Você está na página 1de 10

RESENHA JOHNSON, Steven.

O Mapa Fantasma: como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas
metrópoles.

Tradução de Sérgio Lopes.

Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008. 276 p. Rosane Abdala Lins de Santana1 Escrito em 2006,
e visto pelo Washington Post como “Um thriller científico...que não se consegue largar”, “O
Mapa Fantasma” é um livro surpreendente, bom de ler, com relatos históricos preciosos,
numa narrativa enriquecida por ilustrações bastante oportunas, que dão fôlego à leitura. O
autor Steven Johnson foi muito feliz, pois narra um fato científico, mas o faz de forma suave,
agradável e com certo clima de mistério, despertando no leitor a vontade de ler cada vez mais.
A história se passa em Londres, cidade imunda e mau cheirosa na época, no bairro de Soho, na
Broad Street, final de agosto e início do mês de setembro de 1854. O lixo e o mau cheiro eram
características marcantes para a teoria do miasma, predominante na época. Os catadores de
lixo, que compunham as classes baixas, tinham a função de remover os dejetos da cidade, uma
rotina diversa e perigosa. A cidade ainda não possuía uma infraestrutura adequada, não havia
centros de reciclagem de lixo, departamentos de saúde pública e remoção segura da água de
esgotos. Soho era uma ilha de pobreza proletária e indústria malcheirosa, com travessas e
becos estreitos, com pouca ligação para a Regent Street, via pública planejada por John Nash
que funcionaria como um cordão sanitário para separar as classes abastadas de Mayfair da
classe trabalhadora do Soho. Esta topografia social exerceria papel fundamental no fim do
verão de 1854, quando um terrível flagelo se abateu sobre Soho, mas não atingiu os bairros
vizinhos. A Broad Street era uma rua muito movimentada e com grande concentração de
pessoas em torno das barracas e de um ponto estratégico para o assunto que o livro aborda: a
Bomba D’Água da Broad 1 Mestre em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública
Sérgio Arouca; pesquisadora na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) / Instituto de Comunicação e
Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict) / Laboratório de Informação Científica e
Tecnológica em Saúde (LICTS); rabdala@icict.fiocruz.br. Estatística e Sociedade, Porto Alegre,
p.270-274, n.2 nov. 2012 | seer.ufrgs.br/estatisticaesociedade 271 RESENHA: JOHNSON,
Steven. O Mapa Fantasma: comoa luta de doishomens contrao cóleramudou o destino
denossasmetrópoles Rosane Santana Street, com sua água fresca e conhecida por sua limpidez
e leve toque gasoso. Mesmo os moradores de Soho que viviam próximos às outras bombas,
caminhavam até a Broad Street para provar a água, fato que agravou ainda mais o problema.
Era uma grande rede de pessoas envolvidas em torno desta bomba. Henry Whitehead, pároco
auxiliar da igreja de St. Luke, trabalhava como missionário entre os moradores dos cortiços,
descritos no livro como um lugar de difícil acesso, com muitas barracas e vendedores
ambulantes. Tudo começou em agosto de 1854, quando por volta das seis horas da manhã, o
bebê Lewis, filho de Thomas e Sarah Lewis, começou a vomitar e a expelir fezes esverdeadas e
aquosas, com cheiro sufocante. Sarah mandou chamar o médico William Rogers, e enquanto o
aguardava, jogou a água que tinha limpado as fraldas sujas com fezes do bebê em uma fossa
em frente à sua casa. O texto aborda historicamente o caminho do cólera, já registrada a.C,
como “uma doença fulminante que levava as vítimas à morte ao drenar-lhes todo o líquido do
corpo”. É impactante a forma como o autor descreve o processo da doença, parece que o ciclo
não tem fim. O aumento da população e a grande concentração de pessoas, sem condições
sanitárias adequadas, era um quadro muito favorável ao Víbrio Cholorae, bactéria do cólera.
Ao contrário do que se pensava, as condições sanitárias das casas pareciam não ter influência
sobre a doença, pois, surpreendentemente, na casa mais imunda do distrito, Whitehead
observou que nenhum morador tinha sido atingido. Foi uma conclusão empírica, e é louvável
como a serenidade e a inteligência investigativa funcionavam em meio ao caos. A maioria dos
médicos da época acreditava que a forma de contágio do cólera estava ligada à teoria do
miasma, relacionada com as péssimas condições de saneamento, e mesmo o pequeno grupo
de “contagionistas”, cujo fundamento era a doença passar de pessoa para pessoa, não sugeriu
que o cólera pudesse ser transmitido por meio da água. Mesmo com as ruas de Soho vazias,
devido à notícia do surto, um homem saiu de sua casa na Sackville Street, atravessou as ruas
vazias, examinou a bomba, encheu uma garrafa com a água e voltou para sua residência: era
John Snow, médico, pesquisador e professor, que dedicava o tempo livre aos projetos de sua
área. Em 1849, Snow já tinha publicizado sua teoria sobre a causa do cólera ser um agente
ainda desconhecido ingerido pelas vítimas, ou pelo contato direto com os dejetos de outras
pessoas, ou pelo consumo de água contaminada por estes dejetos. Atento a cada detalhe,
Snow foi consolidando seus estudos com base em acontecimentos, e quando o surto na
Golden Square começou, foi atrás da água da bomba com o desejo de encontrar a peça-chave
