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Universidade Federal de Alagoas - UFAL

Campus de Engenharia e Ciências Agrárias – CECA


Engenharia de Energia

Artigo de Hidrologia:
Captação e utilização de águas de chuvas pelos sistemas vivos e suas atividades.

Ingrid Teixeira Feitoza


Raphael Melo de Albuquerque Rocha

RIO LARGO – AL
2021
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RESUMO

Este artigo visa o estudo da captação e utilização das águas de chuvas pelos sistemas
vivos tais como das atividades realizadas pelos mesmos de forma que destaque a importância
da hidrologia neste processo. Nesse contexto, serão exemplificadas análises e também
apresentados dados que serão essenciais para o devido entendimento do assunto abordado.

1. INTRODUÇÃO

A escassez de água se torna um assunto mais preocupante a cada dia, uma vez que há
um consumo maior do que a oferta de água, portanto, mal gerenciado. O crescimento
populacional, as consequentes mudanças no uso e ocupação do solo, a constante contaminação
e poluição dos rios e lagos, o uso exacerbado desse recurso pela indústria, agricultura,
população ou até a má gestão de água, associados à fenômenos climáticos, tem aumentado os
desafios do abastecimento de água contribuindo para crise hídrica ao redor do mundo. Nestas
circunstâncias, alternativas devem ser elaboradas para um melhor aproveitamento desse bem
valioso, afinal, quando se fala em consumo sustentável, deve-se levar em conta não apenas as
escolhas de compra, mas também as formas de utilização e reuso dos bens e recursos naturais
disponíveis, como é o exemplo da captação e utilização das águas de chuva.
A água da chuva, também conhecida como água pluvial, é a água provinda das chuvas
que podem ser coletadas por sistemas vivos ou por sistemas urbanos de saneamento básico. No
momento, em vários países, incluindo o Brasil, já se analisa e se implanta meios de diminuir o
desperdício de água no dia a dia, como lavar uma área comum, uma calçada ou irrigar as
plantas. Dessa forma, o aproveitamento da água da chuva surge como uma excelente ideia para
a utilização desta através de cisternas, além da água de reuso.
Neste sentido, nota-se sua importância para o meio ambiente e também para o meio
social, uma vez que a água é um recurso finito e imprescindível para a vida e para os
ecossistemas.

2. DESENVOLVIMENTO

A água das chuvas representa uma das fontes mais puras de água porque, na sua
origem, a precipitação contém poucas impurezas. Entretanto, ao chegar na superfície terrestre,
minerais, bactérias, substâncias orgânicas e outras formas de contaminação podem atingir a
água. Ela pode ser aproveitada de diferentes formas, seja por pessoas em suas casas ou por
empresas que possuem sistemas de captação mais avançados. Essa captação em residências
pode ser feita de maneira bastante simples por meio de baldes, por exemplo, ou, durante a fase
de construção, sendo elaborados sistemas mais eficazes.
A figura abaixo mostra que a captação de águas pluviais em residências não
demonstra ser algo complexo e de alto custo, podendo ser aplicada em longa escala na nossa
sociedade. Por ser proveniente da chuva, não é considerada potável devido aos riscos de conter
desde partículas de poeira e fuligem, até sulfato, amônio e nitrato. Por isso, destaca-se que a
água reaproveitada tem que ser clorada para uso em todos os processos que envolvam contato
humano.
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Imagem 1 - Sistema de captação de águas da chuva em residências

