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NOVEMBRO 2022 | EDIÇÃO 5

lá pis
n o
estampapapel
--
- na camisa
Quer saber mais?
- - - página 23
Por Bernardo Viana Pinto
MAR | EDIÇÃO 5

ÍNDICE
QUEM SOMOS NÓ S?..............................3
A TEORIA DA PIXAR............................4

POEMA ANÔ NIMO . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9


UMA HISTÓ RIA.................................. 10
LAS AVENTURAS...............................13
DEMOCRACIA..................................... 15
AMANHÃ .......................................... 16
SE O CORPO É MEU............................. 17
NO Ô NIBUS......................................... 19
JSN.................................................... 22
QUEM SOMOS
APRESENTAÇÃO

NÓS NOVOS ROSTOS DO


JORNAL!

?
ILUSTRADORA chuck 70 preto de cano alto. Espero que com
LÍVIA minhas formas de arte eu consiga tocar as
pessoas e fazer elas sentirem a arte, fazer elas
se sentirem
Oi! Meu nome é Lívia Hostalácio, sou arte também.
ilustradora no jornal (a única que não faz
desenhos digitais, mas vou fazer isso
funcionar!). Tenho 16 anos e estudo na
escola do Sebrae. Gosto muito de viajar, sair
com os amigos e às vezes também apenas
ficar em casa assistindo uma série ou lendo
um livro (por dia). Desde sempre a arte, em
qualquer de suas formas, foi uma forma que
eu achei de me expressar e de mostrar o
mundo como eu o via. Como a
perfeccionista que sou, em minha cabeça eu
sempre imagino coisas mirabolantes e nem
sempre minhas mãos conseguem
acompanhar minha mente. Estou ansiosa
para mostrar para vocês, em todas as
minhas imperfeições, um vislumbre da
minha imaginação. Nos vemos por aí!

ILUSTRADORA

BELLA
Eii! Meu nome é Bella com dois l 's estou
no segundo ano e sou ilustradora e
cronista do Jornal. Gosto de MPB no geral
e também de The Cure e The Smiths.
Adoro desenhar e escrever, são minhas
formas de me expressar e de me sentir mais
livre. Gosto de acordar cedo e de ver o sol
nascer, gosto de caminhar pela cidade
para observar as pessoas, gosto de ver
jornal e estou sempre com meu all star
ILUSTRADORA

OLÍVIA
Oiee! Sou a Olívia do segundo ano,
talvez você já tenha me visto por aí
com um moletom todo colorido e
umas “tintas jogadas'', acabei de
entrar no jornal como ilustradora e
adoro desenhar(meio óbvio já que sou
ilustradora kk). Bom, eu gosto de
muitas coisas na verdade,
principalmente relacionadas a arte,
são as coisas que enfeitam minha
vida: músicas de quase todos os tipos,
ela traz tantos sentimentos; dança
(sempre que tiver algo de just dance
na escola estarei lá); culinária e suas
combinações inesperadas;
livros,
principalmente de romance para dar
aquele quentinho no coração; cinema
com mundos incríveis; animes e
mangás; etc. Estou sempre disposta a
aprender mais, e espero descobrir
muitas coisas ainda nessa história com
vários plots que a vida é, sendo parte
dela essa experiência no jornal junto
de vocês<3.

ESCRITOR

FABRIZZIO
Me chamo Fabrizzio. Já quis ser
ninguém e já quis ser todo mundo. O
que eu quero? Um palco sem plateia?
Um paradoxo. Ser anónimo e amado.
Odeio o silêncio mas evito o aplauso.
Que ideia interessante essa de se
definir, não? Sou formado pelo que
acho que você acha de mim sobre o que
eu acho de você. Eu não sei quem sou.
Não sou você, então devo ser eu, mas,
Deus, que vazio isso é. 43
REPORTAGEM Por Fonseca

Depois, temos Valente, que se passa antes


do século XV. Nesse filme, somos
introduzidos ao conceito de magia e viagem
por portas, pelas quais a bruxa do filme
transplana entre sua carpintaria e o quarto no
qual ela faz sua magia. Essa magia nos leva
aos nossos próximos dois filmes: Incríveis e
Incríveis 2.

desenvolvê-la.
A Teoria da Pixar, introduzida ao mundo
em 2013 por um jornalista e escritor chamado
Jon Negroni, fala que todos os filmes produzidos
por este estúdio estão interligados em um
único universo.

Este artigo vai explicar a linha do tempo


mais conhecida da Teoria da Pixar, e algumas
das minhas próprias conclusões e
perspectivas.

Na superfície, o universo Pixar não é tão


diferente do nosso, porém, quando realmente
é analisado, percebemos algumas diferenças
chave para que ele exista do jeito que é,
diferenças essas que serão aprofundadas no
decorrer do texto.

