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Lucas Augusto Manfroi

Thiago Pereira Lima

PRÉ-TRATAMENTO A PLASMA DE BIOMASSA DE MILHO


PARA A PRODUÇÃO DE BIOETANOL

Prof. Dr. Lucia Vieira

Orientadora

Dr. Polyana A. Radi

Orientadora externa

São José dos Campos, SP – Brasil


2016
UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO E ARTES

TRABALHO DE GRADUAÇÃO

PRÉ-TRATAMENTO A PLASMA DE BIOMASSA DE MILHO PARA A


PRODUÇÃO DE BIOETANOL

Lucas Augusto Manfroi

Thiago Pereira Lima

Relatório Final apresentado como parte


das exigências da disciplina
TRABALHO DE GRADUAÇÃO à
Banca Examinadora da Faculdade de
Educação e Artes da Universidade do
Vale do Paraíba.

Orientador: Prof. Dr. Lucia Vieira


Orientador externo: Dr. Polyana A. Radi

2016
Universidade do Vale do Paraíba
Faculdade de Educação e Artes

Curso de Química (Bacharel)


Da Faculdade de Educação e Artes

TRABALHO DE GRADUAÇÃO
2016

Título: PRÉ-TRATAMENTO A PLASMA DE BIOMASSA DE


MILHO PARA A PRODUÇÃO DE BIOETANOL

Aluno(s): Lucas Augusto Manfroi

Thiago Pereira Lima

Orientador: Prof. Dr. Lucia Vieira

Banca Examinadora:

Dr. Denilson Nogueira de Moraes

Mª Maria de Fatima Broca

Dra. Lúcia Vieira

Nota do Trabalho: (_________)

São José dos Campos – SP


Termo de Responsabilidade e Autenticidade do Trabalho

São José dos Campos, 21 de novembro de 2016.

Á
Coordenação do TG do curso de Química (Bacharel)

Eu, Lucas Augusto Manfroi, aluno regularmente matriculado nesta Faculdade, sob o nº
01310513 sirvo-me da presente para DECLARAR, para todos os fins e efeitos de
direito, que o Trabalho de Graduação intitulado PRÉ-TRATAMENTO A PLASMA DE
BIOMASSA DE MILHO PARA A PRODUÇÃO DE BIOETANOL foi elaborado
respeitando os princípios da moral e da ética e não violou qualquer direito de
propriedade intelectual sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente
por meus atos.

Atenciosamente,

____________________________
Termo de Responsabilidade e Autenticidade do Trabalho

São José dos Campos, 21 de novembro de 2016.

Á
Coordenação do TG do curso de Química (Bacharel)

Eu, Thiago Pereira Lima, aluno regularmente matriculado nesta Faculdade, sob o nº
01310629 sirvo-me da presente para DECLARAR, para todos os fins e efeitos de
direito, que o Trabalho de Graduação intitulado PRÉ-TRATAMENTO A PLASMA DE
BIOMASSA DE MILHO PARA A PRODUÇÃO DE BIOETANOL foi elaborado
respeitando os princípios da moral e da ética e não violou qualquer direito de
propriedade intelectual sob pena de responder civil, criminal, ética e profissionalmente
por meus atos.

Atenciosamente,

____________________________
Agradecimentos

Agradecemos aos nossos familiares que são nossos pilares para a vida inteira e
principalmente em momentos difíceis, onde temos a base para seguirmos em frente
mesmo com todas as dificuldades.

A professora Dra. Lúcia Vieira por nos ter aceitado como seus alunos para a elaboração
da pesquisa para o desenvolvimento deste trabalho de graduação e nos ter ensinado
tanto durante todo este tempo.

A Dra. Polyana A. Radi Gonçalves pela disposição e sempre nos auxiliar nas
interpretações e nos aconselhar, nos guiando da melhor forma possível para
transmitirmos nossas ideias.

Ao professor Dr. Rodrigo Savio Pessoa pelo empenho em nos ajudar quando estávamos
com problemas com nossa fonte, o professor não mediu esforços para nos auxiliar.

Ao nosso professor Dr. Denilson Nogueira de Moraes por ter nos conduzido tanto
conhecimento ao longo destes anos e pelo seu grande empenho em nos ensinar, pois
além de um excelente professor é uma excelente pessoa e se tornou um amigo.

