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Resumo
O presente artigo analisa as aplicabilidades do Método dos Elementos Finitos (MEF) dentro
da Engenharia Civil, especialmente dentro do campo da Análise e Dimensionamento de
Estruturas. Existem realmente vantagens na utilização deste modelo matemático? Quais são
os benefícios oferecidos ao longo do tempo aos engenheros civis no seu trabalho de análise
estrutural? Devido ao aumento da capacidade de processamento dos computadores nas
últimas décadas, o Método dos Elementos Finitos tornou-se aplicável ao cotidiano do
Engenheiro Civil, pois tornou possível o desenvolvimento de inúmeros softwares de análise
estrutural acessíveis e, devido à sua extrema eficiência, auxiliar na importante tarefa de
determinação de esforços, tensões e deslocamentos. O objetivo é descrever a metodologia
teórica do MEF, seu desenvolvimento histórico e as principais aplicações encontradas dentro
da Engenharia Civil. Para isso, será realizado uma extensa pesquisa bibliográfica em livros,
teses e dissertações, apresentando um breve estudo a respeito do Método dos Elementos
Finitos, seus principais conceitos e aplicações e sua importância para a Engenharia Civil.
Conclui-se, portanto, que as aplicações do Método dos Elementos Finitos na Engenharia
Civil são tantos e tão importantes que faz-se necessário que os profissionais da área
conheçam ao menos suas aplicações e seus conceitos básicos.
1. Introdução
Estudar a evolução histórica da teoria do Método dos Elementos Finitos, bem como suas
aplicações práticas, é acompanhar a estupenda evolução tecnológica pela qual passou a
humanidade a partir da segunda metade do século XX, e tal é a sua importância, que não há
como negar o papel fundamental desenvolvido por este nesta evolução, pois, como veremos,
suas contribuições foram imprescindíveis para evoluirmos para o atual estado da arte nas
análises estruturais, seja no campo da construção civil, seja nas áreas de engenharia mecânica,
naval, aeronáutica, etc.
A importância do estudo conceitual da teoria do Método dos Elementos Finitos mostra-se
cada vez mais relevante aos que se propõem a se aventurar no desafiante mundo da Análise de
Estruturas, visto que estes conceitos estão presentes em praticamente todos os softwares
disponíveis e que, sem dúvida, podem e devem ser utilizados como ferramentas
indispensáveis no cotidiano do engenheiro estrutural.
Desta maneira, é inconcebível que o analista de estruturas simplesmente utilize estes
softwares sem entender os conceitos que foram utilizados na sua concepção, e pior ainda, sem
que possua conhecimentos que possam questionar e até mesmo criticar os resultados
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apresentados pelo mesmo. Sobre isso, veja o que diz o Prof. Dr. Avelino Alves Filho,
engenheiro mecânico e um dos precursores do estudo do Método dos Elementos Finitos no
Brasil: “Se o engenheiro não sabe modelar o problema sem ter o computador, ele não deve
fazê-lo tendo o computador.” (ALVES FILHO, 2012).
2. Histórico
É consenso entre os autores, que o marco inicial da teoria do Método dos Elementos Finitos
pode ser definido ao final do século XVIII, quando o matemático alemão Gauss, conhecido
como “príncipe da Matemática”, tal a contribuição dos seus trabalhos para o desenvolvimento
desta ciência, propôs a utilização de funções de aproximação para a solução de problemas
matemáticos. (LOTTI, MACHADO, et al., 2006).
Segundo Pavanello, (1997),
Remontam a 1906 os primeiros princípios que posteriormente seriam consolidados
no Método dos Elementos Finitos. Nesta época, pesquisadores propuseram um
mecanismo de modelagem do contínuo por um modelo de barras elásticas, de tal
forma que os deslocamentos nos nós representassem uma aproximação para os
deslocamentos do contínuo.
Também há de se destacar o trabalho do matemático e físico suíço, Walter Ritz, que em 1909
desenvolveu um método numérico para determinar a solução aproximada de problemas de
mecânica em sólidos deformáveis, denominado como Método de Ritz, que é uma das bases
teóricas para o que conhecemos hoje como Método dos Elementos Finitos.