O primeiro filme da teoria é O Bom


Dinossauro, no qual percebemos uma
diferença chave entre esse mundo e o nosso: o
asteroide que levou à extinção dos
dinossauros passou direto pela Terra. Assim os
dinossauros viveram por tempo o bastante para
conviver entre os ancestrais dos humanos de
hoje. Acabou que, tanto por causas naturais
quanto por culpa dos hominídeos, os
dinossauros foram inevitavelmente extintos.
Porém, esses animais conseguiram desenvolver
um recurso extremamente importante para o
Universo Pixar: a inteligência, o que fez com que
vários outros animais conseguissem também
A duologia dos Incríveis introduz super como os Supers de Incríveis, os chamados
heróis, causados pela magia que sobrou da monstros marinhos foram modificados por
bruxa, e máquinas com vontade própria e magia, conseguindo alternar entre sua
inteligência. Isso marca o término da evolução aparência normal, que seria uma evolução de
humana, e o início da evolução das máquinas, criaturas marinhas comuns, e sua aparência
completando os três principais grupos do humana. Há também a teoria de que os
Universo Pixar: os animais (que não monstros marinhos seriam tipos de
conseguiram ficar no topo desde a extinção criaturas encontradas no mundo de
dos dinossauros), os humanos e as máquinas. Monstros S.A., as quais teriam sido exiladas
Porém, é aí que a história dos heróis termina, e desse mesmo mundo no passado. Vemos
agora eles são lembrados como lendas. que, da mesma forma, isso acontece no
filme com Sully e Mike, os quais acabam se
Luca, que se passa nos anos 1960, possui adaptando e criando uma sociedade
alguns diferenciais sobre se encaixar na própria.
Teoria da Pixar. O primeiro fala que, assim

4
REPORTAGEM Por Fonseca

Agora, em Toy Story, nos entramos em uma


parte da Teoria com um pouco mais do meu Mas como os animais ganharam essa
toque pessoal. Nessa obra conseguimos inteligência? Bem, algumas pessoas adeptas à
perceber que os brinquedos possuem vida, mas Teoria da Pixar falam que isso aconteceu pela
essa vida vai enfraquecendo e se perdendo magia da bruxa que se espalhou pelo mundo.
conforme as crianças param de lembrar-se Existem também pessoas que acreditam que
deles. Esse fato se exemplifica quando vemos eles simplesmente conseguiram desenvolvê-la
Wheezy, o pinguim, fraco e esquecido na do nada, um certo nível de inteligência não tão
prateleira no segundo filme da franquia. grande quanto á dos humanos, que
Por esses e outros fatos que serão falados desenvolveram máquinas e fala, mas uma
mais adiante, cheguei à conclusão de que, no inteligência grande o suficiente para
Universo Pixar, a memória e carinho humano desenvolver uma personalidade. Porém, os
se equivalem à vida. filmes, como são contados pela perspectiva
desses animais, dão a impressão de que eles
Red: Crescer é Uma Fera se passa em 2002, são muito mais parecidos com humanos do que
e nele vemos um fenômeno que já vimos em realmente são. Há também o pensamento de
Valente, quando Mei Mei e sua família se que alguns animais possuem almas, o que
transformam em pandas vermelhos gigantes poderia explicar a sua inteligência.
por causa de magia de séculos atrás. Como
os ursos em Valente, conseguimos perceber que
a raiva faz a pessoa agir menos
racionalmente, como o grande urso Mor’du
que causou a perda da perna do pai de Merida,
e Ming, mãe de Mei Mei, que acabou
destruindo um estádio.

Continuando com a ideia de animais


inteligentes, chegamos em Procurando Nemo,
Procurando Dory e Ratatouille, nos quais
vemos que alguns animais são capazes de
desenvolver inteligência e ter suas próprias
sociedades e interesses, como no que acontece
em Procurando Nemo. No filme existem escolas
e um mercado imobiliário, e em Ratatouille,
Remy tem um grande interesse pela culinária.

Em Up - Altas Aventuras, vemos que alguns


humanos conseguiram entender que animais
podem sim ter inteligência, começando a
utilizar isso a seu favor. Charles Muntz, por
exemplo, fez coleiras para que seus cachorros
falassem e os colocou em posições como chef de
cozinha e piloto de aviões. 5
REPORTAGEM Por Fonseca

De um jeito ou de outro, nossos próximos Porém, tudo que começa precisa ter um fim,
filmes, Divertidamente, Viva: A Vida É Uma e o fim da era das máquinas vem com o fim do
Festa e Soul, mostram a importância da petróleo na Terra, nos levando a Wall-E, onde o
energia e da memória humana para o Universo pequeno robô e uma barata são os únicos
Pixar. Em Divertidamente, ganhamos habitantes em um planeta morto, repleto de
conhecimento de como a energia, a mente lixo e abandonado por humanos. Nesse filme,
humana e a memória funcionam nesse percebemos a grande presença de uma
universo. Em Viva, somos apresentados ao empresa chamada Buy‘n’Large (a qual está
conceito de uma vida pós morte, que é sendo mostrada desde Toy Story), e como ela
sustentada pela crença humana de origem acabou tomando todo o planeta até ele se
mexicana, e percebemos que, quanto mais tornar inviável para a habitação humana.
memórias existem sobre uma pessoa, mais Wall-E, o único robô que ainda funciona,
“viva” ela estará depois de morrer. Porém, continua seu trabalho tentando limpar o
quando essas memórias se vão, a última vida planeta, se diferenciando de outros por seu
da pessoa vai com ela. Por outro lado, em Soul, amor por coisas humanas como filmes e
descobrimos o que existe antes da vida, como bugigangas que ele coleciona. Assim, ele
para cada pessoa é dada uma personalidade e conseguiu não só realizar seu trabalho, mas
como temos uma pequena visão do que vem também viver. Porém, após anos e anos
antes do pós vida definitivo. Nesse filme, sozinho em completo caos, os humanos voltam
também percebemos que a energia e a vontade à Terra e começaram a reconstruí-la.
de viver de Joe são o que o leva a sobreviver ao
seu acidente e voltar a sua vida. Com isso, vem Vida De Inseto, no qual
observamos muitos vestígios de humanos,
Sabendo da importância dessas duas coisas porém nenhum indivíduo de fato aparece,
(a memória e a energia humana), somos indicando que, provavelmente, os insetos
levados a muitos e muitos anos no futuro, onde foram os primeiros seres a conseguir se
vemos um mundo completamente dominado adaptar ao planeta.
por máquinas em Carros. Esses carros
tomaram posições muito humanas na
sociedade que construíram, o que pode ser
atribuído à memória e energia de seus
antigos donos, que os levaram a ganhar vida
e personalidade. Isso explicaria a disposição
dos continentes no mundo de Carros e a sua
história que, pelo que vemos, é a mesma do
restante dos filmes Pixar, provando que essa
franquia acontece no mesmo planeta e no
mesmo universo dos outros filmes.

