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Marcelo Gomes dos Santos

(Sophos Escritor)

CONTOS
PARANORMAIS

1
CONTOS PARANORMAIS

Equipe Eora

MARCELO GOMES DOS SANTOS


Professor, filósofo, pós graduado em língua portuguesa
e literatura
Escritor, poeta, autor e revisor
Colunista da revista digital @menoeditora e
@revistameno
www.revistameno.com.br
Instagram @sophosescritor

CARLOS DOUGLAS MARTINS PINHEIRO FILHO


Professor doutor pela UFF, sociólogo,
Escritor, poeta, editor e revisor.
Colunista da revista digital @menoeditora e
@revistameno
www.revistameno.com.br
Instagram @cdouglasmartins

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©2021 Equipe EORA

Este livro segue as normas do Acordo Ortográfico


da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil
desde 2009.

PRODUÇÃO EDITORIAL
Equipe EORA

CAPA
Arte de Marcelo Gomes dos Santos. Canvas

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SUMÁRIO

PREFÁCIO.......................................................... 06
CASO I – O ALIENÍGENA DO PLAY ............ 09
CASO II – A SUTIL PREMONIÇÃO ............... 14
CASO III – O LENÇOL (2002) ......................... 17
CASO IV – AS CARTEIRAS DA ESCOLA .... 21
CASO V – OS POSTES QUE SE APAGAM .... 25
CASO VI – O SER TRANSLÚCIDO ................ 27
CASO VII – PREMONIÇÃO INSTINTIVA ..... 31
CASO VIII – CAVALOS FANTASMAS ......... 33
CASO IX – SONHOS PREMONITÓRIOS ....... 37
CASO X – O TÚMULO DE MINHA FAMÍLIA
............................................................................. 40
CASO XI – PRINCÍPIO DE POSSESSÃO........ 43
CASO XII – A POSSESSÃO DO TIO ALI ....... 47
CASO XIII – FALHA NA REALIDADE ......... 57
CASO XIV – OS MISTÉRIOS DA MATA ...... 60

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ESTUDOS E ARTIGO ...................................... 66
PARAPSICOLOGIA .......................................... 67
GLOSSÁRIO DOS FENÔMENOS
PESQUISADOS PELA PARAPSICOLOGIA
............................................................................. 70
POLTERGEIST .................................................. 76
CASAS ASSOMBRADAS (HAUNTING) ........ 81
LUGARES ASSOMBRADOS PELO BRASIL .. 89
LUGARES MAL ASSOMBRADOS ................ 107
LISTA DE FIGURAS ....................................... 110
BIBLIOGRAFIA .............................................. 112
BIOGRAFIA ..................................................... 121

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PREFÁCIO
Desde o surgimento do Homem como ser
complexo e racional, a humanidade busca respostas
para suas origens e fenômenos que os cercam. Após
milhares de anos, com o advento matemática, a
filosofia e das ciências modernas, ainda permeiam
mistérios e fenômenos que nos intrigam, e carecem
de explicações lógicas.
Ao longo da minha vida, desde a pré-
adolescência, vivenciei muitos casos que ocorreram
ao meu redor, com parentes ou diretamente comigo.
Foi então que no ano de 2009, comecei a escrever
um registro pessoal de algumas dessas experiências
que nunca saíram da minha memória.
Conversando sobre esses assuntos
sobrenaturais com meu editor, o professor Dr.
Carlos Douglas Martins, tive a ideia de escrever
essas vivencias em forma de contos. Num primeiro
momento, produzi em forma de microcontos para
serem postados semanalmente no meu Instagram
@sophosescritor.

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Durante o percurso da escrita, conversando
com meus leitores e seguidores, percebi a
necessidade de alguns esclarecimentos sobre o tema
e conceitos fundamentais para que o leitor tenha
uma experiência mais completa, a exemplo, o que
seria um fenômeno poltergeist ou uma percepção
extrassensorial.
O livro traz experiências pessoais em forma
de contos, escritos sem romantização. Não foram
escritos visando assustar o leitor ou criar alguma
expectativa de medo, terror ou horror, mas sim,
expor situações vividas por mim. A segunda parte
vem com as definições conceituais dos fenômenos e
algumas referências sobre o campo de estudos da
parapsicologia.
Ao final, para instigar a curiosidade sobre o
tema, acrescentei uma pesquisa sobre lugares
considerados mal assombrados pelo Brasil, com
pequenos resumos e esclarecimentos.
Abram suas mentes para o inexplicável e
onírico. Vamos avançando os níveis, nas sutilezas

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que quebram as percepções da realidade. Afinal,
quem nunca passou por alguma experiência
incompreensível em sua vida.

“Há mais coisas entre o céu e a terra do que


supõe sua vã filosofia”

Shakespeare

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CASO I

O ALIENÍGENA DO PLAY (1998)

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Certa vez quando morava em Laranjeiras no
Rio de Janeiro, brincava no play com meu irmão
mais velho e nossos amigos de prédio: Fábio, Jonas,
Paulo, Thiago, Douglas, Pimpo e Erik. Éramos um
bando de moleques entre 12, 14, 16 e 17 anos,
jogávamos bola usando os bancos de pedra,
gritávamos e corríamos atrás uns dos outros. O
prédio era enorme, com duas torres gêmeas
amarelas que formavam dois blocos com uma
galeria embaixo, que dava para duas ruas
importantes do bairro. Os plays ficavam em paralelo,
um em cada bloco com um grande espaço entre eles,
a vista era livre de um para o outro. No entanto,
usávamos apenas o play do Bloco B, o motivo,
naquele tempo eram completamente abandonados,
sujos, frios e escuros, macabros. Para podermos
brincar até escurecer, pegávamos lâmpadas das
escadas e colocávamos na área que usávamos.

À noite, só descíamos se fossemos em


grupo, volta e meia alguém era desafiado a encarar
os assombros escuros de lá, fora a parte iluminada,
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o resto era sinistro, com colunas que geravam
quinas e voltas, sombras eram formadas pela
iluminação dos prédios vizinhos, o vento constante
assoviava firme e gelava o corpo, pois não haviam
paredes que fechavam, apenas tinham uma tela de
ferro até a cintura, completamente destruída e
enferrujada. Claro que esse cenário assombrado era
gerado pela mente de jovens e bobos que gostavam
de assustar uns aos outros.

Só que, naquele dia, ou melhor, naquela


noite, por volta das 20h, algo estranho aconteceu.
Enquanto todos brincavam, eu estava em cima do
banco vendo a partida, tinha uma visão mais alta. Lá
para o outro play do Bloco A, havia uma única luz,
bem lá para o fundo, que não parava de piscar, isso
levava minha visão instintivamente naquela
direção. De repente, vi algo mais escuro que a
própria escuridão, uma enorme cabeça de sombra
preta, o contorno era visível, desproporcional a
qualquer tamanho humano. Estava bem no
cantinho, imóvel. Parecia que estava nos
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observando por longo tempo. Imediatamente falei
com meu irmão, que logo gritou e chamou a
atenção. Todos que estavam lá viram aquele ser de
sombras, escrevo nesse momento arrepiado pela
lembrança.
Aquilo sumiu do nada, ficamos olhando em
busca, e depois de um curto tempo, reapareceu no
outro extremo do muro, tentava nos despistar e
continuar a nos observar, escondido. Não parecia
querer nos assustar, se quisesse, estaria no nosso
lado do play, e quem quer assustar, cria uma forma
de chamar a atenção, no entanto, aquilo estava lá,
parado e quieto o tempo todo, fui eu quem o vi. O
ser outra vez desapareceu e reapareceu no local
onde o víamos primeiro, provavelmente entendeu
que não iríamos desistir, então ele seguiu, rumo a
luz piscante ao fundo, certamente era alto, pois o
muro tinha seus 1,90m, e dava para ver a silhueta de
seus ombros, parecia andar de forma estranha, como
se mancasse. Olhávamos na expectativa da luz nos

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revelá-lo, então a luz apagou e o ser de sombras
sumiu.
Alucinados descemos pelas escadas,
atravessamos a ladeira da garagem que dava acesso
para o outro bloco e subimos pela escada, apenas
paramos quando, de frente para ao portal do play do
Bloco A, que não havia porta, apenas as trevas do
play. Nenhum de nós teve a coragem de entrar,
todos subiram as escadas correndo rumo a casa de
um dos amigos. Mesmo hoje, quando encontro
alguns desses amigos, sempre lembramos daquele
dia, jamais esqueceremos essa experiência bizarra e
real.

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CASO II

A SUTIL PREMONIÇÃO

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Certa vez, estava tranquilo em minha casa
quando de repente, no meu pensamento adveio uma
ideia insistente, vinda realmente do nada. Persistiu
por horas, resoluto, sem nenhuma motivação
aparente. Tentava abstrair e realizar minhas
atividades do dia, mas volta e meia ele sempre
surgia novamente, me perturbando por horas. Nesse
pensamento, um amigo que hoje mora em Belo
Horizonte MG, estaria se sentindo mal, tão mal que
precisou ser hospitalizado.
Achei tal ideia absurda, fazia uns dias que
havia falado com meu amigo e estava tudo bem.
Mas o pensamento voltava, não conseguia ignorá-
lo, era como se não fosse de mim que ele vinha,
apenas surgia em minha mente. Sem sucesso em
falar com meu amigo, aquele pensamento me
atormentou por todo aquele dia. À noite, finalmente
ele me respondeu por WhatsApp. Depois de uma
rápida conversa aleatória, perguntei como quem não
quer nada e de forma brincalhona se ele estava bem
depois que foi no médico do hospital.

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Espantado, ele confirmou: “como você
sabia que fui no hospital? Caramba! Hoje passei
muito mal de gastrite, fiquei horas lá com dores na
barriga”. Não sei explicar esse fenômeno, sexto
sentido? Sensibilidade paranormal? Não seria a
primeira vez e também não foi a última como verão
nos contos.

