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Valorização biotecnológica de soro de leite por fermentação utilizando


Saccharomyces cerevisiae

Article in Estudos Tecnológicos em Engenharia · February 2016


DOI: 10.4013/ete.2015.112.04

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3 authors:

Rodrigo Santos Andrade José Adolfo Almeida Neto


Universidade Estadual de Santa Cruz Universidade Estadual de Santa Cruz
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Rita De Cássia Souza de Queiroz


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA)
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Estudos Tecnológicos em Engenharia, 11(2):82-91, julho-dezembro 2015
2015 Unisinos - doi: 10.4013/ete.2015.112.04

Valorização biotecnológica de soro de leite por


fermentação utilizando Saccharomyces cerevisiae

Whey bio-valorization by fermentation with Saccharomyces cerevisiae

Rodrigo Santos Andrade1


Universidade Estadual de Santa Cruz
andrade.unv@gmail.com

José Adolfo de Almeida Neto1


Universidade Estadual de Santa Cruz
jalmeida@uesc.br

Rita de Cassia Souza de Queiroz Lopes1


Universidade Estadual de Santa Cruz
rcritinha30@gmail.com

Resumo. O soro de leite é o subproduto dos laticí- Abstract. Whey is a dairy by-product and can be
nios e pode ser visto como coproduto, devido ao seu view as a co-product due to its high valuable or-
grande valor agregado em matéria orgânica, que, se ganic content, which can cause environmental ha-
não tratada adequadamente, pode causar severos rassment if it is not treated adequately. The aim of
impactos ambientais. O objetivo deste trabalho foi this study was to evaluate the ethanol production
avaliar a produção de etanol, a partir da fermentação by fermentation of cheese whey in small compa-
do soro de leite, em laticínios de pequeno porte. A le- nies. The yeasts Saccharomyces cerevisiae were used
vedura Saccharomyces cerevisiae foi utilizada para pro- to provide the alcoholic fermentation. The analy-
mover a fermentação alcoólica do soro. Foram reali- ses of acidic on acid lactic, ashes, lactose, protein,
zadas as análises físico-químicas do soro in natura e fat and total dry extract were determined. The
após a retirada da proteína (desproteinação do soro) preliminary results characterized whey as an acid
pelo método de acidez térmica. As análises realiza- type showing 0.12% on acid lactic, moreover, rel-
das foram: acidez em ácido láctico, cinzas, lactose, evant organic content was observed with 5.66% of
proteínas, gordura e extrato seco total. Os resultados total dry extract, 4.1% lactose content and 1.2% of
preliminares caracterizaram o soro obtido como do protein. The fermentation was performed in lab-
tipo ácido, apresentando acidez de 0,12% em ácido oratorial bioreactors on triplicate for 24h and the
láctico, além disso, foi constatado relevante conteúdo parameters monitored were the ethanol produc-
orgânico, com 5,66% de extrato seco total, 4,1% de tion, temperature and pH in the media consider-
lactose e 1,2% de proteínas. A fermentação foi con- ing substrate, sucrose and inoculums incoming.
duzida em biorreatores laboratoriais, em triplicata The experiment was conducted with the addition
por 24h, considerando as entradas de substrato, con- of 100g.L-1 of sucrose and 6.0g.L-1 of inoculums.
centração de sacarose e concentração de inóculo. As The medium ethanol production found was 5.3%
variáveis monitoradas foram a produção de etanol, a (v/v)± 0.1, with pH showing stability during the
temperatura e o pH do meio. O experimento foi con- process with low variations. The utilization of
duzido com a adição de100 g.L-1 de sacarose e 6,0 g.L-1 Saccharomyces cerevisiae for alcoholic fermenta-
de levedura. A produção média de etanol encontra- tion has shown a satisfactory ethanol produc-

1
Universidade Estadual de Santa Cruz. Campus Soane Nazaré de Andrade. Rod. Jorge Amado, km 16, Salobrinho, 45662-900, Ilhéus, BA, Brasil.

Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 International (CC-BY 4.0), sendo permitidas reprodução,
adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.
Rodrigo Santos Andrade, José Adolfo de Almeida Neto, Rita de Cassia Souza de Queiroz Lopes

da foi de 5,3% (v/v) ±0,1, tendo o pH apresentado tion, showing also as a good alternative for whey
condições ideais e uma baixa variação durante o pro- valorization.
cesso fermentativo. A utilização da Saccharomyces
cerevisiae mostrou-se satisfatória para a produção
de etanol, apresentando uma boa opção para seu uso
como forma de valorização do soro.

Palavras-chave: soro de leite, etanol, biorreatores. Keywords: whey, ethanol, bioreactors.

Introdução fatia de 15% dentre os produtores do efluente,


sendo a maior parte gerada pelas empresas de
O soro de leite, também chamado de “lac- médio e pequeno porte (Toni et al., 2012).
tossoro”, é o subproduto da produção de A reutilização do soro pode ser possível
queijo e agrega em torno de 50 a 60% do valor por vários métodos, desde a utilização por
nutricional do leite, significando que o soro meio de equipamentos até processos simples,
não é apenas um alimento de alta qualidade como a fermentação alcoólica. A fermentação
nutricional, mas que também pode ser apro- aparece como ferramenta biotecnológica para
veitado como substrato para aplicações indus- gerar coprodutos e é comumente aplicada
triais, tais como indústrias farmacêuticas e de em sistemas anaeróbicos. De forma geral, os
alimentos (Guimarães et al., 2010). sistemas empregados nos processos fermen-
A produção e o consumo de queijo são tativos são predominantemente reatores, po-
comuns em muitas regiões do Brasil – na re- rém, não se torna uma opção para pequenos
gião Nordestina, destacam-se os estados de produtores, já que são onerosos e de difícil
Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará manutenção. Nesse processo, a fermentação
(Cavalcante et al., 2007). A produção de queijo é promovida por microrganismos que conso-
no Brasil, segundo presidente da Associação mem o substrato (soro de leite) sem a presença
Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ), al- de oxigênio, para a obtenção de coprodutos
cançou cerca de 1,1 milhões de toneladas, cau- e a formação de gás. A utilização de micror-
sando um efeito de produção de 110 mil me- ganismos para fermentação alcoólica do tipo
tros cúbicos de soro em 2013 (Scarcelli, 2015), levedura (Saccharomyces cerevisae, Kluveromyces
sendo uma parte considerável gerada nas in- marxianus, etc.) são mais utilizadas, consumin-
dústrias de pequeno e médio porte. do o substrato em condições anaeróbias para
Sendo o soro de leite um resíduo de fim de se obter álcool e gás (Florentino, 2006). Essa
tubo (End of Pipe) e com elevada carga orgâ- é uma importante técnica para a reutilização
nica, seus danos ambientais são altos quando do soro, obtendo biocombustíveis (etanol, bu-
descartado no ambiente, desde a destruição tanol, etc.) (Guimarães et al., 2010; Ariyanti et
da fauna e flora quanto à poluição de corpos al., 2014) e biogás (gás natural, H2, etc.) (Kargi
hídricos. Se descartado no ambiente, o soro e Uzunçar, 2012).
exige valores altos para degradabilidade, sua Devido à elevada quantidade de soro pro-
demanda bioquímica de oxigênio (DBO) é de duzido e descartado pelos laticínios, prin-
30.000 a 40.000 mg de oxigênio por litro de cipalmente de pequeno porte, esse efluente
soro – este valor é equivalente a 100 vezes o torna-se ideal na produção de etanol partindo
valor apresentado pelo esgoto doméstico. da fermentação alcoólica, considerando a sua
Com o apoio de novas diretrizes da agroe- carga nutricional. Na literatura, diversas leve-
nergia no país, instituídas entre 2006 e 2011, duras são estudadas, buscando a melhor efi-
a busca por novas soluções agroindústrias ciência durante o processo. São exemplos des-
se desenvolveu promovendo pesquisas com sas leveduras: Kluyveromyces fragilis (Dragone
grandes resultados em torno da produção lim- et al., 2011), Kluyveromyces lactis (Coutinho et
pa e contribuindo para o aprimoramento na al., 2009), Kluyveromyces marxianus (Coutinho
área de Bioenergia (Brasil, 2006). Geralmente, et al., 2009; Guimarães et al., 2010; Koushki et
indústrias de grande porte utilizam o soro de al., 2012), Saccharomyces cerevisiae (Guimarães
leite na produção de suplementos, bebidas lác- et al., 2010), Saccharomyces fragilis (Coutinho,
teas e aprimoramento dos seus próprios pro- 2009), Candida pseudotropicalis (Guimarães et
dutos, mas as quantidades produzidas no âm- al., 2010), Candida kefyr (Guimarães et al., 2010;
bito dessas empresas representam apenas uma Koushki et al., 2012).

