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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

CURSO DE POLÍTICA, PLANEJAMENTO E GESTÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA

SEGURANÇA PÚBLICA NAS FRONTEIRAS DO BRASIL

Brasília - DF

2019
2

ALLAN CARDOSO – TEN CEL PM GO

ANA PAULA CAMPOS – DEL PJC MT

CAROLINE BIANCA CHIROLI – TEN CEL PM MT

DIVINO FARIA – CEL PM MS

JANDSON SILVA – DEL PJC GO

MARCIO BARBOSA – CEL PM TO

MARCIO CUSTÓDIO – DEL PJC MS

MILENA LIMA – DEL PJC TO

VINICIUS OLIVEIRA – DEL PJC TO

SEGURANÇA PÚBLICA NAS FRONTEIRAS DO BRASIL

Trabalho apresentado à Coordenação do


Curso de Política, Planejamento e Gestão
em Segurança Pública (CPPGESP), na
área de Políticas Públicas, tendo como
Linha de Pesquisa Segurança Pública nas
fronteiras do Brasil.

Brasília - DF

2019
3

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO..........................................................................................................4
2 OBJETIVOS…....................................................………………………………………9
2.1 GERAL………....………………………….……………………………………..9
2.2 ESPECÍFICO...…………………………...……………………………………..9
3.DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO.......................……………………………………...10
3.1 ANTECEDENTES…......................…………………………………………..10
3.2 TENDÊNCIA DE PESO…….....................…………………………………..12
3.3 AMBIENTE EXTERNO E INTERNO……......................…………………...13
3.4 ATORES SOCIAIS......……………………............…............……………….14
3.5 OPERAÇÕES DA UNIÃO NA FRONTEIRA…...................................…....14
3.6 POLÍTICAS FEDERAIS.............................................................................15
3.7 PRINCIPAIS REGULAÇÕES.....................................................................15
3.8 INSTRUMENTOS......................................................................................16
4. ANÁLISE DIAGNÓSTICO DA SENASP (2018) ....................................................16
4.1 FÓRUNS ESPECÍFICOS DE QUESTÕES DE FRONTEIRA ...................16
4.2 UNIDADES ESPECIALIZADAS DE FRONTEIRA - UEF...........................17
4.3 NÚCLEOS INTEGRADOS DE INTELIGÊNCIA DE FRONTEIRA ..........18
5. PROPOSTA DE SOLUÇÃO…..................……………………………………………19
5.1. DIAGNÓSTICO 1......................................................................................19
5.2. DIAGNÓSTICO 2......................................................................................20
5.3. DIAGNÓSTICO 3......................................................................................21
5.4. DIAGNÓSTICO 4......................................................................................21
5.5. DIAGNÓSTICO 5......................................................................................22
6. CONCLUSÃO ........................................................................................................23
7. BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................24
4

1. INTRODUÇÃO

A fronteira brasileira representa um grande desafio para as Instituições de


Segurança Pública atuar de forma integrada, articulada e coordenada no
enfrentamento aos ilícitos transfronteiriços, dentro de suas respectivas esferas de
atribuições, sendo importante eixo de estudo durante o Curso de Política,
Planejamento e Gestão em Segurança Pública (CPPGESP), realizado pela Secretaria
Nacional de Segurança Pública/ Ministério da Justiça, em parceria com a Escola
Superior de Guerra/ Ministério da Defesa, em setembro de 2019.
Como bem pontuou o Secretário de Assuntos de Defesa e Segurança
Nacional 1, essa dificuldade se dá principalmente pela extensa linha de fronteira
brasileira que soma 24.253 km (7.367 km marítimas e 16.886 km terrestres),
abrangendo 10 (dez) países. Destacam-se as peculiaridades geográfica, econômica
e cultural, dos 11 (onze) estados federados e 588 (quinhentos e oitenta e oito)
municípios situados na área de fronteira, e 32 (trinta e duas) cidades-gêmeas.

MAPA 1 – FRONTEIRAS DO BRASIL

Fonte: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea Brasília 2017. Disponível em:
<fhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/170628_fronteiras_do_brasil_volume2.pdf >.

1 Anotação da palestra do Brigadeiro Ary Soares Mesquita sobre o Programa de Proteção Integrada
de Fronteiras-PPIF, no auditório do Ministério da Justiça; Brasília, em 11 set de 2019.
5

Em que pese o déficit de efetivo ser elemento de dificuldade no enfrentamento


ao problema, o Delegado de Polícia Federal Buzanelli, 2 trouxe a reflexão da grande
oferta e procura, usando frases como a de Carlos Lehder Rivas (sócio do traficante
colombiano Pablo Escobar) em seu julgamento: “Nenhum negócio dá um lucro tão
grande e em tão pouco tempo como a cocaína”, demonstrando a complexidade do
tema em sua palestra: “se colocarmos homens lado a lado fechando a fronteiras, os
traficantes cavariam e passariam por de baixo”.
Estas afirmações se tornam evidentes, ao observarmos que mesmo países
desenvolvidos como os Estados Unidos da América (EUA), não conseguem evitar a
entrada de ilícitos em sua fronteira com o México, cuja extensão é de apenas 3.169
km, muito menor do que a do Brasil, como se nota na figura abaixo:

IMAGEM 1 – COMPARATIVO LINHA DE FRONTEIRA DO BRASIL E EUA

Fonte: Apresentação do Brigadeiro Ary Soares Mesquita sobre o PPIF, Brasília – 11/09/19.

