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Tema 4 – A LEITURA E A ESCRITA

(Notas, Apontamentos, Resumos e Esquemas)

4.1. Introdução

A leitura e a escrita são duas ferramentas indispensáveis no sucesso dos estudos nos
ensino superior. No nosso sistema de ensino superior, a maior parte das fontes de
informação que precisamos está escrita. Precisamos de identificar essas fontes de
informação, selecioná-las e depois lê-las. Uma boa leitura facilita a compreensão e a
escrita. Na maior parte dos casos uma boa avaliação escrita ou oral pressupõe que antes
tenha havido uma leitura cuidada. Uma das condições necessárias para que a leitura possa
contribuir para uma boa compreensão do livro, artigo, artigo ou texto lido, é a organização
ou tomada de notas, apontamentos, resumos e esquemas.

4.2. A Leitura

A leitura constitui uma ferramenta através da qual o estudante vai desenvolver capacidades
de análise e crítica, através das quais pode gerar novas ideias. É indispensável para o
sucesso académico e profissional uma vez ser o veículo prioritário através do qual se
adquirem novas informações e conhecimentos.

Ler um livro ou um texto é muito mais do que soletrar. É compreender a mensagem do que
se leu. Infelizmente, nem sempre a leitura nos leva à mensagem contida no livro ou texto
dependendo da forma como lemos. Uma coisa é certa. Ler é uma necessidade. A
capacidade de ler adquire-se com mais leitura, com treino contínuo e sistemático. A
capacidade de leitura pode ser melhorada através da aquisição e exercitação de algumas
competências específicas, como se verá adiante. A capacidade de leitura reside no modo
como somos capazes de controlar as várias formas, modalidades ou fases de leitura:
leitura global ou pré-leitura, leitura compreensiva ou conceitual, e leitura crítica ou pós-
leitura; ou ainda, os tipos de leitura que podemos fazer: leitura rápida ou diagonal, leitura
crítica, leitura reflexiva, leitura lúdica.

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4.3. Fases (ou Modalidades) de Leitura
4.3.1. Pré-Leitura
Como o próprio nome diz, estamos a ter um primeiro contacto com a leitura que
pretendemos fazer ao texto ou livro à nossa frente. Uns autores chamam a esta fase de
leitura global, pois com a pré-leitura temos a oportunidade de ter uma ideia global do texto
ou livro, sem nos preocuparmos com a compreensão profunda do conteúdo. Tomámos
contacto com os conteúdos principais (do livro ou texto) para formar uma ideia ainda muito
geral. A pré-leitura pode ajudar-nos a seleccionar o que procuramos naqueles casos em
que a informação que necessitamos está num determinado capítulo do livro.

4.3.2. Leitura Compreensiva


A leitura compreensiva constitui a leitura propriamente dita, aquela que visa a assimilação
completa do material lido. É por isso que também se chama de leitura conceitual. É nesta
fase de leitura que pode ser necessário tomar notas ou marcar a lápis ou com um
marcador as ideias principais a partir das quais, mais tarde, se resumir o que foi lido com
base nas nossas próprias palavras. O estudante deve percorrer o texto com a preocupação
de:
- encontrar as ideias principais e secundárias sobre o tema/assunto em
apreço e hierarquizá-las;
- perceber o ponto de vista do autor, formulando questões, se necessário;
- identificar e compreender os conceitos;
- distinguir os factos das opiniões;
- Identificar as “ideias” ou “pontos” chave;
- Fazer anotações nas margens ou num caderno.
Esta fase de leitura obriga-nos, sempre que necessário, a voltar atrás e reler algo para se
perceber melhor a ideia ou o conceito.

4.3.3. Pós-Leitura
As notas tiradas na fase anterior são fundamentais aqui. Esta pode ser chamada também
de fase de sistematização da leitura, devendo ser usadas algumas técnicas para se

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sistematizar o conteúdo da leitura, tais como: resumos, sínteses, esquemas, mapas de
ideias, gráficos, entre outras.

4.4. Tipos de Leitura


Como já foi mencionado atrás, podemos ter vários tipos de leitura dependendo dos
objectivos que estamos a perseguir ou queremos atingir.

