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Campinas/SP
2006
MECÂNICA DO CONTÍNUO APLICADA
Campinas/SP
2006
PREFÁCIO
Aspectos Iniciais
A descrição e a análise de fenômenos fı́sicos da natureza sempre foram de interesse da hu-
manidade, em particular o movimento dos corpos. Vários cientistas famosos ao longo dos últimos
séculos estudaram o movimento e a deformação dos corpos. O objetivo principal foi o estudo
do comportamento de corpos submetidos à solicitações quaisquer, determinando-se os esforços
internos e os estados de deformação e tensão.
Atualmente, os problemas de engenharia têm apresentado um caráter multidisciplinar. Isto
pode ser justificado em parte pela própria evolução do conhecimento humano, mas principal-
mente devido à disponibilidade de recursos computacionais eficientes para a simulação de prob-
lemas. Desta forma, torna-se essencial ao engenheiro dominar os conceitos fundamentais de
mecânica, sendo capaz de lidar com vários tipos diferentes de problemas.
Do ponto de vista do ensino de engenharia, este fato demonstra a necessidade de se adotar
uma abordagem que enfatize estes conceitos básicos e fundamentais de mecânica. Tal abordagem
deverá oferecer ao engenheiro uma visão ampla dos problemas de mecânica no que se refere às
formulações, sendo capaz por exemplo de tratar problemas de sólidos e fluidos através de uma
mesma base conceitual.
Isso constitui no ponto de partida para a aplicação do computador na solução de problemas
reais de engenharia. O desconhecimento da formulação de um problema resulta na impossibil-
idade de se compreender, de forma clara, as hipóteses fundamentais e as limitações do modelo
mecânico considerado. Tal fato torna altamente provável a obtenção de soluções computacionais
que não representem o comportamento real do problema. Assim, conhecer o modelo mecânico
é o ponto fundamental de partida para a aplicação efetiva e confiável de técnicas de simulação
computacional.
Este enfoque mais abrangente de se estudar a formulação de problemas de mecânica toma por
base os conceitos desenvolvidos na disciplina de Mecânica do Contı́nuo, a qual está fundamentada
na noção de meios contı́nuos e consequentemente no conceito de infinitesimal. É exatamente
por este motivo que os cursos de engenharia, em geral, possuem nos seus currı́culos disciplinas
de Cálculo Diferencial.
No entanto, a forma usual de se ministrar os cursos básicos de engenharia, tais como Re-
sistência dos Materiais e Mecânica dos Fluidos, não costuma fazer a devida ligação entre o
Cálculo Diferencial e as discilplinas básicas de engenharia através da Mecânica do Contı́nuo.
Em geral, apresentam-se conceitos particulares obtidos a partir da aplicação dos princı́pios fun-
damentais da Mecânica do Contı́nuo com aplicações a problemas relativamente simples.
Isto cria uma lacuna na formação do engenheiro, pois o mesmo, ao se deparar com problemas
complexos de engenharia, não será capaz de identificar em que pontos as hipóteses que resultaram
nas teorias simplificadas dos cursos tradicionais de engenharia devem ser alteradas para tratar os
problemas reais. Observa-se que este método tradicional de ensino está totalmente desvinculado
i
dos problemas de engenharia contemporâneos e do uso da simulação computacional.
Dessa maneira, o uso de computadores nesse contexto teve o efeito de requerer do engenheiro
uma base conceitual mais sólida, como poderá ser comprovado a partir da leitura do texto na
seção seguinte. Essa base só pode ser adquirida através do estudo dos fundamentos de Mecânica
do Contı́nuo.
Esse texto tem por objetivo apresentar os fundamentos básicos de Mecânica do Contı́nuo,
ilustrando os mesmos com exemplos no programa Mathematica. Isso permitirá ao leitor ter
uma visão do significado dos conceitos. O programa Mathematica é empregado para manip-
ulação simbólica em várias áreas do conhecimento. O objetivo aqui não é fazer uma introdução
ao Mathematica, mas sim empregá-lo como ferramenta de auxı́lio para o estudo de Mecânica
do Contı́nuo. Alguns livros citados na bibilografia podem ser utilizados como introdução ao
Mathematica.
Um outro aspecto do texto é utilizar como ponto de partida conceitos de cálculo diferencial
já estudados pelos leitores. Para isso, o texto faz uma revisão de cálculo de funções de uma e
mais variáveis, antes de introduzir o conceito de tensores e cálculo tensorial e posteriormente os
elementos principais de Mecânica do Contı́nuo, tais como cinemática e deformação. Procura-se
ainda na introdução de novos fundamentos sempre explorar a intuição e a analogia com conceitos
similares já estudados.
A seção seguinte apresenta o discurso A Revolução na Mecânica Aplicada, proferido pelo
Prof. John Tinsley Oden da Universidade do Texas em Austin na cerimônia de condecoração
com a medalha Timoshenko, concedida no jantar da Divisão de Mecânica Aplicada da ASME no
Congresso Internacional de Engenharia Mecânica (IMECE) e publicado na Applied Mechanics
Newsletter em seu número do verão de 1997. A tradução foi realizada pelo Prof. José Roberto de
França Arruda do Departamento de Mecânica Computacional da FEM/UNICAMP e publicado
na Revista Brasileira de Ciências Mecânicas. Esse discurso é aqui transcrito devido a sua
fundamental importância no contexto de Mecânica Computacional e os objetivos que esse texto
se insere.
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terminei um curso de cinco anos (154 horas semestrais) em três e um Ph.D. em mais três. Com
vinte e cinco anos eu comecei uma carreira em pesquisa em mecânica e engenharia de com-
putação. Minha iniciação no lado computacional moderno da engenharia aconteceu no inı́cio
dos anos 60. De posse de um recente diploma de Ph.D. em mecânica da engenharia tradicional
da Oklahoma State, eu entrei para a divisão de Pesquisa e Desenvolvimento da General Dy-
namics, em Fort Worth, em 1963, onde fui trabalhar com Gilber C. Best no desenvolvimento
de um programa de computador baseado no método dos elementos finitos, uma nova tecnologia
promissora que GD pensava ser útil na análise e projeto de estruturas aeronáuticas. Trabal-
har com Gil era uma honra que poucos tinham na ”fábrica do bombardeiro.”Um auto didata
com inteligência superior, ele silenciosamente me introduziu no seu trabalho no grande projeto
que, nós pensávamos, revolucionaria a mecânica estrutural na companhia. Apesar de ambos
termos no inı́cio apenas parcos conhecimentos de FORTRAN, nos lançamos num projeto que
hoje eu não começaria sem uma equipe de dez ou mais colaboradores, com Ph.D.s em três ou
quatro áreas diferentes. Em cerca de dez meses, trabalhando longas horas, desenvolvemos o C-
28, um dos primeiros programas de elementos finitos de uso geral desenvolvidos na indústria
aeronáutica nos anos 60. Foi um teste de fogo; trabalhando muitas horas cada semana, nós
desenvolvemos um catálogo de elementos finitos para placas, cascas, corpos tridimensionais e
compósitos laminados; desenvolvemos análise modal de vibrações estruturais, dinâmica estrutu-
ral transitória, otimização estrutural, elementos hı́bridos baseados na energia complementar e
princı́pios de Reissner, muitos destes desenvolvimentos representando resultados que só apare-
ceriam na literatura quinze anos depois. Nós recebemos um pouco de reconhecimento interno e
recompensas pelo nosso trabalho, mas eu, e penso que Gil também, ficamos perplexos com o fato
de que alguns dos nossos esquemas simplesmente não funcionavam.
Taxas de convergência eram impossı́veis de prever e as bases matemáticas reais de nossos
esquemas eram obscuras para nós. Nós precisávamos saber mais sobre as bases matemáticas
subjacentes que, nesta época, eram desconhecidas.
Em 1964 entrei para o Instituto de Pesquisa da Universidade do Alabama em Huntsville, onde
fica o Marshall Space Flight Center e o Comando de Mı́sseis do Exército, um cadinho de ciência
e tecnologia com um novo programa de pós-graduação em mecânica da engenharia (”engineering
mechanics”). Não havia um curso de graduação, apenas mil e cem excelentes alunos de pós-
graduação, que tinham que aprender o suficiente para pôr um homem na lua em um prazo de
cinco anos e um corpo docente de cerca de vinte e cinco a trinta pessoas. Eu ensinava quase tudo,
de equações diferenciais parciais, análise complexa e mecânica do contı́nuo até os primórdios da
análise funcional e teoria de aproximações, incluindo um primeiro curso completo, com notas
pessoais, de elementos finitos e outro de elementos finitos aplicados à mecânica do contı́nuo não
linear. Gerry Wempner era um colega lá e ele me dava conselhos e crı́ticas em relação ao meu
trabalho, pelos quais serei sempre grato. Foi então que eu comecei a entender e desvendar as
propriedades matemáticas subjacentes ao método dos elementos finitos e a aplicá-las a problemas
em mecânica do contı́nuo não linear, particularmente em elasticidade finita e, começando por
volta de 1970, escoamentos viscosos incompressı́veis, a equação de Navier-Stokes. Me mudei para
o Texas em 1973 e, desde então, tenho trabalhado lá nestes assuntos e outros relacionados; mas
minha investigação das bases matemáticas da computação me levaram também a me aventurar
no lado matemático da mecânica teórica.
Com a explosão da mecânica computacional no inı́cio dos anos 60, veio uma era em que
a computação era vista com suspeição e desconfiança por parte da comunidade de mecânica;
as novas metodologias e dispositivos de cálculo, puseram nas mãos de gente destreinada e in-
experiente ferramentas poderosas que podem ser facilmente mal usadas e que, numa primeira
impressão, poderiam reduzir a dignidade e importância desta ciência. Entretanto, enquanto os
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abusos sempre são possı́veis, uma avaliação mais amadurecida revela que a computação esten-
deu o escopo da mecânica a fronteiras muito além das de ontem, limites ainda desconhecidos e
não bem definidos. Eu deveria dizer que a Divisão de Mecânica Aplicada reconheceu o valor da
mecânica computacional; de fato, outros mecânicos computacionais já foram agraciados com a
Medalha Timoshenko: Sir Richard Southwell, em 1959, e talvez outros.
Eu acho que está muito claro que a mecânica computacional criou uma visão muito mais
básica e fundamental da mecânica do que se pensava tradicionalmente possı́vel. Ela forçou a
comunidade de mecânica a reavaliar as bases do assunto como uma ferramenta de engenharia e
a ser consciente do papel maior representado pela modelagem matemática na prática da engen-
haria. Afora algum valor sentimental, muitas das teorias aproximadas da mecânica, apreciadas
quando vocês e eu éramos estudantes, foram reduzidas em sua importância em comparação
a duas décadas atrás, quando não se tornaram rapidamente obsoletas. Pode levar mais uma
geração ou duas para que este fato fique evidente nos cursos de graduação em mecânica.
O mecânico da engenharia de sucesso (”engineering mechanician”), nos nossos dias, deve ter
um conhecimento mais fundamental da mecânica básica do que seus predecessores. Hoje, os en-
genheiros devem compreender e lidar com os conceitos fundamentais de cinemática, deformação,
tensão, escoamento, camada limite, recirculação, comportamento de materiais, efeitos térmicos,
etc.; e devem ter o ferramental matemático para caracterizar e lidar com estes conceitos para
construir aproximações numéricas confiáveis. Portanto, a computação, esta nova ferramenta,
nos forçou a desenvolver uma idéia mais clara e melhor dos processos que precisamos utilizar
para fazer mecânica. A teoria do comportamento mecânico dos sólidos e fluidos provê a base
para o desenvolvimento de modelos matemáticos e a compreensão das propriedades qualitati-
vas destes modelos e de sua aproximação numérica exerceu, compreensivelmente, uma maior
demanda no nosso uso da matemática e, talvez surpreendentemente, aumentou, ao invés de
diminuir, a necessidade de uma matemática mais aprofundada e de uma maior obediência ao
rigor matemático.
Timoshenko freqüentemente pregava a importância da matemática como um fio entrelaçado,
inseparável do tecido da mecânica. Seu trabalho demonstrou muitas vezes a interconexão da
modelagem matemática de eventos mecânicos com o uso da matemática, não apenas como lin-
guagem para comunicar o pensamento cientı́fico, mas também como um guia para experimentos
fı́sicos para a medida do comportamento dos corpos materiais sob a ação de forças.
Em minha própria experiência, a matemática transcendeu o seu papel clássico de mera lin-
guagem usada para descrever modelos da natureza, emergindo de um modo quase espiritual, que
dá um ”insight”das próprias regras que a natureza impõe na maneira como os eventos fı́sicos
ocorrem. Eu experimentei este fenômeno muitas vezes; fico constantemente impressionado com
ele, mas acho difı́cil explicá-lo ou racionalizá-lo. Como podem estes eventos fı́sicos que se mani-
festam à nossa volta e que dependem das forças e do conteúdo material do universo fı́sico estarem
subordinados de qualquer modo que seja a regras matemáticas abstratas que são puros produtos
da mente humana? Esta questão, vejam, eleva o papel da matemática muito além de um mero
”script”que usamos para traduzir elucubrações mentais sobre como esperamos que se comporte a
natureza em modelos, um papel onde ela de fato dita os padrões dos modelos que são necessários
para retratar eventos fı́sicos.
Talvez seja porque a mecânica teórica tenha ela mesmo influenciado a matemática. Isto
certamente era verdade um século ou mais atrás, mas a influência está menos presente hoje do
que foi nos dias da filosofia natural, quando a mecânica e a matemática eram tão estreitamente
entrelaçadas, quase indistinguı́veis. As sólidas teorias fundamentais da mecânica, aquelas que
sobreviveram o debate, o estudo, o escrutı́nio e o teste, as que fazem as bases do assunto e foram
passadas para as gerações seguintes, formam o padrão de medida com o qual os bons modelos
iv
matemáticos são aferidos. O fato interessante e freqüentemente inesperado é que uma vez que a
matemática fica estabelecida, ela, por sua vez, passa a prover a estrutura de sustentação sobre a
qual as novas teorias mecânicas devem se assentar. O que é menos reconhecido, mas de grande
importância, é que a implementação destes modelos, para ter êxito, também deve se conformar
à estrutura matemática estabelecida por pesquisas desenvolvidas a duras penas ao longo de meio
século ou mais.
A noção do papel da matemática e da computação na matemática é, pelo que posso avaliar,
bem conhecida, mas ela emergiu, na minha própria experiência, de formas que eu não podia
antever. Posso citar vários exemplos, mas um que freqüentemente me vem à mente surgiu de meu
trabalho sobre modelos de atrito para o contato dinâmico em mecânica dos sólidos. O problema
de Signorini da elasticidade linear, por exemplo, provê um modelo clássico bastante razoável
do contato de um corpo elástico com uma fundação rı́gida. Este é um modelo perfeitamente
satisfatório para se estudar uma variedade de fenômenos de contato e provou se útil por mais de
meio século. Entretanto, quando você acrescenta ao problema o fenômeno de atrito governado
pela lei de Coulomb, uma extensão que pode parecer muito natural para estudantes principiantes
em mecânica clássica, o modelo degenera completamente! A própria existência de uma solução
é questionável, e este foi um problema matemático que ficou aberto por 25 anos. Nós agora
sabemos que, para certas condições de contorno ideais e certos carregamentos, algumas das
soluções de problemas de contato com atrito usando a lei de Coulomb que encontramos na
literatura estão provavelmente corretas, ainda que não sejam fisicamente realistas, mas também
temos resultados concretos de não-existência: de fato, não existe solução em alguns casos que,
na superfı́cie, podem parecer fisicamente realı́sticos, e isto sublinha o fato de que a caracterização
feita por Coulomb deve, em geral, ser usada com muito cuidado ou não ser usada de maneira
nenhuma.
Para desenvolver um modelo de contato dinâmico com atrito que esteja coberto por uma
teoria de existência tratável, a caracterização matemática do atrito e do contato tiveram que
ser mudadas. Eu nunca vou esquecer a excitação que experimentei quando percebi que as mod-
ificações no modelo suficientes para permitir a existência de soluções e, de certa forma, a boa
colocação do problema matemático, eram precisamente aquelas observadas em muitos experimen-
tos de laboratório. Uma vez que esta conexão foi abservada, é claro, toda a mecânica subjacente
ao conceito de contato dinâmico com atrito em superfı́cies elásticas foi desvendada e ficou ex-
posta e compreendida: o ”insight”fı́sico, ou pode ter sido um ”hindsight”, prevaleceu, e velhos
paradoxos e conflitos entre teoria e experimento foram resolvidos, tudo consistentemente com
o chamado julgamento de engenharia. Mas a solução dos paradoxos foi encontrada partindo
primeiro de um argumento matemático, seguido de cuidadosas simulações em computador em
larga escala e, então, experimentos fı́sicos.
Aliás, não confundam o que eu estou dizendo sobre mecânica matemática com qualquer en-
dosso da tentativa de axiomizar a mecânica, um objetivo que remonta a Aristóteles e que foi
apaixonadamente seguido nos anos 60; um empreendimento que, alguns dizem, fracassou. Eu
não concordo necessariamente com esta avaliação; só estou apontando aqui o fato que a mecânica
teórica, e mesmo toda a fı́sica teórica, está baseda em teorias que são geralmente descritas em
uma estrutura matemática que permite a construção dos chamados modelos matemáticos. Estas
são abstrações matemáticas que descrevem idealizações dos fenômenos fı́sicos. Esta modelagem,
de novo um produto de um processo intelectual puramente humano, moldado por anos de de-
senvolvimento cientı́fico e experiência, produziu benefı́cios incontáveis à ciência moderna e à
tecnologia e ajudou a humanidade a exercitar seu controle do meio ambiente e seu conhecimento
de alguns dos segredos da natureza. Existe, na aplicação destes modelos, um conjunto definido
de regras, um dogma rı́gido que deve ser seguido para que os modelos funcionem, e isto está
v
baseado na matemática. Sua aplicação de êxito a problemas relevantes exige cada vez mais uma
ciência e tecnologia computacionais implementadas corretamente.
Onde esta revolução do método cientı́fico está nos levando? Eu oscilei ao longo dos anos
na resposta a esta pergunta: a comunidade de mecânica está superestimando ou subestimando a
poder e a utilidade da mecânica computacional? Correndo o risco de ofender alguns, eu vou afir-
mar que, se a sua visão da mecânica computacional é representada pelos ”softwares”comerciais
atuais de mecânica dos sólidos e dos fluidos, então as possibilidades, tão dramáticas, úteis e sig-
nificativas sejam elas, estão provavelmente superestimadas por muitos usuários e marketeiros;
mas, se a mecânica computacional é vista no contexto das capacidades em rápido desenvolvi-
mento da ciência da computação e da computação de alto desempenho, então o poder e a utilidade
estão significativamente subestimadas pela maioria da comunidade. Em 1946, o Foniac era capaz
de fazer 5000 operações de ponto flutuante por segundo; pelos meados da década de 60, o CDC
6600 fazia cerca de 1 milhão de operações por segundo, o CRAY Y X-MP, 440 milhões no final
dos anos 80, e, hoje, os computadores rotineiramente fazem 25 bilhões de operações por segundo.
Em 1998 esperamos ter velocidades de teraflops, um trilhão por segundo, e armazenamento tipo
Beta, com 1000 trilhões de bytes de informação armazenadas e disponı́veis para simulações em
larga escala.
O que seremos capazes de fazer com estes recursos sem precedentes de velocidade e memória:
Já existem trabalhos em andamento visando explorar estas capacidades em aplicações mecânicas
vitais. Novamente, considerações matemáticas serão, como sempre, o guia para o uso apropriado
e efetivo destas ferramentas.
Nos nossos dias existe uma crescente literatura sobre métodos para selecionar o próprio mod-
elo matemático. Eu vejo isso como um dos mais importantes desenvolvimentos na mecânica no
nosso século. Isto incorpora um método cientı́fico que enfrenta as questões mais fundamentais
em mecânica aplicada, ou mesmo em fı́sica matemática: que modelo matemático escolher para
estudar de forma efetiva uma classe bem definida de fenômenos mecânicos? Que escalas tempo-
rais e espaciais na micromecânica afetam os resultados observados de forma substancial? Como
estes fenômenos em escala micro interagem para produzir observações em escala macro?
A solução destas questões reside na noção de modelagem hierárquica, de estimação ”a pos-
teriori”de erros de modelagem, de modelagem adaptativa, noções matemáticas que surgem nat-
uralmente em problemas importantes da mecânica teórica e aplicada quando colocadas na es-
trutura matemática apropriada, mas que, quando apropriadamente implementadas, vão requerer
também uma ciência da computação de ponta. Trata-se de um assunto que, por exemplo, revisará
completamente a maneira como lidamos com materiais compósitos, escoamentos multi-fásicos,
mecânica do dano e, eventualmente, mesmo a turbulência. Este é um tema de grande interesse
para mim, no qual estou ativamente envolvido hoje, e um tema que, estou convencido, terá um
impacto fundamental na mecânica teórica e aplicada no futuro.
Enquanto reflito sobre estes eventos e idéias, compartilho os sentimentos de um recente
contemplado com a medalha de Timoshenko, John Lumley, que disse que à medida em que ele
ficava mais velho, ele achava a si mesmo ”supervisionando outros, que são os que ficam com toda
a diversão.”Ainda assim, existem novas, excitantes, compensadoras e desafiadoras oportunidades
demais para deixarmos que os outros tenham toda a diversão. Eu admito que eu tive um destino
parecido. Mas eu planejo encontrar tempo para me envolver em algumas das grandes coisas
guardadas para o futuro da Mecânica Aplicada.
Mais uma vez quero agradecer a Divisão de Mecânica Aplicada por esta honra singular. Sei
que estes prêmios não acontecem acidentalmente; antes, requerem o apoio generoso de amigos e
indivı́duos da comunidade de mecânica. Para estes anônimos que me apoiaram eu expresso meus
sinceros agradecimentos. Agradeço especialmente minha esposa Barbara, cujo suporte através
vi
de nossos 32 anos juntos tornou meu trabalho possı́vel, meus filhos, Lee e Walker, e meu futuro
genro, Nick, cujo amor e suporte eu vou sempre prezar com carinho e minha mãe, muito debil-
itada para estar conosco hoje, que me amou, guiou e apoiou por toda a minha vida. Eu reitero
minha promessa de persistentemente honrar esta medalha e portá-la com a dignidade identifi-
cada por aquele que lhe deu o nome, Stephen P. Timoshenko. Obrigado por sua generosidade e,
para todos, os meus melhores votos.
Organização do Texto
Esse texto está organizado como se segue. O Capı́tulo 1 traz o conceito de notação indicial
que é bastante empregada para a representação de grandezas em fı́sica-matemática. Como
mencionado posteriormente, a notação indicial será apresentada, mas o seu uso nesse trabalho
será limitado para que o leitor não confunda a representação de um conceito em um certo sistema
de coordenadas com a sua própria definição. Essa distinção é fundamental.
Os Capı́tulos 2 e 3 apresentam uma revisão de funções e cálculo diferencial de uma e várias
variáveis. Os conceitos serão ilustrados com exemplos no Mathematica. O Capı́tulo 4 introduz
o conceito de tensor e a análise tensorial. Os 4 primeiros capı́tulos constituem no ferramental
matemático básico usado em Mecânica do Contı́nuo.
Os Capı́tulo 5 a 8 consideram, respectivamente, os conceitos de movimento e deformação,
tensão, equações constitutivas e princı́pios integrais de mecânica. Esses tópicos constituem a
parte central de Mecânica do Contı́nuo.
Todos os capı́tulos apresentam exemplos, exercı́cios resolvidos e propostos e arquivos do
Mathematica.
vii
viii
Sumário
1 NOTAÇÃO INDICIAL 1
1.1 Definição de Notação Indicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Convenção de Somatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Delta de Kronecker . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.4 Sı́mbolo de Permutação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.5 Operações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.5.1 Substituição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5.2 Multiplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5.3 Fatoração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.5.4 Contração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.6 Notação de Diferenciação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.7 Exercı́cios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.8 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
ix
3.5 Produto Interno e Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.6 Sistema de Referência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.7 Componentes de um Vetor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.8 Produto Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.9 Funções de Várias Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.10 Limite e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
3.11 Derivadas parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.12 Diferenciais e Definição Alternativa de Derivadas Parciais . . . . . . . . . . . . . 57
3.13 Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.14 Vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.15 Derivada Direcional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
3.16 Expansão em Série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.17 Interpretação do Vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.18 Gradiente de um Campo Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.19 Divergência de um Campo Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3.20 Rotacional de um Campo Vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.21 Laplaciano de um Campo Escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
3.22 Integração de Funções de Várias Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
3.23 Integrais Curvilı́neas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.24 Integral de Superfı́cie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.25 Teoremas de Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
3.25.1 Teorema de Green . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
3.25.2 Teorema da Divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.25.3 Teorema de Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.26 Integração por Partes Multidimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.27 Exercı́cios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
3.28 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
4 TENSORES 91
4.1 Definição de Tensores de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
4.2 Representação de um Tensor de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . 92
4.3 Tensor Nulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.4 Tensor Identidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
4.5 Soma de Tensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
4.6 Produto de Tensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
4.7 Tensor Transposto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4.8 Tensores Simétrico e Antissimétrico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.9 Produto Tensorial de Dois Vetores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.10 Traço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.11 Determinante e Tensor Inverso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.12 Tensor Ortogonal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.13 Tensor Positivo-Definido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.14 Vetor Axial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
4.15 Leis de Transformação para Vetores e Tensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
4.16 Autovetores e Autovalores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4.17 Valores e Direções Principais de Tensores Simétricos . . . . . . . . . . . . . . . . 115
4.18 Diferenciação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
4.19 Regra do Produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
x
4.20 Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121
4.21 Derivada das Componentes de um Tensor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122
4.22 Expansão em Série de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 123
4.23 Gradiente, Divergente, Rotacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4.23.1 Gradiente de uma função escalar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124
4.23.2 Gradiente de uma função vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126
4.23.3 Divergente de uma função vetorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
4.23.4 Divergente de uma função tensorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
4.23.5 Rotacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.24 Teorema da Divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.25 Tensores de Alta Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
4.26 Exercı́cios Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
4.27 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
5 DEFORMAÇÃO 133
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133
5.2 Caracterização da Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
5.3 Descrições Material e Espacial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
5.4 Descrição Material da Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138
5.5 Descrição Espacial da Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139
5.6 Deformação Infinitesimal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141
5.7 Interpretação das Componentes de Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143
5.8 Deformações Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
5.9 Dilatação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
5.10 Taxa de Deformação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149
5.11 Exercı́cio Resolvido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
5.12 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156
6 TENSÃO 159
6.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
6.2 Forças de Corpo e de Superfı́cie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159
6.3 Princı́pios das Quantidades de Movimento Linear e Angular . . . . . . . . . . . . 162
6.4 Teorema de Cauchy . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
6.4.1 Tensor de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 164
6.4.2 Simetria do tensor de tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 166
6.4.3 Equação de movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167
6.5 Tensões Principais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 168
6.6 Condições de Contorno para o Tensor de Tensões . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
6.7 Exercı́cios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169
xi
7.3.4 Fluido em movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177
7.3.5 Fluido newtoniano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178
7.3.6 Fluido newtoniano incompressı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 179
xii
Lista de Figuras
xiii
3.19 Curvas paramétricas no ponto r(ui , vi ) e paralelogramo Pi . . . . . . . . . . . . . 78
3.20 Projeções do elemento de superfı́cie nos planos coordenados. . . . . . . . . . . . . 81
3.21 Orientação positiva da curva C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.22 Campo vetorial do exemplo 3.36. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.23 Superfı́cie orientada usada no teorema de Stokes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
xiv
9.1 Esquema de solução de um problema de mecânica. . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
9.2 Espaços V, V 0 , W e W 0 e as potências externa e interna associadas. . . . . . . . . 207
9.3 Barra de comprimento L juntamente com sistema de coordenadas. . . . . . . . . 209
9.4 a) Seções transversais planas e normais ao eixo x; b) seções transversais per-
manecem planas e normais após a ação de movimento. . . . . . . . . . . . . . . . 210
9.5 Relação entre os espaços de ações de movimento V e das taxas de deformação W. 211
9.6 Barra: a) forças externas; b) convenção de sinais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213
9.7 Formulação variacional do problema de barra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 214
9.8 Tensão constante nos pontos de uma seção da barra: a) tração; b) compressão. . 214
9.9 Condições de contorno em termos de deslocamento numa barra. . . . . . . . . . . 215
9.10 Barra submetida a carregamentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
9.11 Barra: a) apoiada sobre mola; b) com folga ∆u. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218
9.12 Barra hiperestática com dois trechos distintos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219
9.13 Barra: a) trecho AB; b) equilı́brio na interface; c) trecho BC. . . . . . . . . . . . 220
9.14 Relação entre os espaços de ações de movimento V e de taxas de deformação W. 224
9.15 Esquema de solução dos problemas de mecânica pela abordagem variacional. . . 225
9.16 a) Rotação da seção transversal do eixo; b) efeito da torção no plano longitudinal
imaginário DO1 O2 C. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 226
9.17 Resultante em termos de momento torçor na seção transversal do eixo (A=área
da seção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
9.18 Eixo: a) esforços externos; b) convenção de sinais. . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
9.19 Esquema da formulação variacional do eixo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
9.20 Distribuição da tensão de cisalhamento na seção de um eixo: a) Mx > 0; b) Mx < 0.232
9.21 Eixo com seções circulares cheia e vazada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
xv
Capı́tulo 1
NOTAÇÃO INDICIAL
a1 x1 + a2 x2 + a3 x3 = p, (1.1)
ax + by + cz = d.
1
2 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
3
X
ai xi = p. (1.2)
i=1
ai xi = p. (1.3)
3
X
bij cj = bij cj = bi1 c1 + bi2 c2 + bi3 c3 .
j=1
Por sua vez, i é um ı́ndice não-repetido ou livre e seu intervalo de variação também é de 1 a 3.
Cada valor de i corresponderá a uma equação. Logo, tomando a expressão anterior vem que
Verifica-se ainda que as 3 expressões anteriores indicam o produto de uma matriz [B] por
um vetor {c}, ou seja,
b11 b12 b13 c1
bij cj = [B]{c} = b21 b22 b23 c2 .
b31 b32 b33 c3
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 3
Neste caso, i e k são ı́ndices livres e para cada ı́ndice deve-se expandir 3 equações resultando
num total de 9 equações. Considerando o ı́ndice i inicialmente vem que
α11 β1k + α12 β2k + α13 β3k
αi1 β1k + αi2 β2k + αi3 β3k = α β
21 1k +α β
22 2k 23 3k +α β .