Destaca-se ainda, a complexidade da realidade brasileira, onde nos 03 (três)


grandes arcos da área de fronteira: Norte (AP, PA, AM, RR e AC), Central (RO, MT e
MS) e Sul (PR, SC e RS), há 09 (nove) tríplices fronteiras, as quais se avizinham com
04 (quatro) produtores mundiais de drogas (Paraguai, Bolívia, Peru e Colômbia).
Com efeito, o Brasil já é o segundo mercado mundial de consumo de drogas
(UNIFESP/2017), perdendo apenas para os EUA. Esse aumento do consumo de
drogas brasileiro vem provocando uma reconfiguração radical no mapa do plantio de
drogas peruanas, aproximando-se cada vez mais das fronteiras brasileiras:


2 Anotação da palestra do Delegado Federal Márcio Paulo Buzanelli: Segurança nas Fronteiras e
seus Reflexos na Problemática de Segurança Pública Urbana; Brasília, em 11 set de 2019.
6

As cifras sobre a superfície ocupada pela coca para tráfico de drogas no Peru
estão estancadas desde 2016, quando foi divulgado o último relatório anual
sobre Peru do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
No entanto, sua distribuição mudou. "Fica claro para nós que há um aumento
em áreas de fronteira: no Baixo Amazonas, em Caballococha – tríplice
fronteira com a Colômbia e o Brasil – na província de Sandía – região de
Puno, fronteira com a Bolívia, embora bem conectada com o Brasil pela
Rodovia Interoceânica Sul – e na região de Madre de Dios – fronteiriça com
3
o Brasil e a Bolívia", explicou Vargas nesta terça-feira (FOWKS, 2018).

Observa-se a situação crítica do sul da América, onde apenas a Colômbia tem


reduzido a produção de cocaína, após o enfrentamento aos Cartéis de drogas em
2001, com financiamento dos EUA, passando a ser o terceiro em produção de cocaína
no mundo, ao contrário, houve um aumento na produção de cocaína no Peru e na
Bolívia, onde parte da produção da folha de coca é legal e destina-se ao consumo da
cultura regional, devido as grandes altitudes. 4
Na Bolívia, a dependência em relação ao narcotráfico chega ao extremo, onde
traficantes detêm o controle das principais empresas, a corrupção atinge níveis
inacreditáveis e, de cada três bolivianos, um lucra com os derivados do narcotráfico.5
A partir dos anos 2000, ocorre o crescimento do número de facções e
organizações criminosas (ORCRIM) no Brasil, surgindo um quadro complexo de
violência e disputa pelo domínio das principais rotas de tráfico de drogas. Publicado
no Anuário Brasileiro de Segurança Pública (Edição Especial 2018), o mapa abaixo
demonstra a situação do Brasil em relação à atuação das ORCRIM’s, destacando-se
o domínio territorial da ORCRIM: Primeiro Comando da Capital (PCC) oriunda de São
Paulo e do Comando Vermelho (CV), oriunda do Rio de Janeiro.

MAPA 2 - FACÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL


3 FOWKS, Jacqueline. Cultivo de coca no Peru se desloca para as fronteiras com o Brasil e a
Bolívia, Lima, 2018. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/27/internacional/1543344243_444001.html>. Acesso em: 26
set. 2019.
4 Anotação da palestra do Delegado Federal Márcio Paulo Buzanelli: Segurança nas Fronteiras e
seus Reflexos na Problemática de Segurança Pública Urbana; Brasília, em 11 set de 2019.
5 Fonte: COGGIOLA, Osvaldo - Departamento de História da USP. Disponível em:
<https://www.passeiweb.com/estudos/sala_de_aula/diversos/narcotrafico_comercio> Acesso em
26/09/2019.
7

Como efeito da globalização, as ORCRIM’s brasileiras têm expandido suas


atividades ilícitas para além das fronteiras, na busca incessante por maior lucro, com
destaque ao tráfico de drogas, que além de fomentar outras atividades criminosas,
possui estreita ligação com o o tráfico de armas, roubo/furto de veículos, contrabando,
lavagem de dinheiro, e até mesmo a exploração de seres humanos.

Fonte: Relatório da Confederação nacional dos Municípios.