6
REPORTAGEM Por Fonseca

Indo para outro canto da galáxia, Em Monstros S.A., somos introduzidos à


descobrimos o que aconteceu quando humanos pequena Boo, uma garota humana que
que fugiam da destruição da terra chegaram conseguiu chegar à época dos monstros, onde
em um planeta repleto de magia e fantasia. conheceu Sully e Mike. Ao voltar para o seu
Passando a cultura humana para os seres que tempo, levou consigo um pouco de magia, e
habitam esse planeta, ele se transformou em um grande desejo de rever seus amigos
uma versão da terra, repleto de tecnologia e monstros. Com esse anseio, Boo foi ao trabalho
quase sem magia. Passam-se anos e anos até a fim de conseguir diferentes jeitos de ir ao
chegarmos no próximo filme: Universidade futuro. Nesses anos, Boo envelheceu e
Monstros. Nesse filme testemunhamos o descobriu sobre a morte final, aquela mostrada
resultado de uma mutação genética causada em Viva, e muda seu objetivo para que Sully
por toxinas que ficaram no planeta, fazendo nunca tenha que passar por ela. Assim, Boo
com que os monstros viessem a existir. Essas constrói uma porta para o passado, onde se
criaturas, porém, possuíam grande dificuldade assegura de que os eventos que a levaram a
de adquirir energia, até que descobriram que conhecer Sully e Mike sempre aconteçam por
conseguiam viajar por portas com magia meio da criação de uma carpintaria que, às
daquele planeta, utilizando o grito de uma vezes, também vende poções mágicas para
criança humana do passado para gerar certas realezas. Isso causa um ciclo infinito no
energia. Assim, surgiu a profissão de Universo Pixar, onde tudo acontece do jeito
assustadores. Além de usar portas para certo para que Boo consiga conhecer o futuro
assustar crianças, eles também as usavam dos monstros e garantir que o ciclo se repita.
para exilar alguns monstros, como o Pé
Grande, e, possivelmente, os monstros Portanto, assim é concluída a Teoria Da
marinhos em Luca. Pixar. Mas você pode estar se perguntando
“e Lightyear, o novo filme da Pixar?”. Bem,
Lightyear conta a história de Buzz Lightyear,
que, no Universo Pixar, é um brinquedo. Isso
indica que o filme lançado é o equivalente ao
filme que levou à popularização do
brinquedo entre crianças, por isso, ele não
exatamente cabe dentro da teoria.

Então, o artigo termina aqui. Se você leu


até esse ponto, fico feliz que se interessou o
bastante pela teoria para ler a minha
perspectiva sobre ela

7
REFLEXÃO Por Faggioni

POEMA ANÔNIMO
******* ***
******* ***, não só “*******”, por que dessas já tem bastante, e você é
indiscutivelmente única. Mas também não ******* ******** ***, pois você odeia seu
nome do meio.
Honestamente, você é mais sobrenome que apelido, complexa, formal, além do
ordinário. Talvez devesse ser só ***, mas eu te conheço, você me conhece e sua
complexidade não me assusta.
Então é isso, ******* ***.
É incrível como parecemos ter os mesmos nomes, como se os ecos de quem
já fomos ainda nos assombrassem, mesmo que tenhamos virado pessoas
completamente diferentes nestes últimos quatro anos.
Ambos sabemos que mudamos de nome neste tempo, mesmo que as letras ainda
sejam as mesmas.
Talvez seja isso que nos mantém tão unidos. Dezenas de nomes diferentes são
descobertos quando os meses passam e as máscaras são trocadas. Mudamos
tanto, por isso é sempre fresco, novo, estranho e assombroso conhecermos um ao
outro de novo e de novo e de novo, sem amarras, chantagens, obrigações.
Nós somos interessantes, nós somos únicos, conectados, opostos e iguais.
Somos o paradoxo mais lindo que já encontrei.
Você me conhece como a palma da sua mão, eu te leio como um poema em caixa
alta, Arial, negrito, fonte 18. Conectados profundamente, sim, mas continuamos
mistérios, totais e estranhos.
No fundo, teci palavras confusas demais, talvez vazias, talvez simples
demais, talvez compliquei sem necessidade, mas tudo isso pra te dizer que
você é indescritível, que descubro uma nova ******* diariamente.
Você é meu paradoxo preferido, *******.