4.4.1. Leitura Rápida ou Diagonal


De forma superficial, percorre-se todo o texto ou livro para se ter uma ideia, apenas ideia,
ainda que vaga, do seu conteúdo. Muitas vezes fazemos esta leitura quando estamos à
procura de determinada tipo de informação.

4.4.2. Leitura Crítica


Adoptando uma postura activa, o estudante faz uma leitura demorada com o objectivo de
compreender o que é que o autor quer transmitir, questionando as ideias ou conceitos
apresentados, e confrontando com as suas próprias ideias.

4.4.3. Leitura Reflexiva


Este é um tipo de leitura mais demorado. Ele exige um certo grau de abstração e pode
contribuir para alimentar a leitura crítica.

4.5. Factores que podem diminuir a compreensão da leitura:


De entre muitos factores que podem justificar para uma baixa compreensão da leitura,
destacam-se:
• Ausência de hábitos de leitura;
• Ausência de técnicas de leitura;
• Carência de vocabulário;
• Falta de concentração;
• Problemas de Saúde;
• Cansaço;

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No entanto, existem técnicas que podem ajudar a melhorar a compreensão do texto ou
livro, nomeadamente:
• Muita concentração na leitura;
• Fazer uma subdivisão do texto em partes, para facilitar a sua compreensão;
• Procurar as ideias principais e secundárias presentes nos vários capítulos, partes
ou parágrafos e anotá-las ou sublinhá-las.

Quadro Comparativo
Bom Leitor Mau Leitor
-Tem o hábito de leitura; -Lê pouco;
-Com vocabulário rico e alargado; -vocabulário pobre e reduzido;
-Lê entre 400-600 palavras por minuto. É rápido; -Lê entre 150-300 palavras por minuto. É lento;
-Mantém, durante a leitura, a cabeça fixa, só os -Movimenta a cabeça enquanto lê, e por isso,
olhos se movimentam; fàcilmente se distrai da leitura;
-Faz uma leitura progressiva. Habitualmente, não -Tem o mesmo ritmo para todos os textos (manual,
volta atrás para reler o que já leu; livro académico, romance e revista);
-É objetivo, não se deixando influenciar pelo que -É regressivo, voltando constantemente atrás para
leu; se certificar do que leu;
-Reflecte sobre o que leu; -Aceita, de bom grado, as ideias dos outros;
-Faz sempre uma leitura crítica; -Nem sequer pensa no que leu;
-Acredita na leitura como veículo para aumentar os -Lê porque não parece ter outra alternativa;
seus conhecimentos;
-Compreende o conteúdo de um texto lido; -Raramente compreende o que leu;
-Consegue estar concentrado e abstrair-se na -Dificilmente se concentra porque pensa noutros
totalidade; assunto enquanto faz a leitura;
-Devora os livros com interesse e avidez; -Folheia os livros sem interesse;
- A leitura é um prazer. -Ler é um aborrecimento.

Fonte: adaptado de Carrilho, F. (2005), pp 72

4.6. A ESCRITA

Complementando a Leitura como um instrumento de sucesso, está a Escrita. A Escrita é


indispensável para elaborar os Apontamentos nas Aulas, fazer Anotações, Resumos,
Sínteses e Trabalhos Científicos diversos.

4.6.1. Apontamentos

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Tirar apontamentos é uma actividade que ajuda imenso na aquisição e compreensão de
enunciados escritos e orais. A perícia de tirar apontamentos adquire-se através da técnica
e prática, sendo uma das regras fundamentais para elaborar bons apontamentos a
seguinte: ESCUTAR, SELECCIONAR e ESCREVER. Os apontamentos valem mais pela
sua qualidade do que pela sua quantidade.

4.6.2. Tipos de Apontamentos


• Apontamentos por palavras-chave - retirar do texto as palavras-chave que
contêm a informação essencial. O mais cedo possível é preciso fazer as ligações
entre as palavras, através de sublinhados, números, setas, para não esquecer a
relação que existe entre as palavras-chave;
• Apontamentos por pequenas frases - escrever pequenas frases de construção
simples, mas completas. Pode recorrer ao uso de abreviaturas e sinais. Este tipo de
apontamentos é o que se mostra mais eficaz;
• Apontamentos por resumos – em vez de palavras desligadas produz-se um
pequeno texto. No entanto, é preciso maior concentração e espírito crítico
comparado com as outras formas de apontamentos.