8

Favorecendo essas práticas ilícitas, temos também o controle deficiente de


fluxo migratório, fator de desordens sociais em grandes cidades ou naquelas de
desenvolvimento precário, onde se superam a capacidade de absorção dos imigrantes
pelos serviços públicos.
Sensíveis a essa realidade da necessidade de gestão integrada das
instituições envolvidas com a segurança pública nas regiões fronteiriças, está sendo
desenvolvido pelo governo Federal, o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras
(PPIF), instituído pelo Decreto Federal n. 8.903 de 2016, que conta com a atuação
integrada dos órgãos de Segurança Pública, Inteligência, Ministério da Fazenda e das
Forças Armadas.
Outrossim, através da Política Nacional de Segurança Pública (Lei n. 13.675,
de 11 de junho de 2018), foi contemplada a implementação do Sistema Único de
Segurança Pública (SUSP), trazendo em seu oitavo objetivo a necessidade de
fortalecer o aparato de segurança e aumentar o controle de divisas, fronteiras, portos
e aeroportos, com padronização de dados, integração tecnológica, de inteligência e
operacional, alinhavando-se as seguintes estratégias aqui reunidas, por nossa conta,
em três vertentes:7
VERTENTE I - Atuação coordenada nas três esferas de Governo, por meio de
ações integradas, especializadas e estratégicas entre diversos órgãos de segurança
pública, militares, fiscalizadores, reguladores e interlocutores, fomentando o
intercambio de informação em âmbito nacional e internacional e viabilizando a
cooperação com países vizinhos;
VERTENTE II - Estruturação e fortalecimento da presença estatal na região
de fronteira, por meio da ampliação, modernização, gestão de unidades, pessoas e
sistemas, que permitam a valorização, estimulação e permanência de efetivo e
utilização de alta tecnologia na vigilância eletrônica e produção de conhecimento
qualificado;
VERTENTE III - Prevenção e repressão dos delitos transnacionais, ambientais
e do desmatamento ilegal nas regiões de fronteira.


6 BRASIL. Decreto n° 8.903, de 16 de Nov de 2016. Brasília, DF 16 de novembro de 2016. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Decreto/D8903.htm>.
7 Plano e Politica Nacional de Segurança Pública e Defesa Social: SUSP - Sistema Único de
Segurança Pública/coordenação, Renato Sergio de Lima - Brasília: Ministério da Justiça e Cidadania,
Secretaria Nacional de Segurança Pública, 2018, p.57.
9

Por fim, buscamos consolidar os conhecimentos ministrados durante o


CPPGESP 2019, não pretendendo realizar uma análise de todas as iniciativas e
políticas, mas sim destacar as principais características e desafios, visando subsidiar
a ação governamental de Segurança Pública nas regiões de fronteira do Brasil.

2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL



Analisar o atual cenário da Segurança Pública na fronteira do Brasil, apontando
soluções a curto, médio e longo prazo aos objetivos específicos.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

2.2.1 - Atuação integrada entre os órgãos de segurança pública na região de


fronteira;
2.2.2 - Promoção de ações e estratégias de intercâmbio de informações e
cooperação para fiscalização junto aos países vizinhos;
2.2.3 - Articulação de convênio para atuação conjunta na área de polícia de
fronteira, portos e aeroportos, entre órgãos do MJSP (Polícias Militares e Civis,
Federal, Rodoviária Federal e Guardas Municipais), MD (Exército, Marinha e
Aeronáutica), MF (Receita Federal e Estadual) e MRE (Itamaratis).

3. DIAGNÓSTICO ESTRATÉGICO

“O planejamento é um instrumento para raciocinar agora sobre os trabalhos e


ações que serão necessários hoje para merecermos um futuro. O produto final do
planejamento não é a informação: é sempre o trabalho” - Peter Drucker.

Em destaque a frase do autor que durante o CPPESG 2019, foi muito citado
devido a importância do planejamento e gestão para traçar efetivas políticas públicas,
onde iniciamos a fase de diagnóstico, analisando o processo histórico-cultural da
nação para identificar as decisões com que ela marca seu próprio destino.
10

3.1 ANTECEDENTES

Segundo Costa (2017, p. 18), os princípios geográficos, naturais, sociais,
políticos e culturais foram utilizados para a definição das fronteiras. Na América do
Sul, o uti possidetis de facto e de juris foram conceitos divergentes que embasaram
as negociações políticas e os conflitos regionais por porções territoriais (COSTA apud
CERVO, 2017).
Para se compreender o estabelecimento das fronteiras é necessário trazer a
baile as dinâmicas fronteiriças onde Costa (apud Foucher, 2017), trata de quatro
episódios que significaram a mundialização das fronteiras enquanto componentes da
estrutura interestatal:

O primeiro momento foi o do Tratado de Tordesilhas, de 1494 e o do Tratado


de Zaragoza, de 1529, que dividiram o mundo entre os reinos de Portugal e
de Espanha, no contexto das Grandes Navegações. O segundo momento foi
a Conferencia de Berlim (1884-1885), em que o continente africano foi
partilhado entre as potências imperialistas. O terceiro acontecimento refere-
se à Cortina de Ferro, que representa a bipolarização que separava a Europa
ocidental da oriental durante a Guerra Fria. Por fim, o quarto momento refere-
se à queda do muro de Berlim, em 1989, que, em conjunto com o fim da
Guerra Fria, é reconhecida como marco do fim da polarização e do início de
um mundo livre (COSTA apud FOUCHER, 2017, pág. 26).