9
CASOS Por Luana Evellyn

Avisos:
Suicídio Morte Sangue S

F o i numa terça-feira quente – dessas


‘Qual o seu nome?’, ele me pergunta
com sutileza. Com essa frase tão comum
ele faz com que me sinta notada, me sinta
de outubro, quando o ar abafado e os
alguém, mas de qualquer forma sinto
bocejos são o mais interessante que o dia
guarda – aquela sensação de que falar dói, de que
que me ocorreu certo caso, que você palavras são pesadas demais pra sair da
achará merecedor de prosa. Estava em minha boca. ‘O meu é Miguel’. Olho para
meu trabalho, uma loja de jóias, quando janela e sinto vontade de me jogar na
ocorreu um assalto a mão armada. Por rodovia, não para escapar dele, mas para
sorte (ou não) a polícia estava perto e iria que possa acabar com meu sofrimento.
chegar ao local rapidamente. De longe, se Não sentiria dor, o pior já passou, já havia
ouvia o cantar da sirene e o homem, que se passado dias e dias da minha vida e,
segundos antes estava confiante, entrou assim, me via morrendo aos poucos.
em estado de aflição. Precisava de um Agora seria real, estaria livre. Puxei a
refém. Pegou as peças mais importantes maçaneta e empurrei a porta, estava
da loja, logo agarrou meu braço, me trancada. ‘O que você está fazendo?’,
levantou e me jogou no carro. pergunta Miguel com furor. Encolho-me e
começo a chorar horrores, não consigo
Não senti medo, não senti raiva, me parar.
sentia apenas… vazia. Um sentimento que já
se prolongava há várias estações. Há Horas depois, chegamos numa casa
tempos não quero dormir, ou não acordar grande, nada discreta. Estava entre soluços,
nunca mais. Um sentimento de culpa sem Miguel me ajuda a descer do carro. Subimos
saber o motivo, vontade de rir e de chorar. para o último andar onde tinha um quarto
Meus olhos se enchem de lágrimas e neutro, sem fotos ou pertences pessoais,
novamente sinto culpa – desta vez por estar provavelmente de visitas. Vendo que ainda
triste, mesmo sabendo que existem estava em prantos, ele me dá um abraço e
pessoas em situações piores. Não tinha diz que vai ficar tudo bem. Sinto uma
motivos para me desesperar. Pensar sensação de conforto em estar nos seus
quieta, desabafar com as paredes e forçar braços, sinto seu coração batendo junto ao
um sorriso já fazia parte de minha rotina meu. Durante aqueles segundos sinto paz.
diária. Você percebe que não há nada a Quando ele me solta sinto frio, o vazio me
perder quando o vazio já te preenche. abraça novamente. Ele sai e tranca a porta,
sinto meus olhos pesados, durmo.
10
CASOS Por Luana Evellyn

Nos dois dias que se seguiram, tivemos Nos dias subsequentes, senti uma
longas conversas, parecia nos conhecermos liberdade muito maior em relação a casa e
melhor que a maioria das pessoas. Já também em relação a Miguel. Ele confiava
estava conquistando sua confiança e talvez em mim, descobri que o produto roubado
um pouco de liberdade. Porém, chegou uma ainda estava na casa e que dentro de quatro
hora que tive um choque de realidade tão dias viriam nos buscar com as joias.
grande que simplesmente surtei, e não parei Fizemos planos para viajar e ostentar
de chorar e gritar. Miguel tentou me acolher aquela grana. Estava tudo combinado e eu
em seus braços, mas não foi suficiente. estava de acordo, ou era o que ele pensava.
Ofereceu-me um calmante, contudo, a única
coisa capaz de melhorar minha situação Na noite anterior ao grande dia, me
seriam duas porções de aço injetadas levantei da cama e fingi buscar água. Ao
diretamente no cérebro por meio de um invés dela, voltei com uma pistola. Eu já
revólver calibre 38. Optei por não guardar havia feito aulas de tiro e sabia atirar.
essa informação para mim, falei com Fiquei cerca de dez minutos admirando
sinceridade olhando no fundo de seus olhos Miguel, com certeza um dos homens mais
castanhos e reparando em seus cabelos belos que já havia visto, e, lembrando de
negros que claramente estavam há um bom todos os poucos momentos que tive ao lado
tempo sem ver uma tesoura. Senti sua da pessoa que mais amei.
respiração cada vez mais forte e rápida. Ele,
então, sem aparente motivo, mordeu meus Fazer isso enquanto ele dormia seria
lábios com ousadia e de seu toque jorraram covardia, então, o chamei. Ainda sonolento,
luzes de mil sóis cantando em uníssono, e me perguntou o que estava acontecendo. Ao
de seu beijo nasceram demônios de fogo, abrir os olhos e ver aquela arma em
anjos tocando sua voz na alvorada dos minha mão, toma um susto e começa a me
tempos sabendo que a criação valia a pena. questionar se realmente queria fazer
Suas mãos são tudo que meu mundo aquilo, e eu queria. Talvez pela vontade
precisava ter. de eternizar aquele amor do jeito que
estava antes de virar ruína ou só por sede
de sangue… não sei. Empunhei a 38 e vi
pela primeira vez uma demonstração de
fraqueza de sua parte, pedindo zelo por sua
vida. Senti prazer naquilo. Puxei o gatilho.
Jamais considerei o prazer e a felicidade
como um fim, e deixo esse tipo de satisfação
para quem julgar que fiz o correto. Senti-me
completa, não existia nenhum vestígio do
antigo vazio que me dominava
anteriormente. Peguei as joias e o dinheiro
que havia encontrado e saí da casa.
11
CASOS Por Luana Evellyn

