentos potencializa as ações, pois,
se um antes tinha dificuldade de obter documentos falsos, depois deste contato,
cessará. Esta junção de vários tipos de crimes, prejudica em muito a segurança
pública de uma forma geral, e a falta de isolamento de presos é outro fator
relevante, pois dentro dos presídios, funcionam grandes centrais de negócios.

Por mais que separamos os crimes por divisas e fronteiras, isso vem
sendo cada vez mais difícil de ser visto, sendo que as modalidades em breve só
se dividirão em duas: fronteiras e divisas. Em que um furto de fios em uma região
pobre de São Paulo, um roubo a um posto de gasolina na zona leste paulista,
um roubo a um aeroporto em Blumenau e o roubo do ouro em Guarulhos, podem
estar ligados ao domínio de cidades em 24 de abril de 2017? É o que
procuraremos mostrar a seguir.

Estudo de Caso Prosegur Paraguai

No ano de 2016, fonte de inteligência de um estado de divisa, após


contatar um membro da inteligência do Paraná, fez o seguinte relato: “criminosos
faccionados das regiões 43 e 44, treinaram no Paraguai com o objetivo de
realizar uma ação de Domínio de Cidades na região sudoeste do Paraná”. A
informação era uma colcha de retalhos, mais diversos outros fatos ocorridos, só
analisados posteriormente a ação, deixou claro que a falta de integração trouxe
problemas imensos de forma transnacional, a qual procurarei utilizar somente
dados de fontes abertas para fazer uma linha de tempo com eventos conhecidos
e explorados. O Grafo 1 abaixo, ilustra um pouco personagens e ações ligadas
a informação dos fatos e seus desdobramentos.

Grafo 1: Análise Posterior ao evento Prosegur

Julho de 2016 – Após o levantamento da vida de alguns agentes


penitenciários por faccionados e da dificuldade de se conseguir executar a
missão, fora levantado que iriam executar um policial em uma pequena cidade
próxima a Maringá, no Paraná. Na época, uma equipe do Departamento de
Inteligência do Estado do Paraná (DIEP) conseguiu frustrar a missão, sem êxito
de neutralizar as ações.

02 de setembro de 2016 – O Agente Penitenciário Federal Alex


Belarmino Almeida Silva, foi executado no município de Cascavel, quando se
dirigia para dar treinamento a agentes na Penitenciária de Catanduvas, no
Paraná. A execução fora feita por quatro faccionados e o levantamento por
outros, entre eles um dos que realizou o planejamento em Maringá. Ainda entre
os quatro executores, dois haviam realizado treinamento no Paraguai e outro era
filho de um conhecido criminoso violento contra patrimônio. Foto 1;

Foto 1 – Carro de Belarmino

20 de dezembro de 2016 – O Agente Penitenciário Estadual Thiago


Borges de Carvalho, foi morto após sair da Penitenciária Estadual de Londrina
(PEL). A ação foi executada por quatro criminosos, dois deles com treinamento
no Paraguai.

15 de janeiro de 2017 – Fuga da Penitenciária Estadual de Piraquara


(PEP), ação que inaugurou o evento de Domínio de Cidades no Brasil. Convém
salientar, que tal evento é tipicamente brasileiro e não se deve resolvê-lo com
soluções importadas. Neste evento fugiram 28 presos, no qual para execução,
foi explodida a muralha do presídio e elementos na contenção dispararam contra
as muralhas, carros foram queimados nas rotas de fuga em uma ação típica de
domínio de cidades. Quem coordenou este trabalho foi o cabeça na execução
do agente federal e um dos comparativos de DNA na Prosegur que deu positivo.
Ao menos cinco dos membros que treinaram no Paraguai participaram. Foto 2
Foto 2 – Carros queimados depois da fuga

08 de março de 2017 – Criminosos roubam o Banco do Brasil na cidade


paranaense de Andirá, em uma ação do Novo Cangaço Noturno, com uso de
explosivos. Cerca de 20 criminosos utilizando de armamento de alto poder de
fogo realizaram a ação. Esta foi uma ação preparatória a ação de 24 de abril,
com o intuito de verificar o treinamento e quem estaria apto a participar do fato.

08 de março de 2017 – Dois criminosos são mortos em Londrina, no


Paraná, pela Policia Militar. Tal ação se deu, pois dois dos veículos utilizados em
Andirá estavam estacionados próximo a casa em que estavam. Um dos mortos
era fugitivo da Penitenciária Estadual do Paraná, supramencionada. Durante a
noite também foi preso quem havia alugado a casa, um dos executores do
Agente Penitenciário Federal.

Março e abril de 2017 – Novo treinamento no Paraguai, cerca de oito dos


fugitivos da PEP, realizaram na fazenda de um narcotraficante treinamento com
um especialista europeu. Foto 3
Foto 3 – Treinamento no Paraguai

24 de abril de 2017 – Roubo da Base de Valores da Prosegur em Cidade


do Leste, no Paraguai. Ação esta que durou mais de 3 horas e um policial da
Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD), teve a vida ceifada. Cerca de 60
criminosos participaram do Domínio de Cidades na segunda maior cidade do
país vizinho, e pelo menos 3 .50 foram utilizadas. Posterior a essa ação, por
meio da coleta de vestígios, diversos criminosos foram identificados e colocados
na cena de outros crimes.

Uma pequena parcela que passaremos a analisar a partir de agora:

06 de julho de 2000 – Roubo de 61 quilos de ouro do Aeroporto Juscelino


Kubitschek, em Brasília, fragmento de impressão positivado com a ação acima;

08 de outubro de 2013 – Roubo ao carro forte da Protege em Suzano/SP.


Foi o primeiro caso de DNA positivo do Brasil.
14 de março de 2019 – Roubo de R$ 9 milhões, do Aeroporto Quero
Quero, na cidade de Blumenau/SC. DNA positivado com outra ação, a do carro
forte na Rodovia Mogi Dutra em 22 de Janeiro de 2018.

25 de julho de 2019 – Roubo de 754 quilos de ouro do Aeroporto de


Guarulhos. DNA positivado com a ação no Paraguai. Foto 4

Foto 4 – Roubo do ouro no aeroporto de Guarulhos

Explorando o que foi manifestado na imprensa de maneira rápida,


apareceram mais vestígios da ação da Prosegur em pelo menos 7 estados da
federação, em crimes que vão de furto, roubo, sequestro, novo cangaço e
domínio de cidades, demonstrando a forma articulada com que disseminam os
fenômenos criminais.

Conclusão

Fica muito claro para um analista compenetrado neste tipo de ação que
ambientes prisionais, com certeza, são exponenciadores da criminalidade
violenta contra o patrimônio, nas análises das ações de domínio de cidades.
Com bancos de dados integrados e com a cooperação entre as forças de
segurança estaduais, isto poderia ser comprovado com amostras mais robustas,
e poderia ter mais acertos, diminuindo a incidência deste fenômeno criminal, de
forma a gerar o monitoramento sistemático de alvos sensíveis que no ambiente
prisional teriam um status de líderes de organização criminosa.

No Brasil ainda não existe um banco de dados de impressões digitais


unificado e o Banco Nacional de Perfil Genético, ainda não tem em seu banco
de dados a totalidade de Criminosos Violentos Contra Patrimônio presos nos
estabelecimentos prisionais espalhados pelo país. Populam o banco somente os
que foram presos e qualificados e os fragmentos recolhidos em locais de crime,
e com isso apenas, já se fez um “estrago” com a prisão de vários grandes
criminosos.

Pode-se perceber que nenhum criminoso saia direto para um Domínio de


Cidades. Em seu início de vida criminosa, ele passará por muitas modalidades
de ilícitos para atingir tal mérito, mesmo que esteja em uma função menos
importante. Esta escalada deve ser evitada e uma das formas disto acontecer é
separar criminosos de baixa agressividade dos criminosos violentos. Outra coisa
a ser vista também é o nível de especialização do criminoso. Aproximar um
técnico em informática de um criminoso violento pode dar um upgrade em ações
com explosivos, por exemplo como nos atuais, acionamentos remotos
observados em ações espalhadas Brasil afora.

O que pode ser visto é que a grande formação de relação entre criminosos
é o ambiente intramuros, potencializando muito a capilaridade destes grupos
criminosos difusos e articulados, sendo necessário melhorar a qualidade de
nossos estabelecimentos prisionais, no sentido de separar grandes criminosos
de criminosos comuns para que velhos erros não sejam cometidos.

Ademais, um outro fator a ser visto é que enquanto algumas instituições


se portam como grandes senhores feudais, o crime tem se potencializado e as
instituições de segurança sucumbindo em razão de tal fenômeno criminal, sendo
importantíssimo esta integração, correndo o risco que uma nova modalidade
criminosa possa surgir.
Conexão do Novo
Cangaço com outras
modalidades do
crime organizado
O criminoso violento contra o patrimônio quando é preso e vai para o ambiente

Conexão do Novo prisional é recebido pela grande massa carcerária como uma pessoa de coragem e de
grandes feitos, alguém que podemos inferir com “prestígio”, ou melhor, que tem

Cangaço com outras “mérito’ no mundo do crime. A grande maioria das Facções criminosas do país
foram formadas por criminosos oriundos dos crimes violentos contra o

modalidades do patrimônio.

Crime Organizado Podemos citar o Banco Central de Fortaleza, onde um dos criminosos migrou para
o tráfico de drogas e financiou posteriormente a isso diversas ações violentas
contra o patrimônio, demais que participaram do mesmo evento, resolveram
investir em outros túneis espalhados Brasil a fora. Após o episódio do Banco Central,
outros 4 túneis estavam sendo feitos, dos quais 3 eram no Brasil e um no exterior.

3
Como exemplo antagônico, podemos citar aquele menino de periferia, com pouca
Conexão do Novo perspectiva de vida, que é cooptado por uma organização criminosa, geralmente aquela

Cangaço com outras que domina o tráfico de drogas no local em que mora.

modalidades do E recebe a ordem para matar um agente de segurança pública, como ocorreu no ano de
2006. Após a execução do que lhe fora ordenado, caso seja preso e vá para o ambiente
Crime Organizado prisional, será respeitado no meio e terá toda a proteção da organização. Porém não terá
a mesma influência que um grande criminoso violento contra o patrimônio, vários
exemplos podem ser citados ao longo da história.