Nota-se que as fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, já não são as únicas


preocupações, considerando que as novas fronteiras alcançam o espaço virtual e
sideral, além dos novos conceitos como crimes transnacionais e transfronteiriços.
Visando aperfeiçoar a gestão integrada das instituições envolvidas com a
segurança pública nas regiões fronteiriças, o governo federal instituiu a Lei 6.634, de
2/5/1979, delimitando a faixa de Fronteira com países vizinhos em 150 (cento e
cinquenta) quilômetros de largura, paralela à linha divisória terrestre do Brasil.
As cidades gêmeas são as que melhor caracterizam a realidade da zona
fronteiriça, região que se notam os impactos dos fluxos transfronteiriços, sendo que
apenas em 2014, o Brasil passou a direcionar políticas específicas aos municípios que
se inserem nesta categoria (cortados pela linha de fronteira, seca ou fluvial, articulada
ou não por obra de infraestrutura e população individualmente superior a dois mil
habitantes, com integração econômica e cultural com o país vizinho), somando-se 32
cidades gêmeas, com cerca de 11 milhões de pessoas (COSTA apud BRASIL.
MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO, 2017).
11

Em 2011 o governo federal implementou o Plano Estratégico de Fronteiras-


PEF (Decreto no 7.638 de 08 de dezembro de 2011), que englobava ações integradas
entre os Ministérios da Justiça, Defesa e da Fazenda, responsáveis respectivamente,
pela Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (ENAFRON), ações
essas atualmente substituídas pelo Programa de Proteção Integrada de Fronteiras -
PPIF (Decreto Federal n. 8.903 de 2016). 8
A Política Nacional de Segurança Pública está sendo construída na
perspectiva da definição de metas, objetivos e estratégias compatíveis com as
diretrizes e os objetivos da denominada Estratégia Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (ENDES), para o Brasil entre 2020 e 2031.
Concebida com o objetivo de orientar, articular e influenciar as discussões dos
demais instrumentos do planejamento do desenvolvimento nacional equilibrado
(planos nacionais, setoriais e regionais e o Plano Plurianual - PPA da União), a
materialização da ENDES deverá ocorrer a partir da apropriação de suas diretrizes,
desafios e orientações pelos ministérios setoriais nos seus programas e metas dos
próximos PPA’s e em seus respectivos planos nacionais, setoriais e regionais.
Importante ressaltar que a expansão do PCC e CV no país, cada vez mais
atuando além das fronteiras, resultou em 15 de junho de 2016 no sintossomático
assassinato de um dos maiores reguladores de fluxos de ilicitos de drogas e armas
na América do Sul, Jorge Raffat, em Pedro Juan Caballero, com armamento calibre
.50. A morte de Rafaat, possibilitou maior acesso aos fornecedores de drogas e armas
pelas duas facções.
Em outubro de 2016, se deu início a guerra entre as duas facções, pela
fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai, principalmente no norte do Brasil,
onde em 01 de janeiro de 2017, no complexo penitenciário de Anisio Jobim (COMPAJ)
em Manaus, uma disputa interna entre as facções rivais FDN (aliada do CV) e PCC,
resultaram na morte de 56 detentos.
Contudo, face aos eventos significativos ocorridos no Brasil, relacionados a
implementação de políticas e ocorrências que impactaram a segurança na fronteira
brasileira, trazemos os seguintes quadros de antecedentes, tendências, atores e as
análises das operações e política pública na fronteira do Brasil.


8 BRASIL. Decreto n° 8.903, de 16 de Nov de 2016. Brasília, DF 16 de novembro de 2016. Disponível
em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Decreto/D8903.htm>.
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Quadro 1- Antecedentes Segurança nas Fronteiras

Ano Eventos Significativos

1890 Lei n. 601 – Estabeleceu limites de território.

1879 Lei 6.634 - Delimitou a faixa de Fronteira em 150 quilômetros de largura.

1992 Rio Eco 92 - Vários criminosos migraram para região de fronteira.

1994 Constatação da ligação do Comando Vermelho com as FARC’s.

1999 Concessão e alienação na faixa de fronteira.

2004 Criação da Força Nacional.

2016 Institui o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras (PPIF).

2016 Morte do traficante Jorge Rafatt na fronteira Brasil/Paraguai.

2018 Plano Nacional de Segurança Pública - Criação do SUSP.

2019 Criação da Secretaria de Operações Integradas (Seopi) no MJSP.

3.2 TENDÊNCIAS DA SEGURANÇA PÚBLICA NA FRONTEIRA

Quadro 2 - Tendências de Peso da Segurança Pública na Fronteira

Sistema Tendências de Peso

Aumento do Tráfico Internacional de Drogas;

Aumento do contrabando e exploração de seres humanos;

Ampliação do número de dependentes químicos e de problemas


sociais decorrentes;

SEGURANÇA Dificuldade de fixação de efetivo na fronteira;


PÚBLICA
NAS Aumento progressivo da oferta de drogas de origem natural
FRONTEIRAS proveniente dos países vizinhos;
DO BRASIL
Expansão das facções criminosas;

Maior Integração das OSP;

Fortalecimento da cooperação na repressão entre países vizinhos.


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3.3 ANÁLISE SWOT: AMBIENTE EXTERNO E INTERNO

AMBIENTE EXTERNO

Oportunidades Ameaças

ü PPIF - Programa de Proteção ü Ocupação urbana desordenada;


Integrada de Fronteiras; ü Dificuldade de compartilhamento de sistemas;
ü Política Nacional de Segurança ü Expansão das facções criminosas;
Pública e Defesa Social; ü Aumento do tráfico internacional de drogas;
ü Implantação de inovações ü Grande extensão territorial das áreas de fronteira;
tecnológicas para banco de dados ü Falta de controle de fluxo migratório;
integrados através do Sinesp. ü Solução de continuidade das estratégias de
Fronteira e
ü Contingenciamento (SISFRON, Fronteira Blindada
etc..);
ü Equipamentos de comunicação não são integrados
entre diferentes órgãos federais e estaduais.