Peguei um avião e fui pra fora do país. “Assim que comecei a ter liberdade na
Dois dias depois, Miguel já estava em casa comecei a procurar a pistola, sabia
todos os telejornais. Senti orgulho, que estava em algum lugar. As joias
reconhecimento. De alguma forma tinha achei por acaso, o que foi ótimo, elas
contribuído para aquele noticiário. A me mantiveram até aqui.”
adrenalina me fazia transbordar e
como amava essa sensação. Até que "Seu comportamento não condiz com
chegou uma hora que não bastava. sua conduta anterior. O que te levou a
Precisava de mais. Desde então, cada virar
gatilho que puxei, cada faca que a chave?
empunhei foi uma dose de dopamina
maravilhosa. Por que se transformou tanto em uma
semana? Já tinha planejado
Mais alguma coisa, Sr. policial?” assassinatos? E desejos de violência?"
“Como você sabia onde estavam a arma
e as jóias?" "Não senhor, só tinha passado por
muitas terças-feiras, dessas quentes e
entediantes, bocejei muito, morri
demais… Eu só queria viver numa
delas."
12
CRÔNICA Por Sabina

Las aventuras de una


canadiense-uruguaya (ni
tanto Canadiense ni tanto
Uruguaya) en Brasil
Bueno. Tal vez me conocen, tal vez no
me conocen. Me llamo Sabina, vengo de
Canadá y tengo padres de origen
Uruguaya. Nunca esperé extrañar tanto a mi
familia, ya que quería hacer un
Como lo escribí en el título, este texto intercambio para independizarme y ser
trata de mi experiencia de estudiante más autónoma. El asunto ahora es que,
extranjera… ¿De qué manera puedo irónicamente, la extraño muchísimo.
empezar? Toda esta idea, esa de hacer un Sí, Brasil es un país de América latina y sí,
intercambio, empezó un año y medio mi familia es latinoamericana, pero es
antes. La razón que me motivó a hacer bastante diferente de lo que conozco. Es
uno es bastante simple: salir del país y raro, es como si estuviera en casa, con
descubrir nuevas cosas. ¡Nada más pedía! muchas cosas que son familiares, pero
El asunto es este: tener un plan e idealizar al mismo tiempo no.
ese plan por muchos meses es una cosa.
Estar viviendo ese plan y vivir todas las Por ejemplo, amo muchísimo hacer
emociones incluidas en ese sueño son postres y dulces. Hace poco, decidí
otra cosa. hacer una torta para mi familia
anfitriona, para mostrarles que les estoy
Es decir, nada va como lo que tengo muy agradecida por todo lo que a mí
planeado en mi cabeza. Nada tiene un me hacen.
solo lado. ¿Lo que es normal, no? ¡Así es
la vida! Una cosa que sí estoy Hacer repostería siempre fue algo
aprendiendo rápido es que como sencillo para mí. Nunca tuve mayores
estudiante extranjera, sobre todo una complicaciones ni cometí grandes
que tiene una cultura bastante mezclada, equívocos. Lo que me olvidé es que las
nunca paran las sorpresas. cosas son diferentes aquí.

La verdad es que, nunca en todo el Me decidí entonces a hacer un budín


tiempo que pasé esperando a irme para tradicional de Québec que tiene una
empezar esta aventura, pensé que me crema de caramelo sobre la masa. Todo
enfrentaría lo que ahora estoy viviendo. iba bien, hasta que intenté cocinarla.
13
CRÔNICA Por Sabina

Bueno, primero no cociné la torta en Otra cosa es que, como el idioma es tan
la casa de mi familia anfitriona, no. La diferente pero al mismo tiempo tan
cociné en la casa de una pariente… Y ay ay parecido al español, al principio fue
ay. Casi le prendí fuego al apartamento realmente muy “pedo-de-cerebro”
a causa del caramelo que se derramó en intentar entender portugués con mi
el horno. ¡Casi me quedo como Deadpool! cerebro ya bastante lleno de español,
francés e inglés.
En ese momento, no fue nada
gracioso, obviamente. Pero encuentro Apenas empecé mi aventura y ya me
mejor reírme de eso ahora, sobre todo pasaron muchísimas cosas. ¡Ni me
porque, al final, es un poco gracioso. Es imagino las otras que me pasarán!
decir, ¡cómo algo así le pasa a un
estudiante de intercambio al principio
de su intercambio!

La cosa es, nunca en toda mi vida pensé


tener un accidente tan tonto y, sobre
todo, no durante el intercambio que
ansié tanto…
14
TEXTO ARGUMENTATIVO DE OPNIÃO Por Sam

Uma ideia incrível. Deixe a maioria ser a voz de Deus. Perfeito. Mas nunca
funcionou na prática. Governos ditadores, tiranos que não representam o povo
continuam presentes até os dias atuais, eleitos em Estados Democráticos. O estado
em que nosso país se encontra é péssimo, pessoas discutem entre o podre e o
estragado. Brigam e convergem-se através de opiniões vazias defendendo pessoas
como deuses, mesmo que estes não hesitassem em escolher si próprios à sua
população.

