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XXX Seminário PIBIC

Local: Auditório da Escola Nacional de Botânica Tropical


29, 30 e 31 de agosto de 2022
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
CAPA: As imagens que integram a capa do livro de resumos referem-se à
uma cronologia dos Seminários passados e atuais em homenagem aos 30
anos do Programa de Iniciação Científica no Jardim Botânico do Rio de
Janeiro.
Em conjunto, encontram-se fotografias do arboreto do JBRJ realizadas por
Alexandre Machado.
Instituto de Pesquisas
Jardim Botânico do Rio de Janeiro

XXX Seminário PIBIC


29, 30 e 31 de agosto de 2022

Programa e Resumos

Local: Auditório da Escola Nacional de Botânica Tropical


Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Presidente - Ana Lúcia de Souza Santoro

Diretor de Pesquisa Científica – Renato Crespo Pereira

Diretor da Escola Nacional de Botânica Tropical – Leandro Freitas

Diretor de Conhecimento, Ambiente e Tecnologia – Marcos André Costa Gaspar

Diretor de Gestão – Marco Antonio de Andrade

Comitê Institucional PIBIC

Claudia Franca Barros (Coordenadora)

Leonardo Tavares Salgado

Davyson de Lima Moreira

Secretaria: Luan Dias e Nara Gomes

Comitê Externo PIBIC

Andrea Ferreira da Costa - Professora Associada - Museu Nacional/Universidade Federal


do Rio de Janeiro

Catia Henriques Callado - Professora Associada - Universidade do Estado do Rio de


Janeiro

Apoio

Escola Nacional de Botânica Tropical – ENBT

Centro de Responsabilidade Socio Ambiental


PROGRAMAÇÃO

Dia 29/08/2022

09:00h – ABERTURA

09:15h – 12:00h - APRESENTAÇÕES ORAIS

09:15h – Adriane Pinheiro da Silva


HETERANTERIA EM Mollia speciosa Mart. (MALVACEAE)

09:30h – Ana Beatriz da Silva Mendes


PIPER L. DO PARQUE NACIONAL DA TIJUCA, RJ, BRASIL

09:45h – Bruna Miranda Valle Lima (Apresentação Remota)


ESTRUTURA E DIVERSIDADE DE ARILOS EM SEMENTES DE SWARTZIA
SCHREB (LEGUMINOSAE, PAPILIONOIDEAE)

10:00h – Gabriela Conde de M. Alves


ESTUDO POLÍNICO DE WISSADULA MEDIK. (MALVOIDEAE: MALVACEAE)
NO BRASIL

10:15h – INTERVALO

10:30h – Gabriele Costa Sthel


DIVERSIDADE TAXONÔMICA DE PIPTADENIA BENTH. NA FLORA DO
ESTADO DO RIO DE JANEIRO

10:45h – Luisa Ridolph Tostes Braga


DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA NA COLEÇÃO TEMÁTICA DE PLANTAS
MEDICINAIS DO JBRJ: MAPEAR USOS E INVESTIGAR O AGRUPAMENTO
FILOGENÉTICO DAS FAMÍLIAS BOTÂNICAS CULTIVADAS

11:00h – Luiza Maia Uzal


EFEITOS DAS MUDANÇAS NA COMPLEXIDADE DA PAISAGEM SOBRE A
PRODUÇÃO AGRÍCOLA DO CAFÉ COFFEA CANEPHORA NO ESTADO DE
RONDÔNIA

11:15h – Manuela Hermeto Vieira de Mello


INFLUÊNCIA DA HERBIVORIA NO CRESCIMENTO DE PLÂNTULAS DE
FABACEAE ARBÓREAS

11:30h – Diego da Silva Marcelino


ESTUDO DO ÓLEO ESSENCIAL DE PIPER ADUNCUM L. EM DUAS FASES
DOS ÓRGÃOS REPRODUTIVOS CULTIVADO NO JARDIM BOTÂNICO DO
RIO DE JANEIRO

11:45h – Marcos da Silva Junior


ICA-ATOM: UM SOFTWARE PARA ACERVOS IMAGÉTICOS E TEXTUAIS
DO INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO
12:00h – 14:00h – ALMOÇO
14:00h – 15:15h - APRESENTAÇÕES ORAIS

14:00h – Thiago Costa Reis


ESTUDO FITOQUÍMICO BIOMONITORADO DO ÓLEO ESSENCIAL DAS
FOLHAS DE PIPER TUBERCULATUM JACQ. SILVESTRE HELIÓFILAS E
CIÓFILAS DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO

14:15h – Victor Hugo De Aguiar


ACTINOSTEMON (EUPHORBIACEAE) NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
BRASIL

14:30h – Matheus Fonseca de Souza


SUCESSO REPRODUTIVO EM UMA COMUNIDADE DE PLANTAS
POLINIZADAS POR BEIJA-FLORES DE MATA ATLÂNTICA MONTANA

14:45h – Larissa Cristina Castro da Silva


PIPERACEAE DA SERRA DO MENDANHA, RIO DE JANEIRO, BRASIL

15:00h – Angélica de Oliveira Silva


DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DE AGARISTA (ERICACEAE) EM CAMPOS DE
ALTITUDE COM USO DE VARIÁVEIS EDAFOCLIMÁTICAS

15:15h – Ricardo Maximo Tortorelli


FLORIVORIA E VISITANTES FLORAIS EM TACINGA INAMOENA
(K.SCHUM.) N.P.TAYLOR & STUPPY NA COLEÇÃO EX-SITU DO
CACTÁRIO DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO

15:40h – ANÁLISE DOS RELATÓRIOS PELO COMITÊ EXTERNO – CNPq

Dia 30/08/2022 – CONFRATERNIZAÇÃO

9:45h - ABERTURA com a Coordenadora do PIBIC Cláudia Barros

10:05h - Palestra com André Luís da Rocha Guimarães


- Egresso PIBIC EM (2018);
- Graduando em Ciência Biológicas (Universidade Santa Úrsula);
- Florescer Universitário (Centro de Responsabilidade Sócio Ambiental).

10:35h - Palestra com Maria Julia Willemes


- Egresso PIBIC JBRJ (2015);
- Graduação em Ciência Biológicas (Universidade Veiga de Almeida);
- Doutoranda da Escola Nacional de Botânica Tropical.

11:15h – INTERVALO

11:30h - Palestra remota com Leonardo Andrade


- Egresso PIBIC JBRJ (primeira turma, de 1992);
- Professor Associado do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ (2004-atual);
- Cientista Chefe em Microscopia Eletrônica do Núcleo Avançado de Biofotônica Waitt
no "Salk Institute for Biological Studies" (2017-atual).

12:20h – ENCERRAMENTO
12:30h – ALMOÇO DE CONFRATERNIZAÇÃO
Dia 31/08/2022

09:30h – 11:45h - APRESENTAÇÕES ORAIS

09:30h - Victor Manuel de Jesus Conde Pereira


BASE DE DADOS DE LONGEVIDADE FLORAL NAS ANGIOSPERMAS

09:45h – Maria Izabel Ramalho de Oliveira


REVISITANDO AS COLEÇÕES TEMÁTICAS DO JBRJ: COLEÇÃO DE
SOMBRA

10:00h – Mylena Dutra Cabrini


EFEITO DA VARIAÇÃO ALTITUDINAL NA DIVERSIDADE GENÉTICA,
FENOLOGIA E HERBIVORIA EM UMA FABACEAE COSMOPOLITA NO
PARQUE NACIONAL DE ITATIAIA

10:15h – Aline Vasconcelos da Silva


AGREGADOS CELULARES SYMBIODINIACEAE: OCORRÊNCIA NO
AMBIENTE NATURAL E CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL

10:30h – Louise Klein Madureira


ANATOMIA DA MADEIRA PARA IDENTIFICAÇÃO DE ÁRVORES:
CONSTITUINDO CHAVES INTERATIVAS MICROSCÓPICAS

10:45h – INTERVALO

11:15h – José Gabriel Silva da Costa


EVOLUÇÃO DO ANDROCEU EM GÊNEROS DE PRIMULACEAE: ESTUDO
DE CASO EM ESPÉCIES ORNAMENTAIS DO GÊNERO ARDISIA
CULTIVADAS NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO.

11:30h – Lukas Gabriel M. Pessanha De Souza


ONTOGENIA E ANATOMIA FLORAL NO GÊNERO ERYTHRINA L.
(FABACEAE: PAPILIONOIDEAE)

11:45h às 13:45– ALMOÇO

13:45 – 14:20h - SESSÃO DE PAINEL – PIBIC-EM

14:20h – CERIMÔNIA DE ENCERRAMENTO

15:10h – ANÁLISE DOS RELATÓRIOS PELO COMITÊ EXTERNO – CNPq


HETERANTERIA EM Mollia speciosa Mart. (MALVACEAE)

Adriane Pinheiro da Silva; Graduação em Licenciatura em Ciências da Natureza, UNIRIO;


ingresso na graduação: 08/2019; previsão de conclusão do curso: 08/2026; ingresso no PIBIC:
2/2022; orientador: Dra. Karen L. G. De Toni; coorientador: Dr. Massimo Bovini

INTRODUÇÃO
Heteranteria é a condição em que uma flor possui dois ou mais conjuntos distintos de estames,
onde o comprimento do filete, sua inserção na antera, formato, tamanho e cor das anteras podem
variar (Vallejo-Marín et al. 2009; Paulino et al. 2016). Essa condição está presente em espécies
de mais de 12 ordens e 20 famílias, e é considerada rara nas Angiospermas (Vallejo-Marín et al.
2010). A heteranteria é encontrada mais comumente em flores sem néctar e polinizadas por
abelhas (Vallejo-Marín et al. 2009).
A heteranteria em Malvaceae foi citada pela primeira vez por Müller (1883), quando este discorre
sobre os diferentes comprimentos de filetes e cores de pólen, presentes nos dois conjuntos de
estames das flores do gênero Mollia Mart. O número de espécies do gênero é 18 (Bayer &
Kubitzki 2003), seguindo a última circunscrição de Mollia apresentada por Meijer (1978).
Existem registros para o gênero na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e
Venezuela. O Brasil é o país que apresenta a maior riqueza do gênero com 14 espécies distribuídas
nos domínios fitogeográficos da Amazônia e Cerrado, sendo quatro destas consideradas
endêmicas do país (Costa & Bovini 2020).
Mollia é constituída por espécies de porte arbustivo a arbóreo com distribuição neotropical (Bayer
& Kubitzki 2003), possui flores vistosas e brancas, e frutos capsulares de formato oblongóide
(Costa & Bovini 2020). O androceu possui inúmeros estames, divididos em dois verticilos e dez
falanges, cinco falanges mais compridas no verticilo externo e cinco falanges menos compridas
no verticilo interno (Costa & Bovini 2020). O número de espécies do gênero é 18 (Bayer &
Kubitzki 2003), seguindo a última circunscrição de Mollia apresentada por Meijer (1978).
Existem registros para o gênero na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e
Venezuela. O Brasil é o país que apresenta a maior riqueza do gênero com 14 espécies distribuídas
nos domínios fitogeográficos da Amazônia e Cerrado, sendo quatro destas consideradas
endêmicas do país (Costa & Bovini 2020).
OBJETIVO
O objetivo deste estudo é investigar o desenvolvimento do androceu de uma espécie do gênero
Mollia (Malvaceae, subfamília Grewioideae), a fim de se conhecer a heteranteria na família,
esclarecendo o desenvolvimento de diferentes grupos de estames e elucidar sobre suas funções.
MATERIAL E MÉTODOS
Material
A coleta dos botões florais de Mollia speciosa Mart., em diversos estágios de desenvolvimento,
foi realizada em outubro de 2021 em Balneário Mato Grosso, município de Novo Airão-AM.
Metodologia
Os botões florais coletados em diferentes estágios de desenvolvimento foram fixados em
glutaraldeído 2,5% e tampão fosfato de sódio 0,1M pH 7,2 (Gabriel 1982). Tais amostras foram
medidas com auxílio do estereomicroscópico Leica MZ16. Nesta fase houve dificuldade de
elaboração do protocolo a ser seguido, pois ao início o objetivo era a dissecação do botão e o
processamento separado do verticilo interno e externo. A solução encontrada foi cortar o botão
em quatro partes. Posteriormente, os materiais foram lavados em tampão fosfato de sódio 0,1M
pH 7,2, por quinze minutos, sendo então desidratados em série etílica, iniciando com solução de
etanol a 10% até atingir o etanol absoluto, mantendo-os em cada solução por 30 minutos. Após
esse processo os materiais foram colocados em solução de pré-infiltração (proporção 1:1 etanol
PA/ hidroximetilacrilato) por 12 horas, seguida da solução de infiltração (solução de
hidroximetilacrilato) por 2 horas, para então serem de fato serem incluídos em
hidroxietilmetacrilato (Gerris & Simd 1983). Os blocos foram montados e seccionados em
micrótomo rotativo (Leica RM2245). Nesse processo foram utilizadas navalhas de vidro para a
obtenção de secções transversais de 1-3 µm de espessura. Estas foram montadas em lâminas de
vidro, e o material passou pelo processo de coloração com Azul de toluidina O 0,05% (O’Brien
et al. 1965). As secções obtidas foram submetidas ao corante por no máximo 1 min, e
posteriormente lavadas em água destilada para a retirada do excesso do corante. As lâminas
estavam totalmente secas para observação em microscopia óptica de campo claro. As observações
e aquisições de imagens foram feitas com auxílio do microscópio óptico Olympus BX-50, com
câmera digital Olympus DP73 acoplada.

RESULTADOS
A flor de Mollia speciosa é pentâmera. As sépalas possuem coloração branca apresentando em
seu exterior uma variação entre uma leve rosácea ou coloração esverdeada clara (Fig. 1A-C, Fig.
2). Em relação a suas pétalas, elas são de coloração branca e formato linguado (Fig. 1C).Ao
analisar o botão de Mollia speciosa Mart. (Fig. 1A), em sua porção basal, observa-se as cinco
sépalas e cinco pétalas, as quais são bastante vascularizadas. Nelas também são observadas
diversas células mucilaginosas. Ao centro é possível observar o estile, que pertenceu ao gineceu
(Fig. 1A)
Quanto ao androceu, este apresenta dois conjuntos de estames (Fig. 1C), denominados como
verticilo interno e verticilo externo. O verticilo interno possui anteras de coloração amarelada
com filetes poliadelfos, levemente amarelados. O verticilo externo possui anteras de coloração
escura e filetes longos e brancos. Quanto ao gineceu é composto por um ovário súpero lepidoto,
bilocular com lóculos pluriovulados, um estilete cilíndrico e um estigma. O gineceu fica oculto
entre os estames do verticilo interno.
Ao analisar o botão de Mollia speciosa Mart. (Fig. 2A), em sua porção basal, observa-se as
sépalas e pétalas bastante vascularizadas. Ao centro é possível observar o estile, que pertenceu
ao gineceu (Fig. 2A). Já no androceu – verticilo interno, o foco principal deste estudo, foi possível
observar a presença de inúmeros estames, que são compostos por filetes e anteras (Fig. 2B - C).
Ao analisar as anteras em detalhe, percebe-se que elas são bitecas e tretaesporangiadas (Fig. 2C-
D). É possível a observação de porção do conectivo, células mucilaginosas na epiderme da antera
e compostos fenólicos (Fig. 2C-D). Ainda não observamos o verticilo externo, essa etapa será
executada nos próximos meses.
Em relação à embriologia das anteras é possível constatar que o tecido esporogênico evidencia
as células-mãe de andrósporos (Fig. 2D). Quanto aos estratos parietais, observa-se, a epiderme,
camada média, endotécio e tapete (Fig. 2D).

DISCUSSÃO
Mollia antigamente era circunscrita à família Tilliaceae. De acordo com Johri et al.(1992), as
anteras de Tilliaceae, hoje considerada subfamília Tillioideae, apresentam os seus estratos
parietais organizados em epiderme, endotécio fibroso, uma camada média efêmera e o tapete
secretor com células bi- ou tetranucleadas. Os resultados aqui obtidos estão de acordo com as
observações de Johri et al. (1992).Não foram encontradas publicações que descrevam o androceu,
e a embriologia das anteras do gênero Mollia. Os dados embriológicos são mais frequentes na
subfamília Malvoideae.
Bayer & Kubitzki (2003) mencionaram o verticilo interno e externo e sua diferença de tamanho
para o gênero Mollia, porém sem detalhamento. Costa & Bovini (2020) disponibilizaram mais
dados sobre a morfologia externa do androceu para M. speciosa.
Existem dados ecológicos referentes ao duplo verticilo de androceu em diversos grupos vegetais.
Vallejo et al. (2009) sugerem que as anteras pertencentes ao verticilo interno têm como função
atrair os polinizadores com sua coloração, e ofertar o pólen produzido como fonte de alimentação,
assim otimizando a polinização. Porém não há registro para a viabilidade polínica em muitas
famílias com androceu com duplo verticilo. Até o momento não foi observada nenhuma
anormalidade polínica no verticilo interno, a qual pudesse indicar algum tipo de alteração no
processo embriológico de Mollia, ou seja, não foi observado qualquer indício de esterilidade.

CONCLUSÃO
Nesses poucos meses de pesquisa foi possível iniciar o entendimento das flores de M. speciosa,
além disso observar os detalhes morfológicos do verticilo interno do androceu. Nos próximos
meses será analisado o verticilo externo, o que proporcionará um entendimento mais completo
da flor.

REFERÊNCIAS
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Murray. Pp: 168–169.
Costa, M.T.R.; Bovini, M.G. (2020) Mollia in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio
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Falcão, BF; Schlindwein, C & Stehmann, JR (2016) Pollen release mechanisms and androecium
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Gabriel, B L (1982) Biological electron microscopy. New York: Van Nostrand Reinhold
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Gerrits, PO; Smid, L (1983). A new, lesstoxic polymerization system for the embedding of soft
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Johri BM, Ambegaokar KB & Srivastava PS (1992) Comparative embryology of angiosperms.
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Kay, KM; Jogesh, T; Tataru, D & Akiba, S (2020). Darwin’s vexing contrivance: a new
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https://doi.org/10.1098/rspb.2020.2593.
Mesquita-Neto, JN; Costa, BKP & Schlindwein, C (2017). Heteranthery as a solution to the
demand for pollen as food and for pollination - Legitimate flower visitors reject flowers without
feeding anthers. Plant Biol (Stuttg) 19(6): 942–950. DOI: 10.1111/plb.12609.
Müller, F (1883) Two kinds of stamens with different functions in the same flower. Nature 27:
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Paulino, JV; Mansano, VF & Prenner, G (2016). Evidence for division of labor and division of
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androecium. Int. J. Plant Sci. 177(7):590–607. DOI: 10.1086/687351.
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New York Botanical Garden’s Virtual Herbarium. http://sweetgum.nybg.org/ih/ . Acesso em 14
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functional significance of heteranthery in flowering plants. New Phytologist 188: 418–425.
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flowers: heteranthery, a floral strategy to reconcile contrasting pollen fates. J. Evol. Biol. 22:
828–839.
Figura 1. Flores e botões florais de Mollia speciosa Mart. A, botões florais. Foto: Francisco Farronãy. B,
Ramo com folhas e flores. Foto: Guia Igapó. C, Flor. Foto: Francisco Farronãy.

Figura 2. Corte transversal do botão de Mollia speciosa Mart. A. Aspecto geral do botão floral com setas
indicando sépalas, pétalas e porção do gineceu. Além disso, são evidenciadas as células mucilaginosas.
B.Visão geral do androceu, evidenciando inúmeros estames.C. Anteras e filetes (Ft). D. Detalhes das
anteras, evidenciando células mãe do androspóro (CMa), tapete (Tp), camada média (CaM), endócito (En),
epiderme (Ep), célula mucilaginosa (Cm) e conectivo (Con). Barra de escala = 200 𝜇𝑚.
PIPER L. (PIPERACEAE) DO PARQUE NACIONAL DATIJUCA, RJ, BRASIL

Ana Beatriz da Silva Mendes; ingressa em março de 2021 no curso de Ciências Biológicas da
Faculdade Maria Thereza – Niterói-RJ; previsão de formatura para dezembro 2024; bolsista
PIBIC/CNPq desde fevereiro de 2022; orientadora: Dra. Elsie Franklin Guimarães.

INTRODUÇÃO
Piperaceae está inserida no clado Magnolídeas, ordem Piperales, juntamente com
Aristolochiaceae e Saururaceae (APG IV, 2016). Hipóteses filogenéticas sugerem que dentro das
Piperaceae, cinco gêneros podem ser distinguidos: Manekia Trel. (aprox. 8 spp.), Piper L. (aprox.
2600 spp.), Peperomia Ruiz & Pav. (aprox.1700 spp.), Verhuellia Miq. (2 spp.) e Zippelia Blume
(1 sp.), totalizando cerca de 4300 espécies no mundo (Callejas, 2020). Três gêneros têm espécies
que se desenvolvem no Brasil: Manekia (1), Peperomia (223) e Piper (736) (Callejas, 2020).
São subarbustos, arbustos ou arvoretas, de caules intumescidos, lignificados; ramos eretos,
nodosos; folhas alternas, membranáceas, cartáceas ou coriáceas quando in natura; sésseis ou
pecioladas, às vezes, peltadas; bainha curta ou prolongando-se até a lâmina, podendo ser alada;
lâminas de forma, consistência e tamanhos variáveis, providas ou não de glândulas translúcidas
ou opacas; padrão de nervação acródromo, broquidódromo, campidódromo ou eucampidódromo
(Guimarães & Carvalho-Silva, 2015).
No Brasil ocorrem 459 espécies distribuídas em quase todos os domínios fitogeográficos com
exceção do Pampa e Pantanal (Guimarães et al., 2020) . No Estado do Rio de Janeiro foram
encontrados 182 indivíduos (Guimarães et al., 2020).
Piper L. é considerado um dos dez maiores gêneros neotropicais (parte sul da América do Norte,
a América Central e do Sul) de Magnoliidade e o maior em Piperaceae (Jaramillo & Manos,
2004).
Geralmente suas espécies habitam áreas úmidas, sombrias e margens de rios, mas também são
encontradas em bordas de mata e no interior de clareiras naturais ou desbastadas por ação
antrópica (Greig, 1993). Uma parte significativa das espécies do gênero são plantas denominadas
pioneiras e estão envolvidas no processo de manutenção e regeneração de matas (Andrade,
Guimarães & Maia, 2009).
Na medicina popular, Piper são consideradas como medida alternativa para o tratamento de várias
patologias do trato respiratório (asma, bronquite e tosse), do aparelho digestivo (dores
abdominais, diarreias, digestiva, carminativa), anti-inflamatório (reumatismo), antimicrobiana
(antibacteriana, antifúngica, tratamento de feridas e anti-helmíntica), antileucêmica e doenças
venéreas (Leal, 2000), constituindo uma fonte para a pesquisa fitoquímica e biológica.

OBJETIVO
O objetivo do estudo é descrever morfologicamente as espécies de Piper L. ocorrentes no Parque
Nacional da Tijuca com vistas a identificar caracteres diagnósticos que possam auxiliar na
delimitação das espécies.

MATERIAL E MÉTODOS
O Parque Nacional da Tijuca (PARNA) (Figura 1) está localizado no estado do Rio de Janeiro
entre as coordenadas 22°57’47”S e 43°14’40”O, na cidade do Rio de Janeiro. Possui uma área
total de 3.953 ha dividida em quatro setores: floresta da Tijuca, Serra da Carioca, Pedra
Bonita/Pedra da Gávea e Pretos Forros/Covanca (MMA,2008). Está inserido no bioma Mata
Atlântica, na Floresta Ombrófila Densa secundária em avançado estágio de regeneração
(Submontana, Montana e Alto Montana) (MMA, 2013) com altitude máxima de 1022 metros
(ICMBio,2022).
De acordo com Kopen, O clima da região é do tipo Aw- Clima tropical Chuvoso, onde as chuvas
são abundantes no verão e mais escassas no inverno (Kottek et al, 2006).
As temperaturas médias oscilam entre 18ºC e 26ºC. As precipitações são abundantes, superando
1.200mm/ano com uma maior frequência noverão (MMA,2008).
Foram consultados os herbários RB, RFFP, Reflora, SpeciesLink e Trópicos.org. O material
coletado foi herborizado segundo técnicas usuais e depositado no herbário RB (Thiers, contínua
atualização). Para a determinação dos táxons e descrições morfológicas, utiliza-se a literatura
específica: (Hickey,1973; Yuncker, 1972, 1973) e os nomes atualizados a partir da Flora do Brasil
2020.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
No Parque Nacional da Tijuca foram identificados 21 táxons de Piper: P. anisum (Spreng.)
Angely, P. caldense C.DC., P. corcovadensis (Miq.) C.DC., P. eucalyptophyllum C.DC., P.
hayneanum C.DC., P. hoffmannseggianum Roem & Schult, P. lepturum Kunth, P. miquelianum
C.DC., P. permucronatum Yunck., P. pubisubmarginalum Yunck., P. rivinoides Kunth e P.
truncatum Vell., dos quais, 11 são endêmicos do Brasil (Tabela 1).
Dos táxons examinados, constam no Livro Vermelho da Flora do Brasil (Martineli & Moraes,
2013; Martineli et al., 2018), como menos preocupantes (LC) as espécies: : Piper hayneanum
C.DC, P. pubisubmarginalum Yunck., P. truncatum Vell.

Espécies Endemismo no Brasil


Piper aduncum L. Não endêmica
Piper amplum Kunth Não endêmica
Piper anisum (Spreng) Angely Endêmica
Piper arboreum var. hirtellum Yunck. Não endêmica
Piper caldense C.DC. Endêmica
Piper cernuum Vell. Não endêmica
Piper corcovadensis (Miq.) C.DC. var. corcovadensis Endêmica
Piper eucalyptophyllum C.DC. Endêmica
Piper gaudichaudianum Kunth Não endêmica
Piper hayneanum C.DC Endêmica
Piper hispidum Sw. var. hispidum Não endêmica
Piper hoffmannseggianum Roem. & Schult. Endêmica
Piper lepturum var. lepturum Endêmica
Piper lepturum var. angustifolium (C.DC.) Yunck. Endêmica
Piper miquelianum C.DC. Endêmica
Piper mollicomum Kunth Não endêmica
Piper permucronatum Yunck. Endêmica
Piper pubisubmarginalum Yunck. Endêmica
Piper rivinoides Kunth Endêmica
Piper truncatum Vell. Endêmica
Piper umbellatum L. Não endêmica
Tabela 1: Listas de espécies de Piper L. do Parque Nacional da Tijuca correlacionado com
endemismo do Brasil.

CONCLUSÃO
No Parque Nacional da Tijuca estão presentes 21 táxons de Piper, o que representa cerca de 12%
das espécies que ocorrem em todo o estado do Rio de Janeiro, mostrando sua importância,
principalmente por sua localização dentro da cidade e por ser a área estudada, alvo de ações
antrópicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, E.H., Zoghbi M.G., Santos A.S., Maia J.G. 1998. Essential oil of Piper
gaudichaudianum Kunth and P. regnellii (Miq.) C.DC. J Essent Oil Res 10: 465-467.
APG IV. (2016) An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and
families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, 181: 1-20.
Callejas R.P. Piperaceae.In: Davidse, G. et al. (eds.) Flora Mesoamericana. Universidad Nacional
Autónoma de México, Missouri Botanical Garden Press, and the Natural History Museum
(London),v.2, p.618,2020.
Greig,N. 1993.Regeneration mode in neotropical Piper: habitat and species
comparisions.Ecology74:2125-2135.
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ESTRUTURA E DIVERSIDADE DE ARILOS EM SEMENTES DE SWARTZIA
SCHREB (LEGUMINOSAE, PAPILONOIDE)

Bruna Miranda Valle Lima; Graduação em Ciências Biológicas(licenciatura), UFRJ; Ingresso em


agosto de 2016; Previsão de término em dezembro de 2022; Ingresso PIBIC novembro de 2018;
Orientador: Vidal de Freitas Mansano; Participação: Juliana Villela Paulino, João Paulo Basso
Alves, Rafael Barbosa Pinto.

INTRODUÇÃO
O gênero Swartzia está inserido na família Leguminosae, uma família altamente diversa, a
terceira maior família de angiospermas, que se destaca por sua importância econômica. Muitas
espécies de plantas apresentam estruturas diferenciadas associadas às suas sementes, que podem
estar relacionadas às suas síndromes de dispersão ou a mecanismos de proteção do embrião.
Swartzia apresenta arilo vistoso em praticamente todas as espécies. O arilo é uma estrutura
relevante, devido à sua importância econômica, ecológica e taxonômica, está presente,
principalmente, em espécies tropicais e subtropicais (Silveira et al. 2016). É considerado um
apêndice ou excrescência da semente, carnoso ou de consistência mais ou menos rígida, muitas
vezes de coloração chamativa, que envolve a as sementes (Gonçalves e Lorenzi, 2011, Silveira
et al. 2016). O estudo da forma e diversidade de arilo da Swartzia Schreb pode ser útil para
ampliar a nossa compreensão a respeito da diversidade de arilo no gênero, sendo relevante para
compreensão das estratégias reprodutivas do grupo, além de ressaltar o potencial uso das espécies
desse gênero.

OBJETIVO
O projeto tem como objetivo analisar a diversidade de arilo presente em espécies do gênero
Swartzia, com o propósito de compreender e listar possíveis caracteres diagnósticos que auxiliem
a taxonomia infragenérica, além de colaborar ampliando a compreensão dessa estrutura, ainda
pouco estudada em Swartzia até o momento.

MATERIAIS E MÉTODOS
As espécies estudadas foram: Swartzia apetala, S. jorori, S. langsdorffi, S. simplex e S.
parvipetala. Os arilos foram submetidos às técnicas de caracterização anatômica em microscopia
de luz (ML); análise de superfície em microscópio eletrônico de varredura (MEV). Paralelemente
os arilos foram submetidos à testes histoquímicos para detecção e localização in situ de amido,
lipídios, compostos fenólicos, polissacarídeos e proteínas, e análises de composição centesimal
foram realizadas em duplicatas, seguindo os métodos oficiais descritos pela AOAC (2012).

