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Disciplina • Redação Professor • Bomfim Conteúdo • Redação AFA

REDAÇÃO refugiados, um dos maiores desafios da história recente. Apesar de as guerras e


TEXTO 1 conflitos terem ganhado certo destaque e relevância como os grandes agentes
Considere, abaixo, parte da entrevista da ex-presidente da Irlanda e Alta causadores de tal fenômeno, esses fatores, apesar de importantes, não formam
Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Mary Robinson, a principal causa de grande parte do êxodo de refugiados. Ao contrário do senso
publicada no Jornal Valor Econômico, em 2016, e aqui reproduzida a partir do comum, grande parte dos deslocamentos forçados e refúgios no mundo se dão
site https://www.fronteiras.com/ por desastres naturais como alagamentos, terremotos, vulcões ou ciclones.
Por que as mudanças climáticas são uma questão de direitos humanos? https://aun.webhostusp.sti.usp.br/. Adaptado.
M.R.: Porque estão corroendo uma série de direitos, particularmente os sociais. TEXTO 3
Direito à alimentação, à água. E também estão corroendo a saúde, tirando as
pessoas de seus lugares. Existe uma grande injustiça nas mudanças climáticas,
porque afetam comunidades pobres e países pobres que não são responsáveis
pelas emissões de gases.
Por que o maior impacto sobre as pessoas pobres não ganha evidência?
M.R.: Acho que as pessoas não têm uma compreensão completa em relação a
isso. E também não se sentem suficientemente responsáveis. Temos que trazer
à luz a injustiça da mudança climática e torná-la mais visível.
[...] E o aspecto financeiro? Nem todos concordam em financiar as mudanças
necessárias.
M.R.: Precisamos ver as finanças climáticas como uma forma de deixar o mundo
mais seguro para todos, fornecendo tecnologia e investimentos aos países em
desenvolvimento para uma transição bem rápida para a energia renovável.
[...] Governos e líderes empresariais parecem muitas vezes mais interessados no
aspecto econômico. Como incluir as pessoas nas soluções?
M.R.: Foi por isso que criei minha fundação, que é voltada à justiça climática.
Precisamos colocar as pessoas no centro de todas as ações relacionadas ao
clima, ou iremos cometer erros. Por exemplo, em 2007, 2008, havia um grande
movimento para transformar o milho em etanol nos Estados Unidos. Isso fez
com que os preços de alimentos subissem e foi muito ruim para as comunidades
pobres. Tenho ouvido cada vez mais sobre grandes projetos, grandes
hidrelétricas, florestamento que tentam ser positivos para o clima, mas não são
bons para os pequenos proprietários de terra, atropelam os direitos dos povos
indígenas, das pessoas pobres. Isso não é aceitável.
Como a senhora vê os direitos humanos atualmente?
M.R.: É difícil responder globalmente. Há uma preocupação com o que é descrito
como o fechamento de espaço para ação da sociedade civil. Em outras palavras,
é mais difícil para a sociedade civil ser influente. A chamada guerra contra o
terror tem feito até protestos legítimos serem caracterizados como
terrorismo. E há um grande movimento para proibir ou reduzir a ação das ONGs.
Muitos países estão suspendendo o financiamento externo para as organizações
não governamentais. E se não conseguem recursos do exterior é muito mais Texto 4:
difícil para elas financiarem suas atividades que são responsabilizar os governos Um relatório do Banco Mundial projeta que até o ano de 2050 poderá haver
pela garantia de direitos humanos... É um grande problema, há muitos mais. mais de 17 milhões de latino-americanos (2,6% dos habitantes da região ou o
[...] As mudanças climáticas podem gerar refugiados do clima? equivalente à população do Equador) deslocados pela mudança climática se não
M.R.: Tenho certeza de que veremos o clima como fator de deslocamento das forem tomadas medidas concretas para frear seus efeitos. “Os migrantes