4
Podemos citar três organizações como exemplo de serem formadas
inicialmente por pessoas oriundas do crime violento contra o
patrimônio, que depois migraram para o tráfico de drogas:

Conexão do Novo
Cangaço com outras Comando Primeiro Bonde
modalidades do Vermelho Comando da do Maluco
Capital
Crime Organizado Todos os fundadores eram
Formada por assaltantes de
Primeiro e segundo escalão - todos banco que hoje migraram
assaltantes de banco, que oriundos do crime violento contra o para o tráfico, a atual
perceberam que o tráfico de patrimônio, os dois únicos que liderança, advém do crime
drogas era mais rentável e eram oriundos do tráfico foram
violento contrao patrimônio.
menos perigoso, migrando mortos Gegê e Paca.
para o tráfico.

5
Conexão do Novo
Cangaço com outras
modalidades do
crime organizado
O criminoso violento contra o patrimônio quando é preso e vai para o ambiente

Conexão do Novo prisional é recebido pela grande massa carcerária como uma pessoa de coragem e de
grandes feitos, alguém que podemos inferir com “prestígio”, ou melhor, que tem

Cangaço com outras “mérito’ no mundo do crime. A grande maioria das Facções criminosas do país
foram formadas por criminosos oriundos dos crimes violentos contra o

modalidades do patrimônio.

Crime Organizado Podemos citar o Banco Central de Fortaleza, onde um dos criminosos migrou para
o tráfico de drogas e financiou posteriormente a isso diversas ações violentas
contra o patrimônio, demais que participaram do mesmo evento, resolveram
investir em outros túneis espalhados Brasil a fora. Após o episódio do Banco Central,
outros 4 túneis estavam sendo feitos, dos quais 3 eram no Brasil e um no exterior.

3
Como exemplo antagônico, podemos citar aquele menino de periferia, com pouca
Conexão do Novo perspectiva de vida, que é cooptado por uma organização criminosa, geralmente aquela

Cangaço com outras que domina o tráfico de drogas no local em que mora.

modalidades do E recebe a ordem para matar um agente de segurança pública, como ocorreu no ano de
2006. Após a execução do que lhe fora ordenado, caso seja preso e vá para o ambiente
Crime Organizado prisional, será respeitado no meio e terá toda a proteção da organização. Porém não terá
a mesma influência que um grande criminoso violento contra o patrimônio, vários
exemplos podem ser citados ao longo da história.

4
Podemos citar três organizações como exemplo de serem formadas
inicialmente por pessoas oriundas do crime violento contra o
patrimônio, que depois migraram para o tráfico de drogas:

Conexão do Novo
Cangaço com outras Comando Primeiro Bonde
modalidades do Vermelho Comando da do Maluco
Capital
Crime Organizado Todos os fundadores eram
Formada por assaltantes de
Primeiro e segundo escalão - todos banco que hoje migraram
assaltantes de banco, que oriundos do crime violento contra o para o tráfico, a atual
perceberam que o tráfico de patrimônio, os dois únicos que liderança, advém do crime
drogas era mais rentável e eram oriundos do tráfico foram
violento contrao patrimônio.
menos perigoso, migrando mortos Gegê e Paca.
para o tráfico.

5
Plano de defesa
Medidas e Ações de Combate entre
os Estados e Entidades
Protocolos Preventivos
1 Tipos de Crimes
Violentos Contra
o Patrimônio
4 O que pode
funcionar contra
Novo cangaço
Diurno e Noturno
7 Histórico das
ações de
Domínio de
Cidades

2 Comparativo entre
Novo Cangaço
Diurno, Noturno
e Domínio
de Cidades
5 O que pode
funcionar contra
Domínio
de Cidades
8 Mundo VUCA e
as Estratégias
de Combate
aos Crimes

3 6
Violentos contra
o Patrimônio

Binômio – Quem são


Tempo X assaltantes que
Segurança Dominam as
das ações Cidades
Explicações
introdutórias
Para efeitos de estudo desta obra, adotou-se como definição para

Tipos de Crimes Violentos Contra o Patrimônio aqueles praticados com o


emprego de armas e/ou explosivos contra instituições do sistema
Crimes financeiro e congêneres.

Violentos
Contra o
Citam-se:
Patrimônio bases de transporte e custódia de valores; bancos; carros-fortes;
correspondentes bancários; lotéricas e terminais de autoatendimento.

1
Caixa Carro
Eletrônico Forte
explosão
furadeira
Tipos de corte (maçarico, lança térmica etc.) Cangaço
ataque lógico “chupa cabra”
Crimes Diurno

Violentos
Contra o Sapatinho Cangaço
Noturno
Patrimônio
Sequestro
Domínio
de Cidades
Roubo a Carro Forte
Uso de armamento calibre .50;
Uso de veículos com blindagem no porta-malas e escotilha;

Uso de explosivos para a abertura do cofre.

Tipos de
Crimes
Novo Cangaço Diurno
Violentos Escudo humano;

Contra o Reféns levados durante parte da fuga;

Os cofres são abertos pelos funcionários e não há explosivos (há exceções);


Patrimônio Queima de veículos sobre pontes na rota de fuga para atrasar a perseguição policiale
eliminar vestígios;

Os veículos queimados normalmente são produtos de ilícitos e utilizados para

chegar até a agência;

Após a queima dos veículos os criminosos utilizam veículos tomados dos reféns até
chegar ao apoio.
3
Novo Cangaço Noturno
Escudo humano – o que difere dos crimes eletrônicos;
Tipos de Reféns levados durante parte da fuga;

Crimes Contenção da polícia local com os ataques simultâneos em delegacias e quartéis e


pontos de interesse para garantir a segurança da ação e da fuga, estratégia
muito utilizada no Domínio de Cidades.
Violentos Uso de explosivos para a abertura dos cofres e caixas eletrônicos;

Contra o Queima de veículos sobre pontes na rota de fuga para conter o avanço de reforços
vindo de outras cidades, bem como barreiras para despistar a polícia durante a
fuga;
Patrimônio Os veículos utilizados durante a ação são queimados e geralmente são produtos de
ilícito;

Após a queima do veículo os criminosos utilizam veículos tomados dos refénsaté


chegar ao apoio.

4
Algumas características:
Domínio de Cidades

Alto nível de organização e planejamento complexo, articulação em rede, consórcio

Tipos de de organizações, domínio de sofisticada tecnologia em explosivos, uso de drones, uso


de atiradores;

Crimes Não possuem uma preocupação em possuir reféns durante a ação;

Contenção da polícia local com os ataques simultâneos em delegacias e quartéis e


pontos de interesse para garantir a segurança da ação e da fuga.
Violentos Uso de explosivos para a abertura dos cofres e nas contenções;

Contra o Queima de veículos sobre pontes na rota de fuga para conter o avanço de reforços
vindo de outras cidades, bem como barreiras para despistar a polícia durante a fuga;

Patrimônio Os veículos utilizados durante a ação geralmente são blindados e produtos de ilícito e
são abandonados;

Após abandonarem os veículos os criminosos utilizam outros veículos que não


estiveram na cena do crime durante a parte final da fuga.

5
1
2
Se o criminoso precisa de
tempo para concluir sua
ação criminosa, logo ele
precisa prover meios para Se o criminoso consegue
proporcionar mais cumprir sua ação
segurança. criminosa em pouco
tempo, logo ele pode
Tempo X abrir mão de boa parte
dos meios que
proporcionam segurança.

das ações Maior número de criminosos;


Meios para proporcionar
armamentos em maior número e de
SEGURANÇA calibre mais potente; planejamento
complexo; articulação em rede para
dificultar ações investigativas futuras etc.

6
Consórcio de Ações
grupos criminosos desempenhadas
articulados em rede com a atuação de
Não possuem uma hierarquia definida, o mais de 30 criminosos
grupo que executa determinada tarefa
hoje pode ser o grupo que organizará a Em razão das inúmeras missões desempenhadas
próxima ação. O tráfico internacional usa simultaneamente é praticamente impossível
muito o consórcio para minimizar perdas e executar um Domínio de Cidades com menos
potencializar os ganhos. de 30 criminosos.

1. equipe de explosivista com profundo conhecimento em


são eles? Planejamento montagem e tipos de acionamento;
complexo com 2. equipe de contençãoem prédios das polícias;
definição 3. equipe de proteção a área da ação;
minuciosa de 4. equipe de interdição de vias estratégicas;
tarefas por 5. equipe de planejamento de rotas de fuga e esconderijos;
equipes 6. equipe de financiamento – locação de armas, aquisição de
explosivos, contratação de “soldados”, treinamento para formação
de novos “soldados” etc.
7
Alta curva de
inovação e adaptação Alvos de interesse
ao longo das ações atualmente
1. utilização de frota toda blindada, nas
primeiras ações, antes não havia;
1. Base de valores;
2. utilização de drones para vigilância da
movimentação da polícia durante a ação, antes
2.Seretes (Setores de Retaguarda eTesouraria)
não tinha;
3. uso de explosivos com acionamento remoto
3. Agências de penhor;
e sensores de movimentos, nas primeiras
ações não havia; 4. Intermodais.

são eles?
Alvos
potenciais
1
Já existem várias autoridades (policiais, juízes e

3
Mineradoras promotores) “decretados” por grupos criminosos. O que
impediria o cumprimento de uma ordemSistema prisional;
dessas durante
um Domínio de cidades? Nada.