α β +α β +α β
31 1k 32 2k 33 3k
Verifica-se, então, que um ı́ndice repetido faz com que a expressão se expanda na direção
horizontal ao se aplicar a convenção do somatório. Por sua vez, o ı́ndice livre indica o número
total de equações, fazendo com que a expressão em notação indicial se expanda na direção
vertical. Esta idéia está ilustrada na Figura 1.1. Nos exemplos anteriores, o ı́ndice repetido j
é somado de 1 a 3 abrindo as expressões horizontalmente. Já os ı́ndices livres i e k indicam o
número de equações na direção vertical. No segundo exemplo, como se têm dois ı́ndices livres (i
e k), deve-se expandir cada um deles no intervalo de 1 a 3, obtendo-se um total de 9 equações.
Considere agora mais dois exemplos.
Exemplo 1.3 Considere a expressão em notação indicial yi = aim xm (i, m = 1, 2, 3). Observa-
se que i é um ı́ndice livre enquanto m é um ı́ndice repetido. A expressão yi = aim xm (i, m = 1, 2, 3)
representa um sistema de equações como pode ser visto pelo desenvolvimento dos ı́ndices a seguir.
Expandindo o ı́ndice livre i e aplicando a convenção de somatório para m vem que
P3
y1 = a1m xm = Pm=1 a1m xm = a11 x1 + a12 x2 + a13 x3
yi = aim xm = y2 = a2m xm = 3m=1 a2m xm = a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 .
P3
y3 = a3m xm = m=1 a3m xm = a31 x1 + a32 x2 + a33 x3
4 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Exemplo 1.4 Na expressão Tij = aim xjm (i, j, m = 1, 2, 3) tem-se que i e j são ı́ndices livres
enquanto m é um ı́ndice repetido. Logo, expandindo os ı́ndices livres i e j, têm-se 9 equações e
aplicando a convenção de somatório para cada uma delas vem que
P
T11 = a1m x1m = 3m=1 a1m x1m = a11 x11 + a12 x12 + a13 x13
P
= 3m=1
T12 = a1m x2m a1m x2m = a11 x21 + a12 x22 + a13 x23
P
T13 = a1m x3m = 3m=1 a1m x3m = a11 x31 + a12 x32 + a13 x33
P
= 3m=1
T21 = a2m x1m a2m x1m = a21 x11 + a22 x12 + a23 x13
P
T22 = a2m x2m = 3m=1 a2m x2m = a21 x21 + a22 x22 + a23 x23 .
P
T23 = a2m x3m = 3m=1 a2m x3m = a21 x31 + a22 x32 + a23 x33
P
= 3m=1
T31 = a3m x1m a3m x1m = a31 x11 + a32 x12 + a33 x13
P
T32 = a3m x2m = 3m=1 a3m x2m = a31 x21 + a32 x22 + a33 x23
P
= 3m=1
T33 = a3m x3m a3m x3m = a31 x31 + a32 x32 + a33 x33
Observa-se que uma equação do tipo Tij = Tik não tem significado em notação indicial, pois
i, j e k são todos ı́ndices livres, ou seja, aparecem uma única vez nos termos do lado esquerdo e
direito. Além disso, expressões como ai bi ci não são definidas na notação indicial, pois um ı́ndice
nunca pode ser repetido mais de uma vez. Neste último caso, mantém-se o sinal de somatório,
3
P
ou seja, ai bi ci . Verifica–se ainda que a expressão yi = aim xm (i, m = 1, 2, 3) é a mesma que
i=1
yj = ajm xm (j, m = 1, 2, 3), ou seja, a letra usada para denotar o ı́ndice repetido não altera o
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 5
resultado final. No entanto, ai = bj é uma expressão sem significado. O ı́ndice livre presente em
cada termo de uma equação deve ser o mesmo, como por exemplo
ai + bi = ci ,
ai + bi cj dj = 0,
Como i e j são ı́ndices livres no termo δij e ambos variam de 1 a 3, tem-se um total de 9
valores dados segundo a definição de δij por
ou seja, o delta de Kronecker se reduz à matriz identidade de ordem 3, podendo ser denotado
como [δij ] = [I].
1. δii = 3.
Neste caso, i é um ı́ndice repetido e aplicando a convenção do somatório
3
X
δii = δii = δ11 + δ22 + δ33 = 1 + 1 + 1 = 3.
i=1
2. δim am = ai .
Verifica-se que i é um ı́ndice livre. Variando-se i de 1 a 3, têm-se 3 equações. Já m é um
ı́ndice repetido e aplica-se a convenção do somatório. Portanto, expandindo o ı́ndice livre
e aplicando a convenção de somatório para o ı́ndice repetido m tem-se que
P3
δ1m am = Pm=1 δ1m am = δ11 a1 + δ12 a2 + δ13 a3 = a1
δim am = δ2m am = 3m=1 δ2m am = δ21 a1 + δ22 a2 + δ23 a3 = a2 = ai .
P3
δ3m am = m=1 δ3m am = δ31 a1 + δ32 a2 + δ33 a3 = a3
6 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Em particular
δim δmj = δij e δim δmj δjn = δim δmn = δin . (1.6)
4. δij δji = 3.
Observa-se que i e j são ı́ndices repetidos e deve-se aplicar a convenção do somatório, ou
seja,
3
X 3
X
δij δji = δij δji = δ1j δj1 + δ2j δj2 + δ3j δj3
i,j=1 j=1
= (δ11 δ11 + δ21 δ12 + δ31 δ13 ) + (δ12 δ21 + δ22 δ22 + δ32 δ23 )
+ (δ13 δ31 + δ23 δ32 + δ33 δ33 ).
1
0
0
{e1 } = 0 , {e2 } = 1 , {e3 } = 0 .
0
0
1
ei · ej = δij . (1.8)
2
1
Ver Seção 3.1.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 7
(a) 123 em sentido (b) 123 em sentido (c) ijk em sentido (d) ijk em sentido
horário. anti-horário. horário. anti-horário.
Exemplo 1.6 Mostrar que as seguintes relações expressas em notação indicial são válidas.
1. eijk ejki = 6.
Neste caso, i, j e k são ı́ndices repetidos e aplicando a convenção do somatório
3
X 3 X
X 3 X
3 3 X
X 3
eijk ejki = eijk ejki = eijk ejki = eij1 ej1i + eij2 ej2i + eij3 ej3i .
i,j,k=1 i=1 j=1 k=1 i=1 j=1
8 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Lembrando a definição (1.9) do sı́mbolo de permutação, tem-se que eijk é igual a zero
quando pelo menos dois ı́ndices são iguais (por exemplo, e112 = e212 = e211 = 0). Logo,
na expressão anterior o somatório em j para cada termo do lado direito se reduz a
3
X 3
X 3
X
eij1 ej1i = ei11 e11i + ei21 e21i + ei31 e31i = ei21 e21i + ei31 e31i ,
i,j=1 i=1 i,ji=1
3
X 3
X 3
X
eij2 ej2i = ei12 e12i + ei22 e22i + ei32 e32i = ei12 e12i + ei32 e32i ,
i,j i i=1
3
X 3
X 3
X
eij3 ej3i = ei13 e13i + ei23 e23i + ei33 e33i = ei13 e13i + ei23 e23i .
i,j=1 i=1 i=1
3
X
eijk ejki = ei21 e21i + ei31 e31i + ei12 e12i + ei32 e32i + ei13 e13i + ei23 e23i .
i=1
eijk ejki = e321 e213 + e231 e312 + e312 e123 + e132 e321 + e213 e132 + e123 e231
= (−1)(−1) + (1)(1) + (1)(1) + (−1)(−1) + (−1)(−1) + (1)(1)
= 6.
2. eijk aj ak = 0.
De forma análoga ao caso anterior, i é um ı́ndice livre enquanto j e k são ı́ndices repetidos.
Logo, expandindo i, empregando a convenção do somatório para i e j e a definição (1.9),
tem-se que a expressão eijk aj ak é equivalente a
P
3
Pj,k=1 e1jk aj ak = e123 a2 a3 + e132 a3 a2 = a2 a3 − a3 a2 = 0
3
eijk aj ak = e2jk aj ak = e213 a1 a3 + e231 a3 a1 = a1 a3 − a3 a1 = 0 .
Pj,k=1
3
j,k=1 e3jk aj ak = e312 a1 a2 + e321 a2 a1 = a1 a2 − a2 a1 = 0
3. δij eijk = 0.
Lembre-se que o delta de Kronecker δij é igual a 1 apenas quando i = j. Para i = j,
tem-se que δij eijk = δii eiik = (1)eiik . Mas o sı́mbolo de permutação eijk é zero sempre que
dois ı́ndices são iguais. Logo, quando i = j, tem-se que δij eijk = δii eiik = (1)(0) = 0.
1.5 Operações
A seguir apresentam-se operações envolvendo a notação indicial.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 9
1.5.1 Substituição
Considere as seguinte relações
ai = Uim bm , (1.12)
bi = Vim cm . (1.13)
Observa-se que o termo b aparece nas duas relações mas com ı́ndices distintos. Deseja-se
substituir b dado em (1.13) na expressão (1.12). Para isso, muda-se o ı́ndice livre de i para m
em (1.13), obtendo-se
bm = Vmm cm .
No entanto, a expressão resultante não é válida em notação notação indicial, pois o ı́ndice m está
repetido mais de uma vez no lado direito da equação. Para resolver este problema, lembre-se que
a letra empregada para um ı́ndice falso num termo não afeta o resultado, ou seja, Vim cm = Vin cn .
Logo, alterando o ı́ndice falso de m para n em (1.13) e o ı́ndice livre de i para m vem que
bm = Vmn cn . (1.14)
Como agora tem-se o mesmo ı́ndice m nas expressões (1.13) e (1.14), efetua-se a substituição
Observe que (1.15) representa três equações ao se variar o ı́ndice livre i de 1 a 3. Por sua
vez, cada equação resulta numa soma de nove termos no lado direito, pois os ı́ndices repetidos
m e n variam cada um de 1 a 3. Logo
P3 P3 P3
a1 = Pm,n=1 U1m Vmn cn = Pm=1 Pn=1 U1m Vmn cn
ai = Uim Vmn cn → a = 3m,n=1 U2m Vmn cn = 3m=1 3n=1 U2m Vmn cn . (1.16)
2 P3 P3 P3
a3 = m,n=1 U3m Vmn cn = m=1 n=1 U3m Vmn cn
De forma geral, deve-se ter cuidado ao se fazer substituições convenientes, ou seja, não
substituir ı́ndices repetidos por livres, podendo dar origem a um somatório inexistente na notação
indicial.
1.5.2 Multiplicação
Considere p e q dados, respectivamente, por
P
p = am bm = 3m=1 am bm = a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 ,
P (1.17)
q = cm dm = 3m=1 cm dm = c1 d1 + c2 d2 + c3 d3 .
em notação indicial, deve-se inicialmente compatibilizar os ı́ndices. Nesse caso, troca-se o ı́ndice
repetido m para n no termo q = cm dm = cn dn , de tal forma que
3
! 3
! 3
X X X
pq = am bm cn dn = am bm cn dn = am bm cn dn .
m=1 n=1 m,n=1
Observe que a expressão anterior é o resultado desejado, pois o produto pq é calculado como
pq = (a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 ) (c1 d1 + c2 d2 + c3 d3 ) ,
Lembre-se que a letra usada para o ı́ndice repetido é irrelevante, ou seja, para o exemplo consid-
erado cm dm = cn dn = cj dj = ck dk = · · ·. Portanto, o produto pq é indicado em notação indicial
como pq = am bm cn dn .
Como exemplo, sabe-se que o produto escalar de vetores é distributivo2 . Sejam os vetores a
e b dados, respectivamente, por a = ai ei e b = bi ei . Para efetuar o produto escalar destes dois
vetores, altera-se inicialmente o ı́ndice de i para j no vetor b, ou seja, b = bj ej . Aplica-se então
a definição de produto escalar de vetores, ou seja,
Em particular, se e1 , e2 , e3 são vetores ortonormais3 entre si, então ei ·ej = δij , de maneira
que
a · b = ai bj δij .
a · b = ai bi = aj bj = a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 .
1.5.3 Fatoração
Considere a seguinte expressão
Tij nj − λni = 0,
a qual define um problema de autovalor do tensor Tij , como será visto posteriormente. Verifica-
se que na expressão anterior i e j são, respectivamente, ı́ndices livre e repetido. Em particular,
empregam-se estes dois ı́ndices para o termo n. Para uniformizar os ı́ndices em n e fatorar a
expressão, colocando o termo nj em evidência, emprega-se o delta de Kronecker de tal forma
que ni = δij nj . Logo, verifica-se que
ou seja, tem-se a forma padrão de um problema de autovalor. De forma geral, para se fatorar
um termo denotado em notação indicial, deve-se compatibilizar os ı́ndices empregando o delta
de Kronecker ou o sı́mbolo de permutação.
2
Ver Seção 3.1.
3
Ver Seção 3.1.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 11
1.5.4 Contração
A operação de igualar dois ı́ndices distintos e somar os mesmos é conhecida como contração.
Por exemplo, Tii é a contração de Tij , ou seja,
Tii = T11 + T22 + T33 .
Considere a equação constitutiva de um material elástico linear isotrópico
Tij = λθδij + 2µEij ,
a qual será discutida posteriormente. Logo, a contração Tii de Tij é dada por
Tii = λθδii + 2µEii .
Lembrando-se que δii = 3, obtém-se
Tii = 3λθ + 2µEii .
D11 D12 D13 2 0 0
[D] = [B]T → D21 D22 D23 = 3 5 2 .
(ii)
D31 D32 D33 0 1 1
Comparando-se os termos Dji em (i) e (ii), observa-se que são iguais, demonstrando a
igualdade entre as expressões (A) e (B), ou seja, Dji = Bij é equivalente a [D] = [B]T .
Em (A), observa-se que i é um ı́ndice livre enquanto j é um ı́ndice repetido. Logo, ex-
pandindo i e aplicando a convenção do somatório para j, tem-se
P
b1 = 3j=1 B1j aj = B11 a1 + B12 a2 + B13 a3 = (2)(1) + (3)(0) + (0)(2) = 2,
P
b2 = 3j=1 B2j aj = B21 a1 + B22 a2 + B23 a3 = (0)(1) + (5)(0) + (1)(2) = 2, (i)
P
b3 = 3j=1 B3j aj = B31 a1 + B32 a2 + B33 a3 = (0)(1) + (2)(0) + (1)(2) = 2.
De (B)
b1 2 3 0 1 (2)(1) + (3)(0) + (0)(2) 2
[b] = [B] [a] → b2 = 0 5 1 0 = (0)(1) + (5)(0) + (1)(2) = 2 . (ii)
b3 0 2 1 2 (0)(1) + (2)(0) + (1)(2) 2
Comparando-se os termos Dik nas expressões anteriores, observa-se que são iguais, demon-
strando a igualdade entre as expressões (A) e (B), ou seja, Dik = Bij Cjk e [D] = [B] [C] .
2
Exercı́cio 1.2 Considere os seguintes vetores e matrizes
1 0 0 1 2
[ai ] = 2 , [bi ] = 2 , [Sij ] = 1 2 3 .
0 3 4 0 1
1. Avaliar [Tij ] se Tij = eijk ak .
Em Tij = eijk ak , i e j são ı́ndices livres e k é um ı́ndice repetido. Usando a definição do
sı́mbolo de permutação, tem-se as 9 equações abaixo
h iT h iT
Logo, [Ci ] = C1 C2 C3 = 3 2 0 .
Observe que k é um ı́ndice livre e efetuando o produto escalar por ek vem que
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 15
Exercı́cio 1.3 Verifique que eijm eklm = δik δjl − δil δjk .
Todos os ı́ndices são livres com exceção de m que é um ı́ndice falso no lado esquerdo da
expressão. Observa-se que os termos do sı́mbolo de permutação do lado esquerdo são não-nulos
quando i 6= j 6= m e k 6= l 6= m. Isto implica que as seguintes condições resultam em valores
não-nulos no lado direito da expressão: i = l 6= m, j = k 6= m, i = k 6= m e j = l 6= m. Assim,
todas as possibilidades que resultam valores não-nulos estão dadas abaixo.
Todas os demais combinações resultam em valores iguais a zero. Por exemplo, para i = j = k =
l = m = 1 tem-se que
e111 e111 = 0 = δ11 δ11 − δ11 δ11 = (1)(1) − (1)(1) = 0.
2
Exercı́cio 1.5 Se Tij = −Tji e Sij = Sji , mostre que Tkl Skl = 0.
Para o caso j = i, tem-se Tii = −Tii . Portanto, novamente tem-se T11 = T22 = T33 = 0.
Logo, aplicando a convenção do somatório para os ı́ndices k e l vem que
Tkl Skl = T11 S11 + T12 S12 + T13 S13 + T21 S21 + T22 S22 + T23 S23 + T31 S31 + T32 S32 + T33 S33
= (0)S11 + T12 S12 + T13 S13 − T12 S12 + (0)S22 + T23 S23 − T13 S13 − T23 S23 + (0)S33
= 0.
2
16 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
2. Verificar que o determinante de uma matriz [A] pode ser denotado de acordo com a ex-
pressão (1.10).
1 λ
W = Tij Eij = µEij Eij + (Ekk )2 ,
2 2
P = Tji Tij = 4µ2 Eij Eij + (Ekk )2 (4µλ + 3λ2 ).
5. Mostrar que o rotacional de um campo vetorial u pode ser escrito como ∇×u = eijk ∂u
∂xj ei =
k
eijk uk ,j ei .
Capı́tulo 2
ESCALARES E FUNÇÕES DE
UMA VARIÁVEL
Este capı́tulo está baseado nas referências [6, 5, 3] e tem como objetivo apresentar uma revisão
dos conceitos de função, diferenciação e integração para o caso de funções de uma única variável.
Todos esses conceitos estão definidos para conjuntos de números e uma revisão inicial da teoria
de conjuntos e relações torna-se interessante no presente contexto.
2.1 Conjuntos
De forma geral, um conjunto denota uma coleção de elementos que possuam uma caracterı́stica
comum. Por exemplo, banana, maçã e laranja possuem como caracterı́stica comum o fato de
serem frutas e portanto pertencem ao conjunto das frutas. Os conjuntos podem ter um número
finito ou infinito de elementos, sendo denominados, respectivamente, conjuntos finito e infinito.
Os conjuntos serão denotados por letras maiúsculas e seus elementos por letras minúsculas.
Dado um conjunto A, se o elemento a pertence a A, indica-se a ∈ A; se não pertence, denota-se
a 6∈ A.
Para indicar um conjunto, pode-se relacionar explicitamente os seus elementos ou indicar a
caracterı́stica ou propriedade comum dos seus elementos. Nesse caso, utilizam-se os seguintes
sı́mbolos:
• |: tal que;
• ∀: para todo;
• =⇒: implica (se);
• ⇐⇒: equivalente a (se e somente se);
A = {a, e, i, o, u}.
17
18 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
3. o conjunto vazio ou nulo não possui nenhum elemento, sendo denotado por ∅.
U U U
B
A
B B
A A
S T
(a) Subconjunto (A ⊂ B). (b) União (A B). (c) Intersecção (A B).
U U
U
A’
B A B A
A
T 0
(d) Disjuntos (A B = ∅). (e) Diferença (A − B). (f) Complemento A .
A intersecção de A e B é
\
A B = {e, i}.
20 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Observando que
(x, y) = (a, b) ⇐⇒ x = a e y = b,
tem-se que o produto cartesiano entre dois conjuntos não é comutativo, ou seja, A × B 6= B × A.
O produto cartesiano de n conjuntos é denotado como
A1 × A2 × . . . An = {(a1 , a2 , . . . , an ), a1 ∈ A1 , a2 ∈ A2 , . . . , an ∈ An }. (2.10)
A × B = {(1, x), (2, x), (3, x), (1, y), (2, y), (3, y)},
B × A = {(x, 1), (x, 2), (x, 3), (y, 1), (y, 2), (y, 3)}.
Observe que A × B 6= B × A.
2
2.3 Relações
Uma relação representa uma regra de correspondência entre dois ou mais objetos. Por exemplo,
na sentença Paulo é pai de João, é pai de representa a relação entre Paulo e João.
Uma relação R de um conjunto A em um conjunto B é um subconjunto de A × B. Se
(a, b) ∈ R, diz-se que a está relacionado com b e denota-se aRb. Observe que R ⊆ A × B.
Definem-se o domı́nio e a imagem da relação R, respectivamente, como
Seja R uma relação definida em um conjunto A, ou seja, R ⊆ A×A. R pode ser dos seguintes
tipos:
Exemplo 2.6 Considere a relação R como ≤ no conjunto dos números reais. R é um ordena-
mento parcial como verificado a seguir. Se a ≤ b e b ≤ c então a ≤ c e portanto R é transitiva;
R é reflexiva pois a ≤ a é verdadeiro; se a ≤ b e b ≤ a, então a = b e R é antissimétrica.
2
3. intervalos semi-abertos [a, b) = {x, x ∈ <, a ≤ x < b} e (a, b] = {x, x ∈ <, a ≤ x ≤ b}.
A partir das definições do conjunto de números reais e de produto cartesiano, o conjunto <2
é definido pelos seguintes pares ordenados de números reais
<2 = < × < = {(x1 , x2 ), x1 , x2 ∈ <}. (2.16)
De forma análoga à linha real, <2 pode ser representado por um plano que se estende em todas
as direções. Os elementos de <2 são pontos do plano cartesiano, denotados usualmente por
x = (x1 , x2 ).
O mesmo processo pode ser estendido para os conjuntos <n de dimensões maiores de tal
maneira que
<n = {x = (x1 , . . . , xn ), xi ∈ <, i = 1, . . . , n}. (2.17)
Em particular, <3 = < × < × < denota o espaço tridimensional cujos elementos ou pontos
são as triplas x = (x1 , x2 , x3 ) de números reais, ou seja,
<3 = {(x1 , x2 , x3 ), x1 , x2 , x3 ∈ <}. (2.18)
Exemplo 2.7 Considere B = <, A = {x, x ∈ <, x ≤ 5} e R =≤. Qualquer número real
maior ou igual a 5 é um limite superior para R.
2
Exemplo 2.9 Considere B = <, A = {x, x ∈ <, x ≥ 5} e R =≤. Qualquer número real
menor ou igual a 5 é um limite inferior para R.
2
Exemplo 2.11 Considere o intervalo fechado [0, 1] = {x, x ∈ <, 0 ≤ x ≤ 1}. Qualquer número
a ≥ 1 é um limite superior e qualquer número b ≤ 0 é um limite inferior. Além disso, max [0, 1] =
1 e min [0, 1] = 0.
Tomando-se agora intervalo aberto (0, 1) = {x, x ∈ <, 0 < x < 1}. Qualquer número a ≥ 1 é
um limite superior e qualquer número b ≤ 0 é um limite inferior. No entanto, o intervalo não
possui máximo nem mı́nimo, pois 0 e 1 não pertencem ao intervalo aberto (0, 1).
2
f: A -> B
yεB
A xε A
B
y = f (x). (2.19)
f f
A B
A
B
(a) Relação f entre dois conjuntos que define uma (b) Relação f entre dois conjuntos que não define uma
função. função.
I(f)
A B
Define-se como gráfico da função f : A → B, denotado por graf(f ), ao conjunto dado pelos
pares ordenados
A Figura 2.5 mostra dois exemplos de gráficos de funções. A primeira possui uma variável e
está definida por f1 : A ⊆ < → Y como ilustrado na Figura 2.5(a). Por sua vez, f2 : A ⊆ <2 →
Y , mostrada na Figura 2.5(b), é uma função de duas variáveis, sendo < o conjunto dos números
reais.
Observa-se que as definições de função e gráfico de uma função não são coincidentes. No
entanto, uma vez especificada uma função, é possı́vel identificá-la a partir de seu respectivo
gráfico.
Ressalta-se ainda que os termos função, mapeamento, transformação e operador são comu-
mente empregados como sinônimos. Assim, se f : A → B, diz-se que f mapeia A em B ou f é
uma transformação de A em B ou f é um operador de A em B.
Exemplo 2.12 Seja < o conjunto dos números reais e considere a relação
( 2 )
2 y
R= (x, y), x, y ∈ <, x + =1 ,
2
y z
f(A)
f(A)
A x
y
Sendo assim, R não é uma função, pois a cada elemento x ∈ <, associa-se um par de
elementos y ∈ <. Por exemplo, (0, +2) e (0, −2) ∈ R.
2
a qual está ilustrada na Figura 2.6(b). Esta relação é uma função. Seu domı́nio é <, ou seja,
todo o eixo x (−∞ < x < ∞). O contra-domı́nio também é < (todo o eixo y), enquanto o
conjunto imagem é Img(R) = {y : y ∈ <, −1 ≤ y ≤ 1}. Observa-se que valores especı́ficos de y
∈ Img(R) são as imagens de infinitos pontos no domı́nio de R. Por exemplo, y = 1 é a imagem
de π/2, 5π/2, 9π/2, ....
A Figura 2.7 ilustra os tipos de funções discutidos anteriormente. Na Figura 2.7(a), tem-
se uma relação, mas não uma função, pois um dos elementos de A tem mais de uma imagem
em B; na Figura 2.7(b), tem-se uma função, pois cada elemento de A está associado a um
único elemento de B; na Figura 2.7(c), tem-se uma função sobrejetora, pois todo elemento de
B é imagem de algum elemento de A; na Figura 2.7(d), tem-se uma função injetora, pois todo
elemento na imagem de f está associado a um único a ∈ A; finalmente, a Figura 2.7(e) ilustra
um função bijetora.
Exemplo 2.14 Seja < o conjunto dos números reais e <+ o conjunto dos reais não-negativos.
Admita que f denote a regra f (x) = x2 . Considere agora as seguintes funções:
1. f1 : < → <. Esta função não é injetora, uma vez que tanto −x quanto x são mapeados
num mesmo ponto f1 (x) = x2 . Também não é sobrejetora, pois os números reais não-
negativos pertencem ao contra-domı́nio, apesar de não serem imagens de nenhum ponto
do domı́nio, ou seja, nem todo número real positivo é o quadrado de outro.
2. f2 : < → <+ . Esta função não é injetora, mas é sobrejetora, pois seu contra-domı́nio é o
próprio conjunto imagem.
3. f3 : <+ → <. Esta função é injetora, pois cada elemento pertencente ao conjunto imagem
possui um único correspondente no domı́nio. No entanto, não é sobrejetora pelo mesmo
motivo apresentado no primeiro caso.
4. f4 : <+ → <+ . Esta função é bijetora, pois é ao mesmo tempo injetora e sobrejetora.
Note que embora a regra f (x) = x2 que define todas as funções f1 , f2 , f3 e f4 seja a mesma,
as quatro funções são bastante diferentes.
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 27
g(y)
f(x)
Y
Exemplo 2.15 Sejam f : < → <, f (x) = x2 e g : < → <, g(x) = 1 + x. Logo
(gf )(x) = 1 + x2 ,
(f g)(x) = (1 + x)2 .
É comum denotar a função g, quando a mesma existe, por f −1 . Nesse caso, é possı́vel escrever
f −1 (f (x)) = x (2.23)
e
f (f −1 (y)) = y. (2.24)
O conceito de função inversa é ilustrado nas Figura 2.9. O elemento x é levado ao elemento
y pela função f e então é trazido de volta de y para x pela função inversa g = f −1 . Da
mesma forma, partindo de y, prescreve-se x = g(y) e tomando-se f (x) = f (g(y)) chega-se a x
novamente.
Admitindo-se f : X → Y , é possı́vel mostrar que as afirmações abaixo são equivalentes:
28 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
1. f é inversı́vel;
2. f é bijetora.
De fato, funções bijetoras estabelecem uma correspondência biunı́voca entre todos os ele-
mentos de X e de Y . Em outras palavras, para todo y ∈ Y (f é sobrejetora) existe um único
x ∈ X (f é injetora) tal que y = f (x). Tomando-se por definição g(y) = x, nota-se que g é uma
função tal que g(f (x)) = x da mesma forma que f (g(y)) = y. Isso deixa claro que f deve ser
inversı́vel.
Exemplo 2.16 Seja f : < → <+ com Dom(f ) = < e Img(f ) = <+ = {y, y ∈ <, y ≥ 0}.
Suponha que f seja definida pela regra f (x) = x2 , i.e., f = {(x, y), x, y ∈ <, y = x2 }. Clara-
mente, f não possui inversa, pois não é injetora, visto que f (−x) = x2 e f (x) = x2 .
2
Exemplo 2.17 Sejam Dom(f ) = <+ = {x, x ∈ <, x ≥ 0} e Img(f ) = < = {y, y ∈ <, y = x2 },
ou seja, f = {(x, y), x, y ∈ <, x ≥ 0, y = x2 }. Evidentemente, f é injetora e sobrejetora.
Dessa forma, f possui uma inversa f −1 . Nesse caso, f −1 é chamada função raiz quadrada
√
positiva, a qual habitualmente é expressa pela notação f −1 (y) = y. Da mesma forma, se
√
f1 = {(x, y), x, y ∈ <, x ≤ 0, y = x2 } e f1−1 (y) = − y é a inversa de f1 , então f1−1 é chamada
função raiz quadrada negativa.
2
Exemplo 2.18 Claramente, a função f (x) = sin(x) não é injetora (por exemplo, sin(0) =
sin(π) = sin(2π) = . . . = 0). Entretanto, se f for definida em <π/2 = {x, x ∈ <, −π/2 ≤ x ≤
π/2}, a restrição f |<π/2 será injetora e sobrejetora e portanto possuirá inversa. A inversa de
f é chamada de função arco-seno e é denotada por f −1 (y) = arcsin(y) ou sin−1 (y).
2
Uma forma alternativa para definir a continuidade de f em um ponto x0 é dizer que f satisfaz
três condições:
1. a função f deve ser definida em x0 , isto é, f (x0 ) existe;
2. o limite de f (x) existe quando x tende a x0 ;
3. os valores nas condições 1 e 2 devem ser iguais, ou seja, limx→x0 f (x) = f (x0 ).
A definição de continuidade pode ser reescrita sem que se faça referência à noção de limite.
Nesse sentido, uma função f : < ⊃ A → < é contı́nua no ponto x0 ∈ A (o que significa
automaticamente que f (x0 ) existe) se e somente se para todo ε > 0 existir um δ > 0 tal que
|f (x0 ) − f (x)| < ε sempre que 0 < |x − x0 | < δ, x ∈ A. (2.28)
30 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Em geral, o número δ varia de ponto para ponto. No caso, em que δ depender apenas de
e não de x0 , diz-se que f é uniformemente contı́nua.
