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ILUMINAÇÃO PÚBLICA
RESUMO
O objetivo deste artigo foi apresentar o panorama das várias questões afetas ao sistema de iluminação pública,
contribuindo para o debate da gestão e da operacionalização deste serviço nos municípios brasileiros. São apresen-
tadas as questões pertinentes aos temas relacionadas à segurança pública à medição do sistema, à Contribuição
de Iluminação Pública, à eficiência energética, à qualidade e à gestão específica do sistema de iluminação pública.
o turismo, o comércio e o lazer Eficiente – RELUZ. Este progra- elétrica municipal consumida. No
noturnos são favorecidos, contri- ma, estruturado e coordenado caso de não existir medição, ou-
buindo para o desenvolvimento pela ELETROBRAS / PROCEL, tro ponto fundamental é manter
social e econômico dos municí- perdura até os dias de hoje, um cadastro de equipamentos
pios. com o objetivo de financiar, que expresse a realidade e seja
com juros baixos, projetos efi- de conhecimento e aprovação
A QUESTÃO DA SEGURANÇA cientes de iluminação urbana da concessionária local, evi-
PÚBLICA para municípios, via concessio- tando desvios no faturamento
nária local de distribuição de estimado.
Além de ser um de seus energia elétrica. Um ponto que gera muitas
objetivos favorecer a segurança Uma boa notícia é que a linha dúvidas e controvérsias diz
pública no tráfego de veículos e de crédito RGR (Reserva Global respeito à quantidade de horas
pedestres, evitando acidentes, a de Reversão) / Conservação, a ser tarifada na iluminação
iluminação pública está direta- responsável pelos recursos dis- pública. A Resolução diz, que
mente associada à prevenção da poníveis para o programa RELUZ para o cálculo estimado, deve-
criminalidade. Vale lembrar que e que tinha seu término previsto -se considerar a quantidade, a
a história da iluminação pública para o final do ano de 2010, foi potência e o horário de funcio-
teve seu início por iniciativa dos prorrogada até o final do ano de namento das lâmpadas de 11
moradores para a segurança 2035. Isto demonstra o apoio horas e 52, além das perdas
noturna, com a implantação de que a iluminação pública de dos equipamentos auxiliares
lampadários de madeira, envi- qualidade presta à segurança e a (relés e reatores). Entretanto,
draçados, à base de azeite de necessidade de termos recursos diz que a concessionária deverá
peixe, e suspensos por varões para acompanhar o desenvol- ajustar com o consumidor o
de ferro. vimento tecnológico associado número de horas mensais para
Com a expansão da ilumina- ao tema. fins de faturamento quando,
ção pública, graças aos subsídios por meio de estudos realizados
reais (1741), a transferência da A QUESTÃO DA MEDIÇÃO pelas partes, for constatado
Corte Portuguesa para o Brasil um número de horas diferente
(1808) e a criação do imposto Segundo Resolução Norma- do estabelecido. Não se pode
para a iluminação (1810), ca- tiva n.º 414 / 2010 da Agência esquecer a influência de outros
racterizando a preocupação da Nacional de Energia Elétrica fatores, além das condições
realeza com a segurança pública, (ANEEL), as concessionárias climáticas, como redução do
os lampadários passaram a ser locais de distribuição não são iluminamento pela arborização
acesos pela polícia todas as noi- obrigadas a instalar medidores e qualidade do relé fotoelétrico,
tes, exceto na lua cheia. de consumo de energia elétrica que pode variar o nível de acio-
Pode-se perceber a preocupa- quando o fornecimento for des- namento ao longo do tempo.
ção com a segurança e a relação tinado para iluminação pública Prega a Resolução que o
direta com a iluminação pública, ou semáforos. Porém, no caso cálculo da energia consumida
além da eficiência energética, de fornecimento destinado a pelos equipamentos auxiliares
com os desligamentos nos perío- circuitos exclusivos de ilumina- de iluminação pública deverá ser
dos de lua cheia para a economia ção pública, a concessionária feito com base nas normas da
do combustível da época. deverá instalar os respectivos Associação Brasileira de Normas
Uma das ações significati- equipamentos de medição Técnicas (ABNT), em dados do
vas do governo brasileiro em sempre que julgar necessário fabricante dos equipamentos
relação a este tema foi o lança- ou quando solicitados pelos ou em ensaios realizados em
mento do Programa Nacional municípios. laboratórios credenciados, de-
de Segurança Pública no ano Poucas Prefeituras se preo- vendo as condições pactuadas
2000, que disponibilizou três cupam com essa questão. Cer- constarem do contrato de for-
bilhões de reais para a causa, tamente, a adoção desta medida necimento.
com um terço da verba destina- em praças, quadras e avenidas Existem equipamentos au-
da ao lançamento do Programa principais tornaria mais justo e tomáticos de controle de carga,
Nacional de Iluminação Pública real o valor cobrado pela energia que reduzem o consumo de
“
Contribuições. Com a Emenda que pareça, por ser uma ação
Constitucional n.º 39, que inseriu lucrativa, para as concessionárias
o artigo 149-A na Constituição, distribuidoras de energia elétrica.