2
Autoridades, etc.
Sistema Prisional
9
das ações
de Domínio
de Cidades

10
VICA
Acrônimo em inglês de volatility (volatilidade),
uncertainty (incerteza), complexity
(complexidade) e ambiguity (ambiguidade)

Domínio
de Cidades
Analisando um exemplo clássico de

o Cenário Mundo VU CA

Segundo Moisés Naím:


“Em um mundo de redes criminais descentralizadas
e flexíveis, o tempo disponível entre a análise
(descobrir o que está acontecendo) e as
operações (combater o problema) é cada vez
menor."
11
CRIMES CONTRA O
SISTEMA FINANCEIRO
– ASPECTOS OPERACIONAIS
DA PREVENÇÃO E REPRESSÃO
A DELITOS CONTRA
INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS
Módulo - Crime
violento contra
o patrimônio

Fenômeno criminal
violento contra
o patrimônio
O Fenômeno Criminal Violento contra o Patrimônio: O Modal Aéreo e a Análise
de Vínculos de Redes Criminais

Gilberto Kummer Junior11

“Se queres prever o futuro, estuda o passado”


Confúcio

Histórico

O roubo de mais de nove milhões de reais, do aeroporto de Blumenau/SC, em


14 de março de 2019 deu início a uma sequência de crimes violentos contra o
patrimônio, mais especificamente atingindo os modais aéreos regionais e
internacionais. Em julho do mesmo ano, mais de 700 quilos de ouro foram
subtraídos no aeroporto de Guarulhos/SP, em uma ação cinematográfica. O ano de
2019 ainda foi palco de nova investida violenta, desta vez na cidade de
Campinas/SP, na qual uma quadrilha usando um veículo clonado da Força Aérea
Brasileira, realizou outra ação digna das telonas de Hollywood, mas desta vez
frustrada, que culminou com a morte de três dos perpetradores.
O assalto malogrado à Campinas/SP não será o último e nem é exclusividade
da pátria verde amarela. Durante anos assistiu-se diversas ocorrências nos
aeroportos do Brasil e de roubos milionários ao redor do globo terrestre. Desde a
década de 1960, há registros de crimes bábaros contra o patrimônio em modais
aéreos.
É correto afirmar que, durante o final do século passado, houve uma
mudança do padrão de criminalidade em termos de sofisticação, planejamento,
poderio bélico e capacidade de ação planejada. Com o conhecimento acerca das
modalidades criminosas na era da informação, houve uma proliferação exponencial
de grupos criminosos em diferentes categorias, dentre estas, os túneis, os roubos
contra instituições financeiras, e principalmente a criminalidade violenta contra o
patrimônio, ressaltada nos crimes contra o transporte de valores por aeronaves.

1
Capitão da Policia Militar do Paraná, bacharel em ciência da computação, pela Universidade Ingá, especialista
em Perícia Forense Computacional, pela Unyleya.

5
Boas práticas atreladas à persecução de crimes violentos contra patrimônio e
seu uso nos crimes contra o modal aéreo

No início da jornada, tentando compreender o fenômeno criminal, foi


evidenciado pouco conhecimento o assunto e muito do conhecimento adquirido
havia se perdido na memória dos integrantes de forças de segurança pública, já
aposentados. Notadamente esse conhecimento histórico é o maior degrau a ser
alcançado, para realizar o enfrentamento efetivo de tais crimes.
Com a utilização da análise de vínculos identificou-se que estas estruturas
criminosas eram apresentadas como redes complexas, e as ferramentas de análise
de redes sociais, presentes em softwares de análise de vínculos, atenderia na
observação das redes criminosas estudadas. Ademais, para operacionalizar a
remoção de indivíduos altamente conectados, era necessário se aproximar da
inteligência, de forma a propiciar um canal de comunicação eficiente com as
operações, atendendo o princípio da objetividade. Durante anos isto já havia sido
exitoso em experiências interpessoais. As tentativas em institucionalizar as boas
práticas tem acontecido, porém de forma discreta, e muitas vezes, frustrante, mas é
o caminho a ser seguido.

Memória

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, descobriu-se que se as mais


de 100 agências americanas de inteligência, tivessem compartilhado, ou melhor,
integrado as informações disponíveis que detinham na época, os ataques terroristas
contra o World Trade Center poderiam ter sido evitados. Tal fato se deu em virtude
da compartimentação das informações e também pelo “secretismo” dos serviços de
inteligência, evidenciando inaptos a resolver o problema. O cenário apresentado
acima reflete a atualidade do Brasil. As agências de inteligência, infelizmente, não se
relacionam de forma plena, e alguns expoentes nacionais que trabalham
diuturnamente investigando a criminalidade violenta contra o patrimônio, acabam se
destacando por relacionamentos pessoais baseados em uma relação de confiança
personalizada, sem que haja, de fato, as relações interinstitucionais. É fato que,
alguns membros das instituições de segurança pública, se portam como verdadeiros

6
“autistas”2 dentro do cenário de segurança pública nacional. Não conseguem
entender a dinâmica da oportunidade dos fatos. E, muitas vezes, detêm dados
fundamentais para a resolução do quebra-cabeça criminal. No cenário de crimes
violentos contra o patrimônio, percebe-se ações extremamente complexas, e,
frequentemente quase impossíveis de serem evitadas, pois envolvem criminosos de
diversos estados da federação, os quais compartimentam informações
desconhecidas pelos demais, além das atuações interestaduais.
É importante levar em conta que a maioria dos sistemas informatizados de
segurança pública, são de produção recente. A grande maioria com menos de vinte
anos de uso, sem memória anterior a isso, dificultando trabalhos mais urgentes e
eficientes.
Recentemente, com a inovação no pensamento, foi colocado em prática um
trabalho prospectivo com o objetivo principal da criação de um acervo, na
Coordenação Geral de Combate ao Crime Organizado - MJSP3, no qual foram
compiladas entrevistas com policiais de diversos estados do Brasil, colhendo relatos
pessoais, documentos antigos, relatórios, inquéritos, notícias de jornal, pesquisas de
internet, correlacionando tudo isto em um sistema de banco de dados.
Tal sistema foi construído para ser de fácil utilização e extrair o máximo de
dados dos usuários, de forma a eliminar os acervos pessoais de atores envolvidos
na atividade investigativa de acompanhar sistematicamente alvos importantes,
quando desempenhavam sua atividade fim, fato que ainda poucos se preocupavam
em sistematizar.
Além da construção de um acervo atualizado, um fator importante foi a
importação de um banco de dados mantido por uma instituição financeira nacional
até meados de 2010, onde estavaminseridos 25.656 indivíduos e 168.000 vínculos,
contribuindo eficazmente para reconstruir fatos passados.

2
Instituições de segurança pública que atuam isolados, sem compartilhar informações, tornando ilhas de
conhecimento.
3
Ministério da Justiça e Segurança Pública

7
Análise de Vínculos
Um conhecimento ancestral, similar a análise de vínculos criminais é a sociometria4,
baseada preliminarmente no estabelecimento de medidas de variáveis sociais, ou do
grau de indivíduos em um grupo. A sociometria mensura relações ou grau de
vínculos estabelecidos entre forças sociais individuais. De forma resumida, é uma
metodologia utilizada para determinar vetores interpessoais em grupos de
indivíduos.
A análise de vínculos é uma das três ferramentas da inteligência, ela procura
estabelecer conexões entre registros, e pode ser usada na persecução criminal,
especialmente quando determinadas provas são ligadas entre si com o intuito de
solucionar crimes.
A usabilidade das ferramentas de análise social, tem sido há muito tempo
deixada de lado, visto que os operadores de segurança carecem de treinamento, e
muitas vezes, tem sido relegada, ora por uma interpretação pessoal de um tomador
de decisão que culpa os “altos custos”, ora por alguns ditos especialistas que as
utilizam como simples ferramentas de desenho. Mas, o que um analista de redes
criminais faz quando se depara com um uma massa de vinculos e entidades, como a
da figura 01?

Figura 01 – Análise de vínculos de 440.000 linhas

Fonte: Acervo do autor

4
é uma ferramenta analítica para estudo de interações entre grupos. Foi desenvolvida pelo
psicoterapeuta Jacob Levy Moreno nos seus estudos sobre a relação entre estruturas sociais e bem-
estar psicológico.

8
Para resolvermos grandes redes criminais entrelaçadas com indivíduos
extremamente conectados, temos que fundir análise de vínculos e análise de redes
sociais.
A técnica da análise de vínculos possibilita ao analista a visualização de
diversos elementos estruturais e funcionais das organizações criminosas, e por meio
das análises das redes sociais (criminais) apontar os elementos-chaves a ser
combatidos. O objetivo é direcionar a investigação e não perder tempo e esforço
buscando indivíduos sem relevância significativa para o fenômeno criminal.
A análise de vínculos dispõe de recursos de relações permitindo ao usuário
investigar dados sob uma nova perspectiva, dando uma visão mais clara e intuitiva
de relacionamentos existentes e entre o todo e a parte. Resumindo: o que está de
fato sendo analisado. Com o recurso da análise de vínculos pode-se simplificar a
apresentação das informações, potencializando o alcance dos profissionais de
segurança pública, reduzindo o tempo de resposta e expandindo a sua capacidade
cognitiva.

Ciência de Redes Sociais

Não há como falar de redes sociais, sem antes entrar no estudo da teoria de
grafos5, ramo da matemática que surgiu da necessidade de representar redes
formadas por entidades (vértices) e suas ligações (arestas). Na ciência das redes
sociais, pessoas figuram como vértices e seus relacionamentos (vínculos), como
arestas. Um relacionamento entre pessoas (comparsa, amigos, namorados, etc) é
representado por arestas, como representado pela figura 02.

Figura 02 – exemplo de pequena rede social

5
Criada pelo suíço Leonhard Euler

9
Fonte: Próprio autor
Um elemento importante na teoria de redes é a teoria dos seis graus de
separação6, formulada por Stanley Milgram, cujo objetivo era descobrir a “distância”
social entre duas pessoas quaisquer dos Estados Unidos. Milgram concluiu que o
número médio de relações entre duas pessoas quaisquer era 5,5 graus, e ao
arredondar a média para seis, criou a teoria, representada pela figura 03.
Figura 03 – exemplo da Teoria de Milgram

Fonte: https://tn.com.ar/tecno/f5/se-comprueba-la-teoria-de-los-seis-grados-de-separacion_064592

As sociedades humanas são formadas, em regra, por pequenos grupos


fortemente conectados com tendências a formar os denominados Clusters 7.
Por exemplo, grandes amigos do melhor amigo da pessoa A são pessoas
com alta probabilidade de serem conhecidos por A. Deste fato, percebe-se
nestes casos que triangulações começam a ser formadas, pois se A é um
grande amigo de B e este é um grande amigo de C, existe grande

6
No mundo, são necessários no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas
quaisquer estejam ligadas.
7
termo em inglês que significa “aglomerar” ou “aglomeração”

10
probabilidade de C ser amigo de A. Criam-se assim vários grupos de
amigos fortemente entrosados, círculos sociais onde normalmente todos se
conhecem. Por outro lado, estes grupos fortemente ligados não se isolam
do mundo exterior. Permanecem conectados ao ambiente externo por
conexões mais socialmente fracas do que aquelas internas ao grupo
(CAMILO, 2018).

