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APOSTILA DE NÓS E AMARRAÇÕES

APOSTILA DE NÓS E AMARRAÇÕES

NÓS E AMARRAÇÕES

Introdução

Esta apostila tem por finalidade ajudar o excursionista a confeccionar e memorizar


os nós e as amarrações, necessárias às suas atividade de rotina (montanhismo,
excursionismo, espeleologia e resgate de salvamentos) visando sua segurança e bom
desempenho.
As técnicas de confecção dos nós e amarrações aqui abordadas são as mais
seguras e práticas atualmente utilizadas no mundo inteiro por quem pratica este tipo de
atividade. Esta nota reveste-se de especial importância, pois a perfeita assimilação teórica
e prática destes nós e das amarrações, é indispensável aos excursionistas, nas mais
simples atividades, proporcionando lhe segurança e bom desempenho.
Portanto, a atenção, a dedicação e principalmente a paciência, são fatores básicos
para o perfeito aprendizado e utilização. Os excursionistas deverão sempre que possível,
relembrar e praticar os nós e amarrações, memorizando seus nomes e as situações em
que deverão ser empregados.
Cumpre-nos destacar que, esta apostila foi redigida, baseada na nota de instrução
de montanhismo do 11º Batalhão de Infantaria, Regimento Tiradentes, de São João Del
Rei - MG, que desde 1978, vem desenvolvendo as técnicas de operações militares em
áreas montanhosas; no manual do escalador, publicado por Luiz Carlos Guedes Freire de
Souza, experimentado montanhista e excursionista carioca, membro do Clube
Excursionista do RJ, na apostila de nós e amarrações do Clube Excursionista de Montes
Claros - CEMC, hoje Espeleogrupo Peter Lund, e nas informações técnicas do Manual de
Equipamentos e Acessórios da Petzl – 1998.

1.0. Glossários de termos

Cabo: Corda de diversos comprimentos e bitolas


(diâmetro da corda), utilizadas para várias
atividades como: segurança em escaladas, em
rapeis e em transposição de obstáculos, pode ser
de fibras vegetais, animais ou artificiais.

Cabo Solteiro: cabo com um comprimento de 3 a 6


metros, normalmente de 8 a 14 mm de diâmetro, que
serve todos os fins, sendo empregado principalmente na
segurança individual.
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Chicote: extremidade livre ou aparente do cabo.

Firme: todo o cabo, exceto o chicote.

Alça: volta ou curva em "u", formada por um cabo.

Anel: volta em que as partes do cabo se cruzam.

Cocas: pequenas voltas ocasionais que aparecem


em um cabo torções.

Coçar: é gastar o cabo por atrito.

Cochar (Socar): o mesmo que ajustar, apertar ou acochar o nó.

Descochar: o mesmo que afrouxar o nó.

Falcaça: amarração feita na extremidade de um cabo a fim de evitar que o mesmo


destorça ou desfie. Nos cabos de fibras sintéticas emprega-se o fogo, queimando a
extremidade do cabo.

Morder: prender por pressão, parte do cabo.

Safar: liberar o cabo quando o mesmo estiver preso.


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Permear: é dobrar o cabo dividindo ao meio.

Seio: parte central do cabo, devendo ser marcado


com fita adesiva.

Alcatroar: é o processo de conservação do cabo, utilizando-se do óleo de alcatrão.

Bitola: é o diâmetro do cabo (medido em milímetros ou polegadas).

Retinida: é um cabo fino utilizado para trabalhos


auxiliares (4 a 6 mm).

Volta Simples: volta semelhante a um anel, em torno


de um ponto, com o chicote se guindo a direção
oposta ao firme.

Volta Redonda: volta semelhante a uma volta simples sendo


que o chicote segue a mesma direção do
firme.

Estropo: ponto de amarração em torno de uma saliência de rocha ou de uma árvore, para
sustentar um cabo ou uma segurança.

Estropo com Nó de Porco Estropo com Nó com Nó Direito


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2.0. Definição de Nó e Laçada

Nó: é o entrelaçamento das partes de um ou mais cabos, formando uma massa uniforme.
Qualquer amarração ou ligação feita com um cabo, inclusive voltas, laçadas ou costuras.

Laçada: é a forma pela qual se prende, temporariamente, um cabo num ponto de


amarração, podendo ser desfeita facilmente.

3.0. Características de um Nó

 Serem de fácil e rápida confecção.


 Serem seguros, sem tendências a afrouxar-se, desajustar-se ou deslizar-se, quando
submetidos ou não a esforços de tração ou pressão.
 Serem de fácil soltura, não apresentando excessiva resistência para descochar após
terem sofrido fortes e prolongadas tensões.
 Permitirem a confecção de forma maleável, evitando o endurecimento do cabo.
 Serem de tamanho pequeno, para obter-se um menor consumo do cabo.

4.0. Classificação dos Nós

Os nós se classificam de acordo com o seu fim em:

 Nós na extremidade de um cabo.


