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1.

A Pastoral do Batismo

Em primeiro lugar, quando vemos na literatura a palavra “pastoral” não necessariamente se


refere ao grupo ou a estrutura organizacional, mas estamos falando no cuidado, da atenção para
com o batismo, da práxis. De certo modo, nossa reflexão até aqui foi rodeada de sinalizações de
atenção e cuidado para com a celebração do sacramento do batismo e todo o cuidado que a
envolve. Aqui, porém, vamos retomar e sistematizar, especialmente no que diz respeito ao
batismo de crianças.

A pastoral do batismo como acolhida

No processo crescente de indiferença religiosa e descristianização da sociedade, é louvável


que os pais ainda procurem a comunidade eclesial a fim de solicitar o batismo para os seus filhos.
A resposta da Igreja não pode ser uma lista de exigências e impeditivos burocráticos. A primeira
atitude dos responsáveis e da comunidade em si deve ser a acolhida. Isso implica, inicialmente,
conhecimento mínimo sobre a pastoral do batismo e isso toca a todos os membros da
comunidade, pois certamente, o interessado em batizar seu filho poderá se dirigir a qualquer
liderança e esta não pode simplesmente encaminhá-los para “outro departamento”, mas antes, já
deve manifestar total interesse pelo desejo dos pais e acompanha-los até as pessoas que farão
com eles o caminho de preparação.
A liderança procurada e os membros da Pastoral do Batismo devem manifestar, em primeiro
lugar, alegria e acolhimento pela intenção dos pais, confirmar sua decisão por palavras de
estímulo e oferecer as informações mais básicas, de acordo com as demandas de quem nos
procura. Sendo possível, após essa acolhida, a inscrição seja feita de modo privativo, com os pais
ou quem procura, para acolher as informações mais delicadas pertinentes à vida pessoal e cristã
dos pais e dos candidatos a padrinhos. O ponto mais delicado, certamente, são os padrinhos, por
isso devem ser tratados desde o início como “candidatos a padrinho”.
As informações colhidas na inscrição são muito preciosas e serão instrumento de trabalho
para a Pastoral do Batismo. Enganam-se os agentes de pastoral que pensam que todo seu trabalho
se encerra com a celebração do sacramento. Na verdade só começou. Ao colher as informações
sobre a família do batizando, o agente de pastoral terá dados sobre a composição familiar, quais
sacramentos receberam, a situação matrimonial dos pais, e numa visita domiciliar, poderá ter um
diagnóstico sobre a situação relacional e social daquela família. Com esses dados, o agente de
pastoral poderá definir várias intervenções ou atuação pastoral junto a essa casa, como por
exemplo:
a) Assistir aquela família com algum projeto de misericórdia;
b) Acionar catequistas para o convencimento de inscrever as crianças em idade de
catequese;
c) Acionar a pastoral familiar para acompanhar o casal para o matrimônio ou para alguma
atividade pós-matrimônio, como encontro de casais, etc;
d) Tendo adolescentes e jovens, aproxima-los dos grupos voltados a essa faixa etária na
comunidade, como escoteiros, coroinhas, grupos de jovens.

A pastoral do batismo como evangelização

O mandato do Senhor Jesus foi “Ide anunciai o evangelho a toda criatura e batizai-os”,
portanto, ao lado da celebração do batismo está a evangelização. Se nosso trabalho se limita
apenas ao batismo está incompleto, manco e estamos em desacordo à ordem do Senhor.
Batizar uma criança é relativamente fácil. Desafiante e uma aventura cheia de experiências
de Deus é a evangelização. Talvez, a ocasião do batismo, seja uma das poucas oportunidades em
que somos procurados e que poderemos encontrar certa boa disposição para evangelizar. Não se
pode absolutamente deixar passar essa oportunidade e reduzir nosso trabalho a fazer triagem de
padrinhos e celebrar o batismo das crianças.
Todos sabem que para se chegar à celebração do batismo, antes, se deve percorrer o
caminho que popularmente se chama de “curso de batismo”. E, de certo modo, estão dispostos a
fazer esse “sacrifício” por causa do costume familiar de se batizar os pequeninos. Devemos nos
aproveitar dessa “disposição” e surpreende-los não com um “curso”, mas com um verdadeiro
“encontro com Cristo” que seja capaz de lhes falar ao coração e fazer um insistente e feliz convite
para a conversão, para a vida nova. É preciso superar urgentemente a ideia de curso! Não é curso,
não é aula. É “encontro”. Iremos promover o encontro dessas pessoas, pais e candidatos a
padrinho, com alguém: Cristo Jesus. O conteúdo é exatamente esse: a pessoa de Jesus e o projeto
dele.
O encontro deve ser bem preparado para que cada participante sinta que ele é
especialmente esperado. Tenha cadeiras no número correto de participantes. Nada de improviso.
Ao chegar, cada um receba um crachá já com seu nome e o nome do batizando em baixo, afinal,
na inscrição se colheu todas as informações. Seja prevista uma pausa para lanche.
Ter alguém com violão e música para animar dará um ar de alegria e fará das orações
momentos mais vibrantes.
Prepare-se o local de oração e das pregações com microfone e som se forem necessários e
demais equipamentos previstos.
Se não é curso, mas encontro, não é necessário que seja estilo de palestra o tempo todo,
mas seja um encontro orante, marcado por momentos de reflexão pessoal, oração, dinâmica,
partilha, testemunhos.
Sendo possível, para favorecer a participação dos pais e candidatos a padrinhos, que se
tenha em bom número, pessoas para entreter as crianças enquanto os adultos se dedicam ao
encontro, de preferência mulheres que já sejam mães ou moças com experiência de cuidado com
crianças. Evitar lugares insalubres, objetos que possam machucar ou serem ingeridos. Quem sabe
uma tv ou projetor com desenhos animados, papel e giz de cera para desenhos, etc.

