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12/03/2023, 08:14 “Cala-te, aquieta-te”

“Cala-te, aquieta-te”
Lisa L. Harkness
Primeira conselheira na presidência geral da Primária

O Salvador nos ensina a sentir paz e calma mesmo quando os ventos


sopram com fúria ao nosso redor e as ondas ameaçam afundar nossas
esperanças.

Quando nossos filhos eram pequenos, nossa família passou alguns dias
à beira de um lindo lago. Certa tarde, as crianças colocaram coletes
salva-vidas antes de pular do deque na água. Nossa caçula observava os
irmãos e as irmãs com hesitação. Reunindo toda a coragem que podia,
ela tampou o nariz com uma das mãos e pulou. Assim que voltou à
superfície, e com certo pânico na voz, ela gritou: “Socorro! Socorro!”

Bem, ela não estava correndo perigo; o colete salva-vidas estava


funcionando, e ela estava flutuando em segurança. Podíamos tê-la
puxado de volta para o deque com facilidade. Porém, na perspectiva
dela, ela precisava de ajuda. Talvez fosse a água fria ou a novidade da
experiência. De qualquer forma, ela voltou para o deque, onde a
envolvemos com uma toalha seca e elogiamos sua bravura.

Quer sejamos jovens ou idosos, em momentos de angústia, muitos de


nós já clamaram com urgência: “Socorro!”, “Salve-me!” ou “Por favor,
responda minha oração!”

Algo semelhante aconteceu com os discípulos de Jesus durante Seu


ministério mortal. Em Marcos, lemos que Jesus “outra vez começou a
ensinar junto do mar, e juntou-se a ele uma grande multidão”. 1 A
multidão era tão numerosa que Jesus entrou “em um barco” 2 para lhes
falar a partir do convés. Durante todo o dia, Ele ensinou parábolas
enquanto o povo estava sentado na praia.

“E (…) sendo já tarde”, Ele disse aos discípulos: “Passemos para o outro
lado”. “E eles, deixando a multidão”, 3 partiram da costa e começaram a
atravessar o Mar da Galileia. Após encontrar um lugar na parte de trás
do barco, Jesus Se deitou e rapidamente dormiu. Pouco depois,
“levantou-se uma grande tempestade de vento, e subiam as ondas por
cima do barco, de maneira que já se enchia” 4 de água.

Muitos dos discípulos de Jesus eram pescadores experientes e sabiam


como conduzir um barco em uma tempestade. Eles eram Seus
discípulos de confiança — certamente, eram Seus discípulos amados.
Eles haviam deixado para trás seu trabalho, seus interesses pessoais e
sua família a fim de seguir a Jesus. A fé que tinham Nele era

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demonstrada por sua presença no barco. E o barco agora estava no


meio de uma tormenta e prestes a afundar.

Não sabemos por quanto tempo eles lutaram para manter o barco
navegando na tempestade, até que acordaram Jesus com pânico na voz,
dizendo:

“Mestre, não te importa que pereçamos?” 5

“Senhor, salva-nos, que perecemos!” 6

Eles O chamaram de “Mestre”, pois Ele o é. Ele também é “Jesus Cristo,


o Filho de Deus, o Pai dos céus e da Terra, o Criador de todas as coisas
desde o princípio”. 7

Do lugar onde estava no barco, Jesus Se levantou, repreendeu o vento e


disse ao furioso mar: “Cala-te, aquieta-te”. “E o vento se aquietou, e
houve grande bonança.” 8 Como o Mestre dos mestres, Jesus então
ensinou Seus discípulos com duas perguntas simples, mas cheias de
amor. Ele perguntou:

“Por que sois tão tímidos?” 9

“Onde está a vossa fé?” 10

Na mortalidade, temos uma tendência, quase uma tentação, de


clamarmos quando nos encontramos em meio a provações, problemas e
aflições: “Mestre, não te importa que eu pereça? Salva-me!” Até o
profeta Joseph Smith clamou de uma terrível cadeia: “Ó Deus, onde
estás? E onde está o pavilhão que cobre teu esconderijo?” 11

Certamente, o Salvador do mundo entende nossas limitações mortais,


pois Ele nos ensina a sentir paz e calma mesmo quando os ventos
sopram com fúria ao nosso redor e as ondas ameaçam afundar nossas
esperanças.

Jesus convida aqueles que têm fé comprovada, aqueles que têm fé como
uma criança ou mesmo apenas uma partícula de fé 12, dizendo: “Vinde a
mim”. 13 “[Crede] em meu nome.” 14 “[Aprendei] de mim e [ouvi] minhas
palavras.” 15 Com ternura, Ele ordena: “[Arrependei-vos] e [sede]
batizados em meu nome”, 16 “[amai-vos] uns aos outros, como eu vos
amei a vós” 17 e “[lembrai] sempre de mim”. 18 Jesus nos tranquiliza,
explicando: “Tenho-vos dito essas coisas para que em mim tenhais paz;
no mundo tereis aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. 19

Fico imaginando o barco sendo castigado pela tempestade, enquanto os


discípulos de Jesus, por necessidade, estavam ocupados vendo as ondas
baterem no convés e tentavam retirar a água. Posso imaginá-los
cuidando das velas e tentando manter um pouco de controle sobre a
pequena embarcação. O foco deles era sobreviver àquele momento, e
seu pedido de socorro era urgente e sincero.