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CASO III

O LENÇOL (2002)

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Novamente estava na casa do meu tio em
Itaipuaçu, Marica-RJ. Dessa vez, estávamos num
grande grupo de amigos que meu tio as vezes
deixava ir para lá. Fazíamos fogueira, tocávamos
nos violões muito rock clássico como Guns N'
Roses, System of a Down, Led Zeppelin, Planet
Hemp entre outros, éramos todos roqueiros. O vinho
rolava solto, eram muitos litros do bom tinto seco e
rascante vendido em galões de cinco litros. Nossa
tribo sabia curtir.
Como éramos uns doze, dormiríamos no
andar de baixo da casa, que era tipo um subsolo
úmido. Um grande cômodo com duas camas de
casal, três de solteiro e um amontoado de colchoes
no chão. Eu e meu primo fomos os últimos a nos
deitar, cheguei de mansinho e deitei ao lado da
minha namorada para não a acordá-la. Chapados
como estavam e bêbados, todos dormiam de roncar.
Me cobri com um lençol e joguei-o no rosto, para
afastar os mosquitos da minha orelha.

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De repente, senti puxarem levemente o
lençol do meu rosto, descobrindo-o. senti um
calafrio na hora, não estava esperando por isso. Me
tremi, olhei em volta e todos estavam dormindo.
Pensei que poderia ser um dos moleques de zoeira,
então mudei de lado, para poder observar, pois onde
estava na cama de casal, no canto, dava para ver
todo o quarto. Semicerrei os olhos, para tentar ver,
havia uma leve claridade que entrava de fora, me
cobri novamente. Como sempre usei a lógica para
tudo nessa vida, lembro claramente de pensar na
palavra “fazer uma experiência, uma vez apenas não
vale”.
Novamente o lençol foi sendo retirado
devagarinho do meu rosto. Alguma força invisível o
puxou. Não me mexi, dessa vez foi real. Reuni
coragem para virar para o lado da minha namorada,
abracei com força que a acordou, trocamos poucas
palavras e ela voltou a dormir, não comentei sobre
o assunto. Passei a noite acordado em vigília e não

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cobri o rosto. Hoje penso que foi um fenômeno
"poltergeist ".

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CASO IV

AS CARTEIRAS DA ESCOLA (2011)

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Certa vez, quando trabalhava numa antiga
escola de Cabo Frio-RJ, na região dos lagos, no
turno da noite, tinha acabado de lecionar para minha
turma dos últimos tempos, lá para 22h. Estava
pronto para partir quando a diretora gentilmente me
pediu para esperá-la. A escola era enorme, ocupava
uma grande quadra próxima a orla da praia do Forte,
grandes pátios, quadras, com dois andares de salas.
À noite, com menos alunos, ocupávamos apenas o
primeiro andar, e como eles saiam rápidos para
buscarem seus ônibus, a escola se tornava deserta, o
que a fazia ter medo, não de fantasmas, mas de
pessoas mau intencionadas. Então, a aguardava
desligar os computadores, catar seu material, trancar
a sala dos professores, essas coisas, o caseiro
também desligou grande parte da escola e nos
aguardava para fechar a grade de acesso.
De repente, uma tremenda movimentação
de carteiras iniciou-se no andar de cima da sala da
direção, no silêncio que estávamos, seguiu-se uma
barulheira digna de uma turma lotada de alunos que

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arrumavam suas mesas. Eu e a diretora nos olhamos
assustados, sabíamos que não havia ninguém acima
nas salas. As cadeiras arrastavam-se com aquele
som estridente por mais alguns segundos até que
novamente, o silêncio. Rapidamente ela pegou sua
bolsa e fomos embora, quando passamos pela
escada que levava ao andar de cima, era tudo
escuridão e nada se ouvia. Continuamos e descemos
para o térreo onde estava o caseiro, que fechou a
grade. Apelidamos aquele como “o quarto turno”,
os alunos fantasmas da madrugada.
Comentamos novamente sobre o assunto
outro dia com o caseiro, no que ele disse: “a noite e
as vezes de dia mesmo, no segundo andar
acontecem coisas estranhas mesmo. Outro dia fui
concertar uma maçaneta da porta, lá nas últimas
salas e vi uma aluna sentada pelo canto do olho
quando passei pelas salas anteriores, andei alguns
passos e lembrei que era domingo, quando voltei
para falar com ela, ela já não estava. Já escutei
algumas vezes também um tipo de sopro na minha

23
orelha mais de uma vez, assim como cadeiras e
mesas fazendo barulho.”

24
CASO V

OS POSTES QUE SE APAGAM

25
Esse talvez seja o fenômeno que
corriqueiramente ocorre comigo. Volta e meia
quando passo por debaixo de algum poste de luz
eles se apagam. É tão certo acontecer que consigo
praticamente “prever”.
Mas, num dia um tanto incomum,
passeando a noite pela orla da Praia do Forte, em
Cabo Frio – RJ, conversando com um amigo, assim
que passamos embaixo do poste, ele se apagou.
Brincando expliquei que isso sempre acontecia
comigo. Ele me olhou incrédulo e riu.
Expliquei sobre o assunto, e afirmei
categoricamente que o próximo poste também se
apagaria quando passássemos por ele. Dito e feito,
ao se apagar ele ainda comentou “doideira hein!”
Seguimos andando até que o próximo também se
apagou. Meu amigo ficou chocado, mesmo eu que
sempre via esse mistério ocorrer, nunca tinha visto
em três postes seguidos. Poder da mente? Forças
sobrenaturais? Energia psíquica? Quem sabe....

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CASO VI

O SER TRANSLÚCIDO (1998)

27
Numa viagem que fiz com meus amigos de
escola para uma fazenda no interior de Minas
Gerais, que algo surreal aconteceu. Antes do fato,
irei explicar como era o lugar. A fazenda ficava no
meio do nada, cercada por campinas de grama
baixa, poucas árvores ou bosques.
A casa era grande e modesta, tinha na sua
frente, depois do grande gramado, uma estrada de
chão, para além, havia um monte verde elevado, a
direita um pequeno lago cercado por bambus e um
matagal ao fundo que se juntava com o monte
impedia qualquer passagem por aquelas bandas. Do
lado esquerdo da casa, havia alguns pés de árvores
frutíferas: acerola, goiaba e um limoeiro. Por ali,
também passava um caminho de pedras que levava
até ao curral de cavalos e a vaca Fartura, seguindo
para a casa do caseiro e conectando com a estrada
de chão.
Sempre nos reuníamos a noite na parte dos
fundos da casa, lá tinha uma enorme mesa de
madeira, bem iluminada onde jogávamos cartas até

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tarde. Mas, na noite seguinte, eu e meu amigo Caê,
fomos ficar na frente escura da casa, sair um pouco
das algazarras que nossos amigos faziam, para olhar
as estrelas, filosofar e fumar um cigarro escondidos.
Conversávamos sobre assuntos
aleatórios, alguma coisa sobre não querer no futuro
trabalhar de terno e gravata, quando notamos uma
movimentação estranha próxima ao lago, na hora
julgamos ser o caseiro e não ligamos, pouco tempo
passou e nada de o caseiro passar pela rua de chão a
nossa frente. Olhamos melhor em direção ao curral
e lá estava ele, cuidando dos bichos.
Voltamos novamente nossos olhares em
direção ao lago, foi quando vimos um ser
esbranquiçado e translúcido correndo pela lateral do
lago, indo por detrás ou transpassando pelo matagal
e bambus, pois não parecia ser tangível. Percorreu
veloz nos sopés do monte, por toda sua base até que
sumiu na escuridão. Corremos assustados de volta
para os fundos da casa. Contamos, e todos ficaram
com medo, naquela noite nos trancamos dentro da

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casa, ninguém dormiu direito, e pelos dias seguintes
não vimos mais nada. Se foi um espírito, ou um
alienígena, ou um ser de outra dimensão, jamais
saberemos.

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CASO VII

PREMONIÇÃO INSTINTIVA (2001)

31
Dormia tranquilo ao lado da minha antiga
namorada quando acordei assustado. De repente,
simplesmente rápido como um gato, consegui evitar
que uma garrafa de água caísse em sua cabeça. Não
me recordo de ter sonhado com aquele momento,
apenas me lembro quando a aparei ainda no ar
evitando a pancada.
Ela acordou assustada, sem entender. Tentei
explicar. Naquele tempo, sempre dormíamos no
chão para ficarmos juntos, ao lado da escrivaninha,
onde deixávamos uma garrafa d’água no alto. Não
sei as forças que a fizeram cair, se foi a força do meu
sonho alterando a realidade ou se caiu ao acaso pelo
vento ou mal posicionamento. Só sei que, algum
tipo de premonição me levou ao movimento
instintivo de interceptar o objeto.
Depois de uma década entendi pelos
estudos do parapsicólogo Rhine, que tive uma
experiencia intuitiva, “através de um impulso
repentino que leva a uma ação impensada, como se
fosse um reflexo involuntário”.

32
CASO VIII

CAVALOS FANTASMAS (1996)

33
Foi numa viagem para a casa do meu tio em
Itaipuaçu, região de Maricá, Rio de Janeiro, nos
sopés do morro do telégrafo, no Parque Estadual da
Serra da Tiririca, uma área de reserva biológica, que
a muitos anos, eu e meu padrinho passamos por um
evento paranormal. Naquela época, as ruas
compridas tinham nomes de peixes ou flores, eram
de chão batido e empoeirado, com muitas árvores e
plantas nativas por todos os lados.
Mesmo próximas as áreas habitadas por
casas e pequenas chácaras com alguns animais, a
fauna muito abundante, sempre visitavam meu tio:
tucanos, micos e até mesmo o relato de uma onça
eram citados pelos locais. Hoje, tirando a reserva
florestal, está tudo asfaltado e dominado pela
presença humana, milhares de casas, bares e
mansões com piscinas.
Numa noite, quando eu e meu padrinho
voltávamos da casa de um conhecido deles, de um
churrasco, andávamos a alguns quarteirões de volta
para casa do meu tio, o caminho estava escuro, mas

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visível não havia postes de luz, apenas as estrelas e
sem a lua. Do lado esquerdo, um longo terreno de
capim baixo e fechado com arames farpados, com
uma casa bem ao fundo com suas luzes internas
acessas, não haviam nenhum animal além de um
cachorro deitado a sua porta. Do lado direito, um
paredão de pinhas e muito mato fechavam
completamente aquele espaço por muitos metros,
estávamos num caminho “fechado” e reto, apenas
ida ou volta.
Conversávamos sobre alguma coisa,
quando ouvimos ao longe o som de galopes de
muitos cavalos ao longe, mas que pareciam se
aproximar veloz, eu era jovem, uns 13 ou 14 anos
de idade, não tinha me dado conta do possível
perigo. O barulho foi aumentando como trovoadas,
as pisadas firmes, pareciam ecoar em nossos
ouvidos, foi quando meu padrinho, num impulso,
me puxou com força para o lado e ambos caímos na
lateral do caminho. O som de muitas pisadas de
cascos passou à nossa frente de forma apressada, no

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entanto, nada víamos, apenas ouvíamos o som se
afastando dos invisíveis cavalos fantasmas.