AMBIENTE
INTERNO
Pontos Fortes Pontos Fracos

ü Legado dos grandes eventos; ü Falta de UEF e NIIF, em todos Estados de


ü Integração das forças de Fronteira do Brasil;
segurança pública para unir ações de ü Falta de formação e capacitação especializada
inteligência e de operações em região e continuada;
de fronteira; ü Déficit de efetivo;
ü Conhecimento da região ü Carência da cultura de planejamento;
geográficas pelas forças locais; ü Falta de órgão interlocutor para integração das
ü Unidades Especializadas e Operações das UEF e NIIF que já existem.
Núcleos Integrados de Inteligência de
Fronteiras (NIIF

3.4 ATORES SOCIAIS


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Quadro 3 - Atores Sociais (Stakholders)

Sistema Atores

Governo Federal (MJSP, MD, MF, e MRE)

Governo Estadual (OSP)

Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteira-GGIF

Poder Público Municipal

Receita Federal
SEGURANÇA
Poder Legislativo
NAS
Abin
FRONTEIRAS
Anvisa
DO BRASIL
Países Fronteiriços

Fiscais Agropecuários

Organizações Criminosas (ORCRIM)

Sociedade

3.5 OPERAÇÕES DA UNIÃO NA FRONTEIRA

Quadro 4 – Análise das Operações da União na Fronteira

OPERAÇÃO MINISTÉRIO APOIO DURAÇÃO SITUAÇÃO

Justiça e MD Permanente Suspensa desde 2017, sem


Sentinela Segurança recurso.
Pública
Defesa MJSP + MF Eventual Necessidade de intensificar
Ágata as operações de inteligência
que antecedem a operação,
e compartilhar os produtos.
Fronteira Fazenda MJSP + MD Permanente Fisco sem recurso desde
Blindada 09/2019.
Hórus/ Justiça e MJSP + MD Eventual Iniciada em abril de 2019,
Vigia Segurança andamento em 3 Estados.
Pública
Muralha Justiça e MJSP + MD Eventual Para aportar ao que vem
Segurança esses valores.
Pública
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3.6 POLÍTICAS FEDERAIS

Quadro 5 – Análise das Políticas do Governo Federal na Fronteira

PLANO/ PROGRAMA/ PROJETO


RELACIONADOS A REGIÃO DE FRONTEIRA
PLANO/ PROGRAMA/ PROJETO AVALIAÇÃO
Sem disponibilização de orçamento em
PPIF - Programa de Proteção Integrada 2019
de Fronteira - Dec. 8903/ 2016. Necessidade de confecção da política
nacional de fronteira, valorizando o
desenvolvimento regional e a ampliação da
atuação da CEDIF.
Programa VIGIA do MJSP – Abril de No MT, PR e MS receberam verba federal
2019. para pagamentos de diárias para
operações integradas na fronteira, desde
abril de 2019 pela SEOPI/ MJ através da
operação VIGIA.
PNSPDS – Política Nacional de A Política é muito importante, é o que fazer,
Segurança Pública e Defesa Social - mas falta ainda a estratégia de como fazer
2018. para embasar a atuação do estado
brasileiro na fronteira.

PEC 81/ 2011 – Altera art. 144 da CF para Como foi pensada nos mesmos moldes da
criar a Guarda de Fronteira. Força Nacional, com a utilização de efetivo
das atuais OSP, entendemos que não seria
atendido o objetivo, concluindo pela
extinção da mesma.
A Guarda de Nacional de Fronteira
proposta, deveria ser uma unidade de
cunho permanente, constituída de efetivo
com dedicação exclusiva, através de
concurso próprio e plano de carreira voltado
para o profissional de segurança a atuar em
região de fronteira.

3.7 PRINCIPAIS REGULAÇÕES


ü Constituição Federal, Cap. III (Da Segurança Pública), Art. 144;


ü Constituição Federal - Art. 48, Inc. IV - competência para dispor sobre planos e
programas regionais e setoriais de desenvolvimento é exclusiva do Congresso Nacional;
ü Decreto 9.961 de 08/08/2019 - Comissão Permanente para o Desenvolvimento e
a Integração da Faixa de Fronteira (CDIF);
ü Decreto n. 8.903/2016 - Institui o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras
(PPIF);
16

ü Decreto no 6.047/2007 - Política Nacional de Desenvolvimento Regional


(PNDR);
ü Lei n° 10.683/2003 (dispõe sobre a organização da Presidência da República e
dos Ministérios e atribui ao Ministério da Integração Nacional a competência para realizar
obras públicas na faixa de fronteira).
ü Lei no 9.871/1999 - Concessão e alienação na faixa de fronteira;
ü Lei no 8.183/1991 - Conselho de Defesa;

ü Lei no 6.634/1979 - Cria o limite de 150 km de faixa de fronteira;
ü Lei no 2.597/1955 - Faixa como zona de segurança;
ü Lei no 601/1890 - Limites do território.