Exemplo 2.20 Considere a função f (x) = 2x − 1. Mostrar que f é contı́nua em x0 = 3.
Dado > 0, a partir da equação (2.28), observa-se que
|f (x) − f (x0 )| = |(2x − 1) − 5| < .
Logo,
|(2x − 1) − 5| = |2x − 6| = 2 |x − 3| < .
Portanto,
0 < |x − 3| < .
2
Assim, dado > 0, basta escolher δ = 2 . Isto ilustra que δ é em geral função de .
2
Exemplo 2.21 Uma função que não é contı́nua em nenhum ponto de seu domı́nio é
(
0 xεQ
f (x) = ,
1 x ε <\Q
sendo Q o conjunto dos números racionais e <\Q o conjunto dos números reais excluindo os
racionais.
2
A definição anterior tem uma interpretação geométrica simples. Para isso, considere o gráfico
da função ilustrada na Figura 2.11. Dado um número positivo , traçam-se duas linhas horizon-
tais paralelas ao eixo x nas alturas f (x0 ) + e f (x0 ) − . Assim, f é contı́nua em x0 se é possı́vel
encontrar um número positivo δ tal que o gráfico de f (x) esteja dentro da banda horizontal
formada por f (x0 ) ± (ou seja, |f (x) − f (x0 )| < ) para todos os valores de x na banda vertical
|x − x0 | < δ. Logo, toda a porção do gráfico dentro da banda vertical está contida na banda
horizontal. Isso é válido para a função da Figura 2.11(a) em qualquer ponto x0 , independente-
mente de quão pequeno é escolhido. Já para a função da Figura 2.11(b), a mesma é contı́nua
em todos os pontos com exceção de x0 , pois não importa quão pequeno seja δ, sempre haverá
uma porção do gráfico que está fora da banda horizontal.
Seja f : <n ⊃ A → <m uma função. Diz-se que f é globalmente contı́nua em A, ou
simplesmente f é contı́nua em A, se e somente se f é contı́nua em todo ponto de A.
As seguintes leis são válidas para os limites de funções:
lei da constante : se f (x) ≡ C, sendo C uma constante, então
então
Conclui-se que o limite de uma soma é a soma dos limites. O mesmo vale para a diferença.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 31
g(x)
ε ε
f( x 0 ) g(x +0 )
ε ε
δ δ δ δ
x0 x x0 x
logo,
e M 6= 0, tem-se que
Assim, o limite de um quociente é o quociente dos limites, desde que o limite do denomi-
nador não seja zero.
lei da raiz : seja k um número inteiro positivo e a > 0 para valores pares de k, então
√
k
√
lim x= ka (2.33)
x→a
então
2.9 Diferenciação
Nesta seção, discute-se o conceito de diferenciação de funções unidimensionais de variáveis reais.
Seja a um ponto de um conjunto A ⊂ < e f uma função definida de A em <, ou seja,
f : A → <. O número real K é chamado de derivada de f em a se, para todo ε > 0, existir um
número δ(ε) > 0 tal que
f (x) − f (a)
− K < ε sempre que 0 < |x − a| < δ, x ∈ A.
x−a
Quando o número K existe, escreve-se K = f 0 (a).
Alternativamente, f 0 (a) pode ser definido como o seguinte limite
f (x) − f (a)
lim = f 0 (a). (2.35)
x→a x−a
y y
f(x) - f(a)
lim x-a = f’(a)
f: X -> Y x -> a
Se uma função f é diferenciável num ponto a ∈ A ⊂ <, então f é contı́nua em a. Nesse caso,
como f 0 (a) existe, a partir da lei do produto para limites tem-se que
f (x) − f (a)
lim [f (x) − f (a)] = lim (x − a)
x→a x→a x−a
f (x) − f (a)
= lim (x − a) lim
x→a x→a x−a
0
= (0)(f (a)) = 0.
Assim, limx→a f (x) = f (a), de modo que f é contı́nua em a.
A continuidade de uma função não implica necessariamente na sua diferenciabilidade, como
ilustrado no exemplo a seguir.
Exemplo 2.22 Considere a função
(
1 + x, x≤0
f (x) = .
1 − 2x, x>0
Observa-se que f é contı́nua em x = 0, mas não é diferenciável neste ponto, pois tomando-se o
limite à direita de 0, tem-se
f (x) − f (0)
lim = 1.
x→0+ x−0
Já tomando-se o limite à esquerda de 0, obtem-se
f (x) − f (0)
lim = −2.
x→0− x−0
Como os valores limites são diferentes, a função não é diferenciável.
2
Se f : < → < é diferenciável em todo ponto a ∈ A, a função que fornece a derivada de f para
todo a ∈ A, denotada por f 0 , é chamada de função derivada de f ou simplesmente derivada de
f.
sendo ξ um número no intervalo (a, x). A expressão anterior é também denominada polinômio
de Taylor de grau n com resto em x = a. O último termo da série representa o termo do resto
podendo ser indicado como
f (n+1) (ξ)
Rn (x) = (x − a)(n+1) . (2.43)
(n + 1)!
Um dos usos da série de Taylor é determinar valores aproximados para funções quaisquer
como ilustrado a seguir.
Exemplo 2.24 Considere a função f (x) = exp(x). Logo, f (k) (x) = exp(x) para todo k ≥ 0.
Logo, a fórmula de Taylor para a = 0 reduz-se a
x2 x3 xn xn+1
exp(x) = 1 + x + + + ... + + exp(ξ).
2! 3! n! (n + 1)!
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 35
Como
xn
lim = 0,
n→∞ n!
tem-se que limn→∞ Rn (x) = 0 para todo x. Consequentemente, a série de Taylor anterior
converge para exp(x) qualquer que seja x. Logo, pode-se escrever
∞
X xn x2 x3 x4
exp(x) = =1+x+ + + + ...
n=0
n! 2! 3! 4!
Para d pequeno, observa-se que os termos a partir de d2 tornam-se pouco relevantes no resultado
final da expressão anterior. Além disso, esse termos vão para zero mais rapidamente que d. Por
exemplo, para d = 10−4 , tem-se d2 = 10−8 , d3 = 10−12 e assim sucessivamente. Denota-se a
2
soma dos termos a partir de d2 como o(d), significando que limd→0 dd = 0.
A partir dessa definição, a expansão anterior pode ser reescrita para d pequeno como
Consequentemente,
Exemplo 2.25 Considere a função f (x) = x2 + 6x. Determinar a diferença entre os valores
da função nos pontos a = 2, 0 e x = 2, 1.
O valor exato dessa diferença é dado por
Observa-se então que a aproximação linear dada pela equação (2.45) está muito próxima do
valor real da diferença, sendo o erro de 1%.
Tomando-se agora a = 2, 0 e x = 2, 01, tem-se
Para o caso de d ser um diferencial, indicado aqui por dx, o diferencial da função df é dado
por
df = f 0 (x)dx. (2.46)
2.10 Integração
Serão revisados a partir de agora alguns elementos fundamentais associados ao conceito de
integração unidimensional.
Uma partição P de um intervalo I = [a, b] é uma coleção finita de subintervalos de I que não
se sobrepõem e cuja união é o próprio I. Uma partição geralmente é descrita especificando-se
um conjunto finito de números, i.e.,
a = x0 ≤ x1 ≤ x2 ≤ · · · ≤ xn = b.
0 1/3 2/3 1
a=x0 x1 x2 b=x 3
Ik = [xk−1 , xk ], 1 ≤ k ≤ n,
Considere agora uma partição P do intervalo I = [a, b] ⊂ < e f uma função definida em I.
O número real
n
X
R(P, f ) = f (ξk )(xk − xk−1 ), (2.49)
k=1
f: X -> Y
f (ξ)
A
x
xi ξ x(i+1)
Exemplo 2.26 Seja f (x) = 1 se x for racional e f (x) = 0 se x for irracional. Verifica-se que o
limite das somas de Riemann nesse caso depende da escolha dos pontos ξk . Portanto, a função
f não é integrável no sentido de Riemann.
2
É possı́vel mostrar que se f for contı́nua no intervalo fechado [a, b], exceto em um número
finito de pontos, então f será integrável no sentido de Riemann. Obviamente, a função do
exemplo 2.26 não satisfaz esta condição.
A seguir, consideram-se alguns teoremas fundamentais da teoria clássica de integração.
38 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Teorema do Valor Médio para Integrais Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b] ⊂
<. Logo, existe um ponto c ∈ [a, b] tal que
Z b
f (x)dx = f (c)(b − a). (2.51)
a
Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b] ⊂
<. Logo, a função F (x) definida por
Z x
F (x) = f (s)ds (2.52)
a
Segundo Teorema Fundamental do Cálculo Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b] ⊂
< e F a sua primitiva. Logo,
Z b
f (x)dx = F (b) − F (a). (2.53)
a
Uma função F (x) cuja derivada satisfaz F 0 (x) = f (x) é chamada de função primitiva de f .
Segue-se de forma imediata que a primitiva de uma função só pode ser determinada a menos de
uma constante.
A integração representa a área definida entre a função e o eixo x limitada em x = a e x = b.
No caso da diferenciação, tem-se o valor da inclinação de uma reta tangente em um ponto
x0 . Apesar dos conceitos serem diferentes, pode-se estabelecer a seguinte relação entre as duas
operações
Z
f 0 (x)dx = f (x). (2.54)
Exemplo 2.29 Suponha que a força que age sobre uma partı́cula e o seu deslocamento estejam
sobre a mesma reta, tomada como o eixo x. Suponha ainda que o módulo da força não seja
constante e dependa da posição da partı́cula, como ilustrado na Figura 2.15(a). Como a força
é variável, trabalho realizado pela força sobre a partı́cula não pode ser calculado simplesmente
empregando o produto de F pela distância percorrida.
Deve-se particionar o deslocamento total da partı́cula em uma série de subintervalos de
largura ∆xi . Escolhe-se um intervalo suficientemente pequeno para poder considerar a força F (x)
constante neste intervalo. Toma-se F̄i (x) como o valor médio de F (x) em cada subintervalo. O
incremento de trabalho ∆Wi para qualquer intervalo i é dado por
∆Wi = F̄i (x)∆xi (2.55)
Esse incremento representa a área de cada retângulo indicado na Figura 2.15(b).
Para aproximar o trabalho total W quando a partı́cula se move de xi até xf , somam-se as
áreas de todas as faixas entre xi e xf , como mostrado na Figura 2.15(b). Logo,
∆W = Σi ∆Wi = F̄i (x)∆xi . (2.56)
A equação (2.56) é uma Soma de Riemann e representa uma aproximação do trabalho real.
Pode-se melhorar a aproximação reduzindo a largura ∆xi das faixas ou analogamente usando
um número maior de faixas, como ilustrado na Figura 2.15(c). No limite, faz-se ∆xi tender a
zero, isto é, toma-se uma quantidade infinita de faixas. Tem-se, assim, como resultado exato
Geometricamente, o trabalho de uma força variável é igual à área sob a curva de F (x) entre
os limites xi e xf , como mostrado na Figura 2.15(d).
F(x) F(x) F(x) F(x)
∆W
F(x) W
0 xi xf x 0 xi xf x 0 xi xf x 0 xi xf x
∆x ∆x
(a) Força variável, (b) Divisão do intervalo. (c) Divisão de área em (d) Caso limite, sendo W
F (X), em função faixas mais estreitas. a área sob a curva.
do deslocamento da
partı́cula.
Em geral, emprega-se o conceito de integração por partes para simplificar o cálculo de uma
integral. Considere a regra da derivada do produto de duas funções reescrita (2.38) como
f (x)g0 (x) = (f (x)g(x))0 − f 0 (x)g(x).
40 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Denotando du = g0 (x)dx e dv = f 0 (x)dx, a equação anterior pode ser reescrita na seguinte forma
mais usual
Z Z
udv = uv − vdu. (2.59)
Para empregar a integração por partes mais facilmente, deve-se escolher adequadamente u e v.
1
Exemplo 2.30 Considere a função ln(x). Para u = ln(x) e dv = dx, tem-se du = x e v = x.
Logo,
Z Z
ln(x)dx = x ln(x) − dx = x ln(x) − x + C,
(a) f (x) = 2;
(b) f (x) = −5x + 6;
(c) f (x) = x2 − 4x + 3.
5. Determinar a equação da reta que passa pelos (2, 8) e (10, 4). Qual é o coeficiente angular
da reta?
(a) limx→3 x2 + 5;
1−x
(b) limx→7 x−5 ;
√
(c) limx→−2 x2 + 2;
x
(d) limx→0 |x| .
7. Para as funções abaixo, determine os seus domı́nios indicando, os seus pontos de descon-
tinuidade
1
(a) f (x) = 3−x ;
sin(x)
(b) f (x) = x2 .
9. Determinar os valores máximos e mı́nimos absolutos das funções nos intervalos fechados
43
44 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
• Associatividade: (u + v) + w = u + (v + w);
• Identidade: existe um elemento nulo denotado por 0 ∈ V tal que u + 0 = u para todo
u ∈ V;
• Inverso: para todo u ∈ V existe um elemento inverso denotado por −u tal que u + (−u) =
0;
• Comutatividade: u + v = v + u.
Por sua vez, a propriedade anterior de produto escalar αu satisfaz os seguintes axiomas para
todo u, v ∈ V e α, β ∈ <
Usualmente, empregam-se espaços vetoriais cujos elementos não são vetores algébricos, como
por exemplo os espaços vetoriais de funções contı́nuas e polinômios.
Exemplo 3.3 O conjunto <2 é um subespaço vetorial de <3 . Dados os vetores u = (x1 , y1 , 0) e
v = (x2 , y2 , 0), a soma u+v = (x1 +x2 , y1 +y2 , 0) e a multiplicação por escalar αu = (αx1 , αy1 , 0)
resultam em vetores de <2 . O elemento nulo 0 = (0, 0, 0) de <3 é também o elemento nulo de
<2 .
2
Exemplo 3.5 Sejam u = (1, −2, 1), v = (2, 1, −1) e w = (7, −4, 1) vetores de <3 . Mostre que
esses vetores são linearmente dependentes.
Toma-se uma combinação linear desses vetores e iguala-se ao vetor nulo, usando como
incógnitas os escalares α1 , α2 e α3 . Logo,
ou ainda
Exemplo 3.6 Sejam u1 = (1, 2, 3), u2 = (0, 1, 2) e u3 = (0, 0, 1) vetores de <3 . Mostre que o
conjunto B = {u1 , u2 , u3 } forma uma base para <3 .
Para tanto, é preciso provar que B é linearmente independente e ainda gera o <3 . Para
provar a primeira condição considere uma combinação linear dos vetores de B igual ao vetor
nulo, i.e.,
α1 u1 + α2 u2 + α3 u3 = 0.
u = α1 u1 + α2 u2 + α3 u3 .
Em termos de componentes
(x, y, z) = α1 (1, 2, 3) + α2 (0, 1, 2) + α3 (0, 0, 1).
o qual admite solução para quaisquer valores de x, y, z. Portanto, todo vetor u = (x, y, z) é uma
combinação linear dos vetores de B. Resolvendo esse sistema, chega-se a
(x, y, z) = x(1, 2, 3) + (−2x + y)(0, 1, 2) + (x − 2y + z)(0, 0, 1).
A partir dessas propriedades, diferentes tipos de produtos internos podem ser definidos. O
produto interno usual de vetores algébricos em V ≡ <3 , denominado produto escalar e denotado
como (·, ·), é definido por
3
X
(u, v) = u · v = ui vi = ui vi , (3.13)
i=1
Exemplo 3.7 No espaço vetorial V = <2 = {(x, y) | x, y ∈ <}, a operação que associa a cada
par de vetores u = (x1 , y1 ) e v = (x2 , y2 ) o escalar hu, vi = 3x1 x2 + 4y1 y2 é um produto interno.
De fato, a definição anterior satisfaz as propriedades (3.9) a (3.12) como demonstrado a seguir
• Se w = (x3 , y3 ), então
Do exemplo anterior, observa-se que vários produtos internos podem definidos para um
mesmo espaço vetorial.
Quando o produto interno entre dois vetores é nulo, diz-se que os mesmos são ortogonais,
denotando-se
hu, vi = 0 =⇒ u ⊥ v. (3.14)
Nesse caso, diz-se que a norma anterior é induzida pelo produto interno.
O conceito de norma pode ser estendido para qualquer espaço vetorial cujos elementos não
são necessariamente vetores algébricos. Nesse sentido, a norma de um elemento u do espaço
vetorial V é uma operação que associa a u um número real positivo, denotado por kuk, de tal
forma que
k·k : V −→ <
u −→ kuk ,
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 49
De forma análoga ao produto interno, pode-se definir mais de uma norma no mesmo espaço
vetorial como ilustrado no exemplo a seguir.
Exemplo 3.8 Considere V ≡ <2 e um vetor u = (x1 , x2 ) de V. As seguintes normas são válidas
em <2
p q
kuk = (u, u) = x21 + x22 ,
kuk = |x1 | + |x2 | .
A primeira norma é denominada Euclidiana e provém do produto escalar de vetores. A segunda
norma não é induzida por nenhum produto interno. As duas normas satisfazem as condições
(3.16) a (3.19).
2
O produto escalar dado pela relação (3.13) pode ser escrito em termos das normas dos vetores
algébricos u e v da seguinte maneira
(u, v) = u · v = kuk kvk cos θ, 0 ≤ θ ≤ π, (3.20)
sendo θ o ângulo entre os vetores u e v.
Exemplo 3.9 Considere o produto escalar usual em <3 . Deseja-se determinar o ângulo entre
os vetores u = (2, 1, −5) e v = (5, 0, 2).
Para isso, calculam-se as normas dos vetores u e v e o produto escalar entre esses dois
vetores, ou seja,
q √
kuk = 22 + 12 + (−5)2 = 30,
p √
kvk = 52 + 22 = 29,
(u, v) = 2(5) + 1(0) − 5(2) = 0.
O ângulo entre u e v é dado por
(u, v) 0
cos θ = = √ √ = 0.
kuk kvk 30 29
Portanto, θ = π2 . Observa-se que se θ = π2 , então u ⊥ v.
2
Exemplo 3.10 A partir da base B = {v1 , v2 , v3 } de <3 dada por v1 = (1, 1, 1), v2 = (−2, 1, 1) e
v3 = (0, −1, 1), pode-se obter uma base ortonormal em relação ao produto interno usual (produto
escalar).
De fato, normalizando-se os vetores da base B chega-se a
v1 (1, 1, 1) 1 1 1
u1 = =√ = ( √ , √ , √ ), (3.22)
kv1 k 1+1+1 3 3 3
v1 (−2, 1, 1) 2 1 1
u2 = =√ = (− √ , √ , √ ), (3.23)
kv2 k 4+1+1 6 6 6
v1 (0, −1, 1) 1 1
u3 = =√ = (0, − √ , √ ). (3.24)
kv3 k 0+1+1 2 2
A partir daı́, é fácil verificar que
u1 · u1 = u2 · u2 = u3 · u3 = 1,
u1 · u2 = u2 · u3 = u1 · u3 = 0.
Portanto,
ui · uj = δij .
Logo, em uma base ortonormal, os vetores são ortogonais e possuem módulo unitário.
Um sistema de coordenadas ortogonal consiste de uma base ortonormal {e1 , e2 , e3 } junta-
mente com o ponto O. Assume-se daqui em diante que um sistema de coordenadas cartesiano
fixo para uma região B é dado como ilustrado na Figura 3.2.
u × v = − (v × u) , (3.29)
u × (v + w) = u × v + u × w, (3.30)
u × u = 0, (3.31)
e1 × e1 = e2 × e2 = e3 × e3 = 0, (3.32)
e1 × e2 = e3 , e2 × e3 = e1 , e3 × e1 = e2 , (3.33)
ku × v = u × kv = k (u × v) , (3.34)
u · (v × w) = w · (u × v) = v · (w × u), (3.35)
ou ainda
O volume do paralelepı́pedo gerado pelos vetores u, v e o vetor unitário n é dado pelo produto
misto
1 1 1
V = n · (u × v) = n · w = − √ e1 − √ e2 − √ e3 · (7e1 − 7e2 − 7e3 ) .
3 3 3
Pelas propriedades do produto escalar vem que
7 7 7 7
V = −√ + √ + √ = √ .
3 3 3 3
2
f(x,y)
0
−1
2
−2
1.5
2
1
1 0.5
0
0 −0.5
−1
−1
−1.5
y −2 −2 x
1
Figura 3.5: Função de duas variáveis f (x, y) = x2 − y 2 2 .
Seja f : A ⊂ <n → <m uma função definida no conjunto A ⊂ <n e x0 um ponto do domı́nio
de f . Diz-se que f possui um valor limite a ∈ <m no ponto x0 se, para todo > 0, existir um
outro número δ > 0 tal que
k x − x0 k< δ ⇒k f (x0 ) − a k< .
Na expressão anterior, k x − x0 k indica a norma do vetor x − x0 . Frequentemente, emprega-se
a norma Euclidiana.
Se x estiver suficientemente próximo de x0 , é possı́vel aproximar f de a tanto quanto se
queira. Nesse caso, denota-se como
lim f (x) = a.
x→x0
Exemplo 3.12 Seja A o disco circular consistindo dos pontos (x, y), tais que x2 + y 2 ≤ 1 e
seja f (x, y) = 1 para todo ponto (x, y) ∈ A. Logo, f é contı́nua em A, pois o limite de f (x, y)
em cada ponto de A é 1.
Tomando-se agora a seguinte função
(
f (x, y) se (x, y) está em D
g(x, y) = .
0 caso contrário
Nesse caso, g não é contı́nua em <2 . Por exemplo, o limite de g(x, y) para (x, y) → (1, 0) não
existe, pois existem não só pontos interiores a A arbitrariamente próximos de (1, 0), nos quais
g tem o valor 1, como também pontos exteriores arbitrariamente próximos de (1, 0) nos quais g
tem o valo 0. Logo, g(x, y) não pode tender para um valor único quando (x, y) → (1, 0).
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 55
As leis de limite para funções de várias variáveis são análogas àquelas das funções de uma
variável. Para isso, sejam as funções f : <n → < e g : <n → < de tal forma que
Nesse caso, as leis de soma, produto e quociente para limites são dadas, respectivamente, por
Considere um polinômio de grau n nas duas variáveis x e y, denotado como Pn (x, y) e dado
por
n
X
Pn (x, y) = aij xi y j .
i,j=1
∂f f (x + ∆x, y) − f (x, y)
fx (x, y) = (x, y) = lim . (3.43)
∂x ∆x→0 ∆x
O valor do limite anterior, se existir, é chamado derivada parcial de f em relação a x. Analoga-
mente, a taxa de variação de f em relação a y, denotada por ∂f
∂y ou fy , é a derivada parcial de
f em relação a y e dada por
fx = 2xy + 3.
fy = 3y 2 + x2 .
Exemplo 3.14 Seja f (x, y, z) = x2 + y + cos(y 2 z). Logo, têm-se as seguintes derivadas parciais
fx = 2x;
fy = 1 − 2yz sin(y 2 z);
fz = −y 2 sin(y 2 z);
fxx = 2;
fyy = −2z sin(y 2 z) − 4y2z cos(y 2 z);
fzz = −y 4 cos(y 2 z);
fxy = fyx = 0;
fxz = fzx = 0;
fyz = fzy = −2y sin(y 2 z) − 2y 3 z cos(y 2 z).
No caso geral de uma função f : <n → < de n variáveis com valores escalares, as derivadas
parciais de primeira ordem em relação a cada uma das variáveis independentes xi (i = 1, . . . , n)
são dadas de forma geral como
∂ |α| f
Dα f = ,
∂xα
sendo α = (α1 , . . . , αn ), denominado multi-ı́ndice, tal que os sı́mbolos |α| e ∂xα sejam entendidos
da seguinte forma
|α| = α1 + α2 + . . . + αn ,
∂xα = ∂x1 . . . ∂x1 ∂x2 . . . ∂x2 . . . ∂xn . . . ∂xn .
| {z }| {z } | {z }
α1 α2 αn
Exemplo 3.15 Considere uma função f (x, y). As derivadas parciais de segunda ordem são
indicadas em notação de multi-ı́ndices como α = (α1 , α2 ) e |α| = 2. As combinações de ı́ndices
(2, 0), (0, 2) e (1, 1) indicam, respectivamente, as derivadas parciais fxx , fyy e fxy = fyx .
2
Exemplo 3.16 Considere a função f (x, y) = 2x2 + 5xy + 3y 2 . Determinar a diferença entre
os valores da função nos pontos (1,2) e (1,01, 2,01).
A diferença real entre os valores da função nos dois pontos é
f variável dependente f
f x1 f x3
f x2
x y z variáveis intermediárias x1 x2 x3
x 1 t2 x 3 t1
x 1 t1 x 3 t2
x 2 t1 x 2 t2
t variável independente t1 t2
df
Exemplo 3.17 Para f (x, y) = sin(xy), x = t e y = t2 , determinar dt pela regra da cadeia.
Como
∂f ∂f dx dy
= y cos(xy), = x cos(xy), = 1, = 2t,
∂x ∂y dt dt
a expressão (3.52) fornece
df
= (y cos(xy))(1) + (x cos(xy))(2t) = t2 cos(t3 ) + 2t2 cos(t3 ) = 3t2 cos(t3 ).
dt
Escrevendo f explicitamente em função de t, tem-se
f (t) = sin(t3 ),
cuja derivada resulta em f 0 (t) = 3t2 cos(t3 ) e portanto coincide com a expressão obtida pela regra
da cadeia.
2
Para o caso geral de uma função f de n variáveis intermediárias x1 , . . . xn , sendo cada uma
delas dependente das variáveis independentes t1 , . . . , tn , tem-se uma expressão semelhante a
(3.53) para cada variável independente ti com i = 1, . . . , n, ou seja,
∂f ∂f ∂x1 ∂f ∂x2 ∂f ∂xn
= + + ... + . (3.54)
∂ti ∂x1 ∂ti ∂x2 ∂ti ∂xn ∂ti
Observa-se que as derivadas de f em relação às variáveis independentes estão denotadas pelo
sı́mbolo de derivada parcial, pois f é uma função de n variáveis.
Como exemplo, considere o caso de três variáveis intermediárias e duas variáveis indepen-
dentes, ou seja, f (x1 , x2 , x3 ) e x1 (t1 , t2 ), x2 (t1 , t2 ) e x3 (t1 , t2 ). Nesse caso, a expressão (3.54)
fornece as três derivadas parciais seguintes
∂f ∂f ∂x1 ∂f ∂x2 ∂f ∂x3
= + + ,
∂t1 ∂x1 ∂t1 ∂x2 ∂t1 ∂x3 ∂t1
∂f ∂f ∂x1 ∂f ∂x2 ∂f ∂x3
= + + ,
∂t2 ∂x1 ∂t2 ∂x2 ∂t2 ∂x3 ∂t2
∂f ∂f ∂x1 ∂f ∂x2 ∂f ∂x3
= + + .
∂t3 ∂x1 ∂t3 ∂x2 ∂t3 ∂x3 ∂t3
A relação entre as variáveis está ilustrada na Figura 3.6(b).
60 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Considere a função f (x, y, z). A diferença dos valores da função calculada nos pontos Q(x +
∆x, y + ∆y, z + ∆z) e P (x, y, z) é dada por
∆f = f (Q) − f (P ). (3.56)
∆f = ∇f (P ) · v, (3.58)
f (Q) − f (P ) ∆f
= . (3.60)
||v|| ∆s
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 61
∆f ∇f(P ) · v
= = ∇f(P ) · u, (3.61)
∆s ||v||
v
com u = ||v|| o vetor unitário na direção de P a Q. A taxa instantânea de variação é obtida
tomando-se o limite da relação anterior para ∆s → 0, ou seja,
df ∆f
= lim = ∇f (P ) · u. (3.62)
ds ∆s→0 ∆s
Define-se a derivada direcional de f em (x, y, z) na direção u como
y Q
u ∆s
∇f = ye1 + (x + 2yz)e2 + y 2 e3 .
∇f = e1 + 3e2 + e3 .
Para generalizar o conceito de derivada direcional, seja f : <n → <m uma função definida
no conjunto A ⊂ <n . De forma equivalente, f pode ser identificada como uma função vetorial
de m componentes, i.e., f = (f1 , f2 , . . . , fm ), sendo cada componente fi uma função escalar
de n variáveis reais definida em A, isto é fi : <n → <. Considere agora os pontos P e Q
com coordenadas x = (x1 , x2 , . . . , xn ) e x + u = (x1 + u1 , x1 + u2 , . . . , xn + un ) com u =
(u1 , u2 , . . . , un ) ∈ <n um vetor unitário, ou seja,
u21 + u22 + . . . + u2n = 1.
O limite para o número real > 0
fj (x + u) − fj (x)
lim ,
→0,>0
quando existe, é chamado de derivada direcional da j-ésima função componente fj no ponto x
segundo a direção u. O parâmetro permite avaliar como f varia na direção de u.
Assim, f não tem somente uma derivada no ponto x como no caso unidimensional, mas o
valor da derivada depende da direção u.
Usualmente, denota-se essa derivada por
d
Dfj (x)[u] = fj (x + u). (3.64)
d =0
A derivada direcional da função vetorial f em x segundo a direção u é definida como
f (x + u) − f (x)
Df (x)[u] = lim = (Df1 (x)[u], Df2 (x)[u], . . . , Dfm (x)[u]). (3.65)
→0,>0
A derivada direcional, como definida acima, satisfaz as propriedades usuais da derivada
unidimensional. Tais propriedades são listadas a seguir:
2. Regra do produto: se f (x) = f1 (x) · f2 (x), com · indicando qualquer tipo de produto, então
Se cos2 θ = sin2 θ, então φ() = 0 para todo e φ0 (0) = 0. Se cos2 θ 6= sin2 θ, então φ não
d
possui derivada em = 0, pois d || não existe no ponto = 0. Assim, a derivada direcional de
√ √
f em x0 = (x0 , y0 ) é zero nas quatro direções (± 2/2, ± 2/2). Em qualquer outra direção v,
a derivada direcional de f não existe.
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 63
1
Exemplo 3.21 A função f (x, y) = x2 − y 2 2 no ponto x0 = (x0 , y0 ) = (0, 0) tem um número
indefinido de derivadas direcionais. A Figura 3.5 mostra esta função e algumas direções possı́veis.