Éextremamente a Contribuição de Iluminação Com base nisto, foi criado o
importanteoestudo Pública (CIP) se tornou possível, Programa Nacional de Ilumina-
corretosobreousoda caracterizando-se pela natureza ção Pública Eficiente (RELUZ),
jurídica de contribuição. que, por meio de um financia-
luznosambientese, O imposto é um tributo não mento com juros baixos ,con-
consequentemente,nos vinculado, sem destinação espe- seguiu atingir as necessidades
logradourospúblicos, cífica, enquanto a contribuição dos agentes envolvidos no pro-
tem destinação específica, no jeto. A ELETROBRAS / PROCEL
jáqueummau caso da CIP, o custeio do consu- queria financiar e fomentar a
planejamentolumínico mo e dos serviços associados à eficiência na iluminação públi-
iluminação pública. Para ser taxa, ca. A concessionária aplicaria o
podecausaracidentes
a CIP teria de decorrer do poder projeto se obtivesse lucro. Com
eproblemasàsaúdedo
olhohumano
“ de polícia, ou ser referente a um
serviço público divisível e espe-
cífico; e o serviço de iluminação
os juros baixos e a transferência
da energia economizada para
consumidores com tarifas mais
pública é um serviço destinado altas, os lucros eram iminentes e
à coletividade e indivisível, pois possibilitavam até a contratação
ninguém é dono de seu próprio de empreiteiras para execução
na conta a economia proporcio- poste ou ponto de luz. Sendo do projeto. A Prefeitura queria
nada por esses equipamentos. assim, a CIP não tem nature- um parque de iluminação novo
Porém, tais equipamentos são za jurídica de taxa. Também com baixo custo e que futura-
pouco utilizados no Brasil devi- não poderá ter natureza de mente diminuísse seus gastos
do a problemas de variação de contribuição de melhoria, que com iluminação pública.
tensão na rede e por alterarem deve decorrer de obras públi- Satisfazendo os interesses dos
a sensação de segurança da cas. Por fim, não tem natureza agentes citados acima, na última
população. de empréstimo compulsório, década, foi conseguida uma radi-
que só poderá ser instituído cal mudança de tecnologias nos
A QUESTÃO DA CIP para atender a despesas sistemas de iluminação pública
extraordinárias decorrentes de do País, onde os projetos exe-
Após diversas decisões do calamidade pública, guerra ou cutados alcançaram, em média,
Supremo Tribunal Federal (STF) sua iminência ou no caso de economias de 40% no consumo
pela inconstitucionalidade da investimento público de caráter de energia elétrica.
taxa de iluminação pública (an- urgente e de relevante interesse Até agora, a maneira mais
tiga TIP), então aplicada por nacional. De fato, o custeio do tradicional de se iluminar, com
diversos municípios, foi alterada serviço de iluminação pública eficiência, grandes ambientes
a Constituição Federal com o não constitui uma despesa es- considerando neste caso não
objetivo de contornar a decisão pecial provocada por um grupo apenas ruas e estradas mas tam-
do Supremo. O objetivo foi específico de pessoas, mas sim bém monumentos públicos ou
permitir aos municípios e ao uma despesa provocada por grandes edifícios, era a aplicação
Distrito Federal cobrarem este toda a coletividade. de lâmpadas de vapor de des-
carga em alta pressão (vapor de por Watt e sim também no con- Outro ponto interessante
sódio ou multi vapor metálicas). forto visual. sobre a luz e os seres humanos
Contudo, a indústria da ilumina- A iluminação pública é de- é a interação com ritmo, estabe-
ção trilha novos caminhos e, em finida a partir de critérios de lecido de acordo com o relógio
breve, estaremos diante de uma qualidade e de quantidade de biológico de cada indivíduo, que
nova tecnologia superior à atual- luz a ser fornecida. Diante das gerencia os períodos de descan-
mente utilizada, possivelmente o tarefas relacionadas à condu- so em um ciclo de 24 horas. A
diodo emissor de luz (LED) e que ção de veículos e circulação de alternância entre os períodos de
deve ser adotada pelo programa pedestres, a iluminação para luz e escuridão possui um papel
RELUZ para uma nova revolução logradouros públicos demanda fundamental e importante em
na iluminação pública do País, elevada acuidade visual, ou seja, nosso comportamento físico e
buscando a eficiência (lm/W) e o fornecimento de altos níveis psicológico. Logo, vale a pena
a sustentabilidade. de densidade de fluxo luminoso. lembrar que a luz possui outras