pessoas, porque estão sofrendo com secas severas, inundações severas. Há climáticos se deslocarão de áreas menos viáveis, com pouco acesso à água e
estimativas de que em 2050 poderemos ter algo entre 50 e 200 milhões de produtividade de cultivos, e de áreas afetadas pela elevação do nível do mar e
refugiados do clima. Nem podemos chamá-los de refugiados, porque eles não pelas marés de tempestade”, diz o documento. As áreas que sofrerão o golpe
têm esse status. mais duro, acrescenta, são as mais pobres e vulneráveis.
Como a senhora vê a atual situação? https://brasil.elpais.com/internacional/.
M.R.: Falamos sobre direitos humanos e sobre problemas do clima e isso pode Texto 5:
ser deprimente. Esses problemas são muito sérios. Acredito que existem duas Somos alertados o tempo todo para as consequências das escolhas recentes que
formas de olhar para isso. Uma é ver o quanto isso é ruim e descrever o quanto fizemos. E se pudermos dar atenção a alguma visão que escape a essa cegueira
isso é ruim. E tudo fica muito negativo, não há energia, não há oxigênio para que estamos vivendo no mundo todo, talvez ela possa abrir nossa mente para
fazer nada. A outra é ver que a situação é difícil, mas que há pessoas corajosas alguma cooperação entre os povos, não para salvar os outros, para salvar a nós
lutando contra isso e que podemos tentar ajudá-las. Eu sempre pego mesmos. Ideias para adiar o fim do mundo. Aílton Krenak. Adaptado.
emprestada uma expressão do meu amigo arcebispo Desmond Tutu. Estivemos Texto 6:
em um painel em Nova Iorque, há alguns anos, com pessoas jovens, e ele fica Aproximavam-se agora dos lugares habitados, haveriam de achar morada. Não
muito entusiasmado quando está com jovens. Havia lá uma jornalista que, de andariam sempre à toa, como ciganos. O vaqueiro ensombrava-se com a ideia
forma até um pouco ríspida, perguntou a ele como se mantinha otimista. E ele de que se dirigia a terras onde talvez não houvesse gado para tratar. Sinhá
respondeu: "Minha cara, não sou um otimista, sou um prisioneiro da Vitória tentou sossegá-lo dizendo que ele poderia entregar-se a outras
esperança". Isso foi profundamente importante para mim. Você precisa ter ocupações, e Fabiano estremeceu, voltou-se, estirou os olhos em direção à
esperança, que é a energia para fazer mudanças. fazenda abandonada. Recordou-se dos animais feridos e logo afastou a
Adaptado de: <https://www.fronteiras.com/entrevistas/mary-robinson-uma- lembrança. Que fazia ali virado para trás?
prisioneira-da-esperanca> Vidas Secas. Graciliano Ramos
Texto 2 Texto 7
As últimas décadas vêm sendo marcadas por diversas crises humanitárias a José Tadeu Arantes | Agência FAPESP – Quase a metade da população mundial
acometer diversas partes do globo, sejam elas guerras, desastres naturais ou – de 42% a 46% dos habitantes humanos do planeta – já se encontra em uma
doenças. Tais crises acabam por ser responsáveis por uma das situações mais situação de alta vulnerabilidade às mudanças climáticas. E a maior ou menor
graves, complexas e urgentes a serem solucionadas no mundo, que é a crise de vulnerabilidade estão associadas a variáveis como gênero, raça e renda. Na

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América do Sul e na América Central, a vulnerabilidade é amplificada por fatores
como desigualdades sociais, pobreza e mudanças no uso da terra,
principalmente associadas ao desmatamento. Muitos eventos extremos, como
inundações ou secas, elevação do nível do mar e erosão costeira, acidificação de
oceanos e lagos, já estão impactando a região e devem se intensificar.

Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações


que julgar pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha
seu ponto de vista sobre o tema:
Refugiados ambientais e vulnerabilidade social.

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