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ADMIRÁVEIS DOCENTES!
A presente cartilha, intitulada “LEITURAS E RELEITURAS DO SER
FEMININO EM SALA DE AULA.”, é uma pequena contribuição para as vossas
práticas docentes, na disciplina de Língua Portuguesa do nono ano do Ensino
Fundamental II, tomando por base as discussões, as leituras e as resoluções de
atividades referentes a um tema bastante necessário e envolvente: O SER e SE
SENTIR MULHER, e em atenção aos preceitos norteadores da Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). Para isto, foram selecionados poemas, canções,
cartazes, pinturas, fragmentos de romances e contos, filmes, charges, memes e
notícias acerca da mulher, em distintas autorias, contextos históricos e estilos.
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Historicamente, a mulher teve o seu espaço limitado e silenciado, uma vez que a
figura masculina era vista como parte central do âmbito familiar, político, social e
econômico. A partir do século XX, diante das revoluções, dos movimentos feministas e
a conquista das mulheres inglesas e francesas ao direito de participar da vida política e,
assim, votar, as mudanças significantes acerca do comportamento feminino foram
iniciadas em que a “a participação das mulheres na vida cultural conhece um
desenvolvimento sem precedentes nas sociedades ocidentais” (DUBY e PERROT,
1990, p. 351).
os mais remotos tempos” (ALMEIDA, 2010, p. 57), desse modo, as mulheres foram
colocadas como parte central nas pinturas de homens, sendo então coadjuvantes da
história dos homens, visto que havia a predominância masculina na arte, isto é, um lugar
atribuído a eles (MIRANDA, 2006). E com todas as mudanças e lutas femininas que
ocorreram a partir do século XX, o protagonismo da mulher na arte surge para combater
a invisibilidade, o silenciamento, o patriarcado, o machismo e para que as mulheres
possam ser protagonistas de suas próprias histórias, para que sejam vistas, tenham voz,
liberdade e direitos.
Por muito tempo, e ainda é atribuída a mulher “uma natureza feminina que
conduzia as mulheres à esfera do lar, como se elas fossem dotadas biologicamente de
uma capacidade exclusiva de casarem, terem filhos e cuidarem de tudo que envolvesse a
vida privada.” (ALMEIDA, 2010, p.60). Além disso, a imagem de inocente, pura,
materna e do lar sempre foi concebida às mulheres permitindo com que padrões de
beleza, estereótipos e comparações tornassem a vida delas ainda mais difícil, uma vez
que carrega-se a ideia de que a mulher tem que estar sempre dentro desses padrões e
com isso será aceita na sociedade.
Banhista sentada, 1930, Pablo Picasso. Mulher Chorando, 1937, Pablo Picasso.
Maternida
de, 1938, Tarsila do Amaral. A negra, 1923, Tarsila do Amaral.
Grazie
EXERCITANDO (PARTE 1)
Caro (a) docente, a pintura Mona Lisa (1503) de Leonardo da Vinci e a fotografia da
exposição Acalantar (2021) de Alice Yura denotam a pluralidade do ser feminino em
aspectos temporais, históricos, culturais e sociais. A partir disso, proponha uma
atividade que encoraje e estimule os discentes a refletir e analisar aspectos das obras já
vistos pela ótica do ser feminino na arte e a sua pluralidade. Para iniciar a atividade,
algumas perguntas podem ser feitas, como exemplo: Qual a sua percepção acerca do ser
feminino nessas duas obras? Quais as principais diferenças entre elas? O que mais te
chamou atenção?
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EXERCITANDO (PARTE 2)
Caro (a) docente, chegou a hora de discutir sobre arte e saber um pouco sobre as
experiências, opiniões e vivências de seus discentes! Por meio de sua mediação, realize
um debate acerca das vivências dos discentes em relação à arte. É necessário que haja
respeito, que ouça os seus discentes e que torne o debate saudável e empolgante. A
seguir, há algumas perguntas que podem servir de base para o seu debate.