A professora Mª Maria de Fatima Broca pelos seus preciosos conselhos, grandes


ensinamentos, nos transmitido toda a sua experiência e preocupação em nos guiar para o
caminho certo, se tornando uma querida amiga.

Ao professor Jorge Jofre por sua atenção em tirar nossas dúvidas sobre análises
espectroscópicas e nos fornecer importantes conselhos.

A nossa amiga Nathanne C. Vilela Rost pelo auxílio na realização de análises com FTIR
e espectroscopia UV-Vis, e pela disposição de sempre estar pronta a nos ajudar.

Ao aluno de doutorado do ITA, Carlos A. de Oliveira Filho que nos ajudou desde o
começo, com a montagem do reator e nos acompanhou durantes os testes e auxiliou
com os problemas relacionados à fonte, disponibilizando a fonte no ITA para a
realização do procedimento.

A nossa amiga Angela Aparecida Vieira pelo auxílio e companheirismo, nos ajudando
sempre que preciso.
A todos os integrantes do Laboratório de nanotecnologia e processos a plasma
(NanoTecPlasma) pelo auxílio e companheirismo, tornando o laboratório um lugar tão
agradável.

As nossas companheiras de sala Andressa B. Evangelista e Rita L. Censi pelo apoio e


amizade, estando ao nosso lado em todos esses anos.

Agradecemos também a todos os seres que nos auxiliaram de alguma forma para
estarmos aqui hoje, realizando esta etapa tão importante de nossas vidas.
“São as nossas escolhas, mais do
que as nossas capacidades, que
mostra quem realmente somos.”

―Alvo Dumbledore
“Os bosques são adoráveis, sombrios e profundos;

Mas eu tenho promessas a cumprir;

E milhas a percorrer antes de dormir;

E milhas a percorrer antes de dormir.”

―Robert Frost
Resumo

A economia de uma nação pode ser medida por sua capacidade energética, e a maior
parte da energia consumida no mundo é proveniente de fontes não renováveis. Dessa
forma, é de fundamental importância a realização de pesquisas que levem à geração de
energias renováveis. No Brasil quase metade da energia é proveniente de fontes
renováveis, sendo a produção de etanol a partir da cana de açúcar a mais importante.
Porém, a produção de etanol a partir da cana de açúcar compete diretamente com a
produção de alimentos derivados do açúcar.

A produção agrícola de milho no Brasil é uma das mais prósperas do mundo e como
subproduto deste alimento gera-se grande quantidade de sabugo e palha que já são
utilizadas para ração animal ou queima em caldeiras nas indústrias. Com base no
resultado já obtido no pré-tratamento a plasma da cana-de-açúcar, foi realizado o pré-
tratamento a plasma do sabugo de milho, para a extração de lignina, e assim ter um
rendimento melhor na produção de etanol e com o intuito de reduzir o impacto na
produção de alimentos derivados do açúcar. Esse processo resultou na remoção de
grande parte da lignina ao analisar os espectros de FT-IR. Os resultados de absorção
UV-VIS mostraram que o tratamento a plasma aumentou a extração de lignina em
relação ao tratamento convencional.

Palavras-chaves: sabugo de milho, lignina e pré-tratamento a plasma.


Abstract

A nation's economy can be measured by its energy capacity, and most of the energy
consumed in the world comes from non-renewable sources. Therefore, it is of
fundamental importance to conduct research that leads to the generation of renewable
energies. In Brazil almost half of the energy comes from renewable sources, and ethanol
production from sugarcane is the most important. However, the production of ethanol
from sugar cane competes directly with the production of food derived from sugar.

The agricultural production of maize in Brazil is one of the most prosperous in the
world and as a by-product of this food is generated great amount of corn and straw that
are already used for animal feed or burning in boilers in the industries. Based on the
result already obtained in the plasma pre-treatment of sugarcane, plasma pretreatment of
corn cob was carried out for the extraction of lignin, and thus to have a better yield in
the ethanol production and with the aim of reducing the impact on the production of
foods derived from sugar. This process resulted in the removal of much of the lignin by
analyzing the FT-IR spectra. The UV-VIS absorption results showed that plasma
treatment increased lignin extraction over conventional treatment.

Key-words: corn cob, lignin and plasma pretreatment.