para sua argumentação. Segundo as palavras do autor, fortes por sinal, “Snow talvez tenha
sido a única alma do Soho, naquele dia, que encontrou na epidemia um vislumbre de
esperança”. É impactante pensar na influência do período de calmaria da doença em relação
às descobertas de Snow, pois quando o cólera se manteve adormecido na Inglaterra, foram
anos de bonança para a saúde do país, mas, improdutivos para as investigações. O retorno da
doença foi uma oportunidade para continuar sua pesquisa. Estatística e Sociedade, Porto
Alegre, p.270-274, n.2 nov. 2012 | seer.ufrgs.br/estatisticaesociedade 272 RESENHA:
JOHNSON, Steven. O Mapa Fantasma: comoa luta de doishomens contrao cóleramudou o
destino denossasmetrópoles Rosane Santana Surpreendente o caminho que o cólera traçou,
mapeado pelas mortes das pessoas. Enquanto morriam muitos em alguns lugares, outros
ficavam intocáveis na história. Era um desafio entender a lógica da doença e várias histórias
surgiram, contadas de pessoas para pessoas. O autor cita que pelo menos por quatro dias, os
jornais da cidade não mencionaram o surto, que foi mais divulgado pela “rede de fofoca”. Em
1842, a Inglaterra já contava com um estudo estatístico sobre mortalidade, detalhado por
variáveis como faixa etária e classes trabalhadoras. O texto fala das altas taxas de mortalidade
e da crescente natalidade. Os fluxos energéticos do crescimento metropolitano, a
disseminação do chá, o comportamento das massas, a interconectividade das maiores e
menores formas de vida na terra e a força que os micróbios representavam ao crescimento da
cidade são explicados com detalhes pelo autor, no sentido de dar suporte ao leitor em relação
à compreensão do contexto da história e de sua relação com o surto do cólera. Snow era
membro fundador da Sociedade Epidemiológica de Londres, e apesar de seu convencimento
que a água era o ponto chave da questão, não sabia como provar. Tinha uma teoria sobre os
meios de transmissão do cólera, mas não tinha ideia exata do agente causador, nem de como
identificá-lo. Estudou detalhadamente os registros de William Farr, que era médico e
trabalhava com as estatísticas de nascimento, óbitos e casamentos, em busca de alguma pista
que pudesse ajudá-lo. Farr, sendo um homem dedicado às estatísticas, conseguiu que
registrassem a causa da morte, e posteriormente, a paróquia, a idade e a profissão no registro
de óbito, o que possibilitou a realização de estudos. Ele achava difícil que Snow comprovasse
sua hipótese, pela dificuldade de medir a qualidade da água, e para ajudar nas investigações,
adicionou mais uma variável em seus registros: o lugar onde se obtinha a água. Snow
acompanhou a questão da distribuição da água pelas companhias, mas mesmo com a nova
variável, tinha dificuldades de saber, exatamente, de onde as casas obtinham a água, pois a
rede de encanamento era confusa e muitos moradores não sabiam a origem da água de sua
casa. Isto o fez coletar uma amostra, identificá-la com o endereço e levá-la para teste em seu
laboratório, para descobrir a origem da água por sua composição, pois sabia que a água de
uma companhia tinha mais sal do que a da outra. Importante ver o detalhe metodológico
relatado pelo autor, e constatar a imprevisibilidade do caminho da pesquisa. Acompanhar a
saga de John Snow, Henry Whitehe Estatística e Sociedade, Porto Alegre, p.270-274, n.2 nov.
2012 | seer.ufrgs.br/estatisticaesociedade 273 RESENHA: JOHNSON, Steven. O Mapa
Fantasma: comoa luta de doishomens contrao cóleramudou o destino denossasmetrópoles
Rosane Santana Não se mencionava a teoria de Snow, pois ainda não havia comprovação, mas
insistiam na teoria miasmática como se já tivesse sido comprovada. Com a primeira parcial das
mortes em mãos e com o endereço das vítimas, adquiridos no Departamento de Registros
Gerais, Snow tentou imaginar o caminho que as vítimas tomaram de suas casas até a bomba,
procurando não somente entender o que acontecia, mas algo a mais, que contentasse a um
miasmista. Trazia consigo uma experiência acumulada de seus estudos com os anestésicos, e
mesmo com o cólera, a partir de surtos anteriores. Era um médico observador de sintomas e
sabia que a própria doença oferecia pistas sobre sua origem. Ser morador de Soho deu a Snow
e a Whitehead não só uma facilidade por conhecer o lugar, mas uma legitimidade com os
moradores do local para desenvolver a investigação. O Conselho Administrativo da Paróquia
St. James convocou uma reunião para debater a questão da epidemia, e foi a oportunidade
que Snow teve para falar sobre sua teoria. Este Conselho aprovou o fechamento da bomba na
noite de quinta-feira, apesar da resistência, pois os membros eram adeptos à teoria
miasmática, como a maioria. Na manhã seguinte a manivela da bomba foi removida, e mais
uma vez, este fato foi ignorado pela imprensa. Após uma semana os casos foram decaindo, e
os números finais, de acordo com os registros, surpreenderam até mesmo quem vivenciou
todo o sofrimento: em menos de duas semanas, aproximadamente, setecentas pessoas que
viviam perto da bomba da Broad Street morreram. Johnson narra de forma belíssima o grande
acontecimento que foi a remoção da manivela da bomba para a história da saúde pública. Um