Como observado por Granovetter8, nas redes sociais existem três tipos de
relacionamentos: laços fortes, laços fracos e ausentes. Estes laços são classificados
devido a intensidade emocional entre dois indivíduos. Os ausentes não agregam
nada para conhecimento. Os fortes são aqueles que existem com as pessoas mais
próximas, como parentes e amigos, mas são os laços fracos, que possuem maior
importância na dinâmica, visto que as redes são maiores, sendo mais eficientes para
o combate e despedaçamento das estruturas criminosas ora estudadas. Em resumo,
um laço forte seria as pessoas que você repassaria informações confidencias a
ponto de colocar sua posição em risco. Agora, os laços fracos, por não terem essa
coesão, seriam responsáveis por conectar grupos que estariam fortemente ligados
(laços fortes), e por estarem distantes, teriam maior chance de ligarem grupos
fortemente conectados.

A ideia dos seis graus de separação de Milgram foi visionária porque tentou
desvendar, ainda que empiricamente, o mistério das inesperadas
proximidades que rodeavam a vida em sociedade, cuja percepção faz com
que as pessoas, surpresas, repitam a conhecida frase: “Que mundo
pequeno, não?” (CAMILO, 2018).

Com o experimento de Milgram, surgiram as redes de pequeno mundo9, cuja


a distância social entre duas pessoas era curta e cujo número de pessoas
conectadas uma as outra era muito alto, desmistificando o uso do grafo aleatório,
uma vez que este não conseguia representar o mundo real. O uso das redes de
mundo pequeno, representado na figura 04, pode ser utilizado para estudar e
combater as estruturas criminais dos crimes violentos contra o patrimônio.

8
Sociólogo e professor americano
9
é um tipo de grafo matemático no qual grande parte das conexões são estabelecidas entre os
vértices mais próximos, apresentando-se como um mundo pequeno. Neste tipo de rede, a
distância média entre quaisquer dois vértices não ultrapassa um número pequeno de vértices.

11
Figura 04 – exemplo de rede de pequeno mundo

Fonte: https://kerolalves.wordpress.com/2011/05/09/mundo-pequeno/

Como vive-se a era da informação, o experimento da década de 60, no qual a


distância social média entre duas pessoas era de seis graus, se tornou inadequado
a velocidade com que as pessoas se comunicam atualmente. A distância média
entre duas pessoas, atingiu em 2016, quatro graus de separação, segundo o
Facebook. A tendência é, com o avançar da inclusão de registros nestes bancos de
dados, seja possível diminuir ainda mais a distância das relações criminosas entre
elementos envolvidos em crimes violentos contra patrimônio, uma vez destes se
relacionar.
Gráficos gerados com distância social de grau dois, representado pela figura
05 e grau três, retratado pela figura 06, mostram como criminosos violentos,
atuantes em modalidades criminosas contra aeroportos, se distanciam socialmente,
dispostos em redes cuja a distância social entre duas pessoas é curta, e cujo
número de pessoas conectadas uma as outra é muito alto.

12
Figura 05 – exemplo de pequena rede social de grau 2

Fonte: Acervo do autor

Figura 06 – exemplo de pequena rede social de grau 3

Fonte: Acervo do autor

Uma organização criminosa (ORCRIM), quando atua, utiliza-se de todas as


entidades e vínculos passíveis de serem criados pelo homem e que possam
fazê-la alcançar seus fins. A maioria das ações destas ORCRIMs geram um
mundo intricado de nós e arestas navegáveis e separados entre si por
pequenos caminhos, em média. Estes dados, quando persistidos e
apresentados da forma inadequada ao investigador, transformam-se em
labirintos que podem ser intransponíveis. Esta inadequabilidade é produzida
por sistemas informatizados oficiais que não se comunicam, isolam-se
ilhados e não geram conhecimento. Esta abordagem, defasada e ineficaz,
pode ocultar indícios vários e concordantes do cometimento de crimes, fato
que pode comprometer sobremaneira a atuação dos órgãos policiais por
delegar, quase que inteiramente ao analista criminal, atividade de natureza
essencialmente computacional: gerar a rede de relacionamentos nas
cercanias dos fatos, coisas ou pessoas investigadas (CAMILO, 2018).

13
A fusão de inteligência de operações

A rapidez das comunicações hoje, seja na guerra quanto nos negócios, faz
com que a eficiência esteja calcada na adaptabilidade aos conflitos, na capacidade
em se adequar aos problemas, na mobilidade e que as informações cheguem em
quem efetivamente irá operar.
Os ensinamentos do general americano Stanley McChrystal10, responsável
por combater a Al Qaeda11, fica evidente que não basta uma força tarefa eficiente,
bem preparada tecnicamente, com talentos escolhidos a dedo e equipada com a
melhor tecnologia. Foram necessárias pequenas equipes com maior mobilidade,
com a informação fluindo entre todos os atores envolvidos no problema, e a rapidez
na tomada de decisões, pois os problemas que enfrentavam estavam organizados
em pequenos times, sem líderes definidos que usavam a comunicação em tempo
real como sua maior arma.
Com o advento da internet, e das midias sociais, fatos que antes levavam dias
para atravessar o globo, hoje, levam minutos, eventos como a derrubada do World
Trade Center em setembro de 2001 ou as rebeliões e mortes em São Paulo em
maio de 2006, ou até a execução de jornalistas por terrorista, estavam nas telas do
mundo inteiro ao vivo, chocando populações e deixando exposto a incapacidade das
nações, em lidar com ameaças difusas como acontece no cenário atual.
É extremamente necessário que os responsáveis envolvidos na persecução
de criminosos violentos contra patrimônio saibam efetivamente qual é o potencial de
risco oferecido pelos delinquentes que irão confrontar, pois é notório que agentes de
segurança que tentarem travar combate contra tais estruturas criminais, certamente
irão sucumbir à exemplo dos roubos a base de valores da Prossegur de Santos/SP,
ou a Protege, em Araçatuba/SP.

10
general aposentado do Exército dos Estados Unidos, mais conhecido por seu comando do
Comando Conjunto de Operações Especiais em meados dos anos 2000.
11
organização fundamentalista islâmica internacional

14
Considerações Finais

A demora com que as tecnologias da informação e comunicação são


entregues pelas instituições governamentais, reflete de forma direta nos resultados
apresentados pelos órgãos de segurança pública. Tal morosidade, acarreta
problemas principalmente na criação de memória, que tem como foco coibir os mais
diversos tipos de crimes, desde a pedofilia aos crimes contra patrimônio.
A memória, nada mais é do que os bancos de dados, que permite o
cruzamento por meio de checagens semânticas de nomes, placas de carros,
apelidos, ou seja, a compilação de tudo o que se produziu durante todo o ciclo da
persecução criminal. Infelizmente, os bancos de dados existentes no Brasil ainda
são muito “prematuros”. Para tanto, existe a necessidade de buscar dados do
passado e cruzá-los com os do presente, visto que criminosos pregressos quando
não monitorados sistematicamente, continuam a causar grandes danos, como é o
caso de José do Carmo Silvestre, o “Pintado”, e Francisco Teotônio da Silva
Pasqualini, o “Velho”.
A coleta de perfis genéticos deve abranger os criminosos violentos contra o
patrimônio. Exemplos como o de Marcelo Ferraz, o Capim, envolvido na morte de
policiais depois da ação de abril de 2016 e no roubo do ouro em Guarulhos, em
2019, devem ser replicados, o que já vêm sendo feito. Porém, ainda de forma um
tanto lenta, por conta de certas barreiras legais e tecnológicas. Nota-se que embora
existam muitos vestígios de DNA correspondentes a mais de um crime violento
contra patrimônio, não há como apontar um dono, já que muitas destas ocorrências,
de onde foram coletados tais vestígios, há criminosos presos, cujas amostras ainda
não estão arquivadas no Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), ficando este
somente atrelado a um crime. É necessário que se priorizem as coletas de
indivíduos presos após ocorrências de crime violentos contra o patrimônio e de
indivíduos considerados muito conectados pelos analistas de segurança pública.
Ademais, o cruzamento de dados datiloscópicos das secretarias estaduais de
segurança pública são fundamentais neste processo de identificação humana, já que
permitem as comparações dos materiais existentes. Vale destacar que durante o
monitoramento sistemático de um meliante, foram encontrados, de forma manual,
seis nomes falsos em quatro Estados. Imagine quantos seriam se tudo isto fosse de
forma automatizada e unificada? Além disso, é notório que muitos destes indivíduos,

15
que atuam extra divisas, utilizam carteiras de identidade com nomes falsos em
vários estados da federação, e mesmo sendo criminosos contumazes, com uma vida
inteira dedicada ao crime, são considerados primários, graças ao uso de
documentos falsos e pela falta de um banco de dados único de impressões digitais,
que aponte para isso.
Assim, entende-se que a busca de registros do passado e a análise,
juntamente com dados atuais, alimentando sistemas de bancos de dados orientados
a grafos, permitirá com que as distâncias entre indivíduos que cometam crimes
violentos, diminuam, e que as respostas, nestes casos, sejam mais rápidas e
eficazes, melhorando a imagem das instituições de segurança.
O ensino do mínimo de conhecimento da teoria de redes complexas e
análises de redes sociais, deve ser sedimentado, priorizando o ensino do uso de
programas de análise de vínculos, da teoria de redes sociais, e indicando como a
utilização destes dados pode otimizar na qualidade das análises entregues aos
operadores do chamado “chão de fábrica”12, visando a melhoria na coleta dos
dados, e, posteriormente, dos resultados finais das operações, diminuindo assim a
ocorrência de falsos positivos e eliminando os falsos negativos das análises, o que
propiciará provas mais robustas e uma atualização constante da memória
institucional.
Por muitos anos os crimes de lavagem de dinheiro, não tiveram a atenção
devida, e infelizmente algumas instituições estaduais ainda não se atentaram para
isso. Fato relevante é que se isso fosse feito a mais tempo, não haveria espanto
frente aos inúmeros escândalos revelados da ligação de doleiros com políticos e
criminosos violentos. Os doleiros são os elos fracos dos crimes de lavagem de
dinheiro, assim como os explosivistas nas ações com explosivos, e os operadores
de armas de uso coletivo, antipessoal e antimaterial (metralhadoras .50).
Se as instituições continuarem como ilhas, cada uma achando fazer sua
parte, sucumbiremos em meio as redes criminais, cada vez mais complexas,
especializadas e difusas.