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Valorização biotecnológica de soro de leite por fermentação utilizando Saccharomyces cerevisiae

A lactose presente no soro pode ser utilizada desproteinação do soro mediante o processo
como substrato para leveduras durante a fer- de acidificação térmica, que consiste em um
mentação alcóolica. A levedura Kluyveromyces método simples de precipitação das proteínas
marxianus tem a característica de utilizar dire- do soro pela adição de ácido orgânico ao meio
tamente a lactose como fonte de carbono para e na elevação da temperatura, resultando em
esse tipo de fermentação (Gabardo et al., 2012; uma remoção de até 90% das proteínas totais.
Dragone et al., 2011; Sansonetti et al., 2010). A le- Além da concentração de lactose no meio,
vedura Saccharomyces cerevisiae é uma levedura parâmetros como pH e temperatura são im-
com níveis de eficiência altos para a fermenta- portantes ao considerar o meio de cultura, por
ção alcoólica (Turhan et al., 2010; Domingues et poderem causar problemas durante o proces-
al., 1999), mas, para utilizar a lactose como fon- so fermentativo. Florêncio et al. (2013); Domin-
te de carbono para fermentação, essa levedura gues et al. (1999); Kargi e Ozmihci (2006) pes-
necessita que sejam incorporados ao processo quisaram diferentes condições de fermentação
a beta-galactosidade (enzima responsável pela e observaram que os processos tiveram melhor
hidrólise da lactose) e o sistema lactasepermea- eficiência nas condições de temperatura em
se, pois essa levedura não os possui. A adoção torno de 30⁰C e pH entre 4 e 5.
de técnicas de DNA recombinantes poderia O etanol proveniente do soro do leite pode
contornar o problema, entretanto, o alto custo e ser aproveitado como matéria-prima e solven-
a necessidade de colaboradores especializados tes nas indústrias cosméticas, de alimentos e
inviabilizaria o processo para os pequenos pro- bebidas e farmacêuticas e como combustível
dutores de queijo. (Guimarães et al., 2010), inclusive o próprio es-
Experimentos vêm sendo desenvolvidos tabelecimento produtor de queijo pode absor-
utilizando a levedura Saccharomyces cerevisiae vê-lo e ou comercializá-lo, reduzindo a aquisi-
para realizar a fermentação alcoólica, de for- ção de combustíveis.
ma direta, a partir do soro de leite, como meio O efluente originado da fermentação alcoó-
nutritivo e adicionando sacarose como fonte lica também deve ser aproveitado, no intuito
de carbono. A utilização do soro de leite como de reduzir a carga orgânica restante. Chatzi-
meio nutritivo substitui a adição de suplemen- paschali e Stamatis (2012) destacam os proces-
tos necessários para as leveduras realizarem sos de concentração por evaporação ou osmo-
a fermentação. Florêncio et al. (2013) alcança- se reversa, cristalização e secagem da lactose,
ram um percentual de conversão em etanol de isolando esse componente ainda presente no
76,14% com a adição de 100 g.L-1 de sacarose, efluente, que pode ser absorvido pela indús-
permitindo uma alternativa biotecnológica de tria alimentícia. O processo de biotransforma-
baixo custo e facilidade de aquisição da leve- ção também foi indicado pelos autores como
dura, praticidade operacional, de modo que uma alternativa de utilização desse efluente.
possibilite o manuseio e a replicação sem a ne- A biotransformação envolve a degradação e a
cessidade de corpo técnico especializado em estabilização da matéria orgânica, produzindo
microbiologia e biotecnologia. metano (Chen et al., 2007; Beszédes et al., 2010),
A utilização de técnicas com aplicabilidade e vem sendo estudada como uma alternativa
real e funcional pode ser uma opção viável téc- de baixo custo e que evita os problemas am-
nica e economicamente para pequenos produ- bientais da disposição inadequada do soro de
tores, considerando o volume de soro de leite leite no ambiente.
produzido e subutilizado. O objetivo central desta pesquisa foi avaliar
A eficiência à produção de etanol está liga- a produção de etanol a partir da fermentação
da, principalmente, à concentração de açúcar do soro de leite em laticínios de pequeno porte.
inicial. O uso de tecnologias que permitem
a utilização de soro com maior concentração
de lactose lidera as pesquisas, mostrando um
Metodologia
aumento significativo de 70 a 100% na produ-
ção de etanol. Para isso, o soro necessita de Caracterização físico-química dos
tratamentos precedentes, como processos de componentes do soro do leite
filtração, com a obtenção de substratos que
vão desde o soro permeado, soro em pó, soro O soro de leite utilizado foi proveniente da
ultrafiltrado até o soro desproteinado. Diante produção de queijo “tipo Coalho” de um Lati-
dos custos para processos de concentração de cínio localizado na cidade de Itabuna na Bahia.
lactose no soro, Florentino (2006) estudou a Quinze litros de soro foram coletados, coloca-

