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O BURRO TRAPACEIRO

Há muitos anos, moravam num mesmo curral, um burro, um boi e um cordeiro. Embora pela manhã
os três tivessem que trabalhar muito, à tarde podiam descansar à vontade no curral, pois o dono os tratava
muito bem.
Que fazer durante as horas livres? Resolveram passar as tardes jogando cartas ou dados. Quem
ganhasse, podia dormir no melhor estábulo. Como se pode imaginar, os três jogavam com o maior afinco.
O burro era um grande trapaceiro. Ganhava todas as partidas e, por isso, dormia sempre no melhor
estábulo. O boi e o cordeiro começaram a desconfiar dele. Para terem certeza de suas suspeitas, fizeram
uma pequena cruz em todas as cartas.
Quando o burro voltou a ganhar, na partida seguinte, os amigos lhe pediram:
— Mostre-nos suas cartas, amigo! — disse-lhe o cordeiro.
— Isso, as suas cartas! — apoiou o boi.
— Estão insinuando que eu estou fazendo trapaça? — perguntou o burro, meio sem jeito.
De nada adiantou negar. Teve de mostrar as cartas que tinha posto sobre a mesa. Nenhuma delas
estava marcada com uma cruz. Quer dizer, não pertenciam ao baralho e o burro tinha-as tirado da manga.
Assim, os dois puderam comprovar suas suspeitas. Realmente há muito tempo o burro os estava
enganando.
Desde essa tarde, não voltaram a jogar com ele, pois haviam perdido totalmente a confiança. E
passaram a se revezar na utilização do melhor curral.

Disponível em: <https://metaforas.com.br/infantis/2018-06-02/o-burro-trapaceiro.htm>.

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SETE DICAS PARA NÃO SER ENGANADO


1. Preste atenção aos elogios fáceis e constantes
Todos nós possuímos habilidades e qualidades únicas e graças a elas, conquistamos naturalmente as
pessoas e a admiração delas. Mas, quando os elogios ultrapassam o limite e ganha segundas intenções,
devemos ficar atentos.
2. Evite dar muitos detalhes de sua vida
Quando nos expomos demais, acabamos revelando detalhes preciosos da nossa vida que mereciam uma
atenção e sigilo maiores.
3. Não seja impulsivo
Jamais se comprometa com alguma coisa sem antes pensar bem nas consequências. Isso porque a
impulsividade pode causar arrependimentos posteriores de uma situação que poderia ter sido evitada.
4. Aprenda a ser cético
Desconfiar e questionar sempre, não podemos acreditar em tudo que nos dizem sem antes refletir sobre o
assunto. Jamais deixe que alguém abuse de sua ingenuidade para tirar algum proveito.
5. O barato que sai caro
Entenda que nessa vida nada é de graça. Qualquer coisa que vem com extrema facilidade possui um preço
e devemos nos atentar a isso. Sempre desconfie de oportunidades imperdíveis.
6. Faça com que as pessoas ganhem sua confiança
Quando confiamos rapidamente em alguém corremos o risco de que se aproveitem de nós. Essa facilidade
em nos acessar permite que nos enganem com algo que não é positivo para nós. Dê tempo para que um
vínculo de confiança seja estabelecido.
7. Credibilidade
Sempre procure saber sobre a credibilidade de algo ou alguém. Tente o máximo que puder captar
informações verídicas sobre algo que está sendo passado para você. Sobre as notícias, por exemplo,
procure saber da origem dela da forma que puder. Dessa forma, evitará que seja conduzido por interesses
de terceiros.
A CIGARRA E A FORMIGA – VERSÃO DE ESOPO
Num belo dia inverno as formigas estavam tendo o maior trabalho para secar suas reservas de
comidas. Depois de uma chuvarada, os grãos tinham ficado molhados. De repente aparece uma cigarra:
– Por favor, formiguinhas, me deem um pouco de comida!
As formigas pararam de trabalhar, coisas que era contra seus princípios, e perguntaram:
– Mas por quê? O que você fez durante o verão? Por acaso não se lembrou de guardar comida para
o inverno?
Falou a cigarra:
– Para falar a verdade, não tive tempo. Passei o verão todo cantando!
Falaram as formigas:
– Bom... Se você passou o verão todo cantando, que tal passar o inverno dançando?
E voltaram para o trabalho dando risadas.
MORAL DA HISTÓRIA: Os preguiçosos colhem o que merecem.