Sumário
1. Introdução.................................................................................................................. 9

2. Justificativa.............................................................................................................. 14

3. Objetivos ................................................................................................................. 14

3.1. Geral .................................................................................................................... 14

3.2. Específicos ........................................................................................................... 14

4. Cronograma ............................................................................................................. 15

5. Metodologia ............................................................................................................ 16

6. Resultados ............................................................................................................... 21

7. Conclusão ................................................................................................................ 25

8. Referências Bibliográficas ...................................................................................... 26


9

1. Introdução

A energia tem uma extrema importância para o desenvolvimento das nações, por
apresentar questões ligadas à política de desenvolvimento econômico,
operacionalização da sociedade e segurança nacional que são decididas com base na
capacidade energética de cada país (Ferraresi de Araujo, et al., 2013). No entanto,
grande parte da energia consumida no mundo é derivada de fontes não renováveis,
como o petróleo e o carvão mineral, que, além de tudo, são grandes responsáveis pelo
aquecimento global (Conejero, 2006).

O Brasil possui quase metade de sua matriz energética composta por fontes
renováveis de energia, tendo como destaque a produção de etanol como fonte renovável
de combustível, no entanto, grande parte da produção do etanol é proveniente da cana-
de-açúcar, competindo diretamente com a produção de alimentos derivados de açúcar,
gerando uma competição de mercado, convergindo em um processo inflacionário tanto
dos alimentos derivados do açúcar quanto ao combustível etanol (Ferraresi de Araujo, et
al., 2013).

Para atender a demanda de energia renovável sem causar grande impacto no


fornecimento de alimentos, é apresentado como alternativa, o etanol de segunda
geração, este sendo produzido a partir da celulose presente na cana-de-açúcar e em
outras matérias primas vegetais (Romero, 2008).

O bagaço de cana-de-açúcar é um resíduo do processo de fabricação do açúcar, e


apresenta 75% de sua biomassa vegetal composta por celulose, hemicelulose e lignina
da qual 36% a 61% é referente a celulose e de 13% a 39% referente a hemicelulose, do
total de matéria seca (Soares, 2012). A celulose é um polissacarídeo composto por
moléculas de glicose ligadas através de interações intermoleculares, apresentando uma
estrutura insolúvel sendo propicio a hidrólise química (Soares, 2012). A hemicelulose,
contrariamente da celulose, é formada por vários tipos de açúcares, sendo um
polissacarídeo mais propenso a hidrolise. No entanto, a lignina é constituída por uma
estrutura mais complexa, sendo um composto muito resistente à degradação química e
10

enzimática, e como recobre os demais polissacarídeos, representa um problema, pois


impede o acesso aos demais tecidos (Soares, 2012).

As matérias-primas de origem lignocelulósica contêm de 20% a 60% de


celulose, que pode ser totalmente convertida à glicose por ação enzimática, após etapa
de pré-tratamento para desorganização do complexo lignocelulósico. Por sua vez, a
glicose caracteriza-se por ser um monossacarídeo utilizado pela maioria dos
microrganismos, fazendo desta molécula um importante bloco de construção para a
obtenção de uma imensa gama de substâncias de interesse comercial, abrangendo desde
combustíveis até polímeros.

A palavra lignina vem do latim lignum que significa madeira. Sabendo que a
lignina é de extrema importância para o transporte de água e nutrientes e também sendo
responsável pela resistência mecânica dos vegetais. As moléculas que constituem a
lignina apresentam principalmente siringila e guaiacila. Com isso torna-se necessário o
desenvolvimento de técnicas para melhor extração da lignina onde geralmente é
utilizado técnicas de oxidação alcalina.

Existem três percursores que levam à formação das unidades monoméricas da


lignina: P-Hidroxifenil (H), Guaiacila (G) e Siringila (S), o anel aromático é
denominado de acordo com os seus constituintes, como mostrado na Figura 1
(Guimarães, 2013).

P - Hidroxifenila (H) → R1 = OH e R2 = R3 = H;

Guaiacila (G) → R1 = OH, R2 = H e R3 = OCH3;

Siringila (S) → R1 = OH e R2 = R3 = OCH3.


11

Figura 1 - Unidades aromáticas constituintes da lignina.