2
Quando o vetor unitário u que define a derivada direcional de fj é tomado segundo a direção
particular de um dos eixos coordenados, por exemplo ei , essa derivada, se existir, recebe o nome
de i-ésima derivada parcial da j-ésima função componente fj no ponto x. Assim, denota-se a
derivada parcial por
Como f = (f1 , f2 , . . . , fn ) é uma função vetorial, a matriz tangente [K] é dada por
∂f1 ∂f1 ∂f1
∂x1 ∂x2 ... ∂xn
∂f2 ∂f2 ∂f2
∂x1 ∂x2 ... ∂xn
[K] = .. .. .. . (3.71)
. . ... .
∂fn ∂fn ∂fn
∂x1 ∂x2 ... ∂xn
Exemplo 3.22 Considere a função f (x, y, z) = 0, 1x2 +0, 3y 2 +0, 2z 2 descrevendo a temperatura
em graus Celsius nos pontos de seu domı́nio. Qual será a taxa de variação da temperatura que
uma abelha localizada no ponto P (0, 1, 0) irá sentir ao atingir o ponto Q(1, 2, 1)? A distância
indicada em Km?
O gradiente de f é
∇f = 6e1 .
Df (P ) = 0, 6 graus/Km.
Como no caso das funções de uma única variável, funções que prescrevem em todo ponto x
uma derivada parcial ou direcional nestes mesmos pontos são chamadas de funções derivadas
parciais ou direcionais de f .
Seja f : <n → <m uma função definida no conjunto A ⊂ <n . Diz-se que f é de classe C k (Ω)
se todas as suas derivadas parciais de ordem menor ou igual a k existem e são contı́nuas em Ω.
Os sı́mbolos C 0 (Ω) ou C(Ω) são reservados para a classe de funções que são apenas contı́nuas
em Ω.
f F ( ε)
f (x 0 )
F (0)
x
x0 u ε
ε
0 1 2 3 0 1 2
(a) Função f (x). (b) Função F ().
Figura 3.8: Expansão em série de Taylor de uma função de uma variável em termos de F () [1].
Para contornar esse problema, introduz-se a seguinte função F de uma variável ∈ <
As Figuras 3.8 e 3.9 ilustram as funções f e F para os casos de uma e duas variáveis.
Fazendo a expansão para → 0 é equivalente a considerar o comportamento de f em torno
de x0 . Logo, usando a série de Taylor padrão, tem-se que
dF() 1 d2 F()
F() = F(0) + + + .... (3.74)
d =0 2 d2 =0
d 2 d2
f (x0 + u) = f (x0 ) + f (x0 + u) + f (x0 + u) + . . . . (3.75)
d =0 2 d2 =0
f F ( ε)
f (x,y)
y
x0
u
ε
ε
x 0 1 2
(a) Função f (x, y). (b) Função F ().
Figura 3.9: Expansão em série de Taylor de uma função de duas variáveis em termos de F ()
[1].
Dividindo ambos os lados da equação anterior por e tomando o limite para → 0, obtém-se a
expressão da derivada direcional (3.64), ou seja,
f (x0 + u) − f (x0 ) d
lim = f (x0 + u) = Df [u](x0 ). (3.77)
→0 d =0
Exemplo 3.24 Considere o campo vetorial f (x, y) = xe1 +ye2 . É comum esboçar um campo ve-
torial como uma coleção de vetores f (x, y), representados por uma seta de comprimento ||f (x, y)||
a partir do ponto (x, y).
Para o campo vetorial dado, f (x, y) é seu vetor posição apontando a partir da origem e com
comprimento
q
||f (x, y)|| = ||xe1 + ye2 || = x2 + y 2 = r,
igual à distância da origem ao ponto (x, y). A Figura 3.10 ilustra o campo vetorial dado.
2
Seja f (x) um campo escalar, i.e., uma função que associa a cada ponto do espaço Euclidiano
E um número real. A variação de f num dado ponto x0 e numa direção arbitrária u, pode ser
definida através do vetor gradiente ∇f (x0 ) da seguinte maneira
2.5
1.5
0.5
y
−0.5
−1
−1.5
−2
−2.5
−3 −2 −1 0 1 2 3
x
∇(f1 f2 ) = f1 ∇f 2 + f2 ∇f 1 . (3.87)
Para toda superfı́cie de nı́vel f = c, sendo c uma constante, tem-se Df (x) = 0 para qualquer
vetor u tangente a essa superfı́cie. Assim, ∇f (x) · u = 0 e ∇f é normal a superfı́cie de f = c.
Como já visto anteriormente com o vetor gradiente, o campo vetorial gradiente, tem um
importante significado geométrico, pois aponta, em cada ponto, para a direção de maior cresci-
mento de f (x) como mostra a Figura 3.11.
A função f1(x,y) = x*exp(−x²−y²) O campo vetorial gradiente da função f1(x,y) A função f3(x,y) = x² O campo vetorial gradiente da função f3(x,y)
2 2
1.5 1.5
0.5 4
1 3.5 1
f(x,y)
0 2
0 0
1.5
1
−0.5 −0.5
0.5
−0.5 0
−1 −1
2 2
1 2 1 2
1 −1.5 1 −1.5
0 0
0 0
−1 −1
−1 −1
y −2 y −2
−2 −2 x −2 −1 0 1 2 −2 −2 x −2 −1 0 1 2
Figura 3.11: Funções f : <2 → < e os seus campos vetoriais gradiente correspondentes.
Em notação indicial
div v = vi,i .
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 69
1 1 1
0 0 0
−1 −1 −1
(a) Campo vetorial div v = (b) Campo vetorial div v = (c) Campo vetorial div v =
x + y. −x − y. −y + x.
Na Figura 3.12(b), os vetores representam o campo vetorial v : <2 → < tal que v(x, y) =
−x − y. Os vetores estão na direção da origem. Por isso, o divergente div v é menor que zero
pois
dv1 dv2
div v = + = −1 − 1 = −2 > 0.
dx dy
Na Figura 3.12(c), os vetores representam o campo vetorial v : <2 → < tal que v(x, y) =
x− y. Os vetores representam cı́rculos concêntricos em torno da origem, movendo-se em sentido
anti-horário. Por isso, o divergente div v é igual a zero pois
dv1 dv2
div v = + = 1 − 1 = 0.
dx dy
2
Expressões análoga a (3.86) e (3.87) são válidas para a divergência de campos vetoriais, ou
seja,
∇ · (α1 f1 + α2 f2 ) = α1 (∇ · f1 ) + α2 (∇ · f2 ) (3.88)
∇ · (f1 + f2 ) = f1 (∇ · f1 ) + (∇f1 · f2 ). (3.89)
1 1.5
1
0.5
0.5
0 0
−0.5
−0.5
−1
−1 −1.5
1.5 1.5
1 1
1.5 1.5
0.5 1 0.5 1
0 0.5 0 0.5
−0.5 0 −0.5 0
−0.5 −0.5
−1 −1 −1 −1
−1.5 −1.5 −1.5 −1.5
(a) Campo vetorial v1 (x, y, z) = (−y, x, 0). (b) Campo vetorial v2 (x, y, z) = −(x, y, z).
Exemplo 3.27 Seja v1 (x, y, z) = (−y, x, 0) o campo vetorial, mostrado na Figura 3.13(a). O
rotacional do campo vetorial v1 é rot v1 = (0, 0, 2).
Seja v2 (x, y, z) = (x, y, z) o campo vetorial mostrado na Figura 3.13(b). O rotacional do
campo vetorial v2 é rot v2 = (0, 0, 0).
2
∆Φ = div∇Φ. (3.93)
Uma aproximação para V é obtida pela soma de Riemann. Para isso, constrói-se uma
partição P de R consistindo de sub-retângulos R1 , R2 , . . . , Rn obtidos pelas partições de [a, b] e
[c, d] da seguinte forma
conforme ilustrado na Figura 3.14. Para cada retângulo Ri , seleciona-se um ponto arbitrário
(x∗i , yi∗ ). A soma |P | da partição P é definida como a maior diagonal de todos os retângulos Ri .
y
Ri
d
c R
(x *i ,y*i )
x
a b
Denotando por ∆Ai a área de cada retângulo Ri , a soma de Riemann é dada por
n
X
f (x∗i , yi∗ )∆Ai . (3.95)
i=1
A noção de integração segundo Riemann pode ser generalizada para o caso de funções es-
calares em <n . Se (ai , bi ) i = 1, . . . , n denota um intervalo aberto em <n , o produto cartesiano
σ = (a1 , b1 ) × . . . × (an , bn ) ⊂ <n
é chamado cubo (aberto) em <n .
Assume-se por simplicidade que seja dada uma função f : <n → < definida num cubo
E ⊂ <n . Entende-se por uma partição P de E uma famı́lia finita de cubos σ ⊂ E, dois a dois
disjuntos (i.e., cuja intersecção é vazia), tal que
E ⊂ ∪σ̄, σ ∈ P
sendo que σ̄ denota o fecho de σ, ou seja,
σ̄ = [a1 , b1 ] × . . . × [an , bn ] ⊂ <n .
Se um único raio de cubo for definido como
n
!1
X 2
2
r(σ) = (bi − ai ) ,
i
Z Z 1 Z 1 Z 1 1 1
2 2 2 2 3 2
(x + y )dxdy = (x + y )dx dy = x +y x dy
A 0 −1 0 3 −1
Z 1 1
2 2 2 4
= ( + 2y 2 )dy = y + y 3 = .
0 3 3 3 0 3
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 73
50
40
30
20
10
0
5
0
0
−5 −5
Pn−1
B ∆ s i{
C Pi B
Pi−1
A P2
P1
y A= P0
y
x x
(a) Curva C. (b) Partição da curva.
Suponha que se deseja calcular a integral da função contı́nua f (x, y, z) ao longo de C. Para
isso, particiona-se C introduzindo n pontos Pi (x(ti ), y(ti ), z(ti )) com i = 1, . . . , n, conforme
ilustrado na Figura 3.16(b).
O comprimento do arco ∆si entre os pontos Pi−1 e Pi é dado por [3]
Z q
∆si = [x0 (t)]2 + [y 0 (t)]2 + [z 0 (t)]2 dt. (3.98)
tti−1
A soma finita
n
X
f (x(t∗i ), y(t∗i ), z(t∗i ))∆si (3.100)
i=1
Exemplo 3.29 Determine a massa de um fio de densidade ρ = 2z com geometria dada pela
curva paramétrica
x = cos t, y = sin t, z = t, t ∈ [0, π].
A massa do fio é dada por
Z Z
m= dm = ρds.
C C
Pode-se considerar o incremento ∆si dado em (3.99) através de suas componentes (∆xi , ∆yi , ∆zi ).
Denota-se ∆xi através da seguinte aproximação de primeira ordem
∆xi = x(ti ) − x(ti−1 ) = x0 (t∗i )∆t.
Analogamente, para ∆yi e ∆zi . A integral curvilı́nea de f ao longo de C em relação a x é
definida como
Z n
X
f (x, y, z)dx = lim f (x(t∗i ), y(t∗i ), z(t∗i ))∆xi , (3.104)
C ∆t→0
i=1
Z Z b
f (x, y, z)dz = f (x(t), y(t), z(t))z 0 (t)dt. (3.107)
C a
Expressando C através de sua forma paramétrica (x(t), y(t), z(t)), a equação anterior é calculada
como
Z Z b
f1 dx + f2 dy + f3 dz = [f1 (x(t), y(t), z(t))x0 (t)
C a
+ f2 (x(t), y(t), z(t))y 0 (t) + f3 (x(t), y(t), z(t))z 0 (t)]dt. (3.109)
Caso a orientação da curva C seja invertida, o valor da integral curvilı́nea em (3.101) não
se altera. Como as integrais (3.105) a (3.107) envolvem x0 (t), y 0 (t) e z 0 (t), há uma inversão de
sinal. Logo,
Z Z
f ds = f ds,
−C C
Z Z
f1 dx + f2 dy + f3 dz = − f1 dx + f2 dy + f3 dz.
−C C
Pode-se empregar integrais curvilı́neas para calcular o trabalho de um campo vetorial de força
f = f1 ex + f2 ey + f3 ez ao longo de uma curva C definida entre os pontos A e B e parametrizada
por
Apesar de fisicamente não representar uma velocidade, a taxa de variação de r(t) com o parâmetro
t é denominada vetor velocidade e dada por
dx dy dz
v= ex + ey + ez . (3.110)
dt dt dt
76 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Esse vetor é tangente a cada ponto da curva C. Assim, o vetor tangente unitário é definido
como
v dx dy dz
t= ex + ey + ez . (3.111)
||v|| dt dt dt
A norma do vetor velocidade é dado em função do comprimento de arco da curva C como
ds
||v|| = . (3.112)
dt
Considere a partição da curva C ilustrada na Figura 3.16. Para determinar o trabalho do
campo de força f ao longo de C, inicialmente determina-se o trabalho da força entre os pontos
Pi−1 e Pi . Para isso, basta multiplicar a componente da força na direção tangente em um ponto
genérico (x(t∗i ), y(t∗i ), z(t∗i )) entre Pi−1 e Pi pela distância ∆si . A componente tangente da força
é dada pela projeção de f na direção de t, ou seja, toma-se o produto escalar f · t. Logo, o
trabalho da força entre Pi−1 e Pi é calculado aproximadamente por
∆Wi ≈ f (x(t∗i ), y(t∗i ), z(t∗i )) · t(t∗i )∆si .
O trabalho total W é aproximado pela soma de cada uma das parcelas para os n pontos consid-
erados, ou seja,
n
X n
X
W ≈ ∆Wi = f (x(t∗i ), y(t∗i ), z(t∗i )) · t(t∗i )∆si .
i=1 i=1
Tomando o limite da soma de Riemann anterior, tem-se que o trabalho total é dado pela seguinte
integral curvilı́nea
I
W = f · tds. (3.113)
C
Exemplo 3.31 Considere o campo vetorial de força f = yex + zey + xez . Calcular o trabalho
dessa força para mover uma partı́cula entre os pontos (0, 0, 0) e (1, 1, 1) ao longo da curva
indicada no exemplo 3.30.
Da equação (3.114), tem-se
I I
89
W = f · tds = ydx + zdy + xdz = .
C C 60
2
v z
(u,v) r (u,v)
s
R y
u x
(a) Região R. (b) Superfı́cie paramétrica.
Deseja-se agora determinar a área de uma superfı́cie paramétrica geral. Para isso, particiona-
se a região R em retângulos Ri (i = 1, . . . , n), com dimensões ∆u e ∆v, sendo (ui , vi ) o canto
esquerdo inferior de Ri , conforme ilustrado na Figura 3.18(a). A imagem Si de Ri através de
r não será em geral um retângulo no espaço, mas uma superfı́cie curvilı́nea de área ∆Si , como
indicado na Figura 3.18(b). As curvas paramétricas r(u, vi ) e r(ui , v) estão sobre a superfı́cie S
e com origem no ponto r(ui , vi ). Os vetores tangentes a essas curvas no ponto de interseção são
indicados como ru (ui , vi ) e rv (ui , vi ), conforme ilustrado na Figura 3.19(a). O produto vetorial
desses vetores resulta no vetor normal a S no ponto ru (ui , vi ), ou seja,
N(ui , vi ) = ru (ui , vi ) × rv (ui , vi ). (3.120)
Substituindo (3.116) e (3.117) e efetuando o produto vetorial indicado, obtém-se
ex ey ez
∂x ∂y ∂z
N(ui , vi ) = ∂u ∂u ∂u = (y,u z,v − z,u y,v ) ex +(z,u x,v − x,u z,v ) ey +(x,u y,v − y,u x,v ) ez .(3.121)
∂x ∂y ∂z
∂v ∂v ∂v
78 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
v z
R
∆u si
r (ui ,vi )
Ri ∆v
y
(u i ,vi)
u x
(a) Retângulo Ri . (b) Imagem de Ri .
z z
n = r u rv
rv rv
Pi
r(u i,v) Si
r (u i ,vi) ru r(u i ,vi) ru
r(u ,vi )
y
y
x x
(a) Vetores tangentes e curvas paramétricas. (b) Paralelogramo Pi .
Para ∆u e ∆v pequenos, a área ∆Si será praticamente igual à área ∆Pi do paralelogramo
com lados ru (ui , vi )∆u e rv (ui , vi )∆v, conforme ilustrado na Figura 3.20(b). Logo,
∆Si ≈ ∆Pi = ||ru (ui , vi )∆u × rv (ui , vi )∆v|| = ||N(ui , vi )||∆u∆v. (3.122)
A área da superfı́cie S pode ser aproximada pelo soma das áreas de cada uma das n superfı́cies
Si , ou seja,
n
X
a(S) ≈ ||N(ui , vi )||∆u∆v. (3.123)
i=1
Para uma superfı́cie z = f (x, y) na região R do plano xy, as funções componentes de r são
dadas por (3.118) com parâmetros x e y. Nesse caso, o vetor normal é dado por
ex ey ez
∂r ∂r ∂f ∂f ∂f
N = × = 1 0 ∂x =− ex − ey + ek . (3.125)
∂u ∂v ∂f ∂x ∂y
0 1 ∂y
Exemplo 3.33 Uma região cilı́ndrica R de raio unitário é dada pela expressão x2 + y 2 = 1.
Deseja-se determinar a área de interseção dessa superfı́cie com o plano z = 2x + 2y + 1.
A área de R é dada por
Z Z
2 2
(x + y )dxdy = (1)dxdy = π.
R R
Dada uma função f : <3 → <, deseja-se calcular a sua integral ao longo da superfı́cie
paramétrica S, de maneira análoga às integrais curvilı́neas. Especificamente, deseja-se determi-
nar
Z
I= f (x, y, z)dS. (3.127)
S
Tomando o limite da soma de Riemann anterior para n → ∞, tem-se que a integral de superfı́cie
da função f sobre a superfı́cie S é dada por
Z n
!
X
f (x, y, z)dS = lim f (r(ui , vi ))||N(ui , vi )||∆u∆v
S n→∞
i=1
Z
= f (r(ui , vi ))||N(ui , vi )||dudv
R
Z
∂r ∂r
= f (r(ui , vi ))
× dudv. (3.129)
R ∂u ∂v
Para calcular a integral de superfı́cie I, utiliza-se a parametrização r para expressar as
variáveis x, y e z em termos de u e v e substitui-se formalmente o elemento de área de superfı́cie
dS por
∂r ∂r
dS = ||N(ui , vi )||dudv =
× dudv. (3.130)
∂u ∂v
Tomando o caso de uma superfı́cie S dada por z = g(x, y) em uma região R do plano xy, as
variáveis x e y são os próprios parâmetros, como visto anteriormente. Nesse caso, o elemento de
área de superfı́cie fica dado por
s 2 2
∂g ∂g
dS = 1+ + dxdy. (3.131)
∂x ∂y
A partir daı́, a integral de superfı́cie pode ser escrita como
s 2 2
Z Z
∂g ∂g
f (x, y, z)dS = f (x, y, g(x, y)) 1 + + dxdy. (3.132)
S S ∂x ∂y
Uma aplicação das integrais de superfı́cie é o cálculo das coordenadas do seu centróide e dos
momentos de inércia de uma superfı́cie. Se a massa da superfı́cie for m e a densidade em cada
ponto for expressa pela função ρ(x, y, z), as coordenadas (x̄, ȳ, z̄) do centróide e os momentos de
inércia (Ix , Iy , Iz ) em relação aos eixos x, y e z, são dados por
Z Z Z
1 1 1
x̄ = xρ(x, y, z)dS, ȳ = yρ(x, y, z)dS, z̄ = zρ(x, y, z)dS. (3.133)
m S m S m S
Z Z Z
1 1 1
Ix = (y 2 +z 2 )ρ(x, y, z)dS, Iy = (x2 +z 2 )ρ(x, y, z)dS, Iz = (x2 +y 2 )ρ(x, y, z)dS.(3.134)
m S m S m S
Exemplo
p 3.34 Determinar o centróide da superfı́cie hemisférica de densidade unitária z =
a2 − x2 − y 2 com x2 + y 2 ≤ a.
∂z
Por simetria, x̄ = ȳ = 0. Observa-se que ∂x = − xz e ∂y
∂z
= − yz . Da equação (3.131),
obtém-se
s 2 2
x y a
dS = 1+ + dxdy = dxdy.
z z z
Portanto
Z
1 a a
z̄ = z dxdy = .
2πa2 R z 2
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 81
O vetor normal unitário pode ser expresso como a seguinte combinação linear dos co-senos
diretores
N
n= = cos αex + cos βey + cos γez , (3.135)
||N||
sendo α, β e γ os ângulos entre a normal e os eixos coordenados conforme ilustrado na Figura
??. Comparando as expressões (3.121) e (3.135), verifica-se que
1
cos α = (y,u z,v − z,u y,v ) , (3.136)
||N||
1
cos β = (z,u x,v − x,u z,v ) , (3.137)
||N||
1
cos γ = (x,u y,v − y,u x,v ) . (3.138)
||N||
A partir daı́, as projeções do elemento de área dS nos planos cartesianos são dados de acordo
com a Figura ?? por
dxdy = dS cos γ, dxdz = dS cos β, dydz = dS cos α. (3.139)
y y
n
dx
dy
dy n
ds
dz
β
α
dx x
γ
x
dz
z z
(a) Co-senos diretores. (b) Projeção do elemento de superfı́cie.
Esquerda Direita
sendo C a fronteira delimitada acima pela reta y = x e abaixo pela parábola y = x2 − 2x.
Considerando P = 3xy e Q = 2x2 , tem-se
∂Q ∂P
− = 4x − 3x = x.
∂x ∂y
Logo,
I Z Z 3Z x 27
P dx + Qdy = xdA = xdydx = .
C R 0 x2 −2x 4
2
Pode-se expressar o teorema de Green de forma vetorial. Para isso, considere o campo
vetorial arbitrário F = M ex + N ey , podendo representar um campo elétrico, gravitacional ou
de velocidade. Considere a curva paramétrica C ilustrada na Figura ??. O vetor tangente t em
cada ponto da curva é dado por
1 dx dy dx dy
t= ex + ey = ex + ey , (3.141)
v dt dt ds ds
ds
com v = dt . O vetor n normal à curva é determinado como
dx dy dy dx
n = t × ez = ex + ey × ez = ex − ey . (3.142)
ds ds ds ds
O fluxo de F ao longo da direção normal à curva C é dado por
I I I
dy dx
F · nds = (M ex + N ey ) · ex − ey = −N dx + M dy. (3.143)
C C ds ds C
Substituindo a relação anterior na equação (3.144), tem-se a forma vetorial do teorema de Green,
ou seja,
I Z
F · nds = ∇ · FdA. (3.146)
C R
Usando a relação (3.145) e as componentes do vetor normal, a expressão anterior pode ser
escrita em forma de componentes como
Z Z
∂f1 ∂f2 ∂f3
(f1 cos α + f2 cos β + f3 cos γ) dS = + + dV, (3.148)
S R ∂x ∂y ∂z
ou ainda,
Z Z
∂f1 ∂f2 ∂f3
f1 cos α dydz + f2 cos β dzdx + f3 cos γ dxdy = + + dV, (3.149)
S R ∂x ∂y ∂z
10
0
0 2 4 6 8 10 12
z
t
n
n t
S
C
Exemplo 3.37 2
R1 R1
3. hf, f i = 0 f (t)f (t)dt = 0 f 2 (t)dt ⇒ hf, f i > 0,
R1
4. hf, f i = 0 ⇒ 0 f 2 (t)dt = 0 ⇐⇒ f ≡ 0.
R
Portanto, hf, gi = 01 f (t)g(t)dt é um produto interno de V .
Calcula-se agora hh1 , h2 i e hh1 , h1 i como
R1 R1 R1 h 4 i1
t
1. hh1 , h2 i = 0 h1 (t)h2 (t)dt = 2
0 (t)(t )dt = 0 t3 dt = 4 0 = 14 ;
R1 R1 R1 h 3 i1
t
2. hh1 , h1 i = 0 h1 (t)h1 (t)dt = 0 (t)(t)dt = 0 t2 dt = 3 0 = 13 .
• W = {(a, b, 0) : a, b ∈ <}, isto é, W é o plano xy, constituı́do por aqueles vetores cuja
terceira componente é 0;
• W = {(a, b, c) : a + b + c = 0}, isto é, W consiste nos vetores com a propriedade de que a
soma de suas componentes é 0.
Para mostrar que os conjuntos W são subespaços, deve-se verificar se o elemento nulo e a
combinação de dois elementos quaisquer estão em W. Assim, para o primeiro conjunto, tem-se
2. Suponha que v = (a, b, c), w = (a0 , b0 , c0 ) pertencem a W, isto é, a+b+c = 0 e a0 +b0 +c0 = 0.
Assim, para quaisquer escalares k e k0 ,
Além disso,
Exercı́cio 3.3 Escreva o polinômio v{t} = t2 + 4t − 3 como combinação linear dos polinômios
de base e1 = t2 − 2t + 5, e2 = 2t2 − 3t e e3 = t + 3.
Escreve-se v como combinação linear dos ei usando as incógnitas x, y e z, ou seja, v =
xe1 + ye2 + ze3 . Logo
t2 + 4t − 3 = (t2 − 2t + 5) + y(2t2 − 3t) + z(t + 3)
= xt2 − 2xt + 5x + 2yt2 − 3yt + zt + 3z
= (x + 2y)t2 + (−2x − 3y + z)t + (5x + 3z).
Fazendo os coeficientes das mesmas potências de t iguais entre si vem que
x + 2y = 1
−2x − 3y + z = 4 .
5x + 3z = −3
ou
x + 2y = 1
y+z =6 .
13z = 52
Note que o sistema é consistente e portanto tem solução. Resolvendo em relação às incógnitas,
obtem-se x = −3, y = 2, z = 4. Assim, v = −3e1 + 2e2 + 4e3 .
ou ainda
U = {(a, b, c, d) : b + c + d = 0},
W = {(a, b, c, d) : a + b = 0, c = 2d}.
4. Encontre o vetor coordenada de v em relação à base {(1, 1, 1), (1, 1, 0), (1, 0, 0)} do <3 nos
casos
(i) v = (4, −3, 2),
(ii) v = (a, b, c).
88 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
• f (x, y) = √ 2y ;
x−y 2
• f (x, y) = x2 − y 2 + z 2 ;
p
• f (x, y) = sen( x2 + y 2 );
• f (x, y) = 4x + 5y 2 ;
2 +y 2 )
• f (x, y) = exp(x ;
• f (x, y) = 2x exp−xy ;
• f (x, y) = 2x sin(x + y) + cos(xy);
• w = exp(−2x2 + 3y 2 ), x = t, y = t1/2 ;
2
• w= u2 +v2
, u = cos(3t), v = ln(3t);
• w = xyln(2u + v), u = (x2 + y 2 )2/3 , v = (x3 + 2y 3 )1/2 .
• y = 3x + 2y, y = 6x − 4x2 .
• y = x2 , y = 16 − x2 .
• y = x2 + 1, y = 2x2 − 6.
• z = x2 + 4y 2 e z = 12 − 4x2 − 3y 2
• z = 25x2 − x2 − y 2 e o plano xy
• 4x = 6y + z = 3, x = 0, y = 0, z = 0.
• y + z = 2, y = 4 − x2 , y = 0, z = 0.
• z = x2 , y = 4 − z, y = 0, z = 0.
18. Use o teorema da divergência para calcular as integrais de superfı́cie e volume sendo
f = xex + yey + zez e S é a superfı́cie esférica x2 + y 2 + z 2 = 1.
TENSORES
Esse capı́tulo apresenta o conceito de tensores, suas principais operações e propriedades, o prob-
lema de autovalor associado e análise tensorial (diferenciação e integração). Um tensor é um ente
matemático comumente empregado na Mecânica do Contı́nuo. Pode-se definir escalares e vetores
como tensores de ordem zero e um, respectivamente. O interesse principal nesse capı́tulo está
nos tensores de segunda ordem. No entanto, definem-se também tensores de alta ordem, pois
as equações constitutivas de materiais empregam tensores de quarta ordem. Na seção seguinte,
define-se formalmente os tensores de segunda ordem. De forma análoga aos vetores, deve-se
separar a definição de um tensor da sua representação, a qual é válida somente após a definição
do sistema de coordenadas. Esse capı́tulo está baseado nas referências [2, 4, 1].
T: V →V
(4.1)
u → v = Tu.
Como T deve ser uma transformação linear, as seguintes condições devem ser satisfeitas
(
T (u + v) = Tu + Tv ∀u, v ∈V
. (4.2)
T (αu) = αTu ∀v ∈V, ∀α ∈ <
(S + T) v = Sv + Tv, (4.4)
91
92 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
A forma que se definiu o conceito de tensor permite que se faça uma associação biunı́voca
entre tensores e matrizes. Dessa maneira, as operações matriciais equivalentes às duas últimas
operações tensoriais são, respectivamente, a soma e o produto por escalar usualmente conhecidos
do estudo de matrizes.
u = u1 e1 + u2 e2 + u3 e3 = ui ei . (4.6)
u · e1 = u1 e1 · e1 + u2 e2 · e1 + u3 e3 · e1 ,
u · e2 = u1 e1 · e2 + u2 e2 · e2 + u3 e3 · e2 ,
u · e3 = u1 e1 · e3 + u2 e2 · e3 + u3 e3 · e3 .
ei · ej = δij ,
têm-se que as componentes do vetor em relação a essa base são dadas por
u1 = e1 · u
u2 = e 2 · u → ui = ei · u.
u3 = e 3 · u
As componentes de v são obtidas pelo produto escalar com os vetores da base de forma
análoga ao caso anterior. Logo
v1 = e1 · v = u1 e1 · Te1 + u2 e1 · Te2 + u3 e1 · Te3
v2 = e2 · v = u1 e2 · Te1 + u2 e2 · Te2 + u3 e2 · Te3 → vi = uj ei · Tej . (4.7)
v3 = e3 · v = u1 e3 · Te1 + u2 e3 · Te2 + u3 e3 · Te3
Nesse caso, termos como e1 ·Te1 = T11 e e2 ·Te1 = T21 são interpretados como as componentes
do vetor Te1 nas direções e1 e e2 respectivamente. De uma forma geral, define-se Tij como sendo
as componentes do tensor T, em relação à base {e1 , e2 , e3 }. Logo
A partir daı́, a equação dada por (4.7) pode ser escrita na forma de componentes como
v1 = T11 u1 + T12 u2 + T13 u3
v2 = T21 u1 + T22 u2 + T23 u3 → vi = Tij uj .
v3 = T31 u1 + T32 u2 + T33 u3
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 93
com [T] denominada matriz do tensor de segunda ordem T relativa à base {e1 , e2 , e3 }.