RESULTADOS
Todas as espécies analisadas apresentam arilo vistoso. Swartzia langsdorffii e S. parvipetala
possuem arilo de coloração amarelo brilhante, com aspecto polposo, cobrindo parcialmente a
semente em S. langsdorffii e totalmente em S. parvipetala (Fig. 1 F, H). O arilo em S. apetala e
em S. simplex é branco, mais delgado e apresenta aspecto seco, cobrindo cerca de um quarto da
semente em S. simplex (Fig. 1 L) e a parte superior da semente em S. apetala (Fig.1 J). Já em S.
jorori, o arilo é vermelho brilhante, apresenta aspecto suculento (Fig. 1 C). Em todas as espécies
analisadas, foi possível observar o arilo ligado à semente na região do hilo.
O arilo é formado por um tecido parenquimático, com células sem deposição de parede
secundária, porém com espessamento de parede primária em algumas células de S. simplex. Em
vista transversal o arilo de S. parvipetala apresenta as células próximas à semente variando de
alongadas a isodiamétricas, com espaços intercelulares, enquanto as células mais próximas à
superfície são isodiamétricas, menores e sem espaços intercelulares. Em S. langsdorffii o arilo
possui uma conformação mais consistente e compacta, com células mais alongadas e justapostas
próximo à superfície, tornando-se mais isodiamétricas e, com espaços intercelulares, próximo à
região de ligação com a semente. Já em S. simplex as células apresentam formatos que variam de
irregulares a isodiamétricas, dispondo-se de modo que o arilo forma reentrâncias. Em S. jorori,
as células em vista transversal também variam de irregulares a isodiamétricas, próximo à semente,
são menores e mais compactas, e próximo à superfície do arilo apresentam alguns espaços
intercelulares, são maiores e mais alongadas. O arilo desta espécie é do tipo vascularizado. As
células da camada mais externa diferem entre as espécies em relação à ornamentação da
superfície, sendo do tipo estriada em S. langsdorffi e S. jorori e psilada em S. apetala, S.
parvipetala e em S. simplex.
Os testes histoquímicos detectaram presença de conteúdo lipídico em S. apetala, S. langsdorffii
e S. simplex, com maior abundância em S. simplex na comparação qualitativa. A reserva de amido
do arilo de S. parvipetala apresenta-se como grãos abundantes preenchendo quase totalmente as
células, em comparação em S. jorori, que apesar da quantidade menor de grãos por células, estes
são maiores e, portanto, também preenchem quase totalmente as células do arilo nesta espécie.
Quanto à reserva de amido detectada em S. simplex, apesar da grande quantidade de grãos, estes
estão pequenos e estão de forma mais dispersa entre as células. A análise da composição
centesimal tem como objetivo descrever os teores de macronutrientes (carboidratos, proteínas e
lipídeos), umidade e RMF (cinzas) em 100 g da matriz em estudo. A maioria das amostras
apresentaram teores semelhantes de umidade, com variação entre 73,3 e 82,4%. Todas as espécies
apresentaram teores interessantes de proteínas (1,83% a 10,6%) e lipídeos (0,3% a 30,3%). A
espécie S. simplex se destacou em razão do seu valor nutricional, apresentando altos teores de
carboidratos (50,5%), lipídeos (30,3%), proteínas (10,6%) e RMF (1,5%). Esta espécie também
apresentou maior valor calórico total (518 Kcal/100 g).

DISCUSSÃO
As análises centesimais evidenciaram que as espécies estudadas apresentam diferentes
concentrações de lipídios, proteínas, carboidratos, como sugerido pelas análises histoquímicas,
indicando que as espécies usam estratégias diferentes para atração de seus dispersores. Além das
diferenças no valor nutritivo e nas colorações do arilo (atratividade visual), há também diferenças
no modo de apresentação para o dispersor. Em S. simplex, S. jorori e S. apetala a deiscência do
fruto e exposição da semente arilada se dá ainda no dossel das árvores, já em S. langsdorffii e S.
parvipetala a deiscência do fruto ocorre após a sua liberação. As espécies possuem arilo que
variam entre as suas cores, aspectos, conteúdos de reserva, composição centesimal, tamanhos e
proporção de cobertura da semente, e essas diferenças citadas sugerem investimentos em
estratégias distintas para atração dos dispersores. Além disso, grande diversidade de formas,
conteúdos de reserva, tamanho, aspectos, composição nutricional revelam sua importância
taxonômica.
As análises de conteúdo de reserva e de composição centesimal no arilo das espécies estudadas,
demonstram o valor nutritivo dessa estrutura. No gênero Swartzia é possível citar morcegos,
pequenos mamíferos terrestres, primatas e, possivelmente, aves como dispersores, que
provavelmente utilizam o mecanismo de endozoocoria, no qual o dispersor se alimenta da
estrutura e com isso o diásporo passa pelo trato digestivo, aparecendo posteriormente nos
excrementos. Esse mecanismo indica a necessidade de valor nutritivo do arilo.
Em S. jorori, foram localizados feixes vasculares. O arilo vascularizado pode auxiliar na
distribuição de água e nutrientes para semente, como acontece em Colophospermum mopane,
uma espécie da família Fabaceae (Jordaan e Wessels, 1999).
O alto valor nutritivo do arilo de S. simplex é expressivo quando comparado a frutos
(Marranca,1983). Segundo a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO), o abacate
(Persea americana, Lauraceae) in natura tem 8,4% de lipídeos e 96 Kcal/100 g, enquanto o arilo
de S. simplex apresentou 30,3% de lipídios e 518 Kcal/100 g (TACO, 2011). Ainda segundo à
TACO, o feijão preto cru (Phaseolus vulgaris, Fabaceae) apresenta 21,3% de proteínas, 1,2% de
lipídeos, 58,8% de carboidratos e 3,8% de RMF. Podemos observar que as espécies S. apetala e
S. langsdorffii apresentam teores de lipídeos bastante semelhantes (1,7 e 1,4, respectivamente).
No entanto, assim como o feijão, a S. simplex apresenta altos teores de proteínas (10,6%),
carboidratos (50,5%) e RMF (1,5%). Todavia, é importante notar que o feijão consiste na semente
desidratada, o que faz com que a mesma concentre os nutrientes. Portanto, nossos dados
evidenciam que o arilo fresco de S. simplex tem um alto valor nutritivo mesmo comparado ao
feijão preto. Já o arilo de S. langsdorffii, com 1,4g de lipídio por 100g de amostra, apresenta o
mesmo valor de uma banana nanica (Musa sp. cavendishi), segundo a TACO. A inclusão na
alimentação humana das plantas alimentícias não convencionais, conhecidas como PANCS, é
importante por adicionar diferentes tipos de nutrientes, vitaminas e ainda contribuir para a
diversificação da dieta alimentar (Brasil, 2006), embora deva haver cautela na introdução de
plantas na alimentação humana, com observações etnobotânicas do emprego das mesmas,
associadas a rigorosos testes de toxicologia.

CONCLUSÃO
Nossos dados mostram-se úteis ao contribuir para o entendimento de aspectos ecológicos e
taxonômicos do arilo, além de apontar o potencial alimentício dessa estrutura em Swartzia. Em
especial S. simplex destaca-se por ser elevado valor nutritivo. Porém, destacamos a necessidade
de estudos futuros aprofundados dos arilos do gênero Swartzia, no intuito de apontar benefícios
e segurança no seu consumo, por meio da elucidação dos aspectos químicos e toxicológicos. E o
desenvolvimento de métodos tecnológicos podem ser úteis para um melhor aproveitamento
dessas estruturas, agregando valor econômico e, consequentemente, ressaltando a importância da
preservação destas espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AOAC Association of Official Analytical Chemists (2012). Official methods of analysis (19th
ed.), Washington, DC
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Brasília:Ministério da Saúde
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tropical forest vertebrate community. Oecologia, v. 65, n. 3, p. 324-337.
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Jordaan, A., & Wessels, D. C. J. (1999). The aril of Colophospermum mopane. Its role during
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Embrapa.
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Vaz TAA, Junior AGR, Davide AC, Nakamura AT & Toorop PE (2017). A role for fruit structure
in seed survival and germination of Swartzia langsdorffii Raddi beyond dispersal. Revista Plant
biology 20: 263 – 270.
Figura 1. Fotografias do fruto e semente de Swartzia. A, B, C. Swartzia jorori. D, E, F. Swartzia
langsdorffi. G, H. Swartzia parvipetala. I, J, K. Swartzia simplex. E-F. Símbolos: ar = arilo, se =
semente. Escalas: A = 2,5 cm, B-C, F-G, I-K = 1,0 cm, D = 2,0 cm, E = 1,5 cm.
ESTUDO POLÍNICO DE WISSADULA MEDIK. (MALVOIDEAE: MALVACEAE) NO
BRASIL

Gabriela Conde de M. Alves; Graduação em Ciências Biológicas, UERJ; ingresso na graduação


– 08/2014; previsão de conclusão do curso – 12/2022; ingresso no PIBIC: outubro/2019;
orientadores: Dr. Massimo G. Bovini e Dra. Vania Gonçalves Lourenço Esteves.

INTRODUÇÃO
Malvaceae está dividida em nove subfamílias: Bombacoideae Burnett, Brownlowioideae Burnett,
Byttnerioideae Burnett, Dombeyoideae Beilschm. Helicteroideae Meisn., Grewioideae Hochr.,
Malvoideae Burnett., Sterculioideae Burnett. e Tilioideae Arnott. Dentre os gêneros de
Malvoideae, encontra-se Wissadula Medik, que é representado por cerca de 32 espécies,
distribuídas basicamente no neotrópico, com alguns representantes no Velho Mundo. No Brasil
são encontradas 19 espécies que ocorrem em diversos ambientes, mas preferencialmente em
lugares ensolarados com vegetação alterada, e raramente no interior de floresta (Bovini &
Baumgratz, 2016). Segundo a morfologia do mericarpo e o número de óvulos por lóculo,
Schumann (1891) e Fries (1908), apresentaram duas seções para o gênero, Wissadula seção
Wissada com um único óvulo e Wissadula seção Wissadula com 3 óvulos ou raramente 2. No
Brasil ocorrem 19 espécies que estão divididas nas duas seções acima citadas. Em Wissada,
encontra se a única espécie brasileira desta seção, Wissadula stipulata Bovini, enquanto na seção
Wissadula, encontram-se as demais espécies.

OBJETIVO
Conhecer os grãos de pólen de espécies das duas seções de Wissadula ocorrentes no Brasil, de
modo a organizar conjuntos de elementos semelhantes ou iguais em diversos atributos,
comprovando ou não a existência das duas seções do gênero, oferecendo também subsídios para
as várias ciências afins que utilizam os dados morfopolínicos.

MATERIAL E MÉTODOS
O material botânico foi retirado de exsicatas depositadas nos herbários R, RB e MBM, os
acrônimos estão de acordo com Thiers (2020 continuously updated). Teve-se, sempre o cuidado
de retirar material fértil, identificado por especialista da família, de exsicatas que tivessem botões
suficientes onde à retirada de um ou dois botões não danificaria a exsicata.
Foram analisadas as 19 espécies do gênero subordinadas às duas seções. São elas: Wissadula
seção Wissada: Wissadula stipulata Bovini, Wissadula Seção Wissadula: W. amplissima (L.) R.
E. Fr, W. boliviana (L.) R. E. Fr, W. caribea (DC.) Bovini, W. contracta (Link) R. E. Fr., W.
cuspidata (R.E.Fr.) Bovini, W. decora S. Moore, W. delicata Bovini, W. excelsior (Cav.) C.
Presl., W. glechomifolia (A.St.-Hil) R. E. Fr., W. hernandioides (L’Hér.) Garcke, W. indivisa
R.E.Fr., W. krapovickasiana Bovini, W. macranta R. E. Fr., W. paraguariensis Chodat., W.
parviflora (A. St.-Hil.) R. E. Fr. W. periplorifolia (L.) C. Presl. ex Thwaites, W. setifera Krapov.
e W. wissadifolia (Griseb.) Krapov.
Métodos
No laboratório, o material polínico foi processado segundo o método de acetólise de Erdtman
(1952) com as modificações propostas por Melhem et al. (2003), visando à observação em
microscopia de luz. Foram realizadas, aleatoriamente, 25 medidas dos grãos de pólen em vista
polar e 10 medidas em vista equatorial, no mínimo, em três lâminas (Salgado-Labouriau 1973).
Os grãos de pólen caem, preferencialmente, em vista polar.
Com os resultados obtidos foram efetuados tratamentos estatísticos calculando-se a média
aritmética (¯x ), o desvio padrão da amostra (s); o desvio padrão da média (s¯x); o coeficiente de
variabilidade (CV%) e o intervalo de confiança a 95%. Para os demais caracteres (espessura da
exina e dimensões da abertura), foi calculada a média aritmética de 10 medidas.
A terminologia adotada foi a de Punt et al. (2007) e a denominação da área polar e do tamanho
da abertura está de acordo com a classificação estabelecida por Faegri & Iversen (1966) para o
índice da área polar.
As fotomicrografias dos grãos de pólen em microscopia de luz foram realizadas com auxílio de
câmera digital acoplada ao microscópio ZeissAxiostar Plus.
Para a análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV), os grãos de pólen não acetolisados
foram pulverizados sobre suportes recobertos por fita de carbono. Os grãos de pólen foram
analisados em aparelho JEOL JSM 6390 LV do Laboratório de Microscopia Eletrônica de
Invertebrados do Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Microscópio
Eletrônico de Varredura de alta resolução FEG - Field Emission Gun 450, Quanta (FEI Company)
do Instituto Nacional de Tecnologia – CENANO.

RESULTADOS
Os resultados mostram grãos de pólen em mônades, isopolares, grandes, forma suboblata ou
subprolata em W. cuspidata, W. krapovickasiana e W. wissadifolia, âmbito circular a subcircular,
área polar pequena na maioria das espécies e grande apenas em W. amplissima, W. contracta, W.
stipulata e W. wissadifolia, triporados, poros grandes na maioria das espécies e curtos em W.
amplissima, W. contracta, W. stipulata e W. wissadifolia, poros de difícil mensuração devido à
posição de queda dos grãos de pólen nas lâminas. Exina espessa devido à presença de espinhos,
ornamentação espinhosa com grânulos entre os espinhos, estes são longos, largos, base tão larga
quanto o comprimento (5,0-5,1 μm), a base mais estreita (ca. 4,3 μm) foi encontrada em W.
stipulata, os espinhos são distantes entre si (7,7-10,8 μm), os mais próximos (ca. 7,7 μm) foram
registrados em W. contracta, sexina mais espessa que a nexina, as mais espessas (4,4 e 4,2 μm)
foram encontradas, respectivamente, em W. hernandioides, W. amplissima e W. parviflora, e a
menos espessa (2,1 μm) em W. setifera (Tab. 1).

DISCUSSÃO
Cuadrado (2006) estudou a palinologia das espécies dos gêneros Tarasa Phil. e Wissadula
ocorrentes na Argentina. Segundo esse autor, os grãos de pólen mostraram semelhança em relação
ao tamanho e à forma, ou seja, grandes e suboblatos. Os resultados aqui analisados sobre
Wissadula mostraram diferença na forma dos grãos de pólen, diferindo, portanto, daqueles do
autor.

CONCLUSÃO
Com base nas características encontradas no estudo palinológico de Wissadula confirma-se que
as espécies ocorrentes no Brasil formam um grupo estenopolínico, ou seja, com grãos de pólen
muito semelhantes tanto no tamanho, quanto na forma da maioria das espécies, no tipo e número
de abertura, bem como na ornamentação da sexina. Assim, como a única espécie da seção
Wissada (W. stipulata) apresentou as mesmas características dos representantes da seção
Wissadula pode-se afirmar que, palinologicamente, não há distinção entre as seções. Um dos
objetivos do estudo era corroborar ou não a separação do gênero nas seções e os atributos
polínicos não reconhecem essas seções.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Malvaceae) in Brazil Phytotaxa 243: 201-234.
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Punt, W.; Blackmore, S.; Nilsson, S. & Thomas, A. 2007. Glossary of pollen and spore
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Tabela 1. Medidas (em μm) das camadas da exina dos grãos de pólen de espécies de Wissadula
(n=10).

Espécies Camadas da exina Aberturas


Exina Sexina Nexina Espinho Poro
comp. distância base Diâmetro 1 Diâmetro 2
Wissadula seção Wissada
W. stipulata 8,5 2,6 2,2 4,7 10,1 4,3 9,0 6,5
Wissadula seção Wissadula
W. amplissima 7,2 4,2 1,6 5,0 8,7 5,1 8,5 6,0
W. boliviana 8,8 3,3 1,6 5,4 10,1 4,5 8,7 6,2
W. caribea 8,1 2,9 2,0 4,9 8,3 5,0 8,2 5,7
W. contracta 8,5 3,8 1,8 5,0 7,7 5,1 8,5 6,0
W. cuspidata 9,3 2,4 1,7 5,2 9,1 5,0 9,0 6,5
W. decora 11,0 2,4 1,9 4,7 10,8 5,1 8,7 6,2
W. delicata 5,0 2,6 1,9 5,0 10,1 4,8 9,2 6,7
W. excelsior 8,9 3,9 1,9 5,1 8,6 5,1 8,5 6,0
W. glechomifolia 9,5 2,9 2,5 5,2 9,6 5,0 8,5 6,0
W. hernandioides 9,5 4,4 1,6 5,2 8,6 5,1 8,5 6,0
W. indivisa 9,2 2,3 2,1 5,2 9,6 4,9 8,5 6,0
W. krapovickasiana 9,3 2,7 1,8 4,8 9,2 4,8 8,7 6,2
W. macrantha 9,6 3,3 1,6 5,1 8,6 4,8 8,7 6,5
W. paraguariensis 10,0 2,4 2,0 4,9 9,3 5,2 8,5 6,0
W. parviflora 9,8 4,2 2,4 5,2 8,8 5,0 8,2 5,7
W. periplocifolia 9,9 2,4 2,1 4,9 9,3 4,9 8,7 6,2
W. setifera 9,0 2,1 2,2 5,1 10,1 4,8 8,5 6,0
W. wissadifolia 9,1 3,6 2,0 5,3 9,1 5,0 8,5 6,0
DIVERSIDADE TAXONÔMICA DE PIPTADENIA BENTH. NA FLORA DO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO

Gabriele Costa Sthel; Graduação em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia, IFRJ;
ingresso na graduação: 2017.1; previsão de conclusão do curso: 2023.1; ingresso no PIBIC:
08/2020; orientador: Marli Pires Morim; coorientador: Lucas Jordão.

INTRODUÇÃO
A família Leguminosae, popularmente conhecida como leguminosas ou a família das vagens, é
a terceira maior família botânica no grupo das angiospermas e abrange cerca de 751 gêneros e
19.500 espécies. (LPWG 2017). Na flora brasileira, Leguminosae é a família com maior riqueza
de espécies, com 3026 espécies e destas 1577 são endêmicas do Brasil (Fabaceae in Flora e Funga
do Brasil 2020). Na flora fluminense, Leguminosae também se destaca como a segunda família
com maior número de espécies (Coelho et al. 2017).
O trabalho em desenvolvimento tem como área de estudo o Estado do Rio de Janeiro, integrado
totalmente ao domínio fitogeográfico da Mata Atlântica, abrangendo a diversidade de formações
vegetacionais da Mata Atlântica (Coelho et al. 2017). O gênero Piptadenia pertence ao clado
Mimosoida, subordinado a subfamília. Caesalpinioideae, que possui 2.250 espécies em 171
gêneros. As espécies desta subfamília, ocorrem principalmente em regiões tropicais e
subtropicais da América do Sul, África e Sudeste Asiático como árvores, algumas extremamente
grandes, bem como cipós e arbustos (LPWG, et al. 2017).
O presente trabalho tem como objetivo apresentar o estudo florístico/taxonômico das espécies de
Piptadenia que ocorrem no Estado do Rio de Janeiro e se integra a um estudo mais amplo sobre
o clado Mimosoida no referido estado. Os resultados sobre o diagnóstico da coleção do referido
gênero para o estado já foram apresentados e como continuidade apresentamos novos resultados
que abrangem o estudo das espécies na flora fluminense.
OBJETIVO
Realizar o estudo florístico/taxonômico das espécies de Piptadenia que ocorrem no Estado do
Rio de Janeiro.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram feitas consultas presenciais, semanais, ao herbário do Jardim Botânico do Rio (RB) e
posteriormente ao Herbário Bradeanum (HB) para análise do material de Piptadenia, depositado
nos referidos herbários, com o objetivo de analisar as características morfológicas para elaboração
da matriz morfológica das espécies, das respectivas descrições, além de uma chave de
identificação, como resultado esperado para o futuro. Através da análise do material consultado
nos referidos herbários foi elaborada uma matriz morfológica. Além de uma expedição de campo,
para a região de Jacarepaguá - RJ.
A expedição de campo foi realizada em agosto de 2022, no bairro de Jacarepaguá e no Parque
Nacional da Tijuca. Os processos de coleta e herborização seguiram a metodologia padrão
segundo Vaz et al. (1992).

RESULTADOS
No trabalho de Barroso (1965) sobre Leguminosae no estado da Guanabara foram registradas 14
espécies de Piptadenia. Entretanto, vários ajustes e mudanças taxonômicas foram feitas e com
isso muitas espécies foram sinôminizadas ou ainda subordinadas a outros gêneros (Lima & Lima
1984).
Atualmente para o Estado do Rio de Janeiro são registradas, até o momento, seis espécies
(Ribeiro & Queiroz 2022): P.adiantoides (Spreng.) J.F.Macbr. , P. gonoacantha (Mart.)
J.F.Macbr. , P.laxipinna G.M.Barroso, P.micracantha, P. paniculata Benth. e P. trisperma
(Vell.) Benth.
A consulta às coleções de Piptadenia e a elaboração e posterior análise da matriz morfológica
possibilitou reconhecer dois grupos de espécies, que se distinguem pelo conjunto dos seguintes
macros caracteres vegetativos: número de pares de pinas, número de pares de folíolos, tamanho
e forma dos folíolos (Tab. 1)
Caracterização taxonômica do gênero Piptadenia
Arbustos eretos ou escandentes, árvores ou lianas. Ramos armados por acúleos ou inermes,
folhas bipinadas, nectário extrafloral presente no pecíolo, e às vezes entre os pares de pinas,
estípulas em geral caducas. Flores agrupadas em inflorescências espiciformes, pentâmeras,
bissexuais; estames 10 livres entre si, anteras rimosas; ovário súpero. Fruto do tipo legume;
semente com pleurograma (Fig. 1).
Destaca-se a possível redescoberta de Piptadenia laxipinna, descrita por Barroso (1965). A
descrição foi baseada no material tipo A.P.Duarte 4742(RB) coletado em Jacarepaguá, RJ, em
1959. Desde então a espécie estava representada no herbário RB por duas coletas no estado e
uma registrada para Minas Gerais. No Rio de Janeiro, portanto, P.laxipinna não era coletada há
mais de 40 anos e sua ocorrência era restrita ao bairro de Jacarepaguá, região bastante urbanizada
nos dias de hoje.
Neste contexto surgiu o questionamento se ainda seria possível a ocorrência da espécie na área
de sua localidade tipo. Realizou-se, portanto, uma expedição ao bairro Jacarepaguá e na borda
de um fragmento de mata já alterada, localizada no interior de um condomínio residencial,
próximo a estrada Três Rios, foram localizados seis indivíduos em fase estéril (Fig. 2).

DISCUSSÂO
Os indivíduos lianóides que foram recentemente localizados, da provável P.laxipinna,
surpreenderam pelo caule com ca. de 4 m de altura acima do solo, com notáveis acúleos espessos,
triangulares, com ca. de 2.8 cm de altura e 3 cm de largura, na região basal, os quais se distribuem
de forma alternada pelo caule. Os ramos folhosos são aculeados, e aqui os acúleos são mais
esparsos e bem menores, com ca. de 0.8cm de altura. Possuem dois pares de pinas com 2 a 3
pares de folíolos de elípticos a oblongos, glabros com 3.8 - 6.8 x 1.5 - 2.5 cm. Os exemplares
coletados (G.C. Sthel, M.P. Morim e L.Jordão, 1 e G.C. Sthel et al 2) foram analisados pela
descrição de Barroso (1965), assim como comparados ao material tipo. Mesmo estéril acredita-
se que realmente se trate de P.laxipinna. (Fig.3)

CONCLUSÃO
Até o presente momento pode-se concluir que os caracteres número de pares de pinas, número
de pares de folíolos, formato e comprimento dos folíolos são importantes para a separação de
dois grupos de espécies. Os caracteres diagnósticos para a identificação de cada uma das
respectivas espécies ainda precisam ser avaliados.
Ressalta-se também a importância de mais expedições para coleta principalmente de indivíduos
de P.laxipinna, pois é possível que no Estado do Rio de Janeiro, em matas de baixada e mais
secas sejam localizados outros indivíduos. Como próximas etapas de trabalho destacam-se:
expedição para coleta de material, consulta às coleções dos herbários R e RFA, elaboração de
chave para identificação e descrição das espécies.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Barroso, G.M. (1965). Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Coelho MN, Baumgratz JFA, Lobão AQ, Sylvestre LS, Trovó M (2017) Flora do estado do Rio
de Janeiro: avanços no conhecimento da diversidade. Rodriguésia 68(1). DOI:
10.1590/21757860201768101.
Lima MPM & Lima HC (1984) Parapiptadenia Brenan (Leguminosae – Mimosoideae) – Estudos
taxonômicos das espécies brasileiras. Rodriguésia 36 (60): 23-30.
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Leguminosae based on a taxonomically comprehensive phylogeny. Táxon 66: 44–77. Luckow,
M., White, P.J. & amp; Bruneau, A. 2000. Relationships among the basal genera of mimosoid
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Ribeiro, P.G.; Queiroz, L.P. Piptadenia in Flora e Funga do Brasil. Jardim Botânico do Rio de
Janeiro.Disponível em: <https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB22784>. Acesso em: 10 ago. 2022
Vaz, A.M.S.F.; Lima, M.P.M.; Marquete, R. Técnicas e manejo de coleções botânicas in Manual
técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: IBGE 1992.
TABELA E FIGURAS
Espécies N° de pares de N° de pares de Comprimento Forma dos
pinas folíolos dos folíolos folíolos
P.gonoacantha 5 - 13 22 - 54 0.3 - 0.9 cm oblongo
P.micracantha 7 - 15 24 - 46 0.2 - 0.7 cm oblongo
P.trisperma 3 - 11 20 - 56 0.3 - 1.1 cm oblongo

P.adiantoides (2) 3 - 5 2-7 0.7 - 3.0 (4.1) elíptico


cm
P.laxipinna 2 2-4 4.6 - 6.8 cm elíptico
P.paniculata 2-4 4-9 1.9 - 6.3 cm elíptico
Tabela 1: Grupos de espécies de Piptadenia para o Estado do Rio de Janeiro.

Figura 1: Área de ocorrência P.laxipinna, município RJ. Os círculos indicam as localidades de


coleta.
Figura 2: P.gonoacantha. Ramo com acúleos, dispostos em séries longitudinais. (A.L. Mesquita
et al 902 RB) (a). P.laxipinna. Nectário extrafloral entre os pares de folíolo (G.C. Sthel et al 2
RB) (b). P.adiantoides. Folha bipinada, com 3 pares de pinas. (J.P.P. Carauta 835 RB) (c) Folha
bipinada, com 10 pares de pinas (d).

Figura 3: (a) P.axipinna. Caule evidenciando os acúleos. (b) Pares de folíolos em uma pina. (c)
Ramo evidenciando um de seus acúleos.
DOCUMENTAÇÃO CIENTÍFICA NA COLEÇÃO TEMÁTICA DE PLANTAS
MEDICINAIS DO JBRJ: MAPEAR USOS E INVESTIGAR O AGRUPAMENTO
FILOGENÉTICO DAS FAMÍLIAS BOTÂNICAS CULTIVADA

Luisa Ridolph Tostes Braga; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na graduação
01/2019; previsão de conclusão de curso 01/2025; ingresso no PIBIC: 09/2021; orientador(a):
Viviane Stern da Fonseca Kruel

INTRODUÇÃO
A etnobotânica estuda a relação de pessoas com plantas em sistemas dinâmicos (Alcorn 1995),
abrange diversas crenças e práticas com suas diferentes formas de uso, associada a conservação
do ambiente na perspectiva do conhecimento e dos povos indígenas (Prance, 2007). Achados
etnobotânicos não devem constituir apenas um inventário de conhecimentos antigos, mas devem
ser relevantes para as atividades atuais. Dessa forma, esforços estão sendo dedicados a encontrar
outras abordagens complementares (Rønsted et al., 2012). A filogenia molecular possui um
importante papel, potencialmente preditivo, de plantas tradicionais na bioprospecção (Saslis-
Lagoudakis et al., 2012) a fim de investigar os aspectos evolutivos e a relação entre os genes e as
espécies (Lemey et al., 2009). Nesse sentido a interdisciplinaridade entre os estudos
etnobotânicos e a filogenia permite reconhecer táxons que serão prioridades nas políticas de
conservação, nos usos tradicionais, nos estudos de grupos de plantas com potenciais de uso, na
produção de novos fármacos com o auxílio das novas tecnologias genômicas, proteômicas e
metabolômicas (Garnatje et al, 2017).
Dessa forma, o presente estudo se propôs a ampliar o conhecimento a partir da Coleção Temática
de Plantas Medicinais (CTPM) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) e a utilização da
filogenia para análises de dados de espécies medicinais relacionando os usos das plantas por
família botânicas com maior versatilidade de usos, e/ou direcionados a determinados potenciais
medicinais. A coleção vem sendo revitalizada, sendo esta um verdadeiro laboratório vivo, com
uma riqueza e diversidades de espécies cultivadas associada a diferentes histórias de usos e suas
ações são alinhadas para a pesquisa em etnobotânica visando a educação, engajamento público,
reconexão de pessoas e as plantas, valorizando e relacionando os conhecimentos tradicionais. As
abordagens modernas da etnobotânica associada a filogenia podem demonstrar o papel de
algumas famílias botânicas mais utilizadas (ou preferenciais) para determinados usos.

OBJETIVO
O presente estudo tem como principal objetivo desenvolver pesquisa científica integrando novas
ferramentas, a filogenia sobre as espécies medicinais cultivadas em coleção biológica viva do
JBRJ. Visa ainda experimentar análises filogenéticas para investigar se há sinais filogenéticos
significativos no uso de plantas medicinais cultivadas na CTPM.

MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O estudo foi realizado na CTPM, implementada há mais de três décadas no Arboreto do JBRJ. É
uma coleção científica, composta por 33 canteiros e está organizada por grandes temas, como:
Saúde do Cotidiano, Ciência e Cultura, Sistemas do Corpo Humano, Zonas de Trocas e Nutrição
e Saúde. Nesta coleção são cultivadas cerca de 240 espécies medicinais, sendo a maioria
herbáceas e arbustivos, de ciclo anual e perene, assim como diversas espécies são exóticas mas
fazem parte do repertório de uso histórico pós colonização portuguesa. Entretanto há espécies
nativas do Brasil que fazem parte da história do uso de plantas na saúde e cotidiano de diversos
povos e culturas.

Métodos
Foram realizados treinamentos para coleta, herborização de material botânico, assim como
atualização de bases de dados que são atividades fundamentais para a documentação científica
Diagnósticos quinzenais, no campo, foram realizados para obter informações sobre a dinâmica
das espécies na Coleção e atualizar a base de dados. Concomitantemente, foi revisada e atualizada
a base de dados das espécies da CTPM, com frequente atualização da nomenclatura científica e
associação com a base Mendeley para subsidiar as informações obtidas a partir de extensa revisão
bibliográfica. Esta revisão foi realizada nas bases PubMed, Scopus, Google Scholar e Periódicos
CAPES. As indicações terapêuticas encontradas na literatura foram agrupadas de acordo com
Cook (1995). A partir da seleção de algumas espécies que pertencem às famílias mais
representativas ou de interesse pontual, foram selecionadas e agrupadas em categorias para
experimentação da metodologia de análise filogenética. Para tal, foi elaborada uma matriz binária
de dados, feita a partir dos dados mais relevantes obtidos da revisão bibliográfica até o momento.
As análises de riqueza das famílias, usos reportados (categorização) por espécies, e usos foram
organizados em planilhas Excel, sendo as análises filogenéticas realizadas pelo programa R
versão 4.2.1.

RESULTADOS
A partir dos inventários frequentes e atualização das bases de dados das espécies da coleção,
Inicialmente, foram selecionadas 82 espécies, de 64 gêneros e 12 famílias botânicas, e após a
revisão foi desenvolvida a matriz para realizar as análises. Sobre a riqueza das famílias a
Asteraceae apresentou 27 espécies em seguida a Lamiaceae com 19 espécies com as maiores
riquezas. Em relação ao potencial de uso reportado por espécie observou-se que as categorias
Infecções e Infestações (II) com cerca de 68 evidências e Distúrbios do sistema imunológico e
neoplasias (IN) com 55 evidências com os maiores potenciais. No potencial de uso das famílias
da CTPM (Fig 1), famílias Asteraceae, Lamiaceae e Apiaceae apresentaram um maior potencial
para Infecções e Infestações (II) e famílias Verbenaceae, Solanaceae e Piperaceae apresentaram,
por sua vez, um potencial maior para os Distúrbios do sistema digestivo e nutricional (DN) e
Distúrbios da pele e dos tecidos subcutâneos (SS). Por fim, as análises filogenéticas foram
realizadas e foram encontrados setenta mil nós (Fig. 2), onde Acmella oleraceae, Ageratum
conyzoides, Chaptalia nutans, Gymnanthenum amydalinum, Eryngium campestre, Physalis
angulata, Piper umbellatum e Rosmarinums officinalis, apresentaram os maiores Índices de Uso
reportados na literatura.

DISCUSSÃO
A CTPM apresenta uma diversidade de espécies de plantas medicinais, com destaque para as
famílias convencionalmente relevantes da flora medicinal do mundo, como: Asteraceae e
Lamiaceae (Gras et al, 2021). Estas famílias possuem espécies usadas tradicionalmente por
diferentes povos e culturas. As análises filogenéticas atrelada a etnobotânica permite predizer o
potencial de uso e integrar as histórias de uso

CONCLUSÃO
Ferramentas atuais, como a de filogenia são interessantes, pois possibilitam a análise de diversas
informações, assim como reflexões sobre os conjuntos de dados sobre espécies medicinais. No
entanto, a análise até o momento demonstrou uma tendência a um ‘p’ significativo, mas necessita
de uma ampliação no conjunto de dados a serem incorporados na matriz, assim como dados de
mais espécies.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Alcorn JB (1995) The scope and aims of ethnobotany in a developing world. In: Schultes RE &
Reis SV (eds.) Ethnobotany: evolution of a discipline. Timber Press, Cambridge. Pp. 23-39.
Cook FEM Economic Botany Data Collection Standard. Jardins Botânicos Reais; Londres, Reino
Unido: 1995.
Garnatje, T., Peñuelas, J., & Vallès, J. (2017). Ethnobotany, Phylogeny, and “Omics” for Human
Health and Food Security. Trends in Plant Science, 22(3), 187–191.
doi:10.1016/j.tplants.2017.01.001
Gras A, Hidalgo O, D’Ambrosio U, Parada M, Garnatje T, Vallès J. 2021. The Role of Botanical
Families in Medicinal Ethnobotany: A Phylogenetic Perspective. Plants. 10(1):163.
https://doi.org/10.3390/plants10010163
Prance G.T. 2007. Ethnobotany, the science of survival: a declaration from Kaua'i. Econ. Bot.
61:1–2. doi: 10.1007/BF02862367
Rønsted, N.; Symonds, M.R.E.; Birkholm, T.; Christensen, S.B.; Meerow, A.W.; Molander, M.;
Mølgaard, P.; Petersen, G.; Rasmussen, N.; Staden, J.; et al. 2012. Can phylogeny predict
chemical diversity and potential medicinal activity of plants? A case study of amaryllidaceae.
BMC Evol. Biol., 12, 182.
Saslis-Lagoudakis, C. H., Klitgaard, B. B., Forest, F., Francis, L., Savolainen, V., Williamson, E.
M., & Hawkins, J. A. (2011). The use of phylogeny to interpret cross-cultural patterns in plant
use and guide medicinal plant discovery: An example from pterocarpus (leguminosae). In PLoS
ONE (Vol. 6, Issue 7). https://doi.org/10.1371/journal.pone.0022275y of amaryllidaceae. BMC
Evol. Biol., 12, 182
Lemey, P., Salemi, M., & Vandamme, A. (Eds.). (2009). The Phylogenetic Handbook: A
Practical Approach to Phylogenetic Analysis and Hypothesis Testing (2nd ed.). Cambridge:
Cambridge University Press. doi:10.1017/CBO9780511819049

Figura 1: Análise do potencial de uso das famílias botânicas mais representativas em usos
reportados.
Figura 2: Árvore filogenética de 82 espécies medicinais analisadas na CTPM por índice de
usos.
EFEITOS DAS MUDANÇAS NA COMPLEXIDADE DA PAISAGEM SOBRE A
PRODUÇÃO AGRÍCOLA DO CAFÉ COFFEA CANEPHORA NO ESTADO DE
RONDÔNIA

Luiza Maia Uzal; Graduação em Ciências Ambientais, Universidade Federal do Estado do Rio
de Janeiro; Início do curso: março/2019; Término previsto do curso: agosto/2023; Início
PIBIC: setembro/2021; Orientadora: Kátia Fernanda Rito Pereira

INTRODUÇÃO
A heterogeneidade e complexidade da paisagem é baseada na sua composição (i.e., tipos e
proporções de coberturas remanescentes) e configuração (i.e., distribuição e organização
espacial de cada tipo de cobertura), podendo haver a existência de paisagens homogêneas de
baixa complexidade até paisagens muito heterogêneas e complexas (Fahrig et al. 2011; Melo et
al. 2013). Mudanças na complexidade dos mosaicos espaciais podem impactar diretamentenos
componentes bióticos e abióticos, alterando a biodiversidade e a manutenção de processos
ecológicos e serviços ecossistêmicos (Tabarelli et al. 2008; Arroyo-Rodríguez et al. 2015).
A polinização é uma importante Contribuição da Natureza para as Pessoas (CNP) devido ao
aumento da demanda por cultivos dependentes de polinizadores (Aizen et al. 2008, IBPES
2016). A diminuição na complexidade da paisagem afeta principalmente o serviço de
polinização, pois a degradação de habitat simplifica a oferta de recursos de forrageio e
nidificação, desestabilizando as populações de polinizadores nativos diminuindo a
produtividade de cultivos dependentes de polinizador (Kennedy et al. 2013). No Brasil, ainda
é priorizado o modelo de monocultivos, onde os poucos remanescentes de áreas naturais ou
seminaturais de vegetação se encontram em sua maioria longe das áreas produtivas. A criação
e manutenção de paisagens diversas, além de serem mais viáveis em sócio-agroecossistemas,
é um dos caminhos importantes para promover a intensificação ecológica da agricultura,
minimizando o uso de insumos agrícolas, freando a expansão de monocultivos e garantindo
estabilidade aos produtores.
O café canephora é uma espécie polinizada exclusivamente por abelhas, é alógama com
mecanismos como a autoincompatibilidade gametofítica e o florescimento sincronizado,
favorecendo a polinização cruzada. Na região da Amazônia, a produção de café é feita de forma
predominante em pequenas produções familiares, e o estado de Rondônia, em 2015, era
responsável por 90% da produção amazônica (Marcolan & Espindula, 2015).

OBJETIVO
Analisar as mudanças na complexidade da configuração e composição da paisagem no estadode
Rondônia e como as mesmas afetam o rendimento agrícola do cultivo de café Coffea canephora
na região.

MATERIAL E MÉTODOS
A área de estudo selecionada foi o estado de Rondônia, que possui 51 municípios que estão
agrupados em oito microrregiões. Para cada um dos municípios foram obtidos dados de
rendimento médio por produção (kg/ha, SIDRA-IBGE) no período de 2012 a 2020. Foram
obtidos também mapas de cobertura e uso de solo para o cálculo dos valores de cobertura de
formação florestal (Mapbiomas - Brasil, coleção 6.0),em hectares, referente aos anos entre 2012
e 2020.
Para avaliar a influência da complexidade de composição no rendimento de C. canephora foi
utilizada como variável preditora a porcentagem de cobertura de vegetação natural. Foram
realizados Modelos Lineares Mistos (LMM) onde a cobertura foi o fator fixo ea identidade dos
municípios e ano de coleta fatores aleatórios.
Para avaliar a relação entre rendimento e a complexidade de configuração da paisagem,foram
utilizadas as imagens com a classificação de cobertura de cada município (anos 2012 e 2020).
Para cada município, foi calculado o valor de entropia da paisagem (join entropy). A entropia
mede a diversidade de valores em uma matriz de co-ocorrência; quanto menor a diversidade,
maior o valor de entropia. Posteriormente, foram comparados os valores da variação do
rendimento e entropia entre 2020-2012. Estes dados foram analisados comModelos Lineares.
Para avaliação espacialmente explícita da cobertura da paisagem foi utilizado o software QGIS.
As análises estatísticas foram realizadas no R.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O rendimento de C. canephora para todo estado de Rondônia foi em média 1112,59 (±746,02)
kg/ha entre os anos de 2012 e 2020. O município com maior produção foi São Migueldo Guaporé,
com uma média de 2238 (±1660) kg/ha, e o de menor produção foi Cacaulândia,com 536,11
(±49,30) kg/ha, pertencentes às microrregiões de Alvorada d’Oeste e Ariquemes,
respectivamente. A mudança na porcentagem de cobertura vegetal influenciou no rendimento
dos cultivos. Porém, ao contrário do esperado, para a maioria das microrregiões, o aumento na
cobertura vegetal teve uma relação negativa com o rendimento dos cultivos (Tabela 1). Já com
relação à entropia da paisagem, a mesma não teve influência no rendimento dos cultivos, nem
no nível de estado (Total), nem de microrregião (Tabela 2).
Outros fatores podem ser mais importantes para o rendimento da produção do café no contexto
do estado de Rondônia: a presença de grandes áreas de preservação e o padrão de
desmatamento. Embora seja um estado extremamente afetado pelo desmatamento, está
localizado dentro de um complexo de 15 Unidades de Conservação (UCs) e 23 Territórios
Indígenas que conformam as áreas de vegetação natural contínuas. O padrão espacial de
desmatamento dominante é o “espinha de peixe” (fishbone deforestation), que acontece ao
redor das estradas e vias de acesso e gera uma alta fragmentação de hábitat, com fragmentos
muito pequenos espalhados por toda paisagem, e que tem efeitos mais deletérios à riqueza de
espécies que outros padrões (Prist et al 2012). A fragmentação de habitat tem efeitos negativos
na riqueza e composição de espécies, no entanto, alguns grupos mais generalistas são capazes
de manter populações viáveis mesmo em pequenos fragmentos (Marvier et al. 2004). Estes
pequenos fragmentos podem garantir certo nível de conectividade da paisagem, ajudando a
manter populações de espécies generalistas. Assim, é possível que mesmo em contexto de
paisagem hiper fragmentada como encontramos em Rondônia, alguns grupos de abelhas
polinizadoras generalistas de habitat podem manter-se no ambiente usando os pequenos
fragmentos como conexão entre si e com as grandes áreas de proteção existentes no entorno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados deste trabalho demonstram que a complexidade da paisagem não está diretamente
ligada ao rendimento dos cultivos de café C. canephora em Rondônia. Mas preenchem esta
lacuna de conhecimento e contribuem para a discussão sobre a importância da criação e
manutenção de UCs e a demarcação de Territórios indígenas para a manutenção da
biodiversidade e serviços ecossistêmicos. Outras relações precisam ainda serem exploradas,
como por exemplo a conectividade da paisagem e provisão do serviço de polinização, bem
como a análise dessas relações em diferentes escalas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Arroyo‐Rodríguez, V., Melo, F. P., Martínez‐Ramos, M., et al. (2015). Multiple successional
pathways in human‐modified tropical landscapes: new insights from forest succession, forest
fragmentation and landscape ecology research. Biological Reviews, doi: 10.1111/brv.12231
Aizen MA et al. 2008. Long-term global trends in crop yield and production reveal no current
pollination shortage but increasing pollinator dependency. Current Biology 18: 1572-1575.
Fahrig, L., Baudry, J., Brotons, L., et al. (2011). Functional landscape heterogeneity and animal
biodiversity in agricultural landscapes. Ecology Letters, 14, 101-112
IPBES 2016. The assessment report of the Intergovernmental Science-Policy Platform on
Biodiversity and Ecosystem Services on pollinators, pollination and food production. S.G.
Potts, V. L. Imperatriz-Fonseca, and H. T. Ngo (eds). Secretariat of the Intergovernmental
Science- Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services, Bonn, Germany. 552 pages.
Kennedy, C. M.; et al. 2013. A global quantitative synthesis of local and landscape effects on
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Marcolan, A. L. & Espindula, M. C. (2015). Café na Amazônia. Rondônia, Brasil: Embrapa.
Marvier, M., Kareiva, P., & Neubert, M. G. (2004). Habitat destruction, fragmentation, and
disturbance promote invasion by habitat generalists in a multispecies metapopulation. Risk
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Melo, F. P., Arroyo-Rodríguez, V., Fahrig, L., Martínez-Ramos, M., & Tabarelli, M. (2013).
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Prist, P.R., Michalski, F. & Metzger, J.P. (2012) How deforestation pattern in the Amazon
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Produção Agrícola Municipal 2012/2020. In: IBGE. Sidra: sistema IBGE de recuperação
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Projeto MapBiomas – Coleção 6 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do
Brasil. Disponível em <https://plataforma.brasil.mapbiomas.org/>. Acesso em fevereiro 2022
Tabarelli, M., Lopes, A. V., & Peres, C. A. (2008). Edge‐effects Drive Tropical Forest
Fragments Towards an Early‐Successional System. Biotropica, 40, 657-661.
TABELAS E FIGURA
Tabela 1. Relação entre a porcentagem de cobertura vegetal natural sobre o rendimento dos
cultivos de café C. canephora para oito microrregiões no estado de Rondônia, Brasil. Os valores
mostrados correspondem aos resultados de Modelos Lineares Mistos (LMM). Valor de
significância p<0,05

Microrregião Coeficiente z p
Alvorada d'Oeste -0,85 2,43 0,01
Ariquemes -0,63 -2,53 0,01
Cacoal -0,93 -0,62 0,53
Colorado do Oeste -0,45 -23,8 <0.0001
Guajará-Mirim -0,43 -18,35 <0.0001
Ji-Paraná -0,12 32,08 <0.0001
Porto Velho -0,45 -19,13 <0.0001
Vilhena -0,43 10,72 <0.0001

Tabela 2. Relação entre a variação na entropia da paisagem e a variação no rendimento dos


cultivos de café C. canephora para oito microrregiões no estado de Rondônia, Brasil. Os valores
mostrados correspondem aos resultados de Modelos Lineares (LM).

Microrregião R t p
Alvorada d'Oeste + Guajará-
Mirim 0,208 1,604 0,17
Ariquemes -0,199 -0,022 0,98
Cacoal -0,056 0,757 0,47
Colorado do Oeste + Vilhena -0,087 0,527 0,61
Ji-Paraná 0,062 -1,288 0,23
Porto Velho 0,118 1,343 0,23
Total 0,0012 1,029 0,30
INFLUÊNCIA DA HERBIVORIA NO CRESCIMENTO DE PLÂNTULAS DE
FABACEAE ARBÓREAS

Manuela Hermeto Vieira de Mello; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na


graduação: 07/2019; previsão de conclusão do curso: 07/2024; ingresso no PIBIC: 02/2022;
orientador: Antônio Carlos Silva de Andrade

INTRODUÇÃO
A regeneração natural (ou sucessão secundária) é o processo de substituição de plantas mortas por
novas plantas durante o processo de sucessão em ecossistemas vegetais (Gómez-Pompa &
Whitmore 1991). O estabelecimento de plântulas representa o último obstáculo no processo de
regeneração natural e é considerado uma das suas fases mais vulneráveis (Grubb 1977). O
recrutamento de plântulas em florestas tropicais é influenciado por diferentes fatores abióticos e
bióticos, dentre eles a disponibilidade de luz e nutrientes do solo, competição e herbivoria
(Kitajima & Fenner 2000).
A herbivoria é uma interação biótica que pode gerar impactos negativos causados pela perda
parcial ou total de tecidos vegetais, modulando o estabelecimento, crescimento e a reprodução de
plantas (Barton & Hanley 2013). Estudos relacionados à herbivoria demonstraram que a maior
mortalidade de plantas ocorre na fase de plântula (Barton 2008), mas as respostas de sobrevivência
e crescimento podem variar em função da intensidade de herbivoria, do tipo de tecido consumido,
do tamanho da semente e da função (foliáceo ou de reserva) que o cotilédone desempenha
(Kitajima 2003).
Estudos sobre a influência desses fatores no desempenho de plântulas após a herbivoria podem
contribuir para o entendimento da dinâmica populacional da planta e dos processos de regeneração
de comunidades vegetais (Kitajima & Fenner 2000). Entretanto, tais pesquisas ainda são escassas
quando se trata de espécies arbóreas da flora brasileira (Allabarce & Tillemburg 2012; Gogosz &
Boeger 2019).

OBJETIVO
O objetivo geral deste projeto é avaliar o efeito da herbivoria simulada dos cotilédones no
crescimento e na sobrevivência de plântulas de espécies arbóreas de Fabaceae. Desta forma, os
seguintes objetivos específicos são apresentados: (i) realizar levantamento de informações sobre a
morfologia de plântulas de espécies nativas arbóreas de Fabaceae e classificá-las segundo critérios
descritos por Pérez-Harguindeguy et al. (2016); (ii) avaliar o efeito da remoção de cotilédones no
crescimento e sobrevivência das plântulas de cinco espécies de Fabaceae com sementes de
diferentes tamanhos e exposição de cotilédones de reserva.

MATERIAL E MÉTODOS
Levantamento de informações sobre a morfologia de plântulas de Fabaceae: Informações sobre
plântulas de espécies arbóreas nativas de Fabaceae foram obtidas através de levantamento
bibliográfico de artigos científicos. Para identificar quais artigos científicos seriam elegíveis,
foram utilizadas as bases de dados eletrônicas: “Scopus” e “Web of Science”. Os estudos
selecionados foram lidos na íntegra e as informações coletadas incluíram o nome dos autores, título
do artigo, ano de publicação, espécies estudadas, fator de apuração (posição do cotilédone, tipo de
cotilédone), informações taxonômicas e ecológicas. Os dados coletados de cada estudo foram
reunidos em planilha Excel.
Classificação dos tipos funcionais de plântulas: A partir do levantamento de informações sobre a
morfologia de plântulas de espécies nativas de Fabaceae, as plântulas foram classificadas de
acordo com os tipos morfofuncionais descritos por Pérez-Harguindeguy et al. (2016): fanero-
epígeo-foliáceo (FEF), fanero-epígeo-reserva (FER), fanero-hipógeo- reserva (FHR), cripto-
hipógeo-reserva (CHR) e cripto-epígeo-reserva (CER).
Avaliação do crescimento e sobrevivência de plântulas ao efeito simulado de herbivoria dos
cotilédones: As seguintes espécies de Fabaceae foram selecionadas: Crudia tomentosa (Aubl.)
J.F.Macbr., Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth, Hymenaea oblongifolia Huber, Ormosia
arborea (Vell.) Harms e Parkia multijuga Benth. Sementes de Ormosia, Parkia e Hymenaea foram
escarificadas através do método de desponte para acelerar o processo de germinação. Sementes de
Dalbergia foram semeadas em papel filtro e incubadas a 25°C. As demais espécies foram
semeadas em recipientes plásticos contendo vermiculita úmida e monitoradas até a emergência da
parte aérea. 200 sementes de tamanho médio foram selecionadas para cada espécie para reduzir a
variação de tamanho entre as plântulas. As diferentes fases de desenvolvimento das plântulas das
cinco espécies foram registradas através de imagens e seu grupo funcional confirmado. Serão
apresentados apenas os resultados de Hymenaea oblongifolia, pois as plântulas das demais
espécies não atingiram as fases de desenvolvimento desejadas.
Plântulas de Hymenaea oblongifolia foram repicadas para recipientes plásticos (2L) com solo de
compostagem e foram dispostos aleatoriamente sobre bancada em casa de vegetação, com
irrigação a cada dois dias. 80 plântulas com desenvolvimento similar foram separadas em quatro
tratamentos: T0 (início da coleta), Controle (sem herbivoria), T100% (remoção dos dois
cotilédones) e T50% (remoção de um cotilédone). Na segunda quinzena de julho, as 20 plântulas
do tratamento T0 foram retiradas dos potes, lavadas e cortadas com uma lâmina para a separação
em caule, folhas, cotilédone e raiz. Foram medidas a altura do caule (cm) e o diâmetro do colo
(mm). Cada parte foi acondicionada em sacos de papel e secas em estufa (80°C/48 h) e pesadas
em balança de precisão. As plântulas dos tratamentos T50% e T100% tiveram um ou dois
cotilédones removidos, respectivamente, com o auxílio de tesoura. O tratamento controle não teve
seus cotilédones removidos de forma simulada. A sobrevivência de plântulas foi avaliada com base
na presença de folhas verdes e brotos em crescimento. Após quatro semanas, o experimento foi
encerrado e as plântulas foram avaliadas, cujas as variáveis foram comparadas pelo teste F e suas
médias comparadas pelo teste de Tukey.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Dentre as 78 espécies de Fabaceae revisadas, 37% delas apresentaram o tipo funcional fanero-
epígeo-reserva (FER), 31% delas apresentaram o tipo cripto-hipógeo-reserva (CHR), 24% delas o
tipo fanero-epígeo-foliácea (FEF), 6% das espécies apresentaram morfologia fanero-epígeo-
reserva (FHR) e apenas uma espécie apresentou plântula do tipo cripto-epígeo-reserva (CER)
(Figura 1). A baixa frequência de espécies com plântulas do tipo CER corrobora os estudos
ecológicos relativos aos tipos morfo-funcionais (Ibarra-Manríquez et al., 2001; Pérez-
Harguindeguy et al., 2016). Verificou-se a dificuldade de classificar os tipos morfofuncionais
quando as espécies foram representadas apenas como um desenho esquemático. Além disso, o uso
de termos pouco padronizados (ex. semi-hipógeo) para descrever a morfologia da plântula
dificultou a sua classificação.
A morfologia das plântulas das cinco espécies selecionadas foi avaliada e suas principais estruturas
foram identificadas e apresentadas na Figura 2. C. tomentosa e P. multijuga apresentaram plântulas
do tipo CHR, enquanto D. nigra e H. oblongifolia apresentaram plântulas do tipo FER. O. arborea
apresentou plântula do tipo FHR.
Apenas as plântulas de H. oblongifolia alcançaram o estágio de exposição de protófilos para a
realização dos experimentos. As demais espécies não atingiram o estágio desejado. Ao contrário
do esperado, verificou-se que os tratamentos simulados de herbivoria não afetaram o crescimento
e a sobrevivência de suas plântulas (Figura 3). Esse resultado pode ter sido influenciado pela
senescência dos cotilédones durante o experimento, afetando o crescimento das plântulas. Tal
comportamento pode variar entre as espécies e é controlado pelas condições abióticas durante o
crescimento da plântula (Oliveira e Morais, 1999; Kitajima, 2003).

CONCLUSÃO
As espécies de Fabaceae apresentaram todos os cinco tipos de plântulas, sendo mais raras o tipo
Cripto-Epígeo-reserva.
A remoção parcial ou total dos cotilédones não afeta o crescimento e a sobrevivência das plântulas
de H. oblongifolia, após o estabelecimento dos protófilos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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the large-seeded species Araucaria angustifolia. Braz. J. Plant Physiol. 24: 131-140.
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chemical induction. Oikos 117: 917 - 925.
Barton KE & Hanley M (2013). Seedling-herbivore interactions: Insights into plant defense and
regeneration patterns. Annals of Botany 112: 643 - 50.
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<https://floradobrasil.jbrj.gov.br/FB115>. Access on 8 August 2022.
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UNESCO – Parthenon Press, Paris, France.
Grubb P (1977). The maintenance of species richness in plant communities: the importance of the
regeneration niche. Bot. Rev. 52: 107–145.
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Kitajima K (2003). Impact of Cotyledon and Leaf Removal on Seedling Survival in Three Tree
Species with Contrasting Cotyledon Functions. Biotropica, 35: 429-434.
Oliveira OF & Morais PLD (1999). Influência da remoção de cotilédones no desenvolvimento de
ramificações nas axilas cotiledonares de plântulas de leguminosas
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Pérez-Harguindeguy et al. & Cornelissen JHC (2016). New handbook for standardised
measurement of plant functional traits worldwide. CSIRO 61 no. 3: 167 - 234.
Figura 1. Distribuição dos tipos funcionais de plântulas
de Fabaceae obtidas no levantamento de referências.

FER - fanero-epígeo-reserva;
CHR - cripto-hipógeo-reserva;
FEF - fanero-epígeo-foliáceo;
FHR - fanero-epígeo-reserva;
CER - cripto-epígeo-reserva.

Figura 2. Aspectos morfológicos da germinação de sementes de C. tomentosa, H.


oblongifolia, P. multijuga, O. arborea e D. nigra: Legenda: tg – tegumento, epi – epicótilo,
co – cotilédones, hip – hipocótilo, rp – raiz primária, rs – raiz secundária, pr - protófilos
(escala 5 cm).

Valores médios ( dp) de Massa seca total (g), diâmetro do colo (mm) e Altura de plântulas de
H. oblongifolia submetidas aos tratamentos de herbivoria simulada (0%; 50% e 100%) do
cotilédone. Comparações entre os tratamentos para todas as variáveis não apresentaram
diferenças estatísticas (teste F; ANOVA; p>0,05).
ESTUDO DO ÓLEO ESSENCIAL DE PIPER ADUNCUM L. EM DUAS FASES DOS
ÓRGÃOS REPRODUTIVOS CULTIVADO NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE
JANEIRO

Diego da Silva Marcelino: Graduação em Farmácia, UCB; ingresso na graduação 02/2017;


previsão de conclusão do curso: 07/2023; ingresso no PIBIC:08/2021; orientador: Davyson de
Lima Moreira; coorientador: Ygor Jessé Ramos e Jéssica Sales Felisberto

INTRODUÇÃO
O uso de plantas medicinais e produtos de origem natural para o tratamento de diferentes
enfermidades é conhecido desde a antiguidade. Levantamentos científicos mostram que entre os
anos de 5.000 e 2.800 aC o homem já domesticava animais, cultivava cereais e usava algumas
plantas medicinais. Na China antiga, na época de Shen Nung (por volta de 2000 aC) já se
investigava o valor medicinal de centenas de ervas. A família Piperaceae é formada por 5 gêneros
e cerca de 4.000 espécies no mundo e o Brasil possui aproximadamente 150 dessas, sendo que
menos de 20% foram investigadas do ponto de vista químico e/ou farmacológico (Calleejas, 2022;
Moreira, D.L.; 1999). A química de Piperaceae tem sido bastante estudada recentemente e baseia-
se principalmente nas substâncias isoladas de espécies dos gêneros Piper (Parmar, 2007; Moreira
et al. 2016). Os constituintes químicos presentes nas folhas de Piperaceae possuem elevada
importância por apresentarem diversas atividades biológicas, tais como antibacteriana, citotóxica,
fungicida e larvicida (Batista, 2014). Geralmente, as espécies de Piperaceae plantas possuem cerca
de 5 estágios nos órgãos reprodutivos, que vão desde a 1a que é totalmente imatura, até a 5a que
apresenta os frutos. O estágio 4 é constituído pelas flores com pólem (Fazolin et al., 2006). A
espécie mais popular do gênero é Piper nigrum L., mais conhecida como pimenta-do reino,
utilizada para condimento e preparação de diversos remédios. A espécie Piper aduncum L. é
conhecida no Brasil pelos nomes aperta-ruão, erva-de-jaboti e pimenta de macaco (Botsaris, 1997;
Maia et al., 1998; Corrêa ,1926). Piper aduncum L. é um arbusto com cerca de 6 a 8 metros de
comprimento, com folhas alternadas e lanceoladas simples sendo comum no bioma da Amazônia
e em diversos países tropicais subtropicais desde o nível do mar até a altitudes consideráveis. Além
disso a espécie é usada popularmente como estimulante hepático e cicatrizante (Murilo Fazolin et
al., 2006). A família Piperaceae é reconhecida por possuir espécies produtoras de óleos essenciais.
Os óleos essenciais são constituídos, geralmente, por monoterpenos, sesquiterpenos e
arilpropanoides. Os monoterpenos são caracterizados por possuírem 2 unidades de isoprenos e os
sesquiterpenos 3 unidades. Os arilpropanoides são originados da via biossintética do chiquimato e
possuem esqueleto C6-C3.
Os óleos essenciais são substâncias voláteis que podem ser obtidos por diferentes métodos de
extração, incluindo arraste a vapor e hidrodestilação. O método de hidrodestilação que foi usado
nesse projeto, se baseia em se colocar a amostra vegetal em contato direto com a água. Os vapores
de água arrastam as substâncias voláteis que, então, são condensadas juntas com a água e se
depositam em uma vidraria (Clevenger). Após minutos ou horas de extração o óleo essencial é
separado da fase aquosa, acondicionado e preparado para análise por CG-EM (Yusoff et al.,
2011).Os óleos essenciais possuem grande valor comercial atualmente, pois são usados em terapias
(aromaterapia), na confecção de perfumes, sanitizantes, além de poderem ser usados em alimentos
(Bieski et al.,2021). Devido aos produtos naturais, como a morfina, os pesquisadores puderam
compreender fenômenos complexos relacionados às estruturas das substâncias isoladas. Essa
conquista possibilitou o desenvolvimento da indústria farmacêutica, com o advento da descoberta
do ácido acetilsalicílico. Tomando-se como base substâncias de origem natural, outras puderam
ser sintetizadas o que aumentou a seletividade e diminuiu a toxidez. Nesse contexto, os óleos
essenciais surgem como promessas, pois além de podem ser empregados como misturas, também
podem fornecer modelos de substâncias para síntese de outras mais complexas (Bizzo et al., 2009).

