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7-13
8 – Conheço as tuas obras – eis que tenho posto diante de ti uma porta aberta, a
qual ninguém pode fechar, porque tens pouca força; entretanto guardaste a minha
palavra e não negaste o meu nome!
“Conheço as tuas obras”. De novo o ôida – conheço as tuas obras. Este “conhecer”
é para esta congregação de “pouca força” um grande consolo que a pode fortalecer,
especialmente em vista da porta aberta.
Esta figura da “porta aberta” é várias vezes usada no Novo Testamento para
oportunizar a missão cristã e a mensagem da graça em Cristo. Assim o apóstolo Paulo,
quando voltou de sua primeira viagem missionária a Antioquia, na Síria, relatou: “quantas
coisas fizera Deus com eles, e como abrira aos gentios a porta da fé”, At 14.27. Também
aos Coríntios ele escreve que ainda ia ficar em Éfeso, “porque uma porta grande e oportuna
para o trabalho se me abriu”, 1 Co 16.9 (Cf. também 2 Co 2.12; Cl 4.3).
Esta “porta” não se abre por si, nem pode ser forçada por qualquer esforço ou
iniciativa da parte de homens. Cristo afirma eu tenho posto diante de ti esta porta aberta.
Para esta verdade temos um belo exemplo em At 16.6ss, onde nos é relatado como o
Espírito Santo fechou a porta para as províncias de Ásia e Bitínia a Paulo, “impedindo”a
ele de “pregar a Palavra” lá, enquanto que o próprio Jesus abriu a porta para Macedônia,
revelando este fato por uma visão, At 16.9-10. E quando Cristo abre uma porta, então
ninguém a pode fechar , nem homens e nem o diabo. A única coisa nefasta que o homem
pode fazer é tornar-se negligente em entrar e por ela passar para a obra missionária. E no
dia derradeiro ninguém pode se desculpar, diante de Deus, dizendo que não teve
oportunidade de entrar por esta porta aberta. Na Filadélfia, esta porta era provavelmente a
porta aberta para os judeus da cidade (cf. v.9).
“...a qual ninguém pode fechar”. Parece que alguém ou alguma força estava ativa
para impedir essa obra de missão. É evidente que o diabo sempre tenta fechar as portas para
o evangelho da salvação e, sem dúvida, achava tanto para os pagãos como entre os judeus
pessoas prontas a ajudar nesta obra nefasta. Essa afirmação do Senhor é deveras
consoladora para a igreja de Filadélfia, porque Ele também reconhece: “que tens pouca
força”.
Parece que a igreja de Filadélfia foi, entre as sete, a menor em número. Apesar disso,
ela não precisa desanimar diante das muitas oportunidades para a missão que o Senhor lhe
abriu. E isso especialmente porque Ele pode testificar desta pequena congregação: apesar
de teres pouca força “guardaste a minha palavra e não negaste o meu nome”. O
essencial para a vida de uma igreja é “guardar a Palavra”. Isto, de acordo com Jesus, é uma
prova do amor, pois “se alguém me ama, guardará a minha Palavra”, Jo 14.23; e “se me
amais, guardareis os meu mandamentos”, Jo14.15. a igreja de Filadélfia tinha este amor
verdadeiro; pois, além de guardar a palavra de Cristo, ela também não se envergonhava de
seu nome, mas confessava-o e, apesar de todas as dificuldades, mesmo sendo pequena em
número, abertamente o confessava perante o mundo: “não negaste o meu nome”. Que belo
testemunho da parte daquele que afirma: “todo aquele que me confessar diante dos homens,
também eu o confessarei diante do meu Pai que está nos céus”, Mt 10.32. Assim, já
afirmava, na carta à igreja de Sardes, a respeito do “Vencedor”: “...confessarei o seu nome
diante de meu Pai e diante dos seus anjos”, Ap 3.5.
Uma igreja tal merece uma porta aberta a fim de poder, com toda a ousadia, confessar
o nome de Cristo além do seu próprio círculo. E é por isso que o Senhor abre para ela a
porta. Ainda mais:
9 – Eis farei que alguns dos que são da sinagoga de Satanás, desses que a si
mesmos se declaram judeus, e não são, mas sentem; eis que os farei vir e prostrar-
se aos teus pés, e conhecer que eu te amei.
