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Relato de leitura

Gostei bastante de ambas as leituras da semana. Achei interessante que o


artigo sobre sensacionalismo oferece uma nova perspectiva sobre o gênero,
pensando as matrizes culturais, e evitando um senso comum da discussão
sobre ele, que é o entendimento da categoria unicamente como meio de
alienação e exploração mercadológica. Ao longo do texto, acho crucial como os
autores reiteram o caráter multifacetado do sensacionalismo e suas matrizes
culturais, pensando nas suas utilizações tanto em termos progressistas quanto
reacionários. O texto fala, por exemplo, de como a pornografia foi utilizada para
zombar e expor os absurdos da aristocracia e, portanto, já esteve a serviço da
quebra do status quo. Outra parte que me chamou a atenção foi a análise
etimológica da palavra “Monstro”, destaco como a herança cristã da dicotomia
bem e mal, a qual discutimos na aula sobre melodrama, persegue todas
nossas concepções por sua própria participação na origem das palavras e que,
portanto, merece inevitavelmente ser colocada nas discussões. O fato da
palavra monstro significar etimologicamente “aviso” diz bastante sobre a
maneira como entendemos o mundo e o outro, e dessa forma, a maneira como
nos comunicamos e falamos sobre esse outro.
A reportagem “A nova sinfonia Paulistana” também me ofereceu novas
perspectivas. Por desconhecimento, eu imaginava que a ascensão do grupo
Jovem Pan se deu frente ao governo Bolsonaro, dessa forma, me surpreendi
com o fato dessa ascensão ser anterior a esse período, o que denota todo um
processo que culminou no atual governo. Outro aspecto que considerei
relevante sobre a reportagem é a forma como ela se ancora sobre as figuras da
Jovem Pan para explicar o caráter da rádio. Tendo em vista que, como
discutido, o sensacionalismo se ancora muito sobre figuras, explicar quem são
Sherazade e Peixoto, por exemplo, é uma boa forma de explicar quais são as
premissas da emissora e que tipo de jornalismo é feito ali.

Por fim, destaco o termo “Literatura de paranoia”, usado para caracterizar as


matrizes culturais, por sua definição como forma de caotizar o novo. É
interessante pensar como isso se repete ainda hoje, pensando nas
manifestações culturais que derivam dessa “Literatura” e que ainda hoje são
responsáveis por criar uma certa atmosfera caótica frente ao novo, pensando
contemporaneamente nas redes sociais, os golpes de Whatsapp, a ameaça da
tecnologia.

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