3.8 INSTRUMENTOS

ü Comitê Executivo de Coordenação de Controle de Fronteiras – Sugestão do


TCU;
ü Política Nacional para a Faixa de Fronteira (PNFF);

ü Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) – Exército

ü Fundo Nacional Antidrogas (FUNAD);
ü Criação da Secretaria de Operações Integradas (SEOPI) em 2019 com função
de promover a integração das atividades de inteligência de segurança pública, em
consonância com os órgãos federais, estaduais, municipais e distrital dentro do que prevê o
Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), instituído pela Lei nº 13.675/2018.
ü Programa Vigia - abril de 2019 (SEOPI/ MJSP).

4. ANÁLISE DO DIAGNÓSTICO DA SENASP DA FRONTEIRA (2018)

4.1. FÓRUNS ESPECÍFICOS DE QUESTÕES DE FRONTEIRA – GGIF/CTF

Os Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteira-GGIF e as Câmaras Temáticas de


Fronteira-CTF, são fóruns colegiados, de caráter consultivo, deliberativo e executivo, que
operam por consenso, sem hierarquia, respeitando a autonomia das instituições que os
compõem, devendo manter boa relação com as demais instituições e com os países vizinhos,
buscando a integração para a melhoria da segurança e da qualidade de vida dos habitantes
da faixa de fronteira.

Esses fóruns foram criados a partir do fomento realizado pela Senasp no ano de
2011, por meio da celebração de convênios de reaparelhamento das instituições estaduais de
17

segurança pública, nos onze estados fronteiriços. Com isso, houve a institucionalização, por
meio de decretos estaduais, de quatro GGIF (MT, MS, PR e RS) e sete CTF (AC, AP, AM,
PA, RO, RR e SC).

Vale ressaltar que a diferença fundamental entre GGIF e CTF consiste no fato de que
o primeiro possui uma coordenação que é subordinada e presidida diretamente pelo secretário
de segurança pública de cada estado fronteiriço; suas atribuições estão direcionadas
especificamente para as questões de fronteira. O segundo caso, caracteriza-se por câmaras
temáticas, instaladas dentro dos Gabinetes de Gestão Integrada Estaduais-GGIE, que
possuem atribuições relacionadas a temas diversos de todo o estado e não apenas de sua
faixa de fronteira, sendo verificada pela SENASP a seguinte realidade em 2018:

MAPA 3 - FÓRUNS ESPECÍFICOS DE QUESTÕES DE FRONTEIRA – GGIF/CTF NO BRASIL

Fonte: Relatório de diagnósticos das instituições estaduais de Segurança Pública dos Estados de fronteiras.
SENASP – 2018. Disponível em: <file:///F:/Fronteira/Relatório%20Diagnóstico%20ISP%20Fronteiras_2018.pdf>

4.2 UNIDADES ESPECIALIZADAS DE FRONTEIRA - UEF.

Estruturas que se caracterizam como forças subsidiárias tanto para o


cumprimento de missões específicas sobre os delitos peculiares, quanto para
apoiarem as ações policiais ordinárias nas regiões de fronteira. Além disso,
incorporam a pretensão de sustentação da ordem social nas fronteiras, gerando maior
sensação de paz e segurança para as pessoas que habitam essas regiões.
18

Nesse sentido, vários estados de fronteira buscaram criar unidades em seus


territórios, conforme foi diagnosticado pela Senasp em 2018:

Quadro 6 - Diagnóstico das Unidades Especializadas de Fronteira - UEF

Fonte: Relatório de diagnósticos das instituições estaduais de Segurança Pública dos Estados de fronteiras.
SENASP – 2018. Disponível em: <file:///F:/Fronteira/Relatório%20Diagnóstico%20ISP%20Fronteiras_2018.pdf>

Observa-se que dos onze estados de fronteira, apenas Acre, Amapá e Pará
informaram não possuir as unidades especializadas, porém, durante o CPPGESP
2019, verificamos que o Acre já possui instalado no Estado a UEF.

4.3 NÚCLEOS INTEGRADOS DE INTELIGÊNCIA DE FRONTEIRA – NIIF

Para compreendermos a dinâmica do tráfico internacional praticado pelo


crime organizado ou por pessoas ‘independentes’ que buscam o lucro fácil e que
atravessam a fronteira com Brasil, e entendermos a geografia da região, a logística
adotada criminosos e o aparato de fiscalização que visa coibir os crimes relacionados
a fronteira na entrada ou saída do país, precisamos de produção de conhecimento, e
mais do que isso, de integração e compartilhamento de banco de dados das agências
de inteligências. Nesse sentido, vários estados de fronteira buscaram criar NIF’s em
seus territórios, conforme foi diagnosticado pela Senasp em 2018:
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Quadro 7 – Diagnostico dos Núcleos Integrados De Inteligência De Fronteira - NIF

Fonte: Relatório de diagnósticos das instituições estaduais de Segurança Pública dos Estados de fronteiras.
SENASP – 2018. Disponível em: <file:///F:/Fronteira/Relatório%20Diagnóstico%20ISP%20Fronteiras_2018.pdf>

5. PROPOSTA DE SOLUÇÃO

5.1 DIAGNÓSTICO 1
Necessidade de fomentar a atuação integrada entre os órgãos de segurança
pública na região de fronteira.