Em nossos dias, muitos de nós não são diferentes. Eventos recentes ao


redor do mundo — em nossa nação, em nossa comunidade e em nossa

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família — açoitaram-nos com provações imprevistas. Em épocas


turbulentas, nossa fé parece ser levada aos limites de nossa resistência e
de nosso entendimento. Ondas de medo podem nos distrair, fazendo-
nos esquecer a bondade de Deus e nos deixando com uma perspectiva
limitada e fora de foco. No entanto, é nesses duros trechos de nossa
jornada que nossa fé pode não somente ser testada como fortalecida.

Independentemente de nossas circunstâncias, podemos


intencionalmente nos esforçar para desenvolver e aumentar nossa fé em
Jesus Cristo. Ela é fortalecida quando nos lembramos de que somos
filhos de Deus e de que Ele nos ama. Nossa fé cresce quando colocamos
a palavra de Deus à prova com esperança e diligência, dando o melhor
de nós para seguir os ensinamentos de Cristo. Nossa fé aumenta à
medida que escolhemos acreditar em vez de duvidar; perdoar em vez de
julgar; arrepender-nos em vez de nos rebelar. Nossa fé é refinada porque
confiamos pacientemente nos méritos, na misericórdia e na graça do
Santo Messias. 20

“Embora não seja um conhecimento perfeito”, disse o élder Neal A.


Maxwell, “a fé proporciona uma profunda confiança em Deus, cujo
conhecimento é perfeito!” 21 Mesmo em épocas turbulentas, a fé no
Senhor Jesus Cristo é resoluta e resiliente. Ela nos ajuda a filtrar
distrações sem importância. Ela nos encoraja a prosseguir no caminho
do convênio. A fé supera o desânimo e nos permite encarar o futuro
com determinação e confiança. Ela nos impele a pedir socorro e alívio
quando oramos ao Pai em nome de Seu Filho. E, quando as orações
parecem ficar sem resposta, nossa persistente fé em Jesus Cristo produz
paciência, humildade e a capacidade de proferir com reverência as
palavras: “Seja feita a tua vontade”. 22

O presidente Russell M. Nelson ensinou:

“Não precisamos deixar que os temores ocupem o lugar de nossa fé.


Podemos combater esses temores, fortalecendo nossa fé.

Comecem por seus filhos. (…) Façam com que sintam a fé que vocês
têm, mesmo quando enfrentarem dolorosas provações. Façam com que
sua fé se concentre em nosso amoroso Pai Celestial e em Seu Filho
Amado, o Senhor Jesus Cristo. (…) Ensinem a cada preciosa criança
que ela é uma filha de Deus, criada à imagem Dele, com propósito e
potencial sagrados. Cada uma nasce com desafios para superar e fé para
desenvolver”. 23

Recentemente, ouvi duas crianças de 4 anos de idade compartilharem


sua fé em Jesus Cristo ao responderem à pergunta: “Como Jesus Cristo
ajuda você?” A primeira criança disse: “Sei que Jesus me ama porque
Ele morreu por mim. Ele também ama os adultos”. A segunda criança
disse: “Ele me ajuda quando estou triste ou mal-humorado. Ele também
me ajuda quando estou afundando”.

Jesus declarou: “Portanto, todos aqueles que se arrependerem e vierem


a mim como criancinhas, eu os receberei, pois deles é o reino de
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Deus”. 24

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira, que deu o seu Filho
Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna.” 25

Recentemente, o presidente Nelson prometeu que “nosso medo


diminuirá e nossa fé aumentará” à medida que novamente nos
comprometermos a “verdadeiramente ouvir, escutar e obedecer às
palavras do Salvador”. 26

Irmãs e irmãos, nossas atuais circunstâncias desafiadoras não são nosso


destino eterno final. Como membros de A Igreja de Jesus Cristo dos
Santos dos Últimos Dias, tomamos sobre nós o nome de Jesus Cristo
por convênio. Temos fé em Seu poder redentor e esperança em Suas
grandes e preciosas promessas. Temos todos os motivos para nos
regozijar, pois nosso Senhor e Salvador está perfeitamente ciente de
nossos problemas, de nossas preocupações e de nossas tristezas. Assim
como Jesus estava com Seus discípulos na antiguidade, Ele está conosco
em nosso barco! Testifico que Ele deu Sua vida para que vocês e eu não
pereçamos. Que confiemos Nele, obedeçamos a Seus mandamentos e,
com fé, nós O ouçamos dizer: “Cala-te, aquieta-te”. 27 No sagrado e
santo nome de Jesus Cristo. Amém.
Notas
1. Marcos 4:1.

2. Marcos 4:1.

3. Marcos 4:35–36.

4. Marcos 4:37.

5. Marcos 4:38.

6. Mateus 8:25.

7. Mosias 3:8.

8. Marcos 4:39.

9. Marcos 4:40.

10. Lucas 8:25.

11. Doutrina e Convênios 121:1.

12. Ver Alma 32:27.

13. Mateus 11:28.

14. Éter 3:14.

15. Doutrina e Convênios 19:23.

16. 3 Néfi 18:11.

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17. João 13:34.

18. 3 Néfi 18:7.

19. João 16:33.

20. Ver 2 Néfi 2:8.

21. Neal A. Maxwell, “Para que não enfraqueçais, desfalecendo


em vossos ânimos”, A Liahona, julho de 1991, p. 101.

22. Lucas 11:2.

23. Russell M. Nelson, “Encarar o futuro com fé”, A Liahona,


maio de 2011, p. 34.

24. 3 Néfi 9:22.

25. João 3:16.

26. Russell M. Nelson, “Prosseguir com fé”, Liahona, maio de


2020, p. 114.

27. Marcos 4:39.

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