EXERCITANDO (PARTE 3)
Caro (a) docente, para finalizar, agora é o momento de praticar o que foi
abordado! Neste momento, direcione os seus discentes a produção e/ou criação de uma
arte que tenha foco no ser feminino. A atividade pode ser individual, em dupla, trio ou
grupos. Amplie a vivência e faça essa atividade fora da sala de aula para que essa
atividade seja memorável e enriquecedora para os seus discentes. Além disso, reforce
que a produção/criação pode ser uma fotografia, grafite, desenho, pintura.
“Eu não sou livre enquanto alguma mulher não o for, mesmo quando as correntes dela
forem muito diferentes das minhas.” – Audre Lord
Segundo Ana Maria Machado (2009), ao fazer a apresentação do livro Contos de
Fadas, revela um pouco mais sobre o surgimento desse gênero tão importante para a
nossa cultura. Nessa obra é visto que os contos de fadas chegaram até nós por meio dos
contos populares, são variações destes e possuem raízes celtas. Esta tradição oral
ganhou cada vez mais forma e popularizou-se, edificando-se por meio de Charles
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Perrault, com o livro “Contos da Mãe Gansa”, responsável por iniciar a Literatura
infanto-juvenil.
A primeira coletânea de contos infantis surgiu no século XVII, na França,
organizada pelo poeta e advogado Perrault, porém há relatos de que esses surgiram
muito antes, pela tradição oral, ainda na Idade Média. Os contos de fadas originais, na
verdade, não eram dedicados às crianças, mas sim aos adultos, como forma de
entretenimento e uma espécie de “fuga” dos problemas enfrentados pelos camponeses,
como a fome e a Peste, eram uma espécie de refletir os perigos do mundo e os medos
dos camponeses. Tais contos não possuíam finais felizes, eram violentos e não havia
uma moral da história. Assim, podemos ver que Charles Perrault foi o primeiro a
idealizar e reconstruir os contos de fadas, infantilizando-os.
De acordo com estudos feitos por Machado (2010), já no século XIX, com o
surgimento dos contos de fadas tradicionais, reconhecidos até hoje, aconteceram
mudanças nas histórias originais, como os finais felizes, as lições de moral e uma
diminuição da violência nas histórias. Essas mudanças ocorreram devido a vários
fatores, não só ligados à cultura e à Literatura, mas também fatores históricos e sociais,
como o Iluminismo e a Revolução Industrial. Como a própria psicologia mostra, estas
mudanças na sociedade trouxeram novos valores, entre eles a invenção da família e da
infância, pois até então as crianças eram vistas simplesmente como “adultos em
miniatura”. Assim, esses novos valores tiveram uma importância fundamental na
cultural e na Literatura, dando os novos modelos aos contos de fadas e fazendo o que
são hoje, um marco da Literatura infanto-juvenil.
É sabido, dentre os mais diversos âmbitos, que a mulher sempre ocupou o lugar
de segunda categoria na sociedade, e essa questão pode ser vislumbrada de diversas
formas, inclusive, por meio da literatura, como será visto mais adiante. Portanto, foi e é
também dever da literatura fazer parte das mudanças buscadas pelo gênero feminino ao
longo dos séculos, sendo aquela não só um reflexo da sociedade, mas também um
agente de mudança, o que pode ser confirmado pela teoria Feminista na Literatura,
como com a Crítica Feminista.
Na Grécia Antiga, a posição da mulher sofria variações de acordo com o lugar e
o período, mas, de modo geral, a mulher grega era considerada inferior ao homem,
podendo ocupar apenas os papéis de mulher e mãe. Porém, essa realidade ultrapassa a
Grécia Antiga, sendo ela apenas um reflexo de diversas outras civilizações, inclusive, na
contemporaneidade.
Concomitantemente, é visto que a mulher mesmo oprimida tem sido um agente
de mudanças, muitas vezes à frente do seu tempo, usando de sua força para ir além do
permitido, como podemos ver com o Movimento Feminista.
