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0500836-71.2016.4.05.

8311T
IGOR RAFAEL FERNANDES DA SILVA vs. INSS

Sentença.

1. Trata-se de demanda que visa à condenação da União a reformar o autor, militar


temporário.

Decido.

2. O militar temporário não tem direito à estabilidade, de modo que o ato de


licenciamento é discricionário da autoridade militar, nos termos do art. 121 da Lei nº.
6.880/81:

“. O licenciamento do serviço ativo se efetua:

I - a pedido; e
II - ex officio
(...)
§ 3º O licenciamento ex officio será feito na forma da legislação que trata
do serviço militar e dos regulamentos específicos de cada Força Armada:
a) por conclusão de tempo de serviço ou de estágio;
b) por conveniência do serviço; e
c) a bem da disciplina.
§ 4º O militar licenciado não tem direito a qualquer
remuneração e, exceto o licenciado ex officio a bem da disciplina,
deve ser incluído ou reincluído na reserva.” (Negrito acrescido)

2.1. No entanto, essa circunstância não tem o condão de impedir a sua reforma, nos
casos previstos na legislação militar.

De início, cumpre estabelecer o conceito de militar, nos termos da Lei nº


6.880/80:

Art. 3° Os membros das Forças Armadas, em razão de sua destinação


constitucional, formam uma categoria especial de servidores da Pátria e
são denominados militares.

§ 1° Os militares encontram-se em uma das seguintes


situações:

a) na ativa:

I - os de carreira;

II - os incorporados às Forças Armadas para prestação de


serviço militar inicial, durante os prazos previstos na legislação que
trata do serviço militar, ou durante as prorrogações daqueles prazos;
(...)”. Negrito acrescido.

Já sobre a reforma, o Estatuto dos Militares assim dispõe:

“Art. 104. A passagem do militar à situação de inatividade, mediante


reforma, se efetua:
I - a pedido; e

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II - ex officio
(...)
Art . 106. A reforma ex officio será aplicada ao militar que:
(...)
II - for julgado incapaz, definitivamente, para o serviço ativo das
Forças Armadas;
III - estiver agregado por mais de 2 (dois) anos por ter sido
julgado incapaz, temporariamente, mediante homologação de Junta
Superior de Saúde, ainda que se trate de moléstia curável;
(...)
Art. 108. A incapacidade definitiva pode sobrevir em conseqüência de:

I - ferimento recebido em campanha ou na manutenção da ordem


pública;
II - enfermidade contraída em campanha ou na manutenção da
ordem pública, ou enfermidade cuja causa eficiente decorra de uma
dessas situações;
III - acidente em serviço;
IV - doença, moléstia ou enfermidade adquirida em tempo de paz,
com relação de causa e efeito a condições inerentes ao serviço;
V - tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia maligna,
cegueira, lepra, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave,
mal de Parkinson, pênfigo, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
grave e outras moléstias que a lei indicar com base nas
conclusões da medicina especializada; e
VI - acidente ou doença, moléstia ou enfermidade, sem relação de
causa e efeito com o serviço.

Art. 109. O militar da ativa julgado incapaz definitivamente por um dos


motivos constantes dos itens I, II, III, IV e V do artigo anterior será
reformado com qualquer tempo de serviço.

Art. 110. O militar da ativa ou da reserva remunerada, julgado


incapaz definitivamente por um dos motivos constantes dos incisos I e II
do art. 108, será reformado com a remuneração calculada com base no
soldo correspondente ao grau hierárquico imediato ao que possuir ou que
possuía na ativa, respectivamente. (Redação dada pela Lei nº 7.580, de
1986)

§ 1º Aplica-se o disposto neste artigo aos casos previstos


nos itens III, IV e V do artigo 108, quando, verificada a
incapacidade definitiva, for o militar considerado inválido, isto é,
impossibilitado total e permanentemente para qualquer
trabalho.

§ 2º Considera-se, para efeito deste artigo, grau hierárquico


imediato:
a) o de Primeiro-Tenente, para Guarda-Marinha, Aspirante-a-Oficial
e Suboficial ou Subtenente;
b) o de Segundo-Tenente, para Primeiro-Sargento, Segundo-
Sargento e Terceiro-Sargento; e

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c) o de Terceiro-Sargento, para Cabo e demais praças constantes


do Quadro a que se refere o artigo 16.