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A CIGARRA E A FORMIGA – VERSÃO DE MONTEIRO LOBATO


Houve uma jovem cigarra que tinha o costume de chiar ao pé do formigueiro. Só parava quando
cansadinha; e seu divertimento era observar as formigas na eterna faina de abastecer as tulhas.
Mas o bom tempo afinal passou e vieram as chuvas. Os animais todos, arrepiados, passavam o dia
cochilando nas tocas.
A pobre cigarra, sem abrigo em seu galhinho seco e metida em grandes apuros, deliberou
socorrer-se de alguém. Mancando, com uma asa a arrastar, lá se dirigiu para o formigueiro. Bateu –
tique, tique, tique...
Aparece uma formiga friorenta, embrulhada numa manta de tecido.
— Que quer? – perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir.
— Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...
A formiga olhou-a de alto a baixo.
— E que fez durante o bom tempo que não construiu a sua casa?
A pobre cigarra, toda tremendo, respondeu depois dum acesso de tosse.
— Eu cantava, bem sabe...
— Ah!... Exclamou a formiga, recordando-se. Era você então que cantava nessa árvore enquanto
nós trabalhávamos para encher as tulhas?
— Isso mesmo, era eu...
Pois entre, amiguinha! Nunca poderemos esquecer as boas horas que sua cantoria nos
proporcionou. Aquele chiado nos distraía e aliviava o trabalho. Dizíamos sempre: que felicidade ter como
vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga, que aqui terá cama e mesa durante todo o mau tempo.
A cigarra entrou, sarou da tosse e voltou a ser a alegre cantora dos dias de sol.
Vocabulário:
Faina: trabalho que se faz contínua e permanentemente.
Tulha: Casa ou compartimento onde se depositam ou guardam cereais em grão.

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GERAÇÃO DO CELULAR
O uso do celular é considerado atualmente o maior entretenimento dos brasileiros, tem ocupado
quase a metade das horas vagas da população e especialistas confirmam que as pessoas estão viciadas.
Os usuários não usam o celular ou a internet apenas para olhar uma mensagem ou outra, e sim, ficam
vidrados o dia inteiro, seja na rua, na praça, com os amigos e até mesmo no trabalho. As pessoas precisam
aprender ter maiscontato com o mundo real.
As crianças estão passando horas do seu tempo livre em frente ao computador ou no celular em
jogos que poderiam ser utilizadas para uma leitura de bons livros ou para uma conversa com os amigos.
Adultos chegam do trabalho já vão conferir as últimas atualizações dos aplicativos de relacionamentos e até
idosos estão aderindo à nova tecnologia. A cultura da população está mudando e isso preocupa.
Acredito que as redes sociais foram criadas para que nós tivéssemos mais contato com as pessoas,
mas está totalmente ao contrário. O que veio para aproximar, acabou afastando. As redes sociais estão
fazendo as pessoas antissociais umas com as outras. A comunicação que prevalece é a virtual e a prática
de boas atitudes humanas, como o “bom dia”, “por favor”, são raros.
Temos que incentivar às crianças, aos adolescentes e até aos adultos a se desconectarem do mundo
virtual para se conectarem com o mundo real. Deixar o celular desligado quando estiver em família, curtir
um passeio sem tantas selfies e dar preferência ao bate-papo olho-no-olho são situações que fortalecerão
o relacionamento e o amor.
Inaê Soares da Silva

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QUINO, O ‘PAI’ DA MAFALDA
O cartunista argentino Joaquin Salvador Lavado, o Quino, foi o criador da personagem Mafalda, uma
menininha questionadora, que amava os Beatles e odiava sopa, guerras e desigualdades sociais.
Nascido em 17 de julho de 1932, em Mendoza, na Argentina, Quino era filho de imigrantes
espanhóis. Desde criança, sempre gostou de desenhar e sua carreira começou em 1950, desenhando para
publicidade e colaborando com algumas páginas de humor. Ele publicou sua primeira tirinha aos 22 anos e
o primeiro livro, “Mundo Quino”, aos 31.
Sua personagem mais famosa, Mafalda, foi concebida em 1963, em tirinhas que ilustravam uma
campanha publicitária que nunca foi ao ar, mas que a revista “Primera Plana” aceitou publicar. Foi um grande
sucesso! A menina de seis anos filosofava sobre a vida, questionava a situação política de seu país, criticava
as guerras e se opunha às injustiças. E, claro, como toda criança da sua idade, brincava muito com seus
amiguinhos (muitos deles, inspirados em amigos de infância do próprio Quino).
Pelo teor crítico de suas tirinhas, Quino nunca considerou Mafalda uma personagem infantil. Mas a
pequena argentina conquistou e conquista até hoje leitores de todas as idades! Suas histórias foram
traduzidas para mais de 35 idiomas, sendo comparadas com as tirinhas da Turma do Snoopy e da Turma
da Mônica, em popularidade. Pelo conjunto de sua obra – e, claro, pelas tirinhas de sua personagem mais
famosa – Quino recebeu muitas premiações importantes, como o Prêmio Príncipe de Astúrias de
Comunicação e Humanidades e a Medalha da Ordem e Letras da França. Quino faleceu no dia 30 de
setembro de 2020, aos 88 anos, deixando personagens memoráveis e muita saudade!

