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PONTA GROSSA
2015
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
PRÓ- REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE ALIMENTOS
PONTA GROSSA
2015
Ficha Catalográfica
Elaborada pelo Setor de Tratamento da Informação BICEN/UEPG
1.Subprodutos. 2.Planejamento de
experimentos. 3.Cinética fermentativa.
4.Bioetanol. 5.Monensina sódica.
I.Demiate, Ivo Mottin. II. Nogueira,
Alessandro. III. Universidade Estadual de
Ponta Grossa. Mestrado em Ciência e
Tecnologia de Alimentos. IV. T.
CDD: 664
À minha família, dedico!
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus criador de todas as coisas, sem Ele não teria força e
coragem suficiente para continuar apesar das adversidades que surgem no decorrer da vida.
Aos professores e com certeza também amigos, Ivo Demiate e Alessandro Nogueira,
pela confiança em mim depositada e por estarem sempre disponíveis para auxiliar em todas as
dúvidas, não só científicas, mas também dando conselhos que certamente levarei comigo por
toda a vida.
Agradeço a minha mãe, Ione, que sempre me mostrou que quando acreditamos num
sonho a luta é sempre válida, e que desistir não deve fazer parte dos meus pensamentos,
obrigada por ser um exemplo de luta e coragem em minha vida!
Ao meu pai e anjo da guarda, Luiz Fernando, que acredito que dia a dia cuida de mim,
e mesmo longe dos olhos é meu exemplo de humildade, amor e fé.
A minha irmã, Fernanda, que muitas vezes além de irmã, foi mãe, pai e principalmente
amiga incentivando nos momentos difíceis, sendo exemplo de dedicação a ser seguido.
A minha afilhada, Lauren, alegria das nossas vidas, que na sua inocência de criança,
muitas vezes me fez rir e me esquecer dos problemas que me cercavam.
Ao meu namorado, Diulhio, que em todos esses anos sempre me apoiou
incondicionalmente em seguir meus sonhos. Acredito que ainda cresceremos muito juntos.
Às minhas amigas de anos, Ana Paula e Renata, e aquelas que o mestrado me trouxe,
Aline, Andressa, Tâmisa, Priscila e Mayara, pela convivência e companhia de cada dia.
A Denise e ao Vitor que sempre estiveram disponíveis para me ajudar quando precisei.
A CAPES ao CNPq pelo apoio financeiro, a Universidade Estadual de Ponta Grossa,
ao Departamento de Engenharia de Alimentos e ao laboratório multiusuário (C-LABMU) pela
estrutura disponibilizada, e a todas as empresas que forneceram materiais para serem
utilizados neste estudo.
The agro-business growth beyond creating positive impacts generates the concern with the
high level of by-products generation that require proper disposal. Cheese whey and corn steep
liquor are among these by-products with high pollution potential if are simply discarded, but
if considered the nutrients present in both of them, they are potential raw materials for
obtaining new products. One possible use of those by-products is as substrates for bioethanol
production, decreasing the impacts in high waste generation as well as the use of fossil fuels.
The aim of this work was to produce bioethanol using the by-products whey and corn steep
liquor. Experimental design tools were used to examine their technical viability for second-
generation ethanol production. The worts, containing 100% corn steep liquor and 25% whey
with 75% corn steep liquor, supplemented with glucose were considered superior for
bioethanol production with fermentation efficiency reaching around 90 % for both of them.
The worts also showed satisfactory results when supplemented with sugar cane molasses or
brown sugar. One of the main problems found in ethanol fermentation was the lactic acid
generation resulting from contamination with lactic acid bacteria, and in order to overcome
that difficulty, pasteurization and use of antibiotics were made and showed good results in
controlling contaminants. The use of antibiotics, especially of sodium monensin showed
advantages by reducing the maximum rate of growth of yeast (µ max), and as reported
elsewhere lower µ max values reflects in higher rates of fermentation efficiency. In general the
results were considered satisfactory reaching high level of ethanol productivity (above 1 g L-1
h-1) and maximum fermentation efficiency (Nb) of 93.85 % for the experiment with 100 % of
corn steep liquor using monensin sodium antibiotic how to contaminants control.
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Produzir etanol via fermentativa utilizando água de maceração do milho e soro de leite como
substrato.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
úmida, a maceração do milho acontece após a limpeza e secagem do mesmo e esta água
utilizada na maceração segue para a estação de tratamento apresentando valores médios de
DQO de 14.000 mg L-1 e DBO de cerca de 11.000 mg L-1 (LOSS et al. 2009). O
processamento desta farinha biju está exemplificado na Figura 1:
em sua maior parte na forma de aminoácidos livres, além de minerais, vitaminas e outros
nutrientes elementares, sendo uma excelente fonte de nutrientes para os micro-organismos e
que podem apresentar influência na produção de etanol (AMARTEY; JEFFRIES, 1994; GAO
et al., 2011). Quanto aos aminoácidos presentes, os principais são prolina, cisteína, ácido
aspártico e ácido glutâmico. Em relação aos elementos potássio, fósforo, enxofre, sódio e
silício, sua composição depende fortemente dos processos de tratamento do milho (CHOI et
al., 2013). A milhocina possui baixo custo e está amplamente disponível no mercado, além de
ser uma rica fonte de nitrogênio e nutrientes para a maioria dos micro-organismos. É um
produto agrícola renovável e economicamente viável utilizado com sucesso em inúmeros
processos fermentativos e também como matéria prima na indústria farmacêutica (PAREKH
et al., 1999; ALVIM et al., 2002; EDWINOLIVER et al., 2009; GAO et al., 2011).
A milhocina, em particular, constitui uma alternativa rentável para substituir os
suplementos amplamente utilizados em processos fermentativos, como a peptona e o extrato
de levedura, além de possuir vantagem para aplicação industrial se comparada a estes
suplementos de alto custo; a milhocina também apresentou bons resultados para a substituição
da peptona na suplementação de soro de leite utilizado em bioprocessos (AGARWAL et al.,
2008; SILVA et al., 2010). A suplementação com baixos níveis de milhocina também atende
às necessidades nutricionais compatíveis com o crescimento e fermentação de alto
desempenho, de micro-organismos dos gêneros Zymomonas, Streptomyces, Clostridium e
Saccharomyces, por exemplo, podendo diminuir os custos com adjuvantes nutricionais em
fermentações de larga escala (LAWFORD; ROUSSEAU, 1997; AZEREDO et al., 2006; LAU
et al., 2010; MADDIPATI et al., 2011). Além da suplementação, muitos estudos são feitos
para utilização da milhocina na obtenção de produtos de maior valor agregado, como ácido
succínico, enzimas, butanodiol, acetoína, acetona, butanol e etanol (CHOI et al., 2013; XI et
al., 2013; YANG, et al., 2013).