Na Figura 2 é apresentada a estrutura proposta para as ligninas angiospermas,


nela são mostradas as três unidades citadas siringila representado pela letra S em azul,
guaiacila representado pela letra G em vermelho, e p-hidroxifenila representado pela
letra H em verde, (Guimarães, 2013).

Figura 2 - Estrutura proposta para lignina presente em madeira de angiosperma.


12

A produção de etanol a partir de biomassa lignocelulósica utiliza pré-tratamentos


químicos e enzimáticos para a realização da hidrólise da celulose e da hemicelulose,
fornecendo carboidratos, que subsequentemente podem ser fermentados pela ação de
microrganismos para a conversão em etanol (Santos, 2012).

Contudo, há estudos utilizando um pré-tratamento a plasma, em um reator DBD


(descarga com barreira dielétrica), para que se obtenha uma maior liberação de glicose
da biomassa lignocelulósica pelo processo de hidrólise enzimática (Miranda, 2013).
Define-se plasma como um meio que contém espécies neutras e espécies eletricamente
carregadas tais como elétrons, íons positivos, íons negativos, átomos e moléculas
(Bittencourt, 2004), onde a densidade de íons positivos deve ser neutralizada pelo
conjunto formado pelas densidades de elétrons e íons positivo, garantindo assim a
neutralidade macroscópica de carga. Em laboratório, plasmas podem ser gerados a partir
de descargas elétricas em gás, que são excitadas por fontes de corrente contínua (CC) ou
corrente alternada (CA). As seções a seguir detalharão os mecanismos para obtenção de
plasmas a partir de descargas elétricas de corrente contínua e corrente alternada.

O Brasil mantém sua produção agrícola entre as mais prósperas do planeta e uma
das atividades que se destacam é a cultura do milho. O cultivo do milho apresenta uma
importância tanto em fatores econômicos quanto em fatores sociais. Pela sua
versatilidade de uso, pelos desdobramentos de produção animal e pelo aspecto social, o
milho é um dos mais importantes produtos do setor agrícola no Brasil (Secretaria
Estadual de Agricultura, 2015). Com a grande produção de milho no Brasil há também
a geração de uma grande quantidade de resíduos, como o sabugo de milho (Souza,
2012). Contudo o sabugo de milho (Silveira, 2010) apresenta elevadas porcentagens de
celulose, hemicelulose e lignina em sua composição.

Na Figura 3 apresentam-se as principais etapas para se produzir o etanol de


segunda geração utilizando o pré-tratamento a plasma. Na etapa do processamento o
sabugo de milho, foi limpo para retirar as impurezas e os resíduos de milho, o sabugo de
milho foi triturado em um processador para obter uma granulometria uniforme, as
amostras foram secadas na estufa, a 50ºC, após a secagem foi realizado o quarteamento
das amostras, para obter uma amostra representativa. Na etapa do pré-tratamento a
plasma, as amostras foram colocadas no reator junto com uma solução alcalina, onde o
13

plasma irá romper ligações químicas e a lignina vai sendo solubilizada. Em seguida o
material do reator é retirado e passa por um processo de filtragem separando a solução
com lignina dissolvida dos carboidratos. Na hidrólise enzimática, os carboidratos são
quebrados por ação enzimática resultando no monossacarídeo glicose. Na fermentação,
a glicose é utilizada pelos microrganismos produzindo etanol.

Figura 3 - Fluxograma do processo para a produção do etanol.


14

2. Justificativa

Em função dos resultados obtidos pelo pré-tratamento a plasma na cana-de-


açúcar, e a grande quantidade de resíduos gerados como resultado da produção agrícola
de milho. Pretendemos reproduzir a técnica a plasma utilizando o sabugo do milho
como substrato.

3. Objetivos

3.1. Geral

Utilizar o pré-tratamento a plasma em líquidos com biomassa de sabugo de


milho, no intuito de extrair a lignina para que aumente a disponibilidade de carboidratos
que podem ser utilizados para a produção de etanol gerando o mínimo de resíduo.

3.2. Específicos

 Preparar as amostras para o pré-tratamento a plasma;


 Realizar o pré-tratamento a plasma das amostras;
 Caracterizar as amostras antes e depois do pré-tratamento visando à extração de
lignina;
15

4. Cronograma
A seguir é apresentado na Tabela 1 o cronograma das atividades que foram realizadas até o
momento.

Tabela 1 – Cronograma com a descrição das atividades e seus períodos de desenvolvimento.