12
Os policiais que trabalham na rua

16
Referências Bibliográficas

CAMILO, Manoel. Artigo: Navegabilidade Investigativa: Grafos e Redes


Complexas Como Ferramentas Potencializadoras do Combate ao Crime.
Ciências Policiais e Segurança Pública - Organizadores: Anderson Pablo Pereira
Fernandes/Édson Luís Baldan - 1ª ed. Editora Ilumina, Goiânia – GO. 2018

CUNHA, Bruno Requião. Artigo: Argumento Topológico para a Priorização de


Alvos-chave em Organizações Criminosas. Ciências Policiais e Segurança
Pública - Organizadores: Anderson Pablo Pereira Fernandes/Édson Luís Baldan - 1ª
ed. Editora Ilumina, Goiânia – GO. 2018

RODRIGUES, Ricardo Matias. Artigo: Do Novo Cangaço ao Domínio de Cidades.


Ciências Policiais e Segurança Pública - Organizadores: Anderson Pablo Pereira
Fernandes/Édson Luís Baldan - 1ª ed. Editora Ilumina, Goiânia – GO. 2018

17
Anotações

18
Anotações

19
Anotações

20
Anotações

21
Consultor
Gilberto Kumer
Direitos Autorais
Gilberto Kumer
Estratégias de Combate
aos Crimes Violentos
contra o Patrimônio
Características Como você
do mundo deve reagir

Volatilidade
V Visão

Analisando
o Cenário
Incerteza
U Entendimento

Complexidade
C Clareza

Ambiguidade
A Agilidade

2
PLANEJA
MENTO

3
Identificar o
problema – SWOT;
Analisando
o Cenário Avaliar sua relevância, ou seja,
estabelecer prioridades –
Árvore do Problema, Matriz de
passos Prioridade etc.;
básicos
Criar um plano de ação que
contemple suas estratégias.

3
Policiamento ostensivo preventivo atuante.

As polícias precisam criar uma rede de colaboradores com frentistas de postos de


combustíveis, recepcionistas de hotéis, bares e restaurantes e congêneres para que possam
tomar conhecimento da presença de pessoas e veículos estranhos circulando na cidade.

O que pode Com essa rede formada e funcionado as polícias colocam em prática uma rotina de checar

funcionar e catalogar todas as pessoas e veículos que chamem a atenção da rede citada.

contra o Essa rotina de fiscalização coloca os criminosos em uma condição desfavorável na

Novo cangaço
primeira fase do roubo, que é o planejamento.

Diurno e Quando o criminoso é identificado pela polícia durante os atos preparatórios do planejamento
do crime ele tende a buscar outra cidade menos proativa, onde ele possa chegar e sair

Noturno sem ser notado. Isso porque, durante essa fase de planejamento os criminosos evitam
utilizar veículos com alguma irregularidade, documentos falsos
e armas, ou seja, sem flagrantes, justamente para não chamar a atenção. Esse é o melhor
momento para incomodá-los e certamente irão procurar outra cidade.

4
PLANEJA- Plano de Defesa capaz de orquestrar o

MENTO
policiamento no momento da ação a adotar

O que pode
medidas adequadas ao enfrentamento dessas ações.

funcionar Neste caso o policiamento ostensivo preventivo atuante pouco ajuda, uma vez que trata-
contra o se de cidades maiores e com grande fluxo de pessoas e veículos, prejudicando a

Domínio
atuação seletiva das polícias.

de Cidades Contudo, a rede de colaboradores citada no caso anterior sempre traz bons resultados no
desdobramento de ocorrências em ambas as situações.
Novo Cangaço Novo Cangaço Domínio
Meio empregado
Diurno Noturno de Cidades

Escudo humano Sempre tem As vezes Quase nunca

Vários pontos de bloqueios com equipes armadas


Contra prédios e viaturas das policias para formar um perímetro de segurança em torno
Apenas durante a fuga com do local da ação; ataques a prédios das policias
Bloqueios e e durante a fuga com veículos
veículos incendiados sobre pontes para impedir a saída de viaturas; posicionamento
contenções incendiados sobre pontes ou nas
ou nas estradas e rodovias de explosivos com acionamento inteligente em
estradas e rodovias
rotas de acesso ao local da ação.

Efetivo Entre 6 e 15 pessoas Entre 6 e 20 pessoas Mais de 30 pessoas

Pistolas, espingardas e Pistolas, espingardas e Pistolas e fuzis 5,56,


Armamento
fuzis 5,56 e 7,62 fuzis 5,56 e 7,62 7,62, .30 e .50

Relembrando
Nos cofres, contra a
Uso de explosivo Não Só nos cofres e CE
policiais e civis

o Comparativo
Veículos Sem blindagem entre 2 e 4 Sem blindagem entre 2 e 4 Blindados mais que 10

Valor médio
Menos que 1.5 mi Menor que 1.5 mi Maior que 20 mi
subtraído

População da
Menos que 70 mil hab. Menos que 70 mil hab. Todas, inclusive as capitais
cidade alvo

Duração da ação Menor que 30 min. Menos que 30 min. Aproximadamente 2 hs

Complexa – consórcio de quadrilhas, articulação


em rede descentralizada com funções específicas,
Estratégia Simples Simples
grupos profissionais com expertise tecnológica, uso
de atiradores e drones

*Emprego de violência ou 2,3 2,5 7,8


Dimensão do Terror (de 0 a 10)

6
Crimes Violentos Evolução doutrinária –
Contra o Patrimônio Remédio

Cangaço de Lampião Volantes

Evolução
Histórica Caixa eletrônico, Carro
Especializadas
(como CIOSAC, CPAC, CPAR)

Criminal e
Forte, Novo Cangaço,
Novo Cangaço Noturno

Doutrinária Plano de Defesa


Caixa eletrônico, Carro (plano de acionamento, plano de bloqueios
Forte, Novo Cangaço, e barreiras, Atirador Designado, POPs
Novo Cangaço Noturno regulando cada missão);
e Domínio de Cidades Inteligência
Sustentada por redes articuladas

7
do roubo confecção de um
planejamento de defesa;

Cronologia
o roubo
foco na execução

da estratégia do planejamento;

da fuga
foco na manutenção do
planejamento e preservação
dos vestígios.

8
PLANO
DE DEFESA
É uma forma de orquestrar ações desempenhadas por policiais e colaboradores de forma
segura e ágil.

Antes do
roubo –
Um Plano de Defesa deve conter uma REDE de “sensores” entre os quais deverá haver uma
comunicação fluida e limpa, sem ruídos, com a finalidade de detectar possíveis suspeitos e

confecção
desencadear uma sequência de ações em casos específicos.

de um
Os “sensores” podem ser policiais ou cidadãos (colaboradores discretos) que sempre estão
em lugares estratégicos em razão do trabalho ou da residência.

Planejamento OBS: o “sensor”, policial ou um cidadão colaborador, tem sua inclusão condicionada a uma

de Defesa
validação do serviço de inteligência como estabelece a DNISP (Doutrina Nacional de
Inteligência de Segurança Pública) nos casos de colaborador e informante, mas isso é
conteúdo para outro curso.

Esse “sensor” seja um policial ou um colaborador precisa ter clareza da sua missão (do que
deve observar e do que precisa relatar ou fazer), esses detalhes pormenorizados devem ser
assentados nos Procedimentos Operacionais Padrão de acordo com cada instituição
policial que confecciona o Plano. 9
PLANO
DE DEFESA
A REDE de “sensores” citada deve ter subdivisões adequando as tarefa por equipes:

Antes do
roubo –
1 Equipe de monitoramento
e acionamento;
2 Equipe de confecção
dos bloqueios;
3 Equipe de confecção
das barreiras;

confecção
de um 4 Equipe de atiradores
designados;
5 Equipe de planejamento e gestão da
crise dinâmica etc. (podendo ter mais

Planejamento
equipes a depender da peculiaridade
da cidade e da instituição que planeja).

de Defesa Cada equipe deve possuir uma gestão escolhida por habilidades específicas de acordo com
cada função/tarefa, que vai desde a facilidade de relacionar com as pessoas, como no caso das
equipes de monitoramento e acionamento, passando por parâmetros altamente técnicos como
a equipe de atiradores designados, ou de planejamento como no caso da equipe de gestão.

10
PLANO DE DEFESA
E INTELIGÊNCIA
(sustentada por uma rede articulada)
O Plano de Defesa é confeccionado com o suporte direto das agências de inteligência,
que farão toda a gestão das informações, qualificação para inclusão de policiais e

Antes do colaboradores,
bem como a análise e avaliação de eventuais informações coletadas.

roubo – A rede de “sensores” deve estar presente em:

confecção Todas as forças Forças de


segurança das
Poderes

de um
de segurança local; constituídos;
cidades vizinhas;

Planejamento
de Defesa
Sítios, fazendas e
Postos de empreendimentos
Hotéis; combustíveis; rurais etc.;

OBS: a metodologia e a dinâmica de confecção será matéria para outro curso.


11
PLANO
DE DEFESA
Após a confecção de todo o Plano de Defesa o grande desafio será deixar claro para cada integrante
qual é a sua missão/tarefa/função, para tanto, ensaios e treinamento constantes deverão ser

Antes do
realizados.

roubo –
Os ensaios ou treinamentos deverão ser realizados de duas formas: 1. com os membros das
equipes tendo ciência prévia que haverá o treinamento, para que se preparem e 2. sem aviso

confecção prévio, dando apenas ciência de que em determinado momento esta se iniciando um treinamento.
Isso tem como objetivo deixar os colaboradores preparados para serem acionados a qualquer

de um momento.

Planejamento Para efeito de prestação de contas para a comunidade nada

de Defesa IMPOR-
impede que os gestores comentem com a imprensa que a
segurança pública da cidade está se preparando para eventos de

TANTE
Domínio de Cidades ou Novo Cangaço, POREM, É IMPERIOSO
QUE OS DESDOBRAMENTOS DOS ENSAIOS/TREINAMENTOS
SEJAM DE CARÁTER RESERVADO APENAS AOS MEMBROS E
A QUEM SEJA INEVITÁVEL INFORMAR.

12
Antes Durante OBS:
do roubo o roubo Como a execução do Plano de
Defesa está intimamente ligado
Confecção de um Foco na execução a sua metodologia também será
planejamento de defesa; do planejamento. tema de outro curso.