4.6.3. Procedimentos para tirar Apontamentos a partir de leituras feitas:

• Anotar a fonte (livro, revista, etc.) de forma completa;


• Ler os textos/capítulos na sua totalidade;
• Identificar o tema;
• Identificar as ideias principais, definições e exemplos e sublinhá-los;
• Anotar os títulos e subtítulos;
• Escrever frases curtas e simples;
• Utilizar abreviaturas;
• Transcrever com exactidão os nomes próprios, definições, etc.
• Fazer citações;
• Retirar só o essencial;

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• Fazer anotações à margem (no livro, se for seu; no caderno, ou numa ficha),
colocando as ideias-chave ou autores;
• Reler tudo o que escreveu e verificar se permite a compreensão do texto;
• Anotar e procurar no dicionário as palavras desconhecidas;
• Deixar linhas (espaços) entre os diversos assuntos. Esses espaços poderão ser
preenchidos com leituras de outras fontes mas do mesmo tema ou assunto;
• Usar chavetas e marcadores de várias cores.

4.6.4. Procedimentos especiais para tirar apontamentos durante a Aula:

ü Ter à mão todo o material necessário (caderno/sebenta, caneta/lápis incluindo a


cores, borracha, régua, marcadores de diversas cores, etc);
ü Ouvir com muita atenção;
ü Procurar compreender o que o professor diz;
ü Seleccionar as ideias principais;
ü Escrever por palavras próprias o que compreendeu da explicação do professor;
ü Anotar o que não perceber para depois perguntar o professor;
ü Anotar os detalhes importantes, ideias principais da aula e tudo o que o docente
escrever no quadro, assim como os exemplos que este utiliza;
ü Anotar as definições que o docente dá, assim como todas as fórmulas que escreve;
ü Registar, tal e qual: datas, conceitos, fórmulas, citações e nomes dos autores;
ü Sempre que possível, para não perder tempo e poder anotar a informação o mais
completamente possível, utilizar abreviaturas. É recomendável que, individualmente,
ou em grupo, tenha uma lista das abreviaturas que são possíveis para concentrar-
se na Escuta e não perder tempo em querer escrever tudo o que o professor disse.

4.6.5. Procedimentos especiais para consolidar os apontamentos em Casa:

ü Reler os apontamentos, no próprio dia ou dia seguinte, sempre que possível;


ü Verificar se os apontamentos são compreensíveis;

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ü Completar os apontamentos com a ajuda do manual ou livro e/ou de outras
informações relevantes;
ü Organizar e passar os apontamentos a limpo com uma caligrafia legível;
ü Sublinhar com marcadores coloridos, os títulos e as ideias principais;
ü Elaborar esquemas; Fazer Resumos, e se tiver alguma dúvida(s) anotá-la(s) e, na
aula seguinte, perguntar ao professor.

4.6.6. Vantagens dos Apontamentos

Se dedicar uma especial atenção à preparação, elaboração e consolidação dos


apontamentos, eles podem:
1. Ajudar a estar mais atento, concentrado e activo nas aulas e nos momentos de
avaliação;
2. Facilitar a compreensão e assimilação das matérias;
3. Reforçar o processo de memorização;
4. Ajudar a relacionar os conhecimentos já adquiridos com os novos;
5. Permitir uma consulta e revisão mais rápidas das matérias estudadas.

4.7. RESUMO

Resumir é condensar o essencial de um texto, reduzindo-o a cerca de um quarto (25%) da


sua extensão, tendo o cuidado de não amputar nenhuma ideia fundamental, nem alterar as
características do texto original. O Resumo deve ser feito com:
- Brevidade (sòmente as ideias principais);
- Clareza (sem ambiguidade);
- Rigor (respeitar a ideia do autor);
- Coerência (reproduz a sequência lógica do texto); e
- Linguagem Pessoal, isto é, redigí-lo por próprias palavras.

Na elaboração do Resumo precisa de ter as seguintes precauções:

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(i) Não resumir antes de fazer as anotações da leitura feita;
(ii) Ao resumir, usar frases breves, objectivas, acrescentando as referências.

