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LORENA – SP
2020
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LORENA – SP
2020
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AGRADECIMENTOS
RESUMO
ABSTRACT
The present study addresses the social right to housing (dignified and sustainable)
as a fundamental human right, expressly provided for in the Brazilian Federal
Constitution, and for that purpose the research line on social, economic and cultural
rights was focused on. We sought to analyze the right to housing in the light of the
principle of human dignity, which gains strength after international and national
moments of serious violations of the human person and, also in light of the (in)
efficiency of the realization of the right to housing, which imposes reflections on
public housing policies that aim to ensure that right. In this sense, after verifying the
existence of several needs of the population, related to housing, mainly due to the
lower purchasing power, it is necessary to carry out a special epistemological cut in
social public policies that aim to guarantee the right to housing most economically
vulnerable population. We sought to affirm (or diverge) about the reality experienced
by the poorest population, economically, which, according to contemporary doctrine,
faces great and numerous difficulties related to the realization of the social right to
housing (dignified and sustainable), which can be corroborated , also, due to the
current understanding of the words "right to housing", "dignified housing", "human
dignity", "social welfare state", among others. The identification and appreciation of
state benefits in the sector, marked by Brazilian housing policies - from the period
from 1964 to the federal government's program “Minha casa Minha vida”, followed by
the current concern for sustainability - corroborate the reflections of this research.
The research methodology uses the bibliographic review method, visiting classic and
contemporary doctrinal works, specialized journals and qualified periodicals, in
addition to pertinent jurisprudence, bringing up legal and philosophical concepts and
theories, which reflect on the reality and possibility of improving housing (dignified),
from safe and sustainable environments.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................12
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................99
REFERÊNCIAS .....................................................................................................104
12
1 INTRODUÇÃO
No reino dos fins tudo tem um preço ou uma dignidade. Quando uma
coisa tem um preço, pode pôr-se em vez dela qualquer outra como
equivalente; mas quando uma coisa está acima de todo o preço, e
portanto, não permite equivalente, então tem ela dignidade…Esta
apreciação dá pois a conhecer como dignidade um valor de uma tal
disposição de espírito e põe-na infinitamente acima de todo o preço.
Nunca ela poderia ser posta em cálculo ou confronto com qualquer
coisa que tivesse um preço, sem de qualquer modo ferir a sua
santidade. (KANT apud SARLET, 2009, p. 36)
direitos. Dotados de razão e consciência, devem agir uns para com os outros
em espírito e fraternidade”
Assim, como diversos outros direitos humanos fundamentais o tema
“moradia” foi debatido no âmbito do Direito Internacional, em 1948 (pós-
segunda guerra), período em que se iniciou a internacionalização e afirmação
dos direitos humanos.
Para Menezes:
Artigo 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e a propriedade, nos termos seguintes:
[...]
§ 1º - As normas definidoras de direitos e garantias fundamentais têm
aplicação imediata.
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a República
Federativa do Brasil seja parte.
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A moradia abriga o homem, no seu todo - seu corpo e aquilo que está
dentro dele, que lhe permite as superações dos limites. O homem
completo, traz consigo a necessidade de proteger a si próprio e a sua
família, abrigando a todos, de maneira a não lhes permitir exposições
às intempéries e às violências da vida. (VILLAS BÔAS;
NASCIMENTO, 2019,p.70)
O local onde se “mora” é então um bem jurídico com autonomia e sua
função é a tutela da privacidade, da intimidade ou da identidade pessoal. E
assim, não resta dúvida de que o lugar destinado à moradia é essencial ao
desenvolvimento da personalidade do indivíduo enquanto ser-humano.
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Por sua vez, Luís Roberto Barroso (2020) sustenta que, o estado
democrático de direito tem como pontos centrais a dignidade da pessoa
humana e os direitos fundamentais:
O Estado constitucional de direito gravita em torno da dignidade da
pessoa humana e da centralidade dos direitos fundamentais. A
dignidade da pessoa humana é o centro de irradiação dos direitos
fundamentais, sendo frequentemente identificada como o núcleo
essencial de tais direitos. Os direitos fundamentais incluem: a) a
liberdade, isto é, a autonomia da vontade, o direito de cada um eleger
seus projetos existenciais; b) a igualdade, que é o direito de ser
tratado com a mesma dignidade que todas as pessoas, sem
discriminações arbitrárias e exclusões evitáveis; c) o mínimo
existencial, que corresponde às condições elementares de educação,
saúde e renda que permitam, em uma determinada sociedade, o
acesso aos valores civilizatórios e a participação esclarecida no
processo político e no debate público. Os três Poderes – Legislativo,
Executivo e Judiciário – têm o dever de realizar os direitos
fundamentais, na maior extensão possível, tendo como limite mínimo
o núcleo essencial desses direitos.(BARROSO, 2020)
Apesar de representar um novo pacto social, possui bases frágeis, que por si
só não foram capazes de romper com a “velha ordem”.
Conforme muito bem destacado por Regina Vera Villas Bôas e Grasiele
Augusta Nascimento ao tratar da vulnerabilidade da pessoa humana
desprovida de teto:
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catedrática em Ética e Filosofia Política na Universidade de Valência, Espanha. Cujo livro, “Aporofobia”
foi lançado no Brasil em 05 de novembro de 2020, pela editora Contracorrente.
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Uma política pública pode tanto ser parte de uma política de Estado
ou uma política de governo. Vale a pena entender essa diferença: uma política
de Estado é toda política que independente do governo e do governante deve
ser realizada porque é amparada pela constituição. Já uma política de governo
pode depender da alternância de poder. Cada governo tem seus projetos, que
por sua vez se transformam em políticas públicas:
política se rege pelos princípios éticos comuns e pelo alcance do bem comum.