Até agora, a porta aberta, o campo da evangelização para a igreja de Filadélfia, tinha
sido entre gentios. Agora, assim o promete o Senhor, uma porta se abre também entre os
judeus. Assim como em Ap 2.9, em Esmirna, os judeus são declarados como sendo “da
sinagoga de Satanás”. Em Esmirna, os cristãos foram perseguidos pelos judeus, que
“blasfemaram”. Até este ponto, os judeus de Filadélfia não tinham chegado. Apesar disso,
no entanto, são chamados de “Sinagoga de Satanás”. Os judeus afirmaram ser o
verdadeiro povo de Deus. E de fato eles já o foram uma vez. Mas porque lhes “faltava o
conhecimento” (Os 4.6), porque tinham rejeitado o Messias de Deus, perderam este
privilégio. Apesar de se declararem judeus, “Não mais o são, mas mentem”. Pois, como
constata o apóstolo Paulo, “... judeu é aquele que o é interiormente, é circuncidado de
coração, no espírito, não segundo a letra e cujo louvor não procede dos homens, mas de
Deus”, Rm 2.29. Depois de haverem rejeitado o Messias, não são mais “de Deus”, mas “da
sinagoga de Satanás”. Eles pertencem ao grande adversário de Deus. “Sinagoga” de Deus
agora é a igreja.
Mas agora vem a grande novidade: O Próprio Cristo, rejeitado pelos judeus, por graça
se intromete: “os farei vir e prostrar-se aos teus pés”. O próprio Cristo abrirá a porta. Ele
mesmo, o rejeitado, o “Santo, o Genuíno”, os fará vir; não para se prostrarem diante dos
cristãos, mas para que reconheçam que a igreja, e não mais a sinagoga dos judeus, é a
verdadeira casa de Deus. Fá-los-á reconhecer que não os judeus, mas sim os cristãos são os
amados de Deus. Eles virão juntar-se aos cristãos e, juntamente com eles, vão prostrar-se
aos pés daquele que prega o evangelho, a mensagem da graça também para os judeus. É
uma gloriosa vitória que Cristo dá a esta pequena e humilde igreja que lhe ficou fiel: os
outrora arrogantes e orgulhosos judeus, que antes desprezaram os cristãos, virão para se
unir a eles e, junto com eles, inclinar-se diante do verdadeiro trono de graça!
Além de tudo isto, o Senhor acrescenta mais uma promessa:
10 – Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei
na hora da provação, que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os
que habitam sobre a terra.
“Ao vencedor” - de novo uma promessa individual: cada cristão tem as suas próprias
lutas. Cada cristão, quando vence as suas próprias lutas, receberá o cumprimento da
promessa do Senhor. Nesta carta, a promessa está vestida numa figura marcante,
especialmente para Filadélfia. Essa cidade por situar-se numa região atingida, de vez em
quando, por terremotos, deixava atrás de si muitas ruínas. Entre as ruínas, o que se podia
ver como símbolo de firmeza eram as colunas que ficaram em pé, apesar do terremoto. Daí
a promessa marcante: “... fá-lo-ei coluna no santuário do meu Deus”, significando que ao
vencedor será dado ficar firme em todas as dificuldades, perseguições e tribulações; e isto,
o que é da maior importância, “no santuário do meu Deus”. Naós – “Santuário”, não
significa o templo em geral, mas sim, o lugar específico dentro do templo que era
considerado como sendo a moradia visível de Deus, o altar, como símbolo da presença de
Deus dentro do templo. E em referência à sua natureza humana, Cristo chama Deus de “o
meu Deus”, assim como já o tinha mencionado em Ap 3.2.