Estágio Descrição do estágio


1 Pesquisa bibliográfica.
2 Desenvolvimento e montagem do reator.
3 Testes do reator.
4 Aquisição da matéria prima e processamento.
5 Realização do pré-tratamento a plasma.
6 Análises físico-químicas.
7 Escrita e entrega do projeto.
8 Apresentação do projeto.
9 Escrita e entrega do trabalho de graduação.
10 Apresentação do trabalho de graduação.

Bimestre
Estágios
1º 2º 3º 4º 5º 6º
1 X X X X X X
2 X X X
3 X X
4 X X
5 X X
6 X X
7 X
8 X
9 X X
10 X
16

5. Metodologia

Divisão de amostras
Inicialmente realizou-se um estudo teórico e um planejamento dos testes e
tratamentos a serem realizados, verificando as melhores condições e os parâmetros a
serem variados para o estudo. Para atender melhor os objetivos, dividiram-se as
amostras em 2 grupos, como mostrado na Tabela 2, dividindo em amostras de sabugo
que seriam submetidas ao pré-tratamento a plasma e as amostras submetidas ao pré-
tratamento de aquecimento em meio alcalino, com tempo de pré-tratamento de 40min.
Tabela 2 - Representação das divisões das amostras em grupos com as especificações de tratamento
submetidos.

Grupo Amostra Tratamento Tempo (min)


1 Sabugo Controle (sem pré-tratamento a plasma)
40
2 de milho Pré-tratamento a plasma

Pré-tratamento
Primeiramente realizou-se a seleção dos sabugos de milho a serem utilizados no
tratamento, então se realizou uma limpeza do material para retirar resíduos restantes de
milho, impurezas e demais materiais que poderiam danificar algum equipamento
durante o processo. Em seguida, o material foi submetido ao processo de trituração,
realizado em um triturador de alimentos, este processo foi realizado para que o sabugo
de milho apresentasse uma granulometria controlada e para que sua superfície de
contato fosse ampliada. As amostras trituradas foram levadas à estufa onde se realizou o
processo de secagem de forma controlada, as amostras foram submetidas à secagem por
um período de 48h a uma temperatura de 55°C, a fim de não ocorrer à degradação da
amostra. Depois de secas realizou-se a técnica de quarteamento para se obter uma
amostra representativa, sendo então separadas em 10g e armazenadas em recipientes
herméticos, a serem armazenadas até o pré-tratamento.

Preparo de soluções
Em seguida preparou-se soluções tampões com hidróxido de sódio e carbonato
de sódio, sendo pesado em torno 0,46g de hidróxido de sódio e 10,6g de carbonato de
sódio, obtendo uma solução com de pH 11,93, a utilização de soluções tampões é
importante para que o pré-tratamento a plasma não reduza significativamente o pH, e a
extração da lignina seria comprometida pela baixa dissolução em meio ácido.
17

Realizaram-se testes a fim de se determinar o tempo de solubilidade, obtendo a


marcação de aproximadamente 3 minutos para o sabugo.

Montagem do reator
A Figura 4 apresenta uma representação esquemática do mecanismo de
descargas de barreira dielétrica. O mecanismo de descargas de barreira dielétrica
consiste em inserir um material isolante entre os eletrodos que serão conectados na
fonte de tensão, que evita o aumento abrupto da corrente elétrica, este mecanismo opera
a pressão ambiente de 1atm.

Figura 4 - Esquema de um sistema de descarga por barreira dielétrica.

A Figura 5 (a) mostra o reator montado com os seus componentes e eletrodos, o


reator utiliza o mecanismo de descargas de barreira dielétrica, e a Figura 5 (b), mostra o
reator em funcionamento com a formação do plasma. O plasma é formado entre o
eletrodo contendo água e a solução, a distância entre o eletrodo e o líquido é fixada em
5mm e esta distância é ajustada durante o experimento para compensar o líquido
evaporado.
18

Figura 5 - Reator utilizado para o pré-tratamento a plasma.

(a) (b)

Eletrodo contendo água

Plasma

Solução tampão alcalina

Na Tabela 3 são apresentados os parâmetros utilizados no pré-tratamento a


plasma do sabugo de milho.

Tabela 3 – Parâmetros utilizados no pré-tratamento a plasma.