Segundo é Kate Millett (1989), a Crítica literária Feminista pode ser definida
como: “é a crítica literária baseada na teoria feminista, ou, mais genericamente, pelas
políticas do feminismo. Ela usa os princípios feministas e ideologia para criticar a
linguagem da literatura. Esta escola de pensamento, procura-se analisar e descrever as
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Caro docente, a partir dos conceitos vistos, traga para seus alunos e alunas
narrativas diversas, verbais e não verbais, do gênero conto de fadas. É imprescindível
trazer tanto as versões clássicas dos contos de fadas; que são majoritariamente de
autoria masculina – e vale o/a docente ressaltar isso; como as versões contemporâneas.
Além de narrativas verbais, também é interessante trazer outros objetos não verbais;
como imagens, músicas, cordéis, tudo o que for possível encontrar! A partir disso, crie
um debate saudável com os discentes, ouvindo as suas opiniões e vivências. É
importante usar do gênero oral antes de partir para a produção escrita!
EXERCITANDO (PARTE 2)
Caro docente, a partir do debate realizado entre os alunos e alunas, por meio de
sua mediação, peça para que estes realizem uma produção textual. O gênero textual
pode ser artigo de opinião, crônica, conto, etc; escolha a partir do seu conhecimento a
respeito da turma e do que achar que será mais produtivo e enriquecedor para seus
discentes.
EXERCITANDO (PARTE 3)
Caro docente, agora, para encerrar com chave de ouro, os alunos e alunas devem
produzir uma atividade em cima do que foi debatido e produzido. Esta atividade deve
ser “livre”, ou seja, de acordo com as habilidades dos discentes eles irão resolver o que
fazer. Afinal, a própria BNCC indica que diversas habilidades devem ser trabalhadas,
então por que não trabalhar as habilidades de cada aluno e aluna?
Aladdin – 2019
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Texto 1
MUITAS FUGIAM AO ME VER...
Carolina Maria de Jesus (14/03/1914 - MG a 13/02/1977- SP)
Carolina Maria de Jesus, in Antologia pessoal. (Org. José Carlos Sebe Bom Meihy). Rio de
Janeiro: Editora UFRJ, 1996.
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Texto 2
Texto 3
BRASIL
E meus cabelos
E minhas rugas
E minha história
E meus segredos?
E meus espíritos
E minha força
E meu Tupã
E meus círculos?
E meu Toré
E meu sagrado
E meus “cabocos”
E minha Terra?
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E meu sangue
E minha consciência
E minha luta
E nossos filhos?
Ou estupro
Eu sou história
Eu sou cunhã
Barriga brasileira
Ventre sagrado
Povo brasileiro.
O povo brasileiro
Texto 4
“(...)
Os ovos estalam na frigideira, e mergulhada no sonho preparo o café da manhã.
Sem nenhum senso da realidade, grito pelas crianças que brotam de várias camas,
arrastam cadeiras e comem, e o trabalho do dia amanhecido começa, gritado e rido e
comido, clara e gema, alegria entre brigas, dia que é o nosso sal e nós somos o sal do
dia, viver é extremamente tolerável, viver ocupa e distrai, viver faz rir.
E me faz sorrir no meu mistério. O meu mistério é que eu apenas um meio, e não
um fim, tem-me dado a mais maliciosa das liberdades: não sou boba e aproveito.
Inclusive, faço um mal aos outros que, francamente. O falso emprego que me deram
para disfarçar a minha verdadeira função, pois aproveito o falso emprego e dele faço o
meu verdadeiro; inclusive o dinheiro que me dão como diária para facilitar minha vida
de modo a que o ovo se faça, pois esse dinheiro eu tenho usado para outros fins, desvio
de verba, ultimamente comprei ações da Brahma e estou rica. A isso tudo ainda chamo
ter a necessária modéstia de viver. (...)”
(In: Obra Felicidade Clandestina, pág. 57)
Texto 4
XXVI
De sacrifício
De conhecimento
Da carne machucada
Os joelhos dobrados
Frente ao Cristo
De mulher-trovador.