No entanto, devido às limitações existentes, e pela dificuldade de processamento de equações
algébricas, especialmente em equações com muitas variáveis, foi somente a partir da década
de 1940, com o advento dos primeiros computadores movidos à válvula, e toda a evolução
tecnológica possibilitada por estes, é que realmente as teorias puderam ser colocadas em
prática.
Atribui-se a um matemático americano judeu denominado Richard Courant, em uma nota de
rodapé do seu livro “Methoden der Mathematischen Physik” (1924), escrito em alemão em
coautoria com David Hilbert, os primeiros conceitos do que viria, décadas mais tarde, a ser
conhecido como Método dos Elementos Finitos. Nesta nota, Courant propôs o primeiro
procedimento computacional para a solução numérica de equações diferenciais parciais.
No entanto, o primeiro a sugerir a nomenclatura tal qual a conhecemos hoje, Método dos
Elementos Finitos, foi o professor de Engenharia Estrutural do departamento de Engenharia
Civil, da Universidade da Califórnia, Ray. W. Clough, em um artigo publicado na década de
1960.
O professor Clough já havia publicado, em 1956, em coautoria com alguns outros
matemáticos e engenheiros, um artigo com todos os conceitos já aplicados, em um projeto de
análise estrutural de aeronaves para a empresa americana Boeing, de modo a permitir uma
melhor modelagem para a fuselagem dos seus aviões.
De acordo com Campos (2005),
Se, inicialmente, o FEM fora desenvolvido como um método de simulação baseado
em computação para análise de estruturas aeroespaciais, no final dos anos 60 passou
a ser utilizado para a simulação de problemas não estruturais em fluidos,
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termomecânica e eletromagnetismo.
Aconteceu, então, a partir da década de 1970, um crescimento exponencial do número de
artigos publicados, bem como de softwares especializados na utilização do M.E.F. para
determinação de esforços, entre os quais se pode citar o ANSYS, o NASTRAN, este último
desenvolvido pela NASA.
O estudo e aplicação prática da teoria do M.E.F. no Brasil iniciaram-se ainda na década de 60,
mais especificamente com os trabalhos do professor Fernando Venâncio Filho, que foi o
primeiro a publicar um artigo científico sobre o tema no país. A crescente demanda por
tecnologia pela qual o Brasil passava nesta década, com a instalação das indústrias
automobilísticas e aeronáutica, bem como a construção de Brasília alavancou ainda mais o
interesse por métodos computacionais de análise estrutural.
Como se pode verificar em Las Casas, (2002), “O primeiro computador dedicado ao cálculo
científico foi instalado em 1960 na PUC-Rio, um Datatron B205 da Burroughs. O segundo
computador foi instalado dois anos mais tarde, em São Paulo, desta vez um IBM 1620”. Na
figura 1, abaixo, pode-se ver uma foto de um modelo idêntico ao instalado na PUC-Rio.
Figura 1 - Datatron 205. Primeiro computador utilizado no Brasil para cálculos científicos (UFRJ, 1969).
Fonte: Datatron: Computer History (Disponível em: http://tjsawyer.com/b205home.htm. Acesso em maio/2015).
No entanto, ainda que estes computadores fossem utilizados mais para realização de cálculos
trabalhosos e repetitivos, já nesta época foram implementados e desenvolvidos programas
específicos de análise matricial e elementos finitos. Segundo o mesmo autor, foi
desenvolvido, no final da década de 1960, no Instituto Tecnológico da Aeronáutica, um
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De acordo com Jazra, (2013), o Museu de Arte do Rio (MAR), considerada como a primeira
obra da revitalização portuária da cidade do Rio de Janeiro a ser inaugurada, foi construído
interligando dois prédios históricos existentes, através de duas passarelas translúcidas, além
de uma cobertura suspensa, cuja ideia de partido arquitetônico era imitar a fluidez das ondas
do mar. Com 66 metros de comprimento, 25 metros de largura e desníveis que chegavam a
1,5 metros, a estrutura, que possui em média apenas 15 cm de espessura, e está apoiada
diretamente em 37 pilares, se mostrou um desafio para a equipe técnica, tanto em sua fase de
projeto e dimensionamentos dos esforços, quanto em sua fase de execução.
