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Universidade Eduardo Mondlane

Faculdade de Engenharia – DEEL


Licenciatura em Engenharia Eletrónica – 3º ano

Eletrónica Analógica II

Osciladores a Cristal e de
Relaxação

Docente:
Eng.º Adélio Francisco Tembe, MSc.
Osciladores a Cristal - Origem

Paul Langevin primeiro investigador de ressonadores de


quartzo para uso em sonar durante a Primeira Guerra
Mundial.
O primeiro cristal oscilador controlado, utilizando um
cristal de sal de Rochelle, foi construído em 1917 e
patenteado em 1918 por Alexander M. Nicholson na Bell
Telephone Laboratories, embora sua prioridade era
disputado por Walter Guyton Cady.
Cady construiu o primeiro oscilador de cristal de quartzo
em 1921.
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Aplicações eletrônicas de cristais
de quartzo

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Cristal de quartzo

O cristal de quartzo é produto do fenômeno da piezoeletricidade


descoberto pelos irmãos Jacques e Pierre Curie na França em 1880,
quando constataram que uma corrente elétrica surgia em certos
cristais quando submetidos a pressões.

O uso de cristais osciladores é indicado quando for necessário alta


estabilidade em frequência.

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Funcionalidade

No aspecto macroscópico, o princípio é simples: certos cristais, como


o quartzo e também alguns materiais cerâmicos, geram um campo
elétrico sob ação de um esforço mecânico e o processo inverso
também ocorre.

O quartzo é um material piezoelétrico e quando um campo elétrico é


aplicado sobre ele, um deslocamento físico ocorre.

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Piezoeletricidade

Quando uma mudança de


estresse mecânico é aplicada a
um cristal, surge no cristal uma
tensão na frequência das
vibrações mecânicas.
Inversamente, quando uma
tensão alternada é aplicada ao
cristal, ele vibra na frequência da
tensão aplicada.
A maior vibração ocorre na
frequência natural de
ressonância do cristal.
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Constituição física
Formado por um cristal de quartzo entre duas superfícies metálicas
que servem de eletrodos.

A frequência de ressonância é inversamente proporcional a espessura


do cristal.

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Quartzo ou Cerâmica
O quartzo apresenta menor tolerância de frequência, menor
variação com a temperatura e menor capacitância própria e, por
isso, é adequado para frequências mais altas.

A cerâmica tem melhor resistência mecânica, menor volume e menor


custo e é usada em muitos aplicações, onde as melhores
características do quartzo não são determinantes.
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Frequência no Cristal
A menor frequência fundamental disponíveis em um cristal de quartzo
é cerca de 1 MHz.
A maior frequência fundamental é de cerca de 32 MHz, acima do qual,
o cristal se torna muito fino e delicado para ser manuseado.
Em sobretom, ou seja, atuando com harmônicos pode operar de 30
MHz a 250 MHz (3rd; 5th; 7th; 9th).

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Cristal Quartzo – Equivalente
Mecânico e Elétrico

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Modelo do Cristal Quartzo

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Cristal Quartzo – Equivalente
Elétrico
Um cristal de quartzo fornece
uma frequência de ressonância
série e uma frequência
ressonância paralela. Estas
duas frequências determinam
os limites de operação do
cristal.

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1 fp 
fs  2 L1
C1C0
2 L1C1 C1  C0
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Cristal Quartzo – Equivalente
Elétrico
❖ C1 representa a elasticidade do quartzo, a espessura e forma da
pastilha de quartzo. Os valores de C1 tem intervalo em femto
farads.
❖ L1 representa a massa mecânica de vibração do quartzo em
movimento.
❖ R1 representa as perdas resistivas dentro do cristal.
❖ C0 representa a capacitância paralela. É resultado da soma das
capacitâncias devido aos eletródios do cristal mais capacitâncias
parasitas devido ao invólucro que contém o cristal.
❖ Os valores de C0 situam-se na faixa de 3 a 7 pF.
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Reatância vs. Frequência

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Impedância do Cristal
Ao se conectar o cristal em uma fonte de tensão alternada senoidal,
pelo fato de seu circuito elétrico equivalente ser formado por
elementos passivos (R, L e C), ocorre a circulação de uma corrente
alternada senoidal, determinada pela sua impedância resultante, dada
por:

 1  1
 R  jL1  
 jC1  jC0
Z XTAL 
1 1
R  jL1  
jC1 jC0
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Frequência de ressonância
série fS
❖ A frequência de ressonância série é determinada na frequência
em que as reatâncias indutiva e capacitiva são iguais e se
cancelam, isto é, XL1 = XC1 . Neste caso o cristal comporta-se
como um dispositivo resistivo.
❖ Portanto, quando o cristal está operando na sua frequência de
ressonância série fs a sua impedância será mínima e a corrente
será máxima.
❖ Na ressonância, o valor de XC0 < <R1, como resultado, aparece
resistivo no circuito, com um valor muito próximo R1 .
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Frequência de ressonância
paralela fp
❖ Quando um cristal está operando na sua frequência
antiressonante fp , a impedância será máxima e a sua corrente
estará em seu mínimo.
❖ fs é inferior a fp e a frequência de um cristal é normalmente
especificada entre fs e fp , na qual fs < fXTAL <fp.
❖ Esta faixa de frequências entre fs e fp é conhecida como a “faixa
de ressonância paralela" ou simplesmente "ressonância
paralela."

