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© 2005 by Anna Claudia Ramos

© da ilustração, 2013 by Ionit Zilberman

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R141h Ramos, Anna Claudia, 1966-


Hoje é amanhã? / Anna Claudia Ramos ; ilustrações Ionit Zilberman. - [2. ed.] - Rio de Janeiro : Nova Fronteira, 2013.
24 p. : il. ; 24 cm.

ISBN 978.85.209.3996-3

1. Ficção infantojuvenil brasileira. I. Zilberman, Ionit, 1972-. II. Título.

CDD: 028.5
CDU: 087.5
Sumário

Hoje é amanhã?

Sobre os autores
Pra Layla, que, quando menina, adorava inventar brincadeiras
Anna Claudia Ramos

Pra Taline
Ionit Zilberman
Era hora de Carol deitar.
Como sempre, a mãe colocou a filha na cama, contou uma história e depois deu um beijo de boa-noite. Mas
antes de a mãe sair do quarto, Carol perguntou:
– Mãe, ontem eu vou brincar na casa da Marina?
– Ontem, não, filha, amanhã. Depois de dormir, acordar e almoçar. Mas agora dorme que já tá tarde.
– Tá bem, mas fica aqui na minha cama um pouquinho.
Carol ainda é pequena. Vive trocando ontem, hoje e amanhã. Era um tal de: amanhã eu fui na praia, ontem eu
vou passear. A mãe sabe que não adianta explicar muito, não. Esse negócio de tempo é mesmo difícil de entender.
No dia seguinte, Carol já acordou querendo saber:
– Mãe, hoje é amanhã?
– O que foi, filha?
– Hoje é amanhã, mãe?
– Como assim, Carol?
– Ué, mãe, você disse que eu ia na casa da Marina amanhã depois de dormir. Eu já dormi e tô querendo saber
se hoje é amanhã.
– Ah, tá, Carol! Agora entendi. Hoje virou o amanhã de ontem.
Nessa hora quem não entendeu nada foi a Carol. Que confusão! Esse hoje vira um monte de nomes diferentes,
cada hora é uma coisa.
Ela já tinha entendido que o amanhã vira hoje depois que dorme e acorda. Aí a mãe apareceu com aquele tal
de ontem e confundiu tudo.
Mas agora Carol não queria pensar nisso, só queria saber de brincar com a amiga.
No outro final de semana, Carol estava na casa do pai. Então, Carol e o pai foram passear na praia no sábado, e
no domingo o pai queria andar de bicicleta...
só que Carol queria ir à praia de novo.
– Mas, Carol, ontem a gente foi à praia. Hoje a gente pode andar de bicicleta.
– O que é ontem, pai?
– Ontem é um dia que já passou, Carol.
– E o que é um dia, pai?
O pai pensou um pouco e respondeu:
– Um dia, Carol... ai, filha, como o pai vai te explicar o que é um dia?

– Eu não sei. Você não é pai? Pai sabe um monte de coisas.

– Eu sei, filha, mas às vezes é difícil de explicar. Mas vamos lá: um dia é o tempo que você fica acordada
brincando, vai à escola, faz um monte de coisinhas, até chegar de noite e você ir dormir.
– E se eu não for na escola, pai?
– Vai ser dia do mesmo jeito. Um dia inteirinho tem uma parte que é clara e uma parte que é escura.
Carol pensou, pensou, pensou, até falar de novo:
– Ontem é um dia que dormiu, pai?
– É, filha, isso mesmo. Um novo dia quando acorda fica sendo hoje e o dia que dormiu fica sendo ontem.
– E o amanhã é um hoje que vai acordar?
– É isso aí, Carol!
– Ah, gostei disso, pai!!! Então amanhã eu vou voltar pra casa da mamãe?
– Vai, sim. Amanhã, quando você acordar, você vai voltar pra casa da sua mãe.
– Ô, pai, eu quero ligar pra mamãe pra contar essa novidade. Você liga, pai?
– Claro, filha, sua mãe vai adorar.
– Oi, mãe, é a Carol.
– Oi, filhota, tudo bem?
– Ih, mãe, sabe o que eu descobri? Que amanhã eu vou pra sua casa e que hoje é um dia inteirinho, e que
ontem é um hoje que foi dormir, e que amanhã é um hoje que vai acordar e que...
Hoje é amanhã? é um livro cheio de perguntas. A primeira delas foi feita por minha filha quando ela tinha cinco
anos de idade. Um dia, ela acordou perguntando:
— Mãe, hoje é amanhã?
— Como assim, Layla?
— Ah! Quando eu fui dormir você disse que amanhã eu ia brincar na casa da Abbi. Eu já dormi e já acordei.
Quero saber se hoje é amanhã.
— Ah, sim, filha! Hoje é o amanhã de ontem.
Nessa hora ela não entendeu nada, porque entender o tempo é algo muito complicado para uma criança de
cinco anos. Crianças pequenas têm um imaginário muito concreto, e o tempo é algo bem abstrato. Então, levei
alguns anos para chegar à simplicidade desse texto, que de uma forma gostosa e espontânea explica o tempo para o
pequeno leitor.
Agora falando um pouco do meu trabalho, sou escritora, ilustradora (muito de vez em quando), sócia do
Atelier Vila das Artes, e viajo mundo afora falando sobre os meus livros e dando palestras, cursos e oficinas. Tenho
muita experiência como professora de literatura infantil e juvenil e como coordenadora de bibliotecas escolares e
comunitárias. Já escrevi vários livros, e, se você quiser conhecer o meu trabalho, acesse
www.annaclaudiaramos.com.br ou www.annaclaudiaramos.com.br/blog. Vou adorar receber sua visita!

Anna Claudia Ramos


Nasci na cidade de Tel Aviv, em Israel, do outro lado do oceano. Lá, a gente lê e escreve ao contrário. Cheguei ao
Brasil com seis anos de idade e moro em São Paulo desde então. Comecei a desenhar, ainda pequena, para me
entreter enquanto minha mãe estava ocupada trabalhando. Ela conta que eu ficava horas ali, quietinha, sentada no
chão. Usava uns fones de ouvido bem grandes e dizia que estava “desenhando música”. Era assim que eu gostava de
fazer. Ouvindo música e desenhando, nunca ficava sozinha.
Hoje, o que mais gosto no meu trabalho é de ler uma história e descobrir o meu jeito de contá-la. Gosto de
inventar coisas que o texto não conta e eu posso contar nos desenhos. Gosto de sentar na frente do papel em branco e
sentir aquele medinho de “será que vai dar certo desta vez?”
Nesta história da Anna Claudia Ramos, resolvi levar meu desenho pra morar no Rio de Janeiro. Em primeiro
lugar, porque é a cidade onde ela mora. Em segundo, porque eu também gosto muito de lá. E, em terceiro, porque na
cidade onde eu nasci também tem mar e, às vezes, sinto muita falta dele.
Cada vez que você olhar para um desenho, lembre-se de que existe um mundo inteiro dentro. Um monte de
histórias sem palavras, um monte de segredos. Se olhar com atenção, talvez você consiga descobrir.

Ionit Zilberman
EDITORA RESPONSÁVEL
Daniele Cajueiro

PRODUÇÃO
Adriana Torres
Thalita Ramalho

PRODUÇÃO EDITORIAL
Anna Beatriz Seilhe

REVISÃO
Ana Carla Sousa

DIAGRAMAÇÃO
Trio Studio

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