Quatro cidades norte-ame- Porém, além da intensidade lu- funções além da criação de
ricanas estão fazendo testes minosa precisamos ter uma luz estímulos visuais. Mais saúde e
para implantar em larga escala de qualidade para que possamos bem-estar, motivação e qualidade
a tecnologia LED em iluminação diferenciar manchas de sangue e do sono, além da estabilidade
pública. Seattle, no noroeste óleo em caso de acidente. Neste do ritmo biológico, são apenas
dos Estados Unidos; Bangor, no caso, a qualidade do projeto está alguns atributos que podem ser
Estado de Maine; Palo Alto, no diretamente ligada à distribuição agregados em um projeto bem
vale do Silício; Nova York, que ilu- das iluminâncias, à existência de planejado. E que venha a geração
minou com LED a ponte George contrastes de brilho e cor, à for- LED para que possamos sempre
Washington que liga Manhattan a mação de sombras e à ausência ter a melhor luz na intensidade
Nova Jersey sobre o Rio Hudson. de ofuscamento, de modo que certa para cada momento do dia
Ainda há alguns desvios a contribua para a eficiência visual e da noite.
serem resolvidos para uma ilumi- ou menor esforço do olho huma-
nação de LEDs em larga escala. no para se enxergar. A QUESTÃO DA GESTÃO
É preciso evoluir as luminárias O ofuscamento é uma sen- ESPECÍFICA
para uma melhor distribuição de sação desagradável que pode
luz e iluminância adequada para ocasionar cansaço visual e dores, Os gestores que assumirem
vias públicas, o que leva a um causado por luz excessiva, acar- as Prefeituras em 2013, e têm
dilema, pois um é inversamente retando mal-estar e desconforto, como prestadoras de serviços
proporcional ao outro. devendo, portanto, ser evitado. de iluminação pública a própria
A iluminação urbana atualmen- concessionária de energia elétrica
A QUESTÃO DA QUALIDADE te está focada em vias, semáforos, local, terão uma preocupação a
DA ILUMINAÇÃO praças, quadras esportivas, mo- mais.
numentos, chafarizes, fachadas A partir de junho de 2013, já
Criar um ambiente agradável prediais e arborizações e existe com prorrogação de nove meses
significa dar ao ser humano uma uma gama de lâmpadas e critérios do descrito na Resolução n.º 414
melhor qualidade de vida, exer- para atender à qualidade lumínica / 2010 da ANEEL, os municípios
cendo sobre ele uma influência exigida de cada situação ou proje- não terão mais à disposição a
psicológica positiva. Logo, é ex- to. O planejamento lumínico torna tarifa B4b de iluminação pública,
tremamente importante o estudo a iluminação noturna confortável, que incluía a manutenção dos sis-
correto sobre o uso da luz nos favorecendo consequentemente temas de iluminação pública pela
ambientes, e consequentemente, o aumento da qualidade de vida concessionária de energia local.
nos logradouros públicos, já que noturna da população. Consultar Com a mudança, os ativos
um mau planejamento lumínico um projetista de iluminação é imobilizados das concessionárias
pode causar acidentes e proble- necessário para que este planeje (equipamentos de iluminação
mas à saúde do olho humano. adequadamente a iluminação dos pública) serão doados aos mu-
Então, quando pensarmos em ambientes ou dos logradouros de nicípios, devendo as Prefeituras
eficiência na iluminação, não forma correta, confortável e sem se estruturarem para continuar
basta pensar na relação Lumem exageros. a cumprir com sua responsabi-
ABSTRACT
Relevant issues on the public lighting in Brazil
The objective of this paper is to present an overview of the various issues affecting the public lighting system, contributing
to the debate on management and operation of this service in Brazilian municipalities. Presents the issues relevant to the
themes related to public safety measurement system, the Contribution of Public Lighting, energy efficiency, quality and
management system-specific lighting.
RESUMEN
Cuestiones relevantes sobre el iluminación público en Brasil
El objetivo de este trabajo es presentar una visión general de las diversas cuestiones que afectan al sistema de iluminación
público, contribuyendo al debate sobre la gestión y el funcionamiento de este servicio en los municipios brasileños. Presenta
los temas relevantes para las cuestiones relacionadas con el sistema de medición de la seguridad pública, la Contribución
de Iluminación Público, la eficiencia energética, calidad y gestión del sistema de iluminación.