Você está na página 1de 3

Assim começam as duas páginas de lixo!

Tá bom, vou escrever todo o lixo que está na minha


cabeça pra poder esvaziá-la. A coisa que está me incomodando é a carne dos meninos. Acho
que devia ir comprar agora mesmo, antes do almoço. Se bem que já tá quase na hora do
almoço. Vou continuar na minha programação normal e incluir essa saída de compras. Na
verdade, quando acabar aqui eu vou lá. É melhor.

Estava pensando sobre encontrar o alê e a heloísa pra tomar um café e conversar. Contar a
aventura do tijolo ecológico. Queria viajar sozinha, poder comprar a passagem mais barata e
sair por aí livre. O Terror ainda vara minha cabeça de tempos em tempos, quase como um
conforto, um pensamento anestésico. Não sei muito o que fazer com ele, mas está passando.
Eu acho.

Estou pensando muito emagrecer, arrumar o cabelo, fazer plásticas e tratamentos estéticos,
comprar roupas, depilação, unhas. Estou com medo de envelhecer. E medo de estar ficando
mais feia a cada dia. Acho que me descuidei nos últimos anos.

Aparentemente estou formada. Estou morrendo de vergonha de me formar. Vou fazer tudo o
mais discretamente possível. Mas aí lembro daquela frase que diz alguma coisa sobre
gerenciar sua própria persona ser a raiz dos males da vida.

Estou feliz com a nova arrumação que fiz no quarto. Feliz de estar na latente fase de
planejamento pós fundo do poço, ambiciosa, dedicada. É bom. Espero que depois desses dois
meses disciplinados alguma coisa mude, alguma coisa ande. Preciso trabalhar, ser útil, fazer
um dinheiro. Pelo menos 20k até o fim do ano, não sei como. Trabalhos pingam e não ligo
muito pra eles. Não gosto. Pensei em levar a edição a sério de novo. Fazer um plano de
portfólio e levar pra frente. Retomar as vendas de coisas. Aquele bico da graton. Coisas assim.
Será que continuo tomando a bupropiona? Não sei. Fato é que minha próxima ida ao
psiquiatra vai ser desenganada. Acabei de sair de um episódio de depressão bem feio. Dessa
vez cheguei muito perto das vias de fato. Pensando em suicídio o tempo todo. Nunca tive uma
constante. Nem em emprego, nem na rotina do dia-a-dia, nem nas minhas poucas amizades.

Queria conversar com a maju sobre o medo de tomar antidepressivo e ficar maníaca. Queria
sair com meus amigos antigos, ir na casa do jaccoud e beber cerveja e cantar e dançar danças
esquisitas. Queria também voltar a usar o instagram, tirar umas fotos, ir postando, me divertir
afinal com essa parada toda. Acho que o plano é selecionar umas referências, arrumar uma
câmera e uns acessórios, tirar várias fotos de uma vez e ir postando, depois arrumar um celular
melhor e ir tirando fotos organicamente.

Ah, uma coisa importante: essa semana tive um estalo sobre esse negócio de roteirista. Se eu
não aprender produção executiva, vou morrer na praia. Tenho que estudar essa parada e tirar
ceac logo, inclusive vou incluir na lista de tarefas. Aquela mulher ganhou um longa pela ancine
e foi o primeiro projeto da vida dela. Se precisar abrir empresa eu abro empresa. Falo com
helena Gabriel Larissa e até Alisson se precisar.

Breve pausa pra tentar adicionar senha à pasta-árvore. Eu tenho que parar de fumar. 30 de
junho parece bom. Acho que tudo bem trocar a ordem do que faço às vezes. Né? Estou
ruminando isso. A verdade é que minha prioridade não está muito bem definida. Ontem
pensei em escrever uma fanfiction. Tipo uma história sobre uma menina que se acha muito
inteligente e vira uma fracassada de primeira e todo tipo de maluquice acontece na vida dela,
tudo culpa dela mesma, até que ela decide mudar de vida e recomeçar, e sua única arma é a
atenção plena, que nem sempre está disponível.
As histórias que ando pensando estão sempre em segundo plano na minha cabeça. A arte
perdida nunca mais apareceu. Ando pensando na história da amanita muscaria, na menina que
se reencontra com sua família hippie. Mas nada muito bem pensado, só cenas. Tudo bem. A
estrutura vem por último. Tenho que decidir o que quero mostrar antes. Ir escrevendo blocos
de sensações pra organizar a narrativa depois. Estudar um pouco de roteiro também seria
bom.

Também tem o negócio do veganismo. Assisti um documentário e decidi comer menos carne,
já que eu nem gosto mesmo. Acaba que eu fico ressentida com o igor, porque nem sempre eu
tô afim de comer e termino comendo, aí culpo ele. Porque se tiver comida na mesa eu vou
comer, mesmo não gostando muito. Eu não queria que emagrecer estivesse no topo da minha
prioridade, queria que as histórias tivessem. Mas é o que é.

Pensei também, depois de assistir um documentário sobre um grupo de kpop iniciante, sobre
as pessoas brasil afora se degladiando rumo ao estrelato. Nesse documentário tinha uma cena
em que as meninas brincam e gritam enquanto a câmera mostra outra coisa e eu gostei muito
disso. Meninas brincando e gritando. Mas não sei onde usar.

Aquele papo de descobrir sua identidade artística nunca se concretizou. Não sei se vou insistir
nisso. O que sei é que gosto de narração descompromissada, tragédia e bagaceira se
entremeando, violência patética, meninas bonitas e suas jornadas no mundo, gente pobre e
ambiciosa, o mundo sertanejo e o mundo das unhas de acrigel. Coisas assim. Visualmente eu
gosto da cor da noite e de qualquer coisa abstrata que a luz faça. Também gosto muito, muito
de desenho. Mais do que de live action.

Acho que fazer um curso de desenho seria bom. Fazer projetos pequenos de animação, mas aí
eu preciso animar um básico. Encontrar um parceiro de trabalho. Como é difícil terminar essas
duas páginas! Tem muito lixo na minha cabeça. Acho que agora eu preciso ficar calma e confiar
no processo. As coisas vão se ajustando aos poucos. O único jeito de comprar uma casa do
jeito que eu quero é ganhando 30mil por mês durante 10 anos, então tenho que começar em
algum lugar. Como vou ganhar 360mil por ano? 5 projetos de 72mil. 5 coisas de 72mil. Como?
Como?

Agora vou me arrumar, falar com igor, ir no mercado, na farmácia, ir na obra e voltar pra casa
pro resto do meu dia. E pra terminar essas duas páginas vou escrever uma historinha: era uma
vez uma abobrinha que morava na geladeira. Ela era vizinha da berinjela, do casal de cebolas e
de uma grande família de tomates-cereja. Um dia, a dona cebola saiu e voltou mutilada. Fim.

Queria uma bolsa cara, um jeans calvin ou levis, um sutiã calvin, várias camisetas do ebay e
coisas assim

Você também pode gostar