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ABSTRACT: The quality of milk for human consumption is a potential concern and fraud by
adding water and density restoratives that cause damage to the economy and risks to consumer
health. The work was proposed in order to detect the presence of water and density restoratives
in refrigerated uncooked milk in western Goias. 6,314 samples from refrigerated uncooked milk
were analyzed in the period from January to May, 2015, as the freezing point, density and specific
tests for the restoratives detection : starch, alcohol, chloride and sucrose. Is was verified that
falsification in two (0.032%) samples due to addition of sucrose. 28 (0.44%) samples were positive
for adding water. In spite of irregularities encountered, it is believed that by training the producer
of the importance of maintaining the integrity of milk, we can reduce to occurrence of fraud to
zero, since the frequency of samples was contrary to low.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisadas 6314 amostras de leite cru oriundas de 37 municípios do oeste
goiano, Goiás, no período de janeiro a maio de 2015, no laboratório do laticínio recebedor
do leite cru, que opera sob regime de Inspeção Federal. O referido laboratório possui
sistema de gestão laboratorial, adequando-se as boas práticas laboratoriais, manutenção e
uso de reagentes.
Para verificação da fraude, o leite foi avaliado quanto à presença de água, pela
interpretação dos valores obtidos na crioscopia e na densidade. Foram realizadas provas
específicas para detecção dos reconstituintes amido, álcool, cloreto e sacarose. Todas as
análises foram realizadas de acordo com a Instrução Normativa nº 68 (BRASIL, 2006) e
os valores foram interpretados com base na IN 62/2011.
Os resultados das análises foram compilados no bando de dados do referido
laticínio e os dados serviram de base para a avaliação dos resultados obtidos neste
experimento, onde foi realizada a análise estatística descritiva: análise de frequência para
todos os dados obtidos, empregando-se o programa Microsoft Excel 2010.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das análises estão apresentados na Tabela1.
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Tabela 1 – Percentual de amostras de leite cru refrigerado em desacordo quanto a presença de água e reconstituintes
de densidade, 2015.
Em acordo Em desacordo
Análise
Freq. Absoluta Freq. Relativa Freq. Absoluta Freq. Relativa
Figura 1 – Municípios do oeste goiano, Goiás, com amostras positivas para adição de água no leite.
Iporá
Sanclerlândia
Aurilândia
Bom Jardim
Montividiu
Palmeiras
Buriti
Caiapônia
Campo Verde
Ivolândia
Jaupaci
Palestina
comprovaram que transportadoras de leite do estado adulteravam o leite cru com adição
de água e reconstituintes. Em 2014 o MAPA em conjunto com o Ministério Público de
Santa Catarina deflagraram a operação “Leite Adulterado I e II para combater inúmeros
tipos de fraude em leite (BRASIL, 2016 a, b, c and d).
No presente estudo não foram detectadas amostras positivas para presença de cloretos
como reconstituintes de densidade. Zanlorenzi; Montanhini (2014) descreveram que,
apesar do cloreto de sódio ser usado como reconstituinte para mascarar a presença de água
no leite, as análises quantitativas realizadas conforme a Instrução Normativa 68
(BRASIL, 2006) apresentaram-se positivas em leite de animais recém-ordenhados e com
altas contagens de células somáticas (ambos os resultados foram falso-positivos para
cloretos, pois o leite não havia sido fraudado). Os autores concluíram que a prova de
cloretos, não poderia ser utilizada para detecção de fraude, haja vista que mesmo no leite
recém-ordenhado houve resultados positivos e que a mesma pode ser influenciada por
diversos fatores. Lima et al., (2016) em estudo realizado na cidade de Água Branca PB
em amostras de leite cru comercializado por vendedores autônomos de bairros distintos
do município não identificaram nenhuma amostra positiva para adição de cloreto como
reconstituinte de densidade.
Nenhuma das amostras avaliadas apresentaram resultados positivas para adição
dos reconstituintes amido e álcool. Souza et al., (2011) também que não encontraram
presença de amido nas amostras analisadas, porém relataram altas taxas de resultado
positivo para adição de urina (55%) que é usada para disfarçar a adição de água, o que
sugere que a adição de água.