4.7.1. Fases de Resumo:

O resumo pode conter as seguintes fases:


(i) Ler e reler o texto e procurar entendê-lo a fundo;
(ii) Procurar a ideia-tópico de cada parágrafo;
(iii) Relacionar e ordenar as ideias de cada parágrafo;
(iv) Escrever a síntese, formando frases com todas as ideias principais;
(v) Confrontar a síntese com o original para que nada de importante seja omitido;
(vi) Redigir, finalmente, com bom estilo e com próprias palavras.

4.8. ESQUEMA

É a representação gráfica do que se leu. A sua elaboração pressupõe a compreensão das


relações existentes entre as partes. Sem essa compreensão não é possível esquematizar.
O Esquema deve ter as seguintes características:
– Fidelidade em relação ao texto original;
– Estrutura lógica;
– Flexibilidade e Funcionalidade.

4.9. RESENHA

É fazer uma Síntese Geral, Informativa e Avaliativa sobre a obra lida (Livro, Capítulo ou
Artigos) das mais diferentes áreas do conhecimento.

A Resenha pode servir para orientar as opções e o interesse de quem fez uma certa
Leitura.

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4.10. ABREVIATURAS
Abreviatura Significado Símbolo Significado
Cap. Capítulo = igual
cfr. confrontar/conferir + mais
Cod código - menos
Col coluna X vezes
Cont continuação ⟹ implica
Fl folha ≠ diferente
Gd grande ± mais ou menos
H hora ∪ união
i.e. isto é 𝜖 pertence
m/ mas < menor que
-mente / > maior que
Ñ não ↑ subir
n o. número ↓ descer
P para ≃ aproximadamente
p. página ← causa
p.ex. por exemplo → consequência
Pl plural $ dinheiro
Pq porque ∞ casamento/infinito
Pp páginas % percentagem
Pr preço 𝜋 inflação/lucros
Qd quando ℃ graus centígrados
s/ sem ℉ graus Farenheit
Tb também 𝒾 taxa de juro
Tv talvez Y rendimento
Sec. Século C consumo privado
Qq qualquer S poupança
v.r. verificar I investimento
gastos do Estado/consumo
V verdadeiro G público
F falso X exportações
⊂ contém M importações
⊃ contido PIB produto interno bruto
Vip importante Yd rendimento disponível
Msm mesmo TR transferências
⟺ equivalência curva (D) curva de procura
⊥ perpendicular curva (S) curva da oferta
TANB taxa anual nominal bruta 𝜀 elasticidade
VAL valor actual líquido CMg custo marginal
VALA valor actual líquido ajustado CMe custo médio
TIR taxa interna de rendibilidade CF custos fixos
IRP índice de rendibilidade do Projecto CV custos variáveis

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PRI prazo de recuperação do Invest. CT custos totais
TAE taxa anual efectiva T impostos
Simples spls SO saldo orçamental
∆ variação/incremento ∑ somatório / total

O(A) estudante deve organizar outras Abreviaturas consoante as disciplinas e matérias que
for estudando, como forma de aumentar a concentração nas aulas. A elaboração de
abreviaturas pode ser feita em grupo ou individualmente. A adopção de abreviaturas
durante os estudos na faculdade pode ser frutífera para qualquer estudante.

4.11. ALGUMAS DICAS À BOA ESCRITA

Lembre-se sempre que, ao fazer o teu teste ou exame, pode ser uma vantagem se a tua
letra ajuda o docente na leitura e compreensão das tuas ideias. Uma letra ilegível ou uma
escrita com muitos borrões pode não ajudar na obtenção de uma boa classificação. Tome
muito cuidado com a tua letra. A letra é a forma de comunicar com os outros, por escrito.
Pode ser considerada como um código que usamos para transmitir uma mensagem. Por
isso, que essa letra que é pessoal e única, seja reconhecida por todos.

Ao longo da nossa vida, a influência que podemos exercer nos outros depende, em grande
medida, da habilidade para expressar o que pensamos e sentimos. Muitas vezes, isso é
conseguido através da nossa escrita, da nossa letra. Ao escrever devemo-nos lembrar que
a Boa Escrita pode ser conseguida com Frases Curtas e Simples e ainda, com um letra
perceptível (legível), isto é que permite a qualquer um captar a mensagem que queremos
transmitir. Os ingleses têm uma boa forma de dizer isso: KISS ou seja KI = Keep It; S =
Short; and S = Simple.

Março 2017

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