Você está na página 1de 5

Laboratório de Circuitos elétricos I

Prática 7: Osciloscópio, Gerador de sinais e Multímetro


Turma 2
Antônio Damásio Fortaleza Araújo, UFPI, Matheus Ferreira Santos de Vasconcelos, UFPI , Prof. Dr.
Aryfrance Rocha Almeida, UFPI

Resumo- Nesta prática verificamos, experimentalmente e por meio A modificação realizada por Zenneck permitiu que
do uso de um Osciloscópio e suas devidas aplicações. o tubo fosse usado para a obtenção de uma visão
bidimensional de uma da forma de uma onda com base na
Palavras-chave—Fonte, Gerador de Função, Multímetro, diferença de potencial as quais as placas são submetidas e o
Osciloscópio, Tensões.
intervalo de tempo o qual estas placas são submetidas a essa
diferença de potencial. Esse funcionamento caracteriza um
I. INTRODUÇÃO
Osciloscópio.
Só no fim do século 19, quando o ser humano já Devido à baixa durabilidade e confiabilidade de
possuía bom domínio das leis que regiam tanto a eletricidade sistemas de vácuo na época o primeiro osciloscópio
tanto quanto o magnetismo, foram criados os Tubos de Raios comercial só foi apresentado ao mercado nos anos no fim dos
Catódicos (CRTs na sigla em inglês) pelo físico alemão Karl anos 30 foi apresentado pela General Radio, o Type 535A que
Ferdinand Braun. Originalmente concebidos como uma só possuía, no entanto uma um canal de verificação.
forma de demonstrar e observar a física dos elétrons, CRTs
consistem num feixe de elétrons é produzido por um
filamento aquecido (chamado de canhão de elétrons), que é
então acelerado em direção à tela.
Em 1899 o também alemão Jonathan Zenneck fez
uma modificação ao tubo de raios catódicos, adicionando dois
pares de placas metálicas ao tubo, fazendo com o quê o feixe
agora passasse ortogonalmente por elas. Aplicando-se uma
diferença de potencial a estas placas, Vx e Vy, o feixe é
defletido e então colide com uma tela plana. A superfície
interna da tela é revestida por uma camada de material
fosforescente que, ao ser atingido pelo feixe de elétrons,
emite luz, produzindo um ponto na tela. Ao se desligar o feixe
de elétrons, o ponto de luz se apaga. Contudo, o tipo do
material fosforescente pode apresentar um efeito de
persistência, mantendo o ponto aceso na tela por algum
tempo.
IMAGEM 2: GENERAL INSTRUMENTS TYPE 535A

Os Osciloscópios Digitais surgiram depois e com um


método de mais simples de análise, ele conversores
analógico-digitais pra medir a tensão instantânea, tal como
voltímetros digitais, e então exibir a variação desses
resultados ao logo do tempo na forma de uma onda. Esses
resultados então são exibidos por meio de uma tela que
costuma ser LCD.

IMAGEM 1:ESQUEMA SIMPLIFICADO DO FUNCIONAMENTO DE


UM OSCILOSCÓPIO
produz uma onda em que a rampa de subida é usada para
deslocar horizontalmente o feixe de elétrons. Para continuar
visualizando o sinal, o feixe, ao atingir a extremidade da
direita da tela, precisa retornar à posição inicial (à esquerda)
e, para tal, é utilizada a rampa de decida e o feixe é desligado.
Este gerador fornece rampas com frequências fixas e dentro
de um razoável espectro, e está calibrado para que a retícula
horizontal corresponda ao período dos sinais, como por
exemplo, 10ms/div.