OBJETIVO
Estudar a composição química dos óleos essenciais das folhas e de duas fases do órgão reprodutivo
de Piper aduncum L. cultivada no Jardim botânico do Rio de Janeiro.

MATERIAL E MÉTODO
Folhas e estruturas reprodutoras de P. aduncum L. foram coletadas por Ulisses Carvalho de Souza,
Engenheiro Agrônomo do Centro de Responsabilidade Socioambiental (CRS), no Jardim Botânico
do Rio de Janeiro. A coleta foi realizada as 7:30 da manhã no dia 11 de fevereiro de 2022 no local
de cultivo do CRS no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Os dados climatológicos também foram
obtidos com auxílio de aparelhos de medição de microclima, onde foram anotados a temperatura;
velocidade do tempo; umidade; precipitação. As amostras foram identificadas pelo especialista em
Piperaceae George Queiroz de Azevedo do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico do Rio de
Janeiro. O material herborizado foi depositado no herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
sob o voucher número 554171. O estágio das estruturas reprodutoras foi determinado pelo
especialista com base em características morfológicas macroscópicas: estágio 1 e estágio 4 (flores
em antese). Aproximadamente 10 g de cada estágio e 100 g de folhas frescas foram cominuídas
manualmente com uso de tesoura e submetidas ao método de hidrodestilação em aparelho de
Clevenger modificado. O material triturado foi transferido para um balão volumétrico de fundo
redondo de 2L, no qual foram adicionados 700 mL de água destilada e, em seguida, iniciou-se o
aquecimento do balão, com auxílio de manta aquecedora. O processo de hidrodestilação foi
realizado por um período de 2 h. Após finalização do processo, os óleos essenciais puros foram
separados da fase aquosa e secos com adição de sulfato de sódio anidro.

RESULTADOS
O projeto foi inicialmente proposto para analisar os óleos essenciais de P. aduncum nos períodos
chuvoso (janeiro) e seco (julho). Porém, por conta das datas as análises na Plataforma Analítica da
FIOCRUZ nem todas as análises foram concluídas. Portanto, serão apresentadas somente as
análises do período chuvoso (verão). As outras análises serão concluídas para fazerem parte de um
artigo científico.
Os dados climatológicos anotados foram: temperatura ambiental de 22°C; velocidade do tempo de
7,4 km/h; umidade de 94%; precipitação 0 mm.
Os óleos obtidos possuíam coloração amarelada e os rendimentos variaram de 0,7% para folhas,
0,3% para o estágio 1 e 0,5% para o estágio 4º do órgão reprodutivo.
O constituinte majoritário em todos os óleos essenciais foi identificado como o arilpropanoide
dilapiol, que variou de 75,70% nas folhas, 96,32% estágio 1 e 100% no estágio 4.

DISCUSSÃO
A presença do dilapiol nos óleos essenciais em elevadas concentrações é interessante, pois esse
arilpropanoide apresenta uso medicinal em diversos países. Além disso, o dilapiol têm
demonstrado uma grande eficácia no controle de pragas agrícolas, apresentando, também,
atividade moluscicida, antimicrobiana, fungicida, larvicida e inseticida (Negreiros et al., 2013;
Haroldo et al.,2018). Dessa forma infere-se que os teores mais elevados de dilapiol na fase 4
(antese, início da frutificação) possa atuar como protetor, para evitar a predação.
Resultados semelhantes foram encontrados por Schindler et al. (2018), onde foi observado folhas
e inflorescências de Piper gaudichaudianum Kunth com teor de óleo essencial de 1,61% nas folhas
e 5,17% nos órgãos reprodutivos. O menor teor de óleo essencial foi registrado no verão (1,32%),
única estação que não apresentou órgãos reprodutivos. Portanto, é comum em Piperaceae a
variação dos constituintes voláteis em função da parte do vegetal, da estação do ano, assim como
em função do período reprodutivo (Ramos et al., 2021).

CONCLUSÃO
Os resultados obtidos pelas análises cromatográficas permitiram identificar o dilapiol como
constituinte majoritário dos óleos essenciais das folhas e dos estágios 1 e 4 do órgão reprodutivo
de Piper aduncum cultivada no CRS do JBRJ. Esses dados são importantes dos pontos de vista
ecológico, medicinal e de uso na indústria. Em relação à ecologia, a presença de alto teor
percentual relativo do dilapiol no órgão reprodutivo, principalmente no estágio 4 (flores em antese)
pode implicar em repelência de herbívoros, uma vez que esse arilpropanoide tem demonstrado
efeito contra diversas pragas que atacam lavouras. Nesse mesmo sentido, o óleo essencial obtido
das folhas e do órgão reprodutivo pode ser avaliado, por exemplo, como fungicida. Em se tratando
de aplicação industrial, diversos arilpropanoides, como o safrol, são produtos de partida para
síntese de anti-inflamatórios. Portanto, P. aduncum cultivada no CRS do JBRJ pode fornecer um
óleo essencial rico em dilapiol para a indústria. Cabe informar que apenas 10 mg de dilapiol custam
R$ 630,00 na Sigma-Aldrich Brasil (consulta em 10/08/2022).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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and prenylated benzoic acid from piper aduncum. phytochemistry, 51:(7) 899-902.
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ocorrente em Minas Gerais. Daphne. 2(3):10-13.
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Negreiros JRS & Miqueloni DP (2013) Teor de dilapiol em função do tipo de biomassa aérea em
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Schindler B, Silva DT & Heinmann BM (2018) Efeito da sazonalidade sobre o rendimento do óleo
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Silva AL, Chaves FCM, Lameira RC & Bizzo HR (2013) rendimento e composição do óleo
essencial de Piper aduncum l. cultivado em Manaus, Am, em função da densidade de plantas e
épocas de corte.
Silveira JC, Busato N, Costa A & Junior EC (2012) levantamento e análise de métodos de extração
de óleos essenciais.
ICA-ATOM: UM SOFTWARE PARA ACERVOS IMAGÉTICOS E TEXTUAIS DO
INSTITUTO DE PESQUISAS JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO

Marcos da Silva Junior; Graduação em Arquivologia, UFF; ingresso na graduação – março/2017;


previsão de conclusão de curso – julho/2023; ingresso no PIBIC: agosto/2021; orientadora: Alda
Heizer.

INTRODUÇÃO
A pesquisa sobre o acervo imagético e bibliográfico do JBRJ, inicialmente, tinha como objetivo
principal transportar os dados das fotografias que estão num livro/relatório depositado no setor de
Obras Raras da instituição para o acervo que contém as fotografias em vidro e papel, produto da
Expedição Biológica Belga ao Brasil, em 1922. No entanto, a Pandemia de COVID-19 impôs o
fechamento dos acervos e das bibliotecas tornando inevitáveis mudanças na metodologia e no foco
da pesquisa. Sendo assim, optou-se por analisar a contribuição de Tecnologias da Informação e da
Comunicação (TICs) por meio de um diálogo com uma plataforma, mais precisamente um
software livre, o ICA-AToM. Trata-se de uma proposta para o Jardim Botânico, na medida em que
foi identificada a necessidade de maior integração dos acervos institucionais e de sua
documentação, sobretudo pelas relações que estabelecem entre si. Cabe ressaltar que tecnologias
da informação já vêm impactando em setores"(MARTINS; et al. 2021, p.92) e serviços, presentes
em órgãos públicos e privados, promovendo um crescimento na democratização da informação.
Sendo assim, a TIC e a sua aplicação no Jardim Botânico, poderia vir a ser útil para a manutenção
dos materiais bibliográficos, museológicos, arquivísticos e botânicos, compreendendo a
compatibilidade entre os procedimentos técnicos do ICA-AtoM com um sistema já existente no
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Jabot.

OBJETIVO
Este trabalho tem como objetivos identificar fontes de informação, sítios eletrônicos de instituições
públicas nacionais e internacionais que utilizam o ICA-AtoM como plataforma de acesso a
documentos e acervos e demonstrar a possibilidade de uso de informações exportadas do sistema
Jabot, utilizado para gerenciamento de informações de coleções botânicas, para pastas e o possível
uso desses dados no ICA-AtoM.

MATERIAL E MÉTODOS
Para a proposta de aplicação do ICA-AToM no Jardim, foram realizadas leituras e discussão de
textos sobre políticas de cultura que têm como escopo as Tecnologias da Informação e da
Comunicação (TICs). Observamos a emergência da aplicação de tais plataformas, principalmente
em tempos de eventuais fenômenos, como “os relacionados a um cenário pandêmico, onde
observamos a ausência de atuação de equipamentos culturais e instituições, a citar bibliotecas”
(TIC 2020, p.57). Acerca da plataforma ICA-AToM, consultamos os seus procedimentos de
utilização, como os identificados no próprio site do software livre, bem como nos textos de apoio
como " O ICA-AToM como ferramenta para descrição de documentos arquivísticos da
Universidade Federal da Paraíba" (BEZERRA, 2020), e o material do “Curso de Descrição,
Difusão e Acesso de Informações e Documentos no ICA- AtoM(AtoM) para Arquivos, Bibliotecas
e Museus” ( FLORES, 2017), e o artigo “Jabot - Sistema de Gerenciamento de Coleções Botânicas:
a experiência de uma década de desenvolvimento e avanços”.( SILVA, d.E.A.L; FORZZA, C.R,
2017).
RESULTADO E DISCUSSÃO
1 As instituições imprimiram restrições de consulta aos acervos devido à Pandemia o que nos
obrigou a reorientar a pesquisa e a metodologia. No entanto, a proposta se mantém, sob outra
dimensão, incidindo sobre o acervo imagético e textual do JBRJ.O título inicial era As fotografias
da “Missão” biológica Belga ao Brasil, em 1922-23, e sua importância para a História da
Ciência e para o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

1-É possível afirmar que pelo menos 10 instituições dentro e fora do Brasil já utilizam o ICA-
AtoM enquanto plataforma de acesso aos seus acervos, sejam eles bibliográficos, arquivísticos e
museológicos, permitindo assim que políticas culturais, tratados internacionais e leis vigentes se
façam cumprir. Durante a pesquisa foram identificados nas plataformas cerca de 86.469 objetos
digitais. Além disso, o ICA-AtoM tornou-se uma ferramenta que integra outros acervos. Como
pode ser observado, há uma constante de documentos bibliográficos sendo incluídos na
plataforma, não apenas documentos arquivísticos. A descrição arquivística nesse sentido, oferece
recursos indispensáveis para manter os documentos físicos protegidos, mantendo -se assim os
documentos iconográficos, textuais, sonoros, preservados nos espaços físicos das instituições
podendo os representantes digitais oferecerem ao cidadão/usuário material suficiente para as suas
pesquisas. 2- Tomamos como exemplo o arquivo pessoal da botânica Graziela Maciel Barroso
(1912-2003) do JBRJ que constitui um acervo arquivístico riquíssimo, seja do ponto de vista da
produção da botânica seja pela qualidade na descrição arquivística, a qual respeita a Norma
Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE). O fundo possui um inventário que inclusive
pode vir a subsidiar sistemas como o ICA-AtoM, já que o mesmo demonstra absoluta relevância
na descrição, no caso, nas distribuições das séries e desdobramentos de subséries e itens
documentais. Duas Séries se destacam no sentido da produção da botânica, a primeira seria
“Correspondências de titular e terceiros e a série Iconografia”. Ambas as séries representam a
maior produção documental da titular, sobretudo a iconográfica, a qual nos surpreendemos com
quantidade de itens: fotocópias, fotos escaneadas, no Banco de dados. No entanto identificamos
uma limitação quanto à navegação e à recuperação do documento no banco de dados. Além disso,
poucos são usuários e cidadãos que reconhecem o que seria um dossiê, uma série, ou uma subsérie.
Tais conceitos são utilizados por profissionais da arquivística. Logo, é importante que as
informações estejam à disposição, sem que o cidadão/usuário precise fazer essa busca. Nesse
sentido o ICA-AtoM se destaca pois através da descrição, o mesmo deixa exposto no site todas
informações.3-Não identificamos (até a elaboração do relatório) qualquer instituição que trabalhe
especificamente com a área da botânica usando o ICA-AToM na bibliografia ou nas fontes de
informação consultadas. Percebemos que, de acordo com a consulta dos procedimentos de
exportação e importação de dados, existe um formato no ICA-AToM que é o “CSV” que é
compatível com Jabot, o sistema de gerenciamento de coleções botânicas do Jardim botânico.

CONCLUSÃO
Após as duas visitas técnicas (devido à Pandemia, não foram realizadas visitas presenciais)
realizadas ao Jardim, num primeiro momento para conhecimento do acervo preservado tanto na
Biblioteca João Barroso Rodrigues quanto na reserva técnica museológica, além de visitas nas
plataformas digitais, como no inventário do arquivo pessoal da botânica Graziela Maciel Barroso,
presenciamos um valor inestimável de obras raras, descrições arquivísticas e seus representantes
digitais e objetos científicos. Toda essa documentação, a princípio, mantém uma relação, ora com
os documentos analógicos quanto tridimensionais, o que poderia facilitar um processo de
reprodução do acervo e logo em seguida a alimentação do AToM com os seus conteúdos, já que o
mesmo possui metadados que permitem a descrição multinível de acervos. Amplia-se, nesse
sentido, pela análise e a consulta realizadas dos procedimentos dos sistemas, a integração de
acervos bibliográficos, arquivísticos, museológicos e as coleções botânicas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Bezerra, Souza de Elivelton(2020) O ICA-AtoM como ferramenta para descrição de documentos
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ESTUDO FITOQUÍMICO BIOMONITORADO DO ÓLEO ESSENCIAL DAS FOLHAS
DE PIPER TUBERCULATUM JACQ. SILVESTRE HELIÓFILAS E CIÓFILAS DO
JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO

Thiago Costa Reis; Graduação em Farmácia, UCB; ingresso na graduação: 01/2018; previsão de
conclusão do curso: 01/2023; ingresso no PIBIC: 09/2021; orientador: Dr. Davyson de Lima
Moreira; coorientador: Jéssica Sales Felisberto

INTRODUÇÃO
O uso de plantas medicinais e produtos de origem natural para o tratamento de diferentes
enfermidades é conhecido desde a antiguidade. Levantamentos científicos mostram que entre os
anos de 5.000 e 2.800 a.C. o homem domesticava animais, cultivava cereais e usava algumas
plantas medicinais. Na China antiga, na época de Shen Nung (por volta de 2000 a.C.) já se
investigava o valor medicinal de centenas de ervas. Dentre as 365 drogas mais usadas durante esta
época estavam o podofilo, o ruibarbo, o ginseng, o estramônio, o cinamomo e a efedrina. Muitas
dessas plantas são usadas ainda hoje (Gottlieb & Mors, 1979; Gottlieb & Kaplan, 1983; Amorozo,
1995).
A família Piperaceae é formada por 5 gêneros e cerca de 4.000 espécies que possuem distribuição
cosmopolita, com boa representatividade na América Central e na América do Sul, ocorrendo
principalmente no México, Panamá, Peru, Costa Rica e de Norte a Sul do Brasil até o Sudeste da
Argentina (Callejas et al., 2020; Yunker, 1972). O Brasil possui aproximadamente 150 espécies
de Piperaceae, sendo que menos de 20% foram investigadas do ponto de vista químico e/ou
farmacológico (Guimarães et al., 1992; Moreira, 1999). A química de Piperaceae tem sido bastante
estudada e baseia-se principalmente nas substâncias isoladas de espécies do gênero Piper L.
(Parmar, 1997; Moreira et al., 1997; Moreira et al., 1999; Antunes et al., 2001; Santos et al., 2001;
Velozo et al., 2006; Valadares et al., 2007; Moreira et al. 2016).
Os óleos essenciais são misturas complexas de substâncias lipossolúveis, voláteis, geralmente
aromáticas e odoríferas (Bizzo et al., 2009). Em geral, a composição química de um óleo essencial
envolve uma ampla gama de substâncias, sendo os terpenoides (monoterpenos e sesquiterpenos) e
fenilpropanoides os constituintes majoritários (Lee & Ding, 2016). Essas substâncias presentes nos
óleos essenciais têm importantes ações biológicas, tais como, antimicrobiana, antioxidante,
citotóxica, inseticida e fungicida (Potzernheim et al., 2006). A família Piperaceae é rica em
monoterpenos e sesquiterpenos. Nesse sentido, torna-se relevante analisar e quantificar esses
metabólitos presentes nas espécies de Piperaceae.

OBJETIVO
Avaliar as plasticidades fenotípicas químicas do óleo essencial das folhas heliófilas e ciófilas de
Piper tuberculatum do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

MATERIAL E MÉTODOS
Coleta
As folhas de P. tuberculatum foram coletadas pelos biólogos Jéssica Sales Felisberto e George de
Azevedo Queiroz, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, localizado na Rua Jardim Botânico
número 1008 - RJ, em 2022. As amostras foram herborizadas e depositadas no Herbário RB do
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). Foram coletadas duas amostras
de um mesmo especimem de P. tuberculatum, sendo essas folhas que cresceram com incidência
de luz solar direta e folhas em sombra.
Preparação do Material Vegetal
Folhas frescas de P. tuberculatum (100 g de cada amostra) foram coletadas as 11:00 da manhã, no
dia 3 de março de 2022. Em seguida, as amostras vegetais foram cominuidas manualmente com
uso de tesoura e submetidas ao método de hidrodestilação em aparelho de Clevenger modificado.
O material triturado foi transferido para um balão volumétrico de fundo redondo de 2L, no qual
foram adicionados 700 mL de água destilada e, em seguida, iniciou-se o aquecimento do balão,
com auxílio de manta aquecedora. O processo de hidrodestilação foi realizado por um período de
2 h, fornecendo assim o óleo essencial das amostras que foram armazenados em vidro âmbar no
freezer a - 20ºC até o momento da análise. As análises foram realizadas na Plataforma Analítica
de Farmanguinhos - FIOCRUZ (RJ).
Análise Cromatográfica
A análise por Cromatografia em Fase Gasosa acoplada à Espectrometria de Massas (CG-EM) foi
feita em equipamento HP Agilent GC 6890 – MS 5973, para aquisição dos espectros de massas.
As condições para análises por CG-EM foram: coluna HP-5MS (30 m x 0,25 mm i.d. x 0,25 μm,
espessura de filme), programação de temperatura de 60 oC a 240 oC, com incremento de 3°C/min
e usando hélio (99,99%) como gás carreador, com fluxo constante de 1,0 mL/min, varredura de
massas entre m/z 40- 600 u.m.a., com energia de impacto de 70 eV, em modo positivo. Foi injetado
1μL da solução de óleo essencial, com temperatura de injetor de 270 °C, sem divisão de fluxo
(splitless).

RESULTADOS
Foram extraídas e analisadas as duas amostras de óleos essenciais das folhas heliófilas e ciófilas
de um especimem de P. tuberculatum, do Jardim botânico do Rio de Janeiro, próximo ao Parque
das Crianças.
As folhas heliófilas estavam expostas a uma intensidade luminosa de 430 lux no dia da coleta, e
temperatura foliar média de 38,3ºC. O rendimento do óleo essencial foi de 1,85 % (p/p). As folhas
ciófilas estavam expostas a uma intensidade luminosa de 350 lux no dia da coleta, e temperatura
foliar média de 31,7ºC. O rendimento do óleo essencial foi de 1,32 % (p/p). Ambos os óleos
apresentaram-se incolores.
A partir da análise das amostras de óleo essencial por CG-EM foi possível identificar as
substâncias produzidas por P. tuberculatum. As substâncias majoritárias na amostra de óleo
essencial heliófilo foram sabineno (37,15%), canfeno (13,33%) e β-cubebeno (7,67%). A amostra
de óleo essencial exposta à sombra demonstrou a presença dos mesmos constituintes majoritários,
com pequena diferença no teor percentual relativo: sabineno (36,03%), canfeno (18,69%) e β-
cubebene (7,48%).

DISCUSSÃO
Com relação ao rendimento, um estudo conduzido por Batista e colbs. (2012) com Piper callosum
Ruiz & Pav. avaliou o teor do óleo essencial de espécimes cultivadas no sol e espécimes cultivados
sobre algum ou total sombreamento. O resultado encontrado pelos autores mostrou que a maior
produção de óleo essencial ocorreu em plantas com 30% de luminosidade, esses resultados diferem
do encontrado na presente pesquisa onde o maior rendimento foi encontrado para folhas em total
exposição ao sol. Outro estudo realizado por Brant e colbs. (2009), avaliou o teor do óleo essencial
de Melissa officinalis L. sob a condição de utilizar malhas fotoconversoras de diferentes cores com
capacidade de encobrir o espécime em 50% de luminosidade, e teve como resultado uma leve
diminuição dos teores totais do óleo essencial, com exceção da malha cor vermelha que aumentou
o teor do constituinte citral. Os resultados registrados pelos autores corroboram os resultados
apresentados na atual pesquisa, pois folhas com menor exposição solar demonstraram menores
teores de rendimento do óleo essencial. Este fato pode estar relacionado com maior taxa
fotossintética e, por consequência, maior biossíntese de metabólitos secundários. Ainda, maior
taxa fotossintética gera mais espécies radicalares que são danosas, por exemplo, às membranas e
núcleo. Maior teor de óleos essenciais podem funcionar como sequestrantes de radicais livres
(Ramos et. al, 2021).
Com relação a composição química dos óleos essenciais de P. tuberculatum, Santana e colbs
(2022) identificaram como substâncias majoritárias os sesquiterpenos β-cariofileno (20,0%), β-
elemene (17,3%) e α-cubebene (17,0%). Essa composição difere da encontrada no presente estudo.
Portanto, esses resultados sugerem um possível quimiotipo ou geotipo ou ecotipo para o espécime
na região do interior do Jardim botânico do Rio de Janeiro. Porém, mais estudos espaciais-
temporais são necessários para permitir alguma afirmação.
Em relação às variações na composição dos óleos essenciais obtidos de folhas de sol e sombra, foi
possível registrar que o monoterpeno canfeno foi a única substância majoritário que teve um
aumento no teor percentual quando em folha ciófila.

CONCLUSÃO
A amostra de óleo essencial com incidência de sol possui um teor percentual de óleo essencial
maior do que a amostra de sombra. Esse dado, se confirmado, é de extrema importância para o
aproveitamento industrial. Além disso, a composição química dos majoritários dos óleos essenciais
não foi diferente, exceto para o canfeno. Análise de dados da literatura em comparação com os
achados nesse trabalho demonstram composição química bastante diferente. Novas investigações
ao longo do tempo (sazonalidade) e do espaço (diferentes locais de coleta) devem ser feitos para
melhor compreensão dessa variação. Sabineno e canfeno são monoterpenos com importantes
atividades biológicas, portanto, além de um enfoque químico-ecológico estudos futuros poderão
levar a medicamentos preparados com o óleo essencial de P. tuberculatum.

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ACTINOSTEMON (EUPHORBIACEAE) NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

Victor Hugo de Aguiar; Graduação em Ciências Biológicas, IFRJ; ingresso na graduação: 2016/02;
conclusão do curso: 2022/01; ingresso no PIBIC: 02/2020; orientador: Dr. José Fernando Andrade
Baumgratz; coorientador: Dr. Josimar Külkamp

INTRODUÇÃO
Euphorbiaceae Juss. s.s. está entre as famílias mais ricas de Angiospermas, com aproximadamente
6.750 espécies, cosmopolita e com centros de diversidade nas regiões tropicais e subtropicais
(Webster 2014; APG 2016) e classificada em quatro subfamílias (Acalyphoideae, Cheilosoideae,
Crotonoideae e Euphorbioideae) e 29 tribos (APG 2016), quase todas com representantes na flora
brasileira (Esser 2012; Webster 2014). A subfamília Euphorbioideae, com base também em
análises moleculares, é composta por três tribos, Euphorbieae, Hippomaneae e Stomatocalyceae,
das quais Hippomaneae é a segunda maior em número de espécies (Wurdack et al. 2005; Webster
2014). No Brasil, a família está representada por ca. 66 gêneros e 976 espécies e posicionada não
só entre as 10 famílias mais ricas em número de espécies, como entre as cinco com maior
porcentagem de endemismos (BFG 2015). A maior riqueza de espécies de Euphorbiaceae
encontra-se no sudeste brasileiro, com ca. 427 espécies, das quais 180 têm registro de ocorrência
no estado do Rio de Janeiro. Actinostemon Mart. ex Klotzsch, da tribo Hippomaneae, é um gênero
Neotropical e ocorre desde as Antilhas até a Argentina. No Brasil está representado por nove
espécies e com ampla distribuição geográfica e registro de ocorrência em quase todos os biomas
brasileiros (Melo & Esser 2022). Para a Amazônia são citadas quatro espécies (A. amazonicus Pax
& K.Hoffm., A. concolor (Spreng.) Müll.Arg., A. klotzschii (Didr.) Pax e A. schomburgkii
(Klotzsch) Hochr.); para a Caatinga, uma (A. concolor), assim como para o Cerrado (A.
concepcionis (Chodat & Hassl.) Hochr.) (Melo & Esser 2022). Com sete espécies, a Mata Atlântica
possui a maior riqueza de espécies do gênero (A. appendiculatus Jabl., A. concepcionis, A.
concolor, A. echinatus Müll.Arg., A. klotzschii, A. roselii L.Oliveira et al. e A. verticillatus
(Klotzsch) Baill) (Melo & Esser 2022). Já para os Biomas Pampa e Pantanal não se tem registros
de Actinostemon até o presente estudo. De acordo com Melo & Esser (2022), os estados mais ricos
em espécies do gênero são Bahia, Paraná e Rio de Janeiro, com cinco registros cada um, podendo
ser encontrado em diferentes tipos de vegetação, como Florestas Ombrófilas e Estacionais
Semideciduais, e também Restingas. O gênero tem se mostrado morfologicamente complexo, com
delimitação dúbia e imprecisa, dificultando a distinção não só com gêneros afins (p. ex.,
Gymnanthes Sw. e Sebastiania Spreng.) como entre os táxons que o compõem, tendo assim um
histórico taxonômico instável devido a combinações frequentes. A carência de estudos revisionais
atualizados, com circunscrições precisas, dificulta as identificações, podendo levar a
determinações errôneas dos espécimes e, consequentemente, o conhecimento impreciso de cada
táxon e do próprio gênero.

OBJETIVO
Realizar o estudo taxonômico de Actinostemon para a flora fluminense, apresentando descrições
morfológicas, chave de identificação e comentários sobre distribuição geográfica, habitats e
formações vegetacionais.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado um levantamento bibliográfico para Actinostemon, com ênfase nas obras originais
dos táxons. Os tipos nomenclaturais foram consultados em coleções físicas e em bancos de dados
virtuais e repositórios dos próprios herbários. Expedições de campo foram realizadas a fim de
melhor compreender a morfologia do grupo no ambiente natural, reconhecer a ecologia das
espécies, coletar espécimes para documentação em herbários, registrar dados georreferenciados e
fotografias. Os espécimes coletados foram herborizados e depositados no acervo do herbário RB.
Foram realizadas análises morfométricas dos espécimes com auxílio de estereomicroscópio,
pinças e paquímetro ou utilizando ferramentas computacionais para aferir medidas dos espécimes
disponíveis em bancos de dados online. Para as descrições morfológicas dos caracteres vegetativos
e reprodutivos foram utilizados os trabalhos de Jablonski (1969), Beentje (2010) e Oliveira et al.
(2015). Para a identificação do material coletado e indeterminados da coleção foram utilizados
obras especializadas, destacando-se os trabalhos de Pax & Hoffmann (1912), Jablonski (1969),
Eymael (2012), Oliveira et al. (2015) e Melo & Esser (2022). Imagens dos herbários virtuais
REFLORA e JABOT também foram analisadas para obtenção de dados, considerando
principalmente os espécimes identificados por especialistas. Para a designação das formações
vegetacionais, foi utilizada a classificação da vegetação proposta por Veloso et al. (1991).

RESULTADOS
São apresentadas descrições para as seis espécies de Actinostemon ocorrentes no estado do Rio de
Janeiro: A. communis, A. concolor, A. echinatus, A. glaziovii, A. klotzschii e A. verticillatus (Fig.
1). Além das descrições, é apresentada uma chave para identificar as espécies aceitas, dados de
distribuição geográfica, habitat, fenologia e comentários sobre tipos nomenclaturais, afinidades
taxonômicas e principais características morfológicas para cada espécie. Características das folhas,
inflorescências, ovário, estigma e frutos se mostram diagnósticas para identificar essas espécies.
Segundo Melo & Esser (2022) Actinostemon concepcionis (Chodat & Hassl.) Hochr. ocorre no
estado do Rio de Janeiro, mas nenhum espécime foi encontrado até o momento, bem como A.
roselii, também ocorrente na Mata Atlântica, mas sem registro para o estado fluminense. Após
análises de espécimes tipo, protólogos e indivíduos em campo considerou-se que A. glaziovii,
tratada como sinônimo de A. concolor, deva ser restabelecida como espécie aceita.

