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Leitura

Introdução:

Certa vez, eu estava em um retiro de famílias de pastores quando um garoto


de 6 anos me disse que havia entrado no mar. Sabendo eu que o mar daquela região
era perigoso, perguntei para ele “como você entrou no mar? Não ficou com medo?”.
Então ele me respondeu “Sim, eu fiquei com medo. Mas o meu pai me disse que iria
comigo e, por isso, eu tive a coragem suficiente para entrar”.

Essa pequena história mostra uma relação muito importante que deve haver
entre ter um relacionamento com alguém e confiar nessa pessoa. Por vezes,
podemos ter um relacionamento com alguém, mas não confiarmos muito nela.

Inclusive, isso pode ocorrer com a nossa relação com Jesus.

A história que lemos mostra exatamente isto. Os discípulos já seguiam a


Jesus, mas ainda não confiavam plenamente nele. Eles ainda não reconheciam a
autoridade de Jesus o suficiente.

O nosso texto faz parte de uma seção maior no evangelho de Mateus onde o
evangelista organiza diversas histórias de feitos de Jesus que exibem a sua
autoridade. No capítulo 7:29, Mateus nos informou que as pessoas estavam
admiradas com a autoridade de Jesus. Jesus falava como o Messias, e não como
um mero professor. Agora, através dos seus milagres, o Senhor Jesus exibe esta
sua autoridade de diversas formas.

Primeiro, Jesus cura um leproso tocando nele, mostrando sua autoridade não
apenas sobre a doença, como sobre a Lei que proibia tocar num leproso.

Depois, vemos Jesus curando o servo de um centurião que reconheceu a sua


autoridade.

No nosso texto, temos mais um exemplo de como Jesus exibe autoridade. Só


que, agora, Jesus está com os seus discípulos no barco quando começa uma
tempestade. Neste momento, uma grande lição está prestes a ser aprendida pelos
seus discípulos.

A lição é que aqueles que seguem a Jesus precisam aprender a confiar na


sua autoridade.
Proposição: Nesta mensagem, eu gostaria de mostrar para vocês que aquele que
segue a Cristo precisam aprender a confiar na sua autoridade.

A história que lemos descreve este processo de pessoas que seguem a Cristo mas
não entendem a sua autoridade passando a confiar em sua autoridade.

I. OS DISCÍPULOS SEGUEM – “Então, entrando ele no barco, seus discípulos


o seguiram.”

A. Exposição
1. Meus irmão, no verso 23, somos informados que Jesus entra no
barco e seus discípulos o seguem. O verbo seguir é bastante comum
nos evangelhos. É aquilo que os discípulos devem fazer com o seu
mestre. Então, uma vez mais, os discípulos vão atrás de Jesus.
2. A título de curiosidade, deixe-me falar um pouco sobre o barco
em que Jesus entrou com os discípulos, para que você não pense que
ele entrou em um navio ou uma caravela.
a) “O barco tem 9 metros de comprimento, 2,5 metros de
largura e 1,25 metros de altura. Pode ter funcionado como uma
balsa, mas suas medidas também se adequam àquelas usadas
por antigos pescadores que utilizavam uma rede de arrasto,
lançada ao mar, conforme descrito em Mateus 13:47-48.”
(https://cafetorah.com/o-barco-de-jesus-ou-o-barco-da-galileia/)

3. É possível que Mateus, desde já, esteja nos chamando a


atenção para um certo reconhecimento dos discípulos da autoridade
de Jesus. Eles o seguem. Onde Jesus vai, seus discípulos vão atrás.
4. No entanto, logo veremos que este reconhecimento ainda
precisava ser refinado, ainda estava bastante limitado.
5. Portanto, a primeira parte da narrativa nos informa que os
discípulos tinham a intenção correta, de seguir a Jesus Cristo. Porém,
esta atitude ainda precisa ser trabalhada e refinada.
B. Aplicação
1. Todos nós estamos em posições diferentes em nossa
caminhada com Cristo. Alguns, já possuem uma ampla compreensão
de Jesus e, por isso, já sabem muito bem o que devem fazer.
2. Mas, outros, estão como os discípulos aqui no barco, ainda no
começo de sua caminhada com Jesus. Por isso, é natural que estes
precisem de mais instrução, lições na caminhada com Jesus.
3. Por isso, precisamos sempre nos enxergar como discípulos em
aprendizado. Seguimos a Cristo, mas precisamos continuar crescendo
no nosso conhecimento de Cristo.