O momento mais espinhoso

Antes do encontro de preparação, ou melhor, de evangelização, deve-se enfrentar com


serenidade e coragem a situação dos candidatos a padrinho.
De maneira privada se deve verificar a situação dos padrinhos para que atendam as
exigências da Igreja. No dia da acolhida, evite-se ao máximo entrar já nessa polêmica. Tenha-se
sempre em mãos um folheto com os “critérios para discernir os padrinhos do meu filho”. Nesse
folheto pode conter as informações necessárias. Os pais levam para a casa e lá tomam contato.
Depois, de modo privado, quando for fazer a inscrição se pode conversar melhor a respeito.
Nesse folheto pode conter:
a) Idade mínima: 16 anos;
b) Ser católico (não frequentar seitas, ocultismo ou outro grupo religioso);
c) Ter sido batizado, crismado e feito a primeira comunhão;
d) Ser solteiro, sem estar em união de fato, morando junto, etc, ou
e) Ser casado na Igreja Católica, sem estar em segunda união ou só casado no civil.

Esses critérios são para os PADRINHOS. Nada se exige dos pais a não ser o desejo de batizar
e o compromisso de educar na fé cristã seus filhos. Pais não se escolhe, padrinhos sim.
Não se pode escolher padrinhos pelo critério simples de parentesco ou amizade. Mas pelo
propósito de que possa colaborar na educação cristã dos pequeninos.

Chegou o dia do batismo e agora?

A celebração do batismo é o momento mais festivo desse caminho. A comunidade deve se


envolver nesse clima de alegria, afinal, são novos nascimentos que fazem a Igreja crescer.
Importante que cada membro na assembleia se dirija aos familiares e os cumprimente por tal
decisão, por esse momento importante da vida cristã. O conselho da comunidade, por sua vez,
deve dar todo apoio e suporte, que sabe, oferecendo um bolo ou um momento de partilha após a
celebração com um cantinho especialmente preparado para essa festividade.
As equipes de liturgia e música litúrgica devem se envolver para preparar uma bela
celebração e a comunidade inteira deve ser convidada a participar para, além de ser alegrar com
os novos irmãos, também renovar a alegria pelo seu próprio batismo.
Por essa razão, o batismo aconteça especialmente dentro da celebração da comunidade,
particularmente da santa missa. Evite-se batizados privativos.
Após o batismo, as famílias poderão ser revistiadas pela equipe ou ainda ter um “encontrão”
para partilhar a experiência da celebração, ver fotos e reforçar a evangelização.
Seria muito importante que houvesse um encontro com missa ou celebração em ação de
graças pelo primeiro aniversário de batismo. E nessa ocasião fosse entregue uma via original da
certidão de batismo, já que no dia foi entregue apenas uma lembrança. Isso implica que os livros
paroquiais de batismo estejam rigorosamente em dia. É muito triste quando um cristão necessita
desse documento e seu registro não foi feito, pois sua ficha de inscrição não chegou à secretaria
paroquial. A pessoa se sente desvalorizada. Definitivamente, isso nunca deve acontecer.

EXERCÍCIOS

1. O que significa dizer que a Pastoral do Batismo é uma pastoral de acolhida?


2. Qual a importância da visita à casa da família que pede o batismo?
3. Como tratar com os pais a questão dos critérios para escolha dos padrinhos?
4. Qual a principal missão da Pastoral do Batismo?
5. Que tipo de acompanhamento se deve fazer após a celebração?

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