IMAGEM 3: GENERAL INSTRUMENTS TYPE 535A

Osciloscópios Digitais são amis comuns hoje em dia


devido a sua menor complexidade de fabricação, serem amis
leves e menores devido ao fato de não necessitarem de um
instrumento como um tubo CRT, e, principalmente, por sua
capacidade de gerar arquivos sobre as análises em formato IMAGEM 5: CONTROLE DE BASE DE TEMPO
digital.
Finalmente, o circuito de disparo (trigger) permite
que sinais periódicos possam ser mostrados de uma maneira
II. PRINCÍPIOS DE FUNCIONAMENTO estável na tela. Para tal, é necessário sincronizar a rampa de
O osciloscópio possui algumas funções que varredura horizontal com o sinal propriamente dito. O
permitem depurar o sinal lido pelo osciloscópio para obter circuito de disparo compara a amplitude do sinal com um
uma melhor uma análise tornando, assim, valores como determinado valor (que pode ser definido pelo usuário),
tensão e de tempo mais visíveis. Alguns deles serão detecta a forma de variação (crescente ou decrescente) e, com
explicitados abaixo. isso, gera um pulso. O primeiro pulso dispara a geração da
Os canais de entrada são usados para amplificar ou onda “dente de serra”, a rampa de subida desloca o feixe
atenuar os sinais elétricos a serem mostrados na tela. Cada aceso, desenhando na tela a forma de onda do sinal. Até o
canal pode ser modificado individualmente, estabelecendo-se feixe atingir a extremidade da direita, outros pulsos serão
uma relação da amplitude do sinal com a retícula da tela. O ignorados, e então a rampa de descida será gerada. Este
usuário seleciona o fator de referência da retícula, por comportamento se repete indefinidamente dando a impressão
exemplo, 5V/div, e a amplitude do sinal pode então ser de uma onda estável na tela. A fonte de sinal de disparo pode
medida diretamente na tela. Existem três possibilidades de ser qualquer um dos canais de entrada, uma entrada externa,
acoplamento do sinal de entrada: direto (DC), sem a rede elétrica, um sinal lógico etc.
componente contínua (AC) e terra (GND). O sinal
amplificado é aplicado às placas paralelas horizontais (Vy).
Desta maneira, o feixe de elétrons se desloca vertical e
proporcionalmente à amplitude do sinal de entrada.

IMAGEM 6: CONTROLE DE TRIGGER

Alguns Osciloscópios, como o modelo Tektronix


TDS 1001B tem um sistema de “AUTOSET” que permite que
próprio osciloscópio realize ajustes escala. Nesta função, o
IMAGEM 4: CONTROLE DE CANAIS DE ENTRADA
Osciloscópio compara a forma da onda lida a modelos que
Gerador da base de tempo é usado para deslocar o ela possui na memória determinando assim aqui mais se
feixe (já proporcional a amplitude) ao longo do tempo, ou encaixa e sob quais parâmetros.
seja, do eixo horizontal. Para se obter este deslocamento
horizontal, basta aplicar uma onda “dente de serra” às placas
paralelas verticais (Vx). Este gerador de base de tempo
Na imagem podemos conferir pequenas diferenças entre os
valores desejados e os valores obtidos. Isto está relacionado à
sensibilidade do osciloscópio que detecta pequenas
diferenças relacionadas às limitações do ajuste possível de ser
realizado no gerador de função.
A seguir temos alguns valores registrados para a onda
acima.
TABELA 1: DADOS COLETADOS NA PRIMEIRA FORMA DE
ONDA
Vpp Frequência Período VRMS
3,92V 1,004kHz 0,996ms 1,38V

IMAGEM 7: AUTOSET

Por meio da função “MEASURE” é possível obter 2- Repita o Passo 1 para uma onda quadrada de
valores referentes ao sinal de entrada do oscilador, tais como período igual a 15 ms.
o comprimento de onda, sua frequência e amplitude. A partir
daí você pode controlar o sinal com bem mais precisão. Esse Para a forma de onda solicitada podemos obter a leitura
espaço de medida pose ser determinado por meio da função exposta na imagem a seguir.
“CURSOR”, tanto no que diz aos valores de tensão quanto
aos valores de tempo.

IMAGEM 8: MEASURE E CURSOR


IMAGEM 10: ONDA QUADRADA DE 15ms DE PERÍODO

Para obter o valor desejado, foi necessário utilizar uma


frequência de aproximadamente 66,6Hz.
III. EXPERIMENTOS

3- Repita o Passo 1 para uma onda triangular de


Parte 1: frequência 500 Hz, amplitude de 4Vpp e uma
componente de tensão contínua de 1V.
1- Ligue os equipamentos e obtenha no osciloscópio
uma onda senoidal de 1 KHz e 4Vpp.
Realizando os ajustes necessários obtém-se uma onda
triangular conforme a frequência ajustada. Porém, a inserção
Nesta primeira etapa é realizada a leitura de uma onda da tensão terá o efeito de deslocar a tensão em 1V, elevando
senoidal com frequência de 1kHz e uma tensão de pico a o gráfico que seria obtido sem esta componente.
pico de 4V. Os valores obtidos no experimento podem ser
conferidos na imagem a seguir.

IMAGEM 11: ONDA TRIANGULAR DESLOCADA DEVIDO À


IMAGEM 9: ONDA SENOIDAL DE 1kHz COMPONENTE DE TENSÃO CONTÍNUA APLICADA
4- Repita o Passo 3, mudando o acoplamento do 6- Substitua o gerador de sinais por uma fonte de
canal 1 para AC. tensão contínua de 5V e anote os valores medidos.

