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HISTÓRIA DA PSICOLOGIA MODERNA

HARLEY PACHECO DE SOUSA

SÃO PAULO

2013

No ano passado (2012) comemoramos 50 anos da regulamentação da


psicologia no Brasil, essa regulamentação certamente mereceu
comemorações; comemorar significa trazer a reflexão suas raízes, estado atual
e anseios, por essa razão brevemente tentaremos traçar um panorama da
história dessa disciplina.

História da psicologia ou História do pensamento psicológico são nomes de


uma entre as disciplinas mais importantes do curso de psicologia, pois é a
partir desta narrativa que os alunos definirão sua visão de mundo e sujeito em
nível filosófico.

No presente texto faremos uma leitura em nível psicológico, mas devemos


alertá-lo que antes da fundação “formal” da psicologia seus questionamentos,
embora de outros modos e com outros objetivos, já eram feitos por filósofos. A
psicologia é um saber oriundo da filosofia e carrega essa influência até hoje, na
verdade, a presença da filosofia na psicologia é um entre os mais importantes
saberes que nós devemos conhecer minimamente a fim de ter compreensão
mais apurada dos fenômenos psicológicos.

A filosofia tem sua importância reconhecida pelos profissionais da psicologia,


mas praticamente é erroneamente renegada e esquecida, portanto, para
apontarmos o por qual razão é necessário o conhecimento delimitado desses
saberes e suas convergências, faremos um breve ensaio acerca da psicologia
moderna. Sendo assim, não daremos o foco necessário aos saberes
filosóficos, mas espera-se por meio deste texto fomentar estudos mais
profundos e inserir o leitor em um processo de reflexão.

Antes de começarmos a explorar o panorama histórico da psicologia é


interessante que argumentemos acerca da visão de mundo e sujeito de cada
um nós. Visão de mundo é como acreditamos que o mundo funciona e
obviamente é assim para sujeito. Quando chegarmos as considerações finais
desse texto sugerimos que façamos as perguntas: como o mundo funciona?
Como o homem funciona? E a partir das respostas que obtivermos destes
questionamentos poderemos estabelecer em qual teoria nossa visão de mundo
e sujeito se enquadra. A psicologia como conhecemos hoje é divida entre
vários ramificações e referenciais teóricos, isso levanta uma problemática
conhecida e recorrente, não há unanimidade e uniformidade nas atividades
práticas, referenciais teóricos e menos ainda em atividades interventivas,mas o
que ressaltamos é que cada uma desses termos é fundamentado por uma
visão de mundo e sujeito bem definida e limitada.
A psicologia diferentemente do que se imagina não começou com Freud ou
Wundt, mas antes deles eram os fisiologistas que tratavam dos fenômenos que
chamamos de psicológicos, porém, os créditos são dados a Wundt porque
diferentemente dos fisiologistas eles defendeu a instituição da psicologia.
Wundt foi o primeiro a estudar em vias de fato a psicologia, foi ele quem
estabeleceu o que chamamos de experimental, sua doutrina estuda a
percepção consciente que é conhecida como estruturalismo, essa doutrina
durou de mais ou menos 1870 a 1925 e teve duas figuras importantes, primeiro
Wundt por inaugurá-la e posteriormente Titchener, aluno de Wundt, foi
Titchener quem disseminou a psicologia.
Simultaneamente por volta dos anos 1900 emergiram as escolas funcionalistas
de Dewey e a psicanálise Freudiana. Dewey acreditava na proposta dos
funcionalistas de estimulo e resposta, defendia a introspecção de Wundt e
defendia que a psicologia deveria se ocupar de oferecer respostas práticas as
vidas das pessoas. Ele acreditava nos métodos experimentais, porém incluiu o
método comparativo. O funcionalismo diferiu do estruturalismo na medida em
que Dewey argumentava que experiência não é redutível quer para os dados
dos sentidos ou do conhecimento, a compreensão desta como algo puramente
externa ou interna.

A psicanálise propunha o estudo das dinâmicas psíquicas e das instâncias que


formam a vida psíquica humana. Freud desenvolveu duas tópicas e propôs a
existência de instâncias mentais e os estudos dessas instâncias persistem até
a atualidade, mas não de modo hegemônico.

