A história da arte há chegado num ponto em que esbarra na falta de
novidade constantemente e vejo que a válvula de escape desta “crise” é, desde o Dadaísmo, tentar causar ruptura com tudo que fora antes determinado como artístico (Belas artes).
Isto está intimamente ligado ao sentimento genuíno do ser humano de
se surpreender: se não há novidade e cisão de valores, naturalmente não haverá emoção. Neste ponto tudo já parece ter sido experimentado. Uma obra de arte depende diretamente do período em que está inserida e do perfil do observador da época. E o observador contemporâneo passa a impressão de que a verdadeira produção artística deve estar o mais distante possível de tudo que antes se foi definido.
O observador é quem me parece ditar as regras do jogo. O filme “El
Artista” de Gastón Duprat retrata isso ao mostrar ficcionalmente um idoso que desenhava “como se ninguém tivesse desenhado antes dele”. As obras realizadas por Romano (idoso) tinham um alto prestígio pela comunidade artística por justamente se afastarem da racionalidade e serem frutos da emoção, algo realmente singular. Porém ainda que responsável pelas obras, não se pode dizer que ele era o responsável por causar aqueles sentimentos em quem as via, até porque aos olhos do público quem as realizava era Jorge (enfermeiro de Romano).
Portanto, a fim de definir se algo é arte ou não, pouco importa o artista e
a obra, mas sim quem observa, porque é este sujeito que transformará o processo artístico num trabalho finalizado. Somente ele é responsável por isso, ele é o verdadeiro artista capaz de ressiginificar ou interpretar toda e qualquer coisa de certa forma que isto o proporcione experiência única.