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CASO IX

SONHOS PREMONITÓRIOS

37
Esse sonho antigo marcou-me de forma
intensa, e pelo tempo, não se realizará...
Sonhei que um amigo seria baleado e morto
numa festa que curtíamos. Acordei assustado
devido a realidade que vivenciei naquele pesadelo.
O tempo passou e dele não me lembrava, até que,
um dia, estando com dois amigos no metrô do Rio
de Janeiro, indo para uma festa, alguns gestos, cenas
e palavras deram o gatilho. O sonho voltou em sua
forma real, detalhe por detalhe.
Tudo acontecia exatamente como no início
de um filme já visto: as falas se repetiram, as roupas
e os movimentos. Lembro que chorava
desesperadamente para desistirmos de ir naquela
festa, implorava. Expliquei para eles, no começo
eles riram sem levar a sério, até que os convenci de
mudarmos os planos daquela noite, pois eu não iria
de qualquer forma de encontro ao destino daquele
pesadelo. Eles me conheciam, nunca haviam me
visto prantear daquela forma.

38
Não sei se o Déjà-vu1 se realizaria afinal, ou
se realizou-se noutra realidade cósmica e apenas
chegaram a mim seus fragmentos oníricos2.

1
O déjà-vu é a sensação de que uma cena ou experiência
que se está vivendo nesse momento já aconteceu. Forma
de ilusão da memória que leva o indivíduo a crer já ter
visto.
2
Referência aos sonhos, às fantasias e ao que não
pertence ao chamado "mundo real". A palavra tem sua
origem etimológica a partir do grego óneiros, que quer
dizer literalmente "sonho".
39
CASO X

O TÚMULO DE MINHA FAMÍLIA (2002)

40
Esse não é um conto sobrenatural como o
título sugere. Está mais para uma aventura de
roqueiros adolescentes. Quando jovens, numa fase
Rock N' Roll de nossas vidas, eu, meus primos e
alguns loucos amigos, tivemos a ideia de entrar no
cemitério a noite, numa localidade da Baixada
Fluminense, RJ, o Corte Oito.
Naquele tempo, não era proibido estar por
lá pela madrugada, mesmo assim pulamos o muro,
provavelmente iríamos ser barrados, um monte de
moleques de camisas pretas, com cara de góticos
num cemitério, quem deixaria entrar? Tanto que,
pouco tempo depois houve até violações de túmulos
por parte do pessoal do Death Metal e do Black
Metal, uns caras metidos com satanismo e cultos
estranhos de São Cipriano, grupo esse que não nos
envolvíamos. Soube que depois de um tempo, até
tiros houveram no local. Com isso, a noite se tornou
proibido estar no cemitério.
Quando fomos, respeitávamos os mortos e
possíveis espíritos que podiam estar por ali

41
perdidos, e por incrível que pareça, foi uma
experiência positiva. Não houve nenhum evento
nitidamente sobrenatural, ao contrário, estava tudo
calmo numa grande paz.
Estávamos sentados em cima do túmulo da
nossa família, devia haver pelo menos umas doze
ossadas de parentes abaixo de nós. Tomávamos
vinho e conversávamos com respeito, prestamos
homenagens a nossos antepassados e rezamos do
nosso jeito não cristão, pedindo proteções e
bençãos.
Num enterro formal muitas vezes
ficávamos comedidos e não nos sentíamos à
vontade para conversar com os que já se foram,
então foi um momento único e uma oportunidade.
Na plena paz, nos despedimos e agradecemos a
proteção, conscientes de que a morte nunca foi o
final, e sim uma passagem para a energia da
consciência migrar para outra dimensão, um novo
começo, para uma nova aventura.

42
CASO XI

PRINCÍPIO DE POSSESSÃO

43
Certamente essa será a pior das experiências
vividas. Arrepio-me só de lembrar daquele
momento tenebroso, onde me senti pequeno, frágil
e sozinho no vazio da minha alma.
Era início das férias escolares e como
muitas outras vezes, sempre ia para a casa dos meus
primos. Meus tios haviam se mudado e agora
moravam de aluguel numa casa estranha, que ficava
num andar acima de outra, com acesso lateral por
uma escada. Cheguei por lá numa quinta-feira à
tarde e tudo seguia perfeitamente normal, meus tios
trabalhavam enquanto eu e meu primo jogávamos
Playstation 1.
A noite nada de anormal. No dia seguinte,
meu primo iria fazer sua última prova de
recuperação ainda cedo, meus tios foram trabalhar
como de costume. Iria ficar sozinho umas horas,
acordei tarde, por volta das dez horas. Liguei a
televisão e comi um pão. Certo momento, quando
passei por de frente de uma poltrona, uma fraqueza
me abateu. Fui me desfalecendo sobre ela, como se

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meu corpo fosse sugado para ela, a mente
plenamente consciente do que ocorria com o corpo.
Acabei por sentar nela por não ter forças. Um
grande peso caiu sobre mim, um poderoso imã me
prendeu ali. O corpo foi dominado, agora a mente
começava a perder-se.
O medo tomou conta, um sentimento
profundo de solidão surgiu, me senti pequeno
perante tanta opressão. Meus olhos foram se
fechando, já estava largado na poltrona, quando
ouvi um leve suspiro final sair da minha boca. No
final de quase perder-me de tudo, juntei minha
mente e comecei a gritar por dentro, “não, não e
não” e lutei para levantar e me soltar dessas amarras
sobrenaturais. “Saia daqui”, pedi ajuda para o Bem
supremo, para Deus e para os seres de luz que me
guiassem. De repente, as forças voltaram, tão rápido
que praticamente fui jogado da poltrona, tamanho
foi o impulso. Algumas lágrimas rolaram sem eu
sentir. Sai da casa e fiquei pelo corredor, esperando
alguém chegar. Peço sempre que nunca passe por

45
essa experiência novamente, e sempre peço
proteção contra esses seres trevosos que se
espreitam nas sombras.

46
CASO XII

A POSSESSÃO DO TIO ALI

47
Essa história vou dividir em duas partes,
pois era pequeno demais na época da primeira.
Tamanho foi meu horror que não havia como
esquecer o pouco que presenciei. Não lembro
exatamente quando começou as distorções
espirituais do meu tio, não houveram relatos antes
desse fatídico dia.

Recentemente encontrei alguns primos e


meu padrinho, afim de refrescar minha memória,
para poder dar um relato próximo da fidelidade,
como padrão dos contos desse livro. Estava reunida
toda minha família para o fim do ano, natal, se não
me engano, lá na baixada fluminense, Caxias-RJ.
Naquela época, nossa família era extremamente
grande com meus avós, dez tios e tias, muitos
primos de diversas idades, amigos, comadres e
vizinhos. Na casa dos meus avós, uma vila com
várias casas de parentes, tinha um jardim na parte da
frente, com mangueiras e muitas plantas, na lateral
um quintal enorme. Era sempre alegre o ambiente,
nos festejos como naquele ano, os mais velhos
48
bebiam cerveja a vontade, jogavam cartas,
cozinhavam “toneladas” de comida para almoço,
lanches e a ceia principal de meia noite, a cozinha
nunca parava e sempre iam crianças por lá beliscar
alguma coisa que as tias faziam com gosto. Nós
éramos umas vinte e poucas crianças e adolescentes,
eu devia ter meus 12 anos de idade.

Nossa família no geral é cristã, uns mais


praticantes outros menos, entre evangélicos e
católicos todos bebiam sua cervejinha, não havia
esse forte movimento neopentecostal capitalista
como hoje em dia, que gera segregações e
preconceitos, ao invés de acolhimento e amor. Tudo
transcorria muito bem, até que na clássica oração
antes de ceia, com aquela corrente de mãos dadas ao
entorno da grande mesa farta de comida. Os primos
pequenos como eu tentavam não rir quando abriam
seus olhos uns para outros em meio aos pedidos
fervorosos de bençãos e agradecimentos. Éramos
crianças e queríamos comer logo e voltar para
brincadeiras.
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De repente, uma risada alta e gutural
interrompeu a todos, uma seguida da outra, as
risadas estranhas vinham do meu tio Ali, e não
tínhamos como ignorá-las por tamanha que eram.
Rapidamente os mais próximos tentaram censurá-
lo, achavam que ele estava bêbado, mas logo
descobriram que ele não bebia a algumas semanas,
havia parado. As risadas foram se transformando em
palavras agressivas e ríspidas. Sua voz alterou-se,
sua postura mudou completamente. O caos
começou e logo vieram as discussões. As crianças
foram levadas para dentro da casa da minha avó,
alguns vizinhos começaram a se retirar quando
viram que aquilo é sério e iria render muito tempo,
deixando para a família resolver a questão.

Tentavam nos distrair da confusão lá fora,


ligando a televisão, só que num dado momento
levaram meu tio para o jardim, onde os fundos da
casa da minha avó davam acesso. Ouvimos meu
outro tio querendo brigar com ele e outro tentando
apartar uma possível briga. Um primo mais velho
50
orava e clamava para jesus o libertar junto com
minha tia.

A voz do tio Ali oscilava entre ele e aquilo


que o possuía: “Me tira daqui!”, ele gritava, “está
tudo escuro aqui, socorro!”. “Ele é meu! Não vou
entregar! Ele é meu!” A coisa falava, distinguimos
pelas mudanças radicais das vozes. A situação só foi
contornada quando um pastor (que naquele tempo
eram de verdade) vizinho chegou, e de alguma
forma expulsou aquele ser de dentro dele. Bem, foi
isso que todos tinham achado. Tio Ali ainda fraco,
mas sendo ele mesmo, foi amparado e levado para
casa, numa rua próxima. Por uns anos, que eu saiba
nada ocorreu novamente.