Por volta de 1915 emergiram duas linhas psicológicas; Gestalt e


Comportamental, a primeira estudando a percepção e a segunda o
comportamento humano em interação ao ambiente. Vejamos que essas duas
linhas surgiram e se desenvolveram no período de guerra em que a Europa
vivia, por isso a psicologia se difundiu, nesse sentido, podemos defender que
Hitler teve um papel importante na disseminação dos sabers psi pelo mundo,
pois com seu antissemitismo intelectual e sua revolta contra os pesquisadores
ele obrigou os pensadores a migrarem para América, mais especificamente
para os estado unidos e por isso as psicologias, principalmente a Gestalt e
Comportamentalismo se fincou e desenvolveu-se em solo americano.

A psicologia não era bem vista entre os acadêmicos por seu objeto de estudo
até então ser interna e por isso não passível de submissão ao rigor dos
métodos científicos, Watson, behaviorista, assim como Wundt fez muito pela
psicologia, Wundt lutou para que fosse reconhecida como saber acadêmico,
Watson transformou o objeto de estudo em algo passível de submissão ao rigor
e método cientifico, por isso teve muita importância na psicologia. Watson não
afirmou que os processos internos não existiam, entretanto, jamais afirmou que
existiam, ele defendia que a existência não importa na medida em que não se
pode mensurá-los, mas o comportamento sim pode ser mensurável, descrito e
etc, sendo assim, foi Watson quem transformou de fato a psicologia em um
saber cientifico.

Por volta de 1950 surgiu a psicologia humanista de Maslow e Roger e mais


adiante a psicologia cognitiva com objeto de estudo bem específico e
delimitado, as cognições, ou seja, o estudo dos meios que utilizamos para
aquisição do conhecimento.

Posteriormente, houveram diversas tentativas em unir os objetos de estudos da


psicologia, mas todas as tentativas foram frustradas, pois a partir da composição
filosófica de cada teoria, muitas vezes seria antagônico unir duas concepções que não
convergem. O mais próximo de união entre referenciais teóricos e a comportamental
cognitiva, mas diferentemente dos movimentos anteriores a psicologia comportamental
cognitiva não aceita a existência de instâncias mentais como as outras linhas, mas
aceita que existem processos cognitivos que ocorrem internamente (não significa que
aceite a existência de processos mentais, mas defende que há processos cognitivos
que são de natureza biológica, diferente dos processos mentais que são de natureza
a- temporal).

A psicologia cognitiva se solidificou por volta dos anos 1960, mais adiante a psicologia
positiva 1990, não podemos nos esquecer do desenvolvimento das psicologias críticas
de 1980 até hoje.

Atualmente a psicologia vem crescendo à medida que se desenvolvem novas linhas e


referenciais. Temos a teoria da aceitação, a teoria dos quadros relacionais entre
outras, mas o que desejamos ressaltar é que cada linha nasce em um contexto
especifico e fundamentada por uma visão de mundo bem definida e quando nós
vamos escolher nosso referencial essas questões idealmente devem estar bem
resolvidas.

Comumente escutamos no decorrer da graduação que a teoria nos escolhe, mas


particularmente não acreditamos nessa ideologia, pois o cerne é que tenhamos um
conhecimento prévio das linhas para que possamos escolher.

Por exemplo, se temos a visão de mundo monista e materialista seria um grandioso


equivoco escolhermos um referencial como a psicanálise que é dualista e não
materialista. Nesse sentido, ensejamos fomentar reflexões acerca dessas questões.

Esse texto é apenas um panorama da historia da psicologia moderna, sugerimos para


uma melhor compreensão a leitura do livro história da psicologia moderna cujo o
resumo se encontra no seguinte link.

http://www.scribd.com/doc/105637141/Resumo-do-livro-“Historia-da-Psicologia-
Moderna”-de-Duane-P-Schultz-e-Sydney-Elien-Schultz”-feito-por-Harley-Pacheco-de-
Sousa-–-Universidade-Sao-M

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