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1ª Promotoria de Justiça Cível de Barra do Garças

Cidadania – Consumidor – Meio Ambiente – CEJUSC

SIMP nº 003274-005/2015
INQUÉRITO CIVIL
OBJETO: Apurar possível dano ambiental em área pertencente à Prefeitura Municipal de
Araguaiana, localizada nas proximidades do Rio Araguaia.

ARQUIVAMENTO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR PROCURADOR GERAL DE JUSTIÇA:

EGRÉGIO CONSELHO SUPERIOR DO MINISTÉRIO PÚBLICO:

DOUTOS CONSELHEIROS:

Trata-se de Inquérito Civil instaurado para apurar denúncia anônima


registrada perante a Ouvidoria do MP-MT, noticiando que uma área pertencente à Prefeitura
Municipal de Araguaiana, localizada nas proximidades do Rio Araguaia, local onde existem
nascentes, estava sendo alvo de degradação ambiental em virtude do uso para depósito de
lixo e ocupação habitacional desorganizada e ilegal.

Realizada vistoria in loco pela SEMA, sobreveio o Relatório Técnico


nº162/DUDBARRA/SUADD/SEMA/2018, apontando que a área não mais abriga ocupação
habitacional irregular e nem serve como depósito de lixo, tendo havido o nivelamento do
terreno e a instalação de cercas, fomentando-se a regeneração natural do espaço. Ainda
assim, constatou-se, na época, dano ambiental remanescente em área de preservação
permanente, com necessidade de reparação, dimensionada em 0,56 hectare.

Por fim, o município de Araguaiana apresentou informações


complementares, anunciando que a área segue preservada e sem qualquer ocupação
irregular, bem como que não há dano ambiental ainda persistente que exija reparação.

É o breve relatório.

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De início, cumpre observar que o presente expediente extrajudicial


tem por objeto específica e exclusivamente apurar a veracidade de denúncia anônima que
anunciou possível dano ambiental em área de preservação permanente pertencente ao
Município de Araguaiana-MT, situado nas proximidades do Rio Araguaia, em local onde
existem nascentes e que estaria sendo alvo de degradação pelo uso irregular para depósito
de lixo e por ocupação habitacional desorganizada e ilegal.

Contudo, desde o ano de 2018 houve a constatação, pela SEMA, em


vistoria realizada in loco, de que não havia lixo ou construções na área, que seguia limpa e
em estado avançado de regeneração.

Neste sentido, o Relatório Técnico nº162/DUDBARRA/SUADD/SEMA/


2018 expressamente consignou:

Ainda, a equipe da SEMA elaborou, na ocasião, dinâmica de


desmatamento para o imóvel, utilizando o SIG AreGIS 10.1 e imagens do Satélite Landsat e
do Satélite Sentinel II, constatando que no período de 23/06/2001 a 26/06/2002 a
vegetação protetora das nascentes existentes naquela área foi suprimida, gerando um
passivo ambiental de 1,22 hectares de APP degradada, o qual persistiu até 20/07/2008.

Ainda, verificou-se que entre 20/07/2008 e 17/02/2016 houve o


restabelecimento dos indivíduos vegetais localizados aos fundos das nascentes, restando
uma APPD de 0,56 hectares, perímetro este que seguia em processo de regeneração
natural, com a presença de espécies pioneiras competindo com gramíneas invasoras,
sugerindo o órgão ambiental, então, providências voltadas ao favorecimento de plântulas
recrutas e ao enriquecimento de indivíduos, assemelhando-se aos maciços vegetacionais
remanescentes próximos.

Passados mais de quatro anos, solicitou-se nova vistoria à SEMA,


com a finalidade de averiguar se a APPD de 0,56 hectares antes delimitada ainda persiste ou
se houve a regeneração da área por completo, prescindindo-se de ações complementares.

Contudo, o órgão ambiental seguiu inerte.

Lado outro, foram solicitadas informações ao Município de


Araguaiana-MT, que noticiou a permanência da área sem utilização para fins outros que não
a mera preservação ambiental, bem como assinalou que as condições atuais são de total
reparação ambiental, inexistindo degradação sobressalente a ser sanada.

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Neste sentido, destaca-se:

Em levantamento fotográfico realizado no local em análise,


efetivamente não mais se vislumbra a renitência de ações danosas ao meio ambiente por
parte do Município de Araguaiana ou de terceiros, o que cessou desde o ano de 2016, ou
seja, há mais de 6 (seis) anos, bem como não se constata área com degradação ambiental
persistente a ser ainda regenerada.

Ilustrando, seguem imagens:

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Por conseguinte, a míngua de informações outras que indiquem


persistência de área de preservação permanente degradada e tendo em conta a
documentação de dados no sentido de que houve a regeneração completa do terreno,
processo este que vem se concretizando paulatinamente ao longo de mais de 6 (seis) anos,
bem como sendo certa a ação do município de Araguaiana na manutenção do isolamento do
terreno e na fiscalização para que siga preservado, conclui-se como regularizada a questão
sob análise, por meio da atuação da Administração Pública daquela urbe.

Assim sendo, sucintamente, não se vislumbra a necessidade de


prosseguimento do presente inquérito civil, isto porque as irregularidades ambientais
inicialmente descritas não mais subsistem, dada a atuação proativa da Prefeitura Municipal
de Araguaiana, que cercou a área, retirou as pessoas e as construções que lá se assentaram
antes do ano de 2016, removeu o lixo preteritamente depositado, aterrou as valas e nivelou
o terreno, além de garantir a regeneração da vegetação.

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Logo, em face de todos os argumentos expostos, tem-se o


descabimento e a desnecessidade de novas providências complementares, já que
suficientemente afastadas as supostas irregularidades noticiadas, com solução administrativa
dos possíveis danos ambientais na área em análise.

Desta feita, sem prejuízo de ulterior atuação complementar, emerge


a conclusão inquestionável de que não persiste, no caso em tela, justa causa a ensejar a
manutenção deste inquérito civil público ou até mesmo a propositura de eventual ação civil
pública no caso em sopesamento, sendo recomendável o arquivamento deste expediente.

Por conseguinte, com fundamento no artigo 52, inciso III, da


Resolução nº 52/2018 do CSMP/MT, PROMOVE-SE o ARQUIVAMENTO do presente inquérito
civil, submetendo-o, por imperiosa necessidade, à apreciação e homologação administrativa
do egrégio Conselho Superior do Ministério Público do Estado de Mato Grosso.

Após o transcurso do prazo de 10 (dez) dias, sem a interposição de


recurso inominado, com a observância do disposto no artigo 52 e seguintes da Resolução nº
52/2018 do CSMP/MT, encaminhe-se os autos ao egrégio Conselho Superior do Ministério
Público, no prazo 3 (três) dias contados da juntada da certidão de cientificação de eventuais
interessados.

Barra do Garças, 5 de setembro de 2022.

Nathalia Carol Manzano Magnani


Promotora de Justiça

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