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias do Milho (ABIMILHO, 2013) cerca
de 2,4 milhões de toneladas do milho produzido em 2013 foram utilizadas no consumo
industrial em moagem úmida, contra 2,2 milhões de toneladas utilizadas industrialmente na
moagem a seco e 1,02 milhões de toneladas utilizadas para o consumo humano “in natura”.
Este fato confirma a grande geração da milhocina, visto que para cada quilograma de milho
processado em via úmida utiliza-se um litro de água, aproximadamente, o que implica na
necessidade de buscar novas alternativas para este subproduto.
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Por outro lado, o soro retém alguns nutrientes do leite, incluindo proteínas, lipídeos,
lactose, vitaminas e minerais de grande potencial para a obtenção de produtos
comercializáveis, o que desafia a indústria a enfrentar o soro como uma matéria-prima e não
apenas como um resíduo (GUIMARÃES et al., 2010). A composição química, em seu peso
seco, consiste principalmente de lactose, 70-75 % e proteínas solúveis, 10-15 % (FRIGON et
al., 2009). Considerando a sua composição em carbono e nitrogênio e fósforo, estes
componentes são encontrados na proporção aproximada de 200:3,5:1, o que, em princípio, faz
com que o mesmo possa ser considerado uma fonte deficiente de nitrogênio para processos
biológicos (PRAZERES et al., 2012).
Segundo Gänzle et al. (2008) existe um esforço contínuo para encontrar novos usos
para o soro de leite que está diretamente ligado à descoberta de novos usos para lactose, o
principal componente do soro, visto que as normas de descargas ambientais estão mais
difíceis de serem cumpridas. As autoridades estão se tornando mais vigilantes em todas as
regiões, e os tratamentos estão cada vez mais complexos e caros. O processo de fermentação
de lactose reduz fortemente a carga poluente do soro de leite, contribuindo para minimizar
problemas ambientais causados pelo excesso de soro gerado (SILVA et al., 2010).
A conversão da lactose presente no soro em etanol combustível, pode não apresentar
vantagens econômicas se comparada com os processos atualmente estabelecidos, utilizando
cana de açúcar ou milho. Porém visto que o soro é um subproduto, o uso da sua lactose
representa vantagem sob outros aspectos por não se tratar de um alimento humano. A
fermentação de soro de leite deve ser rápida para maximizar a produtividade de etanol do
processo, mas junto a isso é fundamental a minimização da concentração de açúcar residual
no efluente, uma vez que o tratamento de resíduos também faz parte dos objetivos do
processo. Além do etanol combustível, o etanol de soro de leite pode ser adequado para o uso
na indústria alimentícia, de bebidas, cosmética e farmacêutica, visto que o mesmo pode ser
considerado potável; outras aplicações para o soro de leite em bioprocessos são a obtenção de
ácidos orgânicos, glicerol, aminoácidos, goma xantana e até mesmo de compostos voláteis
(SISO, 1996; GUIMARÃES et al., 2010).
Hidrólise da Lactose
A lactose (α-lactose) ou β-D-Galactopiranosil-(14)-α-D-glucopiranose (IUPAC,
1969) (Figura 2) é um dissacarídeo que compreende uma molécula de glucose ligada a uma
molécula de galactose. Uma característica distintiva da lactose é sua manifestação em
17
.
Figura 3: Esquema da hidrólise da lactose catalisada pela enzima β-d-galactosidase.
Fonte: Gänzle et al. (2008)
sobre condições ótimas, sem que nada seja adicionado durante o processo. O estudo cinético
de um processo fermentativo consiste na análise da evolução da concentração de um ou mais
componentes do sistema em função do tempo de fermentação podendo-se definir a velocidade
com que o substrato será convertido em etanol, a concentração de biomassa produzida, a
produtividade em etanol, a eficiência da fermentação e a velocidade de crescimento específico
da levedura (µ máx) (LIMA et al., 2001; SCHMIDELL et al., 2001) fatores estes importantes
para determinar a viabilidade do processo fermentativo.
Na fermentação descontínua a cinética de fermentação apresenta três fases
características: fase preliminar, ou fase lag, correspondente a multiplicação celular no mosto e
possui pequeno desprendimento de CO2. Fase tumultuosa, ou fase log, onde acontece maior
liberação de CO2, aumento exponencial de etanol e diminuição da concentração de açúcar, e
por fim, a fase estacionaria onde cessa a liberação de CO2 e a concentração de açúcares
fermentescíveis é mínima. Estas três fases podem ser observadas também na construção da
curva de liberação de CO2 em função do tempo (REGULY et al., 1998; LIMA et al., 2001;
SCHMIDELL et al., 2001).
Após a fermentação o mosto fermentado passa pelo processo de clarificação, para
retirada das células em suspensão (biomassa) e de destilação para obtenção do etanol na sua
forma pura. A destilação é o processo de separação de fases de uma mistura homogênea de
líquidos, utilizado em inúmeros processos industriais, envolvendo a evaporação parcial de um
líquido seguida pela total condensação do vapor, neste caso, correspondente ao etanol
(STICHLMAIR; FAIR, 1998; SCHMIDELL et al., 2001).
resulta em etanol classificado como de primeira geração. Porém, a produção deste tipo de
bioetanol é controversa, pois o uso de água e recursos agrícolas para produção de combustível
ao invés da produção de alimentos pode gerar impactos no uso direto e indireto da terra
devido ao cultivo de matéria-prima para a produção de biocombustíveis. Tendo em vista a
necessidade de evitar esse impacto, surge o etanol de segunda geração, que deve ser
produzido a partir de fontes alternativas, como as matérias-primas e tecnologias de refino e os
resíduos agroindustriais, reduzindo o impacto na produção de alimentos e tornando-se uma
forma de valorização de subprodutos. Apesar de parecer promissora, a tecnologia de produção
de biocombustíveis de segunda geração ainda é muito complexa e necessita de intensos
estudos científicos ao longo das próximas décadas. O custo deste tipo de combustível é um
fator limitante para o uso em escala comercial, sendo que se pode assumir que esta tecnologia
apenas chegará às destilarias após provar sua viabilidade técnica e econômica, sendo ainda
necessária a produção responsável de etanol de primeira geração (LEITE et al., 2008;
AMORIM et al., 2011; HARVEY; PIGRIM, 2011; RAMÍREZ; TRIANA, 2011).
Os principais alvos de pesquisa sobre processos de fermentação alcoólica são altas
produtividades a partir de substratos baratos e renováveis reduzindo a demanda de energia.
Para isto, o desenvolvimento de tecnologias baratas para produção de bioetanol tem sido
destaque em muitas universidades, centros de pesquisas, empresas privadas e diferentes
governos. Neste âmbito o Brasil está entre os países mais avançados do mundo em segurança
energética e sustentabilidade atingindo altos níveis de energia renovável e ecologicamente
sustentável (CARDONA; SÁNCHEZ, 2007; CAZETTA et al., 2007; DODIĆ et al., 2009;
CHOI et al., 2010; HARVEY; PILGRIM et al., 2011).