Disponível em: <plenarinho.leg.br – Câmara dos Deputados>.


O DONO DA BOLA – Esta reunião é para resolver o caso do
Carlos Alberto. Cada vez que ele se zanga,
O nosso time estava cheio de amigos. O
carrega a bola e acaba com o treino.
que nós não tínhamos era a bola de futebol. Só
Carlos Alberto pulou, vermelhinho de raiva:
bola de meia, mas não é a mesma coisa.
– A bola é minha, eu carrego quantas
Bom mesmo é bola de couro, como a do
vezes eu quiser!
Caloca. Mas, toda vez que nós íamos jogar com
– Pois é isso mesmo! – disse o Beto,
Caloca, acontecia a mesma coisa. E era só o juiz
zangado. – É por isso que nós não vamos ganhar
marcar qualquer falta do Caloca que ele gritava
campeonato nenhum!
logo:
– Pois, azar de vocês, eu não jogo mais
– Assim eu não jogo mais! Dá aqui a minha
nessa droga de time, que nem bola tem.
bola!
E Caloca saiu pisando duro, com a bola
– Ah, Caloca, não vá embora, tenha
debaixo do braço.
espírito esportivo, jogo é jogo…
Aí, Carlos Alberto resolveu jogar bola
– Espírito esportivo, nada! – berrava
sozinho. Nós passávamos pela casa dele e
Caloca. – E não me chame de Caloca, meu nome
víamos. Ele batia bola com a parede. Acho que a
é Carlos Alberto!
parede era o único amigo que ele tinha. Mas eu
E assim, Carlos Alberto acabava com tudo
acho que jogar com a parede não deve ser muito
que era jogo.
divertido. Porque, depois de três dias, o Carlos
A coisa começou a complicar mesmo,
Alberto não aguentou mais. Apareceu lá no
quando resolvemos entrar no campeonato do
campinho.
nosso bairro. Nós precisávamos treinar com bola
– Se vocês me deixarem jogar, eu
de verdade para não estranhar na hora do jogo.
empresto a minha bola.
Mas os treinos nunca chegavam ao fim. Carlos
Carlos Alberto estava outro. Jogava
Alberto estava sempre procurando encrenca:
direitinho e não criava caso com ninguém. E,
– Se o Beto jogar de centroavante, eu não
quando nós ganhamos o jogo final do
jogo!
campeonato, todo mundo se abraçou gritando:
– Se eu não for o capitão do time, vou
– Viva o Estrela-d’Alva Futebol Clube!
embora!
– Viva!
– Se o treino for muito cedo, eu não trago
– Viva o Catapimba!
a bola!
– Viva!
E quando não se fazia o que ele queria, já
– Viva o Carlos Alberto!
sabe, levava a bola embora e adeus, treino.
– Viva!
Catapimba, que era o secretário do clube,
Então o Carlos Alberto gritou:
resolveu fazer uma reunião:
– Ei, pessoal, não me chamem de Carlos
Alberto! Podem me chamar de Caloca!
Ruth Rocha