ANÁLISE: O NIF e a UEF, são ferramentas imprescindíveis para combater a


criminalidade em áreas de fronteira. De acordo com o diagnóstico da SENASP de
2018, o Amapá, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Paraná́ não possuem NIF,
bem como inexiste UEF no Acre, Amapá́ e Pará. Foi constatada que o Acre já possui,
mas que há necessidade de um órgão central coordenando as ações/ operações das
UEF e NIF’s. Além, da necessidade da computação conjunta da produtividade das
ações/ operações das forças que os compõem, fins de evitar vaidades institucionais e
prejudicar a integração.

CURTO PRAZO: Criação de UEF no Amapá́ e Pará e de NIF nos Estados do


Amapá́ , Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Paraná́ ;
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MÉDIO PRAZO: Promover convênios de integração das UEF e NIF com as


demais forças de segurança e fiscalizadores federais, regionais e locais, através de
centros integrados de operações de fronteira, inspirados no modelo fusion center. E
entre as OSP e as forças armadas para atuação na defesa da soberania nacional, da
proteção ao meio ambiente (recursos naturais) e combate uniforme às ações
criminosas organizadas na região amazônica, com implantação de bases aéreas, de
controle pluvial e de operações na selva;

LONGO PRAZO: Integrar os bancos de dados dos atores envolvidos


permitindo o acesso em tempo real as informações que orientarão o planejamento
estratégico e tático das OSP, e acima de tudo a atuação operacional e o
aperfeiçoamento da investigação criminal.

5.2 DIAGÓSTICO 2

Necessidade de articular ações e estratégias de intercâmbio e cooperação


junto aos países vizinhos.

ANÁLISE: Insuficiente cooperação entre os países da América do Sul em


relação a Segurança Pública na fronteira.

CURTO PRAZO: Política de aproximação do Brasil com países vizinhos


através do Ministério das Relações Exteriores, visando a padronização da atuação no
controle migratório, de prevenção e repressão aos crimes transfronteiriços;

MÉDIO PRAZO: Assinaturas de tratados e convenções internacionais de


cooperação conjunta com países fronteiriços visando o combate ao tráfico
internacional de drogas, armas e o contrabando, bem como o estrangulamento
financeiro e desarticulação das ORCRIM’s;

LONGO PRAZO: Operacionalização dos tratados e convenções, visando


operações integradas e forças tarefas com ação coordenada com os países
considerados como centro produtores de drogas para o monitoramento continuado de
combate ao cultivo e destruição de drogas.
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5.3 DIAGÓSTICO 3

Dificuldade de fixação de efetivo policial na fronteira.

ANÁLISE: Devido a precariedade nas estruturas organizacionais e falta de


incentivos, há uma enorme dificuldade de fixar profissionais de segurança publica nas
regiões fronteiriças;

CURTO PRAZO: Realização de concursos regionalizados com o intuito de


promover a fixação de efetivo na faixa de fronteira em período mínimo equivalente ao
estágio probatório; Concessão de benefícios e vantagens remuneratórios de caráter
indenizatório aos policiais lotados na faixa de fronteira; Priorização e fixação de um
lotacionograma mínimo a ser mantido obrigatoriamente pelas OSP para a faixa de
fronteira;

MÉDIO PRAZO: Concessão de isenções fiscais (IPTU e ITBI) para a


aquisição de imóveis, armas (ICMS, IPI) e veículos (IPVA, IPI e ICMS) aos policiais
que atuam na faixa de fronteira; Ampliação dos direitos e vantagens funcionais
específicas para profissionais que atuam na fronteira 2/3 de férias, licença-prêmio de
6 meses após 10 anos de efetivo exercício na faixa de fronteira;

LONGO PRAZO: Construção de conjuntos habitacionais voltados para


profissionais de segurança pública na região de fronteira; Concessão de linhas de
crédito especiais para profissionais de segurança pública voltados para o
financiamento de imóveis, veículos e educação.

5.4 DIAGNÓSTICO 4

Solução de continuidade das ações/ operações integradas das OSP na região


de fronteira.

ANÁLISE: As operações integradas ocorrem de maneira episódica,


segmentada, sendo que, a falta de ações perenes estimula a sensação de impunidade
e por conseqüência o aumento dos crimes na faixa de fronteira;
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CURTO PRAZO: Fortalecer as UEF e NIF integrando os Fóruns de Discussão


de Fronteira, como GGI-FRON e GGI-Inteligência de todos os estados fronteiriços;
Retomada de implantação e operacionalização do SISFRON;

MÉDIO PRAZO: Fortalecer as UEF e NIF criando leis para garantir repasses
financeiros permanentes através de vinculação orçamentária para custeio e
investimentos em Segurança Pública na Fronteira;

LONGO PRAZO: Implantação de uma política sólida de controle migratório e


aduaneiro com abrangência em toda a faixa de fronteira e suas peculiaridades.

5.5 DIAGNÓSTICO 5
Implementar projetos estruturantes para o fortalecimento da presença estatal
na região de fronteira

ANALISE: As grandes transformações da segurança publica na região de


fronteira, dependem de recursos humanos, materiais e tecnológicos.