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4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1. MATERIAIS
A água de maceração de milho utilizada neste estudo foi cedida por uma fábrica de
Farinha de milho do tipo biju da cidade de Irati, Paraná, Brasil. A milhocina foi coletada
diretamente do tanque de maceração após 48 horas de imersão do milho na mesma.
A maceração ocorre basicamente em duas etapas, sendo que numa primeira a canjica
é adicionada aos tanques e adiciona-se água que fica em contato com os grãos por
aproximadamente três horas, com o propósito de entumescimento do grão de milho, o qual
aumentará de volume preenchendo todo tanque. Em seguida, uma pequena parte dessa água é
escoada (o restante fica retida no grão de milho). Em uma segunda etapa de maceração
completa-se novamente o tanque com água que permanecerá em contato com o milho por 48
horas e depois é descartada. Este processo utiliza no total aproximadamente um litro de água
para cada quilograma de milho. O resíduo da segunda maceração consiste na milhocina que
foi utilizado neste trabalho.
O soro de leite do tipo doce, proveniente da produção de queijo tipo Camembert, foi
disponibilizado pela Escola Tecnológica de Leite e Queijos dos Campos Gerais da
Universidade Estadual de Ponta Grossa (Ponta Grossa, Paraná, Brasil).
Os subprodutos foram acondicionados em frascos de polímero PET (politereftalato de
etileno) e armazenados a -18 °C em freezer (Metalfrio, São Paulo, Brasil) até sua utilização.
4.2. MÉTODOS
Perfil de aminoácidos
Os aminoácidos foram determinados por CLAE (Cromatografia Líquida de Alta
Eficiência) através de sistema cromatográfico (Alliance 2695, Waters, Milford, MA, USA)
equipado com detector multi fluorescência (Waters 2475, Milford MA, USA) e coluna Pico
Tag (3,9 X 150 mm). A análise foi realizada segundo metodologia AccQ TagTM utilizando kit
completo da Waters.
O soro de leite passou por uma fase prévia de hidrólise da lactose utilizando-se a
enzima β-Galactosidase (Granolab do Brasil S.A, Curitiba, Paraná, Brasil).
A hidrólise do soro foi conduzida utilizando os parâmetros ótimos de pH e
temperatura de atuação da enzima, de 6,5 e 40 °C, respectivamente, encontrados por Rossetto
et al (2012) para soro de leite. A eficiência da hidrólise foi avaliada a partir do teor de
glucose antes e depois da hidrólise pelo método enzimático de GOD (glucose PP, Gold
Analisa, Belo Horizonte, MG, Brasil) realizado segundo Dahlquist (1961). Os resultados
obtidos por esta metodologia foram confirmados pela análise cromatográfica.
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= − (1)
= −( − ) (2)
(3)
= − (4)
(5)
= (6)
(%) =
,
∗ 100 (7)
Eficiência de processo Np(%) com base na concentração inicial de açúcar S0, Equação 8:
(%) = , ∗
∗ 100 (8)
pelo coeficiente angular da reta ajustada aos dados experimentais na fase exponencial de
crescimento, através da equação 9 (STROPPA et al., 2009).
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ln = á ∗ + (9)
crescimento;
µ máx = velocidade específica máxima de crescimento (h-1);
t = tempo (h);
b = coeficiente linear da equação do logaritmo da concentração de leveduras em função do
tempo de fermentação, na fase exponencial de crescimento.
Com estes dados foi construída a curva de cinética para o processo fermentativo em
estudo, através de um modelo matemático não estruturado que considera quatro variáveis:
concentração de células (biomassa), concentração de substrato, concentração de produto, e a
taxa de evolução de CO2 (CARDONA; SÁNCHEZ, 2007).
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
fonte de nitrogênio orgânico e de minerais tais como sódio e potássio (FONTES et al., 2008;
GAO; YUAN, 2011; XI et al., 2013).
As características físico-químicas do soro de leite assim como a DQO estão de
acordo com os valores encontrados por diversos autores para soro de leite doce (ANTUNES
et al., 2003; SADDOUD et al., 2007; PRAZERES et al., 2012; YASMIN et al., 2013), sendo
que variações nas características do soro de leite podem ser atribuídas a composição o leite
e/ou diferentes técnicas de manipulação e processamento utilizadas pelas indústrias lácteas
(ALSAED et al., 2013). A lactose corresponde ao componente de maior fração presente no
soro de leite (considerando-se a fração sólida), e o teor de lipídios é relativamente baixo para
todos os tipos de soro (GLASS; HEDRICK, 1977). Os elevados teores de proteína e açúcares
são responsáveis pela alta carga poluente do soro de leite e também por dificultar o seu
tratamento (GUIMARÃES et al., 2010). Em relação ao teor de cinzas presente no soro, mais
de 50 % corresponde a NaCl e KCl (CHATZIPASCHALI; STAMATIS et al., 2012).
Devido ao alto teor de carboidratos, além das vitaminas, minerais e proteínas
presentes, diversos processos biotecnológicos estão sendo desenvolvidos para o uso do soro
de leite na obtenção de novos produtos. Além disso, as proteínas e peptídeos bioativos no soro
estão sendo utilizados em produtos alimentares e na indústria farmacêutica, como por
exemplo, na produção de enzimas como a protease (PANESAR et al., 2007a; GUIMARÃES
et al., 2010; LADEIRA et al., 2012).
O conteúdo de nitrogênio, proteína e aminoácidos dos subprodutos (Tabela 5) foi
analisado para avaliar o potencial dos mesmos como fonte de nitrogênio para a fermentação
alcoólica, visto que o nitrogênio é um dos compostos mais utilizados pela levedura, sendo
essencial para o seu crescimento.
Além dos componentes nitrogenados proteicos, ambos os subprodutos são ricos em
nitrogênio amoniacal, o qual também é consumido pela levedura S. cerevisiae. A presença da
amônia no meio pode também atrasar ou diminuir o consumo de vários aminoácidos,
resultando num aumento geral do consumo de nitrogênio durante a fermentação (JIRANEK et
al., 1995; VILANOVA et al., 2007; GAO; YUAN, 2011).
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Milhocina
300 Soro
250
200
150
100
50
0
Asp Ser Glu Gli His Arg Thr Ala Pro Cis Val Met Lis Ile Leu Fen
Aminoácidos
Figura 6: Perfil de aminoácidos dos subprodutos agroindustriais milhocina e soro de leite utilizados neste estudo.
consumidas pela levedura, o consumo de glucose é maior e mais rápido enquanto a galactose
só passa a ser utilizada quando a glucose atinge níveis críticos (MEHAIA; CHERYAN, 1990;
GUIMARÃES et al., 2010).