51
PARTE 2

Depois de uns dois anos daquele natal no


máximo, que a família farofeira que éramos, se
reuniu novamente. Alugamos um ônibus para levar
a todos numa viagem épica e digna das antigas
sessões da tarde, ao estilo férias frustradas, para a
região de Saquarema-RJ. Praia, verão, primos, a
brincadeira corria solta e a manhã seguiu tranquila.
Quando voltamos para o ônibus, ao fim da tarde, lá
pelas 17h, aguardávamos o retorno dos demais que
estavam espalhados pela orla.

Foi então que, lá veio meu tio Ali, arrastado


pelos braços, pesado como era, tombou de joelhos
na areia, bem próximo da lateral do ônibus e a
calçada. Parecia sem forças. Eu via tudo pela janela.
Ele com a cara suja de areia, já sem seus óculos,
olhou para o céu ainda de dia e chorava, implorava
por alguma coisa, estava desesperado, e babava em
agonia. De repente, bateu com força a cabeça na
areia várias vezes, tentavam segurá-lo, na menor

52
brecha ele batia e batia com força novamente,
esfregou tanto a cabeça que acabou cavando um
buraco com ela. Não relatei acima, mas vale
lembrar, meu tio não bebia ou fazia uso de remédios
controlados ou drogas, não havia nenhum histórico
na família de esquizofrenia ou algo do tipo. Uma
energia o encheu e o fez levantar rápido, e antes que
outros pudessem contê-lo, ele se projetou num
mergulho perigoso de cabeça na areia, tentando se
matar quebrando o pescoço provavelmente, meu
devia pesar uns 100kg. Com muito custo,
conseguiram fazê-lo deitar-se ali mesmo na areia
para evitar que ele continuasse a bater a cabeça. Uns
primos e tios ficaram próximos, parecia que estava
mais calmo, ainda teríamos que enfrentar uma longa
viagem.

Todos embarcaram no ônibus, por último


tio Ali, que ficou num banco isolado bem ao lado da
porta, a direita do motorista. No banco atrás dele
iam meus tios e meu padrinho para darem suporte.
Não deu uma hora de viagem e aquele ser que
53
parecia possuí-lo, novamente o atormentava.
Vomitou. Quando deu sua risada gutural, sabíamos
que ele havia surgido. Suas palavras estranhas e de
difícil compreensão, só se entendiam fragmentos
como “eu vou matar ele hoje!” ou “essa carcaça é
minha!” Gritava horrendamente.

O motorista do ônibus estava chocado e


abalado, nunca havia passado por aquilo, quase
nenhum de nós na verdade. No auge do transtorno
do meu tio Ali, o ônibus teve que encostar. O
motorista não conseguia prosseguir. Rezaram,
rezaram e a coisa novamente acalmou-se. A viagem
prosseguiu, até que, da calmaria um grito pavoroso
de meu tio ecoou, outra vez aquilo tentou se
apoderar sobre ele, meu padrinho, um homem de
muita fé, que estava próximo a ele, orou e clamou
para Deus a sua libertação. Num grito final do meu
tio, o vidro da frente do ônibus, do seu lado,
explodiu inexplicavelmente. O motorista em pânico
encostou novamente atordoado.

54
Amarraram um plástico na frente do vidro,
que arrumaram num posto de gasolina, a viagem
seguiu tranquila dentro do possível. Meu tio
adormeceu e acalmou-se, como se nada tivesse
ocorrido. Chegamos enfim em nossas casas, apesar
de tudo, todos estavam bem. Meu Tio se recuperou
e parece que a coisa deixou seu corpo para sempre,
nunca mais ouvimos ou soubemos de outro caso.
Aquilo deve ter saído dele e voado pelo vidro, indo
para o lugar imundo de onde veio.

Independentemente de nossas crenças e


religiões, sempre peça proteção dos seres de luz,
daqueles que se foram e nos querem bem. A leões
nas sombras, predadores à espreita, esperando que
vibremos baixo, que nos entregamos. Seja luz,
vibrem alto, não desanimem e caminhem para a luz
e para positividade. Amém e muitas bençãos.

55
56
CASO XIII

FALHA NA REALIDADE

57
Outro dia numa festa junina de família, meu
padrinho contou, tendo sua mulher e filhos como
testemunhas, que quando estavam retornando da
cidade de Petrópolis-RJ, num dia claro e clima bom.
Numa das curvas da serra, que possuíam casas em
alguns trechos, uma criança de repente apareceu na
frente do carro, segundo ele foi tão rápida sua
aparição que não teve tempo para entender o que
acontecia e instintivamente jogou o carro para o
lado, afim de evitar a colisão.

No entanto, aqui que a história fica


interessante, quando ele fez essa tirada do carro, um
caminhão da via oposta “bateu” de frente com ele,
mas de alguma forma, seu carro (ou o caminhão) se
tornaram intangíveis, passando um por dentro do
outro. Eles são pessoas muito honestas, e não vejo
razão para uma família inventar uma história dessas.
Ainda fiz algumas especulações, se foi uma
impressão, de estar muito próximo do caminhão e
da morte, que a adrenalina poderia ter alterado a
percepção do espaço. Mas, segundo eles, não tinha
58
essa possibilidade, pois era uma via que só cabiam
exatamente um veículo de cada lado. Ele também
afirma que viu, esse passar por dentro do caminhão,

Eu não duvido, sei pelas minhas histórias


aqui contadas que muitos não acreditarão. Essa vida
é cheia de mistérios ainda não solucionados. Cabe a
nós termos a mente aberta, claro tentando usar a
lógica racional e a ciência para selecionar realmente
aqueles fenômenos sem explicação possível ou
plausível.

59
CASO XIV

OS MISTÉRIOS DA MATA

60
Num belo dia, meu grupo de escoteiros foi
aventurar-se na região do Parque Nacional da Serra
dos Órgãos, pelas florestas próximas de Santo
Aleixo, Magé, RJ. A tropa, como chamamos, era
formada por diferentes idades e patentes. As
crianças estavam animadas e muito ansiosas com “o
tão sonhado acampamento”, os jovens estavam ali
afim de aprimorar suas habilidades aprendidas na
sede com os chefes escoteiros as artes de mateiro:
fazer fogo, montar uma cabana, buscar rastros de
animais etc. Havia também aqueles mais
experientes que buscavam seus distintivos em
provas.
Partimos então numa sexta à noite, afim de
amanhecer tranquilos e já instalados no sábado para
melhor aproveitamento do tempo livre, já que para
os adultos a semana era puxada em suas rotinas de
trabalho. A viagem seguiu tranquila, o chefe deu a
ordem, todos pegaram suas mochilas e puseram-se
em fila indiana rumo a trilha. No começo, na subida

61
para a cachoeira de Santo Aleixo, a lua alta e
brilhante no céu, podíamos ouvir os sons das matas
e o som das águas a rolar.
Certo momento, numa parte fechada da
floresta, durante nossa marcha, ouviu-se barulhos de
passos vindos da mata lateral, andava sorrateiro
quebrando pequenos galhos e amassando folhas.
Estávamos todos em fila! Não poderia ter alguém
naquele espaço de mata fechada, o chefe quando
ouviu, estranhou e pediu que que todos se
abaixassem e fizessem silêncio absoluto. Nos
minutos seguintes, nada foi ouvido, ignoramos e
seguimos rumo ao local do acampamento.
Chegamos à clareira, começamos a armar as
barracas, acender a fogueira e organizar o espaço.
Patrulhas foram organizadas, e durante a ronda,
alguns adultos continuaram a ouvir os estranhos
barulhos vindos da mata, mas para quem é
experiente, sabe que a mata é viva.
Pela tarde, fui designada a ficar no
acampamento com outro chefe e uma das crianças,

62
para tomar conta das coisas e do fogo, enquanto o
grupo iria receber instruções na área da cachoeira.
No entanto, a criança não gostou de ser escolhida e
como demonstração de pirraça começou a atirar
pedras em direção a mata que dava na trilha, na
entrada da clareira. Foi repreendido por mim
inúmeras vezes, pois poderia acertar alguém que
viesse. O menino, não satisfeito com a bronca
começou a tacar pedras ainda maiores.
Nesse momento, eu e o chefe, mais uma
vez, repreendemos o menino, e ele, assim que
falamos arremessou uma grande pedra no mesmo
lugar. Nessa hora, ambos estávamos olhando para o
garoto, e vimos que algo passou muito perto da sua
orelha, chegando a fazer um barulho: vuummmm!
Batendo no paredão de rochas atrás dele, partindo-
se em muitos pedaços, era uma pedra.
A cena foi bizarra, olhamos para trás e em
todas as direções afim de encontrar uma explicação:
alguém chegando pela trilha, alguém escondido na
mata, alguém voltando da cachoeira, alguma árvore

63
que poderia ter ricocheteado a pedra e nada... fomos
na direção atrás de rastros ou sinais e nada foi
achado. Como que a pedra jogada pelo garoto a
longa distância poderia ter voltado com toda força e
velocidade em sua direção com a intenção de acertá-
lo? Seriam os seres da floresta? Curupira? De
qualquer forma o garoto assustado, ficou quieto e
calado o resto da viagem, sempre próximo dos
adultos.
Pelo resto dos dias, continuamos ouvindo
barulhos estranhos como passos quebrando galhos e
folhas. De água sendo jogada estranhamente
próximo das barracas. Nunca soubemos o que nos
observava, ou o que tentou dar uma lição no menino
naquele dia.
Essa história foi vivenciada e contada por
minha prima Viviane Coutinho e seu grupo de
escoteiros, onde eu entrei como editor e revisor. As
matas possuem muitos mistérios e seres estranhos
as habitam, escondidos. Considero a narrativa,
como Horror Natural ao estilo do escritor Algernon

64
Blackwood 3 , onde o verdadeiro medo está no
desconhecimento de forças naturais que se revelam
nas florestas fechadas, onde nos tornamos pequenos
e frágeis.