Não existe democracia, votamos em quem nos é oferecido, não em quem nos
representa. Nossas opções são estúpidas e os candidatos são iguais. As mesmas
pessoas com discursos diferentes. O seu voto não vale nada. Ou você vota pois
concorda com o discurso populista de seu cachorrinho no poder, ou é um
alienado que o trata como se ele fosse perfeito, sem perceber que o cachorrinho é
você.

Não me entenda erroneamente: a democracia é o melhor jeito de escolha de poder


que podemos encontrar no nosso planeta, mas o que a estraga é a escolha falsa que
lhe é concedida. O quão importante realmente é seu dever patriótico de votar se
ninguém representa o povo? O quão importante é você se o governo o negligencia?
Quanto vale seu papel civil se você é comprado por discursos populistas que já
passaram da data de validade?

Não recomendo uma revolução, pois esta seria apenas pior para nós, civis.
Peço apenas que reflita sobre o seu direito de voto, e como este se difere do seu
direito de escolha. Nunca seremos livres se nos recusarmos a enfrentar a verdade
como a cinza realidade que é. Já passou da hora de pararmos de ser vendidos.

15
POEMA Por Bernardo Vianna Pinto

Um besouro passou
hoje por minha cama;
e ainda aqui. Rezando.
Préço para que aqu’ele
não se vá embora

Embora sua presença não


me apeteça. Velho. Seu
saindo de Santo e
pecando aos montes.

Mata-me o caos da
revolta original. Que
se revolta!
E ele vem de lá!
o besouro e o santo.
Vem do mesmo lugar, "Lúbrico''.

Deita-me em minha cama, a casca, é pescadora a simples


vontade de me misturar.
Um pequeno ânsio pelo novo pecado;
“sempre seria a trunca-tranca-transa
do santo e do besouro?

Ouro, quero colocar que


jamais serei um peixe.

Dentre glóbulos e globos; e glaucoma de não te viés.


Preparo para minha saúde,
ovacionando na
pescadora do amanhã

16
REFLEXÃO Por Iza Fróis

SE O CORPO MEU,
É
O PODER SOBRE ELE
TAMBÉM NÃO DEVERIA SER?

Oiii, bem-vindas, bem-vindos e


bem- vindes ao segundo texto da
coluna do Jornal Sem Nome dedicada a
feminismo e a machismo estrutural.
Nesta edição, minha ideia inicial era
discutir sobre legalização do aborto,
mas quando comecei a escrever, percebi
que não poderia fazer isso em um
espaço vazio. Por isso, vou fomentar uma
discussão em relação ao controle da
sociedade sobre corpos femininos.

Eu não me lembro de ter furado minha


orelha, não me lembro de alguém ter me
perguntado se eu queria, não me lembro
de ter consentido. E você, se lembra? Apesar disso, nosso corpo é a nossa
Pode parecer muito apelativo usar esse moradia, um lugar que era para ser
exemplo para começar a falar sobre o apenas nosso. Nos privam do poder de
assunto, mas é nessas pequenas coisas escolha sobre ele, tirando nossa noção de
que são construídos problemas maiores que este nos pertence, nos tiram
(como conversamos no texto da pequenas decisões sobre o que podemos e
última edição). não podemos fazer com ele.

Controle sobre o corpo feminino é algo E já que o controle não nos pertence
que há séculos faz parte da estrutura mais, quem é seu dono? De quem é o
social de poder em que vivemos, sendo o direito de dizer aquilo que nosso corpo
domínio sobre eles uma forma pode ou não fazer, o que ele deve
encontrada para nos controlar, aceitar ou não, mesmo que o nosso
tornando-nos propriedade alheia. cérebro
diga o contrário?
17
REFLEXÃO Por Iza Fróis

Uma aceitação coletiva e estrutural


dá aos outros o poder daquilo é nosso,
fazendo com que eles entendam que têm
o direito a algo, direto de fazer algo, de
dizer algo, de tocar em algo, mesmo
esse "algo" dizendo que não, que não
está se sentindo bem e que não quer.
Encaram esses sussurros como
descartáveis, passíveis de serem
ignorados, já que a decisão não pertence
a esse corpo.

Vejamos um exemplo para tentar tramitação.)


entender essa discussão de forma um
pouco mais palpável: No dia 3 de
agosto de 2021 foram divulgadas pelo
jornal “Folha de São Paulo” três
situações semelhantes que ocorreram
nas Cooperativas da Unimed de João
Monlevade (Região Central de Minas) e
de Divinópolis (Centro-Oeste de Minas) e
que se repetiu em Ourinhos, no interior
de São Paulo. Nas três situações, os
hospitais estão exigindo o
consentimento e a autorização dos
maridos para a realização do
procedimento para colocar o DIU
(método anticoncepcional de longo prazo
e reversível) em mulheres casadas. Essas
empresas se baseiam na Lei 9.263 de
1996 sobre planejamento familiar, que
diz: “§ 5º Na vigência de sociedade
conjugal, a esterilização depende do
consentimento expresso de ambos os
cônjuges.”

(No dia 03/03/2023 entrou em vigor uma


lei que dispensa esse consentimento de
ambos os cônjuges. Apesar disso, em
agosto de 2022, data de escrita do texto,
ela ainda estava em processo de
queremos.