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dos em recipientes plásticos e transportados método de análises físico-químicas para leite


em recipiente térmico para o Laboratório de (Instituto Adolfo Lutz, 2008).
Bioenergia e Meio Ambiente (BIOMA), onde
foram acondicionados sob refrigeração até a Gordura
realização das análises de caracterização.
A caracterização foi efetuada por meio das A determinação de gordura no soro foi
seguintes análises: acidez em ácido láctico, realizada em triplicatas mediante o méto-
pH, sais minerais (cinzas), gordura, densida- do Monjonnier ou extração descontínua.
de, lactose e extrato seco total (E.S.T.) (Brasil, O método consiste na utilização de éter etí-
2006; Instituto Adolfo Lutz, 2008). Essas análi- lico para extração da gordura do material, o
ses estão descritas a seguir: qual é aquecido em uma rota vapor de marca
FISATOM para evaporação, e depois foi feita
Acidez em ácido láctico a determinação da massa de gordura deposi-
tada na vidraria, após a separação do éter e a
As análises de acidez em ácido láctico foram gordura (Lanara, 1981).
realizadas em triplicatas com alíquotas de 5mL,
e foi utilizado o método de acidez titulável, com Lactose
o auxílio da balança analítica Quimis BG400
para realizar a respectiva padronização do hi- A determinação de lactose foi verificada
dróxido de sódio, 0,1 mol/L para acidez em áci- pelo método volumétrico com Licor de Fehling
do láctico, segundo o Manual de Reagentes e e utilizou-se triplicata. O método baseia-se na
Solventes (Morita e Assumpção, 1972). titulação da mistura de 1:1 das soluções de
Fehling A (sulfato de cobre) e Fehling B (Tar-
pH tarato duplo de sódio e potássio/ hidróxido de
sódio) com o açúcar no substrato, o que forma
A análise de pH foi realizada em duplicata um precipitado de óxido de cobre (Brasil, 2006).
com alíquotas de 20 mL do soro no potenciô-
metro digital microprocessado PG 1800 v. 6.11 Produção de etanol a partir
de forma direta. do soro de leite