gesto simples, mas com um argumento científico por trás construído com muita dificuldade,
em meio a muitos preconceitos, o que nas palavras do autor foi a vitória da razão em relação à
superstição. As disputas “científicas” chamam a atenção na leitura, e tem-se a sensação que
Snow tentava resolver o problema do bairro de Soho, baseado em dados científicos, enquanto
os miasmistas se preocupavam em refutar a teoria de Snow. Parece que estavam mais
preocupados com isto do que em resolver e acabar com a festa do Vibrio cholerae. Whitehead
não compartilhava da mesma teoria de Snow e achou a remoção da manivela da bomba uma
tolice, pois vivenciou de perto o sofrimento da população, mas além disto, viu uma garota de
dezessete anos sobreviver depois de beber litros da água da bomba. Ficava difícil de acreditar
que aquela água era a vilã da história. Acreditava que o surto tinha a ver com a vontade divina,
mas, ao mesmo tempo, tentava seguir uma teoria para explicar o acontecido. Seus valores
religiosos não foram obstáculos para a ciência. O mesmo Conselho convidou os dois para
participarem de uma comissão para investigar o surto, e concordando ou não, a partir do
convite trabalharam na mesma equipe. Whitehead queria reunir pistas para negar a teoria de
Snow, e para isto foi atrás dos sobreviventes ao surto, para saber os hábitos de consumo de
água. Apesar de não acreditar na teoria de Snow, os números mostravam outra coisa. À
medida que sistematizava seus dados, a bomba realmente parecia culpada. Estatística e
Sociedade, Porto Alegre, p.270-274, n.2 nov. 2012 | seer.ufrgs.br/estatisticaesociedade 274
RESENHA: JOHNSON, Steven. O Mapa Fantasma: comoa luta de doishomens contrao
cóleramudou o destino denossasmetrópoles Rosane Santana Muito interessante é ver como a
investigação tomou força após a união dos dois investigadores, apesar de serem adeptos de
teorias diferentes. O diálogo entre os dois fez com que as peças se encaixassem e
encontrassem o caso índice, que alavancou todo o processo: o bebê Lewis. Emocionante ler o
momento em que os dois homens, que marcaram a história da saúde pública mundial,
explicitam sentimentos de amizade e de parceria científica. O relatório divulgado pela
Comissão Paroquial, comunicando os avanços das descobertas sobre o cólera, além de
apresentar a teoria de Snow, agora corroborado por Whitehead, refuta a teoria do miasma,
hegemônica na época. Ainda assim, os miasmistas não concordaram com a teoria da
transmissão pela água. A história de Snow e Whitehead ilustra muito bem a questão do
paradigma. A mudança de um paradigma dominante não acontece de imediato. Demora-se
para amadurecer a ideia, e quando uma outra teoria chega, demora a ser aceita. Assim foi a
queda da teoria do miasma. A história da epidemia foi representada em um mapa, que
continha dados como a rede de esgoto, as bombas d’água, as ruas com suas casas e prédios, o
local das mortes e diversos outros dados importantes. É o início do atual geoprocessamento.
Edmund Cooper, engenheiro, fez o seu a pedido da Comissão Metropolitana de Esgotos. Snow
também o fez, porém sua preocupação não era somente representar o caminho das mortes,
mas representar de tal forma que não fosse possível pensar que a teoria do miasma teria sido
responsável pelas mortes. Isto é muito interessante! Interessante também é que Snow
elaborou seu mapa a partir de sua vivência e experiência no bairro de Soho. Foi elaborado, “...
direto da realidade do bairro”. Mas, na época, a comunidade científica não se rendeu nem à
sua teoria, nem ao seu mapa. Em junho de 1858 uma onda de calor produziu uma fedentina
em Londres, fato que deu ao Rio Tâmisa o nome de “Grande Fedor”, demandando às
autoridades uma mudança em toda a rede de esgotos. Para surpresa dos miasmistas, os dados
registrados por Farr mostravam as taxas de mortalidade das doenças epidêmicas dentro da
normalidade, fato que levaria Snow a escrever aos seus pares sobre a teoria do miasma, se
justamente nesta época não tivesse falecido. Aconteceu em junho, e o primeiro obituário após
sua morte, nem sequer mencionou sua contribuição na descoberta da causa do cólera. A
memória registrada do surto da Broad Street auxiliou na investigação de um novo surto, em
1866, em outro bairro. Farr lembrou-se das pesquisas de Snow e observou, a partir dos
registros estatísticos, de onde a maioria dos mortos consumia a água. Não perdeu tempo,
ordenou que avisos fossem afixados na região alertando aos moradores para não consumirem
água sem ferver. John Netten Radcliffe procurou Whitehead para ajudá-lo a resolver o caso, já
que não poderia mais contar com Snow, que a partir deste fato, finalmente, foi reconhecido.
Nas palavras do The Lancet, “Dr. Snow foi um grande benfeitor público e os benefícios que nos
legou devem ser reavivados na memória de todos nós”. A leitura deste livro é enfaticamente
aconselhada, e estão reservados momentos agradáveis e prazerosos a quem ler esta
importante obra, que retrata de forma belíssima o acontecimento que foi um marco para a
história da saúde pública.
Resumo – O Mapa Fantasma
Esse é um resumo do livro “O Mapa Fantasma” de Steven Johnson e contém
muitas citações de partes importantes do livro e comentários de determinados
assuntos. Espero que possa ajudar.