3
Algernon Blackwood foi um dos principais autores de horror
do século XX. Desde muito jovem se interessou por temas
sobrenaturais, ocultismo e doutrinas esotéricas. Aos trinta anos,
depois de morar por algum tempo no Canadá e nos Estados
Unidos, voltou à Inglaterra. Viajou pela Europa e pelo Egito, e
em 1906 começou a publicar coletâneas de contos e novelas,
além de romances, dando início a uma longa e prolífica carreira.
Editora Ex Machina.
65
ESTUDOS, ARTIGOS E TESES

66
PARAPSICOLOGIA

O termo parapsicologia foi criado em 1889


por Max Dessoir4 e adotado na década de 1930 por
Joseph Banks Rhine 5 para substituir os termos
6
"metapsíquica " e "pesquisa psíquica". A
Parapsicologia é uma pseudociência (ou seja, atua
fora do paradigma científico vigente) que se dedica
à investigação de fenômenos paranormais e
psíquicos. Seu propósito é a pesquisa científica na
busca de respostas formais para esses fenômenos
que intrigam e ocorrem pelo mundo.

4
Max Dessoir (Berlim, 8 de fevereiro de 1867 — Königstein
im Taunus, 19 de julho de 1947) foi um filósofo, psicólogo e
teórico da estética alemão.
5 Joseph Banks Rhine (conhecido como J. B. Rhine; Waterloo,

Pensilvânia, 1895 a 1980) foi um botânico estadunidense,


fundador da investigação científica na parapsicologia como um
ramo da psicologia. Fundador do laboratório de parapsicologia
na Universidade de Duke, do Journal of Parapsychology, da
Foundation for Research on the Nature of Man (atualmente
chamada de Rhine Research Center) e da Parapsychological
Foundation.
6 Metapsíquica, definida pelo criador Charles Robert Richet

professor da Sorbonne e cientista, "(...)ciência que tem por


objeto o estudo da produção de fenômenos, mecânicos ou
psicológicos, devidos a forças que parecem ser inteligentes ou
a poderes desconhecidos, latentes na inteligência humana".
67
A parapsicologia como ciência ainda é
contestada e usada como exemplo de paradigma
pseudocientífico. Após mais de um século de
investigações, não foram obtidos resultados
suportados pelo método científico tradicional, no
entanto, pesquisas sugerem um campo a ser
explorado, com o avanço das novas tecnologias,
entre elas, os novos sensores de captação de
movimentos, temperatura e espectros variados e os
super computadores. No campo filosófico abre-se
novas ideias como “avatares”, “mundo virtual”,
“realidade simulada7, e o debate filosófico e físico
sobre a consciência. Apesar das críticas, a
Parapsychological Association 8 , criada em 1959,

7
Realidade simulada é a proposição de que a realidade poderia
ser simulada, talvez por modelagem computacional, a uma
qualidade indistinguível da realidade “verdadeira”. Ela poderia
conter mentes conscientes que poderiam ou não saber que estão
vivendo dentro de uma simulação.
8 A Parapsychological Association (PA) foi criada em 1957

como uma sociedade profissional de parapsicólogos seguindo a


iniciativa de Joseph B. Rhine. Seu propósito tem sido "o avanço
da parapsicologia como ciência, para disseminar o
conhecimento do campo e integrar as descobertas com outros
ramos da ciência."
68
participa da Associação Americana para o Avanço
da Ciência.
Apesar da existência de fenômenos
paranormais não sejam reconhecidos pela ciência, e
as historiografias da psicologia e da psiquiatria em
geral darem pouca atenção, há pesquisadores que
sustentam que estudos sobre supostos fenômenos
mediúnicos trouxeram grande contribuição à
formação e desenvolvimento de diversos conceitos
científicos, principalmente conceitos ligados ao
funcionamento da mente, como o subconsciente, a
dissociação, o transtorno dissociativo de identidade,
a histeria, a escrita automática e a hipnose.
Pesquisas sobre fenômenos paranormais,
principalmente sobre a mediunidade, foram
importantes no desenvolvimento da psicologia e da
psiquiatria científicas por parte de alguns pioneiros
no estudo científico da mente.

69
GLOSSÁRIO DOS FENÔMENOS
PESQUISADOS PELA
PARAPSICOLOGIA:

MEDIUNIDADE: Mediunidade, ou canalização, é


a prática de mediar a comunicação entre os espíritos
dos mortos e pessoas vivas. Praticantes são
conhecidos como "médiuns". Entre as formas mais
conhecidas de mediunidade estão o transe, as mesas
girantes e o tabuleiro ouija.

TELEPATIA: Telepatia (do grego τηλε, tele,


"distância"; e πάθεια, patheia, "sentir ou
sentimento") é definida na parapsicologia como a
habilidade de adquirir informação acerca dos
pensamentos, sentimentos ou atividades de outro ser
consciente sem o uso de ferramentas tais como a
linguagem verbal, corporal, de sinais ou a escrita.

PRECOGNIÇÃO: Precognição, do latim pre-


cognitio, é uma percepção extra-sensorial na qual o
indivíduo percebe uma informação sobre um futuro
local ou evento antes dele acontecer.
70
RETROCOGNIÇÃO: A retrocognição, também
conhecida como regressão de memória ou regressão
a vidas passadas, é o fenômeno parapsíquico
espontâneo ou induzido no qual o indivíduo
lembraria espontaneamente de lugares, fatos ou
pessoas, relativos a experiências passadas, sejam
elas vidas ou períodos entre vidas.

CLARIVIDÊNCIA: Clarividência, segundo a


parapsicologia, é a capacidade de obter
conhecimento de evento, ser ou objeto, sem a
utilização de quaisquer canais sensoriais humanos
conhecidos e sem a utilização de Telepatia. O termo
"Clarividência" também é aplicado, em certas
escolas de espiritualismo e ocultismo, à chamada
"visão espiritual", que permite enxergar planos
espirituais ou pelo menos algo pertencente a tais
planos. No caso específico do Espiritismo,
clarividência, dupla vista e segunda vista são
sinônimos. Já lucidez refere-se de modo especial à
clarividência sonambúlica.

71
TELECINESIA: A psicocinese, ou "movimento
mental". Telecinesia, ou "movimento à distância". É
o suposto fenômeno ou capacidade de uma pessoa
movimentar, manipular, abalar ou exercer força
sobre um sistema físico sem interação física, apenas
usando a mente. O termo psicocinese foi criado em
1914 pelo autor estadunidense Henry Holt e
popularizado pelo parapsicólogo estadunidense J.B.
Rhine. Já o termo telecinesia foi criado em 1890
pelo parapsicólogo russo Alexandre Aksakof.

PROJEÇÃO DA CONSCIÊNCIA: Projeção da


Consciência, ou experiência fora-do-corpo,
descreveria o fenômeno paranormal da “saída” da
consciência do corpo humano e uma suposta
"manifestação" em uma "dimensão extrafísica". No
Espiritismo, denomina-se está "dimensão
extrafísica" como plano espiritual. A experiência
fora-do-corpo, pode ser caracterizada também como
sendo a sensação de saída ou escape do corpo físico,
sendo possível observar a si próprio e ao mundo
afora de uma outra perspectiva.
72
ECTOPLASMA: Do grego ektos,"externo", e
plasma, "algo moldado ou formado”. Termo usado
para definir a energia espiritual "externizada" pelos
mediums. O termo foi criado em 1894 pelo
pesquisador Charles Richet.

COMBUSTÃO HUMANA ESPONTÂNEA: Trata-


se de um suposto fenômeno no qual o corpo de um
indivíduo entra em combustão, como consequência
de um calor gerado por mecanismos internos,
aparentemente não vinculada à fatores externos. O
primeiro relato de combustão humana espontânea
foi feito no ano de 1663, pelo anatomista
dinamarquês Thomas Bartholin, que descreveu a
forma como uma mulher, na França, virou “fumaça
e cinzas” enquanto dormia. Outro ponto interessante
foi o fato de o colchão onde a mulher dormia, que
era de palha, não ter sido danificado pelo fogo. No
ano de 1673, o francês Jonas Dupont publicou
diversos casos de combustão espontânea na sua obra
intitulada “De Incendiis Corporis Humani
Spontaneis”.
73
EXPERIÊNCIA DE QUASE-MORTE: O termo
refere-se a um conjunto de visões e sensações
frequentemente associadas a situações de morte
iminente, sendo as mais divulgadas a projeção da
consciência ("projeção astral", "experiência fora do
corpo", "desdobramento espiritual", "emancipação
da alma", etc.), a "sensação de serenidade" e a
"experiência do túnel". Esses fenômenos são
normalmente relatados após o indivíduo ter sido
pronunciado clinicamente morto ou muito perto da
morte, daí a denominação. O termo "experiência de
quase morte" foi proposto pelo psicólogo e
epistemólogo francês Victor Egger em 1896 em "Le
moi des mourants" como resultado das discussões
no final século XIX entre filósofos e psicólogos,
relativamente às histórias de escaladores sobre a
revisão panorâmica da vida durante quedas. O
interesse popular pelas EQMs se iniciou devido
principalmente ao trabalho do psiquiatra e
parapsicólogo norte-americano Raymond Moody
em seu best seller Vida Depois da Vida (1975).

74
REENCARNAÇÃO: Também conhecida como
renascimento, é um conceito filosófico ou religioso
de que a essência não física de um ser vivo inicia
uma nova vida em uma forma física ou corpo
diferente após a morte biológica. A reencarnação é
um princípio central das religiões: como o
Hinduísmo, Budismo etc. De várias formas, aparece
como uma crença esotérica em muitas correntes do
judaísmo em diferentes aspectos e em algumas
crenças dos povos indígenas das Américas.

METEMPSICOSE: A crença era sustentada por


figuras históricas gregas, como Pitágoras, Sócrates
e Platão, bem como em várias religiões modernas.
Metempsicose é o termo genérico para
transmigração ou teoria da transmigração da alma,
de um corpo para outro, seja este do mesmo tipo de
ser vivo ou não. Essa crença não se restringe à
reencarnação humana, mas abrange a possibilidade
de a alma humana encarnar em animais ou vegetais.
Associa-se também a essa ideia, a evolução
espiritual ou a encarnação em seres “inferiores”.
75
POLTERGEIST

É um fenômeno sobrenatural cujo nome de


origem alemã poltern (fazer barulho), e geist
(fantasma), significa “espírito que causa ruídos”.
Também chamado por alguns parapsicólogos como
Psicocinesia Recorrente Espontânea (em inglês:
Recurrent Spontaneous Psychokinesis, RSPK), é
um tipo de evento paranormal que se manifesta em
um ambiente no qual existem ocorrências físicas,
tais quais, chuva de pedras, movimentação,
aparecimento e desaparecimento de objetos, sons,
pirogenia, luzes, entre outras. Anormalidade nas
instalações elétricas e telefônicas, abertura de portas,
pancadas em lugares diversos, clarão ofuscante,
estouro de lâmpadas, ruídos de passos ou correria,
brinquedos que funcionam mesmo sem as baterias
ou pilhas. Podem envolver ataques físicos. Essas
manifestações já foram registradas em muitas
culturas e países, incluindo o Brasil, Austrália,
Estados Unidos, Japão e a maioria das nações
europeias. Os primeiros casos registrados datam do
76
século I. Desde o século XVII se investiga tais
fenômenos. Acreditavam que o poltergeist era feito
de bruxaria ou possessão diabólica. Já no século
XIX, quando tais crenças declinaram, acreditavam
que tais fatos eram provocados com atos bem
pensados e trabalhados ou que eram obras de
espíritos desencarnados.