§ 3º Aos benefícios previstos neste artigo e seus parágrafos poderão


ser acrescidos outros relativos à remuneração, estabelecidos em leis
especiais, desde que o militar, ao ser reformado, já satisfaça às condições
por elas exigidas.

Art. 111. O militar da ativa julgado incapaz definitivamente por um dos


motivos constantes do item VI do artigo 108 será reformado:

I - com remuneração proporcional ao tempo de serviço, se oficial


ou praça com estabilidade assegurada; e

II - com remuneração calculada com base no soldo integral


do posto ou graduação, desde que, com qualquer tempo de
serviço, seja considerado inválido, isto é, impossibilitado total e
permanentemente para qualquer trabalho.” (Negrito acrescido)

É de se destacar que em matéria de reforma do militar, a Lei nº 6.880/80 aplica-


se mesmo ao militar temporário, vez que posterior à Lei do Serviço Militar, disciplinando
inteiramente a matéria (art. 2º, §1º, Decreto-lei nº 4.657/1942).
Assim, tem-se: a) no caso dos incisos I a V do art. 108 da Lei nº. 6.880/80, a
incapacidade que assegura o direito de reforma, é aquela referente à incapacidade no
serviço militar, e os proventos serão calculados com base no soldo do posto ou
graduação ocupados, salvo no caso dos incisos I e II, nos quais se assegura o soldo do
posto ou graduação imediato, vantagem assegurada também às hipóteses dos incisos
III, IV e V se inválido o militar; b) No caso inciso VI, o militar temporário somente fará
jus à reforma se inválido, isto é, incapaz para atividades civis e militares, calculados os
seus proventos com base no soldo do posto ou graduação que ocupava.

Passa-se, então, à análise do caso concreto.

Segundo o demandante, veio a sofrer acidente em serviço, no dia 03.10.2013,


durante o treinamento físico militar (TFM).

Em decorrência desse acidente, foi submetido a tratamento cirúrgico no joelho


direito, do qual sobrevieram sequelas, as quais lhe impõem a incapacidade laborativa,
se encontrando na iminência de ser desincorporado, e ficar desamparado, sem
tratamento médico ou percepção de soldos.

A União reconheceu na contestação que o incidente caracteriza


acidente em serviço (Anexos 35 e 36), e negou a possibilidade de licenciamento do
militar, bem como a de reforma, que segundo ela, se aplica apenas às hipóteses de
militar estável ou militar temporário acometido de incapacidade permanente.

Determinada a realização de perícia médica, o especialista concluiu que o


demandante é portador de “Sequela de luxação da patela direita” (CID T93.3) e que
essa enfermidade representa incapacidade temporária para o serviço militar, com prazo
de recuperação de seis meses (Anexos 54 e 61).

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Como exposto acima, o militar temporário, vítima de acidente em serviço


somente pode ser reformado se essa incapacidade for definitiva, ainda que restrita ao
serviço militar, sem impedir o exercício de atividades civis.

No entanto, a situação dos autos atrai, por especialidade, o inciso III, do art.
106, hipótese excepcional de reforma de militar incapaz temporariamente, e para a
qual, como dito, se exige mais de dois anos na condição de agregado.

Conforme esclarecido no início desta fundamentação, “militar da ativa” é uma


categoria que abrange não apenas os militares de carreira, com estabilidade e ingresso
mediante concurso mas, também, o militar temporário, que adentra a Força pelo serviço
militar obrigatório.

Portanto, a condição de agregado, por prazo superior à dois anos, ao contrário


do que defende a União, é situação que ensejaria a reforma quer do militar de carreira
quer do temporário.

Nesse sentido:

“PROCESSUAL CIVIL. MILITAR. ACIDENTE EM SERVIÇO. AGREGADO.


INCAPACIDADE. REFORMA. REQUISITOS. PROCEDÊNCIA.