O MAPA FANTASMA

Pag 43 – descrição da ação da bactéria da cólera

Pag 45 – sintomas e funcionamento do organismo ate a morte

Obs: a mídia ajudou a popularizar remédios inúteis e acabou inclusive


ofuscando aquele que já tinha chegado mais perto.

Pag 48 – obs: os vírus e bactérias tendem a ter mutações bem mais rápidas
(seja pela combinação de genes ou por mutações aleatórias) devido ao fato de
se multiplicarem (em milhão) em questão de horas, enquanto os seres
humanos demoram anos para pensar em repassar seus genes

Pag 49 – justificativa do aumento da virulência em ambientes mais propícios


de infecção

Pag 57 – começo da investigação do modo de transmissão da doença (tanto


aqueles que eram elogiados por suas casas limpas quanto aqueles que
moravam na imundice contraíram a doença, começando a acabar com o mito
que antes predominava).
Pag 61 – situação da doença: “setenta desses moradores (do Soho) haviam
morrido nas ultimas vinte e quatro horas, centenas mais estavam à beira da
morte”.

Pag 62 – apresentação da vida de John Snow e suas características. Viu, em


primeira mão, a devastação provocada pelo cólera em 1831.

Pag 64 – “Na medida do que era possível naquela época, Snow era livre de
superstições e dogmas, embora estivesse irremediavelmente limitado a sua
afetividade pelos conceitos equivocados e distorcidos da incipiente medicina
vitoriana”. John era criticado por apenas criticar a produção de outros, pois
não produzia sua própria (sendo essa uma parte crucial do processo de ter uma
historia de sucesso).