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Desta maneira, somente através de softwares que se utilizam do Método dos Elementos
Finitos é que se chegou ao modelo necessário para a determinação dos esforços,
especialmente nas regiões de encontro da laje com os pilares, devido à fluidez e leveza da
mesma, como se observa na figura 2.
Construída no final do século XIX, a ponte D. Luiz I, (figura 4) interliga as cidades de Porto e
Vila Nova de Gaia, em Portugal, e trata-se de uma ponte de estrutura metálica, com dois
tabuleiros, que passou por uma análise através do Método dos Elementos Finitos, de modo a
determinar quais peças sofreram maior desgaste com o tempo, e, portanto, necessitavam de
mais atenção durante o complexo processo de manutenção e eventual reforço estrutural da
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mesma.
Figura 5 - Análise por M.E.F. revelou quais barras precisariam ser reforçadas.
Fonte Estudos para a ponte Luis I. https://web.fe.up.pt/~azr/pontes/luis_con.htm. Acesso em abril/2015
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Não é uma tarefa fácil encontrar uma única definição consolidada entre os diversos autores
que discorreram sobre o tema ao longo do tempo, mas pode-se dizer, de maneira genérica, que
se trata de uma técnica que se utiliza de métodos numéricos, onde, através do uso de equações
diferenciais, podem-se obter soluções aproximadas.
De acordo com Pavanello, (1997), “... o Método dos Elementos Finitos foi criado com o
objetivo de se resolver os problemas de mecânica que não admitem soluções fechadas (de
forma analítica)”. Em outras palavras, ele baseia-se em uma discretização de domínios, que
podem ter geometrias irregulares arbitrárias, gerando assim elementos polinomiais básicos,
que permitem, através da resolução das aproximações em seus nós, chegar-se a uma
aproximação do comportamento da estrutura como um todo.
Segundo Gesualdo(2010),
Elementos mais simples têm formulação mais simples, caso de triângulos com 6
graus de liberdade (gl) – 3 nós -, ou retangulares com 8 gl – 4 nós. Contudo, modelar
sistemas de contorno complexo pode exigir a combinação de diferentes formas de
elementos.
Quanto maior a complexidade dos elementos a serem modelados, bem como quanto mais
elementos forem definidos, ou seja, quanto mais discretizada a estrutura for, maior será o
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refinamento da malha, no entanto, maior também será o tempo computacional necessário para
a resolução do problema, tendo em vista a maior complexidade matemática destes elementos.
Na figura (6) abaixo, pode-se observar, de maneira simplificada, o emprego de elementos do
tipo triangular e quadrangular, utilizados em modelagem de protótipos bidimensionais. A
condição mínima, é que cada elemento, tenha, respectivamente, 3 (três) e 4(quatro) nós,
definidos em seus vértices. Segundo Gesualdo (2010), pode-se ainda utilizar nós adicionais ao
longo das arestas dos elementos, aumentando sua complexidade e permitindo representações
polinomiais quadráticas, apresentado assim resultados mais refinados.
Dentre as diversas disciplinas existentes nas grades de graduação em Engenharia Civil, e que
se referem aos mais variados aspectos da Engenharia de Estruturas, tais como Resistência dos
Materiais, Estática das Estruturas, Estruturas de Madeira, Metálica, Concreto, etc..., verifica-
se sempre em comum um grande número de fórmulas e tabelas, advindas de soluções
analíticas extraídas das mais diversas teorias, tais como Teoria das Vigas, Teoria Geral de
Placas e Cascas, Teoria da Elasticidade, entre outras.
Em comum, a todas elas, é o fato de que são “o produto do tratamento matemático clássico
baseado no estudo das “Equações Diferenciais”, que descrevem o Equilíbrio da Estrutura”.
(ALVES FILHO, 2012, p. 3).