Já falamos sobre pequenas ações que


Entendem como isso soa um tanto têm um enorme impacto, então, vamos
absurdo? Alguém ter que dar para algumas pequenas observações:
autorização sobre algo que não lhe
pertence. Quantas vezes você assistiu a um filme,
a uma série ou a uma novela e viu uma
A maior parte desse controle vem de mulher com estrias, celulite ou pelos
"regras nas entrelinhas", fazendo com no corpo?
que, em situações nas quais Quantas vezes já te disseram para não
teoricamente nós teríamos direito de usar determinada roupa por não ser
escolha, uma pressão estética externa adequada, não ser coisa de mulher
nos obrigue a mudar nosso direita?
posicionamento, fazer coisas com o Enfim…
nosso corpo e usar coisas que não
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CRÔNICA Por Pedro Etienne

Cabelo? Mediano. Altura? Mediana. Olhos? Comuns.


Esse era Miguel, um garoto bobo, simplório com nada que se destacasse
aparentemente. Era um garoto comum, padrão, na média. Mas hoje, Miguel
passaria por um teste de fogo... Era sua primeira vez pegando um ônibus.

Este é um teste essencial que toda pessoa trabalhadora do Brasil já passou. Com
exceção, claro, dos ricos burgueses que ficam enchendo a pança de comida e os
cofres de dinheiro.

Chegando ao ônibus, o coitado já mal parava em pé! Suas pernas tremiam e ele
suava de ansiedade. E se perdesse o ônibus? E se estivesse no ponto errado?
Quanto tempo demoraria para chegar? Essas são perguntas comuns a todos que
pegam ônibus pela primeira vez. Com o tempo vamos nos acostumando.

Miguel não sabe quanto tempo ficou esperando. Ficava olhando o relógio de
minuto a minuto e o tempo parecia não passar e nem sinal do ônibus...

Por fim ele chegou. Miguel estendeu o braço e o ônibus parou. Abrindo-se as
portas, não perdeu tempo; pulou logo para dentro!

Ali todos pareciam enclausurados. Um aperto só. Miguel não conseguia


entender como cabia tanta gente ali dentro, parecia desafiar as leis da Física!
Espremeu-se entre as pessoas até chegar na catraca. Passou o cartão que sua
mãe lhe dera. A catraca apitou e Miguel girou a roleta, entrando também, em
meio ao caos.

A temperatura parecia se elevar ainda mais no meio daquele tanto de gente.


Após algum tempo em meio ao caos, Miguel finalmente pareceu voltar a respirar.
Tudo parecia estar certo. Agora era só não perder o ponto de desembarque.
19
CRÔNICA Por Pedro Etienne

Mas não muito depois disso, Miguel começou a sentir algo estranho. Aquela
sensação que temos quando somos vigiados: um nó na garganta, uma ansiedade
medrosa que nos faz sentir culpados e inseguros. Tentou olhar ao seu redor, em
busca de algo que justificasse tamanha estranheza... e achou! Uma mulher o
fitava com um olhar penetrante e sedutor. Uma mulher claramente mais velha
que Miguel, com roupas bregas e chinelo. Viu também uma outra mulher, essa
mais jovem, de cabelos claros, porém com cara de poucos amigos. Também o
olhava.

Não demorou muito até que se desse conta de que todos olhavam para ele!
Miguel tentou fechar os olhos e abri-los de novo, mas isso não parecia mudar a
realidade. Dizia para si mesmo que aquilo era coisa de sua cabeça. Sempre fora
tímido e por isso tentava se convencer de que os olhares voltados para ele eram
nada além de sua própria paranoia.

Começou a correr os olhos pelo ambiente agora mais agitado e com respiração
ofegante; percebeu que havia uma senhora de cabelos grisalhos olhando
fixamente para ele. Um velho carrancudo, mulheres que pareciam estar em
seus quarenta anos procuravam seu olhar como onças em uma caçada.
Meninas e meninos, bem-vestidos até, mas feios, também ficavam dissecando
Miguel com seus olhares.

Por quê!?!? Exclama Miguel aflito.

Dane-se a passagem, pensou. Puxou a corda e deu sinal para sair. Pulo logo no
próximo ponto.

Saiu meio destrambelhado e assustado dobrando a esquina. Arriscou olhar


para trás Todos pareciam estar descendo no mesmo ponto que Miguel!

Miguel se indagava: Por quê?!?!

Todos começaram a seguir Miguel, alguns mais discretos viraram a esquina


e reencontraram com o bando no outro lado do quarteirão.

Não havia alternativa.

Miguel começou a correr, sem olhar para trás.

Entrou em uma loja qualquer. . .Péssima ideia!

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CRÔNICA Por Pedro Etienne

A lojista, assim que ele entrou, ajeitou o cabelo e fechou a porta. Os clientes
da loja também pareciam cortejar Miguel. Começaram cercá-lo e afundá-lo em
perguntas. Ofereciam-lhe roupas e miçangas. Miguel queria desaparecer.

– Por quê?!?! – Gritou alto.

– Por que todos olham para mim?

Foi neste momento que chegou um homem de capuz assaltando a loja. Chegou
com uma arma e pediu para que todos se abaixassem. Usou Miguel como
refém, apontando-lhe a arma na cabeça.