1. Assiste razão ao autor ao afirmar a ilegalidade do licenciamento,


considerando-se o disposto no art. 106, III, da Lei n. 6.880/80, que
dispõe sobre a reforma de militar que permanece com incapacidade
temporária após o decurso do prazo de 2 (dois) anos como agregado.
2. A jurisprudência é no sentido de não haver distinção entre militar
temporário e de carreira no que toca ao direito à reintegração e reforma
em decorrência de acidente em serviço (STJ, AEARESP n. 447867, Rel. Min.
Sérgio Kukina, j. 02.10.14; REsp n. 1205620, Rel. Min. Castro Meira, j. 13.12.11;
AGREsp n. 1211656, Rel. Min. Humberto Martins, j. 14.12.10).
3. As alegações da União de discricionariedade da prorrogação do tempo de serviço
e de presunção de legitimidade do ato administrativo não têm o condão de afastar
o direito do autor à reforma, considerando-se que sofreu acidente em
serviço e permaneceu como agregado por período superior a 2 (dois)
anos. O art. 106, III, da Lei n. 6.88080 não exige que se trate de
incapacidade permanente ou para todos os atos da vida civil (invalidez).
4. A circunstância de o autor não comparecer a tratamento médico
agendado após o licenciamento não infirma o direito à reforma.
5. Assim, não merece reparo a sentença ao determinar a reforma do autor nos
termos do art. 106, III, da Lei n. 6.880/80, bem como o pagamento dos valores
em atraso, corrigidos nos termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal e
acrescidos de juros de mora a partir da citação. 6. A condenação da União em
honorários advocatícios fixados em 20% do valor da causa atende ao disposto no
art. 20, § 4º, do Código de Processo Civil (valor dado à causa em julho de 2011:
R$ 545,00, cf. fl. 20). 7. Apelação da União e reexame necessário não providos..”
(Negrito acrescido)

(TRF 3ª Região – 5ª Turma, APELREEX nº 1927557, Rel. André Nekatschalow, j.


22.02.2016, DJ 29.02.2016).

No entanto, não é essa a posição que tem prevalecido no Superior


Tribunal de Justiça, para quem o art. 106 III, deve ser sempre interpretado em
conjunto com os artigos 108 e 109 do Estatuto Militar, sob pena de criar uma situação

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mais vantajosa para o acometimento de incapacidade temporária que aquele acometido


de incapacidade permanente.

Neste sentido:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. MILITAR


TEMPORÁRIO. AGREGADO. CAPACIDADE PARA O TRABALHO
RESTABELECIDA. PRETENSÃO DE REFORMA EM RAZÃO DO DECURSO DO
PRAZO MÁXIMO PARA AGREGAÇÃO. ART. 106, III, DA LEI 6.880/1980.
IMPOSSIBILIDADE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADO.
DECISÃO MONOCRÁTICA. IMPRESTABILIDADE. RECURSO ESPECIAL
NÃO PROVIDO.

1. Cinge-se a controvérsia em exame acerca da possibilidade de


concessão de reforma ex offício prevista no art. 106, III, da Lei
6.880/1980, ao militar temporário que a despeito de ter permanecido agregado
por mais de 02 (dois) anos para tratamento de saúde, recupera a sua higidez, não
estando mais incapacitado para o serviço castrense.
2. O instituto da agregação, previsto na Lei 6.880/1980, busca, entre outras
hipóteses, assegurar ao militar acometido de moléstia incapacitante
temporária o direito ao devido tratamento médico-hospital, no intuito de
restabelecer sua plena capacidade laborativa e, naqueles casos em que
não seja possível a recuperação, a o direito à reforma ex offício (art. 106,
III, da Lei 6.880/1980: "A reforma ex officio será aplicada ao militar que: [...] III -
estiver agregado por mais de 2 (dois) anos por ter sido julgado incapaz,
temporariamente, mediante homologação de Junta Superior de Saúde, ainda que
se trate de moléstia curável").
3. Da interpretação do dispositivo legal, percebe-se tratar-se de espécie de reforma
ex officio por incapacidade de militar agregado por mais de dois anos, ainda que
se trate de moléstia curável, ou seja, o reconhecimento do direito do militar
agregado à reforma pressupõe que, ao tempo da inspeção de saúde, seja verificada
a permanência da incapacidade laboral, ainda que se trate de moléstia que no
futuro posso vir a ser curada. Assim, o militar agregado que venha a se recuperar
da moléstia incapacitante, restabelecendo a sua condição laboral, não fará jus à
reforma, nos moldes do art. 106, III, da Lei 6.880/1980, porquanto não
está mais incapacitado.
4. "A outra espécie de reforma de ofício por incapacidade está no artigo 106, III,
o qual trás a situação do agregado, a abranger tanto estáveis como temporários,
e prevê reforma de ofício ao militar agregado por mais de dois anos, e que esteja
temporariamente incapaz. [...] Nos termos deste artigo 106, III, cabe reforma de
ofício se o militar estiver agregado por mais de dois anos, por ter sido julgado
incapaz temporariamente, ainda que se trate de moléstia curável. Porém,
também aqui a lei deve ser corretamente interpretada: em qualquer dos
dois casos de reforma de ofício por incapacidade (art. 106, II -
incapacidade definitiva - e III - incapacidade temporária, agregação), a
incapacidade definitiva dada pelos artigos 108 e 109 deverá ser exigida,
até mesmo em homenagem ao Princípio da Isonomia Constitucional.
Caso contrário, o agregado, bastando-lhe a incapacidade temporária,
terá um tratamento mais benéfico do que o incapaz definitivamente do
artigo 106, II. Por isso, os artigos 108 e 109 devem ser aplicados a
ambos. E, repita-se, naquele sentido antes exposto, ou seja, a incapacidade
definitiva dos artigos 108 e 109 é mais do que a mera incapacidade para o serviço
ativo das Forças Armadas, insculpida no artigo 106, II (eis que atinge também a
capacidade laboral civil), embora não chegue a ser a invalidez dos artigos 110§ 1º
e 111, II. [...] Concluindo, se o militar fica mais de dois anos agregado, por motivo
de saúde que o incapacitou temporariamente, ele será reformado nos termos do