Tabela 6: Eficiência da fermentação das diferentes misturas de subprodutos indicadas pelo planejamento de
experimentos.
Fração dos Componentes Variável de Resposta
Mistura
Soro (X1) Milhocina (X2) Eficiência da Fermentação (%)
1 1,00 0,00 78,88
2 1,00 0,00 77,72
3 1,00 0,00 71,88
4 0,00 1,00 91,86
5 0,00 1,00 93,07
6 0,50 0,50 79,83
7 0,75 0,25 77,27
8 0,25 0,75 89,83
Tabela 7: Parâmetros resultantes da fermentação alcoólica das diferentes misturas de soro de milhocina
Fração dos Componentes Parâmetros Iniciais do mosto Parâmetros Finais do mosto Parâmetros resultantes da fermentação
Soro Milhocina Acidez AT AF Acidez AT AF Etanol Nb Np PR
-1 -1 -1 -1 -1 -1 -1
(X1) (X2) (g L ) (g L ) (g L ) (g L ) (g L ) (g L ) (g L ) (%) (%) (g L-1 h-1)
1,00 0,00 2,15 ± 0,05e 140,94 ± 2,97b 123,82 ± 2,56b 4,84 ± 0,11e 37,87 ± 0,12b 20,15 ± 0,07b 41,77 ± 0,15d 78,88 ± 1,91cd 66,03 ± 1,32d 1,55 ± 0,01d
1,00 0,00 2,15 ± 0,05e 146,19 ± 0,76a 128,51 ± 0,62a 5,12 ± 0,10f 39,73 ± 0,11a 20,32 ± 0,07a 42,97 ± 0,12c 77,72 ± 0,00cd 65,43 ± 0,25d 1,59 ± 0,00c
1,00 0,00 2,27 ± 0,06e 145,00 ± 2,03a 127,56 ± 1,77a 5,18 ± 0,10f 25,23 ± 0,10c 12,22 ± 0,05c 42,37 ± 0,47cd 71,88 ± 1,21e 65,00 ± 1,04d 1,57 ± 0,02cd
0,00 1,00 5,30 ± 0,25a 107,14 ± 1,50f 107,14 ± 1,50e 6,90 ± 0,09a 0,18 ± 0,00g 0,18 ± 0,00g 50,20 ± 0,79a 91,86 ± 1,74ab 91,72 ± 1,74a 1,86 ± 0,03a
0,00 1,00 5,16 ± 0,17a 107,21 ± 1,52f 107,21 ± 1,52e 6,91 ± 0,08a 0,24 ± 0,00g 0,24 ± 0,00g 50,83 ± 0,23a 93,07 ± 1,11a 92,88 ± 1,10a 1,88 ± 0,01a
0,50 0,50 3,66 ± 0,05c 126,70 ± 0,70d 119,45 ± 0,70c 5,89 ± 0,02c 12,30 ± 0,03d 6,18 ± 0,02d 46,20 ± 0,30b 79,83 ± 0,94c 75,69 ± 0,89c 1,71 ± 0,01b
0,75 0,25 3,34 ± 0,07d 135,24 ± 0,54c 123,39 ± 0,49b 5,53 ± 0,05d 11,72 ± 0,06e 5,96 ± 0,03f 46,37 ± 0,12b 77,27 ± 0,23d 73,54 ± 0,19c 1,72 ± 0,01b
0,25 0,75 4,21 ± 0,01b 122,12 ± 2,62e 116,00 ± 2,59d 6,19 ± 0,12b 10,49 ± 0,04f 6,09 ± 0,04e 50,43 ± 0,23a 89,83 ± 2,41b 85,11 ± 2,21b 1,87 ± 0,01a
p – Brown Forsythe* 0,50 0,68 0,70 0,90 0,45 0,44 0,63 0,66 0,71 0,63
p – ANOVA** <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
Nota: AT – açúcares totais (lactose + glucose + galactose); AF – açúcares fermentescíveis (glucose + galactose); Nb - Eficiência de fermentação (%); Np - Eficiência de processo (%);
PR – produtividade em etanol.
* Valores de probabilidade obtidos segundo o teste de Brown-Forsythe para homogeneidade de variâncias.
** Valores de probabilidade obtidos segundo ANOVA fator único.
*** Letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa de acordo com o teste de Fisher LSD (p<0,05).
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inversamente proporcionais à fração de soro na mistura, visto que quanto maior a proporção
de soro na mistura maior a disponibilidade de galactose a qual é lentamente consumida pela S.
cerevisiae. Desta forma, o experimento contendo apenas soro de leite apresentou os fatores
produção de etanol, eficiência da fermentação e de processo e produtividade,
significativamente menores dos que os demais experimentos. A alta concentração de levedura
apresenta efeito positivo para um alto índice de etanol produzido, visto que quando estão
presentes em baixas concentrações pode haver o desgaste das mesmas, requerendo
regeneração, antes mesmo de consumir todo o substrato disponível para produção de etanol
(OSUNKOYA; OKWUDINKA, 2011).
Silva et al. (2010) realizaram um experimento semelhante, utilizando uma cepa de
Saccharomyces cerevisiae modificada que consome a lactose como fonte de carbono, e soro
de leite concentrado como substrato contendo 150 e 200 g L-1 de lactose. Os resultados
revelaram índices de produtividade de 0,74 e 0,63 g L-1 h-1 e suplementando os mesmos
substratos com 10 g L-1 de milhocina a produtividade foi para 1,22 e 0,57 g L-1 h-1,
respectivamente, indicando que a presença dos nutrientes provenientes da milhocina aumenta
a velocidade da fermentação assim como a maior concentração de açúcares apresenta efeito
negativo para a levedura.
Florêncio et al. (2013) estudaram diferentes concentrações de levedura e de sacarose
a serem adicionadas para produção de etanol a partir de soro de leite não hidrolisado
inoculado com S. cerevisiae de panificação atingindo nível máximo de eficiência da
fermentação de 76,14 % quando foram adicionados 100 g L-1 de sacarose ao soro de leite e
6,0 g L-1 de levedura.
Analisando os índices de produtividade e eficiência da fermentação, obtidos no
presente estudo, utilizando-se S. cerevisiae de panificação, os resultados foram considerados
satisfatórios, além de demonstrar que a milhocina é uma boa fonte de nutrientes, como
nitrogênio e vitaminas melhorando o desempenho da levedura.
Os dados do planejamento foram tratados estatisticamente, através de análise de
variância (ANOVA), e os resultados obtidos estão na Tabela 8.
41
Tabela 8: Análise de variância (ANOVA) para Eficiência da Fermentação* em proporções dadas pelo
planejamento de mistura.