DISCUSSÃO
Este estudo evidencia o Rio de Janeiro como o estado mais rico em espécies de Actinostemon,
seguido por Bahia e Paraná, com cinco espécies cada (Melo & Esser 2022). Devido a grande
quantidade de espécimes indeterminados em coleções de herbários e até mesmo com
determinações errôneas, este número pode ser ainda mais expressivo. As espécies ocorrem
majoritariamente em sub-bosque e borda de mata associada à Floresta Ombrófila Densa montana
e baixo montana, Floresta Estacional Semidecidual e Restinga, corroborando com os dados
apresentados por Esser (2012) e Melo & Esser (2022). Devido à heterogeneidade das formações
vegetacionais encontradas no estado ou por falta de amostragem, as espécies não possuem
distribuição uniforme, com a maioria distribuindo-se na região norte e leste do estado. Mesmo com
o estudo de cunho taxonômico de Jablonski (1969) e Eymael (2012), muitas incongruências com
o Código Internacional de Nomenclatura são encontradas entre os táxons, sendo necessária ainda
a revisão das tipificações de alguns nomes para proceder à respectiva indicação dos tipos
nomenclaturais.
CONCLUSÃO
O estudo mostra que ainda há grande necessidade de estudos taxonômicos para o gênero,
principalmente de explorar uma maior área geográfica do estado, em locais pouco ou ainda não
coletados, como por exemplo a região oeste e sul do estado. Com base nas coleções levantadas e
já analisadas há uma grande falta de coleta de muitas espécies. O estudo evidenciou ainda que há
incongruências nomenclaturais que devem ser corrigidas para atender as regras do Código
Internacional de Nomenclatura Botânica de Algas, Fungos e Plantas. O estudo demonstrou
também a raridade de A. echinatus e A. glaziovii no estado do Rio de Janeiro. Novas coleções de
herbários devem ser analisadas, bem como expedições a campo, a fim de se coletar mais dados e
melhor compreender o padrão de distribuição e ampliar o conhecimento sobre a morfologia do
gênero e das espécies no estado do Rio de Janeiro.

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Figura 1 - A1-H1. Actinostemon communis. A1. Folhas congestas no ápice e fruto. B1. Folha, face adaxial. C1. Folha,
face abaxial. D1. Folhas jovens hirsutas. E1. Folhas jovens hirsutas e catáfilos na base do ramo. F1. Inflorescência
com folhas jovens na base. G1-H1. Frutos. A2-F2. Actinostemon concolor. A2. Folhas alternas. B2. Folha, face
adaxial. C2. Folha, face abaxial. D2. Inflorescências imaturas. E2. Inflorescência estaminada imatura e fruto jovem.
F2. Fruto. A3-G3. Actinostemon echinatus. A3. Folhas alternas. B3. Folha, face adaxial. C3. Folha, face abaxial. D3.
Catáfilos. E3-F3. Fruto. G3. Flor pistilada. A4-H4. Actinostemon glaziovii. A4. Folhas alternas. B4. Folha, face abaxial
e pedúnculo com carpóforo. C4. Pedúnculo com carpóforo. D4. Inflorescência. E4. Porção apical da inflorescência
com flores estaminadas e brácteas. F4. Porção basal da inflorescência com flor pistilada e estaminadas. G4. Fruto. H4.
Flor pistilada. A5-G5. Actinostemon klotzschii. A5. Folhas congestas no ápice e inflorescências terminais. B5. Folha,
face adaxial. C5. Inflorescência. D5. Folha jovem, face adaxial, base da inflorescência. E5. Folha, face abaxial. F5-
G5. Fruto. A6-G6. Actinostemon verticillatus. A6. Folhas pseudo-verticiladas, frutos passados e carpóforos. B6. Folha,
face adaxial. C6. Folha, face abaxial. D6-E6. Inflorescência. F6-G6. Frutos.
SUCESSO REPRODUTIVO EM UMA COMUNIDADE DE PLANTAS POLINIZADAS
POR BEIJA-FLORES DE MATA ATLÂNTICA MONTANA

Matheus Fonseca de Souza; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação:


março/2020; previsão de conclusão do curso: dezembro/2024; ingresso no PIBIC: setembro/2021;
orientador: Leandro Freitas; Coorientadora: Isis Paglia

INTRODUÇÃO
A grande maioria das angiospermas apresenta tanto estruturas reprodutivas femininas quanto
masculinas presentes nas flores, ou seja, são hermafroditas. A maioria dos estudos que avaliam o
sucesso reprodutivo das plantas foca em medidas de fertilidade feminina, como fecundação de
óvulos e produção de sementes (Stanton & Preston 1986, Rathcke 2003). Em contrapartida, poucos
estudos abordam os fatores que influenciam o sucesso reprodutivo do componente masculino
(Muchhala et al. 2010) o qual é principalmente associado a atração de polinizadores, para otimizar
a exportação de pólen (Bateman 1948, Aximoff & Freitas 2010). Uma estimativa métrica que
permite analisar o sucesso reprodutivo é a limitação polínica (LP).
A LP pode ser definida como a deficiência no recebimento de pólen na qualidade ou na quantidade
ideal, ocasionando uma diminuição do sucesso reprodutivo (Ashman et al. 2004). Esse conceito é
majoritariamente associado ao componente feminino do sucesso reprodutivo, porém uma
extrapolação pode ser feita para analisar o sucesso reprodutivo através do componente masculino.
Além desses aspectos, os polinizadores desempenham um papel fundamental no sucesso
reprodutivo, pois eles mediam as interações planta-planta (Arceo-Gómez et al. 2018). Uma vez
que os atributos florais, assim como a época de floração e o recurso oferecido, influenciam a
escolha dos beija-flores das flores a serem visitadas (Feinsinger 1978), a atratividade floral
também é essencial para o sucesso reprodutivo.

OBJETIVO
Estimar o componente masculino do sucesso reprodutivo de espécies de uma comunidade
ornitófila de Mata Atlântica montana, por meio da quantificação de limitação polínica (LP) e de
sua relação com os atributos florais e o sistema de polinização.

MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
A área de campo utilizada para o desenvolvimento do estudo foi o Parque Nacional de Itatiaia
(PNI), localizado na Serra da Mantiqueira, entre os estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Ela
fica inserida no bioma Mata Atlântica. A comunidade de plantas ornitófilas do PNI apresenta um
histórico prévio de estudos, sendo caracterizada por 39 espécies (Canela 2006, Wolowski 2013),
das quais 16 foram amostradas neste estudo.
Procedimentos
A estimativa da LP do componente masculino foi feita a partir da contagem de grãos de pólen de
anteras expostas à visitação e de anteras de flores fechadas. A contagem foi feita manualmente a
partir do preparo e da observação de lâminas em microscópio. Os dados obtidos foram analisados
no software R para determinação da LP, a partir do cálculo de tamanho de efeito (g). Além disso,
correlações foram feitas entre a LP e atributos morfológicos das flores (i.e. tamanho da corola e
altura das anteras), assim como entre a LP masculina e dados de LP feminina da mesma
comunidade do PNI quantificados no estudo de Wolowski et al. (2013), acerca do sucesso
reprodutivo feminino das espécies ornitófilas.

RESULTADOS
As famílias que apresentaram maior produção de pólen foram Bromeliaceae e Gesneriaceae.
Bromeliaceae apresentou 84.916 ± 178.164 (média ± desvio padrão) grãos produzidos, enquanto
Gesneriaceae apresentou 80.835 ± 41.412 grãos produzidos, para as duas espécies amostradas.
Dentre as 16 espécies analisadas, 5 apresentaram ocorrência de limitação polínica no componente
masculino (Figs. 1-2). Uma vez que a LP foi determinada pelo cálculo de tamanho de efeito, essas
cinco espécies apresentaram maiores tamanhos de efeito em comparação com as demais. Ao
correlacionar a LP do componente masculino com os dados de LP do componente feminino, obtida
de Wolowski et al. (2013), observou-se que a relação não foi significativa. A LP também não
apresentou relação com atributos florais, como tamanho de corola e altura das anteras.

DISCUSSÃO
A ocorrência de LP na comunidade ornitófila do PNI é diferente entre os componentes masculino
e feminino do sucesso reprodutivo. Dentre as 16 espécies amostradas neste estudo, cinco
apresentaram ocorrência de LP no componente masculino (31,2%), o que não representa um valor
alto quando comparado a ocorrência LP no componente feminino em comunidades (Wolowski et
al. 2013, Bennett et al. 2019). A forma que cada componente contribui com o sucesso reprodutivo
varia de acordo com as pressões evolutivas que atuam sobre eles, pois elas induzem tanto o
componente masculino quanto o feminino a exercerem pressões seletivas sobre os caracteres
florais (Campbell 1989). Essas pressões seletivas, por sua vez, são distintas e podem ocorrer em
sentidos opostos (Bateman 1948). A diferença na forma de contribuição entre os componentes
masculino e feminino do sucesso reprodutivo pode justificar a ausência de correlação entre a LP
masculina e feminina, uma vez que os componentes podem não estar correlacionados por
apresentarem formas de compensação diferentes para o sucesso (Bateman 1948).
Os atributos florais e as características morfológicas da flor influenciam a escolha dos
polinizadores em relação a quais flores serão visitadas para obtenção de recursos, portanto há uma
influência direta da morfologia floral no sucesso reprodutivo (Waser & Price 1981, Wolowski et
al. 2013). Apesar disso, a LP masculina não apresentou correlação com os atributos florais
analisados (tamanho da corola e altura da antera), o que indica que não são esses os aspectos
relacionados à ocorrência de LP na comunidade. Esses resultados sugerem que a morfologia floral,
apesar de essencial para a polinização (Wolf 1970, Stiles 1975, Feinsinger 1978, Brown & Bowers
1985), não é evidenciada como um dos fatores de ocorrência de limitação polínica em ambos os
componentes do sucesso reprodutivo.

CONCLUSÃO
Observou-se que a abrangência de LP no componente masculino é menor do que o observado para
o componente feminino. Buscou-se avaliar se a LP masculina apresentava relação com a LP
feminina, apesar dos sucessos masculino e feminino geralmente estarem negativamente
relacionados (Bertin 1982, Campbell 1989), e não se obteve relação significativa entre elas. A LP
masculina também não apresentou relação com os atributos florais analisados, mesmo estes
participando da atratividade floral, cujo componente masculino investe seus recursos (Aximoff &
Freitas 2010).
Os resultados obtidos a partir deste trabalho reforçam a importância de avaliar o componente
masculino do sucesso. Eles também demonstram que estudos envolvendo outras características
ecológicas e biológicas são necessários para uma maior compreensão da limitação polínica no
componente masculino na comunidade ornitófila do PNI.

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Figura 1: Gráfico de dispersão da limitação polínica do componente masculino das espécies da
comunidade do PNI amostradas no estudo, de acordo com seus respectivos tamanhos de efeito. Os
valores foram representados por média e intervalos mínimo e máximo. O nome das espécies foi
abreviado.

Figura 2: Espécies que apresentaram ocorrência de LP no componente masculino, (a) Nidularium


itatiaiae, (b) Staurogyne itatiaiae (c) Nematanthus crassifolius, (d) Nemathanthus lanceolatus.
PIPERACEAE DA SERRA DO MENDANHA, RIO DE JANEIRO, BRASIL

Larissa Cristina Castro da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, Universidade Castelo Branco
(UCB); ingresso na graduação – 07/2016; previsão de conclusão de curso – 2022.2; ingresso no
PIBIC – outubro/2020; orientador: Drª Elsie Franklin Guimarães.

INTRODUÇÃO
A família Piperaceae Giseke inclui cerca de 4.300 espécies distribuídas em cinco gêneros: Manekia
Trel., Peperomia Ruiz & Pav., Piper L., Verhuellia Miq. e Zippelia Blume (Callejas, 2020).
Apresenta distribuição pantropical, ocorrendo em ambos os hemisférios, tendo Peperomia e Piper
como os dois maiores gêneros da América (Cronquist, 1981). O Brasil apresenta uma diversidade
de Piperaceae com 3 gêneros (Manekia, Peperomia e Piper) e 459 espécies, com mais da metade
destas (289) endêmicas do país (Guimarães et al., 2020). Essas espécies se distribuem
principalmente pelos domínios fitogeográficos da Amazônia e Mata Atlântica, sendo este último
o mais rico com 288 espécies já registradas (Guimarães et al., 2020). O estado do Rio de Janeiro
se destaca quanto à diversidade da família sendo o mais rico do país com 182 espécies ocorrentes
em seu território (Guimarães et al., 2020). As Piperaceae são ervas, lianas, arbustos ou pequenas
árvores, aromáticas, glabras ou com indumento variado e dotadas de glândulas. As folhas são
alternas, opostas ou verticiladas, simples e inteiras com forma, consistência, tamanho e padrão de
nervação diversos. As flores são mínimas e reunidas em espigas ou umbelas de espigas terminais,
axilares ou opostas às folhas, de coloração alva, verde, alvoamarelada, amarronzada ou rósea. Os
estames são geralmente em número de dois a seis, livres e o gineceu é unilocular, uniovulado, com
um a quatro estigmas, podendo apresentar ou não um estilete. O fruto é uma baga com uma
semente de endosperma escasso e embrião diminuto (Callejas, 2001; Steyermark, 1984).

OBJETIVO
Realizar o tratamento florístico da família na Serra do Mendanha, fornecendo dados sobre sua
taxonomia, distribuição, chaves analíticas para as espécies, acompanhadas por fotografias.

MATERIAL E MÉTODOS
A Serra do Mendanha (22º 48'-22º 51' S e 43º 28'-43º 31' W) está localizada no Maciço Madureira-
Mendanha, que compreende as Serras do Gericinó, Madureira, Marapicu e Mendanha. Dois
parques municipais estão inseridos em seus limites, o Parque Natural Municipal da Serra do
Mendanha (PNMSM) que se localiza na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Para a execução
deste trabalho, foram realizadas saídas a campo nos meses de setembro e outubro de 2020, contudo,
devido ao contexto da pandemia ainda vigente naquele ano, não foi possível dar continuidade às
coletas em campo. Estas foram retomadas em novembro, dezembro, janeiro e março de 2021/2022.
Nas saídas a campo, foi utilizado o método de caminhamento (Filgueiras, 1994) para coleta de
exemplares botânicos. As espécies estão sendo identificadas mediante a consulta à bibliografia
especializada como os trabalhos de Yuncker (1972, 1973, 1974), Ichaso et al. (1977), Guimarães
& Monteiro (2006, 2007, 2009) e Queiroz (2017), e também em conjunto com a orientadora do
trabalho, Elsie Guimarães, e demais colegas de laboratório. O levantamento de caracteres e
utilização de termos específicos da família tem por base nos trabalhos já realizados em Piperaceae
para o estado do Rio de Janeiro (Guimarães & Monteiro 2006, 2007, 2009; Queiroz, 2017). Para
a mensuração dos espécimes, tem sido utilizado microscópio estereoscópico, paquímetro e pinças.
A grafia e autoria dos nomes científicos seguem listados conforme a Flora do Brasil 2020
(Guimarães et al., 2020). Os dados referentes à distribuição geográfica estão sendo obtidos através
de observações de campo e de literatura específica, além da Flora do Brasil 2020 (Guimarães et
al., 2020). É fornecida uma chave dicotômica para a identificação dos gêneros registrados segundo
seu hábito. Chaves para o reconhecimento das espécies serão fornecidas ao final do processo de
mensuração e descrição das mesmas.

RESULTADOS
Até o momento, foram registrados dois gêneros e 30 espécies. Dentre estas espécies, dez pertencem
ao gênero Peperomia e vinte, a Piper. Peperomia alata Ruiz & Pav, P. arifolia Miq., P. blanda
var. pseudodindygulensis (C. DC.) Yunck., P. corcovadensis Gardner, P. elongata Kunth, P.
incana (Haw.) Hook., P. nitida Dahlst., P. pellucida (L.) Kunth., P. rubricaulis (Nees) A.Dietr., P.
urocarpa Fisch. & C.A.Mey., Piper aduncum L., P. amalago L., P. amplum Kunth., P. anisum
(Spreng.) Angely., P. arboreum. var. arboreum., P. arboretum var. hirtellum Yunck, P. cernuum
Vell., P. coccoloboides Kunth., P. corcovadensis (Miq.) C.DC., P. divaricatum G.Mey., P.
gaudichaudianum Kunth., P. goesii Yunck., Piper hoffmannseggianum Roem. & Schult., P.
lepturum var. angustifolium (C. DC.) Yunck., P. mollicomum Kunth., P. piliovarium Yunck., P.
pubisubmarginalum Yunck., P. rivinoides Kunth., P. umbellatum L., P. vicosanum Yunck. Onze
espécies são endêmicas da Mata Atlântica e doze são consideradas endêmicas do Brasil. São
descritas neste trabalho onze espécies, Peperomia blanda var. pseudodindygulensis (C. DC.)
Yunck., P. rubricaulis (Nees) A.Dietr., Piper amalago L., P. amplum Kunth, P. anisum (Spreng.)
Angely, P. arboreum var. hirtellum Yunck, P. gaudichaudianum Kunth., P. hoffmannseggianum
Roem. & Schult, P. lepturum var. angustifolium (C. DC.) Yunck, P. mollicomum Kunth, P.
vicosanum Yunck.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Nacional Autónoma de México, Missouri Botanical Garden Press, and the Natural History
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Yuncker, T. G. 1974 The Piperaceae of Brazil III – Peperomia: Taxa of uncertain status.
Hoehnea, 4: 71-413.
DISTRIBUIÇÃO POTENCIAL DE AGARISTA (ERICACEAE) EM CAMPOS DE
ALTITUDE COM USO DE VARIÁVEIS EDAFOCLIMÁTICAS

Angélica de Oliveira Silva; Graduação em Ciências Ambientais, UNIRIO; ingresso na graduação:


03/2016; previsão de conclusão do curso: 01/2023; ingresso no PIBIC: 09/2020; orientador:
Leandro Freitas

INTRODUÇÃO
As montanhas desempenham um papel fundamental na determinação climática (Perrigo et al.
2019).
No Brasil, alguns ambientes de montanha são denominados, por suas características
fitogeográficas, campos rupestres e campos de altitude (Vasconcelos 2011). São domínios
reconhecidos por serem grandes centros de endemismo e diversidade da flora neotropical e se
encontram dispersos nas partes mais elevadas da região Leste: Cadeia do Espinhaço, Serra do Mar
e Serra da Mantiqueira (Safford 1999). Campos rupestres e de altitude podem ser diferenciados
por elevação do terreno, período geológico, e formação rochosa. Por linhas gerais, em relação às
fitofisionomias, as do topo da Cadeia do Espinhaço estão em campos rupestres caracterizados por
serem paisagens transicionais entre Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica, já aquelas das Serras do
Mar e da Mantiqueira são entendidas como campos de altitude circunscritos em Mata Atlântica
(Vasconcelos 2011). As características litológicas influenciam diretamente a composição e a
heterogeneidade dos solos, e este fatores estão linearmente interligados com a diversidade das
espécies de plantas, e também a sua distribuição (Antonelli et al. 2018; Zuquim et al. 2019).
Campos de Altitude e Rupestres são os centros de diversidade para o gênero Agarista, pertencente
a Ericaceae e sendo um importante expoente da diversidade Neotropical desta família. Há ampla
literatura sobre a relação de gêneros de Ericaceae e atributos do solo, em especial microbiota do
solo, como fungos micorrízicos (Luteyn, 1995).
Posto isto, e por ter em conta que as áreas de Campos são bastante sensíveis às alterações climáticas
(Assis & Mattos 2016), que estes são os habitats característico do gênero Agarista que manifesta
diferentes padrões de distribuição, por vezes espécies restritas, por vezes espécies com grande
amplitude de distribuição, seria valioso o melhor entendimento da relação biogeográfica deste
gênero. Para tanto, uma das mais adequadas ferramentas são os modelos de distribuição potencial
de espécies (Richardson 2012). Muitos autores recomendam a integração de variáveis edáficas às
variáveis climáticas em modelos de distribuição com vistas a estudos paleobiogeográficos,
conservacionistas, e preditivos em relação à distribuição potencial face às mudanças climáticas
(Dubuis et al. 2013, Thuiller 2012, Velazco et al. 2017).

OBJETIVO
Comparar modelos de distribuição potencial de espécies usando apenas variáveis climáticas e
usando variáveis climáticas em conjunto com atributos edáficos, com vistas a avaliar o
desempenho dos destes no entendimento da biogeografia de Agarista.

MATERIAL E MÉTODOS
Preparação para modelos
Foram selecionadas apenas as espécies com dados de ocorrência nas regiões leste e central do
Brasil. Resultando em um banco final com 975 pontos de ocorrência para as 21 espécies.
Variáveis cenopoéticas
Foram usadas variáveis de solo e clima, totalizando 11 variáveis. Climáticas: temperatura (bio1) e
precipitação (bio12) obtidas junto à base de dados WorldClim (Fick & Hijmans 2017). Edáficas:
nitrogênio, carbono orgânico, capacidade de troca catiônica (CTC), pH em água; densidade, areia,
silt, argila e fração grosseira.Os dados foram obtidos na base de dados ISRIC em World Soil
Information Service (WoSIS) (Batjes et al. 2019), apresentam-se em resolução de 30”(≅1.000 m²).
Modelos
Gerados no programa Rstudio (Rstudio Team 2021) por meio do pacote sdm (Naimi & Araújo
2016). Foram segmentados para cada uma das espécies, um modelo continha todas as variáveis, e
no outro modelo, apenas as climáticas. Foram escolhidos cinco algoritmos para gerar modelos:
GLM, BIOCLIM, BRT, RBF. Para geração dos modelos, os dados foram segmentados em
treinamento e validação, contendo respectivamente 70% e 30% dos pontos de ocorrência, e geradas
cinco replicações para cada algoritmo por meio do método subsample. Para a validação dos
modelos, optou-se por construir um modelo de consenso contendo as cinco replicações geradas
pelo algoritmo com maior percentual de precisão por meio de habilidade estatística verdadeira
(TSS).

RESULTADOS
Entre os modelos selecionados, os que apresentaram melhores resultados foram os de método de
aprendizado de máquina: BRT e RBF. Das 20 espécies cujos modelos foram gerados com sucesso,
foi possível observar a diferença entre aqueles gerados com o pool de variáveis contendo dados de
solo e os que continham, somente, as variáveis climáticas de temperatura e precipitação,
considerando o índice de TSS, escolhido para avaliar a qualidade dos modelos. Para 17 espécies
se destacam modelos considerados muito bons, com índice de TSS > 0,9 e modelos bons, com
índice de TSS > 0,8 (Fig. 1). Análises de componentes principais com todas as variáveis
disponíveis, possibilitaram observar a contribuição das variáveis de solo nos modelos, por exemplo
nas espécie A. eucalyptoides, A. pulchella e A. chapadensis (Fig. 2) onde o redimensionamento
das múltiplas variáveis para duas dimensões é capaz de explicar respectivamente 75.9% da
variação nos dados, 75.8% e 72.4%.

DISCUSSÃO
A escolha do algoritmo, BRT, para este trabalho se deu em função de obter um melhor desempenho
de um modelo a partir do ajuste de vários modelos de técnicas combinadas, no caso árvore de
regressão e impulsionamento a partir de processos estocáticos para melhorar o comportamento
preditivo (Elith et al. 2008). Atributos químicos e físicos do solo são de importância fundamental
na estruturação de habitats e na influência da distribuição das plantas, embora não sejam
largamente utilizados modelos de distribuição (Dubuis et al. 2012, Thuiller 2013). Os resultados
apresentados neste trabalho, de modelos de distribuição para espécies de Agarista no Brasil,
demonstram que o conjunto de preditores com variáveis edáficas tem 70% a mais de índice TSS
com performance acima de 0,8, ou seja, os modelos se evidenciam mais acurados.
Como os modelos foram gerados individualmente para cada espécie, as variações nas
contribuições das variáveis edáficas seguem as características dos ambientes, como é possível
notar na influência dos atributos densidade, fração grosseira nos modelos de A. pulchella, cuja
distribuição ocorre especialmente em afloramentos rochosos e também em floresta de galerias, ao
longo de margens de rios (Luteyn 1995); bem como nos atributos de pH-H2O, areia, argila e CTC
nos modelos de A. chapadensis, espécie característica da Cadeia do Espinhaço (Luteyn 1995),
cujos solos apresentam alta acidez e capacidade de troca de alumínio (Benites et al. 2003).
Cabe ressaltar, que os modelos gerados podem ser aprimorados. A intenção é que os modelos
sejam usados como meio para o entendimento da distribuição das espécies de Agarista, a relação
das espécies com o seu meio e as características entre os seus centros de diversidade e suas
características abióticas.

CONCLUSÕES
Atentando para o potencial de contribuição dos atributos de solo em modelos de distribuição, vale
colocar em perspectiva a continuidade desta pesquisa com vistas a preencher algumas lacunas, tais
como: realizar matrizes de correlação entre as variáveis, para melhor entender os modelos;
adicionar variáveis topográficas, bem como de influência de radiação solar e vento, já que são
elementos de considerável influência para campos de altitude.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Fig 1- Representação gráfica das respostas dos modelos a entrada das variáveis de solo e o incremento do índice de avaliação
de TSS.

Fig 2- Modelos de distribuição comparativos para espécie A.chapadensis.


FLORIVORIA E VISITANTES FLORAIS EM TACINGA INAMOENA (K.SCHUM.)
N.P.TAYLOR & STUPPY NA COLEÇÃO EX-SITU DO CACTÁRIO DO JARDIM
BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO

Ricardo Maximo Tortorelli; Graduação em Ciências Ambientais, UNIRIO; ingresso na graduação:


08/2017; previsão de conclusão do curso: 08/2022; ingresso no PIBIC: 09/2021; orientadora:
Ariane Luna Peixoto; coorientador: Diego Rafael Gonzaga

INTRODUÇÃO
Florivoria consiste em qualquer tipo de dano causado por um consumidor aos botões florais ou
flores maduras antes do desenvolvimento dos frutos e sementes, incluindo danos às brácteas,
sépalas, pétalas, estames e pistilos, bem como pólen e óvulos (Burgess 1991). Pode afetar
negativamente o sucesso reprodutivo das plantas por danos às estruturas sexuais ou alterando a
atratividade das flores para polinizadores (Cascante-Marín et al. 2009; Carper et al. 2016) e taxas
de formação de frutos. Visitantes florais são todos os animais que buscam nas flores recursos
alimentares, como pólen e néctar para si ou para sua prole. Uma mesma planta pode receber uma
grande variedade de visitantes, porém, nem todo visitante floral é um polinizador efetivo (Alves-
Dos-Santos et al. 2016). Tacinga Britton & Rose é um gênero de Cactaceae, da subfamília
Opuntioideae, e possui oito espécies, todas nativas do território brasileiro, sendo distribuídas desde
o estado do Piauí até Minas Gerais, na região Leste do país (Zappi & Taylor 2022). Dentre as
espécies do gênero, destacamos Tacinga inamoena (K.Schum.) N.P. Taylor & Stuppy, objeto deste
estudo. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) está inserido no bioma da Mata Atlântica,
apresenta grande riqueza de flora, nativa e exótica, e diversos animais livres que compõem a
ecologia do espaço. Tropidurus Wied-Neuwied é um gênero contendo 23 espécies de lagartos
nativos da América do Sul, encontrados desde a Venezuela até o norte da Argentina (Carvalho
2013). Tropidurus torquatus (Wied-Neuwied, 1820) é uma espécie com hábitos diurnos e
oportunistas, ocupando diversos ambientes, desde solos arenosos, florestas tropicais e
afloramentos rochosos, habitando áreas da Venezuela até a Argentina, comuns na costa leste e
cerrado brasileiros (Rodrigues 1987).

OBJETIVO
O presente estudo objetivou quantificar e classificar os danos causados às flores e os registros dos
visitantes florais em indivíduos de Tacinga inamoena (Cactaceae) oriundos do município de Grão
Mogol, Minas Gerais, cultivados no canteiro 24 da coleção ex-situ do Cactário do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro, onde florescem e frutificam anualmente.

MATERIAL E MÉTODOS
O Cactário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro compreende uma coleção de plantas nativas e
exóticas, com cerca de 5200 espécimes pertencentes a 430 espécies, entre cactos e suculentas.
Destas cerca de 230 são de espécies da família Cactaceae. Das espécies brasileiras na coleção, o
maior volume vem do sudeste do Brasil, principalmente dos estados de Minas Gerais e Rio de
Janeiro, com destaque para as serras do Espinhaço e da Mantiqueira (Gonzaga & Reis 2019).
Para o estudo com os indivíduos de Tacinga inamoena foram realizados acompanhamentos e
contagens das flores, verificação de danos nas mesmas e fotografias diárias, no período da manhã,
durante e após a antese, para registros de eventos de florivoria e visitação floral. Algumas flores
danificadas foram ensacadas e acompanhadas, a fim de verificar se os frutos seriam formados. Os
indivíduos foram acompanhados de maio de 2021 até julho de 2022, e os danos às flores foram
classificados em quatro categorias: D1- segmentos do perianto parcialmente consumidos; D2-
segmentos do perianto totalmente consumidos; D3- segmentos do perianto totalmente consumidos
e gineceu e androceu parcialmente consumidos; D4- segmentos do perianto, gineceu e androceu
totalmente consumidos. Os danos foram analisados ao fim do período de observação de cada dia.
A observação e registros fotográficos ocorreram a uma distância de 3 a 3,5 m dos indivíduos,
utilizando câmeras Nikon, modelo Colpix 520 e Canon 80d, lente Sigma 600mm, nos dias de
floração no período da manhã e tarde, desde o início da antese até o fechamento das flores (07:30h
- 14:00h, aprox.), resultando num total de 110 horas de observação. Foram realizadas contagens
semanais após o término da floração, com o objetivo de aferir quantas flores obtiveram sucesso
em formar frutos. O mapa da área de distribuição nativa de Tacinga inamoena in-situ foi produzido
através do programa ArcGIS (V.10.8), em seu módulo ArcMAP (ESRI, 2016). Os pontos de
registros utilizados da espécie foram obtidos de exsicatas dos bancos de dados online SpeciesLink
e Reflora.