Observa-se que os termos nas colunas de [T] são, respectivamente, as componentes dos
vetores Te1 , Te2 e Te3 . Portanto,
Te1 = T11 e1 + T21 e2 + T31 e3
Te2 = T12 e1 + T22 e2 + T32 e3 → Tei = Tji ej . (4.9)
Te3 = T13 e1 + T23 e2 + T33 e3
Exemplo 4.2 Dado que T espelha todo vetor com respeito a um plano fixo, encontrar uma
matriz para T e mostrar que T é um tensor.
Seja e1 perpendicular ao plano de reflexão como ilustrado na Figura 4.1. Logo,
Te1 = −e1 , Te2 = e2 , Te3 = e3 .
Como representação matricial de T em relação a base {e1 , e2 , e3 }, tem-se
−1 0 0
[T] = 0 1 0 .
0 0 1 e
1 ,e2 ,e3
Tomando-se agora um novo conjunto de vetores de base e01 = e2 , e02 = e3 , e03 = e1 , tem-se
Te01 = e01 , Te02 = e02 , Te03 = −e03 .
Portanto, como mencionado anteriormente, as componentes de um tensor dependem da base
adotada. Assim, a matriz das componentes de T na base {e01 , e02 , e03 } é
1 0 0
[T]0 = 0 1
0 .
0 0 −1 e0 ,e0 ,e0
1 2 3
Iv = v, ∀v ∈V. (4.12)
sendo δij o delta de Dirac.A representação matricial associada a esse tensor em qualquer base é
a matriz identidade
1 0 0
[I] = 0 1 0 .
0 0 1
Os tensores nulo e identidade são exemplos de tensores isotrópicos, pois as suas componentes
são as mesmas para qualquer base.
Exemplo 4.4 Considere os tensores S e T cujas componentes em relação a uma base ortonor-
mal são dadas, respectivamente, por
1 0 3 1 2 3
[S] = 0 4 5 e [T] = 4 5 6 .
4 2 2 7 8 9
ST = S ◦ T, (4.16)
ou seja,
Analogamente, obtém-se
ST 6= TS.
Exemplo 4.5 Um corpo rı́gido é girado de 90◦ em torno de um eixo no sentido anti-horário.
Encontrar uma matriz representando esta rotação.
Seja {e1 , e2 , e3 } uma base de vetores unitários, segundo a regra da mão direita, com e3 o
eixo de rotação, como ilustrado na Figura 4.2a). Sendo R a transformação, tem-se
Logo,
ei
0 −1 0
[R] = 1 0 0
0 0 1 e
i
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 97
e2 Re
1
e2
Re
2
e1 e1
Se
2
e3 e3 Se 3
a) b)
(a) 90o
¯ em torno de e3 . (b) 90o
¯ em torno de e1 .
Exemplo 4.6 Considerando o corpo anterior, suponha que o mesmo é girado de 90◦ em torno
do eixo e1 no sentido anti-horário. Encontrar a matriz das rotações resultantes.
Neste caso, esta segunda rotação S, mostrada na Figura 4.2b), é dada por
Se1 = e1 1 0 0
Se2 = e3 ⇒ [S] = 0 0 −1 .
Se3 = −e2 0 1 0
Exemplo 4.7 Dado um ponto P (1, 1, 0), encontrar a sua posição após as duas rotações dos
exemplos anteriores.
Sendo r e r0 os vetores posição inicial e final do ponto P, tem-se que
0
0 −1 0 1
⇒ r0 = −e1 + e3 .
r = [SR] {r} = 0 0 −1 1
1 0 0 0
(ST)T u · v − (TT ST )u · v = 0,
ou seja
h i
(ST)T − (TT ST ) u · v = 0.
Como u, v são arbitrários, para que a expressão anterior seja nula, o termo entre colchetes deve
ser nulo e portanto
(ST)T = TT ST .
2
Portanto,
T
Su · v − ST u · v = 0,
ou ainda,
T
[S − ST ]u · v = 0.
Como u, v são arbitrários, para que a expressão anterior seja nula, o termo entre colchetes
deve ser nulo e portanto
T
S = ST .
2
S = −ST . (4.25)
o que implica em S12 = −S21 , S13 = −S31 , S23 = −S32 e S11 = S22 = S33 = 0.
Todo tensor S pode ser expresso, de forma única, como a soma de um tensor simétrico E e
um tensor anti-simétrico W, ou seja,
S = E + W, (4.26)
sendo
1
E= S + ST , (4.27)
2
1
W= S − ST . (4.28)
2
De fato, verifica-se que E e W são tensores simétrico e anti-simétrico, pois
1 T 1
ET = S +S = S + ST = E,
2 2
1 T 1
WT = S − S = − S − ST = −W.
2 2
Os tensores E e W são chamados, respectivamente, partes simétrica e antissimétrica de S,
podendo ser indicados, respectivamente, por SS e SA .
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 101
(a ⊗ b) v = (b · v) a. (4.29)
(a ⊗ b)ij = ei · (a ⊗ b) ej = ei · [a (b · ej )] = ei · (abj )
= (ei ·a) bj = ai bj .
Portanto,
(a ⊗ b)ij = ai bj . (4.30)
Em notação matricial,
a1 b1 a1 b2 a1 b3
[a ⊗ b] = a2 b1 a2 b2 a2 b3 , (4.31)
a3 b1 a3 b2 a3 b3
ou ainda,
a1
n o
[a ⊗ b] = a2 b1 b2 b3 = {a}{b}T . (4.32)
a
2
102 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Em notação indicial,
Exemplo 4.15 Utilizando a relação (4.35), demonstrar que a componente de um tensor é dada
pela equação (4.8).
Substituindo (4.35) em (4.8), obtém-se
3
X
ei · Tej = ei · Tlm el ⊗ em ej
l,m=1
3
X
= ei · Tlm (ej · em )el
l,m=1
3
X
= ei · Tlm δjm el
l,m=1
3
X
= Tlm δjm δil
l,m=1
= Tij .
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 103
(a ⊗ b)T = (b ⊗ a) ,
(4.36)
(a ⊗ b) (c ⊗ d) = (b · c) a ⊗ d.
(a ⊗ b)T u · v = u · (a ⊗ b)v
= u · (b · (v)a
= (u · a)b · v
= (b ⊗ a)u · v.
(a ⊗ b)T u · v − (b ⊗ a)u · v = 0,
ou ainda,
Como u, v são arbitrários, para que a expressão anterior seja nula, o termo entre colchetes deve
ser nulo e portanto
(a ⊗ b)T = b ⊗ a.
(a ⊗ b) (c ⊗ d) = (b · c) a ⊗ d.
4.10 Traço
O traço de um produto tensorial de dois vetores (u ⊗ v) é definido como um escalar dado por
u · v, ou seja,
tr (u ⊗ v) = u · v. (4.37)
tr (u ⊗ v) = u1 v1 + u2 v2 + u3 v3 = ui vi = (u ⊗ v)ii .
Como qualquer tensor T pode ser escrito na forma T = Tij (ei ⊗ej ), o traço de T é obtido
como
tr T = tr (Tij ei ⊗ej ) = Tij tr (ei ⊗ej ) = Tij (ei ·ej ) = Tij δij = Tii = T11 + T22 + T33 .
tr T = Tii . (4.38)
tr TT = tr T, (4.39)
tr (ST) = tr (TS) . (4.40)
Observa-se também que o espaço de tensores Lin possui um produto interno natural definido
por
S · T = tr ST T , (4.41)
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 105
S−1 S = SS−1 = I.
Segue que um tensor é inversı́vel se e somente se det S 6= 0. São válidas as seguintes identi-
dades
det (ST) = (det S) (det T) ,
det ST = det S,
det S−1 = (det S)−1 , (4.44)
(ST)−1 = T−1 S−1 ,
T −1
S−1 = ST .
sendo S(P) a imagem de P através de S e vol o volume do paralepı́pedo P. Esta relação fornece
uma interpretação geométrica para o determinante de um tensor S.
Exemplo 4.20 Demonstre a seguinte propriedade de determinantes det (ST) = (det S) (det T).
Para demonstrar essa propriedade é importante remeter-se ao conceito de matrizes ele-
mentares. Uma matriz elementar n×n é uma matriz obtida da matriz identidade In aplicando-se
uma, e somente uma, operação elementar.
Denota-se por Eij a matriz elementar obtida trocando-se a linha i com a linha j da matriz
identidade In , Ei (α) é a matriz elementar obtida multiplicando-se a linha i da matriz In pelo
escalar α 6= 0 e Eij (α) a matriz elementar obtida da matriz In , somando-se à linha j α vezes a
linha i. Como exemplos de matrizes elementares 2 × 2, têm-se
" # " # " #
1 0 α 0 1 0
E1,2 = E2,1 = , E1 (α) = , E2 (α) = com α 6= 0,
0 0 0 1 0 α
" # " #
1 0 1 α
E1,2 (α) = , E2,1 (α) = .
α 1 0 1
1 0 0
0 1 0
Sejam E1 = .. , E2 = .. , . . . , En = .. matrizes m × 1.
. . .
0 0 1
106 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Admite-se que S é inversı́vel e portanto a mesma pode ser escrita como o produto de matrizes
elementares, S = E1 . . . Ek . Assim,
2
T −1
Exemplo 4.23 Mostre que S−1 = ST .
Deseja-se mostrar que a inversa de ST é (S−1 )T , mostrando que o produto das duas matrizes
são iguais à matriz identidade I
Qu · Qv = u · v, ∀u, v ∈ V. (4.45)
Qu · Qv = u · QT Qv.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 107
Assim,
u · v = u · QT Qv ⇒ u · Iv = u · QT Qv ⇒ u · I − QT Q v = 0.
QT Q = I.
Por outro lado, o transposto do tensor identidade é o próprio tensor identidade. Portanto,
QQT = QT Q = I, (4.46)
ou seja,
QT = Q−1 . (4.47)
Em representação matricial,
Se det Q = +1, então, Q é uma rotação. Por outro lado, se det Q = −1, Q é uma reflexão.
Todo tensor ortogonal é uma rotação ou o produto de um rotação por −I. Se R 6= I é uma
rotação, então, o conjunto de todos os vetores v tais que
Rv = v
Exemplo 4.24 Uma rotação plana de um ângulo θ no sentido anti-horário é obtida aplicando-
se a rotação R em torno do eixo z a um vetor v, ou seja, multiplicando o vetor v pela matriz
[R] que tem a seguinte forma geral
cos θ sen θ 0
[R] = −sen θ cos θ 0 .
0 0 1
Observe que
Exemplo 4.25 Verificar que os tensores dos Exemplos 4.2 e 4.5 são ortogonais e constituem-se,
respectivamente, uma reflexão e uma rotação.
No primeiro caso, tem-se que,
−1 0 0 −1 0 0 1 0 0
T
[T] [T] = 0 1 0 0 1 0 = 0 1 0 ,
0 0 1 0 0 1 0 0 1
revelando que T é um tensor ortogonal e como det T = −1, tem-se que T é uma reflexão.
Já no segundo exemplo, verifica-se que
0 1 0 0 −1 0 1 0 0
T
[R] [R] = −1 0 0 1 0 0 = 0 1 0 ,
0 0 1 0 0 1 0 0 1
v · Sv >0 (4.48)
Exemplo 4.26 Considere a transformação A cuja forma matricial para o sistema de coorde-
nadas corrente seja a seguinte
2 0 0
A = 0 4 0
0 0 3
Observe que
Wv = w × v, ∀v ∈ V. (4.49)
Lembrando que ej ×ei = −ei ×ej e W é anti-simétrico, tem-se que Wij = −Wji , as componentes
não nulas de W estão relacionadas às componentes de w como
W32 = −W23 = e3 ·We2 = w· (e2 × e3 ) = w · e1 = w1 ,
W13 = −W31 = e1 ·We3 = w· (e3 × e1 ) = w · e2 = w2 ,
W21 = −W12 = e2 ·We1 = w· (e1 × e2 ) = w · e3 = w3 .
Portanto, tem-se que
w = W32 e1 + W13 e2 + W21 e3 ou w = − (W23 e1 + W31 e2 + W12 e3 ) .
Somando as duas equações anteriores, obtém-se a seguinte expressão
2w = (W32 − W23 )e1 + (W13 − W31 )e2 + (W21 − W12 )e3 ,
a qual pode ser reescrita em termos do sı́mbolo de permutação como
2w = −eijk Wjk ei .
Observa-se que para um tensor anti-simétrico W, com componentes
0 −γ β
[W] = γ 0 −α ,
−β α 0
corresponde o vetor axial w com componentes w1 = α, w2 = β e w3 = γ.
e2
e’2 e’1
e1
e3
e’3
Dessa forma, observa-se que {e01 , e02 , e03 } e {e1 , e2 , e3 } estão relacionados por um tensor or-
togonal Q da seguinte maneira
0
e1 = Q11 e1 + Q21 e2 + Q31 e3
e0i = QT ei = Qmi em → 2e0 = Q e + Q e + Q e
12 1 22 2 32 3 , (4.50)
e0 = Q e + Q e + Q e
3 13 1 23 2 33 3
sendo Qmi Qmj = Qmi Qjm = δij , ou ainda, QT Q = QQT = I. Verifica-se que Qmi = em ·QT ei =
em · e0i = cos (em , e0i ).
Tomando-se agora um vetor a qualquer, as suas componentes nos dois sistemas de coorde-
nadas são escritas, respectivamente, como ai = ei ·a e a0i = e0i ·a. Uma vez que a0i = e0i ·a =
Qmi em · a, tem-se
ou em notação matricial
ei
0
a1
Q11 Q21 Q31 a1
a0 → {a}0 = [Q]T {a} .
= Q12 Q22 Q32 a (4.52)
2
a0 2
3
e0i
Q13 Q23 Q33 e0 a3
ei
i
0 0 0
T21 T22 T23 = Q12 Q22 Q32 T21 T22 T23 Q21 Q22 Q23 .
0 0 0
T31 T32 T33 Q13 Q23 Q33 e0 T31 T32 T33 e Q31 Q32 Q33 e
e0 i i i i
De maneira análoga,
0
Tij = Qim Qjn Tmn , (4.54)
ou ainda,
Por sua vez, tem-se as componentes de T na base rotacionada são obtidas por
ei ei e0
0 1 0 0 1 0 0 −1 0 i 2 −1 0
0 T
[T] = [Q] [T] [Q] = −1 0 0 1 2 0 1 0 0 = −1 0 0 .
0 0 1 e0 0 0 1 e 0 0 1 e 0 0 1
i i i
Se = λe, (4.57)
Para um dado tensor S, uma vez conhecidas as suas componentes Sij numa certa base, a
expressão anterior é uma equação cúbica em λ, denominada equação caracterı́stica de S. As
raı́zes λ1 , λ2 , λ3 dessa equação são os autovalores de S. Os respectivos autovetores de S são
determinados substituindo cada um destes autovalores em (4.58) e resolvendo o sistema de
equações obtido. Deve-se observar que as raı́zes do polinômio (4.59), ou seja, os autovalores de
S, podem ser:
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 113
• reais e distintas;
• apenas complexas.
Sv = λv.
Representando S e e em uma outra base {e01 , e02 , e03 } e utilizando as leis de transformação
para vetores e tensores, nota-se que
Lembrando que [Q] [Q]T resulta através (4.46) no tensor identidade e que S satisfaz (4.60),
tem-se
Observa-se portanto que os autovalores λ são os mesmos qualquer que seja a base escolhida
para se representar o tensor S, enquanto os autovetores podem ser transformados entre as duas
bases de forma convencional usando a equação (4.52).
Exemplo 4.29 Considere a representação matricial de um tensor [T] relativa a uma base
{e1 , e2 , e3 }
2 0 0
[T] = 0 3 4 .
0 4 −3
ι1 (S) = λ1 + λ2 + λ3 ,
ι2 (S) = λ1 λ2 + λ2 λ3 + λ1 λ3 ,
ι3 (S) = λ1 λ2 λ3 .
Exemplo 4.30 Para o tensor do Exemplo 4.29, determinar seus invariantes escalares e em
seguida determinar seus autovalores a partir de (4.61).
A matriz do tensor é a seguinte
2 0 0
[T] = 0 3 4
0 4 −3
ι1 (T) = 2 + 3 − 3 = 2,
2 0 3 4 2 0
ι2 (T) = + + = −25,
0 3 4 −3 0 −3
2 0 0
ι3 (S) = 0 3 4 = −50.
0 4 −3
λ3 − 2λ2 − 25λ + 50 = 0
ou
(λ − 2) (λ − 5) (λ + 5) = 0.
2. Seus espaços caracterı́sticos gerados por seus autovetores são mutuamente ortogonais.
116 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Logo, para um tensor simétrico real sempre existem pelo menos 3 autovetores reais denom-
inados direções principais. Para mostrar que as direções principais de um tensor simétrico
são mutuamente perpendiculares, considere os autovetores n1 e n2 de um tensor S com seus
respectivos autovalores λ1 e λ2 . Assim,
(
Sn1 = λ1 n1
.
Sn2 = λ2 n2
Fazendo o produto escalar das equações anteriores, respectivamente, por n2 e n1 vem que
λ1 n1 · n2 = n2 · Sn1 (4.62)
λ2 n1 · n2 = n1 · Sn2 (4.63)
Teorema 4.2 Seja S simétrico. Logo, existe uma base ortogonal para V consistindo inteira-
mente de autovetores de S. Além disso, nesta base {e1 , e2 , e3 } o tensor S tem a forma diagonal
X
S= λi ei ⊗ei
i
4.18 Diferenciação
Nessa seção, será introduzido um conceito suficientemente geral de diferenciação que inclua
funções escalares, pontuais, vetoriais ou tensoriais cujos argumentos são escalares, pontos, ve-
tores ou tensores.
Sejam U e W espaços vetoriais normados, respectivamente, com normas k·kU e k·kW . Con-
sidere uma função f definida numa vizinhança de zero em U e com valores em W. Diz-se que
f (u) se aproxima de zero mais rápido que u se
kf (u)kW
lim = 0. (4.64)
u→0,u6=0 kukU
Exemplo 4.31 Considere, por exemplo, a função ϕ : < → < , ϕ (t) = tα . Portanto,
kϕ (t)k |t|α
lim = = |t|α−1
t→0,t6=0 ktk |t|
Logo, ϕ (t) = o (t) se e somente se α > 1. Caso contrário,
1 1
|t|α−1 = 1−α → lim 1−α → ∞.
|t| t→0,t6=0 |t|
2
Seja g (t) uma função escalar, pontual, vetorial ou tensorial cujo domı́nio é um conjunto real
aberto D, ou seja, t ∈ D ⊂ <. A derivada ġ (t), se existir, é definida como
d 1
ġ (t) = g (t) = lim [g (t + α) − g (t)] (4.66)
dt α→0 α
Se g (t) for uma função pontual, g (t + α) − g (t) é uma diferença de pontos, sendo portanto
um vetor. Dessa forma, a derivada de uma função pontual é um vetor (por exemplo a derivada
de uma função posição é uma função velocidade). De maneira similar, a derivada de uma função
vetorial é um vetor e a derivada de uma função tensorial é um tensor. Diz-se ainda que g (t) é
suave se ġ (t) existe para ∀t ∈ D e se a função ġ (t) é contı́nua em D.
Seja g (t) diferenciável em t. Portanto, (4.66) implica que
1
lim [g (t + α) − g (t) − αġ (t)] = 0,
α→0 α
ou seja, o termo g (t + α) − g (t) − αġ (t) se aproxima de zero mais rápido que α. Da definição
(4.65), tem-se que
Claramente αġ (t) é um termo linear em α. Logo, g (t + α) − g (t) é igual a um termo linear
em α, mais um termo que se aproxima de zero mais rápido que α. Em outras palavras, pode-se
definir a derivada como uma transformação linear que aproxima g (t + α)−g (t) para α pequeno.
118 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
A definição mais útil de derivada para funções de domı́nios de dimensão maior que um é baseada
no resultado anterior.
Para isso, sejam U e W espaços vetoriais normados de dimensão finita, D um subespaço
aberto de U e uma função g
g : D → W.
g (x + u) − g (x)
é igual a uma função linear mais um termo que se aproxima de zero mais rápido que u. De
forma precisa, g é diferenciável em x se existe um transformação linear
Dg (x) : U → W (4.68)
• como em espaços de dimensão finita, quaisquer duas normas são equivalentes, verifica-se
que Dg(x) é independente da escolha das normas em U e V;
sendo
Dϕ (v) [u] = 2v · u.
2
Estes produtos têm com caracterı́stica comum a bilinearidade, ou seja, são lineares em cada
um dos argumentos
f :D→F g:D→G
é a função
h:F ×G →W
definida por
Dh (x) [u] = π (f (x) , Dg (x) [u]) + π (Df (x) [u] , g (x)) , ∀u ∈ U. (4.74)
Exemplo 4.35 Sejam ϕ, v, w, S e T funções contı́nuas num subconjunto aberto de < com ϕ
escalar; v e w vetoriais; S e T tensoriais. Então,
˙ = ϕv̇+ϕ̇v,
(ϕv)
(v ·˙ w) = v · ẇ + v̇ · w,
˙ S) = Ṫ + Ṡ,
(T +
˙ = ϕṪ+ϕ̇T,
(ϕT)
˙ = Tv̇ + Ṫv,
(Tv)
T
ṪT = Ṫ ,
˙ = TṠ + ṪS,
(TS)
(T ˙· S) = T · Ṡ + Ṫ · S.
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 121
h = f ◦ g = f (g (x))
Exemplo 4.36 Considere as funções g (x, y) = x2 + 1, y 2 e f (u, v) = u + v, u, v 2 . Calcule
a derivada da composição h = f ◦ g
Matricialmente,
" #" #
2x 0 x1
Dg (x, y) [x1 , y1 ] = (2xx1 , 2yy1 ) = .
0 2y y1
Logo,
Dh (x, y) [x1 , y1 ] = Df (y) ◦Dg (x) [x1 , y1 ] = Df (g (x)) [Dg (x) [x1 , y1 ]] ,
= Df (x2 + 1, y 2 ) [Dg (x) [x1 , y1 ]] = 2x + 2y, 2x, 4y 3 .
Exemplo 4.37 Dado um tensor ortogonal Q (t), mostrar que (dQ/dt) QT é um tensor anti-
simétrico.
Como Q (t) é ortogonal, tem-se que QQT = I. Portanto,
d dQ T dQT dQT dQ T
QQT = Q +Q =0→Q =− Q .
dt dt dt dt dt
dQT dQ T
Para dt = dt , tem-se que
T
dQ dQ T
Q =− Q .
dt dt
Mas,
T T
dQ dQ T
Q = Q .
dt dt
Logo,
T
dQ T dQ T
Q =− Q .
dt dt
2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 123
Exemplo 4.38 A Figura 4.5 ilustra os sistemas de referência inercial I (x, y, z) e móvel B (x0 , y 0 , z 0 )
associado a um corpo rı́gido B. Deseja-se determinar a equação da velocidade do ponto B de B.
Da Figura 4.5, o vetor posição do ponto B pode ser escrito como
rIOB = rIOA + rB
AB . (4.75)
I
Expressa-se o vetor rAB no sistema inercial como rB AB = TrAB , sendo T um tensor de
rotação. Substituindo a expressão anterior em (8.83) e derivando, tem-se que
d I d d I d dT I drI
rOB = rIOA + TrAB = rIOA + rAB + T AB .
dt dt dt dt dt dt
drIAB
Como B é rı́gido, tem-se que dt = 0. Portanto,
I I dT T I
vOB = vOA + T rAB .
dt
dT T
Do exemplo anterior, dt T é um tensor anti-simétrico e tomando ω I como seu vetor axial,
tem-se que
I I
vOB = vOA + ω I × rIAB .
2
Por sua vez como f é uma função vetorial, cada um dos componentes do lado direito da
equação (8.8) é um vetor análogo ao da equação (8.4). Expandindo cada um dos componentes
vem que
∂fx (x) ∂fx (x) ∂fx (x)
∂x ∂y ∂z
∂fy (x) ∂fy (x) ∂fy (x)
[∇f (x)] =
∂x ∂y ∂z
,
(4.79)
∂fz (x) ∂fz (x) ∂fz (x)
∂x ∂y ∂z
Como ϕ é um campo escalar, a operação Dϕ (x) [u] deve resultar em um escalar. Como u é
um vetor, tem-se que Dϕ (x) deve ser também o vetor, tal que Dϕ (x) [u] é o seguinte produto
interno
∂ϕ
Dϕ (x) [e1 ] = ∇ϕ (x) · e1 = = (∇ϕ)1 ,
∂x1
∂ϕ
Dϕ (x) [e2 ] = ∇ϕ (x) · e2 = = (∇ϕ)2 ,
∂x2
∂ϕ
Dϕ (x) [e3 ] = ∇ϕ (x) · e3 = = (∇ϕ)3 .
∂x3
Logo,
∂ϕ (x)
(∇ϕ (x))i = , (4.82)
∂xi
ou seja,
O vetor gradiente possui uma interpretação geométrica simples. Para toda superfı́cie de nı́vel
ϕ = c, com c uma constante, tem-se Dϕ (x) = 0 para qualquer vetor u tangente a superfı́cie.
Assim, ∇ϕ (x) · u = 0 e ∇ϕ é normal a superfı́cie de ϕ = c, como ilustrado na Figura 4.6.
126 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
4.23.5 Rotacional
O rotacional de v, denotado por curlv, é o único campo vetorial com a propriedade
∇v−∇vT a = (rot v) × a (4.96)
para todo vetor a. Logo, rot v é o vetor axial correspondente ao tensor anti-simétrico ∇v−∇vT .
Assim, considerando ∇v dado em (4.88), tem-se que
∂v2 ∂v1 ∂v1 ∂v3
0 − ∂x1 − ∂x2 − ∂x
h i ∂x3 1
∇v − ∇vT = ∂v2 ∂v1 ∂v3 ∂v2
− ∂x 0 − ∂x − .
∂x1 2 2 ∂x3
∂v1 ∂v3 ∂v3 ∂v2
− ∂x 3
− ∂x1 ∂x2 − ∂x3 0
Assim como o produto tensorial de dois vetores resulta em um tensor de segunda ordem, o
produto tensorial de três vetores resulta em um tensor de terceira ordem. De forma análoga a
(4.29), dados os vetores a, b, c e v, tem-se
(a ⊗ b ⊗ c) v = (c · v) (a ⊗ b) . (4.100)
Dada uma base ortonormal ei (i = 1, 2, 3), os 27 tensores de terceira ordem obtidos pelos
produtos tensoriais ei ⊗ ej ⊗ ek constituem uma base de tal forma que os tensores de terceira
ordem podem ser escritos pela seguinte combinação linear
3
X
A= Aijk ei ⊗ ej ⊗ ek . (4.101)
i,j,k=1
Uma outra forma de definir um tensor de terceira ordem é através do produto interno do
tensor de terceira ordem e do tensor de segunda ordem que resulta do produto tensorial de dois
vetores. Essa operação deve resultar em um vetor, ou seja,
A · (u ⊗ v) = (Av)u. (4.103)
Ew = −Ww . (4.106)
Logo, observa-se que o produto triplo anterior é nulo se quaisquer dos ı́ndices é repetido, 1 se a
permutação é anti-horária e -1 se a permutação é horária, como visto no Capı́tulo 1.
Assim, o tensor E pode ser expresso através da seguinte combinação linear
E = e1 ⊗ e2 ⊗ e3 + e3 ⊗ e1 ⊗ e2 + e2 ⊗ e3 ⊗ e1
−e3 ⊗ e2 ⊗ e1 − e1 ⊗ e3 ⊗ e2 − e2 ⊗ e1 ⊗ e3 . (4.107)
2
130 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
A aplicação recursiva de (4.99) permite definir tensores de qualquer ordem. Por exemplo,
um tensor de quarta ordem C é uma transformação linear que quando aplicada a um vetor u
resulta em um tensor de terceira ordem A tal que
Cu = A. (4.108)
De forma análoga a (4.100), o produto tensorial de quatro vetores resulta em um tensor de
quarta ordem e
(a ⊗ b ⊗ c ⊗ d) v = (d · v) (a ⊗ b ⊗ c) . (4.109)
Para A um tensor de terceira ordem, S e T tensores de segunda ordem e u e v vetores, as
seguintes relações são válidas
(A ⊗ u)v = (u · v)A, (4.110)
(u ⊗ A)v = (u ⊗ (Av), (4.111)
(T ⊗ S)v = T ⊗ (Sv). (4.112)
O tensor C de quarta ordem pode ser também definido através do produto interno com um
tensor de segunda ordem obtido pelo produto tensorial de vetores u e v como
C · (u ⊗ v) = (Cv)u. (4.113)
Te1 = e1 + e2
.
Te2 = e1 − e2
(a) Ta;
(b) Tb;
(c) T(a + b);
DEFORMAÇÃO
5.1 Introdução
De maneira geral, as forças aplicadas sobre um corpo provocam deformação num sólido e fluxo
no caso de um fluido, sendo a determinação dos mesmos um dos principais objetivos na análise
de problemas de mecânica. Neste capı́tulo, pretende-se apresentar o conceito de deformação para
corpos sólidos, sem se preocupar com a natureza das forças envolvidas, as quais serão abordadas
posteriormente.
Nas Figuras 5.1a) e b), ilustram-se, respectivamente, o estiramento de uma barra e a flexão de
uma viga. Nestes dois casos, observam-se apenas variações nas dimensões dos corpos envolvidos,
caracterizando um alongamento ou deformação normal. Já nas Figuras 5.1c) e d), tem-se,
respectivamente, um torque aplicado a um eixo e a forma como os elementos longitudinais do
eixo se comportam. Observa-se, neste caso, uma deformação de cisalhamento ou distorção, dada
por uma variação angular representada por α.
133
134 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Como um corpo pode ocupar diferentes regiões ao longo de um movimento, torna-se necessário
a introdução de um parâmetro t ∈ [t0 , tf ], designando uma certa configuração Bt do corpo.
Observa-se que em vários problemas t não representa necessariamente o tempo.
A partir daı́, um corpo é deformado através de uma aplicação ft mapeando uma configuração
B numa outra Bt ,
ft : B → B t
(5.1)
X → x = ft (X)
• deve-se evitar que um corpo de volume não-nulo passe a ter um volume nulo após a
deformação. Verifica-se que det ∇ft representa localmente o volume após a deformação
por unidade original de volume. Logo, tem-se que det ∇ft > 0.
ut = ut (X) = ft (X) − X = x − X
ou ainda,
Figura 5.3: Campos vetoriais ut (X) e ut (x) caracterizando, respectivamente, a deformação ft (X)
e sua inversa ft−1 (X).