 Nós de junção ou de emenda.
 Nós alceados.
 Nós de arremate.
 Nós de amarração.
 Nós autoblocantes.
 Nós especiais.

5.0. Emprego e confecção dos Nós

5.1. Nós na extremidade de um cabo

Nó Simples: empregado
para evitar que a
extremidade de um cabo
se desfie ou destorça ou
para formar outro nó.
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Nó Alemão: empregado
para evitar que a
extremidade de um cabo
se desfie ou destorça para
formar outro nó.

Nó de Frade: empregado
para evitar que a extremidade
de um cabo se desfie ou
destorça para formar outro nó
ou em cordas finas para
facilitar a empunhadura.

5.2. Nós de junção ou de emenda

Nó Direito: empregado com frequência para unir cabos, mesmo os de diâmetros


diferentes, deve ser controlado frequentemente e arrematado, já que tende a se afrouxar
quando não está submetido a um esforço. Estes nós apresentam certa dificuldade de
serem desfeito, especialmente quando tiverem sido submetidos a uma prolongada tração.

Nó de Escota (Tecelão): tem o mesmo emprego do nó direito, com a vantagem de ser


mais apropriado para unir cabos de diâmetros diferentes ou cabos que estejam molhados
ou escorregadios. Este nó pode ser desfeito com maior facilidade, pode ser simples ou
duplo, também deve ser arrematado.

Nó de Escota Simples
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Nó de Escota Duplo

Nó de Pescador: empregado para unir cabos de diâmetros iguais ou desiguais e cabos


molhados. Pode ser empregado também em arremates, pode ser simples ou duplo:

Nó de Pescador Simples

Nó de Pescador Duplo

Nó de Catau: empregado para diminuir o comprimento ou isolar um trecho coçado de um


cabo.

Nó de Catau com Arremate Direto Nó de Catau


com Arremate Direto (Tarugo)
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5.3. Nós Alceados

Nó de Azelha Simples: é um nó simples e seguro. Adicionalmente são empregados para


unir os cabos aos diversos tipos de assentos de escalada, mediante um mosquetão. sua
confecção é simples rápida, porém sua soltura pode se tornar difícil se tiver sido
submetidos a fortes esforços de tração ou o cabo estiver molhado.

Nó De Azelha em Oito: é um nó simples e seguro. Adicionalmente são empregados para


unir os cabos diversos tipos de assentos de escalada, mediante um mosquetão. Sua
confecção é simples e rápida, sua soltura é fácil mesmo molhado, sua resistência residual
é de 55%.

Nó de Azelha em Nove: é um nó simples e seguro. Adicionalmente são empregados para


unir os cabos aos diversos tipos de assentos de escalada, mediante um mosquetão. sua
confecção é simples e rápida, sua soltura é fácil mesmo molhados, sua resistência
residual é de 55%.

Nó Balso pelo Seio: empregado na segurança durante a transposição de obstáculos.


Quando não se utiliza o assento ou cinturão de escalada, é o nó mais aconselhável p/ o
chefe da cordada. Em escaladas, particularmente mais difíceis, é adotado por todos os
integrantes da cordada.
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Nó Borboleta: empregado para se fazer um anel não corrediço em um cabo (tensão em


cabos, segurança). Substitui a azelha com vantagem de poder ser desfeito com maior
facilidade, principalmente se colocarmos um pequeno tarugo de madeira entre as cordas,
antes de acocha-lo.

A. Faça um anel e de uma volta no anel para formar um


oito.

B. Leve o anel inferior para cima de maneira exposta na


figura ao lado (esquerdo). Antes de acochar o nó pode ser
colocado um tarugo acima do anel superior.

C. Passe por cima e através do outro anel (esquerdo).

Nó de guia (Lás de Guia): é um nó prático e seguro. Empregado pelos excursionistas


que devem se unir aos extremos de um cabo. Este nó pode ser desfeito facilmente,
mesmo depois de ter sido submetido a fortes tensões ou quando o cabo estiver molhado.
Este nó permite unir os integrantes de uma cordada sem necessidade de introduzir a
cabeça e os braços através dos anéis existentes no cabo.

5.4. Nós de Arremate

Nó Meio Cote e Cote: são empregados nos arremates principalmente quando estiverem
sendo utilizadas cordas traçadas.

Nó Meio Cote Nó Cote


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Nó de pescador simples e duplo (vide nós de junção ou emenda).

5.5. Nós de Amarrações

Nó Boca de Lobo: empregado para fixar um cabo num ponto de amarração, no centro ou
na extremidade. Há necessidade de ser arrematado.

Nó de Porco (de Barqueiro ou Volta do Fiel): empregado para prender um cabo no


ponto de amarração para amarrar feridos à maca, para prender o cabo ao mosquetão,
para integrar-se a uma cordada e auto assegurar-se. Seu uso é vantajoso em razão de
sua rápida confecção e a possibilidade de regular o comprimento do cabo sem desfazer o
nó.