SQ GL QM F P
Modelo Linear 381,32 1 381,32 41,64 <0,01
Falta de ajuste 26,06 3 8,69 0,90 0,53
Erro Puro 28,88 3 9,63
R² 0,87
R²adj 0,85
Nota: *etanol produzido em 27 horas de fermentação;
SQ = soma dos quadrados; GL = graus de liberdade; QM = média dos quadrados residuais; F = distribuição de
Fisher; p= probabilidade de significância.
Experimento 1
Experimento 2
Curva de liberação de CO2 (g L )
-1
40
20
0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 7: Curva de liberação de CO2 durante o processo fermentativo de diferentes mostos para a determinação
do tempo de fermentação.
Nota: Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75
% de milhocina.
de milhocina (Experimento 1), o que pode estar relacionado à presença da galactose nesse
meio, que embora seja utilizada pela S. cerevisiae, o seu consumo acontece em níveis
inferiores ao da glucose, mesmo após exaustão da mesma (MEHAIA et al., 1990; PARK et
al., 2014). Este fato pode ser confirmado com os dados da Tabela 10, na qual se observa que o
mosto contendo 100 % de milhocina (Experimento 1) apresenta açúcar fermentescível
residual de 0,13 g L-1 enquanto para o meio contendo 25 % de soro de leite (Experimento 2)
este foi de 4,68 g L-1, correspondendo à galactose.
Para ambos os experimentos a produção de ácido lático aconteceu nas primeiras
horas de fermentação, ou seja, na fase lag, na qual a levedura ainda está se adaptando ao meio
para produzir etanol e, então, após o início da produção máxima de etanol (fase log), a
concentração de ácido lático se torna constante. A duração da fase lag aumenta
proporcionalmente a concentração de ácido lático inicial do mosto e a concentração produzida
(ABBOTT e INGLEDEW, 2004).
Para avaliar a cinética da fermentação utilizam-se as seguintes variáveis: quantidade
de substrato transformado ou utilizado pela levedura, variação da concentração celular e a
quantidade de produto formado, que, se colocadas em gráficos em função do tempo da
fermentação representam a cinética do processo fermentativo (REGULY, 2000), como
exposto nas Figuras 8 e 9.
O consumo de nitrogênio durante a fermentação está diretamente associado com a
fase de crescimento e com a população máxima da levedura (ALBERTI et al., 2011). No
presente estudo observou-se esse fenômeno, e a partir de 18 horas de fermentação quando
termina a fase exponencial de crescimento e o consumo de nitrogênio é quase nulo (Figuras
8b e 9b). O mesmo pode ser observado para o consumo de açúcares e produção de etanol,
sendo que na fase exponencial estes são máximos, permanecendo praticamente estáveis a
partir de 18 horas de fermentação (Figuras 8a e 9a).
45
120 60
AFT (a)
110
Etanol
100 50
90
80 40
AFT (g . L )
70
Etanol (g . L )
-1
60 30
50
40 20
-1
30
20 10
10
0 0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
12 1,2
Biomassa (b)
11 1,1
10 Nitrogênio 1,0
9 0,9
Nitrogênio (g . L )
8 0,8
Biomassa (g . L )
-1
7 0,7
6 0,6
5 0,5
4 0,4
3 0,3
-1
2 0,2
1 0,1
0 0,0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 8: Cinética Fermentativa para experimento 1: (a) consumo de açúcares fermentescíveis totais (AFT) e
produção de etanol; (b) Consumo de nitrogênio e produção de biomassa.
Nota: Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina.
46
120 60
110 AFT (a)
100
Etanol 50
90
80 40
AFT (g . L )
Etanol (g . L )
70
-1
60 30
50
40 20
-1
30
20 10
10
0 0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
12 1,2
11
Biomassa (b) 1,1
Nitrogênio
10 1,0
9 0,9
8 0,8
Nitrogênio (g . L )
Biomassa (g . L )
-1
7 0,7
6 0,6
5 0,5
4 0,4
3 0,3
-1
2 0,2
1 0,1
0 0,0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 9: Cinética Fermentativa para experimento 2: (a) consumo de açúcares fermentescíveis totais (AFT) e
produção de etanol; (b) Consumo de nitrogênio e produção de biomassa.
Nota: Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75 % de milhocina.
a 1,00 g L-1 h-1. Outros trabalhos também sugerem melhor produtividade em mostos
alternativos suplementados com milhocina (DIEN et al., 2003).
Nota: Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75
% de milhocina; PR - produtividade em etanol; - Fator de conversão de substrato em etanol (g g-1); Nb -
Eficiência de fermentação (%); Np - Eficiência de processo (%); - Fator de conversão de substrato em
biomassa.
* Valores de probabilidade obtidos segundo o teste de Brown-Forsythe para homogeneidade de variâncias.
** Valores de probabilidade obtidos segundo ANOVA fator único.
*** Letras diferentes na mesma linha representam diferença significativa de acordo com o teste de Fisher LSD
(p<0,05).
Tabela 12: Comparação dos valores preditos através do modelo linear e dos valores encontrados
experimentalmente para eficiência da fermentação em 27 h de processo.
Fração dos Componentes
Valor Teórico (%) Valor Prático (%) Erro Absoluto (%)
Soro Milhocina
0,00 1,00 92,02 93,32 1,41
0,25 0,75 87,81 86,33 1,69
0,9
ln X/X0
0,6
0,3
0,0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
.
0,6
ln X/X0
0,4
0,2
0,0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 10: Gráfico para determinação de µ máx pelo coeficiente angular da reta ajustada aos dados experimentais
na fase exponencial de crescimento para os ensaios: (a) Experimento 1 e (b) Experimento 2.
Nota: Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75
% de milhocina.
50
GLU (a)
MAS
MEL
30
20
10
0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
50
(b)
GLU
MAS
Curva de liberação de CO2 (g L )
MEL
-1
40
30
20
10
0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
50
GLU (c)
MAS
Curva de liberação de CO2 (g L )
-1
40 MEL
30
20
10
0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 11: Curva de liberação de CO2 durante o processo fermentativo dos diferentes meios fermentativos
utilizando diferentes fontes de açúcares.
Nota: (a) Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; (b) Experimento 2 - mosto contendo 25 % de
soro e 75 % de milhocina; (c) Experimento 3 - substituição dos subprodutos 99oooooooooooopor água;
GLU - mosto suplementado com glucose; MAS - mosto suplementado com açúcar mascavo; MEL - mosto
suplementado com melaço de cana.
51
Tabela 13: Parâmetros avaliados do mosto antes e após a fermentação alcoólica utilizando diferentes mostos e diferentes fontes de açúcares.