Proteínas Retirada das proteínas do soro


Para determinar as proteínas do soro de O soro foi desproteinado utilizando o mé-
leite, a análise de Kjeldahl foi realizada em tri- todo de acidez térmica, que consiste na di-
plicata. O método consiste na titulação amônia minuição do pH do soro para 4,6, através de
após a digestão da amostra com Ácido Sulfúri- um ácido orgânico e depois é aquecido a 90°C
co (Instituto Adolfo Lutz, 2008). (Florentino, 2006). O ácido utilizado foi o cí-
trico e, após obtenção do material floculado, o
Extrato seco e cinzas soro foi mantido em repouso até atingir tem-
peratura ambiente, e o aglomerado proteico
Foram realizadas análises em triplicatas e foi retirado por meio de filtração. Em seguida,
octuplicata para cinzas e extrato seco, respec- o soro passou pelas mesmas análises iniciais
tivamente. Na análise de extrato seco, foram de caracterização, que foram: gordura, lactose,
utilizadas oito alíquotas de 40 mL de soro em acidez, extrato seco total, cinzas e pH (Brasil,
cápsulas de porcelanas para aquecer em um 1981; Instituto Adolfo Lutz, 2008).
microondas Brastemp Kingsize Inox em inter-
valos de 30 minutos e potência de 20 e 40 Watts Preparação do inóculo
até atingir resultados constantes para os pos-
teriores cálculos, segundo o Método de Maté- O microrganismo utilizado foi a Saccha-
ria Seca por Microondas (Petersen et al., 2011). romyces cerevisiae (fermento comercial) da mar-
Para a análise de cinzas, foram pesadas cápsu- ca Fleischman®, com 70% de umidade, obtido
las de porcelana e preenchidas com alíquotas em supermercados da cidade de Itabuna, BA.
de 40 mL cada, postas em mufla DIG-MEC- Através da revisão de literatura, concluiu-se
FHM Pa 150⁰C durante 4 horas, para depois que essa levedura é eficiente para a produção
serem realizados os devidos cálculos, segundo de etanol, e sua praticidade representa gran-

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Valorização biotecnológica de soro de leite por fermentação utilizando Saccharomyces cerevisiae