O alcance do interesse público é o seu maior objetivo:
Ele tem política para obras e não política urbana. Política urbana não
é uma soma de obras. É importante que haja recursos, mas política
urbana é controle do uso e ocupação do solo. É isso que favorece o
meio ambiente, dá sustentabilidade e justiça social. É o que ninguém
faz. Pela constituição, é uma responsabilidade do município. A
legislação torna isso complexo. O Governo Federal, quando faz
grandes obras para a Copa, na medida em que isso não é regulado,
está na verdade incentivando a especulação imobiliária, mesmo que
ele não queira. (ROLNIK, 2020)
desta possível “má escolha” são diversas. Raquel Rolnik, em 2012, já analisava
o programa traçando uma comparação entre o Minha Casa Minha Vida e a
política habitacional empregada no Chile, prevendo como estaria o programa
nos próximos 10 (dez) anos no Brasil:
A pergunta que deve ser respondida é como uma mulher que sai de
uma situação de violência doméstica pode encontrar em um conjunto
habitacional de baixa renda, com os problemas acima relatados, um lugar
digno para morar.
Assim, não dar efetividade aos direitos fundamentais faz com que o
homem perca seus valores intrínsecos propiciando campo fértil para as mais
variadas formas de violência. Registre-se que o objetivo deste trabalho não é
aprofundar as questões que envolvem a violência urbana mas sim demonstrar
o quanto políticas habitacionais (in) eficientes tem os mais variados
desdobramentos no dia a dia das pessoas, inclusive no aumento da violência.
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que busca melhorar o bem estar da população e nesta esteira apontam João
Batista Lazzaro e Adilor Danieli:
Mas o que significa ser eficiente? O que é uma política pública eficiente?
Significa atuar com o objetivo de produzir efeitos desejados, fazer o melhor
com aquilo que se possui, agir de modo a alcançar verdadeiramente os
desígnios da Administração Pública. De modo crítico assevera Paulo Modesto:
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primaram pela reestruturação das cidades que hoje podemos contar não
exclusivamente com normas constitucionais, mas também com leis elaboradas
por todos os entes federados, óbvio que de acordo com a competência
atribuída a cada qual, mas que buscam o mesmo fim: a satisfação do direito de
viver, morar, nas áreas urbanas com dignidade.
O Direito tem para se efetivar os direitos humanos fundamentais o
equivalente ao “trabalho de Hércules”, pois não bastam mais a existência de
normas que consigam solucionar conflitos de interesses meramente
particulares, visto que hoje existem conflitos bem mais complexos, os conflitos
de massas, por isso modelos retrógrados que não previam problemas trazidos
pela modernização das relações humanas cogentemente foram se adaptando
as novas situações e felizmente surgiram instrumentos capazes de senão
solucionar pelo menos apontar por onde devemos iniciar as transformações.
Nesta linha, bem esclarece Pedro Lenza:
Nesta esteira,
“A construção e a concretização do direito à moradia consideram,
entre outros, a possibilidade de acesso adequado do homem e de sua
família ao direito à cidade, acompanhado da inserção de mecanismos
urbanísticos, inclusive por meio de financiamentos de programas
habitacionais; ao acesso aos serviços públicos básicos, às condições
elementares de saneamento e saúde, ao acesso à rede de
transportes públicos e às áreas de lazer, podendo frequentar e
conhecer os programas de gestão democrática participativa,
reveladores da transparência do Poder Público, a partir de controles
sociais coercitivos, tão importantes à realização dos direitos sociais
do homem.” (SILVA; RAMPAZZO; VILLAS BÔAS; RODRIGUEZ.
2018. p.16-17).
que,
[...]
Meta 11.c
Nações Unidas
Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de
assistência técnica e financeira, para construções sustentáveis e
resilientes, utilizando materiais locais.
Brasil: Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de
assistência técnica e financeira, para construções sustentáveis e
robustas, priorizando recursos locais. +
Indicadores
11.c.1 - Proporção do apoio financeiro aos países menos
desenvolvidos destinado à construção e modernização de edifícios
sustentáveis, resistentes e eficientes em termos de recursos,
utilizando materiais locais.
(IPEA,2020)
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
acesso em 04/08/2020:
DALLARI, Dalmo de Abreu. O que são Direitos da Pessoa. 10. ed. São Paulo:
Brasiliense, 2004.
DAMATTA, Roberto. O que faz o Brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco, 1984,
Disponível em: https://hugoribeiro.com.br/biblioteca-digital/Da_Matta-
O_que_faz_Brasil_Brasil.pdf. Acesso em 05 ago. 2020
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del Español Urgente, 2017. Disponível em:
https://www.fundeu.es/recomendacion/aporofobia-palabradel-ano-para-la-
fundeubbva/#:~:text=Aporofobia%2C%20el%20neologismo%20que%20da,la
%20Agencia%20Efe%20y%20BBVA.>. Acesso em: 05 set. 2020.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2001.
http://www.repositorio.ufal.br/bitstream/riufal/5601/1/Fundamentalidade%20e
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em:https://portalperiodicos.unoesc.edu.br/espacojuridico/article/view/6286/3485
Acesso em 22 set. 2020.
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 37. ed.
São Paulo: Malheiros, 2014.
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Paulo: Malheiros, 2006.
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/rda/article/view/46113/44271. Acesso
em: 21/11/2020.
VILLAS BÔAS, Bruno. IBGE: Renda dos 1% mais ricos é 33,7 vezes a dos
50% mais pobres. Valor Econômico, Rio de Janeiro, 06 maio 2020. Disponível
em: <https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/05/06/ibge-renda-dos-1percent-
mais-ricos-e-337-vezes-a-dos-50percent-mais-pobres.ghtml>. Acesso em: 10
set. 2020.