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Ai. Descuidado
Que águas
De um venenoso lago
Tu derramaste
E eu canto
Da minha garganta.
E canto.
(In: Da Poesia Hilda Hilst, 2017. Parte: Cantares de perda e predileção (1983), págs. 371 e
372)
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Texto 5
Motivo
(MEIRELES, Cecília. Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.)
Texto 6
“(...)
- Professora, e minha mãe, também não ia à escola, era prisioneira, como eu?
- Se era prisioneira não sei, mas eu vinha ensinar à Menina como agora venho à
Pequena. Tua mãe também escrevia nessa mesma escrivaninha em que escreves e que
foi da tua avó.
- Tua mãe tudo sabia sem ninguém ensinar. Até eu aprendia com Menina as mil e
uma histórias que ela dizia.
- Que histórias, Professora? Já não sou tão criança. No fim do mês, treze anos vou
inteirar. As histórias da vida, idade tenho para saber.
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- Pequena, ela me falava de coisas tristes demais. Da multidão de mulheres que vive
nas profundezas do mar. E quando a maré sobe e as ondas crescem, pode-se ouvir seu
grito de socorro que o povo chama de ronco do mar. Contava que em terras distantes
daqui, meninas dormiam e acordavam com pés enlaçados por tiras de pano apertadas
para seus pés nunca crescerem; viúvas eram enterradas vivas com o cadáver do marido
para em outros homens jamais pensar; mulheres cobriam o rosto que nunca podiam
mostrar; meninas se casavam antes mesmo de nascer, não tinham o direito de marido
escolher.
- Por isso ela era triste, por sua sina de mulher?”.
Texto 7
Texto 8
“(...) Com a maçã ainda na mão e olhando-se perto demais no espelho do banheiro- e
deste modo perdendo de todo a perspectiva- viu uma cara pálida, de meia-idade, com
um dente quebrado, e os próprios olhos ... tocando o fundo, e com a água já pelo
pescoço, com cinquenta e tantos anos, sem um bilhete, em vez de ir ao dentista, jogou-
se pela janela do apartamento, pessoa pela qual tanta gratidão se poderia sentir,
reserva militar e sustentáculo de nossa desobediência.”
Texto 9
Ser mulher…
Texto 10
Texto 11
Texto 12
38
MULHER PROLETÁRIA
Jorge de Lima (1893-1953)
Texto 13
RECEITA DE MULHER
Vinicius de Moraes (1913-1980)
Texto 14
ISMÁLIA
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921)
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
Texto 15
Manuel Bandeira (1886-1968)
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Texto 16
SONETO DA FÊMEA
Pedro Lyra (1945-2017)
E assim se consumou esse processo:
ela largou o lar
largou os filhos
largou o companheiro
e deu-se ao mundo
em troca de um recanto
no mercado
mas só achou lugar
no purgatório.
E ao suplício
diurno
da jornada
o suplício
noturno
do retorno.
E no lugar do afeto
compromissos;
no lugar do convívio
o esgotamento;
41
Na avenida, deixei lá
A pele preta e a minha voz
42
Na avenida, deixei lá
A minha fala, minha opinião
A minha casa, minha solidão
Na avenida, deixei lá
A pele preta e a minha voz
Na avenida, deixei lá
A minha fala, minha opinião
A minha casa, minha solidão
Eu quero cantar
Até o fim, me deixem cantar até o fim
Até o fim, eu vou cantar
Eu vou cantar até o fim
*“A Mulher do Fim do Mundo” é o 32º álbum de estúdio da magistral cantora brasileira Elza
Soares (que partira há pouco tempo), lançado em 3 de outubro de 2015 pelo selo Circus.