Pag 65 – Snow “… O que o movia, mais do que qualquer outra coisa, eram os
problemas sem solução que ocupavam os pontos cegos da visão dominante da
medicina mundial.”

Pag 71 – “Certamente o surto de 1848-49, o mais punitivo que a Inglaterra


conhecera em mais de uma década, fizera do cólera um dos mais urgentes
enigmas da medicina do período.”   +   Teorias a respeito do cólera.

Pag 74 – exemplos que comprovavam a teoria de Snow de q a cólera era


transmitida pela água.

Pag 86 – “Viver era ainda não estar morto”. “De nosso vantajoso ponto de
vista, mais de um século depois, é difícil precisar o peso que esse temor
exercia sobre cada mente vitoriana. De modo pratico, a ameaça de uma
aniquilação repentina – toda a sua família arrasada em questão de dias – era
muito mais premente que as atuais ameaças terroristas”.

Pag 87 – ” A teoria do miasma para a transmissão do cólera ampliava ainda


mais o medo da doença, que, invisível e onipresente, infiltrava-se nos bueiros
e assomava no nevoeiro amarelado ao longo do Tâmisa.”

Pag 88 – “A literatura -tanto pública quanto privada – do sec XIX está repleta
de muitos sentimentos sombrios: miséria, humilhação, trabalho árduo e ódio.
O horror, porém, não desempenhava o papel que se esperaria, dada a
contagem dos corpos”.

Pag 89 – “o sucesso da cidade gerava, por fim, as próprias condições para sua
destruição”

Pag 90 – citação importante. Cidade monstro (vai alem da opinião individual e


a opinião coletiva que importa, se comportando quase que como um
organismo independente)

Pag 95 – ultimo paragrafo

Pag 96 – “em uma cidade como Londres vitoriana, livre de ameaças militares
e repleta de novas formas de capital e energia, os micróbios eram a força
primária que reinava em meio ao acelerado crescimento da cidade, uma vez
que Londres proporcionou ao Vibrio cholerae precisamente o mesmo que aos
corretores da bolsa de valores, donos de café e exploradores de esgotos: um
modo inteiramente novo de ganhar a vida.”
Pag 97 – explicação da ruptura para os desdobramentos da epidemia!

Pag 98 – “A epidemia era uma espécie de produto da explosão urbana assim


como os jornais e cafés, onde em vão era dissecado. Para compreender o
monstro, era necessário considerá-lo a partir da escala mais ampla da cidade.
(…) E era necessário descobrir o modo de convencer os demais a acompanha-
lo”.

Pag 117 – ” Antes cada indivíduo tinha sua própria fossa, agora o Tâmisa se
tornou a grande fossa de todos.” ; “Enquanto Snow desenvolvia sua teoria da
transmissão do cólera pela água, que, para causar danos, precisava ser
ingerida, Chadwick construía um elaborado esquema que levava a bactéria do
cólera diretamente ate a boca dos moradores da cidade”.

Pag 125 – a maioria acreditava que as doenças eram transmitidas pelo ar,
porém, o cheiro ruim é apenas um alarme. “Mas essas moléculas indocadoras
– ácido sulfídrico, cadaverina – eram PISTAS que apontavam para uma
ameaça. Não eram a verdadeira ameaça.”
Pag 142 – “Henry Whitehead não possuía uma teoria própria sobre o cólera,
mas, ao longo dos dias precedentes, refletia bastante sobre as teorias alheias”.

Pag 143 – obs: a reprodução do cólera foi tão rápida que acabou com muita da
sua própria fonte de alimento, o homem. “Não haviam muitos outros
intestinos delgados para colonizar”.

Pag 151 – “Se considerarmos a cidade como um todo, as epidemias do


passado produziram uma quantidade maior de mortos, nas nenhuma matara
tantos, em uma área tão restrita e com tão devastadora velocidade.”

Pag 152 – “E assim foi com o … , não pela supertição”!!!!!!! IMPORTANTE

Pag 153 – lista de condições ambientais

Pag 154 – “como os paradigmas intelectuais dominantes podem dificultar o


estabelecimento da verdade, ate mesmo de as pessoas envolvidas são sagazes,
austeras e metódicas em suas pesquisas.”