Especificações do tratamento
Quantidade de Duração do pré- Distância inicial
pH da solução
amostra tratamento líquido-elétrodo
10 gramas 40 minutos 11,93 5 mm

Filtração
Após a realização do pré-tratamento a plasma e dos testes em branco das
amostras, realizou-se uma filtragem para retirada do particulado maior, e posteriormente
realizou-se uma filtração a vácuo, utilizando um kitassato ligado a uma bomba vácuo
com um funil de buchner e papel filtro, em seguida, secou-se as amostras na estufa com
a temperatura aproximada de 50°C para posteriores análises.

Análises

Inicialmente realizou-se a análise de umidade da amostra de sabugo antes do


pré-tratamento a plasma, por meio de um analisador de umidade halogêneo (Halogen
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Moisture Analyzer - HMA), da marca Mettler Toledo, como mostrado na Figura 6, do


laboratório de análises de processos e herbicidas, situado na empresa Monsanto em São
José dos campos, este equipamento aquece a amostra medindo a quantidade de água
retirada, essa análise é importante para saber o quanto de amostra é tratada.

Figura 6 - HMA utilizado para medir a porcentagem de umidade nas amostras.

As análises de Espectroscopia UV-Vis foram obtidas analisando o líquido


retirado do pré-tratamento, onde possuía lignina dissolvida, este equipamento realiza
uma analise quantitativa utilizando comprimento de onda no visível e no ultravioleta, o
espectrofotômetro UV-Vis utilizado é o Ds-11+Spectrophotometer da DeNovix,
mostrado na Figura 7, e esta situado no Laboratório de Nanossensores (LNS), no
Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento (IP&D) da Universidade do Vale do Paraíba
(UNIVAP).
20

Figura 7 - Espectrofotômetro UV-Vis utilizado para caracterizar as amostras.

As análises de Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier


(Fourier transform infrared spectroscopy - FTIR) são utilizadas para identificar as
ligações existentes, foram realizadas as analises no sabugo sem pré-tratamento e após o
pré-tratamento, onde a lignina seria extraída, o FTIR utilizado, mostrado na Figura 8,
foi o Spectrum 400 FT-IR/FT-FIR Spectrometer da PerkinElmer do Laboratório de
Espectroscopia Vibracional Biomédica (LEVB), do Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento (IP&D) da Universidade do Vale do Paraíba (UNIVAP).

Figura 8 - FTIR utilizado para caracterizar as amostras.


21

6. Resultados

Na Tabela 4 são apresentados os resultados de umidade obtidos utilizando o


equipamento HMA após a preparação das amostras. Pode ser observado que a
porcentagem e a massa de água presente nas amostras, de sabugo do milho,
apresentaram uma porcentagem de 37,85% de água em uma massa inicial de 3,5 de
material úmido.

Tabela 4 – Índice da umidade presente nas amostras, em porcentagem e massa de agua presente.

Amostra Umidade (%) Massa total (g) Massa de água (g)


Sabugo 37,85 3,5 1,325

Na Figura 9 são apresentados as soluções contendo a lignina solubilizada da


extração por meio do pré-tratamento a plasma e do pré-tratamento de temperatura e pH.
A Figura 9 a) é referente à amostra tratada com o plasma, apresentando uma coloração
mais intensa e escura, a Figura 9 b) é referente à amostra tratada com temperatura e pH,
apresentando uma coloração mais suave e translucida. A coloração é decorrente da
lignina solubilizada, ou seja, quanto mais escura estiver à solução mais lignina foi
solubilizada, representando uma taxa de extração maior.
22

Figura 9 – Imagem da lignina extraída do sabugo com o tratamento a plasma e com tratamento de
temperatura e pH.

a) b)

Foram realizadas análises de espectroscopia UV-Vis e FTIR, para confirmar o


observado visualmente, e nestas análises foram estudadas as ligações presentes na
lignina que podem ocorrer nos átomos de carbono da cadeia lateral do propano, nos
núcleos aromáticos e nas hidroxilas fenólicas.

