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Magdalena Carmen Frida Kahlo y Calderón (pronúncia espanhola: [ˈfɾiða ˈkalo]; Coyoacán, 6 de

julho de 1907 — Coyoacán, 13 de julho de 1954) foi uma pintora mexicana conhecida pelos
seus muitos retratos, autorretratos, e obras inspiradas na natureza e artefactos do México.
Inspirada pela cultura popular do país, empregou um estilo de arte popular naïf para explorar
questões de identidade, pós-colonialismo, género, classe, e raça na sociedade mexicana. As
suas pinturas tinham frequentemente fortes elementos autobiográficos e misturavam realismo
com fantasia. Para além de pertencer ao movimento Mexicayotl pós-revolucionário, que
procurava definir uma identidade mexicana, Kahlo é descrita como uma surrealista ou realista
mágica. Ela é conhecida por pintar sobre a sua experiência de dor crónica.
Nascida de pai alemão e mãe mestiça, Kahlo passou a maior parte da sua infância e vida adulta
na La Casa Azul, a sua casa de família em Coyoacán — agora acessível ao público como
o Museu Frida Kahlo. Embora tenha sido incapacitada pela poliomielite quando criança, Kahlo
foi uma estudante promissora, rumo à escola de medicina, até sofrer um acidente de
autocarro aos dezoito anos, o que lhe causou dores e problemas médicos para toda a vida.
Durante a sua recuperação, ela voltou ao seu interesse de infância pela arte com a ideia de se
tornar artista.
Os interesses de Kahlo na política e na arte levaram-na a aderir ao Partido Comunista
Mexicano em 1927, através do qual conheceu o seu colega artista mexicano Diego Rivera. O
casal casou em 1929, e passou o final dos anos vinte e início dos anos trinta a viajar juntos no
México e nos Estados Unidos. Durante este período, ela desenvolveu o seu estilo artístico,
inspirando-se principalmente na cultura popular mexicana, e pintou sobretudo pequenos
autorretratos que misturam elementos de crenças pré-colombianas e católicas. As suas
pinturas suscitaram o interesse do artista surrealista André Breton, que organizou a primeira
exposição individual de Kahlo na Julien Levy Gallery em Nova Iorque em 1938; a exposição foi
um sucesso, e foi seguida por outra em Paris em 1939. Apesar da exposição francesa ter sido
menos bem sucedida, o Louvre adquiriu uma pintura de Kahlo, O Quadro, fazendo dela a
primeira artista mexicana a ser apresentada na sua coleção. Durante a década de 1940, Kahlo
participou em exposições no México e nos Estados Unidos e trabalhou como professora de
arte. Ensinou na Escuela Nacional de Pintura, Escultura y Grabado ("La Esmeralda") e foi
membra fundadora do Seminario de Cultura Mexicana. A sempre frágil saúde de Kahlo
começou a agravar-se na mesma década. Realizou a sua primeira exposição individual no
México em 1953, pouco antes da sua morte, em 1954, com 47 anos.
O trabalho de Kahlo como artista permaneceu relativamente desconhecido até finais dos anos
70, quando o seu trabalho foi redescoberto por historiadores de arte e ativistas políticos. No
início dos anos 90, ela tinha-se tornado não só uma figura reconhecida na história da arte, mas
também considerada como um ícone para o Movimento Chicano, o movimento feminista e o
movimento LGBTQ+. O trabalho de Kahlo tem sido celebrado internacionalmente como
emblemático das tradições nacionais e indígenas mexicanas e por feministas pelo que é visto
como a sua representação intransigente da experiência e forma feminina.

Infância e juventude
Frida Kahlo nasceu em 6 de julho de 1907 na casa de seus pais, conhecida como La Casa Azul
(A Casa Azul), em Coyoacán, na época uma pequena cidade nos arredores da Cidade do
México e hoje um distrito. Seu pai, Guillermo Kahlo, cujo nome oficial era Carl Wilhelm Kahlo,
nasceu em Pforzheim Alemanha, filho de Henriette Kaufmann e Jakob Heinrich Kahlo. Frida
afirmava que seu pai era de ascendência judaico-húngara, mas pesquisadores demonstraram
que os pais dele não eram judeus, mas luteranos alemães. Guillermo Kahlo chegou ao México
em 1891, aos 19 anos de idade, e logo mudou seu nome alemão, Wilhelm, para o equivalente
em espanhol, "Guillermo".
Kahlo descreveu posteriormente que a atmostera de sua casa durante a infância era
frequentemente triste. Seus pais estavam frequentemente doentes, e o casamento estava
desprovido de amor. Seu relacionamento com sua mãe, Matilde, era extremamente tenso.
Kahlo descreveu sua mãe como "gentil, ativa e inteligente, mas também calculista, cruel e
fanaticamente religiosa." O empreendimento de fotografia de seu pai sofreu muito devido a
Revolução Mexicana, já que a derrubada do governo o comissionou de trabalhos, além de que
a guerra civil limitou o número de clientes particulares.
A mãe de Frida, Matilde Gonzalez y Calderón, era uma católica devota de origem indígena e
espanhola. Os pais de Frida se casaram logo após a morte da primeira esposa de Guillermo,
durante o nascimento do seu segundo filho. Embora o casamento tenha sido muito infeliz,
Guillermo e Matilde tiveram quatro filhas, sendo Frida a terceira. Ela tinha duas meio-irmãs
mais velhas. Frida ressaltava que cresceu em um mundo cheio de mulheres. Durante a maior
parte de sua vida, no entanto, ela se manteve próxima do pai.
Em 1913, com seis anos, Frida contraiu poliomielite, a primeira de uma série de doenças,
acidentes, lesões e operações que sofreu ao longo da vida. A poliomielite fez com que sua
perna direita fosse menor e mais fina que a perna esquerda. Passou a usar calças, depois
longas e exóticas saias, que se tornaram uma de suas marcas pessoais. Embora Frida desde o
início da infância tenha recebido tutoria artística de Fernando Fernández, ela não estava
particularmente interessada na arte como uma carreira.
Em 1922 foi aceita na Escola Nacional Preparatória do Distrito Federal do México e durante
1922 até 1925 frequentou a escola. Durante seu perído acadêmico, Frida focou em disciplinas
de ciências naturais com o objetivo de se tornar uma física. A instituição recentemente havia
começado a adimitir mulheres, tendo apenas 35 alunas no total de 2000 estudantes
matriculados. Ela teve um bom desempenho acadêmico, era uma leitora voraz e rapidamente
se tornou "profundamente imersa e empenhada na cultura Mexicana, ativismo político e
questões de justiça social." Durante esse perído, Kahlo foi particularmente influenciada por 9
colegas de classe, na qual estes formaram um grupo informal que se autointitulava como
"Cachuchas" - muitos indivíduos desse grupo mais tarde se tornaram figuras importantes da
elite intelectual Mexicana.