Fonte: IPT, Cota 7 Engenharia, 2017

Métodos como este já são muito utilizados no Brasil, principalmente na região


Nordeste, uma vez que é um local consideravelmente afetado pelas secas e pelas altas
temperaturas. Há, inclusive, uma norma técnica que rege a implantação de sistema de
tratamento e aproveitamento de água pluvial no país, a ABNT NBR 15527 – Água de Chuva.
Esta norma possibilitou que o mercado de arquitetura e construção civil se sentisse mais seguro
na aplicação da solução. Um exemplo é a indicação de que a água de chuva só deve ser captada
da cobertura e do telhado, de maneira a evitar contaminação por resíduos do tipo gasolina e
óleo. Em alguns locais, estas águas pluviais são até transformadas em águas potáveis, uma vez
que passam por filtros para retirada das impurezas e fervuras. Existe, ainda, formas mais
eficientes de aproveitar a água das chuvas, como é o caso da criação de reservatórios para a sua
captação. Tais reservatórios acumulam grande quantidade de água, o que permite uma
utilização em uma escala mais abrangente. Com a captação da mesma, esta pode ser utilizada
para fins de irrigação de colheitas, uso industrial, consumo próprio, lavar veículos, calçadas e
até mesmo dar descarga. Tudo isso, entre outros, sem gastar uma gota d’água que foi saneada
para sua residência pelos órgãos municipais.
Já demonstrada a importância da captação das águas pluviais para atividades humanas,
é válido destacar, também, sua importância para os ecossistemas, que abrigam diversos tipos de
sistemas vivos. Assim como os humanos e suas atividades, a biodiversidade também é
considerada um sistema vivo, sendo composta por animais, plantas, solos, etc. Logo, a água das
chuvas por ser uma das responsáveis pela manutenção do clima na Terra com seu papel
fundamental na preservação da vida de todos os sistemas vivos engloba todos estes exemplos
que possuem algo em comum: a necessidade da água para sua manutenção, desenvolvimento e
sobrevivência. Sem ela, toda a água presente em certo ambiente não retornaria para o mesmo
completando o ciclo da água, resultando em um ambiente seco e árido, e consequentemente
sem vida em razão da água estar presente na estrutura corporal, celular e em diversos setores
dos organismos.
Nas plantas, por exemplo, a água da chuva em sua queda da nuvem até o solo, faz com
que a gota percorra um bom percurso pelo ar. Nele, ela vai dissolvendo uma grande quantidade
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de partículas em suspensão. Dentre estas, os nitratos livres, que representam um elemento de


extrema importância. O nitrato é um composto químico rico em nitrogênio que é prontamente
absorvível pelas plantas. O nitrogênio é a substância responsável pelo crescimento, faz parte da
molécula de clorofila, que dá a cor verde às plantas, e entra nas proteínas e enzimas. As
proteínas são substâncias estruturais, que firmam as estruturas orgânicas, inclusive a carne dos
animais, que as obtêm das plantas. Já as enzimas são substâncias que coordenam os processos
vitais. É por todos esses motivos que a água da chuva deixa as plantas mais verdes, pois com
sua riqueza em nitrogênio faz as plantas funcionarem de modo mais ativo Dito isso, fica
notável que a água da chuva deve ser preferida para regar plantas. Ademais, é um dos
principais componentes para que a planta realize sua fotossíntese. Todavia, a água da chuva não
teria estas virtudes se não fossem os raios, afinal, a atmosfera é composta de 78 por cento de
nitrogênio puro que não se dissolve em água nem é absorvível pelas plantas. Sua transformação
em nitrato se dá graças à energia elétrica dos raios, que quebra a molécula de nitrogênio,
fazendo com que ela se ligue ao oxigênio e se transforme no nitrato, sendo justamente no verão,
quando há maior disponibilidade de luz e calor estimulando o crescimento vegetal, é que são
mais frequentes os temporais com relâmpagos e trovões, que vêm trazer o nitrato para
completar o quadro de condições favoráveis ao rápido crescimento vegetal. Além de que vale
acentuar o fato de algumas plantas necessitarem de menores quantidades de água e outras de
maiores, como também se encontra fases de muita ou pouca necessidade de água no
crescimento de uma planta.
Nos animais, por sua vez, essa captação e armazenamento se torna uma grande
alternativa para diminuição dos problemas decorrentes das estiagens severas na criação de
animais em algumas épocas do ano, uma vez que também é um fator vital, sem a
disponibilidade de água os animais correm grandes riscos de não resistirem. Esta água pluvial é
responsável pela hidratação e também faz grande diferença na nutrição animal, controlando os
órgãos internos e o metabolismo. É a chuva que também enche os rios, os lagos e faz brotar as
nascentes de água que se utiliza. Desta forma também os animais selvagens são beneficiados.
É valido destacar, também, que a implementação de reservatórios em locais da fauna e
flora seria de grande ajuda para captar as águas que vem das chuvas.

Imagem 2 – Fotossíntese Imagem 3 – Onça bebendo água

Fonte: Pliessnig A. F 2018 Foto: Gustavo Figueirôa


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Outro sistema vivo bastante importante para a manutenção da vida no planeta é o solo.
Este é um recurso não renovável que fornece nutrientes primordiais para os ecossistemas, sejam
florestas, lavouras e outros, auxiliando, ainda, na redução da emissão dos gases do efeito estufa.
No meio ambiente, um solo de qualidade é aquele que apresenta disponibilidade de água, já que
o solo é um importante armazenador de água, sendo por meio dele o abastecimento dos lençóis
freáticos.
Diversos setores da sociedade são abastecidos através do solo, dentre os quais podemos
destacar a indústria, a construção civil e a própria agricultura. Na agricultura, por exemplo, são
raríssimos os cultivos que não exigem quantidades razoáveis de água boa, onde sua falta pode
ocasionar sérios problemas na cadeia alimentar e desequilibrar seriamente os ecossistemas.
Dependendo da região, a água retida das chuvas é a única fonte para saciar a plantação. Para que
os plantios cresçam rápido e fortes, se torna necessário a terra estar hidratada para o solo ser
mais fértil, apesar de existir diferentes tipos de solos, tendo cada tipo uma peculiaridade e uma
função, de forma que os principais são: arenoso, orgânico (humoso), argiloso e calcário. O solo
arenoso é conhecido pela sua textura leve, composto principalmente por areia e em menor parte
por argila, não sendo recomendado para atividades agrícolas pois absorve muita água. O solo
orgânico é formado por matéria orgânica, aquilo que já foi um organismo vivo na natureza, solo
este que as plantas se desenvolvem melhor. O solo argiloso é conhecido como solo pesado, de
cor vermelha-escura, que possui uma terra úmida e macia. Este é composto por mais de 40% de
argila, de forma que é considerado bastante fértil, principalmente para a plantação de café. Por
último, mas não menos importante temos o solo calcário que é formado por partículas de rochas,
sendo muito seco e quente quando absorve a incidência solar.