Pag 157 – citação mtmt importante! (Resume td)

Pag 159 – “a bomba d’água da Broad Street era uma espécie de antena urbana,
que enviava por intermédio da vizinhança um sinal, o qual, graças a um
padrão detectável, permitia aos homens “ver” o Vibrio cholerae sem a ajuda
do microscópio.” + Whitehead foi muito importante pois desmascarava
demais teorias falsas, como a do medo (mts párocos corajosos morreram),
como a de classes (mostrou q n havia distinção na morte entre os andares) e
como a condição sanitária (coloando como exemplo a devastação da Peter
Street, rua com casa de boas condições sanitárias).

Pag 163 – “…Snow não imputara o surto a uma “impureza generalizada da


água”. A teoria de Snow pressupunha que o caso original era uma
“contaminação especial … proveniente da evacuação das vítimas do cólera”
que vazara para o poço, vindo de um esgoto ou fossa. Assim, a qualidade
GERAL da água não era relevante para a teoria de Snow. Não importava o
que fosse, o agente causador do cólera viera de fora para dentro.”
Pag 167 – caso índice: bebê Lewis (a água de arroz evacuada pelo bebe era
jogada na fossa da frente do numero 40 da Broad Street, a qual era muito mal
construída e acabou por entrar em contato com a água da bomba)

Pag 172 – os miasmistas defendiam sua tese de que a atmosfera contaminada


pelo mal cheiro seria a causa da doença, contudo, quando se apresenta casos
específicos que não se pode discordar de que a água tenha certa culpa, estes
falavam que o ar estaria tão contaminado que afetou a própria água.

Pag 177 – “o mapa tornou – se o símbolo definitivo de todo o surto”.

Pag 182 – “as investigações de Whitehead em 1855 foram, no fim das contas,
tão decisivas quanto as de Snow para solucionar o mistério da Broad Street.
Sua “experiência de conversão”, ao ler a monografia de Snow, levou-o à
busca do caso índice e, por conseguinte, à descoberta do bebê Lewis. Esta
levou à escavação de York, que confirmou uma direta conexão entre a bomba
d’água e a fossa do numero 40 da Broad Street”.

Pag 184 – ” Embora John Snow tenha tido uma participação decisiva na
pioneira identificação da bomba d’água como provável foco da epidemia, no
fim foi Whitehead quem forneceu a evidencia crucial para determinar o
verdadeiro papel que a bomba desempenhou nesse episódio.”

Pag 196 – comparação entre os catadores de lixo da Londres vitoriana e os


favelados do mundo de hoje e de amanha

Pag 197 – “As comunidades de favelados não são, em nenhuma medida,


bolsões de pobreza e crime. É precisamente o local para onde o mundo em
desenvolvimento acorre para fugir da pobreza.”

Pag 203 – “Aumentar o conhecimento que o governo tem dos problemas da


população e aumentar o conhecimento da população sobre as soluções
oferecidas para esses problemas, eis a receita para uma saúde urbana que vai
alem do apelo superficial das campanhas por “qualidade de vida”.” Ex: 311
em NY, que amplifica as vozes dos pequenos especialistas locais, estes sendo
de extrema importância no combate de imperfeições da sociedade (como
Whitehead)
Pag 209 – “Entraremos em uma nova era: um planeta cuja população humana
é mais é mais de cinquenta por cento urbana.”

Pag 210 – “as áreas urbanas apresentam mais expectativa de vida, menos
pobreza absoluta e podem disponibilizar serviços essenciais a um custo menor
e em maior proporção do que as áreas rurais”.

Pag 211 – “uma população dispersa demanda mais recursos para servi-la  – e
integrá-la do que uma concentrada.” (Por isso as cidades também podem ser
consideradas um incentivo à saúde ambiental)

Pag 213 – ” O acúmulo de duzentas pessoas por acre, a edificação de cidades


com milhões de habitantes que compartilham a mesma água, o esforço para se
descobrir um modo de eliminar todos os dejetos humanos e animais, tudo isso
representava uma mudança de estilo de vida que parecia colocar em risco
tanto a saúde individual quanto a ambiental.”

Pag 214 – “As cidades são centros de oportunidades, tolerância, produção de


riqueza, redes sociais, saúde, controle populacional e criatividade. Embora, é
claro, ao longo das próximas décadas, a internet e seus sucedâneos continuem
a exportar alguns desses valores para as comunidades rurais, sem dúvida
continuarão igualmente a reforçar a experiência de vida urbana.”

Pag 230 – “Não importa quão aterradoras sejam as ameaças que enfrentamos,
há solução, se compreendermos o problema subjacente, se ouvirmos a ciência
e não a superstição, se mantivermos aberto o canal para vozes dissonantes que
podem, na realidade, estar com a razão.”

Você também pode gostar