Vemos portanto a primeira parte do processo onde os discípulos aprendem a


confiar na autoridade de Cristo. Vamos para a segunda parte.

II. OS DISCÍPULOS SUCUMBEM – “E eis que sobreveio no mar uma grande


tempestade, de sorte que o barco era varrido pelas ondas. Entretanto, Jesus dormia”

A. Exposição
1. O mar em questão aqui é o famoso mar da Galiléia. Se você der
uma breve pesquisada no youtube, poderá ver que, de fato, há
tempestades assustadoras naquele mar que, na verdade, é um grande
lago.
2. O texto nos diz que o barco estava sendo varrido pelas ondas. A
ideia é que as ondas já estavam ultrapassando a altura do barco e
enchendo a embarcação de água. Como os barcos tinham apenas em
torno de 1,25 m de altura, não seria necessário ondas muito altas para
isso. Então, os discípulos já estavam muito amedrontados.
3. Quando é dito que Jesus dormia, é que ele estava fazendo isto
no momento em que o barco começava a se encher de água.
4. Mateus aqui está nos chamando a atenção para este fato. Jesus
dormia enquanto uma tempestade acontecia e enquanto os seus
discípulos lutavam contra a tempestade. Este é um ponto central na
história. Jesus dorme enquanto a criação, tanto os homens quanto a
natureza, está agitada.
5. O fato de Jesus dormir aqui é decorrente de sua exaustão física.
Mas, além disso, vem de sua extrema confiança e despreocupação.
6. ILUSTRAÇÃO: É como um bebê que, depois de ser
devidamente amamentado, estando totalmente despreocupado,
repousa de forma exausta nos braços de sua mãe e não há barulho
capaz de acordá-la. Da mesma forma, Jesus aqui exibe uma espécie
de sono de bebê. Ele está exausto mas também totalmente
despreocupado, pois ele estava sob controle.
7. Aos olhos humanos, os discípulos deveriam estar com tudo sob
controle. Pois eles eram pescadores e experientes o suficiente para
lidar com o mar. No entanto, quem nós vemos aqui que está
despreocupado é Jesus, que não tinha experiência alguma como
pescador.
8. Portanto, Mateus nos mostra na segunda parte da narrativa, uma
grande ironia. Enquanto Jesus, que não entendia de barcos e
tempestades, dormia, os discípulos, pescadores experientes em
barcos e tempestade, sucumbem de medo.
B. Aplicação
1. É interessante como, muitas vezes, o que ocorreu com os
discípulos ocorre conosco também. Às vezes, nós achamos que somos
totalmente suficientes para lidar com os nossos desafios. Talvez, pelo
seu diploma, suas habilidades, sua inteligência; talvez pelo excesso de
informações que existem na internet, nós acabamos por achar que tudo
vai dar certo pois nós somos capazes.
2. ILUSTRAÇÃO: Minha conversa com o diretor do curso do meu
filho.
3. Muitas vezes, portanto, vamos aprender por meio de grandes
desafios que, no final das contas, nós não somos autoridade e, por
isso, nunca poderemos confiar plenamente em nós mesmos.