des chances de implantação desse sistema em Cultivo da levedura e alimentação


laticínios de médio e pequeno porte. dos biorreatores
Uma vez que o soro não dispõe de quan-
tidades suficientes de açúcares e que há a O cultivo foi conduzido em triplicata, à
impossibilidade dessa levedura em degradar temperatura de 30°C, durante 24 horas. Em in-
a lactose, foi adicionada a etapa de chaptali- tervalos de 4 horas, foram retiradas amostras
zação, que se baseia na adição de sacarose ao para o acompanhamento da produção de eta-
mosto, para aumentar a quantidade total de nol, concentração de açúcares e pH.
açúcar e assim elevar o potencial total de ál- O reator com capacidade de 5 litros foi ini-
cool, possibilitando o fornecimento de energia cialmente alimentado com 2,5 litros de soro
extra para a atividade bioquímica da levedura, desproteinado e adicionado às composições
uma vez que a mesma utiliza a sacarose como definidas, de acordo Barbosa et al. (2010), que
fonte de energia. Nesse sentido, o soro serviu
realizou experimento semelhante e destacou
de substrato nutritivo para a levedura, por ser
composições ideias de adição ao sistema para
uma fonte rica em nitrogênio e carbono (Bra-
produção de etanol. Essa composição foi: com
sil, 1997). Sendo a Saccharomyces cerevisiae uma
a adição de 10g/L de inóculo com a adição de
levedura que utiliza o açúcar de forma dire-
100g/L de sacarose e 5g/L de inóculo com a
ta, convertendo-o em etanol, é perfeitamente
mesma concentração de sacarose. Neste tra-
justificável sua utilização, até porque seria um
balho, foi utilizada a concentração de 6g/L de
sistema de boa eficiência e prático no seu de-
inóculo e 100g/L de sacarose.
senvolvimento e manutenção.
Na preparação do inoculo, utilizou-se
100 mL de soro de leite desproteinado (com Variáveis avaliadas para produção de
concentração de 100 g/L de sacarose) para etanol
hidratar a levedura em Erlenmayer durante
30 minutos. Teor de álcool: O teor de álcool foi avaliado
após a realização da destilação do álcool no fer-
mentado. O teor de álcool foi avaliado com um
Biorreatores densímetro especial para álcool (alcoômetro), que
foi utilizado para relacionar a densidade inicial e
Os biorreatores foram produzidos com final do mosto após a etapa da fermentação pela
materiais recicláveis, garrafas de água com Equação 1. A concentração de álcool é apresen-
capacidade de 5 L e duas vias de acesso, uma tada como estimativa em porcentagem volume/
para a retirada de amostras e a outra para a saí- volume da solução (Papazian, 2003).
da de gás dióxido de carbono durante o pro-
cesso, como pode ser observado na Figura 1. ABV = (DO-DF) *131 Eq. (1)
Realizaram-se 3 bateladas do experimento,
onde, ABVé o percentual de álcool gerado, DO
com as mesmas condições operacionais, bus-
a densidade inicial do mosto, DF a densidade
cando-se observar a reprodutibilidade dos
final do mosto e 131 a constante de linearidade
dados experimentais. (obtida a partir dos valores estequiométricos de
conversão e densidade teórica do etanol). O pH
foi determinado em potenciômetro digital micro-
processado PG 1800 v. 6.11de forma direta.

Resultados e discussão

Caracterização físico-química dos


componentes do soro do leite

Os resultados para a caracterização físico-


-química do soro de leite são apresentados na
Tabela 1. E os resultados para acidez em áci-
do láctico e pH estão de acordo com Bosi et
Figura 1. Biorreatores de plásticos para a fer- al. (2013) e Prazeres et al. (2012), que preveem
mentação. uma acidez e um pH entre 0,103 ~ 0,180% e 3,5
Figure 1. Plastic bioreactors for fermentation. ~ 6,5, respectivamente.

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Rodrigo Santos Andrade, José Adolfo de Almeida Neto, Rita de Cassia Souza de Queiroz Lopes

Tabela 1. Análises Físico-químicas do soro de leite.


Table 1. Whey physical-chemistry analyses.

Análises Médias Desvio Padrão


Ácidez em ácido Lático 0,12% (v/v) 0,006
Água 94,34% 0,33
Cinzas 0,34% (m/m) 0,33
Extrato seco 5,66% (m/m) 0,14
Gordura 0,5% (m/m) 0,07
Lactose 4,1% 0,05
pH 4,27 0,02
Proteínas 1,20% 0,09