Acidente de ônibus
Em 17 de setembro de 1925, Frida sofre um grave acidente de ônibus causado pelo choque
com um bonde. O corrimão do ônibos perfurou-lhe as costas, causando uma fratura pélvica,
perfuração do abdomen e do útero, 3 fraturas em sua coluna vertebral, seu pé direito foi
triturado e deslocado e teve a clavícula fraturada. Frida ficou um mês no hospital e dois meses
em casa se recuperando antes de voltar ao seu trabalho. Tal acidente obrigou-a a usar coletes
ortopédicos por três meses, ela chegou a pintar alguns deles (como o colete de gesso da tela
intitulada A Coluna Partida'). O acidente acabou com seus sonhos de se tornar uma física e
causou dores e doenças pelo resto de sua vida, seu amigo Andrés Henestrosa citou que Kahlo
"vivia morrendo". Durante a sua longa convalescença, começou a pintar, usando a caixa de
tintas de seu pai e um cavalete adaptado à cama.

Relacionamento com Diego Rivera


Em 1928, entrou no Partido Comunista Mexicano e conheceu o muralista Diego Rivera, com
quem se casa no ano seguinte. Sob a influência da obra do marido, adotou o emprego de
zonas de cor amplas e simples, num estilo propositadamente reconhecido como ingênuo.
Procurou na sua arte afirmar a identidade nacional mexicana, por isso adotava com muita
frequência temas do folclore e da arte popular do México.
Viagens ao exterior
Entre 1930 e 1933 passa a maior parte do tempo em Nova Iorque e Detroit, com Rivera. Entre
1937 e 1939, recebeu Leon Trotski em sua casa de Coyoacán. Em 1938, André Breton qualifica
sua obra de surrealista em um ensaio que escreveu para a exposição de Kahlo na galeria Julien
Levy de Nova Iorque. Não obstante, ela mesma declarou mais tarde: Pensavam que eu era
uma surrealista, mas eu não era. Nunca pintei sonhos. Pintava a minha própria realidade. Em
1939, expõe em Paris na galeria Renón et Colle.

Volta ao México
A partir de 1943, dá aulas na escola La Esmeralda, no D.F. (México). Em 1953, a Galeria de Arte
Contemporânea desta mesma cidade organiza uma importante exposição em sua honra.
Alguns de seus primeiros trabalhos incluem o Auto-retrato em um vestido de veludo (1926),
Retrato de Miguel N. Lira (1927), Retrato de Alicia Galant (1927) e Retrato de minha irmã
Cristina (1928).

Vida pessoal
Casa-se aos 22 anos com Diego Rivera, em 1929, um casamento tumultuado, visto que ambos
tinham temperamentos fortes e casos extraconjugais. Kahlo, que era bissexual, teve um caso
com Leon Trotski depois de separar-se de Diego. Rivera aceitava abertamente os
relacionamentos de Kahlo com mulheres, mesmo elas sendo casadas, mas não aceitava os
casos da esposa com homens. Frida descobre que Rivera mantinha um relacionamento com
sua irmã mais nova, Cristina.
Após essa outra tragédia de sua vida, separa-se dele e vive novos amores com homens e
mulheres, mas em 1940 une-se novamente a Diego. O segundo casamento foi tão
tempestuoso quanto o primeiro, marcado por brigas violentas. Ao voltar para o marido, Frida
construiu uma casa igual à dele, ao lado da casa em que eles tinham vivido. Essa casa era
ligada à outra por uma ponte, e eles viviam como marido e mulher, mas sem morar juntos.
Encontravam-se na casa dela ou na dele, nas madrugadas.
Embora tenha engravidado mais de uma vez, Frida nunca teve filhos, pois o acidente que a
perfurou comprometeu seu útero e deixou graves sequelas, que a impossibilitaram de levar
uma gestação até o final, tendo tido três abortos (em 1929 ela sofreu o primeiro aborto, e em
1932, o segundo).
Tentou diversas vezes o suicídio com facas e martelos.
Em 13 de julho de 1954, Frida Kahlo, que havia contraído uma forte pneumonia, foi
encontrada morta. Seu atestado de óbito registra embolia pulmonar como a causa da morte.
Mas não se descarta a hipótese de que tenha morrido de overdose (acidental ou não), devido
ao grande número de remédios que tomava. A última anotação em seu diário, que diz "Espero
que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar - Frida", permite a hipótese de
suicídio. Seu corpo foi cremado, e suas cinzas encontram-se depositadas em uma urna em sua
antiga casa, hoje Museu Frida Kahlo.

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