Roubou um colar com pedrinhas, provavelmente o produto mais caro da loja, e


saiu ainda ameaçando Miguel.

Depois que atravessaram a avenida e se esconderam atrás de um prédio, o


assaltante liberou Miguel.

– Não tenho nada! – exclamou ele!

– Não quero nada com você a não ser te ajudar! – disse o bandido dando-lhe o
colar e tirando o capuz da face. Era um rapaz como Miguel. Talvez um pouco mais
bonito devido a seus cachos castanhos e queixo perfeito.

– Você é doido é? – continuou o desconhecido. – Pegar ônibus sem capuz é


insanidade.

– Como assim?

– Pessoas bonitas como nós, que andamos de ônibus, temos que disfarçar nosso
rosto. Caso contrário, é pedir para ser perseguido.

– Mas eu nem sou tão bonito! – disse Miguel.

– É bonito o suficiente para quem anda de ônibus. Você é o mais próximo do


que eles teriam de mim. Use isto – disse entregando o capuz. – Ninguém vai
ver seu rosto. Não precisa cobrir toda a face, mas só a boca e o nariz já tá bom.

Depois daquele dia Miguel aprendeu a lição. Nunca mais pegou transporte
público em metrópole sem capuz.

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TEXTO Por Iza Fróis

Lápis no papel
estampa na camisa
Depois de tanto tempo sonhando
com a desejada e aclamada camisa do
Jornal Sem Nome, ela finalmente estava
por vir. De uma forma demorada e
caótica? Com certeza. Mas ainda sim ela
estava por vir.
Após uma reunião ou duas para
decidirmos sobre cor da camisa, como
seria o traço da estampa, paleta de
cores, possíveis fornecedores e onde Tivemos uma chuva de ideias e
ficariam as logos na escola, decidimos discussões sobre a estética da estampa,
fazer uma dinâmica para criar a o que achávamos que ela deveria possuir
estampa da camisa. E quando eu digo e o que não deveria. Aparentemente
criar, estou dizendo literalmente fazer havia uma nuvem de inspiração
do zero, porque a estampa final ficou pairando dentro daquela sala naquele
total e completamente diferente da dia, pois chegamos facilmente a um
ideia inicial que tínhamos. consenso de que todos que quisessem
ou tivessem uma ideia, a desenharia,
para depois votarmos na que mais bem
representaria o jornal e todos nós, mas
sem saber o autor da ideia em questão.
Desenhistas, escritores, fotógrafos,
redatores, todos que tinham uma ideia,
sabendo desenhar ou não, se
encontravam sentados no chão, em
uma cadeira ou em uma mesa, com
Era uma sexta-feira às 14:30. Nós uma música de fundo e um cronômetro
estávamos reunidos em umas das salas na tela. Com papel em mãos, deixamos
de espanhol para uma reunião, assim a imaginação fluir para a ponta de
como todos os dias, com “Camisa” sendo nossos lápis. A sala ficou em um
o assunto de urgência, pois ainda não completo silêncio. Foi um pouco
tínhamos a estampa que iria assustador: “reuniões do jornal” e
representar o jornal, e isso era “silêncio” nunca são usados na mesma
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basicamente a única coisa que faltava. frase.
TEXTO Por Iza Fróis

Após aquele momento único e Até que um desenho foi escolhido


histórico tudo voltou ao seu devido para se tornar a estampa, eleito pela
lugar, pois chegara a hora da votação. maioria presente e pela democracia que
Com os desenhos no chão e nós em rege as nossas decisões, o desenho de
volta, cada um votou em um desenho, Bernardo Viana irá estampar e
apenas não podendo votar no seu representar o Nosso Jornal Sem Nome,
próprio. Assim fomos excluindo os que marcado pela individualidade de cada
receberam menos votos e continuamos um que faz e já fez parte dele.
até sobrarem apenas os melhores para
a votação final.

" Começamos todos a desenhar em uma competição para escolher qual seria
o desenho para a blusa. Procuramos algumas inspirações e, dentre várias
delas, chegamos a um desenho de Junji Ito. Existem algumas coisas na
forma que eu desenho que se assemelham muito às características dos
desenhos dele, então comecei a experimentar quais conceitos caberiam
melhor no desenho,
como algumas espirais, textura aquática, raios e outros temas. Ao final, eu
havia produzido algo do qual tinha gostado, mas ainda faltava alguma coisa.
Foram mais algumas tentativas tentando trazer flores, atualidades e espirais
até chegar ao resultado final, o qual julguei bom o suficiente.
"
--------------------------------------------------------------------------------------Por Bernardo Viana Pinto

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NOVEMBRO 2022 | EDIÇÃO 5

CHEGAMOS AO FIM
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NOVEMBRO 2022 | EDIÇÃO 5

CRÉDITOS

REVISÃO E CORREÇÃO:
Helena Zschaber
Fernanda Pinton
Ana Carolina Albuquerque
Rafael Bastos
Anna Rosa
Bernardo Viana

ILUSTRAÇÕES:
Bianca Rodrigues
Clara Moreira
Duda de Freitas
Bernardo Viana

DESIGN DA EDIÇÃO:
Bárbara Viegas

FOTOGRAFIAS:
Bianca Corradi

ORIENTAÇÃO GERAL:
Camila Abreu
Daniela Arreguy
Helena Zschaber
Marina Bentes
Bianca Corradi
Davi Duarte

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