Na extremidade do cabo:

A. Faça duas voltas envolvendo o ponto de maneira que


elas se cruzem sobre o mesmo.

B. O chicote deve ficar preso pela


segunda volta.

No centro do cabo:

A. Forme dois anéis no mesmo sentido e de lados


contrários da corda.

B. Coloque um sobre o outro e envolva o ponto de amarração.

No mosquetão (com uma única mão):


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Nó dinâmico (meio porco): empregado em rapel na falta do freio em oito ou mesmo para
travar a corda durante um tensionamento.

Volta Completa com Cote: empregado para fixar um cabo num ponto de amarração. É a
combinação da volta com um cote.

5.6. Nós Autoblocantes

Suas características principais surgem da facilidade para bloquear-se quando são


tracionados e deslizarem-se quando se elimina a tração. Normalmente são empregados
para facilitar as subidas, recuperação de pessoas, materiais e para tracionar cabos. Seu
máximo rendimento com relação à ação do bloqueio e deslizamento se obtém quando o
diâmetro do cabo que se utiliza para a confecção do nó é 1/3 menor que o do cabo
principal.

Nó Prússico: empregado comumente para fixar um anel de cabos ou um estribo a um


cabo fixo pela qual se deseja subir ou descer. É também de grande utilidade para tensões
em cabos.
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Nó Marshall: empregado com os mesmos fins do nó prússico, com a vantagem que é


bastante corrediço e pode ser descochado mais facilmente. O Nó de Marshall também
pode ser confeccionado sem o mosquetão, como mostra a figura abaixo.

A B

• Faça uma azelha.


• Enrole o cabo como mostra a figura "A".
• Ajuste as voltas e coloque o mosquetão como na figura "B".

Nó Manila: empregado com os mesmos fins dos nós


Prússico e Marshall. Caracteriza-se por sua segurança
e simplicidade. Para fazê-lo correr empunha se o
mosquetão empurrando e se necessário faz-se um
movimento de rotação com o mesmo.

Nó Espanhol: mesmo emprego do prússico, mais utilizado para tencionar cabos, de mais
fácil confecção.

Nó Polaco: mesmo emprego do prússico, também de maior facilidade para confecciona-


lo.
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5.7. Nós Especiais

Nó de Bloqueio: empregado para bloquear o cabo quando


utilizando um mosquetão (segurança em escaladas ou
desescaladas), Figura “A”.

Figura "A"

Figura “B”

Nó Dinâmico com Nó de Bloqueio: empregado para bloquear o cabo quando utilizando


um mosquetão (em escaladas ou desescaladas), Figura “B”.

Nó de Evasão: empregado para desescaladas, porém é um nó perigoso, devido a sua


confecção.

1. Faça duas alças sobre os cabos principais, depois puxe o cabo "B" por dentro das
alças, até que esta forme uma alça de aproximadamente duas chaves de mão (20 cm).
2. Puxe o cabo "A" até que o nó fique bem cochado.
3. O cabo que deve receber tensão é o "A" (cabo utilizado para o rapel).
4. Em segurança puxe o cabo "B", desfazendo o nó.
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6.0. Cuidados com os cabos

Obs.: Todos os cabos sejam de fibras vegetais ou sintéticas, quando atritadas tendem a
se romper. Quando colocadas no chão, a areia que penetra entre suas fibras, as
destroem durante a movimentação com o cabo. Outro inimigo dos cabos é a vida útil
destes, ou seja, os cabos após um longo tempo de utilização ficam enfraquecidos,
devendo ser trocados. Como demonstram as figuras “A, B e C” acima.

Como demonstra a figura "D" (ao


lado), colocar qualquer objeto entre
a parte do cabo em atrito com a
rocha ou qualquer outro obstáculo
natural.

Aqui algumas situações onde não se deve nunca usar o cabo, figura "E", e na figura "F"
(abaixo) uma das formas de se acondicionar um cabo.

A B
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Existem várias formas de enrolar um cabo, dentre elas: Meada, Coroa, Charuto, Alça
entre, conforme as figuras abaixo.

Meada Coroa

Charuto Alça

6.1. Beawdries

Além dos assentos tradicionais (Beawdries), como os da figura, existem também os


confeccionados com um cabo solteiro.

6.2. Assentos ou Cadeirinhas

Assento Americano
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Assento Inglês Assento Japonês

6.3. Equipamentos de Ferro

Equipamentos que nos auxiliam na confecção de alguns nós e amarrações, e que


utilizados com segurança e em combinação com os cabos podem nos oferecer grandes
aventuras.

Mosquetões Simples e de Rosca

Freios
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Oito Rack Stop Simple

Algumas formas de utilização de Mosquetões e Freios em Oito

Assessores

Poignee Croll

Roldanas

Equipamento utilizado para trabalhos auxiliares em conjunto com os cabos, utilizado caso
necessário levantar corpos pesados. Sua função é diminuir o esforço aplicado sobre o
cabo e (ou) mudar o sentido de força.
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Utilização de Roldanas
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