Hoje, os parapsicólogos acreditam que tais


fatos acontecem por pessoas vivas com grande
faculdade psicogenética que se exaltaria por causa
de traumas emocionais e usaria suas forças em
objetos. A parapsicologia define esses fenômenos
como uma faculdade extra-sensorial na qual a mente
atua diretamente sobre a matéria, através de meios
invisíveis sem contato físico. O termo psicocinesia
é derivado das palavras gregas psyché (alma) e
kinein (mover). Normalmente, o epicentro ou a
pessoa que provoca o fenômeno é adolescente de
maioria do sexo feminino que vive em atrito com
outra pessoa onde passa por períodos de
instabilidade emocional. Geralmente, o poltergeist
77
tem duração limitada e gera dificuldade de apontar
o epicentro. Difere sutilmente da chamada
Assombração (Haunting), que pode se estender por
anos e está sempre associada a uma área, geralmente
uma casa a qual contém histórico de mortes
violentas.

De acordo com a literatura espírita, o


fenômeno Poltergeist decorre de espíritos em
perturbação, os quais em comunhão com uma
pessoa sensível, atuam por vezes de forma agressiva,
ao fazer com que objetos como pedras, por exemplo,
voem pelos ares atingindo outros objetos e pessoas.
Para a ocorrência da manifestação é obrigatória a
presença de um médium de efeitos físicos, ainda que
completamente alheio à sua faculdade.

78
ESTUDO BRASILEIRO FEITO PELO
PROFESSOR WELLINGTON ZANGARI
Ocorrido na periferia de São Paulo em 1987.

"...Objetos sumiam para aparecer posteriormente do


lado de fora da casa, vultos escuros eram vistos,
brisas geladas eram percebidas em determinados
pontos da residência e colchões, móveis e roupas
eram queimados sem que ninguém tivesse colocado
fogo neles. Tudo acontecia às vistas dos moradores
da casa (pai, mãe e três filhos) sem que ninguém
fizesse o menor movimento. A família, que era
espírita, acreditava que tudo fosse causado pela ação
de espíritos desencarnados, que agiam por
intermédio do filho mais velho, então com 12 anos
de idade. Apesar da explicação religiosa encontrada
pela família, aceitaram que um pesquisador
acompanhasse o caso."

Alguns casos foram observados pelo


pesquisador Wellington Zangari, e nenhuma fraude
foi detectada.

79
Os fenômenos eram relacionados ao filho de 12
anos. O jovem dizia ser capaz de se comunicar com
os vultos e que, segundo ele, faziam algumas
exigências como: mudarem-se da casa, trocar de
carro, deixar o garoto ficar em casa em vez de ir à
escola... As exigências eram prontamente atendidas
dentro do possível, pois a família temia a represália
dos supostos espíritos.

“O pesquisador verificou que os fenômenos


eram utilizados inconscientemente pelo menino,
como forma de livra-se de obrigações e também
para satisfazer seus desejos e dominar a família.
Sendo também psicólogo, o pesquisador iniciou
uma terapia familiar com a finalidade de discutir e
redefinir os papéis familiares. À medida que o
relacionamento familiar foi recuperando o
equilíbrio, os fenômenos foram escasseando até que
cessaram por completo.” (Fátima Regina
Machado)

80
CASAS ASSOMBRADAS (HAUNTING)

De acordo com o professor Carlos Alberto


Tinoco, autor de Poltergeists, Fenômenos
Paranormais de Psicocinesia Espontânea, apesar de
terem várias características em comum, os dois
fenômenos são distintos. Os casos de
Assombramento, Assombração ou Haunting pelos
ingleses, Hantise pelos franceses e Infestazione
pelos italianos, são estudados pelos pesquisadores
da Psychical Research Foundation Inc., de Durham,
EUA, que investigam exclusivamente os fenômenos
relativos às manifestações que sugerem a presença
de pessoas mortas (fenômenos Theta), fazem
distinção entre os dois aludidos fenômenos.
O notável pesquisador Ernesto Bozzano, na
sua obra Dei fenomeni d'Infestazione, após estudar
quinhentos e trinta e dois casos paranormais
escolhidos, conseguiu enquadrar trezentos e setenta
e quatro deles na categoria de Assombramento ou
Haunting. Os cento e cinquenta e oito restantes

81
foram classificados como Poltergeist. Bozzano
arrisca uma definição para Assombramento:

“Os fenômenos de Assombramento compreendem


esse conjunto de manifestações misteriosas e
inexplicáveis cujo traço característico essencial é o
de ligarem-se de maneira especial a um local
determinado.” (ver revista Reformador, agosto de
1976, página 238, artigo de Hermínio Miranda).

Diz ainda Bozzano que nada mais


misterioso nos casos de Assombramento do que o
prolongamento de alguns deles, mantendo-se ativos,
muitas vezes, através de séculos. Tais fenômenos se
ligam, em sua esmagadora maioria, ao problema da
morte, o que os coloca na categoria de manifestação
Theta.

82
OS CASOS DE HAUNTING OU
ASSOMBRAMENTO

• Sempre estão ligados a certos locais por tempo


relativamente longo. Alguns deles se misturam aos
aspectos pitorescos e folclóricos de certas casas de
espetáculo, teatros, etc.
• Apresentam visões de fantasmas, alguns diáfanos,
outros suficientemente corporificados, a ponto de
serem fotografados.
• Apresentam, como característica importante, sons
de gemidos, soluços ou vozes humanas, nítidas ou
não.
• Nem sempre apresentam um conjunto de
manifestações objetivas com caráter nitidamente
intencional, como acontece com os casos de RSPK.
• Apresentam manifestações, na sua maioria, de
natureza subjetiva.
• Apresentam-se de modo tal que qualquer das suas
múltiplas manifestações subjetivas nem sempre é
vista, ao mesmo tempo, por todos os circunstantes.

83
• Apresentam, em alguns casos, visões de fantasmas
cujas características individuais, como vestimentas,
posturas, e outros detalhes, são sempre as mesmas,
apesar de tais visões serem observadas por pessoas
diferentes e em épocas diferentes. Muitos fantasmas
são vistos trajando roupas em moda há vários
séculos. O confronto dos depoimentos das pessoas
vítimas de Assombramento, gerações após
gerações, revela que um mesmo tipo de fantasma,
por exemplo, encontra-se como que ligado ao local
assombrado. Bozzano acredita ser essa uma das
características marcantes do fenômeno. Para ele, a
fixação do Agente Theta (fantasma) a certos locais
está na razão direta da intensidade daquilo que o
referido estudioso classifica como monodeísmo
(por anos e anos - afirma Bozzano - e até por
séculos, o fantasma não consegue pensar noutra
coisa a não ser no seu problema íntimo, nos dramas,
nas vinganças, nos amores que viveu, tudo tendo
como palco o local do Haunting.

84
• Diferentemente dos casos de RSPK, não
apresentaram, até hoje evidências seguras de que
estejam ligados a uma pessoa, chamada de epicentro
do fenômeno.
Os fenômenos de RSPK, talvez por serem
mais registrados e estudados, comportam uma
classificação e um estudo mais detalhado.
Genericamente, os fenômenos de Poltergeist:

• Caracterizam-se pela movimentação paranormal


de objetos, fenômeno que é conhecido por
Transporte ou Apport.
• Apresentam, como característica mais importante,
uma intencionalidade, seletiva ou não. Assim, por
exemplo, o RSPK pode queimar mais
preponderantemente as roupas de determinada
pessoa, ou atingir mais fortemente o cômodo da
casa habitado por alguém. Pode provocar
travessuras com o propósito de assustar. Pode
também manifestar-se até que determinado
compromisso seja desfeito (desquite, casos

85
amorosos, etc). A intencionalidade, quando pode ser
constatada, é a característica mais importante dos
fenômenos de RSPK.
• Apresentam alguns casos especiais de Transporte,
que se caracterizam pelo fato de objetos serem
retirados de dentro para fora e vice-versa, de
recintos, armários, cofres, etc, estando estes
hermeticamente fechados. (A penetração
paranormal da matéria através da matéria é chamada
de Hiloclastia por René Sudré).
• Apresentam, em algumas ocasiões, ocorrências de
combustão espontânea.
• Podem apresentar casos de desaparecimento de
objetos diversos, tais como dinheiro, jóias, roupas,
etc. (Metafanismo).
• Podem apresentar ruídos estranhos, tais como sons
provocados pela quebra por impacto, de adornos e
utensílios domésticos, vidros, quadros, louças, etc.
Alguns deles são assustadores, ocorrendo ou não a
quebra de qualquer objeto.

86
• Apresentam, sempre de início, queda de pedras de
tamanhos variados que provocam ruídos e podem
danificar a residência atingida. Outros objetos, tais
como pedaços de madeira, rebocos de paredes,
cacos de barros ou pilhas elétricas usadas, por
exemplo, podem também ser atirados contra a casa
que está sendo vítima do RSPK. Deve-se destacar
que, na sua grande maioria, as pedras e os demais
objetos atirados raramente são vistos iniciar suas
trajetórias. Aparecem misteriosamente no ar e são
vistos ou em movimento, ou surgindo nos locais
para onde são transportados.
• Podem apresentar casos em que os objetos que são
deslocados formem trajetórias anormais, em
desacordo com as leis da dinâmica. Em um caso de
RSPK ocorrido em Manaus, as pedras atiradas
contra a casa seguiam curvas que estavam em
desacordo com a física.
• Apresentam sempre mais ocorrências objetivas
que os casos de Haunting.