Imagem 4 – Solo arenoso Imagem 5 – Solo orgânico

Fonte: Agro20.com.br Fonte: Thiago Campos

Imagem 6 – Solo argiloso Imagem 7 – Solo calcário


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A água da chuva também favorece a riqueza do solo graças à reciclagem de nutrientes.


Esse processo contribui sobretudo áreas com solos deficientes em nutrientes e precipitação
irregular de chuva, como a região semiárida da região Nordeste do Brasil. Ao escoar lavando as
copas das árvores e cair pelo tronco antes de se infiltrar completamente no solo, as águas
nutrem as raízes com minerais e nutrientes essenciais à vida, sendo justamente por meio do
solo que diversos animais se alimentam e que grande parte dos alimentos são produzidos. Na
produção agrícola, a falta d’água em períodos de crescimento dos vegetais pode destruir
lavouras e até ecossistemas. Desse modo, o solo é fundamental para essa produção, dado que ao
consumir os alimentos, as vitaminas e minerais são absorvidos pelo corpo em razão dessas
substâncias terem sido retiradas da terra. O mesmo acontece quando nos alimentamos de
animais que, por sua vez, se alimentaram de plantas que absorveram as vitaminas e minerais do
solo. Á vista disso, a maioria das propriedades rurais toma emprestada da natureza a água da
chuva, que iria aos rios e oceanos, e a devolve limpa, com a evaporação, transpiração e
infiltração no solo.

3. CONCLUSÃO

A chuva é tão essencial que, até em lugares onde ela raramente ocorre, como em
desertos, o pouco que cai é o suficiente para alimentar todos os tipos de vida que ali se
adaptaram. Sendo assim, como a escassez de água é sazonal em muitos locais, uma maneira de
se precaver é justamente captando e armazenando água da chuva. É por isso que os sistemas de
captação podem criar uma cultura de sustentabilidade ecológica, o que poderá garantir ganhos
significativos de abastecimento no futuro. E, acima de tudo, se trata de um sistema que enaltece
o ciclo natural da água de caráter positivo para o meio ambiente. Além disso, a utilização dessa
água ainda auxilia na diminuição das enchentes nas cidades, uma vez que é captada e não fica
acumulada sobre o solo impermeável dos grandes centros urbanos. Por fim, então, conclui-se
que diante dessa crise, é indispensável e urgente que a sociedade tenha acesso a este
conhecimento.
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REFERÊNCIAS

BEVILACQUA, Thiago; SOUZA, Vinícius Castro; LORENZI, Harri; Introdução a botânica:


Morfologia. 1. ed. São Paulo: Plantarum, 2013. p. 125-135.

COTA7. Captação de água da chuva. Disponível em: http://cota7.com.br/site/captacao-de-


agua-da-chuva/. Acesso em: 05 set.2021..

JUNIOR, Jailton Muniz Mendes. Et al. Reutilização de água da chuva. Revista Científica
Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 06, Vol. 05, pp. 66-90. Junho de 2020.
Disponível em: <https://www.nucleodoconhecimento.com.br/engenharia-civil/reutilizacao-de-
agua>. Acesso em: 07 set. 2021

MILTON PADOVAN. A importância da chuva para o meio ambiente e vida à vida.


Disponível em: https://www.miltonpadovan.com.br/blog/importancia-da-chuva/. Acesso em: 01
set. 2021.

MUNDO GEO. Artigo: Captação de água para reuso – estudo sobre loteamento residencial.
Disponível em: https://mundogeo.com/2017/06/21/artigo-captacao-de-agua-para-reuso-um-
estudo-sobre-um-loteamento-residencial/. Acesso em: 2 set. 2021.

MYFARM. Tipos de solo. Disponível em: https://www.myfarm.com.br/tipos-de-solo/. Acesso


em: 4 set. 2021.

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