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Fator de qualidade Q
 Um cristal de ressonância é mecanicamente visto de seus
eletrodos como ressonância elétrica.
 Assim, um cristal se comporta como um circuito sintonizado e
como um circuito sintonizado o cristal pode armazenar energia.
 Nós podemos quantificar a quantidade de energia armazenada,
definindo um fator de qualidade (Q) para o cristal.
 O fator de qualidade Q do cristal é definido como a proporção
de energia armazenada na componente reativa (capacitor ou
indutor) para a energia dissipada.

X L1 X C1 .L1 1
Q  Q 
R1 R1 R1 .R1.C1
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Oscilador Pierce
Um cristal operando na região de ressonância paralela apresenta-se
ao circuito como um indutor e pode, então, substituir a reatância
indutiva no oscilador Colpitts dando origem ao oscilador Pierce.

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Oscilador a Cristal

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Oscilador a Cristal

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Exemplo

Considere o circuito equivalente do


cristal: L=3H; C=0,05pF; R=2kΩ e
Cm=10pF.
Determine os limites da frequência
de ressonância do cristal.

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Exemplo - Solução

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Exemplo - Solução

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Exercícios

1. Um cristal pode ter valores tais como: L = 3uH; C = 500 pF; R=2kΩ
e Cm = 10 nF. Determine a sua faixa de frequências de operação.

2. Considere que o cristal usado


no oscilador ao lado é o do
problema anterior.
➢ Determine a frequência de
oscilação do oscilador e
compare com as frequências
do problema anterior.

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Osciladores de Relaxação:
Definição
Os osciladores de relaxação são circuitos que possuem como
característica o facto de serem fontes de ondas quadradas,
caracterizadas por usarem dispositivos biestáveis e dispositivos que
provocam oscilação como os elementos RC, por exemplo.

Esses tipos de osciladores são indicados principalmente em uso de


circuitos com boa estabilidade na frequência de oscilação e
também pela alta taxa de variação na saída, requisitos essenciais
para dispositivos digitais com temporização.

São também definidos como osciladores não lineares.

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Osciladores lineares e Osciladores
não-lineares

Osciladores lineares

Osciladores não-lineares

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Osciladores de Relaxação

Osciladores de relaxação podem ser realizados com base em


estruturas que utilizam transístores FET de Unijunção (UJT),
amplificadores operacionais (AmpOp) e Transístor de juncão bipolar
(BJT/TJB).

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Oscilador de relaxação com UJT

O transistor FET (transistor de efeito de campo) de Unijunção (UJT) é


um dispositivo utilizado principalmente em circuitos osciladores e
também como chave comutadora.

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Oscilador de relaxação com
UJT
UJT é constituído por uma barra
de material N levemente
dopada, que forma as regiões de
base 1 e base 2, e uma pequena
região com material P,
compondo a região do emissor. Existe também um díodo composto
Entre as base 1 e 2, existe uma pela junção do emissor e a região
região com um elevado valor entre as bases. Se for aplicado um
resistivo denominado de região potencial no emissor VE<0,7+VRB1 o
de interbases (RBB). UJT estará cortado, pois o díodo
está inversamente polarizado.
VRB1 =η.VBB
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Oscilador de relaxação com UJT

Quando VE = 0,7 +η.VBB = VP (tensão no ponto de pico), o diodo fica


polarizado diretamente e o UJT dispara. Sendo que η é a razão
intrínseca de disparo cujo valor está compreendido entre 0,4 e 0,8
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Oscilador de relaxação com UJT
O oscilador de relaxação é um circuito em que a frequência é controlada pela carga
e descarga de um capacitor através de um resistor., como ilustra a figura seguinte do
circuito de um oscilador de relaxação UJT.

As funções dos componentes do circuito


da Figura são:
✓ R1 - Fornecer pulsos de tensão de
saída do oscilador e limitar a corrente
de descarga do capacitor;
✓ R2 - Estabiliza termicamente o UJT por
meio da variação de tensão;
✓ RT - Limitar a tensão de carga no
capacitor em um determinado tempo;
✓ CT - Levar ao emissor do UJT a tensão
necessária para o dispositivo conduzir.

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Oscilador de relaxação com UJT – Funcionamento

O funcionamento desse circuito é iniciado com o carregamento do capacitor (CT),


sendo a corrente de carga limitada pelo resistor (RT), constituindo uma constante de
carga que irá durar até que a tensão do capacitor chegue ao valor limite VP do
dispositivo UJT.

O tempo de carga do capacitor será definido conforme os valores de


CT e RT, ou seja, τ = RT .CT (constante de tempo de carga do capacitor).