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artigo 106, III, mas em combinação com os artigos 108 e 109 do Estatuto, sendo
inclusive necessária a incapacidade tanto para os atos da vida militar como civil;
assim, tal situação irá, na prática, desembocar na mesma disciplina da
incapacidade definitiva, portanto (que é a do 106, II c/c 108 e 109), em se
interpretando o Estatuto de acordo com a isonomia constitucional, como aqui se
propõe" (KAYAT, Roberto Carlos Rocha, Forças Armadas: Reforma, Licenciamento
e Reserva Remunerada. In: Publicações da Escola da AGU: Direito Militar, 2010, p.
161-192). 5. Não havendo a incapacidade laboral não há o direito à reforma ex
offício, não se podendo estender tal benefício àqueles que possuem incapacidade
temporária e/ou parcial e ainda existe uma real possibilidade de recuperação da
doença e da capacidade laboral, e muito menos àqueles que, mesmo estando
agregado há mais de 02 anos, verifica-se o restabelecimento da sua capacidade
plena por meio de posterior prova técnica. 6. A lógica por trás do art. 106, III, da
Lei 6.880/1980 busca amparar o militar que, "diante do alargamento do período
que possa se encontrar incapacitado para as atividades laborais, tenha uma fonte
de subsistência segura e permanente, já que, afinal, os egressos na atividades
militares não podem ser devolvidos à vida civil em condições diversas daquelas
ostentadas no momento de ingresso na caserna. [...] Nesse norte, entendo que a
aplicabilidade do art. 106, III, da Lei 6.880/80 deve ter sua abrangência restrita às
hipóteses em que não atestada a plena capacidade posterior do militar, sob pena
de por em xeque a racionalidade por trás do diploma legal em referência. Ao
prevalecer entendimento inverso, estar-se-ia autorizando, por via oblíqua, que
pessoas no auge de sua capacidade laborativa, possam passar à inatividade,
recebendo proventos, onerando sobremaneira toda a sociedade brasileira"
(acórdão regional). 7. O STJ já decidiu que o militar da ativa tem direito à
agregação quando incapacitado temporariamente para o serviço castrense, e de,
nessa condição, receber o adequado tratamento médico-hospitalar até a sua cura
e, caso apurada, posteriormente, a incapacidade definitiva, o direito a reforma ex
officio. Precedentes: REsp 1265429/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN,
SEGUNDA TURMA, julgado em 16/02/2012, DJe 06/03/2012; REsp 1195149/RS,
Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/04/2011, DJe
14/04/2011. 8. No caso ora em apreço, o Tribunal de origem, com base na análise
das provas colhidas nos autos, consignou que o Autor teve sua capacidade física
reestabelecida integralmente no período que permaneceu agregado, se
encontrando plenamente apto ao serviço castrense. Desta forma, inexistindo
qualquer incapacidade do autor para o trabalho civil ou militar, não merece
prosperar o seu pedido para a reforma, sob pena de estabelecer-se tratamento
diferenciado para a concessão desse instituto que tem como pressuposto básico a
impossibilidade laborativa do militar, sob pena de violação ao princípio da isonomia.
9. É pacífico o entendimento no âmbito do STJ no sentido de que decisão
monocrática não serve como paradigma para fins de demonstração de dissídio
jurisprudencial, porquanto se trata de manifestação unipessoal do relator, não
compreende o conceito coletivo de "Tribunal" almejado pelo art. 105, III, "c", da
Constituição Federal ("der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja
atribuído outro tribunal"). Precedentes. 10. Recurso especial parcialmente
conhecido e não provido..” (Negrito acrescido)