A quantidade de lactose presente no soro


mostrou-se de acordo com a descrita por
Florêncio et al. (2008) e Prazeres et al. (2012),
que encontraram uma taxa entre 4-5% de lacto-
se. Os valores de proteínas foram semelhantes
aos resultados obtidos por Bach et al. (2014),
que indicou uma quantidade de 0,83% de pro-
teínas ao analisar o soro de leite. A composição
do soro de leite varia entre o tipo de queijo e o
processo utilizado, assim como o teor de gor-
dura, que varia entre 0,4 ~ 0,5% (Almeida et al.,
2013). Segundo Prazeres et al. (2012), a quanti-
dade de água presente no soro varia entre 93 ~
94%, estando coerente com o resultado encon-
trado. As análises de extrato seco e cinzas tam-
bém foram coesas com a literatura – Mizubuti Figura 2. Característica do soro após a acidifi-
(1994) apresentou valores em torno de 5% e 0,5 cação térmica.
~ 0,7%, respectivamente. Figure 2. Whey characteristic after thermal
acidification.
Produção de etanol
a partir do soro de leite
Tabela 2. Média dos componentes do soro de
O soro de leite, depois de caracterizado, leite desproteinado.
passou pelo procedimento de acidez térmica, Table 2. Medium components of desprotene-
ficando com a aparência conforme indicado na ized whey.
Figura 2. O conteúdo filtrado, rico em proteí- Desvio
nas e gorduras, pode ser comercializado pelo Análises Média
Padrão
laticínio, para fins alimentícios para padarias,
por exemplo. Esse aglomerado protéico pode Extrato seco 4,23% 0,13
servir de suplementação no preparo de pães,
bolos, biscoitos e molhos diversos. Gordura Traços -
Após a filtração do soro de leite para reti-
rada das proteínas precipitadas, o soro foi no- Lactose 3,5% 0,16
vamente caracterizado, e sua composição ficou
pH 4,4 0,02
como apresentada na Tabela 2.
Analisando o processo de desproteinação Proteínas 0,35 0,11
do soro, verificou-se a redução de cerca de 70%

Estudos Tecnológicos em Engenharia, vol. 11, n. 2, p. 82-91, jul/dez 2015 87


Valorização biotecnológica de soro de leite por fermentação utilizando Saccharomyces cerevisiae

das proteínas. Em relação ao pH (4,4), houve trabalhos envolvendo a Saccharomyces cerevi-


pequena variação, porém, ainda encontrando- siae (Florentino, 2006; Florêncio et al., 2007).
-se na fase ótima de fermentação alcoólica, que Após a fermentação, o soro foi filtrado, des-
é entre 4 e 4,5. tilado e depois avaliado o seu teor alcoólico.
Segundo Florêncio et al. (2007), Florentino Os valores estão apresentados na Tabela 3.
(2006) e Domingues et al. (1999), a quantidade No final das fermentações, foi obtida uma
final de gordura do soro desproteinado é ir- média de concentração de etanol de 5,3 % (v/v)
risória, evidenciando a remoção do conteúdo ± 0,1 para a concentração de 6g/L de inóculo
gorduroso do soro, além do conteúdo protei- e 100g/L de sacarose, valor próximo ao obti-
co no processo de acidez térmica. Os teores de do por Florentino (2006), que obtiveram um
gordura, nesta pesquisa, também apresenta- valor de 7% (v/v) em condições semelhantes.
ram valores muito baixos. Além disso, esse re- Barbosa et al. (2010) realizaram a mesma fer-
sultado é satisfatório, uma vez que a gordura mentação para a obtenção de aguardente e obti-
não participa da fermentação alcoólica e é um veram, com diferentes concentrações de inóculo
dos componentes responsáveis pela poluição (10g/L, 5g/L) e 100g/L de sacarose, uma concen-
dos laticínios. tração de álcool de 7,33% (v/v) para ambos os
A redução na quantidade de lactose no ensaios. Além disso, o processo fermentativo
soro desproteinado (3,5%) pode ser explicada cessou após 32 horas de fermentação, enquanto
pela aglomeração de pequenas quantidades que, neste trabalho, o período de fermentação
do açúcar durante a precipitação das proteí- utilizado foi de apenas 24h para efeito de aná-
nas no processo de acidez térmica. Florentino lise da quantidade de etanol obtida em menor
(2006), utilizando a mesma técnica e nas mes- tempo sob condições similares. Dessa maneira,
mas condições analíticas, encontraram uma o valor obtido no presente trabalho é coerente,
redução de aproximadamente 15% de lactose. quando comparados a quantidade fermentada
Durante o processo de fermentação, fo- e o tempo testado para a fermentação.
ram analisados 2 parâmetros condicionantes à Quanto ao rendimento da transformação
cinética da fermentação, sendo eles o pH e a em etanol, Florentino (2006) obtiveram, ao
temperatura. A Figura 3 apresenta a variação trabalhar com um inóculo de 100g/L e 100g/L
do pH durante o processo de fermentação. de sacarose, um percentual de conversão de
Para os valores de pH, houve uma pequena 14,0%. Por outro lado, os resultados apresenta-
variação, que também foi observada em outros dos por Florêncio et al. (2013) obtiveram, com