Parâmetros Iniciais Parâmetros Finais Parâmetros resultantes da fermentação
Ácido Ácido
Experimentos AF Nitrogênio AF Nitrogênio Etanol PR
lático -1 -1
lático -1 -1 -1
Nb (%) Np (%)
-1
(g L ) (g L ) -1
(g L ) (g L ) (g L ) (g L-1 h-1)
(g L ) (g L )
c cd a
1 + GLU 5,38±0,27 106,82±3,20 1,06±0,33 6,51±0,21b 0,31±0,00e 0,39±0,04bc 50,77±0,55bc 0,48±0,01b 93,32±1,04b 93,05±1,02b 1,88±0,02bc
2 + GLU 4,78±0,15d 117,85±1,02a 0,85±0,04a 6,31±0,14bc 4,88±0,28d 0,36±0,00bc 49,83±0,15c 0,44±0,00c 86,33±0,32c 82,75±0,47c 1,85±0,01c
3 + GLU 0,00±0,00f 118,99±2,26a 0,09±0,02d 0,00±0,00f 73,13±4,40a 0,07±0,04d 13,67±0,45h 0,30±0,02f 58,56±0,29f 22,49±1,12f 0,51±0,02h
1 + MAS 3,62±0,14e 104,73±0,56d 1,00±0,08a 5,36±0,02d 2,17±0,09de 0,52±0,02ab 51,20±0,26b 0,50±0,00a 97,70±0,43a 95,67±0,37a 1,90±0,01b
2 + MAS 3,59±0,14e 113,34±3,92b 0,92±0,97a 3,88±0,03e 9,05±3,78c 0,63±0,08a 34,43±0,06e 0,33±0,02e 64,79±0,41e 59,50±0,50d 1,28±0,00e
3 + MAS 0,00±0,00f 114,36±0,29b 0,24±0,11cd 0,00±0,00f 24,46±0,05b 0,21±0,04cd 28,00±0,10g 0,31±0,00ef 60,95±0,42ef 47,92±0,28e 1,04±0,00g
1 + MEL 6,75±0,33a 109,93±0,75c 0,94±0,10a 8,08±0,21ca 2,00±0,00de 0,35±0,31bc 52,53±1,72a 0,49±0,01ab 95,25±0,79ab 93,51±0,74ab 1,95±0,06a
2 + MEL 5,88±0,07b 108,39±0,26c 0,54±0,01b 6,15±0,25c 9,10±2,63c 0,53±0,02ab 46,90±0,61d 0,47±0,02b 92,49±0,39b 84,68±1,15c 1,74±0,02d
3 + MEL 0,00±0,00f 107,11±1,23cd 0,37±0,02bc 0,00±0,00f 26,67±0,02b 0,30±0,10c 32,73±0,21f 0,41±0,00d 79,64±0,75d 59,81±0,32d 1,21±0,01f
p – Brown
0,31 0,64 0,71 0,59 0,63 0,40 0,19 0,40 0,39 0,62 0,19
Forsythe*
p–
<0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
ANOVA**
Nota: Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75 % de milhocina; Experimento 3 - substituição dos
subprodutos como mosto por água; GLU - mosto suplementado com glucose; MAS - mosto suplementado com açúcar mascavo; MEL - mosto suplementado com melaço de
cana; AF - açúcares fermentescíveis; - Fator de conversão de substrato em etanol. Nb - Eficiência de fermentação; Np - Eficiência de processo; PR - produtividade em
etanol.
* Valores de probabilidade obtidos segundo o teste de Brown-Forsythe para homogeneidade de variâncias; ** Valores de probabilidade obtidos segundo ANOVA fator único;
*** Letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa de acordo com o teste de Fisher LSD (p<0,05).
52
açúcar mascavo, o experimento contendo soro teve uma maior velocidade de perda de massa
no início, porém atingiu a fase estacionária em menor tempo resultando em menor produção
final de etanol. Enquanto que, para o uso de melaço, o meio contendo apenas milhocina
apresentou maior liberação CO2 e a segunda maior produção de etanol em relação a todos os
experimentos sendo superado apenas pelo meio de fermentação contendo milhocina e açúcar
mascavo.
Basso et al. (2008) também realizaram ensaios fermentativos utilizando melaço e
caldo de cana em uma concentração de 100 g L-1 de açúcares utilizando leveduras de
panificação e obtiveram uma eficiência de fermentação de 88,1%. No presente trabalho
maiores eficiências foram obtidas para diluição de melaço e açúcar mascavo em milhocina
(Tabela 13).
O uso do melaço em sua forma pura apresenta efeito negativo para a fermentação
alcoólica devido à alta pressão osmótica do mesmo, além disso, o melaço apresenta ausência
de nutrientes para o crescimento da levedura sendo necessária a suplementação (SÁNCHEZ
et al., 2007).
A combinação de milhocina como fonte de nutrientes, principalmente de nitrogênio,
e o melaço, como fonte de carbono, apresenta vantagens tanto em relação aos índices de
etanol produzido e produtividade quanto ao fato de ambos serem subprodutos agroindustriais
produzidos em larga escala no Brasil, de baixo custo, e que podem ser utilizados como fonte
de novos produtos de maior valor agregado e de ampla utilização. O resultado do uso de soro
nestes experimentos poderia suprir uma parte da necessidade regional, de encontrar
alternativas para destino e/ou valorização do mesmo.
O uso de melaço para a produção de etanol combustível é bastante viável devido sua
alta disponibilidade principalmente em países tropicais com baixo custo e elevadas produções
de etanol reduzindo os impactos do uso de culturas alimentares como milho, beterraba e cana
para obtenção de bioetanol (SOCCOL et al., 2005; BEHERA et al., 2012).
A presença de ácido lático é de especial interesse aos produtores de etanol visto que
este é um potencial inibidor do crescimento das leveduras. Concentrações relativamente
baixas de ácido lático (2 a 6 g L-1) afetam diretamente as leveduras diminuindo suas taxas de
consumo de glucose e produção de etanol, enquanto concentrações maiores (8 a 10 g L-1)
reduzem fortemente o crescimento da levedura (NARENDRANATH et al., 2001). Tendo em
54
8 a a (a)
7 b b
b b
6
Ácido Lático (g . L )
c
-1
0
Inicial Pasteurizado 1 2 3 4 5
a (b)
b ab ab b
6 c
5
Ácido Lático (g . L )
-1
4
d
0
Inicial Pasteurizado 1 2 3 4 5
Figura 12: Comparação da produção de ácido lático durante a fermentação pelo uso de diferentes meios de
controle das bactérias láticas.
Nota: (a) Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; (b) Experimento 2 - mosto contendo 25 % de
soro e 75 % de milhocina; Colunas de 1 a 5: acidez final dos experimentos utilizando diferentes antibióticos em
comparação com a acidez inicial e final dos experimentos utilizando pasteurização. Letras diferentes
representam diferença significativa de acordo com o teste de Fisher LSD- p<0,05.
Tabela 14: Parâmetros resultantes da fermentação alcoólica para os substratos das melhores misturas utilizando
antibióticos.