87
• Sempre estão ligados à presença de uma pessoa a
quem os estudiosos chamam de epicentro.
Normalmente, trata-se de um adolescente.

88
LUGARES ASSOMBRADOS
PELO BRASIL

89
EDIFÍCIO JOELMA
(São Paulo, SP)

Sendo um dos piores incêndios ocorridos no


Brasil, em fevereiro de 1974. Um curto-circuito
desencadeou quatro horas de fogo intenso levando a
morte de 189 pessoas. Muitas acabaram jogando-se
do prédio em chamas e outras sufocaram dentro de
elevadores parados. A tragédia levantou suspeitas
de que o terreno do prédio seria amaldiçoado, já que
em 1948 um homem teria assassinado a própria mãe
e as duas irmãs e as atirado em um antigo poço.

Atualmente chamado de Edifício Praça da


Bandeira, nenhuma foto, filmagem ou registro pode
ser feito no interior do Edifício. Quem trabalha ali
diz ouvir vozes e gritos, além de avistar espíritos e
vultos pelos corredores. Pessoas mais sensíveis
relatam fraquezas quando circulam em certas áreas
do prédio e se sentem sufocadas quando estão
dentro dos elevadores.

90
CRONOGRAMA ED. JOELMA
SÉCULO XVI: local se chamava “Anhangabaú”,
deriva do termo Tupi que significa “água da face do
Diabo9”
1948: Crime do Poço.
1969: Início da construção do Edifício Joelma.
1972: Término da construção
1974: Incêndio.
1978: Reinauguração "Novo Joelma"
2000: Renomeado como Edifício Praça da
Bandeira

9 NAVARRO, E. A. dicionário de tupi antigo: a língua indígena


clássica do brasil. São Paulo. global. 2013. p. 542.

91
CASTELINHO DO FLAMENGO
(Rio de Janeiro, RJ)

Projetado originalmente em 1916 pelo


arquiteto italiano Gino Copede, O Castelinho como
é chamado, foi na prática construído pelo arquiteto
brasileiro Francisco dos Santos. Seguiu o
pensamento de Copede uma construção com
elementos de art decó, art nouveau, neo-barroco e
neogótico francês.
Em 1932, o local foi habitado pelo
imigrante português Avelino Fernandes, da esposa,
Rosalina Feu Fernandes, e da filha do casal, Maria
de Lourdes Feu Fernandes. Conta-se que Rosalina e
Avelino foram atropelados por um bonde
exatamente em frente do Castelinho do Flamengo,
onde vieram a falecer. O trágico acidente foi
presenciado pela única filha do casal, Maria de
Lourdes.
Com a morte dos pais, ela foi entregue a um
tutor, que roubara seus bens e a maltratava, muitas
vezes a trancando no alto do Castelinho, na torre
92
principal. Infeliz com sua vida, a jovem acabou por
suicidar-se, atirando-se lá de cima.
Desde então, aqueles que frequentavam o
lugar ouviam barulhos estranhos, viam aparições e
até mesmo sentiam toques em seus corpos durante a
noite. Assombrada, essa construção fica na zona sul
do Rio, e atualmente, funciona como um centro
cultural.

93
ARCO DO TELLES
(Rio de Janeiro, RJ)
Este marco histórico de 1743, são os restos
da antiga residência da família Telles de Menezes.
Localizado na praça 15 de Novembro, no Centro.
O local seria assombrado por uma bruxa,
Bárbara dos Prazeres (conhecida assim por causa da
imagem de Nossa Senhora dos Prazeres que ficava
no Arco), uma imigrante portuguesa que teria
nascido em 1770 e morava próxima ao arco. Matou
seu marido para se envolver com o amante, que
pouco depois, viria a matar também, incendiando a
casa onde viviam.
Foragida da justiça de seu tempo, viveu no
submundo dos guetos, tornando-se prostituta. Ao
fim de sua vida, doente e já uma senhora de idade
que não conseguia clientes, teria se envolvido com
magia negra. Seu objetivo seria de recuperar sua
perdida juventude, e para tal, teria que beber sangue
ainda morno de crianças recém assassinadas.

94
Não existem números exatos de suas
vítimas, mais documentos encontrados constam
dezenas de desaparecimentos de jovens e crianças.
Bárbara pendurava suas vítimas pelos pés e as
esfaqueava e degolava, para banhar-se e beber de
seu sangue. Esse ritual macabro acontecia na casa
em que vivia na Cidade Nova.
Em 1830, desapareceu pelo mundo, até que
um cadáver de uma mulher apareceu próximo ou
Largo do Poço, onde populares da época a teriam
reconhecido. Após os mistérios serem revelados, a
assustadora criatura que devorava crianças, foi
descrita pelos policiais como sendo Bárbara dos
Prazeres, ou Bárbara “Onça”, uma referência a sua
ferocidade assassina. Algumas teses sugerem que
foi nesse período que surgiu a expressão “cuidado
que a bruxa está solta!”
“Há quem suspeite (lenda urbana?) que ela
continua viva até hoje, graças ao segredo da fórmula
de rejuvenescimento. E mais: teria assumido a
condição de feiticeira e aplicado a receita em alguns

95
milionários, em troca de parte de suas fortunas. Diz-
se que ainda hoje, em certas madrugadas sem lua,
quando já partiram os últimos garçons dos bares da
Travessa do Comércio e cessou o movimento da
boemia, escuta-se no beco a gargalhada de Bárbara
Onça, a feiticeira, ecoando assustadoramente pelos
vazios escuros do Arco do Telles” escreve Carlos
Serqueira em seu artigo. Hoje Bárbara também é
chamada por muitos de A Vampira do Teles, devido
a sua sede por sangue em busca da vida eterna e
juventude.

96
OPALÃO PRETO FANTASMA
LENDA CARIOCA
No Rio de Janeiro, desde a década de 70,
conta-se uma história sobre um carro Opala Preto
que perseguiria outros motoristas pelas
madrugadas.
Ele pertenceria ao fantasma de Ubiratã
Carlos de Jesus Chavez, bandido famoso da década
de 70, que usava seu antigo Opala em suas fugas.
“Carlão da Baixada” como era chamado, certa vez
em alta velocidade fugindo de um crime, num dos
tuneis da cidade, teria sofrido um acidente fatal, não
sobrevivendo. Desde então, volta e meia é visto
pelas madrugadas do Rio, assustando e perseguindo
outros carros.

97
PRESÍDIO DO AHÚ
(Curitiba, PR)

Diversos casos cercam o presídio do Ahú,


histórias relatadas por agentes penitenciários que
trabalharam por anos no local afirmam que o
complexo centenário seja mal assombrado.
O agente penitenciário Marcelo Leôncio,
que trabalhou no local, conta sobre o dia em que
alguns presos fizeram a “brincadeira do copo” em
suas celas. “Essa ninguém sabe o que realmente
aconteceu. Há quem diga que sim. Dizem que os
presos fizeram a brincadeira do copo, invocaram
almas de presos que tinham morrido ali, e no outro
dia todos da cela estavam mortos”, contou Marcelo.
Outros casos foram relatados, uma bola de
fogo que o agente diz ter visto pela galeria e que
também era comum ver espíritos no pátio do
presídio. “...do lado de fora do presídio é possível
ver as almas dos presos que morreram”.
Outro caso que marcou o agente
penitenciário, foi ter visto um preso, que estava no
98
isolamento, andando pelos corredores. Esse homem
tinha se enforcado dentro da cela. “Há também a
história de que habita no presídio um homem com
uma cartola e que ele sai andando pelos corredores
na madrugada. Eu nunca vi, se visse, sairia
correndo”, brincou o agente.
Mas, sem dúvidas o relato mais
assombroso, é sobre um fantasma de um palhaço
(ou vestido de palhaço) que assombrava os detentos
que teriam cometido os crimes de estupro e
violência contra mulheres. Décadas antes, nos anos
70, um tarado foi enviado para o presídio, onde
cumpria sua pena e lá veio a falecer, foi preso por
atacar mulheres com roupas de circo com uma serra
elétrica.
Hoje, o presídio deu lugar a outros
estabelecimentos. Foram criados o Fórum Criminal
e o Fórum dos Juizados Especiais do Centro
Judiciário de Curitiba havia.

99
CRUZ DO PATRÃO
(Recife, PE)

A Cruz do Patrão, com seus seis metros de


altura imponentes, construída no começo do século
XIX, na margem do Rio Beberibe, no istmo que
ligava o porto de Recife à então vila de Olinda, é
cercada por mistérios. Não se sabe quem a
construiu, se conquistadores holandeses ou algum
senhor de engenho.
O local é cercado de histórias de mortes,
seja por conflitos entre senhores, seja pelo
sofrimento gerado pela escravidão. Historiadores
como o Pereira da Costa, relata que o terreno já foi
um cemitério de escravos que chegavam mortos da
África. Há relatos de 1824 da escritora inglesa
Maria Graham, de ter presenciado corpos jogados e
mal enterrados pelo terreno. Outros textos sugerem
que lá eram realizados rituais religiosos,
assassinatos e execuções.

100
Gilberto Freyre10 cita, em Assombrações do
Recife Velho, que, “durante um ritual religioso
realizado por negros, o próprio diabo arrastou uma
mulher para o mar. Ele era ‘preto como o carvão. Os
olhos acesos despediam chispas azuis. Brasas vivas
caíam-lhe da boca encarnada e ameaçadora. Pela
garganta se lhe viam as entranhas onde o fogo
ardia’.”
Muitos são os relatos de almas que
continuam sobre o local da Cruz do Patrão para
vingar sua dor. Aparições, gemidos, sons de
correntes e até mesmo espíritos demoníacos
estariam pelo local. Considerado um ponto de
encontro para as almas penadas.