Figura 3. Variação de pH durante a fermentação alcoólica.


Figure 3. pH variation during fermentation.

Tabela 3. Concentração final de etanol.


Table 3. Final Ethanol concentration.
Ensaio Concentração etanol final % (v/v) ± 0,005
Fermentador 1 5,4
Fermentador 2 5,2
Fermentador 3 5,3

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Rodrigo Santos Andrade, José Adolfo de Almeida Neto, Rita de Cassia Souza de Queiroz Lopes

inóculo de concentração 6g/L e 100g/L de sa- perimentos com variações nos parâmetros do
carose, um percentual mais eficiente (76,1%). processo e em escala industrial, bem como es-
Dessa forma, os resultados indicam produção tudos de viabilidade técnico-econômica.
semelhante de etanol a partir do soro de leite,
apresentando viabilidade técnica na biotrans- Agradecimentos
formação do soro.
A adição de sacarose é necessária, haja vis- À FAPESB, pela concessão da bolsa, ao
ta que a levedura Saccharomyces cerevisiae não PROIC – Programa de Iniciação Científica,
utiliza a lactose presente no meio, mas utiliza pelo suporte, e ao BIOMA – Grupo de Pesqui-
açúcares fermentescíveis (glicose e frutose), sa em Bioenergia e Meio Ambiente, pela dis-
que são produtos da hidrólise da sacarose no ponibilidade do laboratório.
processo de fermentação alcoólica (Gabardo et
al., 2011). Nesse caso, o soro foi usado como Referências
fonte de nutrientes (sais, nitrogenados, etc.)
para o crescimento da levedura durante a fer- ALMEIDA, C.C.; CARLOS A.C.J.; OLIVEIRA A.C.
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Conclusões Optimization of Ethanol Production from
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de acordo com o valor médio para o pH (4,2) 47:108–112.
encontrado nas análises realizadas, sendo ade- http://dx.doi.org/10.1016/j.egypro.2014.01.203
quado para o reaproveitamento em diversos BACH, F.; MOREJON, C.F.M.; FIORESE, M.L.; HA-
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método mostrou-se satisfatória, removendo
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literatura. Porém, foi constatado que o tempo mento. Plano Nacional de Agroenergia. 2ª ed.,
utilizado de 24 horas para o processo fermen- Brasília, 110 p.
tativo foi insuficiente, devendo ser estendido BRASIL. 1997. Ministério da Agricultura, Pecuária e
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charomyces cerevisiae é uma levedura de fácil e Abastecimento. Secretaria Nacional de Defesa
acesso, baixo custo, simplicidade no manuseio da Agropecuária. Laboratório Nacional de Refe-
e elevada eficiência na fermentação alcoólica, rência Animal – LANARA. Portaria n. 1. 7/10.
tornando o processo fermentativo adequado CAVALCANTE, J.F.M.; ANDRADE, N.J. de; FUR-
para aplicação em pequenas unidades pro- TADO, C.L. de L.F.; FERREIRA, C.L. de O.;
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resultados preliminares na proposição de ex- http://dx.doi.org/10.1590/S0101-20612007000100036

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