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Equoterapia

De acordo com a definição da ANDE-BRASIL (Associação Nacional de


Equoterapia), a equoterapia “é um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de
uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde, educação e equitação, buscando o
desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiência e/ou com necessidades
especiais”. O cavalo é utilizado como agente promotor de ganhos a níveis físicos e
psíquicos. Nesta atividade, vários grupos musculares são exigidos, contribuindo assim,
para o fortalecimento muscular, conscientização do próprio corpo, coordenação motora
e equilíbrio. Além disso, a interação com o cavalo proporciona novas formas de
socialização, autoconfiança e autoestima.

A ANDE-BRASIL classifica a equoterapia em quatro programas básicos, que


são:

- HIPOTERAPIA

Programa essencialmente da área de saúde, voltado para as pessoas com deficiência


física e/ou mental; é chamado em várias partes do mundo de hipoterapia; a ANDE-
BRASIL também adota tal nome para este programa da Equoterapia.

Neste caso o praticante não tem condições físicas e/ou mentais para se manter sozinho
a cavalo. Portanto, não pratica equitação. Necessita de um auxiliar-guia para conduzir
o cavalo. Na maioria dos casos, também do auxiliar lateral para mantê-lo montado,
dando-lhe segurança. A ênfase das ações é dos profissionais da área de saúde,
precisando, portanto, de um terapeuta ou mediador, a pé ou montado, para a execução
dos exercícios programados. O cavalo é usado principalmente como instrumento
cinesioterapêutico.
- EDUCAÇÃO/REEDUCAÇÃO

Este programa pode ser aplicado tanto na área de saúde quanto na de


educação/reeducação.

Neste caso o praticante tem condições de exercer alguma atuação sobre o cavalo e pode
até conduzi-lo, dependendo em menor grau do auxiliar-guia e do auxiliar lateral. A ação
dos profissionais de equitação tem mais intensidade, embora os exercícios devam ser
programados por toda a equipe, segundo os objetivos a serem alcançados. O cavalo
continua propiciando benefícios pelo seu movimento tridimensional e multidirecional e
o praticante passa a interagir com o animal e o meio com intensidade. Ainda não pratica
equitação e/ou hipismo. O cavalo atua como instrumento pedagógico.

- PRÉ-ESPORTIVO

Também pode ser aplicado nas áreas de saúde ou educativa.

O praticante tem boas condições para atuar e conduzir o cavalo e embora não pratique
equitação, pode participar de pequenos exercícios específicos de hipismo, programados
pela equipe. A ação do profissional de equitação é mais intensa, necessitando, contudo,
da orientação dos profissionais das áreas de saúde e educação. O praticante exerce maior
influência sobre o cavalo. O cavalo é utilizado principalmente como instrumento de
inserção social.

- PRÁTICA ESPORTIVA PARAEQUESTRE

Após o Programa Pré-esportivo, que já tem um sentido de inserção social, abre o


caminho para o PROGRAMA PRATICA ESPORTIVA PARAEQUESTRE.

Este programa tem como finalidade preparar a pessoa com deficiência para competições
paraequestres com os seguintes objetivos:
• Prazer pelo esporte enquanto estimulador de efeitos terapêuticos;
• Melhoria da auto-estima, autoconfiança e da qualidade de vida;
• Inserção social;
• Preparar atletas de alta performance.

Este programa abre caminho para competições paraequestres.

Em nossa abordagem, buscamos ampliar a abrangência dos conceitos técnicos


explorando ao máximo o que o cavalo pode nos entregar. Por se tratar de terapia
assistida com equinos, devemos entender em primeiro lugar absolutamente tudo em
relação aos cavalos. Buscamos o máximo da preservação de seus instintos naturais e do
seu bem-estar. Assim, o cavalo pode transmitir estímulos ainda mais eficientes para o
praticante.

Ainda segundo Vinícius Moreira, “a arte da equitação e do horsemanship está a


ser desenvolvida a milhares de anos, em diversas culturas e de diversas maneiras e
contextos ao longo da existência do ser humano. Portanto, nada é tão novo que esteja
sendo inventado agora, nada que pensemos ser invenção ou ideia própria já não foi
pensado e aplicado por alguém. Quando a parte técnica, mecânica, física e biológica
forem compreendidas e já estiverem bem desenvolvidas do ponto de vista do nosso
aprendizado em relação a como os cavalos funcionam, e só realmente quando esta etapa
estiver bem desenvolvida, o que nos tornará diferentes é o quanto da sensibilidade,
percepção, autocontrole e experiências vividas e refletidas conseguiremos aplicar em
estado de arte na interação com os cavalos, com as pessoas que os cercam e consigo
mesmo.”
Quando nos referimos ao uso do movimento tridimensional do cavalo para ganho
cognitivo-motor, obrigatoriamente, estamos falando da biomecânica do animal, e por
consequência, é impossível não mencionar conceitos de equitação.

Existem inúmeras escolas de equitação no mundo, com princípios, métodos,


técnicas e filosofias diferentes. Cada uma surge a partir do contexto em que está
inserida. Porém, ao estudar algumas delas, percebemos que a maioria almeja chegar no
mesmo lugar, no mesmo cavalo, um cavalo equilibrado, disponível e leve nas ajudas.

Para chegar nesse cavalo, é fundamental entender como funciona a mecânica do


movimento do cavalo e como utilizá-la a nosso favor para facilitar o aprendizado e
melhorar a movimentação dos nossos cavalos. Nesse processo de interação, o
sentimento e o timing certos geram equilíbrio e suavidade no movimento. Movimento
suave gera interação suave.

É importante que o vínculo com o seu cavalo seja criado a partir de trabalhos
realizados ainda do chão. No momento em que o cavalo, em liberdade, decide estar com
você e responder aos seus comandos, é quando o vínculo e a confiança se estabelecem.
Confiança pode ser conquistada com delicadeza e sutileza. Quando montamos, podemos
sentir a mesma conexão. O cavalo não é uma máquina, ele é nosso parceiro, e a partir
do momento que ele se entrega e confia em nós, passamos a ter responsabilidade para
com essa conexão, para com o cavalo. Não podemos colocar ele em situações difíceis
que possam fazer com que ele perca essa confiança.

Ao entendermos a biomecânica do cavalo, conseguiremos nos comunicar de


forma assertiva e suave, com boa intenção e ampla bagagem técnica chegaremos em um
cavalo altamente confiável e que é capaz de manter seu formato, ritmo e equilíbrio sem
que o cavaleiro tenha que interferir e usar as ajudas para dar apoio ao cavalo. Ou seja, é
a capacidade do cavalo de se carregar sozinho. Uma vez que ele sabe e entende este
processo, em sequência, consegue carregar a pessoa que está em cima com mais
facilidade, pois sabe usar o próprio corpo e se ajustar melhor ao trabalho proposto,
aumentando a eficiência e eficácia dos estímulos gerados.

É um processo longo e demorado, porém se mantermos a constância, progressão,


suavidade e a assertividade, temos a certeza de estar no caminho certo, logo, concluímos
que: não há equoterapia eficiente, sem equitação eficiente.

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