CURTO PRAZO: Fortalecimento das UEF e NIF com reaparelhamento bélico


(colete balístico, armamento longo e curto), EPI (colete flutuante, Capacete de voo
HMS e HUD, Kit Óculos de Visão Noturna-OVN); e de veículos como embarcações
com reboque e camionetes 4x4, e caminhões tanques de abastecimento de
aeronaves;

MÉDIO PRAZO: Fortalecimento das UEF e NIF com investimento na


modernização tecnológica como a vigilância monitorada por veículos aéreos não
tripulados (VANT), telefone satelital, scanner para inspeção veicular, aquisição de
novos equipamentos de informática e Equipamentos Optrônicos;

LONGO PRAZO: Instalação de controle de fluxo migratório em todos os


municípios de fronteira seca.
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6. CONCLUSÃO

As fronteiras devem constituir a primeira barreira de proteção de uma nação,


mas também dos ativos que dela fazem parte como um todo e de forma mais incisiva
daqueles que residem naquela localidade, sobre os quais recaem todos os problemas
de ordem social e criminal comuns e específicos das cidades fronteiriças, somados a
deficiência de recursos e presença estatal perene e especializada.
O grande desafio a curto prazo, contudo, ainda consistem na implementação
de medidas de gestão, principalmente no tocante aos ativos humanos, cuja fixação
em determinadas regiões encontra óbice de diversas matizes, desde situação de
isolamento, má qualidade de vida e condições atrativas que compensem sua
permanência, as quais acabam por refletir no desempenho da atividade funcional.
Além de plano de pessoal específico para profissionais de fronteira, nota-se
que as condições de trabalho exigem um perfil diferenciado do operador de segurança
pública na região de fronteiras que naturalmente já é de difícil permanência.
Há de se ressaltar que o Programa de Proteção Integrada de Fronteiras
(PPIF), que conta com a atuação integrada dos órgãos de: Segurança Pública,
Inteligência, Ministério da Fazenda e das Forças Armadas, ainda se encontra no
campo das ideias, tendo em vista a não disponibilização de orçamento para repasse
aos Estados em 2019. Nota-se que o programa está a priori fomentando as discussões
nos Estados quanto a necessidade de integração nacional, atividade de inteligência e
investimentos em tecnologia de ponta e equipamentos como ações estruturantes e
necessárias para o êxito no combate à criminalidade na região de fronteiras.
Para a condução e aperfeiçoamento permanente dessa política, faz-se
necessário a busca continua por diagnósticos, além do conhecimento e troca de
experiências em âmbito regional, nacional e internacional, onde a metodologia
aplicada pela ESG e SENASP durante o CPPGESP 2019, veio a corroborar com o
presente trabalho.
Por fim, foi possível extrair durante o CPPGESP, que para que haja integração
das ações na Faixa de Fronteira é necessário considerar: Ministério da Justiça (Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal, Sistema Penitenciário Estadual e Federal,
Polícias Estaduais e Guardas Municipais), Ministério da Defesa (Exército, Marinha e
Força Aérea), Órgãos de Controle (Receita Federal e Receitas Estaduais), Poder
Judiciário, Ministério Público, FUNAI, IBAMA, INDEA e países vizinhos.
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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Anotação da fala do Brigadeiro Ary Soares Mesquita em palestra sobre Programa de


Proteção Integrada de Fronteiras-PPIF, no auditório do Ministério da Justiça,
Brasília, em 11 set de 2019.


Anotação da fala do Delegado Federal Márcio Paulo Buzanelli em palestra sobre a
Segurança nas Fronteiras e seus Reflexos na Problemática de Segurança
Pública Urbana, no auditório do Ministério da Justiça, Brasília, em 11 set de 2019.


BRASIL. Decreto n° 8.903, de 16 de Nov de 2016. Brasília, DF 16 de Novembro de
2016. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
2018/2016/Decreto/D8903.htm>. Acesso em: 26 set. 2019


COSTA, Maurício Kenyatta Barros da. Políticas de segurança e defesa da fronteira
brasileira no contexto de integração regional: os casos das fronteiras Brasil-
Paraguai e Brasil-Uruguai. 2017. 210 f., il. Dissertação (Mestrado em Relações
Internacionais)—Universidade de Brasília, Brasília, 2017.


FOWKS, Jacqueline. Cultivo de coca no Peru se desloca para as fronteiras com
o Brasil e a Bolívia, Lima, 2018. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/27/internacional/1543344243_444001.html>.
Acesso em: 26 set. 2019


Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea. Fronteiras do Brasil. Brasília
2017. Disponível em:
<fhttp://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/livros/livros/170628_fronteiras_d
o_brasil_volume2.pdf >.


Plano e Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social: SUSP - Sistema
Único de Segurança Pública/coordenação, Renato Sérgio de Lima - Brasília:
Ministério da Justiça e Cidadania, Secretaria Nacional de Segurança Pública, 2018,
p.57.

Relatório de diagnósticos das instituições estaduais de Segurança Pública dos


Estados de fronteiras. SENASP – 2018. Disponível em:
<file:///F:/Fronteira/Relatório%20Diagnóstico%20ISP%20Fronteiras_2018.pdf>

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