O que podemos ressaltar é que o sucesso do Plano de Defesa depende dos seguintes fatores:

1. da sua riqueza de detalhes e 2. do treinamento exaustivo das ações planejadas pelos seus membros.

Relembrando Depois OBS:


a Cronologia da fuga As ações previstas pela metodologia para após os

da Estratégia
criminosos saírem da agência bancária e a
preservação de vestígios são abordados em
Foco na manutenção do
conteúdo técnico de cursos da Rede EaD-Segen.
planejamento e preservação
dos vestígios.

A preservação eficaz dos vestígios deixados pelos criminosos, seja na agência, nos veículos queimados,
abandonados ou nos locais de entrada na mata, todos subsidiarão uma busca imediata dos criminosos e,
posteriormente, uma vasta produção de provas técnicas no bojo da investigação.

É imperioso que as forças policiais que trabalharão nas buscam após o roubo tenham uma interação pelo menos
uma vez ao dia para compartilhar informações. Isso evita um grande retrabalho como buscas em lugares repetidos,
entrevistas de pessoas etc., além de formar uma consciência situacional em todos os atores, o que otimiza a
produtividade das ações policiais. 13
CRIMES CONTRA O
SISTEMA FINANCEIRO
– ASPECTOS OPERACIONAIS
DA PREVENÇÃO E REPRESSÃO
A DELITOS CONTRA
INSTITUIÇÕES BANCÁRIAS
Módulo - Crime
violento contra
o patrimônio

Medidas para
eventos: Pré, Pro
e Pós os eventos
Lucélio Ferreira Martins Faria França
Tenente Coronel da Polícia Militar do Mato Grosso, Bacharel e especialista em
Segurança Pública pela Academia de Polícia Militar Costa Verde e trabalha
com roubos a instituições financeiras desde 2009. Nessa trajetória de trabalho
passou pelo BOPE, GAECO e ROTAM e atualmente labora no setor de
planejamento da PMMT

Medidas para eventos para Crimes Violentos Contra o Patrimônio


PLANO DE DEFESA
Antes do roubo – confecção de um Planejamento de Defesa
É uma forma de orquestrar ações desempenhadas por policiais e
colaboradores de forma segura e agiu;
Um Plano de Defesa deve conter uma REDE de “sensores” entre os quais
deverá haver uma comunicação fluida e limpa, sem ruídos, com a finalidade de
detectar possíveis suspeitos e desencadear uma sequência de ações em casos
específicos;
Os “sensores” podem ser policiais ou cidadãos (colaboradores discretos) que
sempre estão em lugares estratégicos em razão do trabalho ou da residência.
OBS: o “sensor”, policial ou um cidadão colaborador, tem sua inclusão
condicionada a uma validação do serviço de inteligência como estabelece a
DNISP nos casos de colaborador e informante, mas isso é conteúdo para outro
curso.
Esse “sensor” seja um policial ou um colaborador precisa ter clareza da sua
missão (do que deve observar e do que precisa relatar ou fazer) esses detalhes
pormenorizados devem ser assentados nos Procedimentos Operacionais
Padrão de acordo com cada instituição policial que confecciona o Plano;
A REDE de “sensores” citada deve ter subdivisões adequando as tarefas por
equipes:
1. Equipe de Monitoramento e acionamento;
2. Equipe de confecção dos Bloqueios;
3. Equipe de confecção das barreiras;
4. Equipe de Atiradores Designados;
5. Equipe de Planejamento e Gestão da crise dinâmica etc. (podendo ter
mais equipes a depender da peculiaridade da cidade e da instituição que
planeja);
Cada equipe deve possuir uma gestão escolhida por habilidades especificas
atinente a cada função/tarefa, que vai desde a facilidade de relacionar com as
pessoas, como no caso das equipes de monitoramento e acionamento,

5
passando por parâmetros altamente técnicos como a equipe de Atiradores
designados, ou de planejamento como no caso da equipe de Gestão;
PLANO DE DEFESA E INTELIGÊNCIA (sustentada por uma rede
articulada)
O Plano de Defesa é confeccionado com o suporte direto das agências de
inteligência, que farão toda a gestão das informações, qualificação para
inclusão de policiais e colaboradores, bem como a análise e avaliação de
eventuais informações coletadas;
A rede de “sensores” deve estar presente em:
1. Todas as forças de segurança local;
2. Forças de Segurança das cidades vizinhas;
3. Poderes constituídos;
4. Hotéis;
5. Postos de combustíveis;
6. Sítios, fazendas e empreendimentos rurais etc.;
OBS: a metodologia e a dinâmica de confecção serão matéria para outro curso.
Após a confecção de todo o Plano de Defesa o grande desafio será deixar
claro para cada integrante qual é a sua missão/tarefa/função, para tanto,
ensaios e treinamento constantes deverão ser realizados.
Os ensaios ou treinamentos deverão ser realizados de duas formas:
1. com os membros das equipes tendo ciência previa que haverá o
treinamento, para que se preparem e
2. sem aviso prévio, dando apenas ciência de que em determinado momento
está se iniciando um treinamento. Isso tem como objetivo deixar os
colaboradores preparados para serem acionados a qualquer momento.
IMPORTANTE: para efeito de prestação de contas para a comunidade nada
impede que os gestores comentem com a imprensa que a segurança pública
da cidade está se preparando para eventos de Domínio de Cidades ou Novo
Cangaço, porém, é imperioso eu os desdobramentos dos ensaios/treinamentos
sejam de caráter reservado apenas aos membros e a quem seja inevitável
informar.
Cronologia da Estratégia
Antes do roubo – confecção de um planejamento de defesa;
Durante o roubo – foco na execução do planejamento.
OBS: como a execução do Plano de Defesa está intimamente ligado à sua
metodologia também será tema de outro curso.

6
O que podemos ressaltar é que o sucesso do Plano de Defesa depende dos
seguintes fatores:
1. da sua riqueza de detalhes
2. do treinamento exaustivo das ações planejadas pelos seus membros.
Depois da fuga – foco na manutenção do planejamento e preservação dos
vestígios.
OBS: As ações previstas pela metodologia para após os criminosos saírem da
agência bancaria e a preservação de vestígios serão abordados em conteúdo
técnico apropriado em outro curso;
A preservação eficaz dos vestígios deixados pelos criminosos, seja na agência,
nos veículos queimados, abandonados ou nos locais de entrada na mata, todos
subsidiarão uma busca imediata dos criminosos e, posteriormente, uma vasta
produção de provas técnicas no bojo da investigação;
É imperioso que as forças policiais que trabalharão nas buscam após o roubo
tenham uma interação pelo menos uma vez ao dia para compartilhar
informações. Isso evita um grande retrabalho como buscas em lugares
repetidos, entrevistas de pessoas etc., além de formar uma consciência
situacional em todos os atores, o que otimiza da produtividade das ações
policiais.

Assalto ao Banco do Brasil e Bradesco de COMODORO - MT


dia 30 DE outubro de 2012

Enquanto os criminosos realizavam o assalto nas agências do Banco do Brasil


e Bradesco, a polícia local, ao invés de ir para a frente das agências bancárias,
decidiram por colocar em prática o Plano de Defesa e realizou três bloqueios
nas saídas da cidade, fora do perímetro urbano;
Os criminosos quando terminaram de pegar o dinheiro das agências seguiram
com vários reféns para a saída que dá acesso à cidade de Nova Lacerda,
contudo, se depararam com um bloqueio, havia um caminhão atravessado
interditando a BR 174;
Ainda na BR 174 e com os reféns, os criminosos seguiram na direção da
cidade de Vilhena - RO, alguns quilômetros após deixar a cidade de Comodoro
eles encontraram outro bloqueio, havia mais um caminhão bloqueando a
rodovia;
Como terceira e última opção, os criminosos seguiram pela BR 364, que dá
acesso à cidade de Campos de Júlio – MT e assim que deixaram o perímetro
urbano da cidade de Comodoro eles depararam-se com mais um bloqueio que
impediu sua fuga como planejada;

7
Agora sem opção, os criminosos investiram uma das camionetes que estavam
usando contra uma porteira que estava trancada até quebrar o cadeado, logo
após, atearam fogo na camionete, abandonaram os reféns e seguiram apenas
com um veículo.
Ocorre que, ao seguirem na estrada vicinal cuja porteira haviam quebrado, dois
quilômetros adiante chegaram ao fim da estrada e foram obrigados a
abandonar o veículo e ENTRARAM NA MATA EM UM LOCAL TOTALMENTE
DESCONHECIDO E FORA DO SEU PLANEJAMENTO;
OBS: É importante destacar que os criminosos mantiveram as pessoas como
reféns até o momento de entrarem na mata, liberando-os sem qualquer
agressão;
Em outra ocorrência, os criminosos também liberaram os reféns sem qualquer
agressão após o roubo a banco na cidade de Campos de Júlio – MT, em
agosto de 2012, município vizinho de Comodoro. Oportunidade em que os
criminosos ao se depararem com a movimentação da polícia que estava
fazendo os bloqueios do Plano de Defesa, saíram da sua rota de fuga,
tentando fugir por outra estrada, e atolaram o veículo na areia. Os criminosos
então liberaram os reféns e entraram na mata em local fora do planejamento
deles.
No dia seguinte, o BOPE entrou na mata seguindo os vestígios deixados e
houve confrontou com os criminosos. Essa ocorrência teve como resultado a
morte de todos os participantes do roubo, o dinheiro recuperado e as armas
apreendidas;