Por sua vez, o tensor ∇ut (X) é o gradiente de deslocamentos, sendo dado em componentes
cartesianas como,
∂u1 ∂u1 ∂u1
∂X1 ∂X2 ∂X3
∂u2 ∂u2 ∂u2
[∇ut ] = ∂X1 ∂X2 ∂X3 (5.5)
∂u3 ∂u3 ∂u3
∂X1 ∂X2 ∂X3
136 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Uma deformação é homogênea se o seu gradiente é constante. Demonstra-se que toda de-
formação homogênea f , com F = ∇f , admite a seguinte representação,
f (X) = X + u
f (X) = Y + R(X − Y)
f (X) = Y + U(X − Y)
Assim, em torno de uma vizinhança de Y, com erro da ordem o(X − Y), uma deformação
geral comporta-se como uma deformação homogênea.
Bt = x(B, t) (5.10)
Quando um corpo está em movimento, grandezas associadas ao mesmo, tais como tem-
peratura e velocidade, variam com o tempo. Estas variações podem ser descritas de formas
material e espacial. Dada uma certa grandeza Φ, observam-se as seguintes caracterı́sticas destas
descrições:
Φ = Φ(X1 , X2 , X3 , t)
Φ = Φ(x1 , x2 , x3 , t)
Assim, observa-se como Φ varia numa posição fixa, definida por coordenadas espaciais
(x1 , x2 , x3 ). As posições espaciais são ocupadas por diferentes partı́culas ao longo do
tempo. Esta descrição é também conhecida como Euleriana.
ft−1 : Bt → B
(5.12)
x → X = ft−1 (x)
138 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Verifica-se que as descrições material e espacial estão relacionadas pelo movimento. Logo, se
o movimento é conhecido, uma descrição pode ser obtida a partir da outra.
x1 = X1 + ktX2 x2 = X2 x3 = X3 (5.14)
Solução:
θ = x1 + x2 = X1 + (kt + 1)X2
2. Para uma certa partı́cula material Xi , a taxa de troca de temperatura é dada por,
∂θ
= kX2 = kx2
∂t Xi fixo
dx · dx = Ft dX · Ft dX = FTt Ft dX · dX (5.17)
Desta maneira, uma medida da deformação da fibra dX ao ser deformada para dx é calculada
como,
dx · dx − dX · dX = FTt Ft dX · dX − dX · dX = FTt Ft − I dX · dX = 2E∗ dX · dX (5.18)
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 139
Figura 5.5: Descrições material (ut (X)) e espacial (ut (x)) da deformação.
1 T
E∗ = Ft Ft − I (5.19)
2
1h i 1
E∗ = (I + ∇ut )T (I + ∇ut ) − I = ∇ut + ∇uTt + ∇uTt ∇ut (5.20)
2 2
Assim, as componentes de E∗ , com respeito a um sistema cartesiano, são dadas por,
!
∗ 1 ∂ui ∂uj ∂uk ∂uk
Eij = + + (5.21)
2 ∂Xj ∂Xi ∂Xi ∂Xj
F−1 −1
t (x) = lim gradft (x) = lim gradx − lim gradut (x) = I − lim gradut (x) (5.22)
−T −1
dx.dx − dX.dX = dx.dx − F−T −1
t Ft dx·dx = (I − Ft Ft )dx·dx = 2Ēdx · dx (5.25)
140 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
1
Ē = (lim gradut + lim graduTt − lim graduTt lim gradut ) (5.27)
2
ou em termos de componentes cartesianas,
!
1 ∂ui ∂uj ∂uk ∂uk
Ēij = + − (5.28)
2 ∂xj ∂xi ∂xi ∂xj
u1 = kX22 u2 = u3 = 0
Pede-se:
2. Determinar os vetores deformados (i.e., dx1 e dx2 ) dos elementos materiais dX1 = dX1 e1
e dX2 = dX2 e2 localizados no ponto C.
Solução:
Portanto,
e,
onde ξ > 0 é um valor pequeno, pode-se desprezar os termos de maior ordem ∇uTt ∇ut e
lim graduTt lim gradut nos tensores de Green e Almansi frente aos termos ∇ut e lim gradut ,
respectivamente.
Assim, igualando os termos do lado direito das expressões (5.18) e (5.25) e empregando (5.16)
vem que,
E∗ dX·dX = Ēdx·dx = Ē(Ft dX) · (Ft dX) = FTt ĒFt dX·dX → E∗ = FTt ĒFt (5.30)
142 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
E∗ = FTt ĒFt = (I + ∇ut )T Ē(I + ∇ut ) = Ē + ∇uTt Ē + Ē∇ut + ∇uTt Ē∇ut = Ē + o(Ē)
Desta maneira, sob a hipótese (5.29), os tensores de Green e de Almansi diferem por termos
de ordem superior. Desprezando estes termos, conclui-se que ∇ = lim grad, ou seja, os gradientes
material e espacial coincidem. Portanto,
1
E∗ = Ē = (∇ut + ∇uTt ) = E = (∇ut )s (5.31)
2
sendo E o tensor de deformação infinitesimal. Observa-se ainda que E é igual à parte simétrica
de ∇ut , ou seja, E = (∇ut )s . Neste caso, a equação (5.18) pode ser reescrita como,
ou ainda matricialmente,
∂u1 1 ∂u1 ∂u2 1 ∂u1 ∂u3
∂X1 2 ∂X2 + ∂X1 2 ∂X3
+ ∂X1
1 ∂u1 ∂u2 ∂u2 1 ∂u2 ∂u3
[E] = 2 + ∂X3 + (5.34)
∂X2 ∂X1 ∂X2 2 ∂X2
1 ∂u1 ∂u3 1 ∂u2 ∂u3 ∂u3
2 ∂X3 + ∂X1 2 ∂X3 + ∂X2 ∂X3
∂u1 ∂u1
Figura 5.7: Interpretação da componente de deformação εxx : a) ∂X1
> 0, b) ∂X1
< 0.
γ = 2m · En (5.40)
∂u1 ∂u2
γ = 2e1 · Ee2 = 2E12 = + = γxy
∂X2 ∂X1
Assim, 2E12 representa o decrescimento do ângulo entre os elementos materiais dX1 e dX2
nas direções X1 e X2 . Analogamente, para as componentes E13 = γxz e E23 = γyz . A Figura 5.8
∂u1 ∂u2
ilustra a deformação γxy , observando que as derivadas ∂X 2
e ∂X 1
indicam, respectivamente, as
inclinações nas direções vertical e horizontal. As componentes γxy , γxz e γyz são denominadas
deformações de cisalhamento ou distorções, indicando uma deformação angular.
u1 = kX22 u2 = u3 = 0 k = 10−4
Solução:
Logo,
0 kX2 0
1h i
S
∇ut + ∇uTt
[E] = = [∇ut ] = kX2 0 0
2
0 0 0
2. No ponto C, X2 = 1, então,
0 k 0
[E] = k 0 0
0 0 0
Para os elementos dX1 = dX1 e1 e dX2 = dX2 e2 , , os alongamentos unitários são E11 = 0
e E22 = 0. O decréscimo no ângulo é dado por 2E12 , isto é, 2k = 2 × 10−4 .
3. Dos resultados do Exemplo 5.2, tem-se,
|dx1 |−|dX1 | |dx2 |−|dX2 | p 2k
|dX1 | =0 |dX2 | = (1 + 4k2 ) − 1 senγ = √
(1+4k 2 )
Como E11 = E22 = 2k, ambos os elementos têm um alongamento unitário de 2 × 10−4 .
Além disso, como E12 = 0, estas linhas permanecem perpendiculares entre si.
146 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
2. A partir de
dx = Ft dX = (I + ∇ut ) dX
tem-se,
1 + 2k −2k 0 dX1
1 + 2k
[dx1 ] = ([I] + [∇ut ]) [dX1 ] = 2k 2k + 1 0 0 = dX1 2k
0 0 1 0 0
De maneira similar,
−2k
[dx2 ] = dX2 1 + 2k
0
A posição deformada desses elementos está representado na Figura 5.9, podendo-se obser-
var que,
2kdX1
α ' tan α ' = 2k
dX1
2kdX2
β ' tan β ' = 2k
dX2
Portanto, como obtido previamente, não há nenhuma variação no ângulo entre dX1 e dX2 .
Exemplo 5.5 Num cubo unitário, com lados paralelos aos eixos coordenados, é aplicado o
campo de deslocamentos,
u1 = kX1 u2 = u3 = 0 k = 10−4
2. geometricamente.
Solução:
ou
√ 1/2
∆AB = 2 1 + k + k2 /2 −1
5.9 Dilatação
Considere 3 elementos materiais, segundo as direções principais, com comprimentos iniciais dS1 ,
dS2 e dS3 . Estes elementos formam um paralelepı́pedo cujos lados são alongados, passando a ter
dimensões (1 + E1 )dS1 , (1 + E2 )dS2 e (1 + E3 )dS3 , respectivamente, como ilustrado na Figura
5.11, sendo E1 , E2 , E3 as deformações principais.
4(dV ) = (dS1 )(dS2 )(dS3 )(1 + E1 )(1 + E2 )(1 + E3 ) − (dS1 )(dS2 )(dS3 )
= (dV )(E1 + E2 + E3 + E1 E2 + E1 E3 + E2 E3 + E1 E2 E3 )
= (dV )(E1 + E2 + E3 + o(Ei ))
onde o termo de ordem o(Ei ) contém produtos entre as componentes E1 , E2 , E3 . Para pequenas
deformações o(Ei ) é desprezı́vel e portanto,
4(dV )
v = = E1 + E2 + E3 = E11 + E22 + E33 = Eii (5.42)
dV
Desta maneira, o primeiro invariante escalar I1 representa a variação unitária do volume
material V , sendo denominada dilatação ou deformação volumétrica. Observa-se que,
∂ui
Eii = = lim divu (5.43)
∂xi
Logo,
D
(dx) = v(X + dX, t) − v(X, t) = ∇vdX (5.45)
Dt
150 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Na expressão anterior, tem-se a derivada (D/Dt)dx numa descrição material. Observa-se que
v(X, t) é a velocidade do ponto material que ocupa a posição x no instante t. Empregando-se
uma descrição espacial, tem-se que a velocidade é escrita como v = v(x, t). Portanto,
d
(dx) = v(x + dx, t) − v(x, t) = lim gradvdx (5.46)
dt
onde lim gradv é o gradiente espacial da velocidade. Em termos de coordenadas cartesianas, as
componentes de lim gradv são dadas por,
∂v1 ∂v1 ∂v1
∂x1 ∂x2 ∂x3
∂v2 ∂v2 ∂v2
[lim gradv] = ∂x1 ∂x2 ∂x3 (5.47)
∂v3 ∂v3 ∂v3
∂x1 ∂x2 ∂x3
Supondo que lim gradv seja antissimétrico, denotando W = lim gradv e desprezando o termo
o(x − y), a equação anterior se reduz a,
v(x, t) = v(y, t) + W(x − y) ∀x, y ∈ B (5.49)
A partir do vetor axial ω associado a W vem que,
v(x, t) = v(y, t) + ω × (x − y) ∀x, y ∈ B (5.50)
e, portanto, um gradiente de velocidade antissimétrico representa a velocidade angular ω de uma
rotação rı́gida local.
Considerando um tensor geral e denotando L = lim gradv, tem-se que L pode ser escrito
como uma soma de tensores simétrico D e antissimétrico W, ou seja, L = D + W, sendo
D = 12 (L + LT ) W = 12 (L − LT ) (5.51)
Pode-se mostrar que o tensor D está associado ao quadrado da taxa de variação de uma
fibra infinitesimal dx, na configuração Bt , a partir do ponto y e no instante t. Para isso, seja
dx = (ds)n, onde n é o vetor unitário na direção de dx. Logo,
dx·dx =(ds)2
e
d d d d
(dx·dx) = (ds)2 → 2dx· (dx) =2ds (ds)
dt dt dt dt
Substituindo (5.46) na expressão anterior tem-se que,
d
dx · ( lim gradv)dx =ds (ds)
dt
ou ainda,
d 1 d
(ds)2 n · ( lim gradv)n =ds (ds) → (ds) = n · Dn + n · Wn
dt ds dt
Através das definições de tensores transposto e antissimétrico, vem que,
n · Wn = n · WT n e n · Wn = −n · Wn
Portanto, n · Wn = 0 e
1 d
(ds) = n · Dn (5.55)
ds dt
Desta forma, n · Dn fornece a taxa de variação de (d/dt)(ds) por unidade de comprimento
original (ds), sendo denominado taxa de deformação, para um elemento material na direção n.
Assim, D11 , D22 e D33 dão as taxas de deformação para os elementos nas direções x1 , x2 , x3 .
Por sua vez, 2D12 é a taxa de decrescimento do ângulo de dois elementos nas direções e1 e e2 ,
conhecido como taxa de cisalhamento.
Da mesma maneira, o primeiro invariante do tensor taxa de deformação D determina a taxa
de variação de volume por unidade de volume, ou seja,
1 D ∂v1 ∂v2 ∂v3 ∂vi
4= (dV ) = D11 + D22 + D33 = + + =
dV Dt ∂x1 ∂x2 ∂x3 ∂xi
Como D é simétrico, existem pelo menos 3 direções mutuamente perpendiculares (autovalores
de D), com as respectivas taxas de alongamento (autovalores de D), incluindo os valores mı́nimo
e máximo de alongamento.
v1 = kx2 v2 = v3 = 0
Solução.
Logo,
k
0 2 0
[D] = [∇v]S = k
2 0 0
0 0 0
e
k
0 2 0
[W] = [∇v]A = − k2
0 0
0 0 0
2. O elemento material dx1 está na direção e1 e então sua taxa de extensão é igual a D11 = 0.
De maneira similar, a taxa de extensão de dx2é igual a D22 = 0.
√ √
Para o elemento dx = (ds) n, onde n = 1/ 5 (e1 + e2 ) e ds = 5dl, tem-se
k
0 2 0 1
1 D 1h i
k 2
(ds) = n · Dn = 1 2 0 2 0 0 2 = k
ds Dt 5 5
0 0 0 0
Pede-se:
3. para α = 10−4 , calcule o tensor de Green E∗ com os termos não-lineares e faça a mesma
comparação do item anterior;
Solução:
1 1
E∗ = (∇ut + ∇uTt + ∇uTt ∇ut ) → [E∗ ] = ([∇ut ] + [∇ut ]T + [∇ut ]T [∇ut ])
2 2
40X1 X2 20X12 0 40X1 X2 0 1
1
[E∗ ] = 20X2 20X3 + α 20X12
α 0 20X2 0
2
1 0 9X32 0 20X3 9X32
40X1 X2 0 1 40X1 X2 20X12 0
2 2
+ α 20X1 20X2 0 0 20X2 20X3
0 20X3 9X32 1 0 9X32
80X1 X2 20X12 1 1600X12 X22 + 1 800X13 X2 9X32
1
[E∗ ] = α 20X12 40X2 20X3 + α2 800X13 X2 400(X14 + X22 )
400X2 X3
2
1 20X3 18X32 9X32 400X2 X3 400X32 + 81X34
154 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
∗ 0, 08005
E11 = 0, 40 + 0, 08005 = 0, 48005 → ≈ 20%
0, 40
Neste caso, a parte não-linear pode ser desprezada, pois a sua contribuição não é significa-
tiva. Por exemplo, tomando a componente E11 ∗ novamente vem que,
∗ 8, 005 × 10−6
E11 = 40 × 10−4 + 8, 005 × 10−6 = 40, 008 × 10−4 → ≈ 0, 2%
40 × 10−4
1 1
E = (∇ut + ∇uTt ) → [E] = ([∇ut ] + [∇ut ]T )
2 2
40X1 X2 20X12 0 40X1 X2 0 1
1
20X3 + α 20X12
[E] = α 0 20X2 20X2 0
2
1 0 9X32 0 20X3 9X32
40X1 X2 10X12 0, 5
[E] = α 10X12
20X2 10X3
0, 5 10X3 9X3 2
1 1
Ω = (∇ut − ∇uTt ) → [Ω] = ([∇ut ] − [∇ut ]T )
2 2
40X1 X2 20X12 0 40X1 X2 0 1
1
20X3 − α 20X12
[Ω] = α 0 20X2 20X2 0
2
1 0 9X32 0 20X3 9X32
0 10X12 −0, 5
2
[Ω] = α −10X1 0 10X3
0, 5 −10X3 0
εV h i εV
ED = E − I → ED = [E] − [I]
3 3
Portanto,
εV
h i 40X1 X2 − 3α 10X12 0, 5
ED 10X12 20X2 − ε3α
= α V
10X3
0, 5 10X3 9X32 − ε3α
V
156 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Mostre que este campo induz somente uma rotação de corpo rı́gido
a) Determine o vetor de rotação ω do corpo,
b) Calcule o tensor de deformação E em dilatação cúbica εv .
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 157
Pede-se:
a) a translação de corpo rı́gido do corpo, tomando a origem como ponto de referência;
b) o tensor de deformações E;
c) o tensor de rotações infinitesimais Ω;
εV
d) a dilatação cúbica εv e o tensor diviatórico ED = E − 3 I;
e) particularize os resultados acima para o ponto P(2,1,0).
158 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Capı́tulo 6
TENSÃO
6.1 Introdução
No capı́tulo anterior, considerou-se o estudo da deformação de corpos. Assim, definida a
cinemática do corpo, ou seja, as componentes do campo de deslocamentos, é possı́vel deter-
minar as componentes do tensor de deformação. No entanto, não se levou em conta as forças
que causam o movimento e a deformação do corpo. Neste capı́tulo, discute-se a forma de repre-
sentar as forças internas presentes num corpo, submetido a uma deformação causada por esforços
externos.
De forma geral, aceita-se que a matéria é constituı́da de moléculas, as quais por sua vez
consistem de átomos e partı́culas subatômicas. Apesar de na realidade haver espaços entre
as moléculas de um corpo, a mecânica do contı́nuo está baseada na hipótese que a matéria é
contı́nua. Assim, desprezam-se as descontinuidades entre as moléculas, aceitando-se a idéia de
que a matéria pode ser representada por um meio contı́nuo. É possı́vel, então, falar de uma
partı́cula, caracterizada por um volume infinitesimal de matéria. Por sua vez, o conjunto de
várias partı́culas constitui um corpo. Esta hipótese tem se mostrado válida no estudo de vários
problemas de mecânica.
A partir daı́, as forças internas são aquelas presentes entre as partı́culas de um corpo. Na
teoria clássica de mecânica do contı́nuo, as forças internas são introduzidas através das forças
de corpo e de superfı́cie. Como será visto neste capı́tulo, descreve-se a força de superfı́cie num
ponto como um vetor de tensão, não considerando a curvatura da superfı́cie neste ponto. Esta
hipótese é conhecida como o teorema de Cauchy, constituindo-se num dos axiomas clássicos da
mecânica do contı́nuo.
• forças de corpo ou volume presentes nos pontos interiores de um corpo e impostas pelo
seu ambiente;
159
160 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
No primeiro caso, o ambiente aplica forças no interior do corpo B. Exemplos clássicos são
as forças de gravidade e eletromagnética, as quais são representadas por um campo vetorial b
sobre a trajetória T = (x, t). Logo, b(x, t) indica a força por unidade de volume exercida pelo
ambiente em x no instante t. Daı́ vem a denominação de força de corpo ou volume. Tomando
uma parte P de B, tem-se que,
Z Z
b(x, t) dVx = b dV (6.1)
Pt Pt
Uma outra forma de mostrar a hipótese de Cauchy pode ser vista na Figura 6.2, onde toma-
se uma superfı́cie fechada S num corpo ocupando a configuração Bt . Considera-se, então, um
elemento de área ∆S sobre a superfı́cie S, além de um vetor normal unitário n, num ponto x de
∆S, apontando para fora de ∆S. O lado positivo de ∆S exerce uma força ∆F sobre a outra
parte localizada no lado negativo da normal. Esta força ∆F depende da localização e tamanho
da área ∆S, assim como da orientação da normal n.
Assume-se então que quando ∆S tende a zero a relação ∆F/∆S tende para um limite
definido dF/dS, e ainda que o momento da força agindo em ∆S em relação a qualquer ponto
dentro da área se anula. Logo, o vetor limite é escrito como,
∆F dF
s(n, x, t) = lim = (6.2)
∆S→0 ∆S dS
O vetor limite s(n, x, t) é denominado tração ou vetor tensão, representando a força por
unidade de área agindo na superfı́cie S no ponto x e no instante t.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 161
De forma geral, para determinar a força de contato entre duas partes P e D, ilustradas na
Figura 6.3a), no instante t, basta integrar s sobre a superfı́cie de contato St = Pt ∩ Dt , ou seja,
Z Z
s(nx , x, t) dAx = s(n) dA (6.3)
St St
Figura 6.3: Forças de contato: a) entre superfı́cies de corpos; b) entre a superfı́cie de um corpo
e seu ambiente.
Para pontos no contorno de Bt , a densidade s(n, x, t), com normal unitária n no ponto x
em ∂Bt , fornece a força por unidade de área aplicada pelo ambiente no corpo, sendo esta força
usualmente referida como tração superficial. Logo, para qualquer parte P de B, como mostrado
na Figura 6.3b), a força de contato total exercida em P no instante t é dada por,
Z
s(n) dA (6.4)
Pt
A partir dos conceitos discutidos, seja N o conjunto de todos os vetores unitários. Por um
sistema de forças para um corpo B durante um movimento com trajetória T , entende-se o par
de funções (s, b),
s:N ×T →V b:T →V
com
162 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
1. s(n, x, t), para cada n ∈ N e t, uma função suave de x em Bt , sendo s denominada força
de superfı́cie;
2. b(x, t), para cada t, uma função contı́nua de x em Bt , conhecida como força de corpo ou
de volume.
Assumindo que B é limitado, tem-se que a sua massa m(B) é finita. Logo, o cento de massa
α(t) no tempo t é o ponto no espaço definido por
Z
1
α(t) − o = rρ dV. (6.11)
m(B) Bt
Os axiomas básicos relacionando força e movimento, ou seja, as equações (6.5) e (6.6) com
(6.7) e (6.8), constituem-se nos Princı́pios de Conservação das Quantidades de Movimento Linear
e Angular, respectivamente. Logo, para toda a parte P e tempo t, verificam-se os seguintes
balanços dos movimentos linear e angular
desde que B seja limitado. Assim, a força total de um corpo finito é igual a sua massa vezes a
aceleração do seu centro de massa.
Em virtude das expressões (6.5), (6.6), (6.9) e (6.10), as leis de balanço da quantidade de
movimento (6.14) e (6.15) podem ser reescritas, respectivamente, como
Z Z Z
s(n) dA + b dV = v̇ρ dV, (6.17)
∂Pt Pt Pt
Z Z Z
r × s(n) dA + r × b dV = r × v̇ρdV. (6.18)
∂Pt Pt Pt
Por sua vez, a força de corpo total, a qual inclui a força de inércia −ρv̇, é dada por
b∗ = b − ρv̇.
Denotando,
Z Z
f∗ (P, t) = s(n) dA + b∗ dV, (6.19)
∂Pt Pt
Z Z
m∗ (P, t) = r × s(n) dA + r × b∗ dV, (6.20)
∂Pt Pt
Uma outra caracterização menos direta das leis de balanço de momento é dada pelo Princı́pio
de Trabalho Virtual para o equilı́brio de corpos. Observa-se que um deslocamento infinitesimal
rı́gido w é caracterizado como,
w(x) = wo + W(x − o)
Denotando por ∆A1 , ∆A2 , ∆A3 e ∆An , respectivamente, como as áreas nas faces PAB,
PBC, PAC e ABC, tem-se aplicando-se (6.16),
f (·, t) = l̇(·, t) → s−e1 (∆A1 ) + s−e2 (∆A2 ) + s−e3 (∆A3 ) + s(n)(∆An ) = (∆m)α̈ (6.28)
equação anterior tende a zero de forma mais rápida, podendo-se desprezar o termo envolvendo
a aceleração α̈. Portanto, da expressão (6.29),
n = n 1 e1 + n 2 e2 + n 3 e3 (6.31)
Por sua vez, as áreas ∆A1 , ∆A2 e ∆A3 são projeções de ∆An , ou seja,
si = Tij nj (6.34)
ou matricialmente,
{s} = [T]{n} (6.35)
Desta maneira, se a matriz [T] é conhecida, o vetor tensão em qualquer plano inclinado,
definido por sua normal n, é calculado a partir da expressão (6.35). Conclui-se, então, que
o estado de tensão num ponto é unicamente determinado pelo tensor de tensões. Além disso,
conhecida uma matriz para T, através de uma transformação de coordenadas, obtém-se qualquer
outra matriz representando T, como por exemplo no caso da determinação das tensões principais.
As componentes do tensor de tensão no ponto P estão mostradas na Figura 6.5a). As
componentes T11 , T22 e T33 , também indicadas como σxx , σyy e σzz , são denominadas tensões
normais, respectivamente, nas direções X1 , X2 e X3 . Os demais termos (T12 , T13 , T21 , T23 ,
T31 e T32 ) são as componentes tangenciais, sendo conhecidas como tensões de cisalhamento.
Usualmente, indicam-se as mesmas como τxy , τxz , τyx , τyz , τzx e τzy , respectivamente, como
ilustrado na Figura 6.5b). Como as componentes de tensão representam força por unidade de
área, as unidades empregadas são do tipo N/m2 , Kgf /cm2 , dentre outras.
166 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
∆X1 ∆X1
mx3 A = T21 (∆X2 ∆X3 ) + (T21 + ∆T21 )(∆X2 ∆X3 )
2 2
∆X2 ∆X2
− T12 (∆X1 ∆X3 ) − (T12 + ∆T12 )(∆X1 ∆X3 )
2 2
Desprezando os termos contendo grandezas pequenas de alta ordem, tais como ∆T21 ∆X1 ∆X2 ∆X3 ,
tem-se
mx3 A = TI ω̇ (6.37)
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 167
(T21 − T12 )∆X1 ∆X2 ∆X3 = ρ∆X1 ∆X2 ∆X3 [(∆X1 )2 + (∆X2 )2 ]ω̇3 (6.38)
f (·, t) = l(·, t)
se1 (X1 + ∆X1 , X2 , X3 ) − se1 (X1 , X2 , X3 ) se2 (X1 , X2 + ∆X2 , X3 ) − se1 (X1 , X2 , X3 )
+ +
∆X1 ∆X2
te3 (X1 , X2 , X3 + ∆X3 ) − se3 (X1 , X2 , X3 )
∆X1 ∆X2 ∆X3 +
∆X3
b∆X1 ∆X2 ∆X3 = (ρv̇)∆X1 ∆X2 ∆X3
Dividindo-se por ∆X1 ∆X2 ∆X3 e tomando-se o limite para ∆Xi → 0, obtém-se,
∂T
Observa-se que ∂Xijj indica as componentes do divergente de T. Assim, a expressão anterior
pode ser reescrita como,
Estas equações são válidas para qualquer meio contı́nuo, seja sólido ou fluido, em movimento,
sendo denominadas equações de movimento de Cauchy. Se a aceleração se anula, observa-se que,
divT + b = 0 (6.41)
ou ainda,
∂Tij
+ bi = 0 (6.42)
∂xj
λ3 − I1 λ2 + I2 λ − I − 3 = 0
t = Tn (6.44)
onde n é o vetor unitário normal, T é o tensor de tensões calculado no contorno e t é a força por
unidade de área ou tração superficial. Por sua vez, a expressão (7.33) é denominada condição
de contorno de tensão, estando mostrada na Figura 6.8.
EQUAÇÕES CONSTITUTIVAS
7.1 Introdução
Os conceitos de deformação e tensão apresentados anteriormente são válidos para qualquer meio
contı́nuo. Na apresentação destes conceitos, nenhuma hipótese foi feita sobre o comportamento
do material. Neste capı́tulo, apresentam-se as principais caracterı́tiscas de dois tipos de materi-
ais, especificamente o sólido elástico linear e o fluido newtoniano.
171
172 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Tij0 = Cijkl
0 0
Ekl (7.10)
para qualquer tranformação ortogonal de base. Um tensor que possui as mesmas componentes
com respeito a toda base ortonormal é denominado tensor isotrópico. Um exemplo simples é
o tensor identidade I, cujas componentes dadas em função do delta de Kronecker δij , são as
mesmas para qualquer base Cartesiana.
A partir de δij , pode-se definir 3 tensores isotrópicos de quarta ordem dados por
Pode-se mostrar que qualquer tensor isotrópico de quarta ordem pode ser representado como
uma combinação linear dos tensores anteriores. Logo, para um material elástico linear isotrópico,
o tensor de elasticidade Cijkl pode ser escrito como a seguinte combinação linear de Aijkl , Bijkl
e Hijkl
Observa-se que
A partir daı́
ou em notação direta
Estas expressões são as equações constitutivas para um sólido elástico linear isotrópico. As
duas constantes de material λ e µ são conhecidas como coeficientes ou constantes de Lame.
Como as componentes Eij são adimensionais, λ e µ possuem as mesmas dimensões do tensor de
tensão, ou seja, força por unidade de área. Para um dado material as constantes de Lame são
determinadas através de experimentos adequados.
Adicionando as componentes de tensão T11 , T22 e T33 dadas previamente verifica-se que
1 λ 1 λTkk
E= T− eI = T− I (7.21)
2µ 2µ 2µ 2µ(2µ + 3λ)
ou em forma de componentes
1 λ
Eij = Tij − Tkk δij (7.22)
2µ 3λ + 2µ
1
onde e = 2µ+3λ Tkk é a dilatação volumétrica.