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Segundo o mesmo autor, é correto afirmar, que para a maioria dos engenheiros, o
desenvolvimento dessas soluções requer conhecimentos matemáticos muito aprofundados e
que não estão ao seu alcance, tornando-se assim muito mais cômodo o uso das expressões
finais em seus trabalhos no dia-a-dia.
No entanto, existem grandes limitações ao uso dessas soluções finais, pois estes métodos
clássicos, também chamados de Métodos Analíticos, possuem soluções possíveis somente
para alguns casos conhecidos, com geometrias simples e condições de apoio e carregamento
previamente estudadas e tabeladas.
Essas limitações levaram diversos pesquisadores buscar o desenvolvimento de
“procedimentos aproximados, que pudessem ser aplicados em caráter geral, independente da
forma da estrutura e da condição de carregamento, dentro da precisão aceitável do problema
de engenharia”. (ALVES FILHO, 2012, p. 3). Essa alternativa aos procedimentos analíticos
clássicos deu origem ao Método dos Elementos Finitos.
Na figura (7) abaixo pode-se observar exemplos de estruturas que podem ser facilmente
solucionadas através de formulações e tabelas, através das denominadas Soluções Analíticas.
No entanto, existe uma particularidade muito interessante em comum a todas as teorias que
deram origem às soluções analíticas que conhecemos hoje: todas tratam as estruturas como
um sistema contínuo, ou seja, elas permitem “determinar o deslocamento vertical y para todos
os valores de x, isto é, a solução é obtida para os infinitos pontos da viga, por intermédio de
uma função matemática”. (ALVES FILHO, 2012, p. 6). Diz-se então, que a estrutura que é
objeto de análise através dos métodos analíticos é tratada com um sistema contínuo, ou seja, a
solução é obtida para TODOS os pontos que o corpo da estrutura.
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Segundo Alves Filho (2012), em contraponto aos sistemas contínuos utilizados nos métodos
analíticos, baseados no comportamento diferencial de um elemento infinitesimal da estrutura,
de onde é possível entender o comportamento da peça como um todo, pode-se tomar mão de
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(figura 11) em uma matriz de coordenadas dos nós e uma tabela de conexão destes, formando
as barras, que é conceitualmente a maneira pela qual os computadores “enxergam” as
estruturas, sejam elas simples com a deste exemplo, sejam pórticos espacial de edifícios com
múltiplos andares.
Inicialmente numeram-se os nós da estrutura (treliça) e monta-se uma matriz com as suas
coordenadas, em função de um sistema de eixos (x e y) com origem no nó 1:
Na figura (12) abaixo, verifica-se a sequência dos nós da estrutura de
exemplo:
Desta maneira, a partir do nó 1 assumindo a coordenada de origem (0,0), o quadro (2) abaixo
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Nó X Y
1 0,00 0,00
2 1,50 0,00
3 3,00 0,00
4 4,50 0,00
5 6,00 0,00
6 7,50 0,00
7 9,00 0,00
8 1,50 0,47
9 7,50 0,47
10 3,00 0,93
11 6,00 0,93
12 4,50 1,40
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8 4 11
9 4 12
10 5 6
11 5 9
12 6 7
13 6 9
14 7 9
15 3 8
16 8 10
17 9 11
18 4 10
19 10 12
20 5 11
21 11 12
Quadro 3 - Conexão das Barras com os Nós
Fonte: Elaborado pelo Autor (2015)
O entendimento da maneira como os esforços podem ser analisados em uma estrutura, como
vimos acima, montada de forma matricial em um computador, depende da correta
interpretação de como são formuladas as equações de flexibilidade e rigidez e de que maneira
estas se relacionam com as ações e os deslocamentos presentes em uma estrutura.
De acordo com Cavalcanti (2006),
Os conceitos de flexibilidade e rigidez podem ser ilustrados com o auxílio da mola
apresentada na Figura 09, onde a mesma é tracionada pela ação “A”, e devido a
solicitação dessa mesma ação, a mola distende-se do comprimento “L” até o
comprimento δ+L, sendo a ação “A” a responsável pelo alongamento
(deslocamento) δ.
