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IGOR RAFAEL FERNANDES DA SILVA vs. INSS
Sentença.
Decido.
I - a pedido; e
II - ex officio
(...)
§ 3º O licenciamento ex officio será feito na forma da legislação que trata
do serviço militar e dos regulamentos específicos de cada Força Armada:
a) por conclusão de tempo de serviço ou de estágio;
b) por conveniência do serviço; e
c) a bem da disciplina.
§ 4º O militar licenciado não tem direito a qualquer
remuneração e, exceto o licenciado ex officio a bem da disciplina,
deve ser incluído ou reincluído na reserva.” (Negrito acrescido)
2.1. No entanto, essa circunstância não tem o condão de impedir a sua reforma, nos
casos previstos na legislação militar.
a) na ativa:
I - os de carreira;
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II - ex officio
(...)
Art . 106. A reforma ex officio será aplicada ao militar que:
(...)
II - for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das
Forças Armadas;
III - estiver agregado por mais de 2 (dois) anos por ter sido
julgado incapaz, temporariamente, mediante homologação de Junta
Superior de Saúde, ainda que se trate de moléstia curável;
(...)
Art. 108. A incapacidade definitiva pode sobrevir em conseqüência de:
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No entanto, a situação dos autos atrai, por especialidade, o inciso III, do art.
106, hipótese excepcional de reforma de militar incapaz temporariamente, e para a
qual, como dito, se exige mais de dois anos na condição de agregado.
Nesse sentido:
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Neste sentido:
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artigo 106, III, mas em combinação com os artigos 108 e 109 do Estatuto, sendo
inclusive necessária a incapacidade tanto para os atos da vida militar como civil;
assim, tal situação irá, na prática, desembocar na mesma disciplina da
incapacidade definitiva, portanto (que é a do 106, II c/c 108 e 109), em se
interpretando o Estatuto de acordo com a isonomia constitucional, como aqui se
propõe" (KAYAT, Roberto Carlos Rocha, Forças Armadas: Reforma, Licenciamento
e Reserva Remunerada. In: Publicações da Escola da AGU: Direito Militar, 2010, p.
161-192). 5. Não havendo a incapacidade laboral não há o direito à reforma ex
offício, não se podendo estender tal benefício àqueles que possuem incapacidade
temporária e/ou parcial e ainda existe uma real possibilidade de recuperação da
doença e da capacidade laboral, e muito menos àqueles que, mesmo estando
agregado há mais de 02 anos, verifica-se o restabelecimento da sua capacidade
plena por meio de posterior prova técnica. 6. A lógica por trás do art. 106, III, da
Lei 6.880/1980 busca amparar o militar que, "diante do alargamento do período
que possa se encontrar incapacitado para as atividades laborais, tenha uma fonte
de subsistência segura e permanente, já que, afinal, os egressos na atividades
militares não podem ser devolvidos à vida civil em condições diversas daquelas
ostentadas no momento de ingresso na caserna. [...] Nesse norte, entendo que a
aplicabilidade do art. 106, III, da Lei 6.880/80 deve ter sua abrangência restrita às
hipóteses em que não atestada a plena capacidade posterior do militar, sob pena
de por em xeque a racionalidade por trás do diploma legal em referência. Ao
prevalecer entendimento inverso, estar-se-ia autorizando, por via oblíqua, que
pessoas no auge de sua capacidade laborativa, possam passar à inatividade,
recebendo proventos, onerando sobremaneira toda a sociedade brasileira"
(acórdão regional). 7. O STJ já decidiu que o militar da ativa tem direito à
agregação quando incapacitado temporariamente para o serviço castrense, e de,
nessa condição, receber o adequado tratamento médico-hospitalar até a sua cura
e, caso apurada, posteriormente, a incapacidade definitiva, o direito a reforma ex
officio. Precedentes: REsp 1265429/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe 06/03/2012; REsp 1195149/RS,
Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/04/2011, DJe
14/04/2011. 8. No caso ora em apreço, o Tribunal de origem, com base na análise
das provas colhidas nos autos, consignou que o Autor teve sua capacidade física
reestabelecida integralmente no período que permaneceu agregado, se
encontrando plenamente apto ao serviço castrense. Desta forma, inexistindo
qualquer incapacidade do autor para o trabalho civil ou militar, não merece
prosperar o seu pedido para a reforma, sob pena de estabelecer-se tratamento
diferenciado para a concessão desse instituto que tem como pressuposto básico a
impossibilidade laborativa do militar, sob pena de violação ao princípio da isonomia.
9. É pacífico o entendimento no âmbito do STJ no sentido de que decisão
monocrática não serve como paradigma para fins de demonstração de dissídio
jurisprudencial, porquanto se trata de manifestação unipessoal do relator, não
compreende o conceito coletivo de "Tribunal" almejado pelo art. 105, III, "c", da
Constituição Federal ("der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro tribunal"). Precedentes. 10. Recurso especial parcialmente
conhecido e não provido..” (Negrito acrescido)
Assim, uma vez que não existe incapacidade definitiva, deve ser afastada a
reforma.
No entanto, como o perito reconheceu que a incapacidade persiste, deve o autor
permanecer vinculado ao Exército, pelo prazo indicado para o tratamento médico (seis
meses), assegurada a percepção de vencimentos, correspondentes à graduação que
ocupava.
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Consigna-se, por fim, que por todas as razões acima expostas, bem como em
virtude de ser a fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos
formulados pelas partes, considera-se como não violados os demais dispositivos
suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados,
possibilitando, eventualmente, a interposição dos recursos cabíveis.
Deve-se ter bem presente, neste ponto, que o juiz está obrigado a prover sobre
os pontos, questões e argumentos que importem na constituição destes e que infirmem
a conclusão apontada na sentença (arts. 489, inc. IV, e 1.022, inc. II, do CPC).
Não é a mera afirmação ou argumentação da parte que justifica a interposição
do recurso, mas, sim, o argumento concreto que se constitui em ponto controvertido, e,
por conseguinte, em questão de fato ou de direito que deve ser dirimida, conforme a
previsão dos arts. 489, inc. IV, e art. 1.022, inc. I, do CPC, combinados.
Em outros termos, os argumentos que devem ser conhecidos e providos são
aqueles que constituem efetivos pontos e questões, e não todas as afirmativas que a
parte lançou em seus pronunciamentos.
Por outro lado, é mister considerar que a previsão do inc. VI, do art. 489, do CPC,
não se aplica à jurisprudência, súmulas e precedentes meramente persuasivos, ou seja,
devem ser referir necessariamente apenas aos mencionados nos arts. 332, inc. IV, e
927, do CPC, os quais não se identificam na hipótese deste processo.
Visto que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento
daquilo que já foi decidido, ficam advertidas as partes de que a sua oposição protelatória
importará na aplicação da sanção por litigância de má-fé, na forma dos arts. 80, inc. VII,
e 1.026, § 2º, do CPC.
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