2) Garota de Ipanema
Texto 3
Girl from Rio (Garota Do Rio)
44
Anitta (1993)
Oh woah
Eu entendi
Eu entendi
Eu entendi
Eu entendi
Corre no meu sangue oh
Adoro
Eu amo isso
Eu amo isso
Eu amo isso
Você já sabe
Um centavo a dúzia
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Oh woah
Eu entendi
Eu entendi
Eu entendi
Eu entendi
Corre no meu sangue oh
Adoro
Eu amo isso
Eu amo isso
Eu amo isso
Você já sabe
Um centavo a dúzia
Estou com sorte
Estou com sorte
Estou com sorte
Eu sei
É meu caso de amor
Texto 4
GENI
Chico Buarque de Holanda (1944)
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Texto 5
A RITA
(Chico Buarque)
A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
E o que me é de direito
Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato
Seu trapo
Seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel
A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meu pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão
A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
E o que me é de direito
Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato
Seu trapo
Seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel
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TEXTO 6
TEXTO 7
RITA
Thierry (1989)
Sua ausência tá fazendo mais estrago
Que a sua traição, lê-lê-lê-lê
Minha cama dobrou de tamanho
Sem você no meu colchão
Seu perfume tá impregnado nesse quarto escuro
Que saudade desse cheiro de cigarro e desse álcool puro
Rita, eu desculpo tudo
Ôh, Rita, volta, desgramada!
Volta, Rita, que eu perdoo a facada
Ôh, Rita, não me deixa
Volta, Rita, que eu retiro a queixa
(...)
*Canção de 2020.
TEXTO 8
Texto 9
FOLHETIM
Se acaso me quiseres
Sou dessas mulheres
Que só dizem sim
Por uma coisa à toa
Uma noitada boa
Um cinema, um botequim
E, se tiveres renda
Aceito uma prenda
Qualquer coisa assim
Como uma pedra falsa
Um sonho de valsa
Ou um corte de cetim
E eu te farei as vontades
Direi meias verdades
Sempre à meia luz
E te farei, vaidoso, supor
Que és o maior e que me possuis
Te afasta de mim
Pois já não vales nada
És página virada
Descartada do meu folhetim
TEXTO 10
MEU GURI
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega suado
E veloz do batente
Traz sempre um presente
Prá me encabular
Tanta corrente de ouro
Seu moço!
Que haja pescoço
Prá enfiar
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
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Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente
Seu moço!
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo eu não disse
Seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí
Olha aí!
E o meu guri!...(3x)
1) EMÍLIA (1941)
Giulia Be (1999)
Ah, ah
Ela era lá da Barra, ele de Ipanema
Foram ver o campeonato lá em Saquarema
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02. A segunda canção, intitulada “Ai, meu Deus que saudade da Amélia”, foi
responsável, desde a década de seu lançamento (também na década de 1940),
pelo surgimento da expressão “Mulher-Amélia” ou “Mulher do tipo Amélia”.
Vocês já ouviram tais formas de pensar e/ou de falar? Que mensagem elas nos
deixam? Ainda cabe, em pleno 2022, tal concepção acerca da mulher? Por quê?
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03. Em “Menina solta” pode ser detectada uma quebra de paradigmas em relação à
postura feminina e suas considerações quanto aos laços afetivos. Caracterize,
agora, a quem os versos são destinados. Vale reforçar o excerto “Ele vai ter
que
superar”:_________________________________________________________
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01. O soneto em destaque é de autoria de uma das mais incríveis poetas modernistas
lusitanas: Florbela d’Alma da Conceição Espanca (1894-1930). O eu lírico
apresentado no poema permite-nos inferir que sua condição de mulher, ainda
que estivesse naquele início do Séc. XX, era capaz romper muitos paradigmas de
tempo. Converse com seus alunos e alunas acerca destas rupturas e peça que
eles/elas evidenciem, preferencialmente na modalidade escrita - de modo a
exercitarem o uso das aspas e outros elementos da citação -, versos
comprobatórios dos ares vanguardistas quando da vontade de “amar”.
-
-
02. Florbela Espanca, na questão supracitada, fora chamada de “Poeta”. Por que não
de “Poetisa”? Converse com seus Estudantes acerca das distinções das duas
formas de tratamento da mulher que escreve versos.