8
CRONOLOGIA DOS FATOS:
No dia 30 de outubro de 2012 ocorreu o roubo na modalidade “Novo Cangaço
Diurno” uma das modalidades apresentadas pelo livro Alpha Bravo Brasil
(2020) como um tipo de Crime Violento contra o Patrimônio;
Ainda no dia 30, parte da equipe do BOPE-MT chegou a Comodoro – MT, 630
km de Cuiabá – MT, com o apoio da aeronave do Centro Integrado Operações
Aeres – CIOPAER;
Ao chegar em Comodoro, no meio da tarde do dia 30, a equipe do BOPE fez
um levantamento prévio de informações e se preparou para iniciar as
diligências na mata no dia seguinte após a chegada dos demais membros da
equipe;
No dia 31 de outubro, adotando as técnicas de busca e captura de criminosos
homiziados na mata (CPAR), o BOPE-MT ingressou na mata buscando
identificar vestígios que pudessem levar aos criminosos.
No dia 02 de novembro de 2012, durante mais um dia de buscas, a equipe do
BOPE encontrou um carregador de pistola ponto 40 contendo sete munições e
muitas evidências de que várias pessoas estiveram naquele local dentro da
mata;
No dia 03 de novembro, a patrulha do BOPE, seguindo os rastos deixados
pelos assaltantes, encontrou munições de calibre 9 milímetros, uma faca de
selva, um cartucho deflagrado Gauge 12, uma mola de carregador de pistola e
outras tantas evidências deixadas na vegetação;
Em continuidade a operação, após uma semana de busca na marta, a equipe
do BOPE encontrou um revólver Taurus com cinco munições, provavelmente
levado do segurança do Banco Bradesco, com as escritas da empresa Sebival
e UM APARELHO CELULAR QUE FOI O PONTO DE INFLEXÃO DA BUSCA
AOS CRIMINOSOS.
A equipe do BOPE confeccionou um Boletim de Ocorrência relatando as
circunstâncias em que havia encontrado os materiais elencados e
COMPARTILHOU com uma equipe do GAECO-MT, especializada em roubos a
banco;
Rapidamente a equipe do GAECO, após minuciosa avaliação das informações
colhidas pela equipe de campo, com o incremento de outras informações
disponíveis nos meios de consulta, finalizou o relatório levando ao
conhecimento do judiciário que autorizou a adoção de medidas investigativas
para a produção de provas;
Enquanto essa parte burocrática se desdobrava, as equipes do BOPE
continuavam a fazer incursões na mata em busca dos criminosos ou de mais
vestígios deixados por eles;
É imperioso destacar que desde o primeiro dia, quando ocorreu o roubo, até o
último dia de operação, a Polícia Militar local, com apoio de policiais de outras

9
cidades e da Polícia Rodoviária Federal realizaram um cerco com barreiras em
todas as rodovias de acesso a Comodoro durante 24 horas por dia, fazendo
uma fiscalização minuciosa de todos os veículos que chegavam e saiam de
Comodoro;
OBS: particularmente, considero extremamente essencial para o sucesso de
toda ocorrência de grande complexidade de busca e captura de criminosos.
Durante a segunda semana, após o roubo, as diligências do BOPE já não
traziam mais resultados e os policiais empregados nas diversas funções já
apresentavam sinais de cansaço extremo;
No fim da segunda semana de operação as diligências investigativas por meio
de interceptação telefônica de comparsas identificados no aparelho encontrado
pelo BOPE no meio da mata começaram a surtir efeito;
Quando que no 11º dia de operação, por volta das 22 horas, uma ligação deu
conta de um apoio dos criminosos que estava indo de Cuiabá para resgatá-los,
iniciando uma grande mobilização policial;
O grande problema era que não sabíamos qual veículo estava sendo usado
pelo apoio e nem qual seria o local do resgate;
Graças a equipe excepcional de HERÓIS ANÔNIMOS, os analistas que
tínhamos trabalhando nesta operação, que passaram mais uma madrugada em
claro fazendo cruzamento de dados telemáticos e de áudios.
Por volta de 1 hora da manhã do dia seguinte, 12º dia de operação, uma
madrugada de domingo, quando um analista me ligou afirmando que identificou
uma motivação dos telefones monitoras na cidade de Nova Lacerda – MT que
fica a 97 km de Comodoro. Direção que os criminosos haviam tomando logo
após o roubo como rota principal de fuga.

10
Imediatamente iniciou um deslocamento policial para a cidade de Nova
Lacerda, contudo, alguns minutos após esse deslocamento os analistas
identificaram que os criminosos estiveram de passagem por Nova Lacerda e já
não estavam mais naquela cidade;
Esperava-se que eles seguissem sentido Cuiabá, mas não imaginávamos por
qual rodovia;
A esperança agora era interceptá-los em Pontes e Lacerda – MT, uma cidade
que ficava 100 km após Nova Lacerda e contava com um efetivo policial
razoável;
Fizemos os contatos com a PM de Pontes e Lacerda e com a PRF, porém,
quando eles conseguiram mobilizar uma barreira na BR 174, os criminosos já
haviam passado, perdemos mais essa oportunidade;
A esperança agora era conseguir abordá-los em Cáceres – MT, a 227 km após
Pontes e Lacerda e uma cidade com efetivo policial satisfatório, que conta com
um grande contingente de policiais militares, Força Tática, PFR, Polícia
Federal e Policia Civil, mas infelizmente em razão do horário e da
intempestividade, não estava sendo fácil a mobilização desses policiais em
uma barreira;
Quando conseguimos montar uma barreira com efetivo adequando para fazer
uma abordagem, infelizmente já era tarde e mais uma vez os criminosos já
passaram pela cidade;
A próxima cidade com possibilidade de fazer um bloqueio policial seria Cuiabá,
a 220 km de Cáceres, nossa última chance e com um complicador que era a
quantidade de rodovias de acesso, mas tínhamos que escolher uma e lançar
nossa sorte;

11
Outro complicador era não saber quais veículos estavam sendo usados pelos
assaltantes. Os analistas identificavam a passagem dos criminosos pelas
cidades apenas pelas antenas telefônicas, as famosas ERBs;
Para a nossa sorte os criminosos já estavam com a sensação de missão
cumprida e falavam bastante no celular, inclusive deixaram escapar que o carro
tinha o vidro muito escuro e que não dava para ver nada dentro;
E então um sargento que estava na minha equipe desde o início nessa
operação, diga-se de passagem, era meu parceiro de tantas outras operações,
deu a seguinte ideia: “vamos fazer um martelo e bigorna, colocamos uma
equipe policial ostensiva na pista e quando os criminosos visualizarem essa
equipe podem retornar o que nos permitirá identificar os criminosos”. Ideia
acatada com vibração!
Nesse ínterim, já havíamos acionado o BOPE, ROTAM e PRF. O BOPE estava
com um efetivo reduzido pois estava com duas equipes em Comodoro e outras
duas equipes em Marcelândia – MT, outra cidade que sofreu roubo a banco na
mesma semana que Comodoro. Nessa época MT sofria muito com essas
ações, mas aprendemos a lidar com elas.
Então vamos a estratégia idealizada pelo sargento. Durante o deslocamento da
equipe do BOPE falei com o tenente que estava no comando e então expliquei
para ele como seria. A vantagem de trabalhar com uma equipe altamente
doutrinada é que eles entendem com facilidade as instruções e executam na
íntegra as instruções repassadas.
Quando a equipe do BOPE se posicionou na rodovia o tenente me ligou e deu
o pronto, confirmando que estávamos a margem da pista, fora do visual de
quem passa e que teriam avançado a van do BOPE para ficar ostensivamente
2 km a frente. Enquanto falava com ele ao telefone outro membro da equipe
gritou “voltou... voltou... O gol vermelho com vidro escuro está voltando”.
O sargento “ANTIGÃO” estava certo, o tenente desligou o telefone e foi para
pista abordar o recém-descoberto gol vermelho de vidro escuro.
Passei os 5 minutos mais longos da minha vida, quando um membro da equipe
do BOPE me retornou a ligação a pedido do tenente que estava na mata as
margem da rodovia atrás dos criminosos que conseguiram fugir, então ele
disse: “está na mão caveira!!! Dois assaltantes alvejados, um fuzil, outros
armamentos e muito dinheiro”.
Resultado do confronto no trevo do Lagarto em 11/11/2012:
• 01 (UM) FUZIL AK-47,
• 01 (UMA) PISTOLA E
• 01 (UM) REVOLVER
• QUANTIA DE R$1.109.655,00 RECUPERADOS.

12
Após esse confronto no Trevo do Lagarto, chegando em Cuiabá, o restante da
quadrilha se homiziou em uma região rural próximo ao lago do Manso, distante
aproximadamente 100 km de Cuiabá;
Região de difícil acesso e com apenas uma torre telefônica, que não
possibilitava aos analistas uma delimitação mais precisa do local onde se
encontravam os criminosos;
Após um extenuante período de diligências, vigilância e cruzamento de
escassas informações chegamos a uma região de provável homizio dos
criminosos;
Iniciamos então uma sequência de incursões com a finalidade de delimitar a
área das buscas, até que encontramos um veículo escondido, coberto por
galhos de árvores, próximo a um sítio abandonado que poderia ser o
esconderijo;

Então montamos duas equipes mescladas com integrantes do BOPE e agentes


de inteligência do GAECO. Uma ficou responsável por monitorar o sítio e outra
o carro.
Após três dias nessa vigilância, já estava no fim do dia, quando nossa equipe
que estava no carro, ouviu um disparo. Em seguida ouvimos um colega da
outra equipe chamar pelo rádio e dizendo que havia abatido um criminoso;
Esse assaltante abatido, como a maioria dos assaltantes de banco, possuem
um bom conhecimento de mata e desconfiou do local onde a equipe do BOPE
estava escondida e começou a aproximar para verificar o que era. Quando
ele aproximou muito da equipe, o atirador de precisão efetuou um disparo,
uma vez que ele estava com arma na mão e apontando na direção da equipe;
A equipe visualizou um segundo criminoso correndo e pelas características
seria o líder do bando que realizou o roubo em Comodoro – MT no dia 30 de
outubro de 2012, conhecido como PARAZINHO;
No dia 29/11/2012 completou 30 dias do roubo a banco em Comodoro e em
razão desse desfecho foi apreendida 01 (uma) pistola Bersa 9mm, 02 (dois)
carregadores, 33 (trinta e três) munições e quantia de R$10.881,00 (dez mil
oitocentos e oitenta e um reais).
Após esse último confronto que resultou na morte de mais um criminoso, esse
suposto líder que ainda estava foragido, iniciou uma campanha para pagar
outros comparsas para buscar ele, oportunidade em que deixou escapar que
ainda estava com um AK-47 e que não iria se render;
PARAZINHO abandonou o sítio e passou a ficar só na mata, fazia
racionamento de comida e bateria dos celulares. Ele tinha grande
conhecimento de mata, mas para fugir da região onde ele estava teria que
passar por duas pontes, uma de um córrego pequeno e outra do rio Cuiabá,
este bem caudaloso;