Se o estado de tensão é tal que apenas uma componente de tensão normal é não zero,
denomina-se o mesmo como estado uniaxial de tensão. O estado uniaxial de tensão é uma boa
aproximação para o estado de tensão numa barra cilindrı́ca para no ensaio de tensão. Tomando-
se como e1 a direção axial e supondo que T11 6= 0 e todas as outras componentes Tij = 0, tem-se
a partir de (7.22)
1 λ λ+µ
E11 = T11 − T11 = T11 (7.23)
2µ 3λ + 2µ µ(3λ + 2µ)
λ λ
E22 = E33 = − T11 = − E11 (7.24)
2µ(3λ + 2µ) 2(λ + µ)
E12 = E13 = E23 = 0 (7.25)
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 175
A relação T11 /E11 , correspondente a razão σ/a do teste de tensão, é o módulo de Young ou
de elasticidade E. Assim, da expressão anterior para E11 vem que
µ(3λ + 2µ)
E= (7.26)
λ+µ
A razões −E22 /E11 e −E33 /E11 , correspondente à razão entre as deformações axial a e
transversal d do teste de tração, é denominado coeficiente de Poisson. A partir de (7.24) vem
que
λ
ν= (7.27)
2(λ + µ)
Utilizando as expressões para E e ν em (7.20) obtém-se as equaões constitutivas comumente
usadas em engenharia
1
E11 = [T11 − ν(T22 + T33 )]
E
1
E22 = [T22 − ν(T33 + T11 )]
E
1
E33 = [T33 − ν(T11 + T22 )] (7.28)
E
1
E12 = T12
2µ
1
E13 = T13
2µ
1
E23 = T23
2µ
Observa-se que apesar das equações anteriores utilizarem três constantes (µ, ν, E), apenas
duas delas são independentes para material isotrópico. Eliminado λ a partir das expressões para
E e ν vem que,
E
µ= (7.29)
2(1 + ν)
Utilizando esta relação em (7.22) vem que
1
Eij = [(1 + ν)Tij − νTkk δij ] (7.30)
E
Se o estado de tensão é tal que apenas um par de tensões de cisalhamento é não zero,
denomina-se o mesmo como estado de tensão de cisalhamento simples. Este estado de tensão
pode ser descrito por T12 = T21 = τ e a partir de (7.29)
τ
E12 = E21 = (7.31)
2µ
Definindo o módulo de cisalhamento G como a razão da tensão de cisalhamento τ pelo
decréscimo do ângulo entre elementos que inicialmente estão nas direções e1 e e2 tem-se que
τ
=G (7.32)
2E12
Comparnado-se as duas expresões anteriores, observa-se que o coeficiente de Lame µ é
também o módulo de cisalhamento G.
176 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
div T + ρb = 0 (7.38)
∇p = ρb (7.39)
ou na forma de componentes,
∂p
= ρbi (7.40)
∂xi
No caso onde bi são as componentes do peso por unidade de massa e tomando x3 como o
eixo vertical positivo para baixo, tem-se que,
∂p ∂p ∂p
∂x1 =0 ∂x2 =0 ∂x3 = ρg (7.41)
As duas primeiras relações indicam que p é uma função apenas de x3 . A última expressão
fornece a diferença de pressão entre dois pontos 1 e 2 no lı́quido, ou seja,
p2 − p1 = ρgh (7.42)
div T + ρb = ρa (7.43)
∇p + ρb = ρa (7.44)
onde to é o tempo inicial. A partir daı́, a velocidade v da partı́cula X no tempo t é dada pela
seguinte derivada,
∂x
v= (7.45)
∂t X
fixo
178 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
∂v
a= + (∇v)v (7.47)
∂t
Substituindo a expressão anterior em (7.43), vem que,
∂v
div T + ρb = ρ + (∇v)v (7.48)
∂t
T = −pI + T0 (7.49)
onde as componentes de T0 dependem apenas da taxa de deformação, sendo nulas quando o fluido
estiver em movimento de corpo rı́gido; p é um escalar cujo valor não depende explicitamente da
taxa de deformação, sendo denominado pressão.
Define-se uma classe de materiais idealizados, denominada fluidos newtonianos ou fluidos
viscosos lineares, através das seguintes hipóteses:
1
D= ∇v + ∇vT
2
em qualquer tempo e de nenhuma outra quantidade cinemática, tais como taxas mais altas
de deformação.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 179
ou em forma de componentes
ou ainda
T11 = −p + λ∆ + 2µD11
T22 = −p + λ∆ + 2µD22
T33 = −p + λ∆ + 2µD33
T12 = 2µD12
T13 = 2µD13
T23 = 2µD23
1
p = − tr (T) (7.54)
3
Logo, para um fluido viscoso incompressı́vel, a pressão possui o siginificado de tensão nor-
mal média de compressão. O valor de p não depende explicitamente de qualquer quantidade
cinemática, sendo o seu valor indeterminado tomando-se apenas o comportamento mecânico do
fluido. Desta maneira, como o fluido é incompressı́vel, pode-se superpor qualquer pressão sob o
mesmo, sem afetar o seu comportamento mecânico. Assim, a pressão num fluido incompressı́vel
180 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
é frequentemente conhecida como pressão indeterminada. Mas num dado problema, se condições
de contorno para pressão estiverem prescritas, o campo de pressão será determinado.
Em termos de componentes, a equação constitutiva (7.53) é dada por,
∂v1
T11 = −p + 2µ
∂x1
∂v2
T22 = −p + 2µ
∂x2
∂v3
T33 = −p + 2µ
∂x3
∂v1 ∂v2
T12 = µ +
∂x ∂x1
2
∂v1 ∂v3
T13 = µ +
∂x ∂x1
3
∂v2 ∂v3
T23 = µ +
∂x3 ∂x2
Capı́tulo 8
DINÂMICA DE CORPOS
RÍGIDOS
Nesse capı́tulo, apresentam-se conceitos de Dinâmicas de Corpos Rı́gidos (DCR) obtidos a partir
do enfoque da Mecânica do Contı́nuo. A DCR pode ser dividida no estudo da Cinemática e
Cinética de corpos e partı́culas. No caso da cinemática, o enfoque principal está na descrição
do movimento, considerando apenas aspectos geométricos do sistema, sem se preocupar com as
causas do movimento. Na cinética, considera-se o equilı́brio dinâmico do sistema proveniente
dos esforços aplicados e da força de inércia.
Uma partı́cula é considerada como um corpo cujas dimensões não são relevantes para o
estudo do problema, podendo ser tratada como um ponto do espaço Euclidiano. O tratamento
de um corpo através de uma partı́cula depende do objetivo desejado na descrição do movimento.
Inicialmente, considera-se uma revisão da série de Taylor aplicada para funções escalares
e vetoriais. Posteriormente, caracteriza-se a cinemática de um meio contı́nuo tridimensional e
o caso particular do movimento de corpos rı́gidos. A partir daı́, apresentam-se os sistemas de
coordenadas inercial e móvel e as matrizes de transformação de coordenadas entre esses sistemas.
Derivam-se, então, as expressões da velocidade e aceleração de partı́culas e corpos rı́gidos.
Suponha agora que f é uma função que fornece valores escalares, mas depende das variáveis
x, y e z. Pode-se dizer que f depende do vetor posição x = (x, y, z) de um ponto do corpo sólido,
181
182 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
denotando-se como f = f (x) = f (x, y, z). Utilizando-se a série de Taylor, pode-se expandir f
em torno de x da seguinte maneira
f (y) = f (x) + ∇f T (x)d+O(kdk2 ), (8.3)
sendo d =(y − x) o vetor diferença entre as posições y = (x0 , y 0 , z 0 ) e x = (x, y, z). A norma
euclidiana de d é indicada por kdk e kdk2 = (x0 − x)2 + (y 0 − y)2 + (z 0 − z)2 . Assim, O(kdk2 ) é
um termo de ordem kdk2 .
df
Como f é agora uma função de 3 variáveis, a primeira derivada dx em (8.1) é substituı́da
pelo vetor gradiente de f , ou seja
∂f (x)
∂x
∂f (x)
{∇f (x)} = ∂y
. (8.4)
∂f (x)
∂z
Por sua vez, o termo O(kdk2 ) significa que o mesmo vai para zero mais rapidamente do que
a norma kdkquando y tende a x, isto é,
kdk2 ky − xk2
lim = lim = lim ky − xk = 0. (8.5)
y→x ky − xk y→x ky − xk y→x
Seja f agora uma função vetorial dependente das variáveis x, y e z, ou seja, f = f (x) =
f (x, y, z). Desta maneira, f tem componentes nas direções x, y e z. Logo,
fx (x)
{f (x)} = y f (x) . (8.6)
f (x)
z
Por sua vez como f é uma função vetorial, cada um dos componentes do lado direito da
equação (8.8) é um vetor análogo ao da equação (8.4). Expandindo cada um dos componentes
vem que
∂fx (x) ∂fx (x) ∂fx (x)
∂x ∂y ∂z
∂fy (x) ∂fy (x) ∂fy (x)
[∇f (x)] =
∂x ∂y ∂z
,
(8.9)
∂fz (x) ∂fz (x) ∂fz (x)
∂x ∂y ∂z
Assim, o gradiente de uma função vetorial f dependente do vetor posição x = (x, y, z) é uma
matriz de ordem 3. Na verdade a equação (8.9) é a representação matricial do tensor ∇f (x)
segundo o sistema cartesiano. Observe que ao se multiplicar a representação matricial do ten-
sor ∇f dada em (8.9) por um vetor v com componentes cartesianas (vx , vy , vz ), tem-se como
resultado um outro vetor, ou seja,
∂fx ∂fx ∂fx ∂fx ∂fx ∂fx
vx ∂x vx + ∂y vy + ∂z vz
∂x ∂y ∂z
∂fy ∂fy ∂fy ∂fy ∂fy ∂fy
vy = ∂x vx + ∂y vy + ∂z vz .
∂x ∂y ∂z
∂fz ∂fz ∂fz v ∂fz ∂fz ∂fz
∂x vx + ∂y vy + ∂z vz
z
∂x ∂y ∂z
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 183
ou em forma matricial,
u
u= v . (8.15)
w
184 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Devido a hipótese de meio contı́nuo, o corpo B possui infinitos pontos. Cada um destes pontos
apresenta um vetor deslocamento u quando o corpo se move. Logo, a cinemática de um corpo
sólido é descrita por infinitos vetores deslocamentos iguais ao vetor (8.15). Estes infinitos vetores
definem um campo vetorial de deslocamento u(x, y, z). Assim, ao se substituir as coordenadas
(x, y, z) de um ponto arbitrário P1 , u(x, y, z) fornece o respectivo vetor de deslocamentos u do
ponto de acordo com (8.15). Assim, a cinemática de um corpo sólido é dada pelo campo vetorial
de deslocamentos
u(x, y, z)
u(x, y, z) = u(x, y, z)ex + v(x, y, z)ey + w(x, y, z)ez = v(x, y, z) . (8.16)
w(x, y, z)
Deseja-se agora caracterizar a variação de distância entre dois pontos arbitrários do corpo
sólido antes e depois da ação de deslocamento. Isto permitirá definir o que se entende por
deformaç ao do corpo sólido. Considere os pontos arbitrários P1 (x, y, z) e P2 (x + ∆x, y + ∆y, z +
∆z) ilustrados na Figura 8.2 e seus respectivos vetores posição
rP1 = xex + yey + zez (8.17)
e
rP2 = (x + ∆x)ex + (y + ∆y)ey + (z + ∆z)ez .
De acordo com a Figura 8.2, a distância d entre os pontos P1 e P2 é dada pela diferença
entre o seus vetores posição, ou seja,
d = rP2 − rP1 = ∆xex + ∆yey + ∆zez .
Após a ação de deslocamento do corpo de acordo com a cinemática (8.16), os pontos P1 e P2
assumem, respectivamente, as posições finais P10 (x0 , y 0 , z 0 ) e P20 (x0 + ∆x0 , y 0 + ∆y 0 , z 0 + ∆z 0 ) com
os seguintes vetores posição
rP10 = x0 ex + y 0 ey + z 0 ez (8.18)
e
rP20 = (x0 + ∆x0 )ex + (y 0 + ∆y 0 )ey + (z 0 + ∆z 0 )ez . (8.19)
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 185
sendo a diferença dos deslocamentos entre os pontos P1 e P2 nas direções x, y e z dados por
Expandindo u(x) na vizinhança de x de forma análoga à equação (8.7) vem que (nesse caso,
assume-se kdk pequeno)
Observe que o tensor gradiente do campo de deformação pode ser escrito como
1 1
∇u = ∇u + ∇u
2 2
1 1 1 1
= ∇u + ∇uT + ∇u − ∇uT (8.24)
2 2 2 2
1 1
= [∇u + ∇u ] + [∇u − ∇uT ].
T
(8.25)
2 2
Neste caso, ∇uT é o tensor transposto de ∇u. Para se obter a representação matricial de ∇uT
no sistema cartesiano, basta trocar as linhas pelas colunas em (8.23), ou seja,
∂u ∂v ∂w
∂x ∂x ∂x
∂u ∂v ∂w
[∇uT ] =
∂y ∂y ∂y . (8.26)
∂u ∂v ∂w
∂z ∂z ∂z
As componentes da diagonal principal εxx , εyy e εzz representam as deformações especı́ficas nas
direções x, y e z calculadas no ponto x. As componentes fora da diagonal principal são as
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 187
T = TT . (8.32)
ou de forma geral
pois Ωx , Ωy e Ωz indicam as rotações infinitesimais de cada ponto x em torno dos eixos cartesianos
x, y e z respectivamente.
Para verificar que isto é verdadeiro, considere o elemento diferencial de um meio sólido
sofrendo uma distorção γ1 no plano xy, conforme mostrado na Figura 8.3a. Observe que a
diagonal do elemento apresenta uma rotação Ω1 em torno do eixo z no sentido anti-horário. Dos
ângulos indicados na Figura 8.3(a), as seguintes relações são válidas
1
2β = 2α + γ1 ⇒ β = α + γ1 , (8.37)
2
β + Ω1 = α + γ1 . (8.38)
β − Ω2 = α + γ2 , (8.41)
Ωz = Ω1 + Ω2 . (8.43)
∂v ∂u
Substituindo (8.39) e (8.42) em (8.43) e lembrando que γ1 = ∂x e γ2 = ∂y vem que
1 ∂v ∂u
Ωz = − . (8.44)
2 ∂x ∂y
Analogamente, para os demais planos (ver Figuras 8.3(d) e 8.3(e)), tem-se que
1 ∂v ∂w
Ωx = − , (8.45)
2 ∂z ∂y
1 ∂u ∂w
Ωy = − . (8.46)
2 ∂z ∂x
T = −TT . (8.47)
∇u = E + Ω, (8.52)
A = AS +AA , (8.53)
E = ∇S u, (8.56)
A
Ω = ∇ u. (8.57)
ou ainda,
Observe então que no caso de uma deformação rı́gida, o gradiente do campo de deslocamen-
tos ∇u é constante e reduz-se ao tensor Ω. Denomina-se deformação homogênea aquela cujo
gradiente do campo de deslocamento ∇u é constante para todos os pontos x do corpo. Observa-
se que nesse caso o termo O(kdk2 ) em (8.58) é nulo, pois sendo ∇u constante, os demais termos
da série de Taylor são automaticamente iguais a zero.
190 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Portanto,
ω 1 = Ωx
ω =Ω
2 y . (8.65)
ω =Ω
3 z
Exemplo 8.2 Considere a seguinte representação matricial de um tensor ortogonal Q que cor-
responde a rotação em torno do vetor e3 de um ângulo θ no sentido anti-horário, ou seja,
cos θ sin θ 0
[T] = − sin θ cos θ 0 .
0 0 1
Mostrar que o vetor axial associado à parte anti-simétrica de T é dado por ω = (sin θ)e3 .
A parte anti-simétrica de T é dada por
0 − sin θ 0
A 1 T
[T ] = [T] + [T ] = sin θ 0 0 .
2
0 0 0
A partir daı́, o vetor axial é dado por
ω = (sin θ)e3 = {0 0 sin θ}T .
De forma geral, para rotação em torno de um eixo m é ω = (sin θ)m.
2
ou ainda,
n oT n oT n oT
ω × rOA = 0 0 sin(90o ) × a b 0 = −b a 0 .
192 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Um movimento geral de corpo rı́gido será dado pela superposição dos movimentos de translação
e rotação, expressos por (8.70) e (8.66). Assim, uma ação rı́gida geral pode ser escrita como
u(x) = u0 + ω × d. (8.74)
o movimento dos mesmos, e serão indicados por Bi (xi , yi , zi ) com bases {eB Bi Bi
x , ey , ez }, sendo i
i
o número do sistema móvel. A Figura 8.7 ilustra um corpo rı́gido e os sistemas de referência
inercial e móvel.
Torna-se essencial estabelecer relações entre os sistemas de referência móveis empregados em
uma análise e o sistema inercial. Isso permitirá representar grandezas em quaisquer um dos
sistemas utilizados. Para isso, empregam-se as matrizes de transformação de coordenadas, as
quais são representações matriciais de tensores ortogonais. As matrizes permitirão transformar
um vetor de um sistema de coordenadas para outro qualquer. Para obter as matrizes de trans-
formação, consideram-se os casos particulares nos quais o sistema móvel está transladando e
rotacionando em relação ao sistema de coordenadas inercial.
Quando o sistema móvel Bi translada em relação ao sistema inercial I, os vetores das bases
dos dois sistemas permanecem paralelos. Consequentemente,
eIx = eB
x ,
i
eIy = eB
y ,
i
eIz = eB
z .
i
Considere agora que o sistema móvel Bi está girando de um ângulo α em torno do eixo z
do sistema inercial no sentido anti-horário e que a origem dos dois sistemas coincidam, como
ilustrado na Figura 8.8(a). Observe que o ângulo α pode variar com o tempo, o que é expresso
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 193
como α = α(t). Tomando a projeção dos vetores da base Bi na direção dos vetores da base
inercial I (ver Figura 8.8(b)), obtém-se
eB
x
i
= cos αeIx + sin αeIy + 0eIz ,
eB
y
i
= − sin αeIx + cos αeIy + 0eIz ,
eB
z
i
= 0eIx + 0eIy + 1eIz .
Matricialmente, denota-se
B I
ex i
cos α sin α 0 ex
eBi = − sin α cos α 0 eIy
y . (8.77)
eBi
z
0 0 1 eIz
A partir daı́, pode-se transformar o vetor rI expresso no sistema inercial para o móvel Bi e
vice-versa, respectivamente, por
rBi = Tα rI e rI = T−1
α r
Bi
= TTα rBi . (8.78)
Para o caso que o sistema móvel Bi está girando de um ângulo β = β(t) anti-horário em
torno do eixo y do sistema inercial, como ilustrado na Figura 8.8(c), a projeção dos vetores da
base Bi na direção dos vetores da base inercial I (ver Figura 8.8(d)) resulta
eB
x
i
= cos βeIx + 0eIy − sin βeIz ,
eB
y
i
= 0eIx + 1eIy + 0eIz ,
eB
z
i
= sin βeIx + 0eIy + cos βeIz .
Matricialmente, denota-se
B I
ex i
cos β 0 − sin β ex
eBi eIy
y = 0 1 0 . (8.79)
eBi
z
sin β 0 cos β eIz
A partir daı́, pode-se transformar o vetor rI expresso no sistema inercial para o móvel Bi e
vice-versa, respectivamente, por
rBi = Tβ rI e rI = T−1
β r
Bi
= TTβ rBi . (8.80)
Finalmente, para o caso que o sistema móvel Bi está girando de um ângulo γ = γ(t) anti-
horário em torno do eixo x do sistema inercial, como ilustrado na Figura 8.8(e), a projeção dos
vetores da base Bi na direção dos vetores da base inercial I (ver Figura 8.8(f)) resulta
eB
x
i
= 1eIx + 0eIy + 0eIz ,
eB
y
i
= 0eIx + cos γeIy + sin γeIz ,
eB
z
i
= 0eIx − sin γeIy + cos γeIz .
Matricialmente, denota-se
B I
ex i
1 0 0 ex
eBi = 0 cos γ sin γ eIy
y . (8.81)
eBi
z
0 − sin γ cos γ eIz
194 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
A partir daı́, pode-se transformar o vetor rI expresso no sistema inercial para o móvel Bi e
vice-versa, respectivamente, por
rBi = Tγ rI e rI = T−1
γ r
Bi
= TTγ rBi . (8.82)
As matrizes de rotação anteriores variam com o tempo e permitem transformar um vetor
representado no sistema inercial para o sistema móvel de referência. Já as transpostas dessas
matrizes transformam vetores dos sistemas móveis para o inercial.
d I d d T Bi d dTT Bi drBi
rOB = rIOA + T rAB = rIOA + rAB + TT AB . (8.85)
dt dt dt dt dt dt
Para se obter a velocidade absoluta de B, deve-se representar todos os vetores no sistema de
referência inercial. Logo, substituindo rBi I
AB = TrAB vem que
d I d dTT I drBi
rOB = rIOA + TrAB + TT AB .
dt dt dt dt
T
Como mostrado no exemplo abaixo, o tensor dT dt T é anti-simétrico. Usando o vetor axial ω̇
I
T
associado a dT
dt T, pode-se escrever a forma final da equação da velocidade absoluta do ponto
B como
I I
vB = vA + ω̇ I × rIAB + vrel
I
, (8.86)
Bi
dr
I = TT AB o vetor de velocidade relativa entre os pontos A e B expresso no sistema
sendo vrel dt
inercial. Esse termo é obtido derivando-se o vetor posição rB i
AB no sistema móvel de referência
T
Bi e depois multiplicando o vetor resultante por T para ter a sua representação no sistema
inercial. O vetor ω̇ I representa a velocidade angular absoluta do sistema móvel Bi em relação
ao sistema inercial. Para rotações positivas em tornos dos eixos inerciais x, y e z, os respectivos
vetores são ω I = {α̇ 0 0}T , ω I = {0 β̇ 0}T e ω I = {0 0 γ̇}T . O vetor vA
I representa a velocidade
absoluta com que o ponto A do sistema móvel está transladando em relação ao sistema inercial.
A expressão anterior é válida para o caso de partı́culas. Como B é rı́gido, a distância entre
B i
drAB
dois pontos quaisquer não varia com o tempo e portanto dt = 0. Logo,
I I
vB = vA + ω̇ I × rAB . (8.87)
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 195
Exemplo 8.3 Dado um tensor ortogonal Q (t), mostrar que dQT /dt Q é um tensor anti-
simétrico.
Como Q (t) é ortogonal, tem-se que QT Q = I. Portanto,
d T dQT dQ dQT dQ
Q Q = Q + QT =0→ Q = −QT . (8.88)
dt dt dt dt dt
dQT dQ T
Como dt = dt , tem-se que
T
dQ dQ
Q = −QT .
dt dt
Mas,
!T
dQ T
dQT
Q = Q .
dt dt
Logo,
T " T #T
dQ dQ
Q=− Q .
dt dt
Analogamente, observa-se que QT dQ
dt é também anti-simétrico, pois
dQ T
dQT
Q = QT .
dt dt
Substituindo a relação anterior em (8.88) tem-se
T
dQ dQ
QT = − QT .
dt dt
Portanto, QT dQ
dt é anti-simétrico.
Dado um vetor v qualquer e os vetores axiais ω1 e ω2 vem que
" T #
dQ
Qv = ω1 × v,
dt
dQ T
Q v = ω2 × v.
dt
A partir de (8.88), tem-se que
ω1 × v = −ω2 × v → ω1 = −ω2 . (8.89)
2
Exemplo 8.4 Considere a matriz de transformação dada por (8.77). Mostrar que dTTα /dt Tα
é anti-simétrica e que o vetor axial correspondente representa a velocidade angular do sistema
móvel.
Observe que dTTα /dt Tα é anti-simétrico pois
! −α̇ sin α −α̇ cos α 0 cos α sin α 0 0 −α̇ 0
dTTα
Tα = α̇ cos α −α̇ sin α 0 − sin α cos α 0 = α̇ 0 0 .
dt
0 0 0 0 0 1 0 0 0
O vetor axial associado é ω̇ I = {0 0 α̇}T que corresponde à velocidade angular absoluta do
sistema móvel expressa no sistema inercial.
2
196 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Para obter a aceleração absoluta do ponto B, deriva-se (8.85) em relação tempo. Logo,
! !
d2 I d2 I d dTT Bi d drB
T AB
i
rOB = rOA + r + T , (8.90)
dt 2 dt 2 dt dt AB dt dt
ou ainda,
d2 TT Bi dTT drBi 2 Bi
T d rAB
aIB = aIA + r + 2 AB
+ T , (8.91)
dt2 AB dt dt dt2
Bi Bi
Bi dr d2 r
Os vetores vrel = dt AB
e aB i
rel =
AB
dt2 representam a velocidade e a aceleração relativas
entre os pontos A e B expressas no sistema móvel Bi . Esses vetores são expressos no sistema
I = TT vBi e aI = TT aBi . Substituindo essas relações e
inercial, respectivamente, como vrel AB rel AB
rBi
AB = Tr I
AB em (8.91) vem que
d2 TT I dTT
aIB = aIA + TrAB + 2 TvIrel + aIrel . (8.92)
dt2 dt
T
Lembrando que dT
dt T é um tensor anti-simétrico e usando o vetor axial ω̇ associado, tem-se
que
d2 TT I
aIB = aIA + I
TrAB + 2ω̇ × vrel + aIrel . (8.93)
dt2
I corresponde à aceleração de Coriolis e resulta da variação da direção do vetor
O termo 2ω̇ × vrel
I ao girar com uma velocidade angular ω̇ I .
de velocidade relativa vrel
O segundo termo da expressão anterior pode ser reescrito a partir da seguinte relação
! !
d dTT d2 TT dTT dT d2 TT dTT dT
T
T = T + = T+ T T .
dt dt dt2 dt dt dt2 dt dt
Logo,
! !
d2 TT d dTT dTT dT
2
T= T − T TT .
dt dt dt dt dt
A partir da relação anterior vem que
" !# !
d2 TT I d dTT dTT dT I
2
TrAB = T rIAB − T TT rAB .
dt dt dt dt dt
dTT
Usando (8.88) e os vetores axiais ω̇ I e −ω̇ I (ver (8.89)), associados respectivamente a dt Te
TT dT
dt , tem-se que
d2 TT I I I I
I I
TrAB = ω̈ × rAB + ω̇ × ω̇ × rAB .
dt2
A partir daı́, a expressão final da aceleração absoluta do ponto B é dada por
aIB = aIA + ω̈ I × rIAB + ω̇ I × ω̇ I × rIAB + 2ω̇ I × vrel
I
+ aIrel . (8.94)
O termo aIA representa a aceleração linear absoluta do ponto A, onde o sistema móvel está
localizado, representada no sistema inercial; o termo ω̈ I × rIAB é dado pelo produto vetorial
da aceleração angular absoluta do sistema móvel de referência pelo vetor posição rIAB e está
diretamente relacionado à aceleração tangencial,
proveniente
do fato do vetor ω̈ I variar no tempo
enquanto rIAB está fixo; o termo ω̇ I × ω̇ I × rIAB representa um produto vetorial duplo e está
relacionado á variação de direção do vetor velocidade ω̇ I × rIAB ao girar de uma velocidade
angular ω̇ I ;
× 2ω̇ I I
vrel
representa a aceleração de Coriolis; aIrel é a aceleração relativa entre os
pontos A e B expressa no sistema inercial.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 197
3. Suponha que uma partı́cula gire em torno de x com uma velocidade angular de θ̇ e em torno
do eixo y com uma velocidade angular β̇. Escreva a aceleração angular dessa partı́cula no
sistema inercial.
5. A barra AB da Figura 8.10(a) gira em torno de uma faixa limitada para o ângulo β̇, e sua
extremidade A faz com que a barra com ranhura AC gire também. No instante represen-
tado, onde β = 60◦ e β̇ = 0, 6 rad/s constante, determine os valores correspondentes de ṙ,
r̈, θ̇ e θ̈.
6. Um pino A da Figura 8.10(b) se move em um cı́rculo com raio de 90mm à medida que
uma manivela AC gira com uma taxa constante β̇ = 60 rad/s. O braço com ranhura gira
em orno do ponto O conforme a haste conectada à A se desloca para dentro e para fora
da ranhura. Para a posição β̇ = 30◦ , determine ṙ, r̈, θ̇ e θ̈.
7. O robô da Figura 8.11(a) está sendo usado para posicionar uma peça representada pelo
ponto P. Calcule o módulo da aceleração absoluta deste ponto para o instante em que
β = 30◦ se β̇ = 10 graus/s e β̈ = 20 graus/s2 . A base do robô está girando com uma
velocidade angular constante de ω = 40 graus/s. Durante o movimento os braços AO e
AP mantêm-se perpendiculares.
9. Tanto o disco como o braço da Figura 8.12(a) giram com uma velocidade angular constante
( α̇ e β̇ são constantes).
10. A base da escada do caminhão da Figura 8.12(b) de bombeiros gira em torno de um eixo
vertical que passa por O com uma velocidade angular constante Ω = 10 graus/s. No
mesmo instante, a escada OB se eleva a uma taxa constante de φ̇ = 7 graus/s, e a seção
AB da escada se estende em relação a seção OA com uma taxa constante de 0, 5 m/s. No
instante em consideração, φ = 30◦ , OA = 9 m e AB = 6 m, determine os módulos da
velocidade e da aceleração da extremidade B da escada.
11. O cilindro hidráulico da Figura 8.13(a) D aumenta a distância OA, a uma taxa de
50 mm/s. Calcule a velocidade do pino C em sua guia horizontal para o instante em
que θ = 50◦ .
12. O helicóptero da Figura 8.13(b) está voando na direção horizontal x com uma velocidade
v = 200 km/h, e o plano de rotação do rotor de 9 m de diâmetro é inclinado de 10◦
em relação ao plano horizontal xy. As pás do rotor gira com uma velocidade angular
Ω = 800 rpm. Escreva as expressões vetoriais das velocidades absolutas das extremidades
A e B das pás para o instante indicado.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 199
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(a) (b)
(c)
b A
u
a
A’
r OA’ r OA
−b O a x
yi
xi
α y
y
i
α e
e
I y xi
Bi y
x α e
Bi x
z zi e
I x x
(a) Rotação em Z. (b) Rotação em Z (vista plana).
z
y yi
y
e
I x zi yi
xi
e
β Bi z γ
β
e
β I x x
x x xi
e
β Bi x γ
z zi x z zi
i
z
z
i
e
e
I z yi
Bi z
γ e
Bi y
e
I y y
(f) Rotação em X (vista plana).
L1
θ1
L2
θ2
L3
θ3
P
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
(a) (b)
9.1 Introdução
Os métodos e os princı́pios variacionais são importantes tanto na mecânica teórica como aplicada.
Isto se deve ao fato que a formulação variacional é a maneira mais natural e rigorosa de denotar
as leis que governam o comportamento dos meios contı́nuos. Além disso, esta abordagem induz,
também de maneira natural, o método de solução e sua aproximação, permitindo obter soluções
aproximadas muitas vezes de fácil implementação computacional.