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FUTEBOL NA RAÇA
Criado na Inglaterra em 1863, ele desembarcou no Brasil 31 anos depois, na forma de uma bola
trazida debaixo do braço pelo estudante paulista Charles Miller. Chegou elitista, racista e excludente.
Quando se organizaram os primeiros campeonatos, lá pelo começo do século, era esporte de branco, rico,
praticado em clubes fechados ou colégios seletos. Negros e pobres estavam simplesmente proibidos de
chegar perto dos gramados, mas mesmo à distância, perceberam o jogo e deles se agradaram.
Estava ali uma brincadeira feita sob medida para pobre. Não exige equipamento especial além de um objeto
qualquer que possa ser chutado como se fosse bola. Pode ser praticado na rua, no pátio da escola, no fundo
do quintal. O número e o tipo de jogador dependem apenas de combinação entre as partes. Jogam o forte
e o fraco, o baixinho e o altão, o gordo e o magro. (…)
Maurício Cardoso. Revista Veja.
O HOMEM QUE ESPALHOU O DESERTO se importavam, estavam em vias de vendê-los para
fábricas ou imobiliárias e precisavam de tudo limpo
Quando menino, costumava apanhar a
mesmo.
tesoura da mãe e ia para o quintal, cortando folhas
E o homem do machado descobriu que podia
das árvores. Havia mangueiras, abacateiros,
ganhar a vida com o seu instrumento. Onde quer que
ameixeiras, pessegueiros e até mesmo
precisassem derrubar árvores, ele era chamado.
jabuticabeiras. Um quintal enorme, que parecia uma
Não parava. Contratou uma secretária para
chácara e onde o menino passava o dia cortando
organizar uma agenda. Depois, auxiliares. Montou
folhas. A mãe gostava, assim ele não ia para a rua,
uma companhia, construiu edifícios para guardar
não andava em más companhias. E sempre que o
machados, abrigar seus operários devastadores.
menino apanhava o seu caminhão de madeira
Importou tratores e máquinas especializadas do
(naquele tempo, ainda não havia os caminhões de
estrangeiro. Mandou assistentes fazerem cursos nos
plástico, felizmente) e cruzava o portão, a mãe corria
Estados Unidos e Europa. Eles voltaram peritos de
com a tesoura: tome, filhinho, venha brincar com as
primeira linha. E trabalhavam, derrubavam. Foram
suas folhas. Ele voltava e cortava. As árvores
do sul ao norte, não deixando nada em pé. Onde
levavam vantagem, porque eram imensas e o
quer que houvesse uma folha verde, lá estava uma
menino pequeno. O seu trabalho rendia pouco,
tesoura, um machado, um aparelho eletrônico para
apesar do dia-a-dia, constante, de manhã à noite.
arrasar.
Mas o menino cresceu, ganhou tesouras
E enquanto ele ficava milionário, o país se
maiores. Parecia determinado, à medida que o
transformava num deserto, terra calcinada. E então,
tempo passava, a acabar com as folhas todas.
o governo, para remediar, mandou buscar em Israel
Dominado por uma estranha impulsão, ele não
técnicos especializados em tornar férteis as terras do
queria ir à escola, não queria ir ao cinema, não tinha
deserto. E os homens mandaram plantar árvores. E
namoradas ou amigos. Apenas tesouras, das mais
enquanto as árvores eram plantadas, o homem do
diversas qualidades e tipos. Dormia com elas no
machado ensinava ao filho a sua profissão.
quarto. (…)
Ignácio de Loyola Brandão
Só que, agora, ele era maior e as árvores
começaram a perder. Ele demorou apenas uma
semana para limpar a jabuticabeira. Quinze dias
para a mangueira menor e vinte e cinco para a maior.
Quarenta dias para o abacateiro que era imenso,
tinha mais de cinquenta anos. E seis meses depois,
quando concluiu, já a jabuticabeira tinha novas
folhas e ele precisou recomeçar.
Certa noite, regressando do quintal agora
silencioso, porque o desbastamento das árvores
tinha afugentado pássaros e destruído ninhos, ele
concluiu que de nada adiantaria podar as folhas.
Elas se recomporiam sempre. É uma capacidade da
natureza, morrer e reviver. Como o seu cérebro era
diminuto, ele demorou meses para encontrar a
solução: um machado.
Numa terça-feira, bem cedo, que não era de
perder tempo, começou a derrubada do abacateiro.
Levou dez dias, porque não estava habituado a
manejar machados, as mãos calejaram, sangraram.
Adquirida a prática, limpou o quintal e descansou
aliviado.
Mas insatisfeito, porque agora passava os
dias a olhar aquela desolação, ele saiu de machado
em punho, para os arredores da cidade. Onde
encontrava árvore, capões, matos atacava, limpava,
deixava os montes de lenhas arrumadinhos para
quem quisesse se servir. Os donos dos terrenos não
OS CISNES SELVAGENS com teus pés até que se desprendam fibras, com as
quais deverás tecer onze túnicas. Durante todo o