13
Dois dias após a morte do seu comparsa, PARAZINHO que sempre usava o
telefone para falar com o irmão que estava preso, deu a notícia que já tinha
passado a “pequenininha” se referindo a ponte sobre o córrego;
OBS: o irmão do PARAZINHO estava preso em razão de um roubo que
participou na cidade de Comodoro – MT em 2008, oportunidade em que
PARAZINHO havia prometido voltar e roubar o banco em Comodoro
novamente. E cumpriu sua promessa;
Como monitorávamos 24 horas a ponte sobre o Rio Cuiabá e tínhamos o
conhecimento de que ele precisava passar por lá, nos restou esperar;
Contudo, PARAZINHO apresentava muita resistência em atravessar a ponto,
ele comentava com seu irmão, que não seria fácil atravessar a “grandona”, se
referindo a ponto sobre o Rio Cuiabá;
Sempre que falava com o irmão, PARAZINHO perguntava sobre as novidades,
uma vez que seu irmão assistia todo o noticiário da televisão local, em especial
um programa policial de nome Cadeia Neles;
Como PARAZINHO não estava conseguindo uma equipe resgatá-lo, começou
a oferecer 5 mil reais para cada um que estivesse no carro que fosse buscá-lo;
Não demorou apareceram vários voluntários, mas ele deu preferência a dois
comparsas do roubo em Comodoro que conseguiram fugir do cerco no Trevo
do Lagarto, para a nossa felicidade;
A insistência de PARAZINHO em saber das notícias sobre a polícia por meio
do que seu irmão assistia na TV me deu uma ideia e no dia 05 de dezembro
2012 tomei a seguinte decisão, usar uma contrainformação;
Liguei para um colega que conhecia o apresentador do programa Cadeia Neles
e ele me colocou para falar com o apresentador no intervalo da programação,
pois o programa estava ocorrendo ao vivo;
Expliquei para o apresentador que a polícia estava desmobilizando todo o seu
efetivo e que estava satisfeita com o resultado, que todo o dinheiro havia sido
recuperado, que várias armas foram apreendidas etc.;
O apresentador desligou o telefone e entrou ao vivo no programa e disse tudo
o que havia pedido, inclusive teceu alguns elogios as polícias;
Quando PARAZINHO ligou a tarde para seu irmão eis que a contrainformação
chegou até ele. Irmão de PARAZINHO ainda enfatizou que aquele dia ele tinha
que sair de lá antes que polícia mudasse de ideia. Perfeito! Assim fizeram;
Como a equipe de resgate já estava pronta, PARAZINHO deu a ordem, e então
estava lançada a sorte;
Por volta das 21 horas iniciou a movimentação das pessoas que buscariam
PARAZINHO e em pouco mais de 1 hora eles chegaram na região;

14
Ouvimos atentamente as orientações passadas por PARAZINHO aos seus
comparsas e montamos a nossa estratégia. Agentes de inteligência espalhados
por toda parte e a equipe do BOPE esperando escondida o sinal para abordar;
PARAZINHO fez o carro do seu resgate passar por ele três vezes, sempre ele
dizia “já estou te vendo, vai na frente e faz o balão”. Os agentes de inteligência
estavam no visual do veículo, um Celta branco, mas nada do fugitivo;
Após a terceira passada, PARAZINHO mandou o carro encostar, quando o
carro parou, ele saiu do mato e rapidamente entrou no carro. Foi quando o
Sargento “antigão”, o mesmo que sugeriu a estratégia do Trevo do Lagarto
disse: “estão todos no Celta branco indo no sentido da grandona”. Todos
sabiam que a grandona era a ponte;
Quando o veículo atravessou a ponte e reduziu para passar em um quebra-
molas a equipe do BOPE saiu do mato para a pista e foi recebida a tiros e
revidaram a injusta agressão;
O resultado dessa ação foi que todos as 5 pessoas que estavam no veículo
morreram. Eles portavam além do AK-47 que estava com PARAZINHO outras
duas armas curtas, uma pistola e dois revólveres;
Essa operação iniciou no dia roubo em Comodoro, 30 de outubro de 2012 e
terminou no dia 06 de dezembro de 2012, após o cumprimento de medidas
judiciais contra membros da quadrilha, somando um total de 37 dias
ininterruptos de busca dos criminosos.

15
Anotações

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Anotações

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Anotações

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Anotações

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Consultor
Lucélio França
Direitos Autorais
Lucélio França
e-Book

Evolução e
assinatura
dos artefatos
explosivos
Evolução e assinatura
dos artefatos explosivos,
empregados no
“NOVO CANGAÇO”
Estudo e análise dos artefatos explosivos
utilizados nas ações
Através de coleta de dados com os órgãos de segurança pública estaduais
e federais, bem como com a colaboração das instituições financeiras nas
ocorrências que registrem a utilização de explosivos, conseguimos
identificar informações de grande importância que contribuirão na investigação
Estudo e enfrentamento dessa modalidade criminosa, destacando o seguintes

e análise
pontos:

dos artefatos
explosivos
Fatores motivadores da Evolução dos
utilização de artefatos artefatos explosivos

utilizados explosivos pela


criminalidade
nas ações

nas ações
Evolução da finalidade Assinatura nos
dos explosivos artefatos explosivos
empregados das ações

3
A eficiência A velocidade
Quando utilizado da forma da ação
correta, na eliminação e ou
Uma carga explosiva pode
destruição de obstáculos
produzir em frações de segundos

Fatores
(paredes, cofres, grades), que os
o que um trabalho braçal
impedem de alcançar seu objetivo
demoraria horas para concluir,

motivadores
numerários, liberdade)
reduzindo consideravelmente
o tempo da ação

da utilização
de artefatos O baixo O fator
explosivos pela custo intimidador
criminalidade
Considerando a facilidade de A energia dissipada em uma
acesso aos explosivos explosão pode causar em
comerciais, em sua grande frações de segundos uma grande
maioria, desviados ou furtados de destruição, sem possibilidade de
mineradoras, construtoras e outras qualquer ação ou reação humana,
empresas que utilizam explosivos o que intimida as forças de
segurança pública.

4
e
do acesso aos numerários

Evolução e

da finalidade dos agentes de


dos explosivos segurança pública
nas ações e a
potencialização e órgãos de
da modalidade
criminosa
da

nos últimos anos


5
Evolução
1 Artefatos confeccionados
e acionados de forma errada,
excesso de explosivos
(cordel, emulsão, pólvora)

dos artefatos
explosivos
nas ações

Artefatos falhados por Espoletas explosivas Ação com Excesso


confecção errada falhadas por erro de explosivo
de acionamento

6
Evolução
2 Utilização de reforçadores
(cordel detonante) com cargas
mais equilibradas

dos artefatos
explosivos
nas ações

Artefatos com reforçador Cargas com


Ocorrência Bom Jesus emulsão e
da Lapa – BA 2016 cordel detonante
Utilização de carga
com mais precisão

7
3
Utilização de metalon
(contenedor metálico) e
imãs, produzindo
artefatos que facilitam
transporte e manuseio
da carga na execução
da ação
Evolução
dos artefatos
explosivos
nas ações
Cargas Cargas com Ocorrência
com metalon imã e metalon Irecê - BA 2017
RJ - 2019

8
Evolução
4 Utilização de componentes
eletrônicos para
acionamento remoto

dos artefatos
explosivos
nas ações
Uberaba – MG
27/06/2019
Ourinhos - SP Criciúma Araçatuba – SP
01/05/2020 1/12/2020 30/08/2021

9
Adaptando os conceitos de John E. Douglas
(F.B.I.) para “modus operandis” e assinatura
em ações criminosas, para as ocorrências
com utilização de explosivos, analisamos
Assinatura artefatos utilizados em ações contra

nos artefatos instituições, identificando características no

explosivos material utilizado, na forma


acondicionamento e confecção das cargas,
de

das ações conseguindo apontar o que poderíamos


chamar de assinatura do explosivista
criminoso que confeccionou a carga.

10
Assinatura Materiais
explosivos
nos artefatos utilizados no
assalto
explosivos, um em Irecê – BA
20/03/2017
elo e uma Metalon

prova
Caso Irecê - BA Cordel
detonante
20/03/2017 Verde Massa epox

11
Materiais explosivos
utilizados no assalto
à base de valores
em Uberaba – MG
06/11/2017

Assinatura
Metalon Garrafa
Pet

nos artefatos
explosivos, um
Massa epox
Cordel
detonante

elo e uma
Verde Presilha-lacre
branca

prova
Nós no
cordel

Caso Uberaba - MG
06/11/2017

12
Presilha
lacre Garrafa
branca Pet
Metalon

Assinatura Cordel
detonante

nos artefatos
Verde

explosivos, um Nós no

elo e uma
cordel

prova
Massa epox
Materiais explosivos
Caso Uberaba - MG utilizados no assalto a
base de valores em
27/06/2019 Uberaba – MG
27/06/2019

13
Artefato em
Conceição do
Jacuípe - BA
24.12.20

Artefato posto
Alagoinhas - BA
09.01.21

Assinatura
nos artefatos Massa
epox Metalon

explosivos, um
elo e uma Cordel
detonante
Cordel
detonante

prova
Artefato
assalto BB Metalon
Casos - Bahia Sapeaçu - BA
10.04.21
Massa
epox
2020/2021
Artefato pedágio
17.04.21
14
Materiais explosivos utilizados
no assalto a instituição finaceira
em Ourinhos – SP 01/05/ 2020

Assinatura
nos artefatos
explosivos, um
elo e uma
prova
Acionamento
Ourinhos - SP Posicionamento Quantidade remoto
01/05/2020

15
Materiais explosivos utilizados no
assalto em Araçatuba – SP
30/08/2021

Assinatura
nos artefatos
explosivos, um
elo e uma
prova
Quantidade Vítima
Celular e laser (92 artefatos) do artefato
Araçatuba – SP
30/08/2021

16
Conclusão
Assinatura Com uma atuação planejada, dentro da doutrina e protocolos,

nos artefatos principalmente de quem está na ponta do front, podemos chegar até
essas quadrilhas e o mais importante, preservaremos a vida do agentes
explosivos, um de segurança pública e da população. A atenção e cautela nas ações

elo e uma com explosivos são fundamentais, porque com explosivos só se erra
uma vez!
prova
Caso Ourinhos

17
Informação; Confirmação
da Informação;
Mortes de
Agentes Treinamento;
Penitenciários;
Estudos Roubo;
de Casos Primeira Fuga
da Penitenciária
Estadual Prisões;
de Piraquara;
Prosegur
Cidade do Leste - DNA.
Ação
Paraguai Preparatória
– Andirá;

18

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