RESULTADOS
Foram registradas visitas florais de sete táxons de abelhas, cinco de borboletas, três de moscas e
uma de beija-flor. Dois táxons de abelhas foram responsáveis pelo maior número de visitas:
Trigona sp. com 68 visitas e Augochlora sp. com 45 visitas (Tab. 1). O período de floração ocorreu
de agosto a setembro de 2021, durante 31 dias, totalizando 79 flores, das quais 26 foram
danificadas (21 casos classificados como D1 e cinco como D3) por lagartos da espécie Tropidurus
torquatus (Fig. 1), que preferiam flores localizadas mais próximas ao solo, e saltavam (Fig. 1 B,E)
e escalavam (Fig. 1 A,C) para alcançar as mais altas. O desenvolvimento dos frutos foi
acompanhado desde a formação (outubro de 2021) até próximo da maturação, tendo ocorrido em
aproximadamente 10 meses. Das 79 flores, 72 formaram frutos, tendo esses números apresentado
queda mensal até março, quando 61 frutos se mantinham.

DISCUSSÃO
Tacinga inamoena é uma espécie conhecida na literatura como sendo ornitófila, tipicamente
polinizada por diferentes espécies de beija-flores (Quirino 2006; Lambert 2009; Las-Casas 2009),
e em nosso estudo foram registradas apenas cinco visitas realizadas por beija-flores da espécie
Thalurania glaucopis durante todo o período de observação, comparado com 136 visitas de abelhas
(solitárias e sociais), que se destacaram por terem sido o maior grupo de visitantes florais. Isso
demonstra que, possivelmente, beija-flores não sejam os principais polinizadores da espécie na
coleção do Cactário do JBRJ, fora de seu habitat natural. Costa (2021) ainda observou no bioma
da Caatinga a visita de duas espécies de beija-flores, três de borboletas e apenas uma de abelha
(Trigona sp.). Nesta pesquisa observamos uma maior diversidade de abelhas (sete) e borboletas
(cinco), além de três espécies de moscas, mas apenas uma espécie de beija-flor. Paixão e
colaboradores (2021) no estudo sobre florivoria de T. inamoena em seu habitat natural pelo lagarto
Tropidurus hispidus (Spix, 1825) reportaram casos de consumo total de flores, incluindo o
pericarpelo. Em nosso estudo, não foi registrado consumo de pericarpelo, possivelmente por se
tratar de outra espécie de lagarto, com diferente morfologia da espécie encontrada aqui, assim
como a fartura de recursos alimentares presente no JBRJ, o que não ocorre facilmente na Caatinga.
CONCLUSÃO
Em nosso estudo, mesmo com danos causados por florivoria e raras visitas de beija-flores, uma
grande porcentagem de flores formou frutos, deixando em evidência a necessidade de investigação
mais aprofundada sobre a biologia reprodutiva da espécie.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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floral é um polinizador? Rodriguésia. 67(2): 295-307.
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<https://desktop.arcgis.com/en/arcmap/latest/map/main/mapping-and-visualization-in-arcgis-
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Lambert, S.M. (2009). Tacinga, the hummingbird pollinated prickly pear. Cactus and Succulent
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Las-Casas, F. M. G. (2009). Guildas de beija-flores (Aves: Trochilidae) em uma área de Caatinga,
no Estado de Pernambuco. Tese de Mestrado, Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
Paixão, V.H.F., Gomes, V.G.N. & Venticinque, E. M. (2021). Florivory by lizards on Tacinga
inamoena (K.Schum.) N.P.Taylor & Stuppy (Cactaceae) in the Brazilian Caatinga. Biota
Neotropica. 21(2): e20201109.
Quirino, Z.G.M. (2006). Fenologia, síndromes de polinização e dispersão e recursos florais de uma
comunidade de Caatinga no cariri paraibano. Tese de Doutorado, Universidade Federal de
Pernambuco, Recife.
Tabela 1- Visitantes florais registrados no período de observação.

Espécie Número de visitas


Plebeia sp.1 1
Plebeia sp.2 1
Trigona sp. 68
Augochlora sp. 45
Euglossa sp. 1
Tetragonisca angustula 19
Xylocopa sp. 1
Ascia monuste 8
Strymon sp. 1
Hermeuptychia 1
Hesperiidae 2
Phoebis sp. 1
Diptera (sp.1) 1
Diptera (sp.2) 1
Diptera (sp.3) 1
Thalurania glaucopis 5

Figura 1- Florivoria por Tropidurus torquatus em indivíduos de Tacinga inamo


BASE DE DADOS DA LONGEVIDADE FLORAL NAS ANGIOSPERMAS

Victor Manuel de Jesus Conde Pereira; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na
graduação: 02/2020; previsão de conclusão do curso: 12/2025; ingresso no PIBIC: 02/2022;
orientador: Pedro Joaquim Bergamo

INTRODUÇÃO
A longevidade floral mede o tempo que uma flor permanece aberta e funcional, do momento de
sua antese até a senescência. Esse é um importante atributo ecológico da planta para estudar e
entender o processo de interação da mesma com o resto do ambiente, pois ele é um dos fatores
determinantes da probabilidade de visitas de polinizadores que uma flor pode receber. Entretanto,
a longevidade floral "ótima" proposta por Ashman & Schoen (1994) consiste em uma demanda
conflitante entre o custo da planta produzir uma nova flor e o custo de se manter uma flor existente.
A longevidade floral varia de acordo com cada espécie, uma vez que possivelmente, está
relacionada com suas características morfológicas, de habitat, tipos de sistemas reprodutivos e
outros atributos.

OBJETIVO
Entender como diversos atributos poderiam influenciar na longevidade floral "ótima" nas
angiospermas ao redor do mundo.

MATERIAL E MÉTODOS
Foram coletados através da base de dados GloPL, informações de diversas espécies de
angiospermas pelo mundo. Ao total foram 154 espécies analisadas e o único critério escolhido foi
se o artigo de cada espécie possuía ou não os dados de longevidade floral. Para isso, os seguintes
atributos e suas hipóteses foram testados: volume do néctar, sendo que volume maior geraria um
custo energético alto para manter a flor e por isso ela seria menos longeva, ou alternativamente,
um volume maior significa que a planta teve um grande investimento naquela flor, então seria
menos custoso mantê-la ao criar uma nova. Para o hábito, esperávamos que plantas lenhosas
deveriam possuir flores mais duradouras que plantas herbáceas por serem mais resistentes e
duráveis. Já quanto a simetria floral, sabe-se flores zigomorfas tendem a ser mais específicas
quanto ao seu polinizador, devendo manter suas flores abertas por mais tempo para ter mais
probabilidade de ser visitada por um polinizador em comparação a flores actinomorfas. Por fim,
também testamos a dependência de polinizadores, esperando que flores dependentes de
polinizador devem ter uma maior longevidade floral que as auto-férteis, pois dependem que os
polinizadores encontrem a flor e de maior quantidade de visitas possíveis para aumentar a chance
de ser polinizada. Os dados coletados foram analisados com o programa R, utilizando ANOVA,
Poisson e Binomial Negativa.

RESULTADOS
Três dos parâmetros testados (volume de néctar, hábito e simetria floral) não tiveram relação com
a longevidade floral em nenhuma das distribuições testadas. Entretanto, a dependência de
polinizadores correspondeu a hipótese testada usando a distribuição binomial negativa. Neste caso,
espécies dependentes de polinizadores apresentaram flores mais longevas que espécies autoférteis.
DISCUSSÃO
Diversos dos atributos testados não afetaram a longevidade floral em uma escala global. Porém, a
importância desses atributos ainda não deve ser descartada, visto que, talvez parâmetros abióticos
que não foram testados neste trabalho possam também estar afetando a longevidade floral.
Portanto, um novo estudo em escala de comunidade pode ser mais adequado, para tentar padronizar
fatores abióticos e novamente testar hipóteses quanto a fatores bióticos. De modo geral, nossos
resultados já apontam um fator biótico importante, a dependência de polinizador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrén H (1994 Ashman TL & Schoen DJ (1994) How long should flowers live? Nature 371:
788–791. doi:10.1038/371788a0
REVISITANDO AS COLEÇÕES TEMÁTICAS DO JBRJ: COLEÇÃO DE SOMBRA

Maria Izabel Ramalho de Oliveira; Graduação em Ciências Biológicas, PUC-RIO; ingresso na


graduação: 08/2018; previsão de conclusão do curso: 08/2024; ingresso no PIBIC: 08/2020;
orientador: Claudine M. Mynssen.

INTRODUÇÃO
Os jardins botânicos são instituições que documentam coleções de plantas vivas com o propósito
de realizar pesquisas científicas, conservá-las, além de expô-las ao público com o objetivo de
educar a população (BGCI 2019 - Botanical Gardens Conservation International). De acordo com
o BGCI, entidade internacional que agrega os jardins botânicos de mais de 100 países, dentre os
critérios criados para definir um jardim botânico, está a ênfase na conservação de espécies raras e
ameaçadas, atendendo às políticas internacionais de conservação, sustentabilidade e ética. Os
jardins botânicos de países tropicais mantêm um terço das espécies da flora consideradas
ameaçadas de extinção (Costa et al. 2016). O Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), criado
em 1808 com o intuito de aclimatar e cultivar especiarias, se tornou um centro de pesquisas
comprometido com as Estratégias Globais para Conservação de Plantas (GSPC - BGCI, 2019). A
ampliação e organização dessas coleções contribuem para conservação (Costa & Bajgielman
2016). Este estudo trata das samambaias e licófitas que estão organizadas na coleção ex situ do
JBRJ. Foram feitas novas coletas, a identificação de espécies, a contabilização de amostras do
Horto Florestal e a produção de textos informativos sobre as espécies presentes na estufa do Mestre
Valentim para serem associados a QRcodes das placas dos espécimes.

OBJETIVO
Promover a manutenção da coleção de samambaias através da coleta de novos exemplares, fazer
a identificação, o registro fotográfico das amostras e produzir textos sobre as espécies para serem
associados aos QRcodes.

MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
Esse estudo se concentrou no Horto Florestal do JBRJ, na Estufa Mestre Valentim e em trilhas
adjacentes à Escola Nacional de Botânica Tropical.
Procedimentos
A atualização de dados foi feita a partir de visitas semanais, os espécimes da estufa do Horto
Florestal e do Mestre Valentim, foram identificados e contabilizados. Foi realizada uma excursão
nas adjacências da estufa, os espécimes coletados foram acondicionados em sacos de coleta, com
parte do substrato, uma duplicata foi herborizada e incorporada ao herbário RB. Foi preenchido
planilha de campo contendo informações do habitat da planta, entre outras informações. No
laboratório, os espécimes foram identificados com auxílio de microscópio estereoscópico e
bibliografia específica. Após o período de quarentena e aclimatação na estufa de sombra do Horto
Florestal e os dados foram tabulados em tabela de Excel e inseridos no banco de dados do JABOT
RBvs. As espécies identificadas e presentes na estufa Mestre Valentim foram pesquisadas para a
elaboração de textos adicionados a QRcodes localizados nas placas de identificação.
RESULTADOS
Atualmente no Horto Florestal há 187 amostras representando 17 famílias, incluindo samambaias
(15) e licófitas (2). A coleção tem 62 espécies pertencentes a 32 gêneros, sendo 51 ocorrendo na
Mata Atlântica. As famílias mais ricas em número de espécies são Pteridaceae (11), Aspleniaceae
(10) Athyriaceae (10) (Tabela 1). Os gêneros com maior riqueza específica foram: Asplenium (10),
Diplazium (9) e Campyloneurum (5) (Fig. 1). Verificou-se 4 espécies classificadas com algum
nível de ameaça de risco de extinção: Adiantum mynsseniae J.Prado, Doryopteris rediviva Fée,
Asplenium campos-portoi Brade e Anemia blechnoides Brade. Foram incluídos 30 espécimes
provenientes de coleta. Foram reconhecidas três espécies de samambaias consideradas invasoras
ou oportunistas por crescerem em quase todos os vasos dos espécimes: Serpocaulon triseriale
(Sw.) A.R.Sm., Macrothelypteris torresiana (Gaudich.) Ching e Deparia petersenii (Kunze)
M.Kato. A atualização dos dados da estufa Mestre Valentim indica 29 espécies pertencentes a 15
famílias, havendo aumento de 38% no número de espécies.

DISCUSSÃO
Um terço dos jardins botânicos do mundo estão localizados em áreas definidas como hotspots de
biodiversidade (BGCI, 2019). O JBRJ está localizado em uma área de Mata Atlântica, considerada
hotspot e manter suas coleções de samambaias e licófitas atualizadas viabiliza o planejamento para
inclusão de novas espécies de Mata Atlântica. Os nossos resultados indicam um crescimento após
um ano em número de amostras pela replicação dos espécimes já existentes nessa coleção viva ou
por novas coletas (3 famílias, 6 gêneros e 10 espécies). Os bancos de dados são aliados na
conservação, facilitando que a instituição demonstre o que há conservado e quais as lacunas na
conservação, facilitando financiamentos que possam auxiliar nas atividades. (Westwood et al.,
2020). Ter um espaço de quarentena para os espécimes novos coletados foi essencial para que o
banco de dados JABOT - RBvs não ficasse desatualizado por informações de amostras não se
aclimatizaram e que teriam de ser excluídas da base.

CONCLUSÃO
Podemos então evidenciar a importância da atualização e resgate de informações sobre as espécies
tratadas e presentes no jardim, desde sua fundação, permitindo criar estratégias de conservação
que possam impactar a sociedade e o meio ambiente de maneira positiva. No presente trabalho
pude perceber a dificuldade que é manter uma coleção ex situ viva, a importância da identificação
correta das novas coletas e a instabilidade de condições saudáveis para se manter a coleção viva.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BGCI – Botanical Garden Conservation International (2019).
Costa MLMN & Bajgielman T (2016) Estratégia Nacional para a Conservação ex situ de espécies
ameaçadas da flora brasileira. Centro Nacional de Conservação da Flora — CNCFlora: Jardim
Botânico do Rio de Janeiro: Andrea Jakobsson Estúdio. 24 p.
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Westwood M, Cavender N, Meyer A & Smith P (2021) Botanic garden solutions to the plant
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Tabela 1: Lista comparativa da coleção de samambaias e licófitas presentes no Horto Florestal
entre os anos 2021 e 2022, indicando o número de espécies e espécimes por família
Nº Espécies Nº Espécimes Nº Espécies Nº Espécimes
Família 2021 2021 2022 2022
Anemiaceae 4 13 4 28
Aspleniaceae 7 11 11 17
Athyriaceae 9 16 10 20
Blechnaceae 1 5 2 6
Cyatheaceae 1 1 1 1
Davalliaceae 1 6 1 6
Didymochlaenaceae 1 1 1 2
Dryopteridaceae 6 15 6 21
Hemidictyaceae 1 1 1 1
Lindsaeaceae - - 1 1
Lycopodiaceae - - 1 1
Lygodiaceae 1 1 1 1
Nephrolepidaceae 1 1 1 2
Plagiogyriaceae - - 1 3
Polypodiaceae 6 17 9 22
Pteridaceae 10 32 10 54
Thelypteridaceae 1 1 1 1
Total 50 121 62 187

Figura 1 - Gráfico de barras indicando o número de espécies por gênero presentes na Coleção
viva do Horto Florestal.
EFEITO DA VARIAÇÃO ALTITUDINAL NA DIVERSIDADE GENÉTICA, FENOLOGIA
E HERBIVORIA EM UMA FABACEAE COSMOPOLITA NO PARQUE NACIONAL DE
ITATIAIA

Mylena Dutra Cabrini; Graduação em Ciências Biológicas (Licenciatura) UERJ FFP; ingresso na
graduação: 2017.1; previsão de conclusão do curso: 2022.2; ingresso no PIBIC: setembro/2020;
orientadora: Catarina da Fonseca Lira; coorientadora: Amanda Santos Alencar;

INTRODUÇÃO
Montanhas representam ambientes naturais importantes para se investigar respostas ecológicas e
evolutivas às influencias geofísicas, pois apresentam condições heterogêneas que podem variar de
uma área relativamente pequena a grande (Korner, 2007). De acordo com o princípio da
autocorrelação espacial, as condições ambientais heterogêneas vão variar de forma não-aleatória ao
longo de gradientes geográficos e locais mais distantes tendem ser dissimilares (Lichstein, 2002),
porém, já foram encontrados picos de riqueza em altitudes intermediárias e altas (Carneiro et al.,
2005; Ribeiro et al., 1994). Entendendo esses conceitos, é possível compreender que fatores
ambientais e locais podem influenciar (ao menos parcialmente) na forma de vida de plantas e dessa
forma, na fenologia e diversidade genética, consequentemente influenciando também na atividade e
ciclo de vida de insetos e herbívoros que se alimentam da mesma (Felix, 2021; Bründl et al. 2020;
Suzuki, 1998; Scheidel et al., 2003).

OBJETIVO
Avaliar se a diversidade genética, fenologia e herbivoria de Trifoloum repens são afetados pela
altitude (entre 1.700 e 2.400m) no Parque Nacional de Itatiaia.

METODOLOGIA
Coleta de material vegetal para genética populacional
Coletas foram realizadas no PNI, na estrada para o Posto Marco Antônio Moura Botelho (Marcão),
selecionando-se populações de T. repens em duas elevações (1.700 e 2.260 metros acima do nível do
mar). Para a coleta do material vegetal foi feito um pool genético, utilizando um quadrat com a
distância mínima de um metro para evitar amostragem de clones.
Extração de DNA e amplificação ISSR
A extração de DNA seguiu o protocolo adaptado por Agrawal et al. (2013) e Lira-Medeiros et al.
(2010) com adaptações e a amplificação do ISSR seguiu o protocolo de Granado et al. (2018) com
pequenas modificações.
Análise de dados ISSR
Foi feito uma matriz binária a partir dos fragmentos observados em géis agarose 2%. O software
POPGENE (Yeh et al., 1999) foi utilizado para obter os parâmetros de diversidade genética
(porcentagem de locos polimórficos (P%), índice de diversidade de Shannon (I), diversidade de Nei
(H), coeficiente de diferenciação genética (Gst) e fluxo gênico (Nm). O software Hickory (Holsinger
& Lewis, 2003) foi utilizado para calcular índices de diversidade total e entre- populações
(diversidade total da espécie (Ht), e diversidade dentro das populações (Hs)) por meio de uma análise
bayesiana do desvio do EHW sob o método de Markov Chain Monte Carlo (MCMC).
Fenologia e herbivoria
A avaliação de fenologia e frequência de dano foliar foi definida por meio de acompanhamento
mensal em indivíduos marcados em diferentes altitudes do PNI (1.700-2.400m). A coleta de dados
gerou informações durante o período de junho de 2021 a junho de 2022 (com exceção de dezembro
de 2021), totalizando 138 indivíduos, no qual foi observado a presença/ausência e a intensidade das
fenofases: número de folhas abertas, brotação foliar, botão, floração,
frutificação (fruto maduro), abscisão (folhas em senescência e pecíolo sem folha), além de folhas com
dano por herbivoria.
Análise de dados fenologia e herbivoria
Para avaliar se a altitude teve efeito na fenologia e nos danos causados pela herbivoria foram
realizados testes do tipo não-paramétrico Kruskal-Wallis (1952), a partir desses resultados, foram
gerados três gráficos das variáveis. Todas as análises foram realizadas no R (R Development Core
Team 2019).

RESULTADOS
Dos 18 primers testados, 16 foram selecionados por apresentarem boa reprodutibilidade. Para esse
relatório, oito deles foram selecionados para compor os resultados, os oito primers restantes seguem
em otimização/amplificação. Foram obtidos 98 locos, dos quais 96 eram polimórficos. Os indivíduos
da população 2.400m apresentaram maior porcentagem de polimorfismo comparado as demais
altitudes amostradas, exibindo uma maior variação intraespecífica. Da mesma forma, os parâmetros
de diversidade genética H e I diferiram entre os indivíduos de diferentes altitudes, no qual a população
2.400m apresentou maior variação genética em relação a 1.700m e 2.000m. O índice Hs diferiu
moderadamente entre os indivíduos estudados, com o valor médio de 0,29. Também foi observado o
Gst apresentando uma média de 0,18, Nm com uma média de 1,57 e o Ht das populações estudadas
exibiu um valor médio de 0,36.
O teste estatístico Kruskal-Wallis apontou que há uma diferença significativa entre as variáveis de:
folhas abertas, brotação e folhas predadas entre as altitudes amostradas. Nos dois gráficos gerados de
fenologia vegetativa, os indivíduos da região 2.400m diferiram daqueles das regiões 1.700m e
2.000m, apresentando o menor número de folhas abertas e brotações, apesar disso, as regiões
intermediária e de baixa altitude não diferiram entre si significativamente em nenhum dos gráficos.
Já no gráfico de folhas predadas por herbívoros houve uma clara diferença entre as altitudes
amostradas, demonstrando um gradiente de predação, onde, conforme a altitude aumenta o número
de folhas predadas diminuem.

DISCUSSÃO
Os resultados da análise com o marcador ISSR realizada em T. repens, revelaram altos níveis de
polimorfismo médio para a espécie, corroborando com os resultados anteriores (PIBIC- 2021) e
indicando uma variação genética considerável a nível de espécie para plantas que podem se reproduzir
clonalmente (Li & Ge, 2001). Além disso, verificou-se que T. repens exibiu níveis consideráveis de
diversidade, visto que, o valor médio para diversidade genética de plantas é de: HISSR = 0,28 (Nybon,
2004). Também foi verificado que a diversidade genética da espécie estudada varia com a mudança
de altitude, mostrando uma tendência de que os indivíduos da altitude elevada (2.400m) são mais
diversos geneticamente do que os indivíduos das demais altitudes amostradas nesse estudo (1.700m
e 2.000m). No entanto, o nível de diferenciação genética registrada também corrobora com os
resultados citados acima. O valor de Gst = 0,24 é apontado como um nível de diferenciação alta (Hartl
& Clark, 2010), considerando o marcador utilizado e que a espécie habita dentro de uma área
geograficamente restrita, indicando que ela possa estar suscetível a sofrer efeitos de barreiras
genéticas e consequentemente possuir fluxo gênico restrito. Contudo, o número de migrantes (Nm =
1,57) calculado indiretamente pelo Gst no presente estudo, não demonstra que a espécie possa estar
sob efeito de deriva genética. Pelo contrário, o valor de Nm atesta que ocorre migração, ou seja, a
reprodução sexuada pode ser predominante na manutenção da diversidade genética da espécie. Tendo
ao menos um migrante por geração, segundo Hartl & Clark (2010), é suficiente para anular
parcialmente o efeito da deriva genética nas populações naturais.
Os altos valores de variabilidade genética nos indivíduos de 2.400m em relação a 1.700mm e 2.000m
detectados nesse estudo podem ser atribuídos principalmente ao fato de que a altitude elevada
apresente condições semelhante ao local de origem da espécie (Shen et al., 2014), visto que T. repens
é nativa da Europa, onde temperaturas baixas são comuns. Além disso, o ambiente das altitudes
1.700m e 2.000m é caracterizada por uma vegetação de Floresta Ombrófila Densa e o ambiente de
2.400m se caracteriza por uma vegetação de campo de altitude se assemelhando ao seu local nativo.
E portanto, os indivíduos 2.400m se encontram em um ambiente mais favorável ao seu crescimento
e reprodução.
Diferentemente dos resultados de genética, a parte fenológica revelou que a altitude 2.400m exibiu a
menor variação das fenofases amostradas em um ano de dados coletados. Isso pode ser explicado
pelo fato de que a variação genética estudada no presente trabalho é por meio de um marcador neutro,
ou seja, o padrão molecular de genótipo avaliado será o mesmo, independentemente do ambiente.
Sendo assim, os marcadores neutros não irão representar uma correlação do genótipo com o fenótipo
nos indivíduos estudados. O fenótipo está ligado a características que cada indivíduo manifesta,
estando diretamente ligado a expressão de genes e aos genes adaptativos e, portanto, o fenótipo irá
depender de interações gênicas e seus efeitos (Hartl & Clark, 2010).
Mais do que qualquer outra zona bioclimática, os eventos fenológicos em altitudes elevadas são
limitados por uma curta estação de crescimento delimitada por baixas temperaturas (Schwartz, 2003).
A influência do clima na estação de crescimento e, portanto, na fenologia pode ser observado em
alguns estudos (Akhalkatsi & Wagner, 1996; Ranjitkar et al. 2013; Bründl et al. 2020), também pode
ser observado em experimento de transplante, no qual plantas transplantadas para altitudes mais
baixas, normalmente se desenvolvem mais cedo do que aquelas deixadas em seus locais nativos de
altitude elevada (Wagner & Reichegger, 1997). As análises de herbivoria demonstraram uma
diferença significativa entre as altitudes, onde há um aumento dos danos conforme a elevação
diminui. Corroborando com os resultados fenológicos, uma vez que, o dano foliar por herbívoros está
diretamente ligado ao tamanho da planta (Dostálek, 2018).

CONCLUSÕES
O protocolo de extração adaptado aplicado no presente estudo é eficaz e adequado para a espécie.
Apresentou um bom rendimento em ng/μl de DNA com boa qualidade e boa reprodutibilidade para
amplificações por PCR. O marcador molecular ISSR se demonstrou apropriado para a pesquisa de
diversidade genética em T. repens, entretanto, ainda é preciso incluir os dez indivíduos faltantes da
altitude 1.700m, além de terminar todas as amplificações com os 16 marcadores. Para isso, os
indivíduos já estão coletados e as etapas de extração e PCR já estão em andamento.
Os resultados de um ano de coleta de dados foram satisfatórios e significativos, mostrando que há um
efeito da altitude em duas fenofases vegetativas e de dano foliar, no entanto o estudo ainda não foi
concluído. O principal objetivo com os danos por herbivoria é relacioná-los com o cianeto de
hidrogênio (substância que a espécie pode produzir como defesa), para isso, os testes de protocolo
Feigl-Anger já começaram, além de todas as quatificações e reconstruções foliares já terem sido feitas
pelo aplicativo móvel BioLeaf.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AGREGADOS CELULARES SYMBIODINIACEAE: OCORRÊNCIA NO AMBIENTE
NATURAL E CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL

Aline Vasconcelos da Silva; Graduação em Ciências Biológicas, UFRJ; ingresso na graduação:


07/2016; previsão de conclusão do curso: 12/2022; ingresso no PIBIC: 09/2020; orientador: Leonardo
Tavares Salgado; coorientador: Lilian Jorge Hill

INTRODUÇÃO
A construção e manutenção de ecossistemas recifais dependem intimamente da relação de
endosimbiose mutualística entre dinoflagelados fotossintetizantes da família Symbiodiniaceae e
corais escleractíneos. Os organismos ex hospite são encontrados em diferentes nichos, principalmente
no sedimento recifal, fazendo com que este se torne um potencial hotspot de populações ex hospite
de Symbiodiniaceae. Essa importante relação simbiótica vem sendo ameaçada principalmente pelo
aumento da temperatura da água do mar, que pode levar à ruptura dessa simbiose, causando o
fenômeno do branqueamento de corais (Coles & Brown, 2003). No Banco dos Abrolhos foi observada
uma alta taxa de branqueamento nos recifes do Banco dos Abrolhos em 2016-2017, porém a taxa de
mortalidade dos corais se apresentou baixa. Em cultivo, células de Symbiodiniaceae de diversos
gêneros se fixam ao substrato formando agregados. Recentemente, foi observado que as células
agregadas de um cultivo do gênero Symbiodinium exudam N-glicanas em uma deposição orientada
em camadas ao redor dos agregados (Hill, 2020), formando estruturas similares à colônias, as quais
que poderiam potencialmente auxiliar na sobrevivência ex hospite. Contudo, ainda não se sabe bem
se o sedimento recifal pode ser habitado por estes agregados. Da mesma forma, se as céluals destes
agregados estabelecem comunicações entre elas, as quais poderiam ser relevantes para a sobreviência
ex hospite destas microalgas.

OBJETIVO
Analisar o sedimento adjacente aos recifes do Banco dos Abrolhos em busca de agregados celulares
de Symbiodiniaceae e proceder a sua caracterização ultraestrutural.

MATERIAL E MÉTODOS
Amostras de sedimento de diferentes recifes do Banco dos Abrolhos (Arquipélago dos Abrolhos,
Parcel dos Abrolhos e Pedra de Leste) e de cultivos da linhagem CCMR0100 (Symbiodinium sp.)
foram analisadas através de uma FlowCam (citometria de imageamento), após medidas
morfométricas nas partículas de interesse através do software ImageJ, foram observados os agregados
de Symbiodiniaceae através de imagens no microscópio confocal de varredura a laser Leica SPE.
Para a análise ultraestrutural, agregados celulares foram observados por microscopia eletrônica de
varredura e por microscopia de duplo feixe. Células da linhagem CCMR0100 (Symbiodinium) foram
cultivadas em placas de 24 poços com lamínulas redondas no fundo de cada poço.

