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6.

2 TROCAS GASOSAS
Trocas gasosas nos seres vivos
― As trocas gasosas que os organismos vivos realizam são manifestações do seu complexo metabolismo celular.

― Os gases trocados entre os seres vivos e o meio são o oxigénio, o dióxido de carbono e o vapor de água.

― A quantidade necessária de oxigénio necessária para um organismo depende dos seus gastos energéticos.
Trocas gasosas nos animais Trocas gasosas nas plantas
CO2 H2O
O2
Respiração
aeróbia
Mitocôndria Cloroplasto CO2
Fotossíntese
O2
CO2
O2

Respiração
Mitocôndria aeróbia
Fig. 1 - As trocas gasosas entre os seres vivos multicelulares e o meio ao uma exigência dos seus processos
metabólicos e estão associados a respiração aeróbia, a evapotranspiração e a fotossíntese.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
― A quantidade de oxigénio disponível no diversos ambientes é variável.
― Na atmosfera existe uma percentagem de oxigénio de 21% ao nível do mar, contudo esta diminui com a altitude .
― Em ambiente aquático, as águas com maior oxigenação têm um quarto da quantidade que existe na atmosfera. A
quantidade de oxigénio dissolvido na água diminui com o aumento da temperatura e aumenta com a agitação
da água.

Trocas gasosas nos animais Trocas gasosas nas plantas


CO2 H2O
O2
Respiração
aeróbia
Mitocôndria Cloroplasto CO2
Fotossíntese
O2
CO2
O2

Respiração
Mitocôndria aeróbia
Fig. 1 - As trocas gasosas entre os seres vivos multicelulares e o meio ao uma exigência dos seus processos
metabólicos e estão associados a respiração aeróbia, a evapotranspiração e a fotossíntese.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
Trocas gasosas nos Animais
― Os animais apresentam estruturas especializadas nas trocas gasosas – as superfícies respiratórias.

― É através destas superfícies que o oxigénio entra e o dióxido de carbono sai do organismo.

― Todas as superfícies respiratórias possuem as seguintes características em comum:


― Estruturas com espessura reduzida em muitos casos com apenas uma camada de células;
― Sempre húmidas de modo a permitir a difusão de gases;
― Grande área de contacto entre o meio interno e o meio externo;
― Muito vascularizadas. Brânquias
Truta

Tegumento
Planária Traqueias
Gafanhoto

Filamento
branquial Vasos
Traqueias sanguíneos
Superfície
corporal
Fig. 5 - Exemplos de diferentes superfícies respiratórias e sistemas respiratórios em animais.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
Tipos de Trocas Gasosas Brânquias
Truta

― As trocas podem-se dar por difusão direta


– diretamente entre o meio e as células –
ou por difusão indireta – se as trocas
ocorrem entre o meio externo e o fluido
circulante. Filamento Pulmões
branquial Vasos Porco
― Na difusão indireta a troca de gases
designa-se de hematose. sanguíneos

― Como o oxigénio se dissolve mal na água,


estes animais possuem proteínas
especializadas no transporte do oxigénio. A
hemoglobina (pigmento respiratório) é um
exemplo de uma dessas proteínas.
Vasos
sanguíneos
Alvéolos

Fig. 5 - Exemplos de diferentes superfícies respiratórias e sistemas respiratórios em animais.


Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
Hidra, planária
Diversidade de Superfícies Tegumento
respiratórias Minhoca e Anfíbios

Traqueias Insetos

Alguns Anfíbios
Brânquias
Peixes

Aves, Mamíferos e
Pulmões
Anfíbios

Transformação e utilização de energia pelos seres vivos


1- Trocas gasosas - TEGUMENTO
― Tegumento é um tecido que reveste a superfície do corpo. As trocas podem ocorrer por:
CO2 O2

Água Tegumento

Células
dos tecidos
O2 Difusão Difusão
O2 CO
CO2
Direta Indireta
2

Hidra e Minhoca e
Planári planária Anfíbios
a
Hidra

Fig. 6 - Difusão direta através do tegumento na planária e na hidra.


Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
― Os anfíbios e anelídeos realizam as trocas gasosas através do tegumento utilizando o fluido circulante – difusão
indireta.
― Neste caso designa-se por hematose cutânea.
― Estes animais possuem glândulas mucosas que mantem a pele húmida e uma densa redes de vasos sanguíneos
perto da superfície.

CO2 O2
Água

Cutícula
Epiderme

Capilar
Minhoca
Células dos
tecidos


Fig. 7 - Hematose cutânea (difusão indireta) na minhoca e na rã.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
2- Trocas gasosas - TRAQUEIAS
― Os artrópodes terrestres como os insetos, aranhas e
Espiráculo
escorpiões possuem uma rede de túbulos – as
traqueias.

