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Navegação
Rafael Campos
www.rafaelcampos.esp.br
Curso de orientação com mapa e bússola
ORIENTAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
2. INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO
a. A bússola
1) Cuidados com a bússola
2) Partes da bússola
3) Definindo um azimute com o uso da bússola
a) Como medir azimute entre dois pontos no terreno?
b) Como medir azimute entre dois pontos no mapa?
c) Correção da declinação magnética na bússola
b. O mapa
1) Paralelos e meridianos
2) Projeção
3) Grid UTM
4) Declinação magnética – definição e cálculo
5) Convergência de meridianos
6) Escalas
7) Curva de nível
8) Simbologia
9) Cuidados na interpretação da simbologia
10) Medindo distância no mapa
c. Orientando o mapa
3. Preparo do mapa
1. INTRODUÇÃO
“Navegar é preciso”
Quem de nós nunca ouviu esta frase? A nós, navegadores, é preciso encará-la
em dois sentidos. O primeiro deles é o “preciso” sinônimo de “necessário”, que é a
forma que a maioria das pessoas interpreta. E realmente é necessário navegar, senão
não chegamos a lugar nenhum. Em corridas de aventura eu diria que é fundamental.
De nada adianta uma equipe formada por atletas extremamente fortes, se não houver
uma sábia navegação. Encarada como uma das modalidades, a navegação talvez se
não for a mais importante, é um dos fatores que pode definir o sucesso e uma boa
performance de uma equipe.
Talvez a navegação, juntamente com outros fatores como planejamento e
estratégia, seja um dos motivos que tornam esta competição fascinante e tão atraente
para os mais diversos tipos de pessoas.
Mais para frente, veremos o outro sinônimo para esta conhecida frase: “preciso”
sinônimo de “exato”. Ou seja, navegar com precisão, com exatidão.
2. INSTRUMENTOS DE NAVEGAÇÃO
cuidado para fazer uso dele. É necessário aferir o altímetro sempre antes de
se largar para uma situação em que for ser utilizado.
GPS – (Global Position Sistem): aparelho eletrônico que nos dá a localização
utilizando-s de sinais de satélite. Pode fornecer informações como altitude,
bússola, velocidade de deslocamento, localização exata... O uso de GPS em
corridas de aventura é na grande maioria proibido. Em algumas
competições, as equipes devem levar um GPS lacrado, e que só pode ser
aberto em caso de emergência. Neste casos, a equipe que fez uso dele é
automaticamente desclassificada.
a. A BÚSSOLA
2) Partes da bússola
b) A seguir, gira-se o limbo até a agulha estar perfeitamente alinhada dentro do portão.
c) Fazer a leitura do azimute, indicado pelo valor marcado no limbo graduado que
coincide com a linha de fé.
O valor da declinação é marcado na margem do mapa, com valor positivo para Leste
(E) ou negativo para Oeste (W)
A maneira mais fácil de se trabalhar com a declinação magnética é utilizar uma bússola
com correção da declinação,
Esta bússola tem uma seta guia ajustável; que pode ser girada dento da cápsula. Se
tivermos uma declinação magnética negativa (por exemplo – 18º ou 18º W) devemos
girar a seta guia para a esquerda. Assim estaremos ajustando apenas a seta guia sem
mexer no disco de leitura.
Caso não se possua uma bússola com correção de declinação, após definido o azimute
no mapa, quando formos localizar a direção no terreno, devemos somar ou subtrair a
declinação, da seguinte forma:
Exemplo:
Suponhamos que a declinação magnética em Osasco é de -18º (ou 18º W), e
definimos o azimute entre dois pontos quaisquer no mapa da região, cujo valor é de
60º. O valor a se colocar na bússola e então a se seguir é de 60º + 18º = 78º
b. O Mapa
Nas corridas de aventura, os mapas utilizados com maior freqüência são os em escala
1:50000. Mas já ocorreram casos de outras escalas terem sido utilizadas, como
1:25000 ou 1:100.000. Em sua maioria, os mapas brasileiros utilizados para corridas de
aventura foram confeccionados pelo IBGE. A sua edição aconteceu na maioria entre os
anos de 1970 e 1984, o que faz com que muitos estejam desatualizados hoje em dia.
1) Paralelos e meridianos
Por exemplo: suponhamos um ponto que esteja na coordenada: 04º 16’ 50'' S – 28º 13’
24” E, quer dizer que sua localização está a:
2) Projeção
Exemplos de projeção:
- UTM: Universal Transversa de Mercator;
- Projeção Interrompida Homolosina de Goode (que produz um mapa pouco deformado
mas com recortes),
- Projeção Robinson (que produz um mapa bastante deformado nas altas latitudes mas
sem recortes).
A projeção que se aplica à maioria dos mapas topográficos que usamos foi a UTM, que
para a região brasileira implica em imperceptíveis distorções e que possui um grid
associado conveniente.