RESULTADOS E DISCUSSÕES:
Foram encontradas partículas Symbiodiniaceae-like (SL) em todas as amostras de sedimento e
agregados foram observados em todos os recifes exceto Parcel dos Abrolhos. Sabe-se que corais
podem “semear” o sedimento recifal adjacente com células de Symbiodiniaceae (Nitschke et al.,
2015). As partículas SL observadas nos sedimentos recifais coletados nos recifes de Abrolhos logo
após um grande evento de branqueamento, podem indicar que elas vieram dos tecidos de corais
branqueados e passaram a habitar o sedimento. Corais têm boas chances de recuperação de eventos
de branqueamento, desde que consigam recuperar seus simbiontes a tempo. Os agregados celulares
encontrados no sedimento, no presente estudo, podem indicar que essas células possam estar mais
protegidas até o momento de voltar a ter uma associação com o coral.
Apesar das medidas morfométricas analisadas diferirem entre células e SL das diferentes localidades
e do cultivo de CMMR0100 (PERMANOVA p = 0,0002), estudos anteriores já demonstraram que o
diâmetro das células de Symbiodiniaceae pode variar de acordo com a linhagem. Isso pode indicar
que o sedimento recifal de Abrolhos é habitado por linhagens de diversos gêneros de
Symbiodiniaceae, o que pode ser vantajosos para a saúde recifal, pois uma variedade de diferentes
genótipos de simbiontes de corais disponíveis no pool de células presentes no sedimento pode indicar
uma chance maior de recuperação pós-branqueamento. Foram observadas regiões de contato entre as
células formando agregados, em cultivos com 14 dias após o repique, os quais também foram
observados em maior detalhe através da técnica de FIB e que indicam que há comunicações entre as
células de Symbiodiniaceae. Imagens de microscopia confocal de varredura a laser dos agregados
celulares de células de Symbiodiniaceae do gênero Symbiodinium (linhagem CCMR0100)
confirmaram a viabilidade das células compondo os agregados pela autofluorescência natural da
clorofila (vermelho) (Figura 2A e 2B). Os resultados de FIB revelaram projeções de membranas das
células agregadas em contato umas com as outras (Figura 2C e 2E). A imagem de microscopia
eletrônica de varredura de alta resolução mostra três células de Symbiodinium em forma de vida
cocóide formando agregados celulares (Figura 2D) com uma trama de matriz extracelular entre elas.

CONCLUSÃO
O presente estudo mostra que o sedimento recifal do Banco dos Abrolhos é habitado por agregados
celulares de Symbiodiniaceae e que existe entre eles uma comunicação. Até então, esses agregados
haviam sido reportados apenas em cultivo. No presente estudo, foram observados agregados celulares
de Symbiodiniaceae no sedimento além dos agregados que já vinham sendo observados em cultivo,
indicando sua ocorrência em ambiente natural.
Foram também observadas comunicações intercelulares são estabelecidas através do contato de
membrana. Tais comunicações possam ser importantes na organização e sobrevivência das células
que formam esses agregados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Journal 14: 1533-1546.
Figura 1– Imagens de células de Symbiodiniaceae obtidas através da Flow Cam no modo trigger de amostras
de sedimentos recifais de Arquipélago dos Abrolhos (A), Parcel dos Abrolhos (B), Pedra de Leste (C) e de
cultivo da linhagem CCMR0100 (D). As cabeças de seta apontam para agregados celulares. Barra = 20 µm.

Figura 2- Imagens de células de Symbiodiniacea do gênero Symbiodinium (linhagem CCMR0100) obtidas


através de microscopia confocal de varredura a laser apresentando autofluorescência natural da clorofila
(vermelho) (Figura 2A e 2B). Imagem acerca da caracterização morfológica e ultraestrutural dos agregados do
Simbiodinium. A 2.C - Imagem obtida a partir da técnica FIB – fatia 3 e modo de visualização. C - Visão geral
de um agregado celular de Simbiodinium. O quadrado demarca a inserção de E, onde a região de contato entre
as duas células é observada. D – Imagem de alta resolução de um agregado de três células de Symbiodinium
em forma de vida cocóide formando agregados celulares.
ANATOMIA DA MADEIRA PARA IDENTIFICAÇÃO DE ÁRVORES: CONSTITUINDO
CHAVES INTERATIVAS MICROSCÓPICAS

Louise Klein Madureira; Graduação em Agronomia, UFRRJ; ingresso na graduação: 03/2018;


previsão de conclusão do curso: 12/2025; ingresso no PIBIC: 07/2019; orientador: Claudia Franca
Barros; coorientador: Doutorando Leonardo Bona do Nascimento e Mestranda Marilia Carolina
Ferreira Vianna.

INTRODUÇÃO
Anatomia da madeira é um ramo da ciência botânica que se propõe ao estudo das várias estruturas,
funções e organização dos elementos celulares presentes no lenho das diversas famílias botânicas
(Alex C. 2011). As descrições dos padrões anatômicos das madeiras permitem a identificação de
espécies (p.ex.: Barros et al. 2003; Coradin et al. 2010), artefatos arqueológicos e antropológicos, (p.
ex.: Bianchini et al. 2011; Gonçalves, Marcati et Scheel-Ybert 2012; Machado et al. 2012), a
determinação de seu aproveitamento tecnológico (Oliveira e et al, 2006) e a identidade da madeiras
apreendidas, assim como a reconstrução da história de vida de uma árvore, de um remanescente
florestal ou até mesmo de um bioma, através da dendrocronologia e da análise das camadas de
crescimento (Barros et al. 2003; Barros &amp; Coradin 2005). Para a identificação da madeira, é
necessário um material de referência. Este é obtido em coleções, como Xilotecas (Dormontt, 2015).
Lichao Jiao, em seu trabalho sobre análise forense (2017), fala que elas são repositórios confiáveis e
essenciais para a identidade específica das espécies. As Xilotecas são coleções de amostras de
madeira que foram registradas, identificadas e organizadas em um espaço apropriado a sua
conservação. Estes acervos apresentam inúmeras funções, a saber: identificação de espécimes
coletados e/ou comercialmente utilizados, fonte de informação sobre a distribuição das espécies em
um dado bioma e fornecimento de amostras e lâminas para a realização de estudos em anatomia da
madeira e dendrocronologia. Neste trabalho, será utilizado, como referência, a Xiloteca do Instituto
de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RBw), que possui 77 anos e reúne amostras de
coleções mais antigas, coletadas por especialistas em anatomia da madeira e provenientes de
intercâmbio com instituições congêneres do Brasil e do exterior. Atualmente, a RBw é considerada a
segunda maior e mais antiga coleção de madeiras do Brasil, contendo cerca de 10 mil amostras de
madeira de espécies nativas e exóticas, com 36.000 lâminas. Esse acervo é importante para subsidiar
pesquisas científicas nas áreas de anatomia da madeira, dendrocronologia, ecologia e filogenia, além
de servir de instrumento de consulta, referência e identificação para amostras coletadas e/ou
comercializadas (Barros et al. 2003). Esta coleção ainda tem a importância de abrigar amostras de
diferentes biomas brasileiros, como Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, e, dessa forma, ser um
testemunho da diversidade de espécies arbóreas (Barros & Coradin 2005).

OBJETIVO
Construir chave de identificação microscópica de madeiras de 13 espécies da mata atlântica.

MATERIAL E MÉTODOS
Local de estudo
As madeiras foram previamente selecionadas no sistema do JABOT referentes à Rebio Tinguá e
analisadas através de microscopia.
Procedimentos
As imagens de microscopia foram processadas no microscópio BX50 e as fotos foram capturadas
através de uma câmera acoplada (figura 6). As características microscópicas foram copiladas das
espécies já estudadas e publicadas. As chaves de identificação microscópica das espécies foram
realizadas através do software Xper³ (Http://www.xper3.fr/). Compatível com os principais sistemas
operacionais é uma plataforma interativa, livremente acessível ao público em geral. Este software
tem por objetivo análise de dados, descrições, listagens de caracteres por espécies e, por fim, a
confecção de chaves identificadoras. A metodologia para confecção das chaves seguiu o guia do
usuário publicado por Rizzieri et al (2021), disponível em http://gbg.sites.uff.br/lamad/.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para gerar a chave foi necessário criar uma planilha com as espécies analisadas e os caracteres
anatômicos relacionados, que foram retirados da Lista IAWA de Características Microscópicas para
Identificação de Madeira (1989). Para criar a chave, é necessário um título para encontrá-la na
plataforma e uma descrição, que foi feito como na figura 3. Na chave, as descrições são as
características que a madeira pode ter, sendo o estado dela “presente” ou “ausente”. Os itens
correspondem as espécies. Para adicionar os itens na plataforma Xper³, foi selecionada a aba “Items”
e inserida cada espécie (figura 4). Após, foram adicionadas as características na aba “Descriptive
model” (figura 5) e acrescentado seus estados (figura 6) e por fim, foram feitas as relações de cada
espécie com cada um dos 217 caracteres na aba “Descripton” (figura 7). Foram analisados 45
indivíduos das 13 espécies, de 8 famílias diferentes. Foram utilizados 159 caracteres que envolvem
anéis de crescimento, vasos, traqueídes e fibras, parênquima axial, raios, estruturas secretores e
variantes cambiais, inclusões minerais e outras 58 informações não-anatômicas: distribuição
geográfica, hábito, importância comercial da madeira, densidade específica, cor do cerne, odor,
fluorescência do cerne, extratos de água e etanol (fluorescência e cor), teste de espuma, teste do
Chrome Azurol-S e o teste de lascas ardentes. Ao todo foram 217 características relacionadas.

CONCLUSÃO
As informações das madeiras adicionadas na chave de identificação poderão ser acessadas por todas
as pessoas, auxiliarão à identificação dessas madeiras pela população científica, acadêmica, técnicos
e leigos voltados para o assunto. O banco de dados das árvores da Rebio Tinguá foi ampliado através
desse trabalho da compilação de informações tanto de publicações como da Xiloteca do Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RBw). , A chave interativa microscópica da Rebio
Tinguá contribui para o aumento de conhecimento das espécies arbóreas da Reserva Biológica do
Tinguá.

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Tabela 1. Lista de características de Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer e códigos da IAWA.

Ocotea odorifera (Vell.) Rohwer


Growth rings: distinct to scarcely distinct, marked by thick-walled and radially flattened
latewood fibres.
Vessels: diffuse-porous, solitary and radial multiples 2-4, simple perforation plates,
alternate and medium intervessel pits, vessel–ray pits with much reduced
borders to apparently simple rounded and some horizontal, mean tangential
diameter 64.7 µm, mean 33 vessels/mm2, mean length 708.3 µm, mean wall
thickness 6.5 µm, tyloses common.
Fibres: simple to minutely bordered pits, septate and non-septate, thin- to thick-
walled, mean length 1,391.3 µm, mean diameter 29.7 µm, lumina 17.5 µm.
Axial scanty paratracheal, paratracheal vasicentric, strands of 3-4 cells. Rays:
parenchyma: width 1 to 3 cells, procumbent with one or 2– 4 rows of upright and /or
square marginal cells, mean height 354.5 µm, 5 rays/mm.
Oil/mucilage associated with ray parenchyma, axial parenchyma and among fibres.
cells:
IAWA codes: 1-5-13-22-26-31-32-41-48-53-56-61-65-66-69-72-78-79-92-97-106-107-
115-124-125-126.
Figura 8. Cortes microscópicos de Ocotea odorifera. A - Seção transversal. B - Seção longitudinal
tangencial. C - Seção longitudinal radial.
EVOLUÇÃO DO ANDROCEU EM GÊNEROS DE PRIMULACEAE: ESTUDO DE CASO
EM ESPÉCIES ORNAMENTAIS DE ARDISIA CULTIVADAS NO JARDIM BOTÂNICO
DO RIO DE JANEIRO

José Gabriel Silva da Costa; Graduação em Ciências da Natureza, UNIRIO; ingresso na graduação –
08/2016; previsão de conclusão do curso – 12/2022; ingresso no PIBIC: maio/2018; orientadora:
Maria de Fátima Freitas. Co-orientadora: Karen L. G. De Toni.

INTRODUÇÃO
O gênero Ardisia Sw. pertence à subfamília Myrsinoideae (APG IV 2016), sendo este um dos mais
representativos (Ståhl & Anderberg 2004), composto por cerca de 500 espécies (Chen & Pipoly
1996). No Brasil ocorrem seis espécies distribuídas na Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Destas
espécies, apenas Ardisia angustifolia (Ness et Mart.) Mez é endêmica do país (BFG 2020), onde
espécies deste gênero herdam nomes populares como Café-de-jardim, Botão-de-sapato ou
simplesmente Ardísia. Além disso, possui grande importância comercial na Ásia, devido ao seu
acentuado valor nutricional (Sundriyal & Sundriyal 2001), além de seu considerável valor ornamental
(Kei-Jung et al. 2021). Ademais, possui grande importância medicinal no tratamento de câncer (Li-
Hua et al. 2020).
Quanto à Ardisia solanacea (Poir.) Roxb., são conhecidos estudos a respeito de sua descrição
morfológica e que relatam sua ocorrência subespontânea na Floresta da Tijuca (Carrijo & Freitas
2008). Embora haja notáveis avanços em estudos com relação ao grupo, são raras as análises que
considerem sua morfologia floral, bem como suas características embriológicas.
A fim de dar continuidade a estudos embriológicos já realizados no Laboratório de Botânica
Estrutural do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro para gêneros de Primulaceae,
o presente trabalho apresenta uma comparação dos primeiros resultados obtidos neste ano de análises
de A. solanacea, cujos estudos são inéditos.

OBJETIVO
Investigar o padrão de desenvolvimento das anteras, propondo comparar sua androsporogênese e
androgametogênese com espécies nativas analisadas dos gêneros Myrsine, Cybianthus e Jacquinia.

MATERIAL E MÉTODOS
A coleta do material florífero de Ardisia solanacea foi realizada no arboreto do Jardim Botânico do
Rio de Janeiro no ano de 2021. Após a coleta, o material botânico foi imediatamente fixado em
glutaraldeído 2,5%, em tampão fosfato de sódio 0,1M e com pH 7,2 (Gabriel, 1982); desidratado em
série etílica; incluído em hidroxietilmetacrilato (Gerrits & Smid 1983); seccionado em plano
transversal através de micrótomo rotativo Leica RM2245, com auxílio de navalha de vidro na
espessura de 1-3 µm; aderido à lâmina de vidro com auxílio de placa aquecedora; parte do material
não passou pela etapa de coloração, sendo submetido à microscopia de fluorescência com incidência
de raios ultravioleta para visualização de estruturas autofluorescentes. Outra parte do laminário foi
corado com azul de toluidina 0,05% (O’Brien & McCully 1981). Todas observações foram realizadas
em microscópio óptico Olympus BX-50 com câmera digital Olympus DP-73 acoplada. As análises
em microscopia óptica foram realizadas e estão sendo finalizadas no Laboratório de Botânica
Estrutural (LBE) do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

RESULTADOS
No que concerne às flores de Ardisia solanacea, com enfoque às anteras, estas são sagitadas, bitecas
e tetraesporangiadas, possuem conectivo proeminente, com estruturas secretoras em diferentes
estágios de desenvolvimento, e um feixe vascular em sua porção central. Além disso, quanto aos
estratos parietais, observa-se, inicialmente, uma camada epidérmica, e logo abaixo, na região
subepidérmica, dá-se ênfase à camada parietal secundária externa (CSE) e camada parietal secundária
interna (CSI), que foram formadas a partir de divisões periclinais da camada parietal primária (CPP).
Tais camadas (CSE e CSI) sofrem divisões periclinais e originam os estratos parietais maduros, onde
observa-se: abaixo da epiderme (EP), a presença de um endotécio (END), duas camadas médias (CM)
e o tapete secretor multiestratificado (TP). Tais características determinam este padrão de
desenvolvimento dos estratos parietais como do tipo básico.
Enquanto há o estabelecimento dos estratos parietais, põe-se em evidência a esporogênese. A mesma
se inicia a partir da maturação das iniciais arquesporiais, as quais após sucessivas mitoses maturam
em células-mãe de andrósporos (CMA).
Ademais, fora observada durante a esporogênese uma característica deveras intrigante: antes mesmo
da maturação dos grãos de pólen, nota-se o estabelecimento precoce do processo de deiscência dos
lóculos da antera, o que merece uma investigação mais aprofundada. Foi observado também a
esterilidade polínica em diversas anteras, podendo ocorrer em apenas um dos lóculos da antera.
Observou-se, no mesmo indivíduo, anteras com lóculos estéreis e lóculos férteis na mesma antera, e
também flores com anteras completamente férteis. Até o momento não foi definido em qual fase do
desenvolvimento do grão de pólen ocorre a esterilidade para esta espécie.
Apesar da fase do desenvolvimento relativa à meiose ainda não ter sido observada, foi possível
perceber a gametogênese, a qual se inicia a partir da dissolução da calose em volta dos andrósporos.
Em sequência, ocorre a polarização do núcleo, definida a partir do surgimento de pequenos vacúolos,
que serão fundidos posteriormente, formando um único vacúolo maior. Neste estágio também foi
possível observar a esporopolenina das paredes dos grãos de pólen e espessamento espiralado do
endotécio.

DISCUSSÃO
Ao comparar a ontogenia floral entre gêneros de Primulaceae e Maesaceae, Ma & Saunders (2003)
enfatizam que a diversidade taxonômica de famílias com características semelhantes sugerem a
possibilidade de evolução independente, como resultado de caminhos evolutivos dissemelhantes. Sob
esta perspectiva, torna-se necessário expandir os estudos ontogenéticos nas flores para outros gêneros
da família, uma vez que, segundo Otegui & Cocucci (1999), no que diz respeito à biologia
reprodutiva, deve-se considerar a possível evolução do androceu para a independência de animais
como dispersores de grãos de pólen em Myrsine laetevirens Mez.
Não são conhecidos estudos quanto ao desenvolvimento do androceu e grãos de pólen em Ardisia
solanacea, portanto, as descrições realizadas por Johri et al. (1992) para outras espécies da família
mostram-se valiosas. Seu trabalho descreve características embriológicas para Primulaceae, como
anteras tetraloculares, endotécio fibroso, camada média única e tapete secretor uninucleado. Estas
características destoam parcialmente das descritas no presente estudo para A. solanacea,
considerando a presença de duas camadas médias e tapete secretor multiestratificado. Também cabe
ressaltar que para tornar tal afirmação mais consistente, se faz necessário o preenchimento das lacunas
quanto às análises da embriologia.

CONCLUSÃO
Até o presente, pode-se concluir que as espécies de Myrsine aqui analisadas (M. coriacea, M.
gardneriana, M. leuconeura e M. monticola) não possuem diferenças significativas entre elas no que
compreende os caracteres embriológicos. Apesar disso, estes destoam dos descritos para o gênero por
Johri et al. (1992), com relação à quantidade de camadas médias e à quantidade de núcleos do tapete
e do andrófito. No entanto, estas características citadas apresentam semelhanças entre Jacquinia
armillaris e Ardisia solanacea que foi analisada neste presente relatório, distanciando-se
significativamente quando comparadas a Cybianthus verticillatus, o qual é representado pelo padrão
de formação dos estratos parietais reduzido e andrófito trinucleado, enquanto Myrsine, Jacquinia e
Ardisia apresentam padrão de formação dos estratos parietais do tipo básico. As demais
características, como tapete secretor e andrófito binucleados que se assemelham em Myrsine e
Jacquinia não puderam ser confirmados em Ardisia, devido à ausência de dados nas fases
supracitadas. Em suma, se faz vital a ampliação deste estudo para outras espécies de Primulaceae,
incluindo a análise por microscopia eletrônica de varredura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Kei-Jung K, Hyuk-Joon K, Soo-Young K & Bong-Ju P (2021). Particulate Matter Removal of Three
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Otegui M & Cocucci A (1999) Flower morphology and biology of Myrsine laetevirens, structural and
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Fig. 1. Morfologia externa de Ardisia solanacea Sw. a. Hábito arbustivo. b. Detalhe de um ramo. c. Detalhe
de inflorescência, evidenciando botões florais e flor. d. Corte longitudinal, evidenciando peças florais e órgãos
reprodutivos. e-f. Detalhes da antera. g. Pormenor do ovário. h. Detalhe do lóculo.

Fig. 2. Morfologia, androsporogênese e androgametogênese de Ardisia solanacea Sw em secções


transversais. a. Aspecto geral da flor. b. Detalhe da antera. c. Pormenor de uma teca, evidenciando estratos
parietais: epiderme (EP) e camadas parietais secundárias xterna (CSE) e interna (CSI) em divisão periclinal,
originando: endotécio (END), duas camadas médias (CM) e tapete multiestratificado (TP) . e. Aspecto geral
das anteras deiscentes. f. Loja estéril e loja fértil. g. Aspecto geral da loja da antera, evidenciando fases da
gametogênese. h. Fluorescência da loja da antera, evidenciando a esporopolenina das paredes dos grãos de
pólen e espessamento espiralado do endotécio.
ONTOGENIA FLORAL E ANATOMIA DO HIPANTO NO GÊNERO ERYTHRINA
(FABACEAE: PAPILIONOIDEAE)

Lukas Gabriel Macedo Pessanha de Souza; Graduação em Ciências Biológicas, UNIRIO; ingresso na
graduação: 07/2017; previsão de conclusão do curso: 08/2023; ingresso no PIBIC: 09/2020;
orientador: Vidal de Freitas Mansano; coorientador: Marcus José de Azevedo Falcão Junior.

INTRODUÇÃO
Erythrina L. pertencente à família Fabaceae, subfamília Papilionoideae e à tribo Phaseoleae, possui
distribuição pantropical e aproximadamente 120 espécies com flores ornitófilas (Neill 1987; Lewis
2005). As inflorescências do gênero são racemosas, as flores apresentam grande variação
morfológica, possuem corola papilionácea e androceu diadelfo ou pseudomonoadelfo, com dez
estames, presença de hipanto e podendo apresentar também um disco nectarífero entre o androceu e
o gineceu. São encontrados dois padrões de inflorescência no gênero, as polinizadas por aves
passeriformes, orientadas de forma horizontal ou pendente e as polinizadas por beija-flores, eretas
(Morton 1979; Neill 1987; Bruneau 1997; Cotton 2001; Parrini & Raposo 2010). Os estudos sobre
ontogenia e anatomia floral são importantes para ampliar o conhecimento sobre a taxonomia,
evolução e biologia reprodutiva, principalmente em grupos com grande variação morfológica, ao
realizar comparações entre espécies e entre gêneros (Tucker 1987;1993; 2006).

OBJETIVOS
Ampliar o conhecimento sobre a evolução floral do gênero Erythrina, através de análises da ontogenia
e anatomia floral de representantes de alguns dos seus principais grupos infragenéricos. Para isto,
foram selecionadas as espécies E. speciosa Andrews (subgênero Erythrina, seção Stenotropis) que
apresenta características relacionadas a polinização por beija-flores e E. poeppigiana (Walp)
O.F.Cook (subgênero Micropteryx, seção Micropteryx) com características que a relacionam à
polinização por aves passeriformes.

MATERIAIS E MÉTODOS
Coleta de material vegetal
Inflorescências com botões florais e flores em vários estágios de desenvolvimento foram coletadas
de indivíduos de E. speciosa cultivados no Arboreto do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro e de E. poeppigiana próximos à Ilhéus, Bahia (14°35’S 39°16’W). Vouchers foram
depositados no herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (Herbário RB).
Ontogenia floral: Análise de Superfície (MEV)
Para o estudo da série ontogenética em microscopia eletrônica de varredura (MEV), botões florais e
flores em vários estágios de desenvolvimento foram fixados em FAA 70 (Johansen 1940),
posteriormente armazenados em etanol 70%, dissecados em estereomicroscópio, desidratados em
série etanólica (Tucker 1993), secados em ponto crítico, montados em suportes metálicos com fita de
carbono e metalizados para observação em microscópio eletrônico de varredura Fei Quanta 250 e
Zeiss Evo 10 (CENABIO/UFRJ), em 15, 20 ou 30 kv. Com exceção da observação e captura de
imagens em microscópio eletrônico de varredura, todas as etapas foram realizadas no Instituo de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Caracterização morfológica do hipanto nectarífero (ML)
Para a estudos anatômicos em microscopia de luz (ML), botões e flores foram fixados em
glutaraldeído 2,5% em tampão fosfato de sódio 0,1M a pH 7,2, desidratados em série etanólica,
incluído em resina de glicol-metacrilato (Gerrits et al. 1991), seccionados em micrótomo rotatório
Leica RM2245 e corado com Azul de Toluidina 0,05% em pH 6,8 (O’Brien et al. 1964). As
observações em microscopia de luz foram feitas em microscópio óptico Olympus BX-50 com câmera
acoplada Olympus DP-73.
RESULTADOS
Organogênese das inflorescências
O ápice meristemático principal da inflorescência inicia as brácteas de primeira ordem de forma
espiralada, e na axila destas brácteas, é iniciado o meristema das tríades, sendo o segundo nível de
ramificação das inflorescências, que se expande e inicia os três meristemas florais. Em E. speciosa
os meristemas florais laterais são os primeiros a serem iniciados, seguidos pelo central. Em E.
poeppigiana isto ainda não pode ser observado com clareza. E. poeppigiana apresenta variação
morfológica intensa quanto ao tipo de inflorescência onde, em alguns casos, o ápice meristemático
da tríade inicia apenas o meristema floral central, iniciando os meristemas florais laterais apenas
quando esta flor central já se encontra bem desenvolvida.
Organogênese e desenvolvimento floral
Erythrina speciosa: O cálice gamossépalo de E. speciosa inicia-se na ordem unidirecional (Fig. 1A-
C). A primeira sépala a ser iniciada é a abaxial (Fig. 1A), seguida das duas laterais (Fig. 1B) e por
último as duas adaxiais (Fig. 1C). Quando as sépalas laterais são iniciadas, a primeira sépala a ser
iniciada, a abaxial, já se encontra nos estágios iniciais de desenvolvimento, apresentando um
crescimento curvo em direção centro do meristema floral (Fig. 1B-C). As sépalas crescem em
conjunto e começam a sua fusão (Fig. 1I, 1L). Os cinco primórdios da corola são iniciados de forma
simultânea, formando uma região pentagonal no meristema floral (Fig. 1D). Logo após a iniciação
das pétalas ocorre a iniciação do primórdio do estame antessépalo abaxial e do carpelo, sendo este o
maior dentro os primórdios (Fig. 1D). Após a iniciação do estame antessépalo abaxial ocorre a
iniciação dos dois estames antessépalos laterais (Fig. 1E), seguidos dos estames antessépalos adaxiais
(1F), fazendo com que o verticilo antessépalo apresente iniciação unidirecional. Durante a iniciação
dos estames antessépalos laterais é possível observar um crescimento diferenciado no carpelo, que
começa a apresentar a sua região abaxial arredondada e a região adaxial côncava, o que indica o início
da formação da fenda carpelar (Fig. 1E). O verticilo dos estames antepétalos tem iniciação
unidirecional, iniciando pelos estames abaxiais (Fig. 1G). Nos estágios finais do desenvolvimento as
pétalas atingem o extremo da sua diferenciação, evidenciado o tamanho reduzido das alas (Fig. 1H).
Erythrina poeppigiana: A iniciação do cálice é unidirecional, a primeira sépala a ser iniciada é a
abaxial mediana (Fig. 2A). Seguida pelas duas laterais (Fig. 2B) e por último as duas adaxiais (Fig.
2C). A corola é iniciada de forma simultânea e logo após o carpelo é iniciado (Fig.2D). Em seguida,
com o início do desenvolvimento das pétalas e com o carpelo já iniciado a sua diferenciação, é
possível observar a iniciação do estame antessépalo abaxial (Fig. 2E). O verticilo de estames
antessépalos é iniciado de forma unidirecional, o primeiro é o abaxial mediano (Fig. 2E), seguido dos
laterais e por último os adaxiais (Fig. 2F). Os primeiros estames do verticilo antepétalo a serem
iniciados são os abaxiais (Fig. 2G). Neste estágio é possível observar o carpelo adquirindo um formato
plano-convexo, indicando o início da formação da fenda carpelar (Fig. 2G). Posteriormente as pétalas
começam a se diferenciar em estandarte, alas e pétalas da quilha, adquirindo uma forma mais laminar,
a fenda carpelar se torna mais evidente (Fig. 2G-H) e potencialmente ocorre a formação dos estames
antepétalos laterais (Fig. 2H), seguidos do antepétalo adaxial, evidenciando a ordem unidirecional de
iniciação dos estames antepétalos. Nos estágios finais de desenvolvimento fica evidente o quão
reduzidas são as alas em relação às outras pétalas, que crescem o cobrem os verticilos mais internos
(Fig. 2I).
Caracterização do hipanto nectarífero:
Em ambas as espécies o nectário floral encontra-se associado ao hipanto, formando um anel lobulado
entre os estames e o carpelo, sendo os lóbulos mais alongados em E. poeppigiana. O nectário de
ambas as espécies é estruturado e vascularizado, consistindo de uma epiderme unisseriada e tecido
parenquimático nectarífero multisseriado. Tanto as células da epiderme quanto as células do tecido
nectarífero são pequenas, globóides e de citoplasma densamente corado. O tecido nectarífero recobre
a superfície interna do hipanto, terminando um pouco acima da inserção do estipe do carpelo. Foram
observadas lacunas entre a estrutura nectarífera e o carpelo em E. speciosa e E. poeppigiana, formadas
pelos espaços criados pelos lóbulos do nectário em sua região inferior (Fig. 1D e 2E).
DISCUSSÃO
As séries ontogenéticas de E. speciosa e E. poeppigiana são bem semelhantes, com iniciação
unidirecional para as sépalas e estames, e simultânea para as pétalas. As diferenças encontradas na
organogênese consistem na forte presença de variações na inflorescência de segunda ordem de E.
poeppigiana e no tempo de iniciação do carpelo, que surge logo após as pétalas, porém, de forma
simultânea com o estame antessépalo abaxial mediano em E. speciosa e antes do estame antessépalo
abaxial mediano em E. poeppigiana. As demais diferenças entre os táxons são observadas nos
estágios intermediários e finais do desenvolvimento, que ainda estão sendo investigados.

CONCLUSÃO
As diferenças encontradas na organogênese e desenvolvimento das flores e inflorescências e na
morfologia do hipanto nectarífero evidenciam o valor da execução destes estudos para o gênero,
possibilitando comparações com outras espécies, e contribuindo para aumentar o conhecimento sobre
sua taxonomia e evolução floral. Os dados se mostram relevantes também para estudos comparativos
com outros membros da subfamília, ampliando o conhecimento sobre a evolução floral em
Papilionoideae.