Para a utilização de uma fonte contínua ajustada para 5V,


Realizando a alteração no gerador de frequência, obtém-se o a medição realizada pelo multímetro obteve o valor de 5,00V,
resultado exposto na imagem a seguir. enquanto o osciloscópio realizou a medição conforme a
imagem a seguir.

IMAGEM 12: ONDA TRIANGULAR DESLOCADA DEVIDO À


COMPONENTE DE TENSÃO ALTERNADA APLICADA
IMAGEM 13: VALOR REGISTRADO PELO OSCILOSCÓPIO PARA
UMA FONTE DE TENSÃO CONTÍNUA AJUSTADA PARA 5V

O efeito que foi possível ser observado foi uma leve


alteração na forma da onda, além de uma redução da tensão Nas questões 5 e 6 há duas situações diferentes, em uma é
de pico a pico para 1,80V. utilizado um gerador de sinal e em outra uma fonte de tensão
contínua, desse modo, as leituras no osciloscópio apresentam
natureza diferente.

Na tabela a seguir há uma comparação entre ambas as


situações. Para a parte 6 é utilizado o valor de tensão RMS
Parte 2:
exibido pelo osciloscópio, pois será o valor médio entre as
pequenas oscilações presentes na tensão da fonte.
5- Repita o Passo 3 observando os valores medidos TABELA 3: COMPARAÇÃO ENTRE OS RESULTADOS DAS
no osciloscópio e no multímetro. Utilize o PARTES 5 E 6
multímetro para medição de tensão AC e DC.
Altere o ajuste do gerador de sinais para forma Parte 5
de onda quadrada e senoidal sem variar a Tipo de onda Osciloscópio Multímetro
amplitude ou a frequência do sinal gerado. Anote AC DC AC DC
Senoidal 1,36VRMS 3,08V 1,33VRMS 0,13V
os valores medidos no osciloscópio e no
Quadrada 1,97VRMS 4,0V 1,93VRMS 0,19V
multímetro para as três formas de onda.
Triangular 1,12VRMS 3,92V 1,10VRMS 2,23V
Parte 6
Com base no experimento, foram colhidos os dados Osciloscópio Multímetro
apresentados na tabela a seguir. 5,08VRMS 5,0V
TABELA 2: DADOS COLETADOS PARA DIFERETES FORMAS
DE ONDA
Na primeira parte da tabela pode-se perceber diferenças
Tipo de onda Osciloscópio Multímetro relacionadas às diferentes formas de onda. Os valores RMS
AC DC AC DC para cada tipo de onda, em função de sua forma, variam, de
Senoidal 1,36VRMS 3,08V 1,33VRMS 0,13V
modo que, mesmo com as mesmas características de
Quadrada 1,97VRMS 4,0V 1,93VRMS 0,19V
1,12VRMS 3,92V 1,10VRMS 2,23V
amplitude e frequência, seus valores variam. Essa variação
Triangular
também pode ser percebida nas outras medições da tabela, e
percebe-se um padrão em que os maiores valores coletados
ocorrem para a onda quadrada, seguido pela senoidal e, por
fim, a triangular.
IV. CONCLUSÕES

Nesta atividade pode-se aprender a fazer uso de um


osciloscópio, um importante instrumento de medida e análise
amplamente empregado em eletrônica. Este é um instrumento
gráfico que analisa diferentes valores de tensão relacionados
um determinado intervalo de tempo, com ele pode-se analisar
diferentes formas de onda fornecidas por um gerador de
função, no caso desta prática, seja senoide, quadrada ou
mesmo triangular, ou, de modo mais geral, de uma fonte de
sinal elétrico que se deseje analisar. Com ele também pode-
se analisar diferentes valores de tensão, além de compara-los
com os valores lidos para os mesmo casos obtidos por um
multímetro a fim de determinar seu modo de melhor
funcionamento.

V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Nilsson; Riedel; 8ª. ed. São Paulo: Pearson Prentice


Hall, 2011.
[2] Almeida, Aryfrance Rocha. Manual da prática de
laboratório.

Antônio Damásio Fortaleza Araújo é aluno do 4°


período no curso de engenharia elétrica da UFPI.
Matheus Ferreira Santos de Vasconcelos é aluno do 4°
período no curso de engenharia elétrica da UFPI.
Prof. Dr. Aryfrance Rocha Almeida é prof. Dr. no curso
de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Piauí -
UFPI, na área de Sistemas Elétricos. Doutor em Engenharia
Elétrica pela Universidade Federal do Ceará - UFC, na área
de Sistemas de Energia Elétrica. Mestre em Engenharia
Elétrica pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA na
área de Automação e Controle, graduado em engenharia
elétrica pela Universidade Federal do Maranhão - UFMA.

Você também pode gostar