De maneira geral, para se resolver os problemas de mecânica a partir da abordagem varia-
cional, adotam-se as seguintes etapas ilustradas esquematicamente nas Figuras 9.1 e 9.2:
1. Definição das hipóteses cinemáticas: neste caso, define-se para o problema consid-
erado o conjunto de ações possı́veis que o corpo pode estar submetido. Este modelo
cinemático constitui o espaço V das ações de movimento possı́veis. Em geral, as ações de
movimento devem satisfazer certas restrições representadas pelas condições de contorno
impostas ao problema. Dessa forma, determina-se o subconjunto Kinv de V das ações de
movimento cinematicamente admissı́veis, respeitando os vı́nculos fı́sicos do problema.
205
206 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Deve-se observar que com exceção da terminologia usada acima, relacionada principalmente
com problemas estruturais, a mesma abordagem variacional pode ser utilizada em campos difer-
entes da mecânica, tais como em problemas de Mecânica de Fluidos, Transferência de Calor,
etc.
o conceito de potência surgiu como algo básico e fundamental. Além disso, esta forma de es-
quematizar as forças atuando sobre um corpo é mais natural que através de vetores, expressando
uma experiência fı́sica muito comum. Por exemplo, para se conhecer o peso de um objeto, nor-
malmente, levanta-se o mesmo ligeiramente e determina-se o seu peso pela potência ou trabalho
realizado para executar esta ação de movimento. Logo, o efeito é introduzir um movimento
virtual, retirando o objeto do seu estado de movimento natural em que se encontrava, no caso
o repouso.
Como já apresentado anteriormente, o sistema de forças f atuando sobre o corpo B no
instante t é caracterizado por um funcional linear e contı́nuo sobre o conjunto das ações de
movimento V, cujo valor, para cada v ∈ V, é um número real, representando a potência virtual
Pe do sistema de forças f para a ação de movimento v. Logo,
A partir daı́, tem-se o espaço vetorial W cujos elementos são todos os tensores simétricos
definidos a partir da configuração atual Bt . Desta maneira, os esforços internos podem ser
obtidos por dualidade, através do funcional linear dado pela potência interna Pi . Denota-se
por W 0 , o espaço vetorial dos tensores simétricos T representando os esforços internos. Estes
elementos estão representados na parte inferior da Figura 9.2.
Observa-se ainda que, de forma geral, o produto interno de dois tensores S e T é dado por,
S11 S21 S31 T11 T12 T13
T
S · T = tr(S T) = tr S12 S22 S32 T21 T22 T23
S13 S23 S33 T31 T32 T33
= S11 T11 + S21 T21 + S31 T31 + S12 T12 + S22 T22
+ S32 T32 + S13 T13 + S23 T23 + S33 T33 = Sij Tij (9.5)
• a potência virtual das forças externas Pe que atuam sobre o corpo na configuração
Bt é nula para toda ação de movimento virtual rı́gida v̂ ∈ N (D), ou seja,
Pe = hf , v̂i = 0 (9.6)
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 209
• a soma das potências virtuais externa Pe e interna Pi é nula para toda ação de
movimento virtual v̂ ∈ V. Logo,
A segunda parte do PPV permite estender a definição de equilı́brio para ações de movimento
não necessariamente rı́gidas, incluindo a primeira parte como caso particular, já que por hipótese
admite-se que Pi = 0 para toda ação de movimento virtual rı́gida. Além disso, estabelece-se
uma relação de equilı́brio, entre os esforços externos e internos para o corpo em estudo.
Figura 9.4: a) Seções transversais planas e normais ao eixo x; b) seções transversais permanecem
planas e normais após a ação de movimento.
Para uma barra livre, todas as funções v ∈ V são também ações admissı́veis, pois não há
vı́nculos fı́sicos (restrições cinemáticas). Quando alguma restrição está presente, as ações
de movimento cinematicamente admissı́veis são dadas por funções que respeitam estas
restrições, constituindo o subconjunto Kinv de V. É importante ressaltar que apenas uma
dessas ações admissı́veis realmente ocorre, ou seja, é a ação de movimento real, enquanto
as demais, pelo fato de não ocorrerem necessariamente, são denominadas virtuais.
2. Taxa de deformação: para v(x) dado por (9.8), a única componente não-nula do tensor
taxa de deformaão é D11 . Logo,
dv1 d (·)
Dv = D = ⇒D= (9.10)
dx dx
3. Movimentos rı́gidos: neste caso, as ações de movimento de corpo rı́gido são tais que a
velocidade v1 (x) = v1 é constante para todo x ∈ (0, L), induzindo uma taxa de deformação
nula,
dv1
Dv = dx =0 → v1 constante
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 211
Figura 9.5: Relação entre os espaços de ações de movimento V e das taxas de deformação W.
onde σxx é uma função escalar representando a tensão na direção x. Como ε̇xx é constante
em todos os pontos de uma seção transversal , tem-se que,
Z L Z
Pi = − σxx dydz ε̇xx dx
0 A
Em particular,
Z
Nx = σxx dydz (9.12)
A
Supondo que Nx seja suficientemente regular, pode-se integrar por partes o lado direito
de (9.14), obtendo-se ∀v̂ ∈V,
RL RL
hf , v̂i = Nx v̂1 |L
0 − 0
dNx
dx v̂1 dx = [Nx (L)v̂1 (L) − Nx (0)v̂1 (0)] − 0
dNx
dx v̂1 dx (9.15)
A partir de (9.16), obtém-se a expressão da potência externa das forças f para qualquer
ação virtual v̂ ∈V
Z L
Pe = hf , v̂i = P0 v̂1 (0) + PL v̂1 (L) + pv̂1 dx (9.17)
0
ou ainda,
Z L dN
x
− [Nx (0) + P0 ] v̂1 (0) + [Nx (L) − PL ] v̂1 (L) − + p v̂1 dx = 0 (9.18)
0 dx
Para que a equação (9.18) seja verdadeira para toda ação virtual v̂ ∈ V deve-se ter,
dNx (x)
dx + p(x) =0 em x ∈ (0, L)
Nx (L) = PL em x = L (9.19)
Nx (0) = −P0 em x = 0
1 σxx
E11 = [T11 − ν(T22 + T33 )] → xx =
E E
1 σxx
E22 = [T22 − ν(T11 + T33 )] → yy = −ν (9.22)
E E
1 σxx
E33 = [T33 − ν(T11 + T22 )] → zz = −ν
E E
E12 = E13 = E23 = 0
Partindo-se de (9.12), como a tensão σxx é constante em cada seção x da barra, tem-se
que,
Z
Nx (x) = σxx (x) dydz = σxx (x)A(x)
A
sendo A(x) a área da seção transversal x. Logo, a partir da componente xx em (9.22)
vem que,
du1 (x)
Nx (x) = E(x)A(x)xx = E(x)A(x) (9.23)
dx
Procurando generalizar a formulação, assumiu-se também que o módulo de elasticidade
pode variar em função de x, ou seja, E = E(x), como no caso de uma barra constituı́da de
partes com materiais distintos. Observa-se, então, que a tensão σxx é constante em cada
seção x, como ilustrado na Figura 9.8.
Figura 9.8: Tensão constante nos pontos de uma seção da barra: a) tração; b) compressão.
Para o caso onde o módulo de elasticidade e a área da seção são constantes, obtém-se,
2u
EA d 1 (x)
dx2 + p(x) = 0 em x ∈ (0, L) (9.25)
Observa-se que as condições de contorno dependem das vinculações presentes nas extremi-
dades da barra, como ilustrado na Figura 9.9. Por sua vez, estas restrições serão incluı́das
na definição do espaço de ações admissı́veis Kinv .
Tomando-se uma área A constante, a tração superficial σxx , ou seja, a tensão presente nas
extremidades da barra, dá origem a uma força P em ambas as faces de magnitude,
P = σxx A (9.26)
P ∆L PL
σ= = Exx = E → ∆L = (9.27)
A L AE
Supondo que a barra possui seção circular com diâmetro inicial d, a variação ∆d após a
deformação é dada pelas componentes yy e zz em (9.22). Logo,
∆d νP Pd
yy = zz = =− → ∆d = −ν (9.28)
d EA AE
onde o sinal − indica a contração realmente esperada quando a barra está sob tração.
Para verificar se uma barra permanece na fase elástica, basta comparar se σxx < σ̄, onde σ̄ é
a tensão normal admissı́vel do material. Para dimensionar uma barra, impõe-se a condição
que σxx = σ̄, determinando-se a área da seção mı́nima para que a barra permaneça na fase
elástica, ou seja,
P
A= (9.29)
σ̄
216 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
1. Considere a barra com o carregamento ilustrada na Figura 9.10. Pede-se traçar os diagra-
mas da força normal, dos deslocamentos, deformações e tensões axiais.
(a) Equação do carregamento: q(x) = q0 < x − 0 >0 −F2 < x − 1 >−1 +F3 < x − 2 >−1
Nx (x = 0) = 0 + 0 − 0 + C1 = −F1 → C1 = −F1
• força normal: Nx (x) = −q0 x + F2 < x − 1 >0 −F3 < x − 2 >0 −F1
1 2
• deslocamento: u(x) = EA (−50x +350 < x−1 >1 −200 < x−2 >1 −100x+250)
Nx (x → 0+ ) = −100N Nx (x → 1− ) = −200N
Nx (x → 1+ ) = 150N Nx (x → 2− ) = 50N
Nx (x → 2+ ) = −150N Nx (x → 3− ) = −250N
200
Nx(x)[N]
150
100
50
0
-50
-100
-150
-200
-250
-300
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
x[m]
3e-05 2e-05
u(x)[m] E(x)[m]
1.5e-05
2.5e-05
1e-05
2e-05 5e-06
0
1.5e-05
-5e-06
1e-05
-1e-05
5e-06 -1.5e-05
-2e-05
0
-2.5e-05
-5e-06 -3e-05
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
x[m] x[m]
2. As Figuras 9.11a) e b) ilustram barras com uma extremidade fixa e apoiada sobre uma
mola (fundação flexı́vel) e com uma folga ∆u. Deseja-se determinar a expressão para a
força normal e deslocamento axial em ambos os casos.
1 −ku1 (L)
– deslocamento axial: u1 (x) = EA (−ku1 (L)x) = EA x
• Barra com folga ∆u
(a) Equação de carregamento: q(x) = 0
(b) Condições de contorno: u1 (x = 0) = 0 u1 (x = L) = ∆uL
d2 u1 (x)
EA dx = −q(x) = 0
(c) Integração da equação diferencial:
– 1a integração: força normal
Nx = EA dudx 1 (x)
= C1
a
– 2 integração: deslocamento axial
EAu(x) = C1 x + C2
(d) Determinação das constantes de integração
u1 (x = 0) = C1 (0) + C2 = 0 → C2 = 0
u1 (x = L) = C1 L + 0 = ∆uL → C1 = ∆u L
L
1 ∆uL ∆uL
– deslocamento axial: u1 (x) = EA L x = EAL x
3. Determine as forças normais (N1 ,N2 ) atuando em cada parte da coluna bi-engastada
ilustrada na Figura 9.12 e sujeita a uma força F = 1kN . As seções transversais das
barras são circulares com diâmetros d1 = 50mm e d2 = 125mm. Dados: L1 = 300mm;
L2 = 400mm; E1 = 1, 5E2 .
Barra 1 (0 < x < L1 ): neste caso tem-se como incógnitas as constantes de integração
C1 , C2 , assim como a força normal N1 interface dos dois trechos.
2
• Equação diferencial: E1 A1 ddxu21 = 0
• Condições de contorno
u1 (x = 0) = 0 Nx1 (x = L1 ) = N1
– primeira integração: força normal
Nx1 = C1
– segunda integração: deslocamento axial
E1 A1 u1 = C1 x + C2
220 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
• Determinação de C1 e C2
Nx1 (x = L1 ) = C1 = N1 → C1 = N1
E1 A1 u1 (x = 0) = C1 (0) + C2 = 0 → C2 = 0
• Equações finais
– força normal: Nx1 (x) = N1
– deslocamento axial: u1 (x) = EN 1
1 A1
x
Barra 2 (L1 < x < L2 ): neste caso tem-se como incógnitas as constantes de integração
D1 , D2 , assim como a força normal N2 interface dos dois trechos.
2
• Equação diferencial: E2 A2 ddxu22 = 0
• Condições de contorno
u2 (x = L1 + L2 ) = 0 Nx2 (x = L1 ) = N2
– primeira integração: força normal
Nx2 = D1
– segunda integração: deslocamento axial
E2 A2 u2 = D1 x + D2
• Determinação de D1 e D2
Nx2 (x = L1 ) = D1 = N2
E2 A2 u2 (x = L1 + L2 ) = D1 (L1 + L2 ) + D2 = 0 → D2 = −N2 (L1 + L2 )
• Equações finais
– força normal: Nx2 (x) = N2
– deslocamento axial: u2 (x) = E21A2 [N2 x − N2 (L1 + L2 )]
Equilı́brio da descontinuidade : onsidera-se o equilı́brio da força normal presente na
interface dos trechos AB e BC, como mostrado na Figura 9.13b). A condição de
equilı́brio é a seguinte:
X
Fx = 0 : −N1 + F + N2 = 0 → N1 − N2 = F (9.30)
Condição de compatibilidade : tem-se que os deslocamentos axiais u1 e u2 devem ser
iguais. Logo,
u1 (x = L1 ) = u2 (x = L1 )
Tomando as equações anteriores determinadas para os deslocamentos u1 e u2 , vem
que,
N1 1
L1 = [N2 L1 − N2 L1 − N2 L2 ]
E1 A1 E2 A2
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 221
E1 A1 L2
N1 = − N2 = −kN2 (9.31)
E2 A2 L1
Substituindo (9.31) em (9.30) vem que,
F
−kN2 − N2 = F → N2 (1 + k) = −F → N2 = −
1+k
Logo,
F k
N1 = −k − → N1 = F
1+k 1+k
Calculando k, tem-se que,
π 2
E1 A1 L2 1, 5E2 4 d1 L2 d2 L2 502 400
k= = π 2 = 1, 5 12 → k = 1, 5 = 0, 32
E2 A2 L1 E2 4 d2 L1 d2 L1 1252 300
Portanto,
0, 32
N1 = 1 = 0, 24KN
1 + 0, 32
1
N2 = − 1 = −0, 76KN
1 + 0, 32
determinam-se, no caso geral, as equações diferenciais de equilı́brio, em termos dos esforços in-
ternos, e as respectivas condições de contorno. Introduzindo a forma constitutiva do material,
deduzem-se equações diferenciais em função do campo de deslocamentos.
Alguns aspectos desta formulação, tais como cinemática, taxa de deformação e princı́pio dos
trabalhos virtuais, serão discutidos nas próximas seções.
9.4.1 Cinemática
A principal caracterı́stica fı́sica dos corpos é a de ocupar diversas regiões do espaço pontual
euclidiano E em diferentes instantes de tempo. Apesar de nenhuma desta regiões estar intrinsi-
camente relacionada ao corpo, pode-se selecionar qualquer uma delas, denominada configuração
de referência e designada por B. Estabelece-se, então, uma relação biunı́voca entre as posições
das partı́culas do corpo em qualquer instante em relação a referência B.
Com esta identificação, o corpo passa a ser formalmente uma região B de E. Esta região é
selecionada de maneira a facilitar a análise do problema. Por exemplo, quando se deseja estudar
a deformação de um corpo, geralmente adota-se a geometria não-deformada como configuração
de referência.
Devido as ações de movimento, o corpo passa a ocupar uma série de configurações denotadas
Bt , onde t ∈ [t0 , ti ] é um parâmetro, não necessariamente o tempo, estabelecendo uma ordem
de precedência para as configurações. Do ponto de vista fı́sico, ocorre deformação sempre que
o corpo passa de sua configuração original B para outra configuração Bt . O conjunto de todas
as configurações possı́veis que o corpo pode tomar constitui o espaço vetorial U. Por exemplo,
a barra foi definida como um corpo cujo comprimento é a dimensão geométrica predominante,
determinando o espaço U como o conjunto de configurações ao longo do eixo x alinhado com a
dimensão longitudinal da barra.
Observa-se que dada uma configuração Bt ∈ U, a mesma pode ser obtida a partir de um
campo de deslocamentos ut definido sobre B, ou seja ut : B → Bt . Tem-se então uma relação
biunı́voca entre campos de deslocamentos ut definidos sobre B e configurações possı́veis Bt ∈ U.
Assim, torna-se indiferente falar da configuração Bt ou ut .
Considere então uma configuração ut ∈ U. A cada movimento a partir de ut corresponderá,
no instante t = τ , um campo de velocidades espacial v chamado de ação de movimento a partir
de ut . Esta ação de movimento é dada por,
∂u ∂u
v = v (x, t) = (X,t) = (x,t)
∂t X=X(x,t) ∂t
sem restrições : neste caso, tem-se simplesmente Kinv ≡ V. Logo, toda ação de movimento
possı́vel é cinematicamente admissı́vel.
restrições bilineares sem atrito : são restrições de direção, ou seja, se o movimento está
impedido em um sentido também estará no sentido oposto, daı́ o nome bilateral. Por sua
vez, nas direções onde o movimento é permitido, o movimento se realiza sem ter que vencer
nenhum tipo de resistência.
Uma terceira categoria de restrições bastante importante, mas que não será abordada nesse
texto, é chamada de restrição unilateral sem atrito e sem aderência. Neste caso, se a ação de
movimento está impedida num sentido, não está impedido no sentido oposto. Encontra-se este
tipo de restrição em quase todo componente mecânico, sendo exemplos tı́picos os problemas de
conformação e de contato. O tratamento desse tipo de restrição apresenta, entretanto, certa
dificuldade pois tais restrições são não-lineares. Por esse motivo, as restrições unilaterais não
serão consideradas aqui, sendo importante lembrar que nem todos os tipos de restrições podem
ser convenientemente modeladas com restrições bilaterais.
1
D= grad v + grad vT = (grad v)s (9.33)
2
Pode-se assim introduzir o espaço vetorial W, cujos elementos são todos os campos tensoriais
simétricos que podem ser definidos na configuração atual. Da própria definição (9.33), verifica-se
que nem todo D ∈W está associado a algum campo de ação de movimento v ∈V. Baseado nessa
associação, introduz-se o operador D (para facilitar a notação) tal que,
Em particular, se dado D ∈W existe v ∈Kinv tal que (9.33) se verifique, tem-se que D é
uma taxa de deformação compatı́vel cinematicamente admissı́vel. Por sua vez, o conjunto de
todas as ações de movimento possı́veis rı́gidas v ∈V constituem o subespaço vetorial N (D) de
V chamado espaço nulo do operador taxa de deformação,
deformáveis, e portanto o espaço V 0 , não podem ser obtidos diretamente. Sua determinação
somente pode ser feita a partir do Princı́pio das Potências Virtuais, relacionando as potências
externa e interna.
No item 9.2.2 foi apresentado o conceito de potência interna, dada pelo escalar Pi (9.3),
definindo, de maneira análoga, à potência externa, um funcional linear sobre W expresso pelo
produto interno entre os tensores T e D. Como a forma do tensor D é conhecida (pois foi
obtida das hipóteses cinemáticas do problema), obtém-se da expressão da potência interna a
forma do tensor T compatı́vel com o modelo cinemático do problema. Assim, determina-se o
espaço vetorial dos esforços internos W 0 .
Como apresentado no item 9.2.3, o Princı́pio da Potência Virtual estabelece que,
Pe + Pi = 0
Como a forma funcional do lado direito de (9.36) é conhecida, bem como a cinemática v, então
estabelece-se a partir da expressão anterior a forma funcional dos sistemas de forças compatı́veis
com o modelo cinemático do problema, determinando então o espaço de forças externas V 0 .
A equação (9.36) estabelece uma relação entre os espaços de esforços externos V 0 e internos
W 0 , definindo o operador D ∗ equacionando os esforços externos aplicados ao corpo com os
esforços internos resultantes. Daı́ pode-se obter a equação diferencial e as condições de contorno
do problema ou obter a solução diretamente da forma variacional (9.36).
Todo o procedimento para a solução de problemas de mecânica via abordagem variacional
está ilustrada na Figura 9.15. Observa-se que neste esquema não se introduz o comportamento
do material. Assim, as equações obtidas representam apenas o equilı́brio do corpo deformado,
sendo válido para qualquer material. Introduzindo-se a equação constitutiva estabelece-se a
relação entre tensões e deformações.
Figura 9.15: Esquema de solução dos problemas de mecânica pela abordagem variacional.
226 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
Figura 9.16: a) Rotação da seção transversal do eixo; b) efeito da torção no plano longitudinal
imaginário DO1 O2 C.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 227
Como cada seção sofre uma rotação rı́gida em torno do eixo longitudinal x, então a ve-
locidade de rotação θ̇ é constante para todos os pontos da seção. Dessa forma, θ̇ é função
escalar da coordenada x, ou seja, θ̇ = θ̇ (x) = ω (x). Logo, um ponto A de coordenadas
(x, y, z), pertencendo a seção transversal mostrada na Figura 9.16a), sob ação da rotação
ω(x), está sujeito à seguinte ação de movimento v,
v1 (x)
0
0
v= v2 (x) = − kvk senβ = −ω (x) rsenβ (9.37)
v3 (x) kvk cos β ω (x) r cos β
p
sendo kvk = ω (x) r e r = y 2 + z 2 é a distância entre o centro da seção e o ponto com
coordenada longitudinal x, como indicado na Figura 9.16a). Deve-se ter RI ≤ r ≤ RE ,
onde RI e RE são, respectivamente, os raios interno e externo da seção transversal. Se o
elemento for circular sólido RI = 0.
Da geometria do problema, conclui-se que senβ = z
r e cos β = yr , os quais substituidos em
(9.37) resulta,
0
v= −ω (x) z (9.38)
ω (x) y
Para um eixo livre, todos os elementos v ∈ V são também ações admissı́veis, pois não
há vı́nculos fı́sicos, impedindo o movimento a torção nas extremidades. Quando alguma
restrição está presente, somente o subconjunto Kinv de V, formado pelas funções respei-
tando as restrições, constitui as ações de movimento admissı́veis.
0 −z dω dω
dx y dx 0 −z γ̇ y γ̇
1 dω 1
D = −z dx 0 0 = −z γ̇ 0 0 (9.39)
2 2
y dω
dx 0 0 y γ̇ 0 0
onde dω
dx = γ̇ é chamado taxa de deformação angular. O espaço W é definido como o espaço
dos tensores simétricos da forma (9.39), com γ̇ = γ̇ (x) uma função escalar suave.
228 28 de junho de 2007–Prof. Dr. Marco Lúcio Bittencourt #1
4. Potência interna: a partir das expressões (9.3), (9.5) e (9.39), calcula-se a potência
interna associada à deformação do eixo da seguinte forma,
Z Z
Pi = − T · D dV = − (−T12 z γ̇ + T13 y γ̇) dV
V V
Z Z L Z
(−T12 z γ̇ + T13 y γ̇) dV = (−T12 z + T13 y) dA γ̇ dx
V 0 A
Em particular,
Z
Mx = (−T12 z + T13 y) dA (9.41)
A
Z L Z L dω
Pi = − Mx γ̇ dx = − Mx dx (9.42)
0 0 dx
Figura 9.17: Resultante em termos de momento torçor na seção transversal do eixo (A=área da
seção.
28 de junho de 2007–DRAFT DPM/FEM/UNICAMP#1 229
Z L dω̂
Pe = −Pi ⇒ hf , v̂i = Mx dx (9.43)
0 dx
Supondo que Mx seja suficientemente regular, pode-se integrar por partes o lado direito
de (9.43), obtendo-se ∀v̂ ∈V,
Z L Z L
dMx dMx
hf , v̂i = Mx ω̂|L
0 − ω̂ dx = [Mx (L)ω̂(L) − Mx (0)ω̂(0)] − ω̂ dx (9.44)
0 dx 0 dx
A partir de (9.45), obtém-se a expressão da potência externa das forças f na ação v̂,
Z L
Pe = hf , v̂i = T0 ω̂ (0) + TL ω̂ (L) + tω̂ (x) dx (9.46)
0
ou ainda,
Z L dM
x
− [Mx (0) + T0 ] ω̂ (0) + [Mx (L) − TL ] ω̂ (L) − + t ω̂ dx = 0 (9.47)
0 dx
Para que a equação (9.47) seja válida, tomando-se qualquer ação v̂ ∈ V, deve-se ter,
dMx (x)
dx + t(x) = 0 em x ∈ (0, L)
Mx (0) = −T0 em x = 0 (9.48)
Mx (L) = TL em x = L
Z L
Pe = hf , v̂i = 0 → T0 ω̂ (0) + TL ω̂ (L) + tω̂ dx = 0
0
Z !
L
hf , v̂i = T0 + TL + t dx ω̂ = 0
0
de onde obtém-se que a resultante dos esforços externos deve ser nula, ou seja,
Z L
T0 + TL + tdx = 0 (9.50)
0
Deve-se observar que o problema da torção de eixos, uma vez equacionado, é algebrica-
mente idêntico ao problema da tração/compressão de barras. A Figura 9.19 ilustra a
formulação variacional do problema de torção.
1 dθ 1 dθ
E12 = − z E13 = y (9.51)
2 dx 2 dx
dθ dθ
T12 = 2µE12 = −µ z T13 = 2µE13 = µ y (9.52)
dx dx
Z Z
dθ 2 dθ 2 dθ dθ Mx
Mx = µ z + y dA = µ y 2 + z 2 dA → = (9.53)
A dx dx dx A dx µIp
R
onde Ip = A y 2 + z 2 dA é o momento de inércia polar da seção transversal. Para seção
circular de diâmetro d tem-se Ip = πd4 /32.
A partir daı́, subtituindo esta relação na equação diferencial do momento torçor, obtém-se,
d dθ(x)
µIp + t(x) = 0 (9.54)
dx dx
d2 θ(x)
µIp + t(x) = 0 (9.55)
dx2
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Mx Mx
T12 = − z T13 = y (9.56)
Ip Ip
Mx Mx
τ= = (9.58)
Ip d2 Wx
Mx Mx
τ= = τ̄ → Wx = (9.59)
Wx τ̄
πd4 1/3
Ip 32 16Wx
Wx = d
= d
→ d= (9.60)
2 2
π
Por sua vez, para verificar se o eixo permanece na fase elástica, basta comparar se τ < τ̄ .
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1. Considere o eixo ilustrado na Figura 9.21 de seção circular com diâmetro d submetido
ao carregamento indicado. Pede-se: a) determinar o diâmetro mı́nimo d para que o eixo
permaneça na fase elástica; b) determinar a equação do ângulo de torção; c) suponha
agora que a seção do eixo seja circular vazada com diâmetros interno di e externo de , com
di /de = 0, 8. Pede-se determinar os diâmetros di e de ; d) para esta nova seção, determinar
a equação do ângulo de torção; e) baseado nos resultados obtidos, determinar qual eixo é
mais pesado e qual sofre a maior rotação. Dados: L = 2m, Mt = 1000N m, τ̄ = 50M P a,
G = 80GP a, to = 1600N m/m.
L
(a) Equação do carregamento: t(x) = t0 < x − 2 >0
(b) Condições de contorno: θ(x = 0) = 0 Mx (x = L) = Mt
d θ 2 L
(c) Integração da equação diferencial: GIp dx 2 = −t(x) = −t0 < x − 2 >0
• momento torçor
L
Mx (x) = −t0 < x − 2 >1 +Mt + t0 L2 = −1600 < x − 1 >1 +2600
• ângulo de torção
θ(x) = GI1 p (− t20 < x − L
2 >2 +Mt + t0 L2 x) = 1
GIp (−800 < x − 1 >2 +2600x)
Mx (x → 1+ ) = 2600N m Mx (x → 2− ) = 1000N m
Mx(x)[N]
2500
2000
1500
1000
500
0
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
x[m]
(h) Dimensionamento
• Seção circular
4
momento de inércia da seção: Ip = πd
32
16 13
dimensionamento a tensão: τ = ( M d 16
Ip )( 2 ) = Mx πd3 = τ̄ → d = (Mx πτ̄ ) =
x
6, 42cm
• Seção circular vazada (d1 , d2 = diâmetros interno e externo)
d2
dimensionamento a tensão: τ = ( M Mx
Ip )( 2 ) = Wx = τ̄
x
Mx
módulo de resistência à torção: Wx = τ̄ = 5, 2 × 10−5 m3
Portanto,
I π
Wx = dp2 = 32 (d42 − d41 ) d22 = 16d
π
2
(d42 − d41 )
2
d1
Por sua vez, a relação entre os diâmetros é dada por d2 = 0, 8. Substituindo na
expressão anterior vem que,
π
Wx = 16d 2
[d42 − (0, 8d2 )4 ] = 5, 2 × 10−5
Logo, d2 = 7, 65cm e d1 = 6, 12cm.
• Seção circular
4
momento de inércia: Ip = πd π −2 4 −6 4
32 = 32 (6, 42 × 10 ) = 1, 67 × 10 m
Por sua vez, tem-se que GIp = 133422, 78. Logo,
θc (x) = 7, 49 × 10−6 (−800 < x − 1 >2 +2600x)
• Seção circular vazada
π π
momento de inércia: Ip = 32 (d42 − d41 ) = 32 [(7, 65 × 10−2 )4 − (6, 12 × 10−2 )4 =
1, 98 × 10−6 m4
Neste caso, GIp = 158811, 51. Portanto,
θv (x) = 6, 30 × 10−6 (−800 < x − 1 >2 +2600x)
Abaixo ilustram-se os gráficos dos ângulos de torção para os casos de seção cheia e
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vazada.
0.0003 0.025
du(x)/dx[rad] du(x)/dx[rad]
0.00025 0.02
0.0002 0.015
0.00015
0.01
0.0001
0.005
5e-05
0
0
-0.005
0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2
x[m] x[m]
mc Vc L( π4 )d2 d2 6, 422
= = = = = 1, 95
mv Vv L( π4 )(d22 − d21 ) (d22 − d21 ) 7, 652 − 6, 122
onde L é o comprimento dos eixos. Desta maneira, como esperado, a massa do eixo
de seção cheia é superior a do eixo com seção vazada.
(k) Relação entre as rotações
A partir das expressões para as rotações tem-se a seguinte relação:
θc 7, 49
= = 1, 19
θv 6, 30
Assim, apesar da massa do eixo com seção cheia ser superior ao eixo vazado, a sua
rotação é cerca de 20% superior.
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Referências Bibliográficas
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Editora, Brasil, 4a. edição edition, 1997.
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[5] T.J. Oden and L. F. Demkowicz. Applied Functional Analysis. CRC Press, New York, 1996.
[6] B.D. Reddy. Functional Analysis and Boundary-Value Problems: An Introductory Treatment.
Longman Scientific & Technical, Essex, 1986.
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