(STJ 2ª Turma, REsp nº 1506737, Rel. Mauro Campbell Marques, j. 19.11.2015,


DJ 27.11.2015).

Assim, uma vez que não existe incapacidade definitiva, deve ser afastada a
reforma.
No entanto, como o perito reconheceu que a incapacidade persiste, deve o autor
permanecer vinculado ao Exército, pelo prazo indicado para o tratamento médico (seis
meses), assegurada a percepção de vencimentos, correspondentes à graduação que
ocupava.

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A procedência, em parte, dos pedidos é medida que se impõe.

2.2. Medida cautelar

Uma vez que o demandante se encontra na condição de adido, sem interrupção


de vínculo desde a data do acidente em serviço, não há que se falar na concessão de
medida cautelar e nem em pagamento de atrasados.

2.3. Conhecimento e questões providas.

Consigna-se, por fim, que por todas as razões acima expostas, bem como em
virtude de ser a fundamentação suficiente para a apreciação de todos os pedidos
formulados pelas partes, considera-se como não violados os demais dispositivos
suscitados, inclusive considerando-os como devidamente prequestionados,
possibilitando, eventualmente, a interposição dos recursos cabíveis.
Deve-se ter bem presente, neste ponto, que o juiz está obrigado a prover sobre
os pontos, questões e argumentos que importem na constituição destes e que infirmem
a conclusão apontada na sentença (arts. 489, inc. IV, e 1.022, inc. II, do CPC).
Não é a mera afirmação ou argumentação da parte que justifica a interposição
do recurso, mas, sim, o argumento concreto que se constitui em ponto controvertido, e,
por conseguinte, em questão de fato ou de direito que deve ser dirimida, conforme a
previsão dos arts. 489, inc. IV, e art. 1.022, inc. I, do CPC, combinados.
Em outros termos, os argumentos que devem ser conhecidos e providos são
aqueles que constituem efetivos pontos e questões, e não todas as afirmativas que a
parte lançou em seus pronunciamentos.
Por outro lado, é mister considerar que a previsão do inc. VI, do art. 489, do CPC,
não se aplica à jurisprudência, súmulas e precedentes meramente persuasivos, ou seja,
devem ser referir necessariamente apenas aos mencionados nos arts. 332, inc. IV, e
927, do CPC, os quais não se identificam na hipótese deste processo.
Visto que os embargos de declaração não se prestam para um novo julgamento
daquilo que já foi decidido, ficam advertidas as partes de que a sua oposição protelatória
importará na aplicação da sanção por litigância de má-fé, na forma dos arts. 80, inc. VII,
e 1.026, § 2º, do CPC.

3. Julgo procedentes, em parte, os pedidos (art. 487, inc. I, do CPC) de modo


que condeno a União a manter o demandante na condição de adido, para fins de
tratamento médico e percepção de vencimentos, até 28.12.2016, bem como a
continuar pagando o soldo e as vantagens pecuniárias a que faz jus a partir da referida
data.

Interposto(s) recurso(s) voluntário(s) tempestivo(s) contra a presente,


intime(m)-se o(a)(s) recorrido(a)(s) para oferecer(em) resposta(s), em dez (10) dias, e,
decorrido o prazo, com ou sem contrarrazões, remeta-se à Turma Recursal.

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Defiro a gratuidade ao demandante (art. 98, CPC). Sem custas e honorários


advocatícios (art. 55 da Lei nº 9.099/95).

P.R.I.

Jaboatão, data da movimentação.

GEORGIUS LUÍS ARGENTINI PRINCIPE CREDIDIO


Juiz Federal

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