A seguir são apresentados os resultados da espectroscopia UV-Vis realizado na


solução contendo lignina extraída da amostra de sabugo tratada com o plasma e da
amostra tratada apenas com temperatura e pH. A lignina absorve na região UV devido à
transição π*← π de suas ligações C=C (Halttunen, 2001). Existem algumas diferenças
nos espectros UV de diferentes ligninas, com um máximo de absorção entre 280 nm e
350 nm, devido a estruturas (Gomes, 2009) (Marabezi, 2009). Como pode ser observada
na Figura 9, a amostra tratada a plasma, curva em vermelho, teve uma taxa de
absorbância maior quando comparada com a curva em preto e esta diferença de
absorbância foi de 53%, indicando uma concentração maior de lignina extraída na
amostra submetida ao pré-tratamento a plasma, curva em vermelho.
23

Figura 10 – Espectrograma UV-Vis da lignina extraída.

Lignina extraida
18
Sabugo tratado com temperatura e pH
16 Sabugo tratado com plasma

14
12 Guaiacila e siringila
Absorbância

10
8
6
4
2
0
200 250 300 350 400 450 500 550 600
Comprimento de onda (nm)

A seguir são apresentados os resultados de FTIR realizado sobre o sabugo de


milho referente às amostras sem tratamento e as tratadas com o plasma, Figura 10. Os
compostos fenólicos que constituem os blocos construtivos da lignina são os núcleos
guaiacílico, siringílico e p-coumarílico (Fukushima & Hatfield, 2003), que podem ser
observadas em 1121 cm-1 e 1263 cm-1 guaiacila e 1215 cm-1 siringila na curva da
amostra sem tratamento, curva em vermelho, enquanto a curva da amostra submetida ao
pré-tratamento a plasma, curva em preto, não apresenta tais constituintes da lignina.
24

Figura 11 – Espectrograma de FTIR dos sabugos com e sem tratamento.

Sabugo tratado
Sabugo sem tratamento
Absorbancia (u.a.)

C-H
Guaiacila
Siringila
Guaiacila
C=C -OH
C=O

500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000


-1
Comprimento de onda (cm )

Na Tabela 5, são apresentadas as principais bandas observadas que divergem da


amostra tratada com as amostra não tratada.

Tabela 5 - Comprimento de onda e atribuições para as principais bandas de FTIR.

Comprimento de
Atribuições
onda (cm-1)
830 C-H aromático (deformação fora do plano)
1034 C-H aromático (deformação fora do plano) e C-O álcool
(deformação)
1121 Deformação axial de éter para guaiacila não condensada
1215 Deformação C-H aromático unidades siringila no plano
1263 Anel guaiacila (deformação)
1458 C-H (deformação)
1512 Anel aromático (estiramento C=C)
1600 Anel aromático (estiramento C=C)
1710 C=O carbonila (estiramento)
25

7. Conclusão

A análise visual indicou uma coloração mais intensa e o escurecimento do meio


líquido indicando a presença da lignina solubilizada da amostra tratada pelo plasma
indicando que o pré-tratamento a plasma foi eficiente para a extração de lignina,
representando uma extração 53% maior ao comparada com o pré-tratamento de
temperatura e pH, sendo comprovado pelas analises de espectroscopia UV-Vis e FT-IR
com a indicação da presença dos núcleos fenólicos, guaiacila e siringila característicos
da lignina.
Com base nos resultados obtidos, o pré-tratamento a plasma apresenta resultados
promissores, e a utilização dele em conjunto a outros pré-tratamentos poderá resultar em
uma remoção mais eficiente de lignina, resultando em uma maior liberação de celulose
que pode ser utilizada para a produção de etanol.
26

8. Referências Bibliográficas
Bittencourt, J., 2004. Fundamentals of Plasma Physics. 3ª ed. Nova York: Springer.

Conejero, M. A., 2006. Marketing de créditos de carbono: um estudo exploratório,


Ribeirão Preto: Dissertação de Mestrado em Administração – Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.

Ferraresi de Araujo, G., Scaranti Navarro, L. & Santana Santos, B., 2013. O Etanol de
Segunda Geração e sua Importância Estratégica Ante o Cenário Energetico
Internacional Contemporâneo. Periódico eletrônico "Fórum Ambiental da Alta
Paulista".

Fukushima, R. S. & Hatfield, R. D., 2003. Um novo método analítico para a


determinação do teor de lignina em produtos vegetais., Jaguáriuna - SP: VIII Encontro
Nacional sobre Métodos dos Laboratórios da Embrapa.

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