Esse “santuário” está no céu. Cristo, portanto, promete ao vencedor que, no céu,
ficará dentro do “santuário” de Deus, isto é, ficará na presença de Deus. Esse “santuário” de
Deus sempre de novo é mencionado no livro do Apocalipse, como sendo o lugar onde se
acham os santos, os vencedores, os filhos de Deus por Cristo; Ap 7.15: “...Sãqo estes os que
vêm da grande tribulação, lavaram suas vestiduras, e as alvejaram no sangue do Cordeiro,
razão por que se acham diante do trono de Deus e o servem de dia e de noite no seu
santuário...” (cf. também Ap 11.1,2,19; 14.15,17; 15.5,6,8; 16.1,17; 21.22).
Esta posição firme do vencedor como “coluna no santuário do meu Deus” lhe é
garantida pelo próprio Cristo que afirma: “...e daí jamais sairá”. A coluna fica onde está Já
aqui na terra o vencedor está com Deus. Sua gloriosa presença no céu, no santuário celestial
de Deus, lhe é garantida.
Como sinal de garantia absoluta, o vencedor recebe ainda um selo, e este é um selo
tríplice: “...gravarei também sobre ele o nome do meu Deus, o nome da cidade do meu
Deus..., e o meu novo nome”. Ele via receber do próprio Cristo a gravação de três nomes:
primeiro, “o nome do meu Deus”. O vencedor , com esse nome, pertence à família de
Deus. “Sois da família da Deus”, escreve Paulo aos Efésios, Ef. 2.19; somos seus “filhos”,
já aqui, 1 Jo 3.1; Gl 4.5-6; quanto mais no céu, onde os 144.000 têm nas frontes escrito o
seu nome ( o nome do Cordeiro) e o nome de seu Pai, Ap 14.1. O vencedor via receber, em
segundo lugar, “o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém que desce do céu,
vinda da parte do meu Deus”. A “Nova Jerusalém” – é este o novo endereço daqueles que
estão na presença de Deus, pois “a nossa pátria está nos céus”, Fp 3.20. Para o judeu fiel, da
Antiga Aliança, não existia cidade igual, na terra, à “antiga” Jerusalém. Alguns dos judeus
iam tornar-se cristãos pela graça de Deus. Daí em diante eles não deviam olhar para trás,
para a antiga Jerusalém, pois para eles haveria uma outra, infinitamente mais gloriosa, a
Jerusalém de cima, a morada de Deus e dos seus para toda a eternidade. Exata nova
Jerusalém ainda será descrita em toda a sua glória, quando João vê, lá dentro da eternidade
de Deus, a morada dos “vencedores”, dos 144.000 eleitos, isto é, de todos aqueles que Têm
o nome da nova Jerusalém inscrito nas suas testas: “Vi também a cidade santa, a nova
Jerusalém, que descia do céu, da parte de Deus, ataviada como noiva para o seu esposo”,
Ap 21.2-22.5.
O terceiro nome com o qual o vencedor será selado é “o meu novo nome”. Não nos é
dito aqui qual é este nome. No entanto, o apóstolo Paulo já aponta para este nome quando
fala da glória do Jesus Vencedor sobre o diabo, a morte e todas as forças existentes: “Pelo
que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo o nome,
para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho nos céus e na terra e debaixo da terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai”, Fp 2.9-11. É,
sem dúvida, o nome que lhe será dado, quando finalmente todos os seus inimigos estiverem
debaixo dos seus pés; quando serão declarados, diante dos vivos e dos mortos, tanto os
salvos como os condenados – os moradores da nova Jerusalém e os do inferno. O
SENHOR VENCEDOR! – Até este momento ninguém realmente conhecerá esse nome,
porque, quando sair do céu para a vitória final, ele “tem um nome escrito que ninguém
conhece senão ele mesmo”, Ap 19.12. Esperemos aquela hora!
Esta admoestação, no fim dessa carta, serve para todos os que a ouvem e a lêem, para
seu exemplo e para seu consolo. Filadélfia é o modelo para uma igreja fiel, guardando e
defendendo fielmente a palavra de Deus, e fielmente confessando o nome do seu Senhor
Jesus Cristo. Essa igreja fiel recebe uma promessa especial de sucesso em sua obra
evangelizadora entre os judeus da cidade, e uma promessa especial de proteção divina.
Ambas as promessas nos mostram quão altamente o Senhor da igreja considera a fidelidade
de uma igreja na sua obra aqui na terra.