Após o valor de tensão no capacitor atingir o valor de pico (VP) do UJT, a junção
emissor - base 1 atinge potencial suficiente para polarizar diretamente o diodo
interno e por consequência disso a resistência RB1 diminuirá, descarregando o
capacitor. O tempo de descarga do capacitor será definido conforme os valores de
RB1, R1 e CT, ou seja, τ = (RB1 + R1)⋅CT (constante de tempo de descarga de CT).

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Oscilador de relaxação com UJT – Frequência

R1

R1  R2

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Oscilador de relaxação com UJT – Simulação

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Oscilador de relaxação com AmpOp

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Oscilador de relaxação com AmpOp

As funções dos componentes do circuito da Figura são:


 R1 e R2 – Fornecer a tensão de referência para a entrada não-
inversora do amplificador operacional;
 R - Limitar a tensão de carga no capacitor em um determinado
tempo, proveniente da saída do circuito;
 C - Levar à entrada inversora a tensão, positiva ou negativa,
necessária para sempre alterar a saída do amplificador
operacional.

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Oscilador de relaxação com AmpOp
Funcionamento
O funcionamento desse circuito pode ser explicado inicialmente com
a definição dos resistores R1 e R2, que tem como função a introdução
da tensão de referência na entrada não-inversora do amplificador
operacional. Através da equação descrita abaixo, pode-se definir qual
será a tensão de referência na entrada não-inversora e também
calcular a frequência de oscilação.

Tendo o valor definido de B e propondo


um valor para saída VS, pode-se saber o
valor da tensão de referência na entrada
não inversora do amplificador
operacional.

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Oscilador de relaxação com AmpOp
Frequência

R2
V  B.VS  VS
R1  R2

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Oscilador de relaxação com AmpOp
Simulação

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Multivibradores e CI-555

❖ Circuitos multivibradores são circuitos que podem variar sua


saída para dois estados distintos.
❖ Tem como característica principal possuir a amplitude do sinal
oscilante bem definida, um ganho de malha muito elevado, e
apresenta uma onda quadrada na saída.
❖ Em circuitos que utilizam transistores, os mesmos trabalharão
nas regiões de corte e saturação do dispositivo, diferente dos
outros osciladores que trabalharão em sua região ativa.

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Multivibradores e CI-555

Existem três tipos de circuitos multivibradores:

➢ Monoestáveis;

➢ Biestáveis;

➢ Astáveis.

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Multivibradores Monoestáveis
Os multivibradores monoestáveis possuem como característica apresentar
apenas um estado estável, sendo que no estado instável, que pode ser
estimulado por um pulso de gatilho, o sinal deverá permanecer apenas por um
determinado período. Após o término desse período o circuito deverá retornar
para o estado de origem estável.

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Multivibradores Biestáveis
Os multivibradores biestáveis possuem como característica apresentar apenas dois
estados estáveis, que aparecem na presença de um pulso de entrada. Após o
término desse período o circuito deverá retornar para o estado de origem estável.

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Multivibradores Astáveis

Os multivibradores astáveis possuem como característica não


apresentar estado estável, sem a necessidade de disparo de
excitação, mantendo uma oscilação constante.

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CI 555

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CI 555

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CI 555 – Monoestável

✓ Disparo no pino 2 efetuado pela chave b – tensão inferior a 1/3 de Vcc.


✓ Saída: nível lógico Alto.
✓ Capacitor C: carrega até um valor superior a 2/3 Vcc.
✓ Transistor de descarga é acionado, descarregando o Capacitor C.
✓ Saída: nível lógico Baixo.
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CI 555 – Monoestável

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CI 555 – Biestável

Disparo no pino 2 e 6 efetuado pela chave b – tensão inferior a 1/3 e 2/3 de Vcc.
Saída: nível lógico Alto.
Transistor de Descarga: Cortado.
Capacitor C: Carrega a um valor até Vcc.

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CI 555 – Biestável

Disparo no pino 2 e 6 efetuado pela chave b – tensão superior a 1/3 e 2/3 de Vcc.
Saída: nível lógico Baixo.
Transístor de Descarga: Saturado.
Capacitor C: Descarrega até 0V.

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CI 555 – Biestável

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CI 555 – Astável

Nos pino 2 e 6 – tensão inferior a 1/3 e 2/3 de Vcc.


Saída: nível lógico Alto.
Transístor de descarga é cortado.
Capacitor C: Carrega até um valor superior a 1/3 e 2/3 Vcc.
Transístor de descarga é acionado, descarregando o Capacitor C até 1/3 de Vcc.
Saída: nível lógico Baixo.
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CI 555 – Astável – Frequência

tc arg a  0.6931 ( Ra  Rb )  C
t desc arg a  0.6931 Ra  C
1
f osc 
0.6831 (2 R a  Rb )  C
1,4428
f osc 
(2 R a  Rb )  C

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CI 555 – Astável – Frequência

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Trabalho de Investigação

OSCILADORES COM CONTROLO


AUTOMÁTICO DE GANHO
(Individual – Entregar em 15 dias)

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