Etanol
Nb (%) Np (%)
Tratamentos (g L-1)
Experimento 1
a
Pasteurizado 50,77±0,55 0,48±0,01ab 93,32±2,04ab 93,05±2,02bc
1 45,17±0,42d 0,46±0,01b 89,95±1,07b 89,79±1,06c
2 45,73±0,50d 0,47±0,01b 91,14±2,49b 90,93±2,48c
3 47,93±0,15c 0,49±0,01a 95,36±1,86a 95,30±1,86ab
4 47,87±0,15c 0,49±0,01a 95,24±2,10a 95,17±2,09ab
5 48,57±0,38b 0,49±0,01a 96,76±1,90a 96,55±1,89a
p – Brown Forsythe* 0,86 0,99 0,99 0,99
p – ANOVA** <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Experimento 2
a
Pasteurizado 49,83±0,15 0,44±0,00a 86,33±0,32a 82,75±0,47a
1 45,17±0,42b 0,44±0,00a 86,75±0,42a 82,63±0,42a
2 44,13±0,12d 0,43±0,00ab 84,82±0,16c 80,74±0,13c
3 44,67±0,06c 0,44±0,00a 85,26±0,43bc 81,71±0,39b
4 45,13±0,12b 0,44±0,00a 86,00±0,79ab 82,57±0,46a
5 42,63±0,15e 0,42±0,00b 82,83±0,39d 77,99±0,35d
p – Brown Forsythe* 0,53 0,68 0,68 0,96
p – ANOVA** <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
Nota: * Valores de probabilidade obtidos segundo o teste de Brown-Forsythe para homogeneidade de variâncias.
** Valores de probabilidade obtidos segundo ANOVA fator único.
*** Letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa de acordo com o teste de Fisher LSD
(p<0,05).
Nota: (a) Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; (b) Experimento 2 - mosto contendo 25 % de
soro e 75 % de milhocina; - Fator de conversão de substrato em etanol; Nb - Eficiência de fermentação; Np -
Eficiência de processo; Colunas de 1 a 5: experimentos utilizando diferentes antibióticos.
%, Ácido Cítrico 1 %) e este não apresentou efeito contra as bactérias do mosto impedindo a
produção de etanol (dados não mostrados).
Devido a diversidade de produtos fornecidos optou-se por selecionar aquele que
melhor se aplica aos meios de fermentação deste estudo utilizando-se como controle de
contaminação a produção de ácido lático e realizar a cinética fermentativa deste.
Um nível de ácido lático de 6 g L-1 deve ser considerado uma concentração industrial
relevante, devido a ação das bactérias lácticas contaminantes da fermentação causando
redução da eficiência da produção (NARENDRANATH et al., 2001). Relacionando-se esta
informação com os parâmetros resultantes da fermentação (Tabela 14), o antibiótico que
apresentou melhores resultados, menor acidez produzida e maior eficiência da fermentação,
para ambos os experimentos (100 % milhocina e 25 % de soro com 75 % de milhocina) foi o
de número 4, composto por 100% de monensina sódica cristalina.
A monensina sódica cristalina é um antibiótico poliéter e ionóforo, aplicado
principalmente na área de saúde animal, mas também como controle de contaminantes em
processos fermentativos e sua atividade antimicrobiana se dá por alterações de pH, que
seletivamente forma complexos e transporta cátions de sódio através das membranas lipídicas
dos micro-organismos levando a perturbações em processos celulares e culminando em morte
celular (PAREKH et al., 2000; STROPPA et al., 2000; LOWICKI; HUCZYNSKI, 2013).
A comparação da curva de liberação de dióxido de carbono dos diferentes controles
de contaminantes para os diferentes experimentos está na Figura 13.
57
50 (a)
Ant.
Curva de liberação de CO2 (g L )
-1 Past.
40
ST
30
20
10
0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
50 (b)
Ant.
Curva de liberação de CO2 (g L )
-1
40 Past.
ST
30
20
10
0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 13: Curva de liberação de CO2 durante o processo fermentativo de diferentes meios fermentativos
utilizando como antibiótico a monensina sódica cristalina em comparação com a pasteurização e ausência de
controle de contaminantes.
Nota: (a) Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; (b) Experimento 2 - mosto contendo 25 % de
soro e 75 % de milhocina; Ant.: tratamento com antibiótico; Past.: tratamento térmico (pasteurização); ST: sem
tratamento.
(Figura 13) se comparada ao mesmo experimento que passou pela pasteurização, visto que no
mosto pasteurizado a redução da carga microbiana acontece previamente ao inóculo, enquanto
com o uso de antibiótico isso acontece no próprio fermentador, simultaneamente à produção
de etanol. Também se pode relacionar este fato a maior produção de ácido lático (Tabela 15)
durante as primeiras horas de fermentação tornando-se constante após certo tempo e a partir
desde ponto a produtividade em etanol se torna máxima.
Tabela 15: Parâmetros do mosto durante a fermentação utilizando como antibiótico a monensina sódica.
Acido Lático Nitrogênio AF Etanol Densidade PR
Tempo (h) -1 -1 -1 -1 -
(g L ) (g L ) (g L ) (g L ) (g cm ³) (g L-1 h-1)
Experimento 1
c a
0 5,80±0,27 0,80±0,02 106,45±1,82a 00,00±0,00f 0,996877±0,00a 0,00±0,00d
4,5 5,71±0,19c 0,73±0,02b 88,41±1,00b 10,27±0,77e 0,995343±0,00b 2,28±0,24b
9 5,82±0,04c 0,60±0,02c 72,49±0,92c 15,83±0,23d 0,994567±0,00c 1,76±0,03c
13,5 6,24±0,18b 0,58±0,02c 16,98±0,88d 37,20±0,10c 0,991573±0,00d 2,76±0,01 a
18 6,33±0,17ab 0,58±0,03c 2,71±0,03e 48,20±0,35b 0,990173±0,00e 2,68±0,02a
22,5 6,40±0,29ab 0,52±0,00d 2,29±0,00ef 49,60±0,26a 0,989967±0,00f 2,20±0,01b
27 6,65±0,07a 0,46±0,02e 0,77±0,06f 50,37±0,38a 0,989847±0,00f 1,87±0,01c
p – Brown
0,95 0,06 0,54 0,68 0,22 0,44
Forsythe*
p–
<0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
ANOVA**
Experimento 2
d a
0 4,37±0,05 0,76±0,04 118,68±0,20a 00,00±0,00g 0,996850±0,00a 0,00±0,00f
4,5 4,91±0,11c 0,74±0,00a 99,39±0,84b 00,97±0,21f 0,996770±0,00a 0,21±0,05e
9 4,92±0,02c 0,65±0,02b 51,55±0,36c 22,33±0,47e 0,993647±0,00ab 2,48±0,05b
13,5 5,23±0,01b 0,63±0,04b 5,59±0,08d 42,23±0,15d 0,993333±0,00b 3,13±0,01 a
18 5,30±0,08b 0,55±0,00c 5,32±0,01d 44,73±0,06c 0,993395±0,00b 2,49±0,00b
22,5 5,49±0,07a 0,48±0,04d 4,42±0,05e 45,57±0,06b 0,990460±0,00bc 2,03±0,00c
27 5,57±0,06a 0,46±0,02d 4,26±0,09e 52,20±0,10a 0,989583±0,00c 1,93±0,00d
p – Brown
0,87 0,06 0,16 0,34 0,48 0,24
Forsythe*
p–
<0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 <0,001
ANOVA**
Nota: AF – açúcares fermentescíveis (glucose+galactose); Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina;
Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75 % de milhocina. * Valores de probabilidade obtidos segundo
o teste de Brown-Forsythe para homogeneidade de variâncias; ** Valores de probabilidade obtidos segundo
ANOVA fator único. *** Letras diferentes na mesma coluna representam diferença significativa de acordo com
o teste de Fisher LSD (p<0,05).