III. OS DISCÍPULOS CLAMAM

A. Exposição
1. Ao acordar, Jesus fala com seus discípulos os exortando de
forma relativamente dura.
2. Primeiro, ele diz que seus discípulos são tímidos. Timidez aqui
tem o sentido de alguém que tem muito medo. Em Apocalipse 21:8,
essa mesma palavra é traduzida por “covarde”. Assim, Jesus está
enfatizando o sentimento de medo dos discípulos.
3. No entanto, notem um importante detalhe. Jesus não diz “Por
que vocês estão com medo, visto que são pescadores e entendem do
assunto?”. Jesus não chama a atenção para a capacidade ou
habilidade deles. Em termos de habilidade, eles já tinham usado tudo
o que poderiam. O problema não era a falta de habilidade, mas sim a
falta de uma fé devida.
4. Jesus diz que eles tinham uma fé pequena. Isto significa que
eles não estavam sendo suficientemente confiantes na autoridade de
Deus sobre as suas vidas e sobre a natureza.
a) 6:31 Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que
comeremos? Que beberemos? Ou: Com que nos
vestiremos?
b) 6:32 Porque os gentios é que procuram todas estas
coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de
todas elas
5. Neste texto, Jesus havia ensinado aos seus discípulos que eles
deveriam confiar toda a sua vida a Deus. Por isso, não deveriam ficar
inquietos, pois Deus sempre saberia de suas necessidades.
6. Assim, ao chama-los de homens de pequena fé, Jesus está
dizendo que eles não estavam suficientemente confiantes no Senhor.
Eles ainda confiavam em sua própria autoridade, e não na de Jesus.
7. Jesus então repreende os ventos e o mar, e tudo
instantaneamente se acalma. Isto exibe todo o seu poder de Criador.
Ele é aquele que dorme quando o mar está agitado, pois ele pode ao
acordar, ordenar que o mar se acalme.
a) Ilustração: retiro fazendo barulho, então chega um líder
para pedir que se aquietem. Isso exibe autoridade. Você logo
obedece, porque não é outro acampante, mas alguém que tem
autoridade.
b) Jesus, da mesma forma, manda e a natureza obedece.
Pois Jesus tem autoridade.
8. Portanto, vemos aqui a raiz do problema dos discípulos naquele
momento. O problema maior deles não era a grandeza das ondas, mas
a pequenez de sua fé. Aqueles que seguem a Jesus precisam crer
exatamente em quem Ele é, e na autoridade que ele tem.

B. Aplicação
1. Por vezes, nós também encaramos a pequenez da nossa fé. Por
vezes, somos levados a perceber que lidar com os grandes desafios
não é uma questão de força, mas uma questão de fé. Não depende da
sua capacidade de acalmar as ondas, mas sim de confiam em quem
tem a autoridade sobre elas. Isto é fé.

Vimos até aqui a descrição do processo de aprendizado da confiança


na autoridade de Cristo.
Já vimos que os discípulos seguiam a Jesus, mas precisavam aprender
mais. Depois, vimos que eles sucumbem diante das ondas, enquanto
Jesus dormia.
Por fim, vimos que eles clamam a Jesus e percebem o seu real
problema, a pequenez de sua fé.
Agora vamos para a última parte do processo:

IV. OS DISCÍPULOS CONFIAM.

A. Exposição
1. Os discípulos ficaram extremamente admirados com aquele feito
de Jesus.
2. Notem que Mateus faz questão de dizer “maravilharam-se os
homens”. A ideia é fazer um claro contraste entre aquele que fez a
grande obra e aqueles que se maravilharam. Estes últimos eram
homens. Homens tem medo. Homens são frágeis. Homens não
controlam a natureza, mas Deus sim.
3. A pergunta dos discípulos “Quem é este?” revela este tipo de
percepção. Eles não estão diante de um mero homem, com autoridade
de homem. Eles estão diante de um homem com autoridade de Deus,
pois a natureza lhe obedece.
4. Portanto, neste momento, os discípulos aprendem uma precisa
lição: Jesus é aquele que tem autoridade sobre todas as coisas e, por
isso, ele é digno de nossa total fé e confiança.

Conclusão

1. Precisamos ter paciência uns com os outros em nossa caminhada com


Cristo, pois todos nós estamos em momentos distintos de nosso
aprendizado.
a. Assim como os discípulos já seguiam a Jesus mas precisavam
aprender, também ocorre conosco.
b. Precisamos entender que sempre vamos aprender algo a mais em
nossa caminhada com Jesus. Isto é reconhecer sua autoridade. Ele
é nosso mestre.
2. Certamente você é autoridade em alguma coisa, mas jamais coloque todas
as suas fichas nisso.
a. Por mais que sejamos autoridade, sempre haverá algo ou alguém
maior do que nós.
b. Por isso, precisamos sempre reconhecer nossa fraqueza e assim
confiar na autoridade de Cristo sobre nossas vidas.

3. Assim como Mateus mostra que os discípulos aprenderam com aquela


falha deles, nós também precisamos estar sempre atentos a como
podemos confiar mais em Cristo no meio das situações difíceis de nossas
vidas.

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