― As traqueias ramificam-se no interior do animais em


canais mais estreitos – as traquíolas.
CO2
― A entrada dos gases ocorre através de orifícios O2
localizados na superfície do corpo – os espiráculos. Mosca-doméstica

― No insetos voadores em que o consumo de oxigénio Traqueia


é elevado existem sacos aéreos que facilitam a
ventilação.
Traquíola
― Apesar de possuírem um sistema circulatório aberto,
Músculo
os artrópodes apresentam taxas metabólicas
elevadas pois há comunicação direta entre o ar e os
tecidos.

Fig. 8 - Rede de traqueias e sacos aéreos na mosca-doméstica.


Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
3. Trocas gasosas - BRÂNQUIAS

― Na água a quantidade de oxigénio dissolvido é


menor do que no ar.

― Em seres aquáticos mais complexos há evaginações – O2


prolongamentos para fora do corpo – onde ocorre CO2
difusão indireta.
O2
― Estas estruturas especializadas nas trocas gasosas CO2
dentro de água denominam-se brânquias e o
processo de troca é a hematose branquial.
Brânquias
― As brânquias externas são estruturas presentes em externas
alguns animais aquáticos.
Axolote

Lesma-do-mar
Fig. 9 - Brânquias externas no axolote e na lesma-do-mar.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
― Outros animais tem brânquias internas.

― Estão presentes em crustáceos, moluscos e peixes.

Lagostim
(crustáceo)

Ameijoa
(molusco)

Tubarão
(peixe cartilagíneo) Lula
(molusco)
Fig. 10 - Circuito da água em vários animais com respiração branquial interna.
A circulação da água nas brânquias internas deve-se a contrações de órgãos muito diversificados. O fluxo de água é sempre
unidirecional: o local de entrada não é o mesmo que o de saída.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
3.1 - Trocas gasosas nos PEIXES

― As brânquias dos peixes ósseos são formados por


filamentos numerosos – lamelas branquiais –
suportadas por estruturas ósseas chamadas arcos Opérculo
branquiais.
Fenda opercular
― A água entra pela boca e percorre os filamentos
branquiais saindo pela fenda opercular.
Vasos sanguíneos
― A placa óssea que protege as branquias é o opérculo.

Filamentos branquiais

Arco branquial

Fig. 11 - Fluxo da água nas brânquias e constituição das brânquias de um peixe ósseo.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
― As brânquias dos peixes são altamente vascularizadas e constituem uma grande superfície de contacto.

― Para aproveitarem ao máximo o oxigénio disponível na água os peixes têm um sistema simples mas muito
eficiente – o mecanismo contracorrente.

― Neste mecanismo o sangue que irriga a superfície respiratória circula no sentido contrário da água.

― O mecanismo de contracorrente rentabiliza a oxigenação do sangue em meio aquático, onde existe pouco
oxigénio. Devido a este mecanismo a pressão parcial de oxigénio na água mantém-se sempre superior à do
sangue.

Fluxo de àgua contracorrente Fenda


boca Saturação de 02 na água (%) opercular

Difusão de 02
para o sangue

Fluxo sanguíneo
Fig. 12 - Mecanismo de contracorrente.
Saturação de 02 no sangue (%)
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
Para garantir um
fluxo contínuo de água, o peixe, com a fenda
opercular fechada, abre a boca e cria uma
tensão de sucção.

A água atravessa as lamelas


dos filamentos branquiais
em contracorrente com Sangue Sangue
a circulação do sangue. arterial venoso

A água flui entre lamelas


A contração da cavidade bucal força a água para
as brânquias e para o exterior, quando abre a
fenda opercular. O sangue flui
nos capilares
Fig. 13 - Mecanismo de contracorrente.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
4. Trocas gasosas - PULMÕES
― A colonização do ambiente terrestre por parte dos vertebrados foi possível graças a invaginações que protegeram
as superfícies respiratórias da dessecação e com grande superfície de contacto com o ar – os pulmões.
― Os pulmões são estruturas internas elásticas, de paredes fincas e vascularizadas onde ocorre a hematose pulmonar.