59
10 10
(a) (b)
9 9
Concentração de ácido lático produzido (g L )
-1
8 a 8 a
7 b 7,63 7
b b
7,28
6
6,51 6 c
6,34 6,31
5 5 5,57
4 4
3 3
2 2
1 1
0 0
Ant. Past. ST Ant. Past. ST
Figura 14: Comparação da produção de ácido lático após 27 horas de fermentação utilizando diferentes métodos
de controle de contaminantes.
Nota: (a) Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; (b) Experimento 2 - mosto contendo 25 % de
soro e 75 % de milhocina; Ant.: tratamento com antibiótico; Past.: tratamento térmico (pasteurização); ST: sem
tratamento.
*Letras diferentes representam diferença significativa de acordo com o teste de Fisher LSD- p<0,05.
Com o uso da monensina sódica menores índices de ácido lático foram atingidos, o
que é favorável, pois segundo Makanjuola et al. (1992) a contaminação por bactérias inibe a
produção de etanol não só por competir com os açúcares junto a levedura, mas também por
tornar a levedura incapaz de fazer pleno uso dos açúcares presentes. Desta forma, nas curvas
de liberação de CO2 observa-se que para ambos os meios a ausência de tratamentos contra
contaminantes e a consequente alta presença de bactérias lácticas no mosto, inibe a ação da
levedura S. cerevisiae impedindo a liberação de dióxido de carbono e a produção de etanol.
Em termos de cinética fermentativa o perfil de consumo de açúcar e nitrogênio assim
como a produção de biomassa e etanol utilizando o antibiótico monensina sódica (Figuras 15
e 16) foi semelhante ao perfil resultante do mosto pasteurizado.
60
120 60
110 AFT (a)
100 Etanol 50
90
80 40
AFT (g . L )
-1
Etanol (g . L )
70
60 30
50
40 20
-1
30
20 10
10
0 0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
12 0,9
11 Biomassa (b) 0,8
10 Nitrogênio
0,7
9
Biomassa (g . L )
-1
8 0,6
Nitrogênio (g . L )
7
0,5
6
0,4
5
4 0,3
3
-1
0,2
2
0,1
1
0 0,0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 15: Cinética Fermentativa para experimento 1 utilizando antibiótico: (a) consumo de açúcares
fermentescíveis totais (AFT) e produção de etanol; (b) Consumo de nitrogênio e produção de biomassa.
Nota: Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina.
61
120 60
110 AFT (a)
100 Etanol 50
90
80 40
Etanol (g . L )
AFT (g . L )
70
-1
60 30
50
-1
40 20
30
20 10
10
0 0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
12 0,9
11 Biomassa (b)
0,8
10 Nitrogênio
0,7
9
Nitrogênio (g . L )
Biomassa (g . L )
-1
8 0,6
7
0,5
6
0,4
5
4 0,3 -1
3
0,2
2
0,1
1
0 0,0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 16: Cinética Fermentativa para experimento 2 utilizando antibiótico: (a) consumo de açúcares
fermentescíveis totais (AFT) e produção de etanol; (b) Consumo de nitrogênio e produção de biomassa.
Nota: Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75 % de milhocina.
favorável, pois segundo alguns estudos, menores níveis de µ máx. resultam em rendimentos
elevados de etanol (BASSO et al., 2008; BASSO et al., 2011; BOENDER et al., 2009).
0,8
y = 0,0234x + 0,2047 (a)
R² = 0,9612
0,6
ln X/X0
0,4
0,2
0,0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
0,6
ln X/X0
0,4
0,2
0,0
0,0 4,5 9,0 13,5 18,0 22,5 27,0
Tempo (h)
Figura 17: Gráfico para determinação de µ máx pelo coeficiente angular da reta ajustada aos dados experimentais
na fase exponencial de crescimento para os ensaios: (a) Experimento 1 e (b) Experimento 2 utilizando antibiótico
P. Maxx.
Nota: Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75
% de milhocina.
Tabela 16: Resultados dos parâmetros da fermentação dos experimentos avaliados em 27 h de processo
comparando métodos de controle de contaminantes.
Experimento 1 Experimento 2 p – Brown
Parâmetros p – ANOVA**
Pasteurizado Antibiótico Pasteurizado Antibiótico Forsythe*
Nota: Experimento 1 - mosto contendo 100 % de milhocina; Experimento 2 - mosto contendo 25 % de soro e 75
; PR - produtividade em etanol; - Fator de conversão de substrato em etanol (g g-1); Nb - Eficiência de
Relacionando a Figura 14 com a Tabela 16, quanto maior a produção de ácido lático
menor o rendimento (Nb) da fermentação em produção de etanol durante as 27 horas de
fermentação para os experimentos em que foram utilizados os tratamentos.
O uso de antimicrobianos alternativos, como antibióticos, pode apresentar efeito
positivo tanto na melhoria da fermentação quanto no valor econômico da produção de
bioetanol em função de sua eficácia contra a maioria dos contaminantes presentes em sistemas
industriais de fermentação por leveduras (MUTHAIYAN et al., 2011). Além disso,
tratamentos como a pasteurização, necessitam de instalações diferenciadas, e elevado gasto
energético para geração de calor e a necessidade de reduzir a temperatura do mosto antes da
inoculação enquanto o antibiótico necessita de pequenas dosagens (2 a 5 ppm) para ser efetivo
contra os contaminantes, podendo ser utilizado para tratamento do mosto nas próprias dornas
de fermentação sem a necessidade de adaptação da planta de produção.
Quanto à biomassa e mosto residual, o resíduo de monensina, se controlada a sua
concentração, pode ser destinado à alimentação animal visto que a monensina é usada
extensivamente como promotora do crescimento principalmente em bovinos melhorando a
conversão alimentar (ANDREOTTI e NICODEMO, 2004) sugerindo-se, então, uma
utilização de toda biomassa residual gerada neste processo.
64
6. CONCLUSÕES
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