3) Grid UTM
Na maioria das corridas de aventura, as posições dos PCs e Ats são plotados
nos mapas. Mas também pode acontecer de serem fornecidas as coordenadas UTM,
sendo necessário ao atleta achar tais pontos no maoa. O navegador que possui mais
experiência em trabalhar com as coordenadas, poderá começar a ganhar tempo já
neste momento.
4) Declinação magnética
Esta diferença varia de um lugar para outro no planeta, e também varia com o
passar dos anos. Assim, a declinação magnética hoje em São Paulo, é diferente da
declinação magnética de 3 anos atrás, que também é diferente da declinação de
Brasília, de Paris ou de qualquer parte do mundo.
A declinação nunca deve ser desconsiderada, pois pode nos levar a uma navegação
imprecisa.
5) Convergência de meridianos
O grid UTM não é alinhado de forma exata aos meridianos e paralelos; para
perceber isto, é só ver como não corre paralelo às laterais do mapa. A conseqüência
maior desta propriedade do sistema UTM para nós é que as linhas UTM não apontam
exatamente para o norte. A convergência meridiana indica o quando estão deslocados
para leste ou oeste do norte verdadeiro. No mapa, a convergência está marcada no
mesmo diagrama que a declinação, e é indicada pelo ângulo entro o Norte Geográfico e
o Norte de quadricula (Indicado por NQ). No diagrama, a declinação magnética é
aproximadamente 14 graus a Oeste, e a convergência meridiana, quase 1 grau a Leste.
Em geral, a convergência é muito pequena e pode ser ignorada; Ela
normalmente é menor do que um grau. No entanto, nas bordas de cada zona e banda
UTM, a convergência tende a crescer, e pode colocar suas leituras um pouco fora da
realidade.
6) Escala
A escala é a relação existente entre o mundo real e a representação que está no
mapa. Ela pode ser expressa de forma numérica (Ex 1:10000) ou gráfica.
As escalas independem da unidade, o que significa dizer que uma mesma escala
pode ser utilizada com metros, quilômetros, polegadas, jardas, milhas... A mais utilizada
para corridas de aventura é a escala 1:50000, o que quer dizer que cada 1 unidade
qualquer no mapa correspondem a 50000 unidades no terreno.
Por exemplo: 1 cm no mapa correspondem 50000 centímetros no terreno que equivale
a 500 metros. Nos mapas 1:50000, normalmente as quadriculas distam 4cm uma da
outra, o que corresponde então a 2 km no terreno.
7) Curvas de nível
A leitura das curvas de nível é algo que realmente deve ser aprendido de forma
prática, observando o mapa e entendendo o relevo. A habilidade de transpor o que está
descrito nas curvas de nível para acidentes geográficos é muito importante. Por isso,
treine sua habilidade observando montanhas conhecidas e comparando-as com as
curvas no mapa. Com a prática, vai ficando mais fácil
8) Simbologia
Na ausência deste aparelho, a distância pode ser medida com o uso de um barbante,
ou fio de cobre ou ainda fio-dental. Com um destes instrumentos, faça uma marcação
em uma das extremidades e coloque então o fio sobre o trajeto pretendido, até uma
referência qualquer (pode ser entre duas bifurcações). Depois, estenda o fio sobre uma
régua, meça o valor em centímetros e de acordo com a escala, converta para metros ou
quilômetros.
c. Orientando o mapa
Orientar o mapa significa posicioná-lo exatamente da mesma forma em que os
elementos da carta estão no terreno. Desta forma você poderá comparar cada um dos
detalhes existente nele com o “mundo real” que estará vendo a sua volta. A melhor
forma de interpretar um mapa é sempre posicionando-o na mesma direção do seu
deslocamento.
Quando temos boa referências ao nosso redor é fácil de fazer isto: eu seleciono uns
três pontos notáveis (pico de morro, antena, construção, rio, bifurcação...) e coloco o
mapa posicionado conforme estas referências.
Orientar o mapa desta forma é possível quando estamos em áreas que temos
uma grande visibilidade ao nosso redor e que também possuem pontos notáveis.
Entretanto, existirão algumas situações que não conseguiremos fazer isto somente
observando o terreno, ou por falta de referências confiáveis ou por incerteza do ponto
exato que estamos. Então, teremos de fazer uso da bússola para orientar o mapa.
Neste momento, não podemos nos esquecer de considerar a declinação magnética.
Existem duas opções para orientarmos o mapa: corrigindo a declinação na bússola ou
declinando o mapa.
Declinando o mapa
Com o uso de um transferidor ou da própria bússola, você deverá traçar linhas
no mapa que corresponderão ao norte magnético. O ângulo entre estas linhas a
serem traçadas e os das quadrículas N-S corresponderão ao valor da declinação
magnética
20º W
Com o limbo graduado marcando zero (ou 360º), alinhe a base da bússola com o
traço feito por você no mapa (correspondente ao norte magnético), de tal forma
que a parte mais longa da base da bússola esteja apontando para o Norte do
mapa
Gire o mapa e a bússola juntos até que o norte da agulha magnética esteja sobre
a seta guia (portão).