Havia um rei que tinha onze filhos e uma filha
tempo que este trabalho durar, não poderás
chamada Elisa. Ao ficar viúvo, pensou em se casar
pronunciar uma só palavra, pois, do contrário, graves
outra vez e, de fato, contraiu matrimônio com uma
desgraças recairão sobre os teus irmãos. Por último,
perversa mulher, que, logo, começou a odiar os
quando as túnicas estiverem prontas, atirarás cada
enteados. Maltratava-os dia e noite e tornava-lhes
uma num dos cisnes-príncipes e eles votarão a ser
impossível à vida no palácio.
homens para o resto da vida."
Um dia, a rainha mandou a pequena Elisa ao
Na manhã seguinte, Elisa, lembrando-se do
campo, para que vivesse com os camponeses e
sonho que teve, começou o penoso trabalho que a
conseguiu que uma bruxa transformasse os meninos
fada lhe ordenara.
em cisnes. Passaram-se os anos. Elisa, que se
Um dia, quando estava sozinha na gruta, a
tornara uma belíssima donzela, voltou ao palácio.
tecer as túnicas, ouviu ressoar no bosque os sons de
A madrasta, vendo-a tão formosa e
trombetas de caçar e ladrar de cães. Pouco depois,
inteligente, colocou-lhe na água do banho três
um grupo de caçadores surgiu entre as árvores.
sapos, para que se transformasse em moça feia,
O rei do país, que fazia parte da turma de
estúpida e má. Mas a bondade de Elisa era tamanha
caçadores, ficou impressionado com a beleza de
que os três horríveis bichos, ao seu contato, se
Elisa e decidiu casar-se com ela, embora não
converteram em três lindas rosas.
conseguisse nenhuma resposta às perguntas, que
A madrasta, enraivecida, untou com uma
lhe dirigiu.
pasta negra o rosto e o corpo da princesinha e
Levou-a para o palácio, com ela se casando
prendeu-lhe completamente os cabelos.
já no dia seguinte. Feita rainha, Elisa continuava
Transformou-a de tal maneira que o pai imaginou
tecendo as túnicas sem proferir uma única palavra,
que era uma impostora e expulsou-a do reino.
até que, afinal, todos acreditaram que era muda.
Fora do palácio, Elisa dedicou-se a procurar
Alguns cortesãos, invejosos do amor que o
seus irmãos. Caminhava o dia inteiro, alimentava-se
rei sentia por ela, foram dizer-lhe que a rainha não
com frutos silvestres e passava a noite dormindo
passava de uma feiticeira. Certa noite, enquanto a
embaixo de uma árvore qualquer.
infeliz soberana havia descido ao jardim para colher
Afinal, chegou a um grande rio. O sol estava
urtigas, o rei a viu e, pensando que estava colhendo
se pondo e a jovem viu chegarem à margem da
ervas maléficas, convenceu-se de que ela era
corrente onze cisnes alvíssimos, que possuíam cada
mesmo uma bruxa.
qual a sua coroa de ouro.
Embora muito magoado, entregou-a ao
As aves pousaram perto dela, batendo as
julgamento do povo. Este condenou a suposta
grandes asas e, no momento exato em que o sol
feiticeira a morrer queimada. A infeliz moça não
desaparecia no horizonte, transformaram-se em
deixou escapar nenhuma palavra ou suspiro para
onze belos rapazes.
mostrar sua inocência e, na escura prisão onde tinha
Eram seus irmãos, que a abraçaram e lhe
sido encarcerada, continuava tecendo as túnicas.
contaram a magia feita contra eles pela bruxa, por
Elisa continuou seu trabalho de fazer as
ordem da madrasta e em virtude da qual só
túnicas em silencio também na própria carruagem
readquiriam a forma humana depois do por do sol.
em que ia sendo conduzida para a morte.
"Amanhã, iremos a um país distante", disse
Quando, porém, atravessava uma ponte que
o mais velho, "e tu irás conosco."
levava ao lugar da fogueira, a jovem, que havia,
Passaram a noite tecendo uma rede com a
então, terminado as onze túnicas, viu os brancos
casca do salgueiro e as varinhas de juncos. Quando
cisnes, que nadavam lá embaixo, no rio.
amanheceu, colocaram Elisa e, sustentando com o
Proferindo, então, exclamações de júbilo,
bico as bordas da rede, saíram voando.
jogou as túnicas sobre as onze aves. Estas, no
Após muitas horas, chegaram ao longínquo
mesmo instante recuperaram sua figura humana e
país, entraram numa gruta no meio de um bosque e
foram explicar tudo ao rei.
ficaram dormindo. Só Elisa vigiava, rogando a Deus
Elisa, que havia desmaiado de emoção,
o meio de salvar os irmãos.
abriu os olhos, viu-se amparada nos braços de seu
Apenas fechou os olhos, apareceu-lhe em
real esposo e rodeada por onze irmãos, que a
sonho belíssima fada, que lhe disse:
levaram triunfalmente para o palácio real.
"Para libertares teus irmãos do feitiço, tens
que colher todas as urtigas que puderes, esmagá-las Hans Christian Andersen

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