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Através dos conhecimentos da teoria da elasticidade, tem-se a lei da física que determina a
deformação de um corpo causada pela ação de uma força sobre este. Esta é a chamada Lei de
Hooke. Por ela, tem-se que:
(1)
Ou seja, adotando x como o deslocamento (δ) ocorrido devido à ação da força A, pode-se
obter a constante elástica da mola, denominada K. Em outras palavras, na equação (1),
quando adotamos um deslocamento unitário na mola, ou seja, (x=1), K representaria a força
capaz de provocar esse deslocamento da mola. Ou seja, quanto maior for o valor de K, maior
será a força necessária para provocar um deslocamento (distensão ou compressão) na mola,
ou em outras palavras, mais rígida será a mola.
Trazendo estes termos aos conceitos didáticos de análise estrutural, pode-se reescrever a
equação (1) como sendo:
(2)
Desta maneira, pode-se deduzir que S representa a rigidez da mola, pois quanto maior esse
valor, mais difícil será deformar a mola.
De outro ponto de vista, pode-se relacionar assim as ações e deslocamentos, assumindo para a
força A um valor unitário (A=1):
(3)
Desta maneira, quando maior o valor de F, maior será o deslocamento (δ), ou seja, mais fácil
será deformar a mola. Por isso, deduz-se que o componente F representa a flexibilidade da
mola.
De acordo como Cavalcanti (2006),
Quando estamos determinando o valor de S, a pergunta a ser respondida é a
seguinte: qual é a força necessária para provocar um deslocamento unitário na mola,
ao passo que na determinação do valor de F, a pergunta a ser respondida consiste em
dizer qual é o valor do deslocamento que é provocado por uma ação unitária na
mola.
Portanto, segundo o mesmo autor, tratam-se de grandezas inversamente proporcionais, como
pode ser expresso pela expressão a seguir:
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(4)
Desta maneira, pode-se estender estes conceitos a toda e qualquer estrutura que esteja
trabalhando no regime elástico linear, simplificação que atende à maioria dos casos em que
não se apresente pré-requisitos para análises não lineares, mais complexas e que dependem de
outros fatores físicos e geométricos.
Portanto, segundo Cavalcanti, (2006), pode-se fazer a seguinte analogia da mola com uma
estrutura prismática, conforme a figura (15) abaixo:
(5)
Onde:
δ é o deslocamento provocado pela ação A;
L é o comprimento da barra;
E é o módulo de elasticidade longitudinal do material que constitui a barra;
α é a área da seção transversal da barra.
Assumindo A=1, obtêm-se o deslocamento δ provocado por uma ação de valor unitário, ou
seja, pode-se obter o coeficiente de flexibilidade da barra (F) quando submetida a uma força
axial. Desta maneira, chega-se a seguinte equação:
(6)
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(7)
Assim, pode-se generalizar a obtenção dos esforços e deslocamentos nas estruturas através de
uma matriz, através dos coeficientes de rigidez mostrados acima e das equações de equilíbrio
e de compatibilidade, presentes na Teoria da Elasticidade.
Veja por exemplo a mola e a barra prismática mostrada na figura (16) a seguir:
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Pode-se agora reescrever essa equação em forma matricial, de modo a obter a matriz de
rigidez da mola, conforme demonstrado na figura (18), abaixo:
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Da mesma maneira, pode-se obter a matriz de rigidez da barra, conforme a figura (19) abaixo:
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se dessa maneira este trabalho de conclusão de curso, cujo objetivo principal, é
fomentar em quem tiver contato com o mesmo, o interesse pelo aprofundamento no estudo da
análise de estruturas, e principalmente, do Método dos Elementos Finitos.
Saber como os softwares comerciais de dimensionamento estrutural funcionam, mais do que
uma simples obrigação, e uma necessidade latente àqueles que pretendem se tornar muito
mais do que meros operadores de softwares, mas verdadeiros projetistas estruturais.
Os resultados esperados, com a utilização do embasamento teórico e da pesquisa
bibliográfica, para a elaboração de um exemplo prático, foram plenamente alcançados.
Espera-se que esse trabalho seja uma semente, que apesar de pequena, possa produzir frutos
para a engenharia brasileira.
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