Nas análises realizadas neste trabalho 0,032% das amostras apresentara-se
positivas para adição de sacarose como reconstituinte e 0,44% das amostras foram
positivas para aguagem do leite. Beloti et al., (2011), em estudo realizado com 160
amostras de leite cru refrigerado coletados no município de Sapopema, norte do Paraná,
observaram fraudes por adição de água em 29 (18,12%) das amostras, que apresentaram
resultados mais próximos de zero após análise por crioscopia. Com relação a análise de
densidade foram avaliadas 103 amostras, onde 10 (9,7%) delas apresentaram densidade
abaixo de 1.028g/cm3, fora do padrão considerado pela legislação brasileira. Rangel et
al., (2013) encontraram resultados semelhantes quando avaliaram a adulteração do leite
em quatro indústrias produtoras de queijo em Córdoba, na Colômbia, onde 22,22% das
amostras foram positivas para adição de água e em 8,08% das amostras houve adição de
sacarose como reconstituinte de densidade.
Por outro lado Robim et al., (2012), em estudo realizado em leites UAT
comercializados no estado do Rio de Janeiro, relataram que o leite pesquisado
apresentouse dentro dos parâmetros da legislação brasileira e não houve fraude nas
amostras analisadas. Os mesmos resultados foram encontrados por Paula et al., (2010)
que avaliaram as características físico-químicas do leite cru refrigerado entregue a
Cooperativa Agro Pecuária de Barra Mansa LTDA, no Rio de Janeiro, onde 100% das
amostras analisadas estavam de acordo com os padrões estabelecidos pela legislação
brasileira.
Verificou-se a presença de fraude por adição de água em 0,44% das amostras analisadas.
Cortez et al., (2010) descreveram que a adição de 1% de água já foi capaz de elevar o
índice crioscópico para -0,5268º H, o que torna a amostra em descordo com a legislação
brasileira. Mendes et al., (2010) em estudo realizado no leite informal comercializado no
município de Mossoró - RN, encontraram que de todas as amostras analisadas mais de
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50% das análises de crioscopia estavam em desacordo com a legislação e que a única
fraude encontrada no estudo foi a adição de água ao leite.
Fernandes; Maricato (2010), em trabalho realizado em amostras de leite cru em um
laticínio de Bicas - MG constataram a adição de algum percentual de água ao leite de
forma fraudulenta, em algumas das amostras analisadas, porém os valores continuaram
dentro do permitido pela legislação brasileira para o índice crioscópico. Não foram
constatadas amostras positivas para adição de amido e cloreto. O não aparecimento de
fraude no leite analisado foi atribuído, de acordo com os autores, a boa qualidade da
matéria-prima e alto nível de conscientização do produtor sobre a qualidade do leite. Por
outro lado, em estudo realizado por Campos et al., (2011), em 72 amostras de leite
pasteurizado tipo C, de 8 marcas produzidas no Distrito Federal, uma marca apresentou
crioscopia fora do padrão, o que confirmou a adição de água no leite. Os autores
descrevem a adição de água como a fraude mais comum em leite, seguida de adição de
soluto para reconstituição da densidade. Sacarose e/ou bicabornato foram os solutos
usados para a reconstituição da densidade nas amostras fraudadas. Como o produtor não
tem noção da quantidade adequada de água e amido e/ou sacarose que deve ser
adicionada, a fraude é facilmente detectada.
CONCLUSÃO
A maioria das amostras de leite avaliadas provenientes dos municípios do oeste
goiano apresentaram-se em acordo com a legislação e padrões de identidade e qualidade
vigentes, considerando-se as análises realizadas. Este resultado reflete uma melhoria na
qualidade do leite obtido nesta região, porém existe a necessidade de pesquisas contínuas
para certificação de que estas melhorias estão sendo consolidadas.
REFERÊNCIAS
BELOTI, V.; RIBEIRO JÚNIOR, J. C.; TAMANINI, R.; YAMADA, A. K.; SILVA, L.
C. C. da; SHECAIRA, C. L.; NOVAES, D. G.; SILVA, F. F.; GIOMBELLI, C. J.;
DIEKMAN, F.; SILVA, M. R. Qualidade microbiológica e físico-química do leite cru
refrigerado produzido no município de Sapopema PR. Revista Científica Eletrônica de
Medicina Veterinária. Garça PR. v. 9, n. 16, p. 2-9, 2011.
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ouro branco. Disponível em: < http://www.pf.gov.br/agencia/noticias/2012/
marco/justica-condena-acusados-de-adulterar-leite-presos-na-operacao-ouro-branco-1 >.
Acesso em: 03 ago. 2016 a.
VIOTTO, W.H., CUNHA, C.R. Teor de sólidos do leite e rendimento industrial. In:
MESQUITA, A. J.; DURR, J.W.; COELHO, K. O. Perspectivas e avanços da qualidade
do leite no Brasil. Talente. Goiânia GO: 2006, v.1, p. 241-258.