-
-
03. Reforçando os conhecimentos que as turmas já possuem acerca das FIGURAS
DE LINGUAGEM, relembrem e reforcem as manifestações e os conceitos da
GRADAÇÃO e destaquem o verso “E se um dia hei de cinza, pó e nada”. Nele
ocorre GRADAÇÃO ANTICLÍMAX ou DECRESCENTE. Instiguem os estudantes
a, também, reconhecerem outra FIGURA presente, o EUFEMISMO (suavização de
uma ideia ou notícia desagradável ou estarrecedora). Qual é esta ideia amenizada? E
que reforço é dado às posturas do eu lírico?
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EXERCITANDO (PARTE 3)
Caríssimo(a) Docente, os dois poemas a seguir pertencem, respectivamente, aos séculos
XIX e XX. Elencados estão os poemas dos poetas Castro Alves, ícone da terceira
geração romântica, e Manuel Bandeira, um dos ícones da primeira geração modernista.
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O adeus de Teresa
Antônio Frederico de Castro Alves (1847-1871)
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Texto 2
Teresa
Manuel Bandeira (1886-1968)
-
-
ANEXOS:
(1862) (1864)
(1874)
Angela Gutiérrez tornou-se a Primeira Mulher a presidir a ACL, a Academia mais antiga do
Brasil, tendo sido fundada em 15 de agosto de 1894, no dia 30 de janeiro de 2019.
Rachel de Queiroz passou a ser imortal da ABL no dia 04 de agosto de 1977. E tomara posse na
nossa ACL somente na década de 1994, dezessete anos depois de ser empossada na ABL.
69
O que é anorexia?
A anorexia, também chamada de anorexia nervosa, é um transtorno alimentar
capaz de afetar pacientes de ambos os sexos, causado por um desejo excessivo,
ilimitado e sem controle de emagrecer e se manter em um determinado padrão de
beleza.
Quando um paciente possui anorexia, ele para de comer e não consegue ver que
seu corpo, aos poucos, está definhando com a falta de nutrição adequada. O indivíduo
anoréxico pode até mesmo deixar de sentir fome por completo.
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Pedro Grigori
postado em 17/11/2021 23:09 / atualizado em 18/11/2021 00:44
(https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2021/11/4963887-no-mundo-a-cada-10-
assassinatos-de-pessoas-trans-quatro-foram-no-brasil.html . Acesso em 04/02/2022, às
00:17)
Autor Euziane Bastos
Keron Ravache vítima de espancamento em Camocim tinha 13 anos. Sua foto estava na
capa do Relatório de Segurança Pública 2020 (foto: arquivo pessoal)
(https://www.opovo.com.br/noticias/ceara/2022/02/01/ceara-cai-de-posicao-mas-continua-
00:22)
CURIOSIDADES LEXICAIS
Puta;
Filha da puta;
Filha da mãe;
Vagabunda;
Piranha;
Bruxa;
Maria gasolina;
Maria vai com as outras;
Rapariga;
Cachorra;
Kenga;
Maria chuteira;
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CORSO, Mário. CORSO, Diana Lichtenstein. Fadas no Divã - Psicanálise nas Histórias
Infantis, 2006.
COSSON, Rildo. Letramento Literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
DUBY, Georges; PERROT, Michelle (dir.). História das Mulheres no Ocidente: a Idade
Média. Porto: Afrontamento, 1990. v. 2.
PINHEIRO, Hélder. Poesia na Sala de Aula. 1. ed. São Paulo: Parábola, 2018.
PLATÃO, Francisco Savioli; FIORIN, José Luiz. Para Entender o Texto: leitura e
redação. São Paulo: Editora Ática, 1990.
SILVA, Fernanda Maria Diniz da; SILVA, Marilde Alves da; SILVA, Fernângela Diniz
da; SOUSA, Alexandre Vidal de. (Organizadores). Literatura em cada canto do Ceará.
1. ed. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2019. pp. 165 a 169.