REFERÊNCIAS
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(Leguminosae). American Journal of Botany 84: 54-71.
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inflorescences. Australian Systematic Botany 19: 193-210.
Figura 1. Botões florais em MEV (A-H) e corte longitudinal em ML (I) de Erythrina speciosa. A, iniciação de sépala
abaxial mediana; B, iniciação das sépalas laterais. C, iniciação das sépalas adaxiais. D, início do desenvolvimento das
pétalas e iniciação do carpelo e do estame antessépalo abaxial. E, formação dos estames antessépalos laterais. Crescimento
diferenciado do carpelo, região abaxial arredondada e adaxial côncava, indicando a formação da fenda carpelar (asterisco).
F, todos os estames antessépalos estão presentes. Carpelo começa a alongar. G, surgimento dos estames antepétalos
abaxiais. Início da diferenciação das pétalas, o estandarte é o primeiro a se diferenciar. H, grande diferenciação das pétalas.
Note o tamanho reduzido das alas quando comparadas com as outras pétalas. I, corte longitudinal do hipanto nectarífero,
destaque para a extensão do nectário e para a lacuna entre o nectário e o carpelo (seta). Símbolos: A = estame antessépalo,
a = estame antepétalo, bl = bractéola, C = carpelo, F = meristema floral, K = pétala da quilha, Ne = nectário, P = pétala,
S = sépala/cálice, Ts = tubo estaminal, V = estandarte, W = alas. Escala: A-G = 20 µm, H = 200 µm, I = 700 µm.

Figura 2. Botões florais em MEV (A-I) e corte longitudinal em ML (J) de Erythrina poeppigiana. A, formação da sépala
abaxial mediana. B, surgimento das sépalas laterais. C, formação das sépalas adaxiais. D, iniciação simultânea das pétalas.
Início do surgimento do carpelo. E, formação do estame antessépalo abaxial mediano. F, Todos os estames antessépalos
já foram iniciados, G, Formação da fenda carpelar (asterisco). Iniciação dos estames antepétalos abaxiais. H, início do
processo de alongamento dos estames antessépalos. Possível formação dos estames antepétalos laterais. I,
desenvolvimento das pétalas cobrindo os verticilos mais internos. J, corte longitudinal do hipanto nectarífero, destaque
para a extensão do parênquima do nectário e para a lacuna entre os lóbulos do nectário e o carpelo (seta). Símbolos: A =
estame antessépalo, a = estame antepétalo, bl = bractéola, C = carpelo, F = meristema floral, K = pétala da quilha, Ne =
nectário, P = pétala, S = sépala/cálice, Ts = tubo estaminal, V = estandarte, W = alas. Escala = A, C = 150 µm, B, D, G-
H = 20 µm, E = 200 µm, F = 100 µm, J = 700 µm.
ESTUDO FORMAL DA BOTÂNICA SOB A PERSPECTIVA DE ALUNOS DE
INICIAÇÃO CIENTÍFICA

Jaqueline Mendes Silva, Colégio Estadual André Maurois; ingresso no Ensino Médio – 02/2020,
previsão de término 12/2022; ingresso como bolsista BIPIC-EM – 09/2021, previsão de término –
08/2022. Orientadores: João Carlos Silva e Sonia Pantoja.

INTRODUÇÃO
O ensino de ciências em geral enfrenta diversas dificuldades, principalmente o ensino de Botânica
por se basear na memorização excessiva de conceitos e termos que não estão ligados à sua realidade,
tornando-se desinteressante para o aluno devido à complexidade da matéria de ensino.

OBJETIVO
Investigar a perspectiva dos educandos de iniciação científica (IC) do Centro de Responsabilidade
Socioambiental acerca da Botânica, compreender as dificuldades e os interesses que os mesmos
possuem sobre o assunto no ambiente escolar, entender e mapear as principais dificuldades.

MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizada uma busca sistemática do tema com cruzamento de palavras, palestra e oficina sobre a
importância dos vegetais e preenchimento de um formulário quali- e quantitativo e tabulação dos
dados.

RESULTADOS
Constatou-se que os jovens da IC 2021/2022 são compostos por 66,6% do sexo feminino, 27,8% do
sexo masculino e 5,6% se consideram gênero fluido. Há uma variação de idade entre 16 e 19 anos,
88,8% entre 17 e 18 anos, 5,6% com 16 ou 19 anos. 61,1% dos alunos tiveram aulas formais sobre
Reino Vegetal em ciências apenas no Ensino Fundamental, 16,7% no Ensino Médio e 22,2% nunca
tiveram. As dificuldades presentes no cotidiano quanto ao ensino de Botânica estavam relacionadas
à formalidade na aplicação da disciplina (21,1%), baixo incentivo na disciplina (57,9%) e excesso de
disciplina (21,1%). 83,3% declararam não ter aulas práticas, apenas 33,4% entenderam o que foi
ensinado, 5,6% nunca entenderam (fig.1). Ruim, regular, superficial, razoável e inexistente foram as
palavras mais utilizadas para descrever o ensino de Botânica nas escolas (fig.2). As principais
palavras utilizadas para descrever o ensino no Centro de Responsabilidade Socioambiental foram:
bom, excelente, ótimo, dinâmico e prático.

DISCUSSÃO
Conforme a investigação, pode-se perceber um grande desinteresse no aprendizado de botânica pelos
jovens ao iniciar no projeto de Iniciação Científica, esta matéria, de maneira geral, é negligenciada
no ensino formal escolar. Os professores das escolas da rede pública representadas pelos estudantes
têm dificuldade em desenvolver o ensino de botânica sem explorar o conteúdo de maneira prática e
contextualizada (SARTIN et al., 2012; URSI et al., 2018; SOUZA & GARCIA, 2019).

CONCLUSÃO
Os resultados aqui obtidos demonstram que os jovens não têm interesse no ensino da Botânica no
formato do ensino desenvolvido nas escolas da rede pública estudadas, seja pela falta de estímulo,
seja por aulas fracas ou inexistentes, baseadas em textos teóricos para memorização. No entanto,
combinar o ensino formal com métodos não formais, tais como palestras, aulas práticas, observação
no campo e visitas técnicas demonstrou ser uma ferramenta catalisadora no processo de aprendizagem
da Botânica.
REFERÊNCIAS
Sartin RD et al. (2012). Análise do conteúdo de botânica no livro didático e a formação de professores.
Encontro Nacional de Ensino de Biologia.
SOUZA CLP & GARCIA RN (2019). Uma análise do conteúdo de Botânica sob o enfoque Ciência-
Tecnologia-Sociedade (CTS) em livros didáticos de Biologia do Ensino Médio. Ciência & Educação
25: 111-130.
URSI S, BARBOSA PP, SANO PT & BERCHEZ FAS (2018). Ensino de Botânica: conhecimento e
encantamento na educação científica. Ensino de Ciêncas - Estudos avançados 32: 7-24.

Figura 1: Gráfico dos resultados referentes ao entendimento do que é aplicado em sala de aula no
ensino formal.

Figura 2: Nuvem de palavras criadas no Voyant Tools com base no citado pelos alunos de IC quanto
ao aprendizado em sala de aula no ensino formal das escolas.
ANÁLISES DAS FUNCIONALIDADES PEDAGÓGICAS E ESTRUTURAIS DAS
TRILHAS DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO

Angela Conceição da Siciliana; Colégio Estadual André Maurois; Ingresso no ensino médio –
03/2020; previsão de conclusão – 03/2023; Ingresso como bolsista PIBIC: 08/2021; Orientador:
João Carlos Silva
INTRODUÇÃO
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), um dos maiores da América Latina, disponibiliza à
população atividades para a propagação de conhecimento, principalmente através de trilhas. Este
contato com a natureza proporciona uma oportunidade de ensino e conscientização ambiental,
ressignificando a relação socioambiental marcada pelas dificuldades culturais e pelo consumismo
(Oliveira 2007).
OBJETIVO
Analisar pedagogicamente as trilhas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, observando o estado de
conservação da flora local e o acesso.
MATERIAL E MÉTODOS
A análise das trilhas não formais é feita pela verificação da veracidade das informações contidas nos
panfletos e estado de conservação das placas distribuídas para os visitantes não guiados. Já na trilha
formal, em que os visitantes são guiados e recebem explicações históricas, culturais e científicas, a
análise é feita levando em consideração a participação e opinião dos visitantes, as informações
apresentadas, e a acessibilidade física.
RESULTADOS
As principais trilhas analisadas foram a Indígena e a Histórica, tendo papel fundamental na
construção do senso de responsabilidade e importância de conservar toda a biodiversidade
brasileira, que tem sido alvo de grandes queimadas (Figura 1). Em diversos pontos do JBRJ foram
notados problemas com as placas e mapas, que se encontram quebradas, apagadas, escondidas ou
enferrujadas (Figura 2). Também foram encontrados pontos em que não há acessibilidade para
pessoas com deficiência física.
DISCUSSÃO
As trilhas são ferramentas interessantes de aprendizado dentro da esfera ambiental, visto que o
contato com elementos naturais incentiva a observação e proporciona momentos de reflexão
(Cerati 2014). Por ser espaço de produção do conhecimento científico, é necessário que as trilhas do
JBRJ apresentem acessibilidade, fazendo com que as pessoas com deficiência sejam incluídas
nesses espaços de produção do saber e se tornem ativos socialmente, além de ser necessário pensar
novas formas de promover trilhas para as pessoas com deficiência visual (Oliveira 2007).
CONCLUSÃO
Esse trabalho é importante para analisarmos as deficiências e virtudes do JBRJ e reforçar a
importância de trazer os conhecimentos contidos e produzidos aqui para toda a população. Tem o
papel essencial de estudar formas de aperfeiçoar o lugar, tanto esteticamente, quanto para a
propagação do conhecimento científico, cultural e histórico.

REFERÊNCIAS
Cerati TM. (2014). Educação em jardins botânicos na perspectiva da alfabetização científica:
análise de uma exposição e público. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.
Oliveira L (2007). Uma análise das intervenções em educação ambiental numa instituição de alunos
com necessidades educativas especiais. Dissertação. Universidade de São Paulo.
Figura 1. Placa informativa dos pontos das trilhas e visitantes no Jardim sensorial.

Figura 2. Placa com as informações apagadas e placa no chão.


DESENVOLVIMENTO DE FORMULAÇÕES DE ECO-SABÕES COM COLÔNIA (Alpinia
zerumbet B.L. Burtt & R.M. Smith) E AROEIRA (Schinus terebinthifolia Raddi)
CULTIVADAS NO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO.

Jennifer Mendes dos Santos, Colégio Estadual André Maurois; Ingresso no ensino médio – 03/2018
previsão de conclusão – 03/2022; Ingresso como bolsista PIBIC: 09/2021. Orientadores: João Carlos
da Silva e Ygor Jessé Ramos.
INTRODUÇÃO
O óleo de cozinha é amplamente utilizado na preparação de alimentos em geral, tanto em casa como
em estabelecimentos comerciais. No entanto, grande parte da população não sabe como descartá-lo,
causando grande danos ambientais. Existem várias maneiras de usar o óleo de cozinha, e uma delas
é a produção de sabão, que pode ser feita em casa (Almeida et al. 2021). Dessa forma, essa
reutilização resultará em economia da família e minimizando os impactos ambientais (Lopes et al.
2021). É de extrema importância a inserção de plantas medicinais em eco-sabão, pois conferem
diversas propriedades funcionais.
OBJETIVO
Desenvolver formulações de eco-sabão feito a partir de óleo de cozinha incorporados de extratos
vegetais de espécies cultivadas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ).
MATERIAL E MÉTODOS
Para a elaboração deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico. Além disso, foi
realizada uma pesquisa sobre quais espécies medicinais de importância social, com propriedades
terapêuticas que pertencem à lista da Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao Sistema
Único de Saúde e existiam no JBRJ. Duas espécies medicinais que contêm atividades fitoterápicas
foram selecionadas para compor a formulação do ecosabão: Alpinia zerumbet B. L. Burtt & R. M.
Smith (colônia) e Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira). Para a secagem de aroeira e colônia:
coletou-se 1,5 kg de folhas que após a secagem a folha perde 40% de sua massa, este resultado foi
obtido através da curva de secagem. Posteriormente, preparou-se os extratos hidroalcoólicos de
aroeira e colônia, no qual, a formulação continha 250g das duas drogas vegetais e 500 mL de álcool
70° por método de percolação. Para clarificar o óleo de cozinha foi utilizado 1 L de óleo usado; 500
mL de água destilada; 30 mL de alvejante. As formulações dos eco-sabões possuem 61% (peso =
399g) de óleo clarificado; 10% (peso = 71g) de soda cáustica; 1,5% (peso = 10g) de extratos
hidroalcóolicos (aroeira ou colônia) e q.s.p. (peso = 172g) de água destilada. Foram desenvolvidos
três tipos de sabonetes ecológicos: sem ativos vegetais (placebo); com extrato hidroalcoólico de
aroeira; e aquele com extrato de colônia hidroalcoólica. As propriedades físico-químicas serão
avaliadas.

RESULTADOS
Foram elaborados os eco-sabões, nos quais, os três eco-sabões apresentam coloração amarelo claro,
o primeiro com odor de óleo de cozinha mais evidente, porém nos eco-sabões com extratos foi
possível detectar um aroma mais adocicado e o odor de óleo de cozinha foi mascarado, tornando-o
melhor de usar. A sequência de produção e os eco-sabões produzidos são apresentados na Figura 1.

DISCUSSÃO
Como mencionado, socialmente, o sabão pode ser uma alternativa para economizar na compra de
produtos de limpeza. Além de promover menores impactos ao meio ambiente, no entanto, a forma
de preparo precisa ser realizada corretamente para não gerar agravos em saúde (Amaral et al., 2019
Almeida et al. 2021).
CONCLUSÃO
Foi possível desenvolver formulações de eco-sabões e diante dos impactos ambientais desenfreados
na natureza, nota-se a importância deste trabalho de promoção social com a inserção de plantas
medicinais, a fim de agregar finalidades funcionais nos eco-sabões.
REFERÊNCIAS
Almeida ÉSR, Couto LA, Coqueiro JS, & Silva-Catro E. (2021). Fabricação de sabão artesanal:
Revisão bibliográfica sobre impactos ambientais causados por óleo doméstico. Meio Ambiente
(Brasil), 3(3).
Amaral VA, Chaud MV & Santos-Reigota MA. (2019). Alternativas políticas e pedagógicas da
produção de sabão artesanal: um diálogo com a Educação Ambiental. Revista Brasileira de Educação
Ambiental (RevBEA), 14(3), 50-74.
Lopes MO, Pimenta DS & Conde BE. (2021). Sabão artesanal no espaço escolar como ferramenta de
sensibilização ambiental. Revista Brasileira de Educação Ambiental (RevBEA), 16(1), 450-471.
Figura 1. Sequência de preparações do eco-sabões. (A) Coleta da Colônia; (B) Corte da Colônia, para
preparo do extrato; (C) Preparo do processo de clarificação; (D) Preparo do eco-sabão; (E)Eco-sabão puro;
(F) Eco-sabão com extrato de aroeira.
AS APLICABILIDADES TERAPÊUTICAS DAS ESPÉCIES MEDICINAIS DA FLORA
BRASILEIRA DESCRITAS NOS ESTUDOS DE MELLO DE MORAES (1816-1882)

Lander Izaías Gomes Moura Pereira, Colégio Pedro II; Ingresso no ensino médio: 03/2020; previsão
de conclusão: 03/2023; Ingresso no PIBIC: 08/2021. Orientadores: João Carlos da Silva e Ygor Jessé
Ramos.
INTRODUÇÃO
Os princípios filosóficos de escolha dos espécimes nativos utilizados no século XIX na prática médica
podem ser alvo de pesquisas em etnobotânica histórica (ROCHA et al. 2015). Mello Moraes, pai da
homeopatia, publicou um catálogo de espécies no Diccionario de Medicina e Therapeutica
Homeopathica nesse período.

OBJETIVO
Realizar uma análise da estrutura documental e das espécies do Diccionario de Medicina e
Therapeutica Homeopathica (1872) que eram indicadas por Mello Moraes na prática médica.
MATERIAL E MÉTODOS
Para recuperar a fonte histórica, foi consultado o acervo da Biblioteca Barbosa Rodrigues. O livro foi
avaliado com intuito de definir suas divisões estruturais e foram recuperados termos relacionados a
produtos de origens vegetais. Após a atualização da nomenclatura botânica, analisou-se a distribuição
das espécies em famílias, formas de uso e indicação terapêutica.

RESULTADOS
O livro é classificado como um dicionário temático enciclopédico. Possuem subdivisões baseadas em
patologias e indicações terapêuticas. Essas divisões podem ser separadas pelo subtítulo 'nome da
indicação terapêutica' ou pelo 'nome da patologia a ser tratada ou prevenida'. As formulações
identificadas podem conter vegetais, minerais, fungos, animais, derivados ou misturas desses
elementos. Essas podem ser utilizadas nas formas de dinamizados, pós, tinturas, óleos e outros. Foi
possível identificar 109 espécies vegetais, sendo 15 nativas e 94 exóticas (entre cultivadas,
naturalizadas e sem ocorrência no Brasil).

DISCUSSÃO
Mello Moraes, conhecido como o Pai da homeopatia no Brasil, contribuiu de maneira significativa
para disseminação das práticas e sistematização do conhecimento acerca da relação de cuidados em
saúde. Esse conjunto de dados contribuiu de maneira significativa para a compressão de como
ocorreu a introdução terapêutica de espécies nativas na homeopatia brasileira. Antes do Brasil ter uma
farmacopeia própria, as obras de médicos e naturalistas a respeito da aplicação medicinal da flora
foram base e até mesmo leitura obrigatória para o trabalho de farmacêuticos e boticários do país até
1929 (Brandão et al. 2008). Assim, a importância dessa obra de Mello Moraes é grande, dado o
contexto histórico e a riqueza de informações e detalhes acerca da aplicação terapêutica e
homeopática das espécies citadas. Algumas das plantas e suas respectivas aplicações citadas pelo
naturalista atravessaram os séculos e constam em documentação científica atual.

CONCLUSÃO
Assim, a importância dessa obra de Mello Moraes é grande, dado o contexto histórico e a riqueza de
informações e detalhes acerca da aplicação terapêutica e homeopática das espécies citadas. Registros
históricos escritos, principalmente os tão bem estruturados e aprofundados como o dicionário escrito
por Mello, são verdadeiros inventários que podem contribuir muito para compreensão do passado e
do presente das sociedades.
REFERÊNCIAS
Rocha JA et al. (2015) Etnobotânica: um instrumento para valorização e identificação de potenciais
de proteção do conhecimento tradicional. Interações (Campo Grande), 16: 67-74.
Brandão MGL et al. (2008) Brazilian medicinal plants described by 19th century European naturalists
and in the Official Pharmacopoeia. Journal of Ethnopharmacology, 120 (2), 141-148
Tabela 1. Algumas espécies citadas por Mello de Moraes no Dicionário de Medicina e Terapêutica Homeopática (1872).
Termo Número de
Família Espécie relacionado citações Indicação terapêutica conforme
Atualizado Atualizado descrito no (páginas descrição / Patologia
livro encontradas)

Convém se há fraqueza da memória e da


fala, convém nas polluções nocturnas com
Anacardium
Anacardiaceae Anacardium 1 (42) copiosa emissão de sêmen; antes de findo o
occidentale L.
coito cessa as erecções; dôres vagas. /
apoplexia

Erythrina verna Convém se há alienação mental / Affecções


Fabaceae Murungú 1 (27)
Vel. moraes (Perda de conhecimento)

Paubrasilia
echinata (Lam.)
É remédio infalível para a asthma, feito em
Fabaceae Gagnon, Páo-Brasil 1 (54)
xarope ou lambedor.
H.C.Lima &
G.P.Lewis

Convém se há incapacidade de dobrar ou


estender a articulação do cotovelo, com
9 (24, 28, 32,
Lycopodiaceae Lycopodium L. Lycopodium dóres efaleias no joelho, e manchas
38, 43, 46)
vermelhas na tíbia. / abscesso epigástrico,
aneurisma, anosmia, ARCHOPTOSE

Convém se há antiacessiva, palpitações


fortes, garganta inflamada sem poder falar
15 (25, 26, ou engolir, antiflogística, previne novos
Aconitum 31, 33, 34, ataques de apoplexia. / Febres
Aconitum napellus
Ranunculaceae napellus / 35, 36, 37, intermitentes, artrite, gastrite, vertigem,
Thunb.
Acônito 40, 43, 44, amenorréia, aneurisma, angina das
47, 48) amígdalas, angina membranosa, angina do
peito, angina tonsilar, apoplexia, argemon

Convém quando há calafrios, calor, pressão


Carapichea Callicocca 14
na madre, com perda de sangue Auxiliada,
ipecacuanha ipecacuanha (12, 19, 23,
Rubiaceae por sabina. Havendo coma vagil,
(Brot.) Brot. / 32, 41, 43,
insensibilidade, e perda de conhecimento. /
L.Anderson Ipecacuanha 44, 45)
menorréia, apneia, apoplexia, Argemon

Paullinia pinnata
Sapindaceae Timbó 1 (41) Antiflogísticos homeopathicos.
L.

Smilax Melhoraram uma afecção graveolosa,


6 (116, 126,
Smilacacea quinquenervia Salsaparrilha acompanhada de vontade de urinar e de
127, 439,
Vell. contracções espasmódicas da bexiga.
AGROECOLOGIA: CONSTRUINDO SABERES NO CENTRO DE RESPONSABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL

Lucelena da Silva Ferreira; Iniciação Científica, CRS; ingresso no Ensino Médio – 02/2020; ingresso
no PIBIC - 09/2021; previsão de conclusão do curso - 08/2022; orientadores: João Carlos Silva e
Ulisses Carvalho.

INTRODUÇÃO
A ciência denominada Agroecologia é realizada através de um espaço composto por diversos saberes
tradicionais e científicos com aspectos teóricos e práticos. Caporal, Costabeber e Paulus (2011)
argumentam que a agroecologia é uma ciência integradora que interage com diversas outras
disciplinas e com os ensinamentos presentes nos saberes dos povos tradicionais e seus saberes
ecológicos. Dessa forma, a Agroecologia promove uma educação ambiental que contextualiza o
modo de pensar dos indivíduos, recriando conceitos construídos através de suas histórias e culturas,
para que se tornem críticos e reflitam sobre suas ações no meio ambiente (Kindel 2006). Portanto, o
projeto em questão visa estimular ações ecopedagógicas, por meio de diferentes intervenções
agroecológicas, atividades de educação socioambiental no Centro de Responsabilidade
Socioambiental (CRS) do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, por meio de um método coletivo com
todos os atores neste setor. Neste contexto, as práticas realizadas darão ênfase à reciclagem de
resíduos orgânicos, através da implementação de um sistema de vermicompostagem; a implantação
de placas educacionais como elementos promotores da educação; e a sensibilização dos educandos
pelas intervenções pedagógicas no ambiente CRS.

OBJETIVO
Implementar diferentes ações práticas para os educandos nos diferentes elementos do sistema
agroecológico do Centro de Responsabilidade Socioambiental.

MATERIAL E MÉTODOS
As atividades foram realizadas com os educandos do Centro de Responsabilidade Socioambiental,
situado no JBRJ, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro, em um total de 21 educandos, sendo de
ambos os sexos com faixa etária de 16 a 18 anos, inseridos nos cursos de Jardinagem com ênfase em
agroecologia e de Iniciação Científica. O trabalho iniciou-se através das buscas bibliográficas em
fontes primárias e secundárias e identificação de referencial para fundamentação das ações a serem
aplicadas. No entanto, o projeto se estruturou em etapas. A primeira etapa objetivou desenvolver e
implantar um sistema diletante de reciclagem de resíduos orgânicos, que foi estruturada em 3 tipos
de fases, onde a primeira consistiu na montagem do minhocário de balde customizados de modo a
criar uma usina sustentável e economicamente viável para produzir composto orgânico a partir de
resíduos orgânicos. A segunda foi a montagem de um minhocário pequeno, funcional e móvel, a partir
de um garrafão de PET, com cinco litros de volume. Este minhocário viabilizou a aproximação e um
maior entendimento dos educandos no que tange às funções que estes anelídeos podem apresentar. Já
a terceira etapa objetivou a criação de uma vermicompostagem em anéis de concreto, elemento
agroecológico que garante e viabiliza uma produção maior de vermicomposto sendo um modelo de
potencial agrícola.

RESULTADOS
Positivamente obteve-se como resultado agrícola a produção de chorume e húmus. Já como resultado
social, a reflexão e a sensibilização dos educandos do CRS em relação aos temas apresentados a eles.
(Figura 1). Também tiveram resultados em relação a manutenção do minhocário de balde, havendo a
redução da população de minhocas devido ao intenso acúmulo de gás gerado pelo desproporcional
volume de resíduo adicionado.
DISCUSSÃO
Com a realização deste projeto, as intervenções pedagógicas mostraram o interesse dos educandos
em relação ao tema abordado, englobando o sistema de vermicompostagem. A construção dos
diversos tipos de minhocários permitiu com que os educandos conhecessem uma representação do
hábitat das minhocas, e suas finalidades, ou seja, suas funções ecológicas e seus usos vislumbrados
pelos seres humanos como na produção de fertilizantes orgânicos e na comercialização dos próprios
animais (Kindel 2006).

CONCLUSÃO
Com base no que foi apresentado, o nosso projeto reforça a importância social e agrícola das distintas
ações práticas propostas, tendo como a principal finalidade, a implementação do espaço
multifuncional do sistema agroecológico do Centro de Responsabilidade Socioambiental.

REFERÊNCIAS
Kindel, EAI, Silva FW, Sammarco YM (org.). Educação ambiental: vários olhares e várias práticas.
Porto Alegre, Pp. 48.
Caporal FR, Costabeber JÁ, Paulus G (2006) Agroecologia: matriz disciplinar ou novo paradigma
para o desenvolvimento rural sustentável. Brasília. Pp. 26.

Figura 1. Interação dos educandos no processo de ações práticas nos diferentes elementos do sistema
agroecológico do Centro de Responsabilidade Socioambiental.
JARDIM SENSORIAL DO JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO: ESTRATÉGIAS
PARA O MANEJO DAS ESPÉCIES VEGETAIS

Valeska Pereira Porto, Colégio Estadual André Maurois; ingresso no Ensino Médio – 02/2020,
previsão de término – 12/2022; ingresso como como bolsista PIBIC-EM – 09/2021, previsão de
término – 08/2022. Orientador: João Carlos Silva.

INTRODUÇÃO
O Jardim Sensorial do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JS-JBRJ) é uma coleção voltada para a
inclusão de pessoas com deficiência. Para tanto, os canteiros são elevados, há corrimão, piso tátil
direcional e de alerta, caminhos espaçados, placas informativas referentes às espécies em Português,
Inglês e Braille, além das espécies vegetais, escolhidas para proporcionar uma experiência sensorial.

OBJETIVO
Levantar práticas oriundas do cultivo orgânico e com base agroecológica que possam ser aplicadas
no manejo das espécies vegetais no JS-JBRJ no que concerne ao fornecimento de nutrientes e controle
de pragas e doenças vegetais.

MATERIAL E MÉTODOS
O levantamento bibliográfico foi feito nas bases de dados Scielo e Google Acadêmico. Também
foram consultadas as fichas agroecológicas disponibilizadas no Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA, 2022). Além disso, foram feitas visitas semanalmente desde dezembro de
2021, quando foram registradas observações de indícios de problemas no cultivo. Com base nos
registros, foram realizados novos levantamentos com o intuito de identificar os agentes causadores
dos problemas observados, assim como alternativas para o seu controle. Durante as visitas, foi
acompanhada a interação dos visitantes com as espécies.

RESULTADOS
Atualmente são cultivadas 56 espécies vegetais no JS-JBRJ. Anis-do-campo, coentro, jasmim-estrela
e lírio-da-paz-mini foram temporariamente retiradas do cultivo em decorrência de infecção por
patógeno, curto ciclo de vida, predação intensa por formigas cortadeiras e infecção fúngica,
respectivamente. Crescimento além dos limites do vaso ou canteiro, predação, estiolamento,
apodrecimento das raízes e caules, folhas secas, mela, depredação, manchas e abscisão foliar, morte
de alguns indivíduos foram os principais problemas identificados. As intervenções propostas foram
mudança de posição na coleção, poda de manutenção, pode de partes contaminadas, remoção dos
predadores, alteração na composição do substrato, aplicação de adubos, aplicação de calda bordalesa,
substituição dos indivíduos e replantio, alteração na frequência da rega, retirada da espécie do canteiro
em alguns casos, aplicação de óleo de neem e uso de cobertura por material inerte.

DISCUSSÃO
Costa et al., 2006; Bastos et al., 2007; Russomanno et al., 2011; Ferrari et al., 2012; Lorenzotti et al.,
2012; Camargo et al., 2017 foram algumas das referências consultadas para buscar identificar os
agentes causadores dos problemas identificados no cultivo. As intervenções realizadas com base na
consulta das fichas agroecológicas (MAPA, 2022) se mostraram promissoras ou eficazes para
resolver os problemas identificados.

CONCLUSÃO
Esta pesquisa propõe o manejo orgânico e agroecológico ajustado para espécies cultivadas em jardins
sensoriais, reunindo recomendações para o cultivo das espécies vegetais, incluindo cuidados que
devem ser tomados para que tenham um aspecto saudável e proporcionem experiências sensoriais ao
público visitante.
REFERÊNCIAS
Bastos CN (2007) Mancha foliar em antúrio causada por Sclerotium rolfsii. Fitopatologia Brasileira,
32: 267-267.
Camargo e Castro PR; Angelini BG; Mendes ACCM; Dechen AR; Garcia EM (2017). Orquídeas.
Série Produtor Rural.
Costa JCB; Bezerra JL; Costa LCB; Alves E; Almeida AR; Lopes EAGL; Pinto JEBP (2006).
Mancha foliar de Pseudocercospora ocimicola em Ocimum selloi. Fitopatologia Brasileira 31(2),
316.
Ferrari JT; Töfoli JG; Domingues RJ; Nogueira EMC (2012) Podridão de raízes, pecíolo e queima
das folhas em Spathiphyllum spp. Biológico. 74(1), 39-42.
Lorenzetti ER; Conceição DM; Sacramento LVS; Furtado EL (2012). Controle da ferrugem das
folhas do capim-limão [Cymbopogon citratus (DC.) Stapf] com produtos naturais. Revista Brasileira
de Plantas Medicinais. 14(4): 571-578.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA (2022). Fichas Agroecológicas
<https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/organicos/fichas-agroecologicas>
Acesso em 17 de fev de 2022.
Russomanno OMR; Kruppa PC; Coutinho LN; Silva MP (2011) Ferrugem do capim-limão.
Biológico. 73(1): 21-24.

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