Os pulmões das aves


Os pulmões dos anfíbios
são pequenos e pouco
são pequenos e pouco
elásticos, mas muito
compartimentados.
eficientes. Nas aves, o
ar percorre os pulmões
num só sentido. Rã
Salamandra

Sacos Os pulmões dos mamíferos têm a maior


aéreos relação superfície/volume de todos os
vertebrados.
Porquinho da índia
Pardal Fig. 14 - Estrutura dos pulmões de diferentes vertebrados terrestres. É evidente a
compartimentação interna e a circulação do ar nas cavidades respiratórias.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
Ventilação pulmonar Inspiração

― A ventilação pulmonar é realizada através de


movimentos respiratório
― A inspiração é a entrada de ar nos pulmões,
que resulta da sua expansão, causando uma
pressão negativa no seu interior e força o ar a Os músculos
entrar. intercostais
― A expiração é resultado da diminuição do externos O diafragma
contrai.
volume dos pulmões e consequente aumento contraem.
da pressão e saída do ar. Expiração

Os músculos
intercostais O diafragma
externos relaxa.
Fig. 15 - Ventilação no ser humano. relaxam.

Transformação e utilização de energia pelos seres vivos


Evolução dos pulmões

― Durante o processo evolutivo, os sistemas


respiratório adquiriram três adaptações:
― Aumento da superfície respiratória, Rela
por compartimentação, ramificação e
pregueamento no interior do pulmão.
Salamandra
― Ventilação mais eficiente, com
participação de um maior número de
músculos e estruturas.
― Circulação sanguínea mais eficaz, por
aumento da vascularização e
aquisição de circulação dupla e
completa.

Sacos
aéreos

Porquinho da índia
Pardal
Fig. 14 - Estrutura dos pulmões de diferentes vertebrados terrestres.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
4.1. Trocas gasosas nos pulmões dos ANFÍBIOS

― Nos anfíbios a ventilação pulmonar é feita apenas com recursos à musculatura bucal.

― A ventilação pulmonar é insuficiente e portanto tem de ser auxiliada pela respiração cutânea.

― Para além destes fatores, possuem circulação incompleta, o que os impede de terem taxas metabólicas muito
elevadas.

❷ Com as narinas fechadas e


❶ Com as narinas abertas e ❸ Quando a cavidade bucal ❹ A glote fecha, as narinas
a glote aberta, a cavidade
a cavidade bucal expandida, o expande, o ar sai dos pulmões abrem e, com a contração
bucal contrai e o ar entra e
ar entra para a boca. e volta à cavidade bucal. da cavidade bucal, o ar sai.
enche os pulmões.
Fig. 15 - Fases da ventilação pulmonar nos anfíbios.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
4.2. Trocas gasosas nos pulmões das AVES
― Nas aves os movimentos respiratórios são da responsabilidade de vários músculos, que levam à expansão ou
contração dos sacos aéreos, visto que os pulmões são relativamente rígidos.

― O ar inspirado passa para os sacos aéreos posteriores, depois para os pulmões de onde segue para os sacos
aéreos anteriores antes de sair – fluxo unidirecional do ar.

― As estruturas tubulares que se encontram no interior dos pulmões são os parabrônquios.

1.ª inspiração 1.ª expiração 2.ª inspiração 2.ª expiração


Sacos aéreos
anteriores

Traqueia
Pulmões
Sacos aéreos
posteriores
❶ O ar inspirado é canalizado ❷ A contração dos sacos ❸ A expansão dos sacos ❹ A contração dos sacos aéreos
para os sacos aéreos posteriores, aéreos posteriores empurra o aéreos anteriores capta o ar anteriores expele o ar para o
por expansão destes. ar para os pulmões. dos pulmões. exterior através da traqueia.
Fig. 16 - Fases da ventilação pulmonar nas aves.
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
4.3. Trocas gasosas nos pulmões dos MAMÍFEROS

Sacos
― No ser humano, tal como em outros mamíferos, a alveolares
ventilação pulmonar envolve um número
alargado de músculos.

― O ar entra pelas vias respiratórias superiores até


atingir os alvéolos.

― Nos alvéolos ocorre a hematose pulmonar. Alvéolos


O2
― O facto de existirem os alvéolos pulmonares com CO2
uma grande superfície de contacto e muito
vascularizados permitiram a colonização com
sucesso de todos os ambientes terrestres devido
a taxas metabólicas muito elevadas. Capilar

Fig. 17 - Estrutura interna dos pulmões.


Transformação e utilização de energia pelos seres vivos
― A troca de gases ao nível dos tecidos ou dos alvéolos ocorre sempre por difusão.
― Uma maior difusão, bem como a circulação dupla e completa contribuíram para o sucesso da colonização de
todos os ambientes terrestres pelos mamíferos

Fig. 18 - Transporte de gases no sangue. Os valores indicados referem-se à pressão parcial de cada gás (em mmHg).
Transformação e utilização de energia pelos seres vivos

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