Pronto, seu mapa está orientado.
3. PREPARO DO MAPA
No período que transcorre entre a entrega dos mapas e a largada, muita coisa
precisa ser feita com os mesmos para estarem preparados para serem usados
convenientemente durante a corrida. As duas mais importantes são marcar os mapas, e
plastificá-los. O Navegador deve possuir um kit de canetas e marca-texto para trabalhar
o mapa neste momento que antecede a largada. Também deverá possui papel
“contact” para plastifica-lo mapa. Um porta-mapa também ajuda a preservar o mapa, o
que é bastante recomendado.
Juntamente com as coordenadas UTM, é fornecido uma referência para o PC ou
AT, e às vezes algum detalhe pelo caminho. Para deixar estes pontos claros ilumine-os
com a caneta marca-texto ou coloque algum tipo de lembrete próximo a ele. Se há PC
virtual, escreva a pergunta e cole-a no mapa também, para que você não se esqueça.
Tente evitar tampar partes importantes do mapa, como outros nomes ou altitudes.
Ter o mapa bem preparado antes da corrida é fundamental para que se consiga
chegar ao seu objetivo.
Após recebermos o mapa, é necessário otimizar a sua preparação, pois muitas vezes o
tempo para prepara-lo é escasso.
o Una as diversas folhas que formam o mapa. Nas provas mais curtas,
normalmente não são mais de 3 folhas. Entretanto, é normal nas provas maiores
existirem diversas folhas. Escolha um tamanho de mapa final razoável, e cole os
mapas relevantes para que fiquem contínuos.
o Plote os PCs (Postos de controle) e ATs (áreas de transição) definidos
pela organização. Para isso faça uso de uma boa régua, e use uma caneta ou
lapiseira de ponta fina para escrever com precisão.
o Procure os caminho existentes entre os pontos.
o Marque os nomes das referências dos pontos no mapa;
o Meça as distâncias aproximadas entre os pontos, estime os tempos, e
indique em algum lugar do mapa a quilometragem e o tempo normal para fazer
o percurso. Avise ao seu apoio as horas que você espera demorar entre os ATs.
o Encape bem o mapa com “Contact”
Escolha de caminhos
Pronto, tudo de burocrático foi cumprido. Falta agora aproveitar todo este preparo e
usar na hora apropriada.
Observe os rios
Os rios são informações importantes para a orientação. Um rio está quase sempre
cercado de vegetação densa e marcante. É fácil de achá-lo. Olhe no seu mapa: onde
estão os rios da região por onde passará? Em que rumo seguem? Em qual sentido a
água corre? Onde cruzaremos o primeiro rio?
O rio por si só pode ser o suficiente para localizar-se. Use o sentido da corrente: o rio
sempre desce o relevo. Você está do lado certo do rio?
Cuidados Noturnos
Navegar à noite já é mais complicado, somado-se ao sono, acaba sendo uma das
tarefas mais difíceis. Cuidado. É o momento que se erra mais quando comparado o
dia.: é normal. Neste momento, é necessário confiar-se mais na bússola. O relevo fica
mais difícil (se não impossível de visualizar) e você precisará mais senti-lo do que vê-lo.
Tome muito cuidado para apontar a frente da bússola no sentido no qual você vai.
Tente segurar a bússola de forma a desviar o mínimo possível do seu caminho.
Lembre-se: a frente da bússola tem que apontar para onde você vai.
Quando não se possui uma bússola com que corrige a declinação, quando fazemos
então a conta mentalmente, pode acontecer de nos confundirmos na hora de somar ou
subtrair.
Cuidado com as vias marcadas no mapa! A trilha tem de seguir o sentido geral do que o
mapa indica, e tem que contornar o relevo e rios da forma indicada, mas nada impede
que seu sentido em um dado instante não seja exatamente como o indicado no mapa.
Se o seu caminho passar por algum trecho cultivado, muito cuidado. Confie na sua
bússola e fique atento ao rumo que você deve seguir. Os caminhos dentro de
plantações mudam com muita freqüência.
Use tudo à sua volta com certa freqüência para certificar-se de onde está: relevo, rios,
vegetação... para manter-se localizado.Procure confirmações de que a via vai para o
lugar certo!
Normalmente, seguir junto com outra equipe é muito bom: dá um conforto extra e ajuda
a reduzir o nervosismo que corre na equipe. No entanto, é muito perigoso para o
navegador, porque ele tende a se descuidar e acreditar menos na sua própria
habilidade, e mais na dos outros.
Seguir por muito tempo com muito sono tem um efeito alucinógeno, que varia de
pessoa para pessoa, mas que é inevitável a longo prazo. Haverá um momento em que
o navegador não consegue raciocinar com nada. Neste momento vale a pena parar
comer e dormir um pouco.
Rafael R Campos