10
Gilberto de Mello Freyre foi um polímata brasileiro. Como
escritor, dedicou-se à ensaística da interpretação do Brasil sob
ângulos da sociologia, antropologia e história. Foi também
autor de ficção, jornalista, poeta e pintor. É considerado um dos
mais importantes sociólogos do século XX.
101
MINA DA PASSAGEM
(Mariana, MG)

Descoberta em 1719, a mina para


exploração de ouro em Minas Gerais é cercada de
mistérios e curiosidades. Bandeirantes e escravos
morreram aos montes ao longo das décadas na
extração do minério. Uma de suas vítimas teria sido
um inglês conhecido como Capitão Jack, atingido
por uma explosão, que o soterrou há 300 anos.
A quem jure que ele entre outros
assombram o lugar! Rondando entre as rochas, seu
espírito aparece para observara aqueles que como
ele eram sedentos por ouro. Uma das lendas dos
séculos passados, conta que Jack surgiu na pequena
cidade próxima da Mina para “cobrar uma dívida”,
isso depois de anos que havia morrido.
Em 1936, 15 operários morreram afogados
numa enchente subterrânea. A mina foi fechada em
1954. Os donos, tentaram reativá-la várias vezes
sem sucesso nos anos 60 e 70.

102
Hoje é aberta ao turismo. No entanto, nem
todos os trechos são abertos aos visitantes, segundo
os guias, não são fechados apenas por conta dos
perigos naturais. Alguns pontos teriam forte
atividade fantasmagórica, que eles evitam passar,
pois muitas vezes sombras aparecem na espreita,
barulhos de sinos e batidas poderiam gerar medos e
euforias, o que poderia levar a acidentes e
transformar um passeio feliz e em uma experiencia
perturbadora, afastando o turismo. “fantasmas
apegados a riquezas que afugentam os forasteiros”.
As colunas de pedras da mina alcançam em
média 120 metros de profundidade. É uma das
maiores minas do mundo. Em certo momento da
descida, um grande espelho d’água se apresenta,
sendo possível um mergulho com uma equipe
credenciada da empresa. Mesmo hoje são
encontradas ferramentas e equipamentos usados
pelos escravos do século XIX.

103
CEMITÉRIO DO GAVIÃO
(São Luís, MA)

Nascida em 1793, Ana Jansen foi uma


mulher sagaz e muito a frente de seu tempo. Casou-
se duas vezes com ricos e poderosos, acumulando
suas riquezas. Abriu um jornal e entrou para a
política, e logo foi apelidada como a Rainha do
Maranhão, onde morava na capital, São Luís.
Dona de muitos escravos, Ana Jansen agia
com crueldade, sua autoridade era extrema, ao
ponto de mandar arrancar todos os dentes de uma
escrava, pois julgava que ela tinha “um belo
sorriso”. Relatos apontavam que em sua antiga
propriedade, uma vala serviu para um tumulo
coletivo com mais de 100 escravos, mortos de forma
desumana.
Enterrada no cemitério do Gavião, onde
ocorrem atividades sobrenaturais como gritos de
dor e barulhos que seriam de uma carruagem, levam
a crença popular de que se trataria de Ana, um
espírito perturbado e condenado a pagar por todo o
104
sofrimento que causou. Alguns afirmam, que em
algumas noites de quinta-feira, partindo do
cemitério com sua carruagem de cavalos sem
cabeça, aterrorizando as imediações do local com
seus gritos de agonia.

105
CASA DAS SETE MORTES
(Salvador, BA)

Antigo casarão de 1756, Pelourinho, foi


marcado por uma série de mortes trágicas de
assassinatos misteriosos, que encheram o local com
densa energia espiritual.
Naquele mesmo ano de 1756, foram
mortos 11 a facadas na casa, o padre Manuel de
Almeida Pereira, dois escravos e um trabalhador
livre. O assassino nunca foi descoberto. Alguns
anos mais tarde, outras mortes ocorreram, três
pessoas da mesma família, foram supostamente
envenenadas por uma criada. Assim completando as
7 mortes.
Moradores da região, relatam histórias de
barulhos a noite e veem vultos caminhando dentro
do imóvel em forma enevoadas, batendo as janelas
e sussurrando. Por dentro ouvem-se passos pelos
cômodos.

11
Esta fatalidade está registrada no Arquivo Público da Bahia.
106
LUGARES MAL ASSOMBRADOS

RIO DE JANEIRO

• Central do Brasil: Relatos de passageiros


descendo de trens que não existiam com roupas de
1920.
• Fortaleza de Santa Cruz da Barra em Niterói:
Serviu de presídio durante o Golpe de 64. Ouve-se
gemidos e choros.
• Campo de Santana: Dizem que no período
colonial, os nobres usavam o local para
resolverem suas desavenças em duelos mortais.
Repleto de lendas e mistérios, o local, seria
visitado por fantasmas, que duelam durante as
madrugadas.
• Biblioteca Nacional: repleta de histórias de
pessoas que viram vultos ou ouviram barulhos
estranhos. além de fantasmas lendo livros de
manhã cedo, quando ela abre.
• Museu Histórico Nacional: local onde Tiradentes
foi esquartejado em seus calabouços.

107
• Teatro Municipal de Niterói: seguranças relatam
homens translúcidos, altos e magros andando pelo
palco de madrugada.
• Teatro Municipal do rio de janeiro: um dos
fantasmas que circulam pelo local, seriam além de
cantores e bailarinas antigos, o do escritor e poeta
Olavo Bilac. em um antigo programa, uma
médium o teria identificado, recitando uma de
suas poesias.
• Museu Nacional da Quinta da Boa Vista: com a
morte da imperatriz Leopoldina, em 1826, há
relatos sobre suas aparições nos seus antigos
aposentos.
• Antiga Santa Casa, Cascadura
• Casa de Duque de Caxias
• Pedra da Gávea
• Rua 28 de Setembro
• Fundação Oswaldo Cruz

108
BELO HORIZONTE, MG
• Cemitério do Bonfim
• Palácio da Liberdade
• As ruas do centro de Belo Horizonte
• A rua do Ouro
• Viaduto Santa Tereza
• Ruas da Savassi
• A quadra do Vilarinho

SÃO PAULO
• Cemitério da Consolação
• Theatro Municipal
• Viaduto do Chá
• Largo São Francisco
• Praça da Sé
• Liberdade
• Palácio da Justiça
• Pateo do Collegio
• Edifício Martinelli
• Edifício Andraus
• Castelo da Apa

109
RIO GRANDE DO SUL
• Casa do Morro em Cruzeiro do Sul
• Triunfo (o fantasma de Bento Gonçalves)
• Rio Grande de São Pedro (o fantasma de Moron)
• Museu do Gruppeli em Pelotas (o fantasma do
parafuso)
• Igreja Nossa Senhora das Dores em Porto Alegre
• Castelinho do Alto da Bronze em Porto Alegre
• Museu Júlio de Castilhos em Porto Alegre
• Casa assombrada em Novo Hamburgo
• Casa Charqueada São João em Pelotas

110
LISTA DE FIGURAS

FIGURA I – O Alienígena. Gratuita Canva ............... 09


FIGURA II – Im. de macrovector_official. Freepik.com
..................................................................................... 14
FIGURA III – Ghost. Im. gratuita. Canva .................. 17
FIGURA IV – Carteira Escolar. OpenClipart-Vectors
por Pixabay ................................................................. 21
FIGURA V – Poste. Im. de OpenClipart-Vectors por
Pixabay ........................................................................ 25
FIGURA VI – Imagem de devushka_prizrak.
www.Gde-Fon.com .................................................... 27
FIGURA VII – Imagem de Gordon Johnson por
Pixabay ....................................................................... 31
FIGURA VIII – GhostHorse. Imagem de
Jenniferard2050. Deviantart ....................................... 33
FIGURA IX – Dreamcatcher, Royaltyfree. Fotografia
De Stock ..................................................................... 37
FIGURA X – Banner de halloween. Kjpargeter.
Freepik.com ................................................................ 40
FIGURA XI – Im. de BedexpStock por Pixabay ....... 43
FIGURA XII – Im. de blende12 por Pixabay .... 47
FIGURA XIII – https://br.vector.me/ ................ 57
FIGURA XVI – Im. de titosart. Depositphotos ... 60

111
BIBLIOGRAFIA

ALVARADO, C.S. Avaliações psicológicas de sujeitos


poltergeist. Revista Brasileira de Parapsicologia nº 2, pp.
32-36, São Paulo, SP, 1993.

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ALVARADO, Carlos. Fenômenos psíquicos e o


problema mente-corpo: notas históricas sobre uma
tradição conceitual negligenciada. Rev. psiquiatr. clín.
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ALVARADO, Carlos; Machado, F. R.; Zingrone, N. &


Zangari, W. (2007). Perspectivas históricas da influência
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BUCKLEY, W. (1976) A Sociologia e a moderna Teoria


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pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências
da Religião na Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo.

120
BIOGRAFIA

Marcelo Gomes dos


Santos nasceu na cidade
do Rio de Janeiro, no dia
2 de julho de 1983.
Desde cedo, já mostrava
interesse pela literatura
expressa pelos quadrinhos de super-heróis, onde
mais tarde escreveria suas próprias histórias de
aventuras para cenários fictícios de jogos de RPG
onde se divertia com seus amigos de escola.
Ingressou no colégio Santa Úrsula, onde fez os
estudos do fundamental e médio.

Atualmente residindo na cidade de Niterói-


RJ, o professor e filósofo pós graduado em língua
portuguesa e literatura, embrenhou-se em concursos
literários com seu pseudônimo Marcelo Sophos.
Obteve sucesso com o conto A REVOLTA DAS
PRINCESAS, lançado numa coletânea
internacional de contos com protagonistas

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femininas FEMINAL pela EDITORA ASES DA
LITERATURA (agosto 2021). Teve seu conto A
PESTE, lançado para ebook na obra NADA É O
QUE PARECE, pela Equipe CARREIRA
LITERÁRIA (23 novembro 2021). Na área da
poesia teve publicado o poema SOMBRAS SEM
FIM, para compor a antologia poética POETIZE
2022 SELEÇÃO POESIA BRASILEIRA da
VIVARA EDITORA NACIONAL (2022) e o
poema BALADA DE CARAVANA, publicado na
seleção antológica POESIA LIVRE 2022
SELEÇÃO POESIA BRASILEIRA da VIVARA
EDITORA NACIONAL (2022).

Como editor da coluna O Conto do Vigário


pela revista eletrônica REVISTA MENÓ, publicou
os contos: CHEIRO DA BRISA (2021) e OS
ALIENÍGENAS E O PINGUIM (2022). Ainda
estão sendo produzidas novas poesias, contos de
horror e futuramente o lançamento de abertura das
Crônicas de Eora, a obra A Caçada dos Irmãos, um
livro de aventuras num universo de fantasia épica.
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